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1 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Graduação ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 77 U N ID A D E 6 TEORIA ESTRUTURALISTA Nesta sexta unidade, estudaremos a Teoria Estruturalista, que foi a segunda teoria a receber a influência da Sociologia – a primeira foi a Teoria da Burocracia. A Teoria Estruturalista realizou uma comparação crítica das Teorias Clássica e das Relações Humanas, de forma mais expressiva. OBJETIVOS DA UNIDADE: • Conhecer as origens da Teoria Estruturalista e a influência do sociólogo Amitai Etzioni, no que tange ao método crítico de análise em relação às teorias Clássica e das Relações Humanas e quanto à abordagem da organização, da natureza humana, do sistema de incentivos e dos conflitos entre os objetivos individuais e organizacionais; • Relembrar o conceito de “Homem Organizacional”; • Entender as contribuições da Teoria Estruturalista em relação a uma visão de tipologia de organizações, tipos de poder como forma de controle para a obtenção da disciplina e os tipos de liderança considerados formal e informal, o foco administrativo na estrutura organizacional e no ambiente externo, os tipos de incentivos sociais e salariais, a existência de conflitos inevitáveis, mas que podem levar à inovação e as principais idéias e críticas à teoria estruturalista. PLANO DA UNIDADE: • Origens da Teoria Estruturalista. • A abordagem quanto à organização. • As características do homem organizacional segundo os estruturalistas. • Tipos de poder como forma de controle para a obtenção da disciplina. • Tipos de organizações conforme as formas de utilização do poder. Bons estudos! UNIDADE 6 - TEORIA ESTRUTURALISTA 78 A Teoria Estruturalista é uma teoria agregativa, acumulativa ou de abordagem múltipla. Ela aproveita algumas contribuições das teorias anteriores, inclusive das teorias Clássica, das Relações Humanas e da Teoria da Burocracia, assim com os exemplos dos conceitos de organização formal e informal, da natureza organizacional do homem que trabalha na organização, “o homem organizacional” adotado na Teoria da Burocracia e também os tipos de incentivos salariais e sociais. Essa teoria foi a primeira a considerar a organização como um sistema aberto em relação ao intercâmbio com o ambiente externo e à importância do relacionamento com o consumidor. ORIGENS A Teoria Estruturalista surge próximo a 1950, trazendo uma metodologia de análise para o âmbito da Administração. Ela recebeu a influência do sociólogo alemão Amitai Etzioni, que se tornou o maior expoente na Teoria da Administração, mediante uma abordagem denominada de “crítica estruturalista”. Amitai Etzioni publicou em um de seus livros, “Organizações Modernas”, críticas severas às teorias Clássica e de Relações Humanas. Desta forma, podemos afirmar que a Teoria Estruturalista é uma síntese da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas, abrangendo também o trabalho de Max Weber. Porém a sua principal ocupação foi com a Teoria das Relações Humanas. Compreenderemos melhor seus fundamentos através do exame da crítica que apresentou à teoria de Relações Humanas. Ao analisar a visão de “harmonia” dos autores desta escola, os Estruturalistas reconheceram, inteiramente e pela primeira vez, o dilema da organização: as tensões inevitáveis que podem ser reduzidas, mas não eliminadas entre as necessidades da organização e as necessidades de seu pessoal; a racionalidade e a irracionalidade; a disciplina e a autonomia; entre as relações formais e informais; a administração e os trabalhadores ou, mais genericamente, entre divisões e posições. Enquanto, a Teoria de Relações Humanas se concentrava em organizações industriais e comerciais, os Estruturalistas estudaram também hospitais, prisões, igrejas e exércitos, serviços de assistência social e escolas, ampliando o alcance da análise de organização a fim de atender aos tipos existentes de organização. A Teoria Estruturalista não é propriamente uma Teoria da Administração, pois contribui com um modelo didático para efeito de análise de abordagens, seja na Administração, na economia, na sociologia, na psicologia etc. É uma metodologia de busca de consistência e integração do conhecimento. A ABORDAGEM QUANTO À ORGANIZAÇÃO Enquanto a Teoria Clássica considerou a Organização como de natureza formal e a Teoria das Relações Humanas como de natureza informal, a Teoria Estruturalista critica as abordagens únicas e antagônicas dessas teorias e passa a adotar a organização mediante uma abordagem múltipla, ou seja, sendo válida a existência e o relacionamento da organização formal com a informal por achar que um tipo de organização não elimina a outra, muito pelo contrário, elas complementam-se. ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 79 Aos clássicos, Etzioni (1967) responde que a organização não é apenas de natureza formal por ser uma unidade social complexa, em que existem e se relacionam inúmeros grupos sociais. Há, naturalmente, divergências de interesses entre os dois tipos de organizações. Embora esses tipos compartilhem alguns interesses como, por exemplo, o resultado econômico da organização, há outros interesses divergentes, por exemplo, quanto à maneira de distribuição dos lucros da organização. Na Teoria das Relações Humanas, Etzioni (1967) critica a visão única da organização como informal, considerando-a como uma ilha dentro da fábrica, que é um todo maior, e ironiza ao indagar que gostaria de saber como os grupos informais se ligam à organização informal. Portanto, os estruturalistas consideram a organização como de natureza múltipla, formal e informal, conceituando-a como um sistema social no qual as pessoas se relacionam racionalmente com a organização formal. A natureza humana Enquanto a Teoria Clássica considerou a natureza humana como econômica, “homem econômico”, e a Teoria das Relações Humanas como social, “homem social”, a Teoria Estruturalista considerou que a natureza econômica é tão verdade quanto a social, uma não diminui a importância da outra, uma vez que o homem tem natureza organizacional pela dependência que tem de viver em organizações. Trata-se do “homem organizacional”. Por vivermos em organizações, o homem organizacional deve ter determinadas características, por exemplo: a flexibilidade, a tolerância à frustração, a capacidade de esperar por benefícios pretendidos e manter um constante desejo de melhoria e realização. Tipo de incentivo A Teoria Clássica considerou o tipo de incentivo salarial, dada à natureza econômica humana - “homem econômico”. Já a Teoria das Relações Humanas considerou o incentivo social, dada à natureza social humana - “homem social”. Porém, a Teoria Estruturalista considerou válidos ambos os tipos de incentivos, adotando a abordagem múltipla, ou seja, sistema de incentivos materiais, salariais e sociais, também denominados de incentivos mistos. Conflito de objetivos Como você já sabe, a Teoria Clássica, abrangendo no caso a Administração Científica, tem Taylor como maior expoente e admitiu haver identidade de interesses, cujos objetivos individuais seriam altos salários e os organizacionais, altos lucros. A Teoria das Relações Humanas admitiu a existência do conflito e a necessidade de evitá-lo. Em relação à Teoria Estruturalista, ela discorda de ambas as teorias anteriores e considera que o conflito não pode ser evitado e nem sempre deve ser entendido como algo ruim, pela possibilidade de ele trazer a inovação. A crítica estruturalista admite UNIDADE 6 - TEORIA ESTRUTURALISTA 80 existir maneiras de tornar as condições de trabalho mais agradáveis, mas nenhuma pode ser tomada como satisfatória. AS CARACTERÍSTICAS DO HOMEM ORGANIZACIONALSEGUNDO OS ESTRUTURALISTAS Por ter que viver permanente em organizações, o homem deverá manter algumas características, de modo a conviver com a organização de forma menos conflitante. Já que terá que conviver com as organizações desde o nascimento até a morte, o homem tem que procurar ser flexível para adaptar-se a cada tipo de organização, em conformidade com suas regras e regulamentos. Ele dever ser tolerante às frustrações, quando não receber os benefícios que esperava; ter a capacidade de esperar pelas recompensas, acreditando que um dia elas virão; e manter vivo o permanente desejo de realização como possibilidade de melhoria de posição dentro da organização. Uma tipologia das organizações Etizioni (1967) é o primeiro autor na Teoria da Administração a considerar outros tipos de organizações além da empresa industrial: fábricas, partidos políticos e organizações semelhantes à igreja católica e às prisões e outras a exemplo da escola. A consideração dessa tipologia serviu para mostrar que os interesses ou objetivos dos indivíduos e das organizações variam a partir do tipo de organização considerado. Vejamos: • As fábricas As fábricas foram consideradas pelos clássicos como organizações voltadas para a recompensa material, o “maior lucro”, e para os operários “maiores salários”, e pelos representantes das Relações Humanas, como organizações voltadas para a satisfação social dos operários. Para a Teoria Estruturalista, a relação estabelecida entre esse tipo de organização e os indivíduos se dá mediante a relação trabalhista e utilitária, em que as pessoas são consideradas e acolhidas enquanto se esforçarem e contribuírem para os objetivos materiais da organização traduzidos por produtividade e lucro. • Partidos políticos, Igreja A relação estabelecida entre esses tipos de organizações e os indivíduos se dá mediante uma filiação espontânea, uma aceitação dos valores ou benefícios de ordem social e humanitários valorizados e prometidos. • Da prisão de segurança máxima até a escola Mesmo variando de um grau maior até um menor, são organizações em que muitos indivíduos só participam por coação, na condição de “clientes”, cujo esforço será o de evitá-la ou torná-la a mais branda possível quanto as suas exigências. Os objetivos tendem a ser bastante antagônicos e de difícil conciliação, conforme o caso das prisões e de outras unidades de internação involuntária para o indivíduo. Ressaltamos que, pela primeira vez, uma teoria de Administração apresenta outros tipos de organizações, além das industriais e que, por ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 81 suas especificidades, requerem princípios e procedimentos diferentes dos que foram defendidos pelas teorias Clássica e das Relações Humanas. TIPOS DE PODER COMO FORMA DE CONTROLE PARA A OBTENÇÃO DA DISCIPLINA Foi em Etzioni (1967) que encontramos e adaptamos a apresentação dos tipos de poder capazes de obter da disciplina do indivíduo enquanto participante da organização. Os Estruturalistas consideram como formas para a obtenção de disciplina das pessoas três tipos de poder: utilitário, normativo e coercitivo. Cada tipo é associado a um dos tipos de organizações já considerados. TIPOS DE ORGANIZAÇÕES CONFORME AS FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO PODER Organizações Utilitárias - Poder utilitário (meios materiais) São as organizações de fins lucrativos que têm de adotar, no trabalho, a forma utilitária de obtenção de resultados materiais, dinheiro. Enquanto o detentor do trabalho é útil para a obtenção de resultados da organização, ele é mantido. O dinheiro é usado como instrumento do poder para a obtenção da obediência, no sentido de que seus objetivos sejam atingidos. Ex.: Empresas de fins lucrativos. Organizações Normativas - Poder normativo ou social São as organizações nas quais o poder é exercido pelos superiores em bases morais para controlar os filiados que estão unidos por consenso, por UNIDADE 6 - TEORIA ESTRUTURALISTA 82 acreditarem nos fins propostos pela organização. O poder é exercido pelo controle moral, pelo nível de autoridade moral superior em relação aos participantes de autoridade moral, tido como inferior. O individuo é aceito enquanto sua participação contribuir para a obtenção de resultados sociais e morais pela organização. Ex.: Sindicatos, partidos políticos, instituições religiosas etc. Organizações Coercitivas - Poder coercitivo São as organizações que usam a coerção mediante o emprego de instrumentos físicos de castigo, baseando-se em seu poder coercitivo como forma de obtenção de obediências das pessoas que estão submetidas aos seus procedimentos. Ex.: Prisões e organizações em que os indivíduos participam de forma obrigatória ou involuntária. Sendo Etzioni (1967) um cientista social, se preocupa com a capacidade de alienação do tipo de poder exercido por tipo de organização em relação ao indivíduo, tendo de forma decrescente maior influência o poder coercitivo e menor o poder normativo. Salientando que o poder social das organizações normativas não é um poder da organização. Tipos de Liderança A Teoria Estruturalista adotou uma abordagem de agregação das contribuições das teorias anteriores. À medida que reconhecem a importância e adotam a organização formal e a informal, os estruturalistas trazem as concepções de liderança formal e informal. A Revolução da Organização: Organização e Ambiente Social Os estudos de Etzoni (1967) aconteceram no momento de evolução da industrialização, reconhecendo em seu livro, “Organizações modernas”, as influências das organizações em todos os setores da sociedade, tanto de forma negativa quanto de forma positiva. Negativamente pode ser considerado o enfraquecimento dos laços de família e positivamente podemos considerar a ascensão social das pessoas e a melhoria dos padrões educacionais. Separação e ligação do controle e do consumo Cabe também a Etzioni (1967) o mérito de ter salientado a necessidade de considerar a organização como sistema aberto, principalmente com o seu cliente. Para ele, a organização encurta a sua separação do consumo com a oferta de seu produto ou serviço, conforme os desejos do consumidor. Inclusive, não isenta as repartições públicas de terem que deixar os seus usuários satisfeitos. Críticas à Teoria Estruturalista Ao contrário do que ocorreu em relação às teorias da Administração desenvolvidas anteriormente, essa teoria recebeu mais críticas positivas ou elogios do que críticas negativas propriamente ditas. Positivamente, podemos salientar: ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 83 • utilizou uma metodologia de análise comparativa das organizações que foi considerada muito valiosa para a administração; • adotou fundamentalmente uma abordagem múltipla, agregando os aspectos formal e informal da organização e da conseqüente influên- cia tanto da liderança formal quanto da informal; • considerou tanto os aspectos materiais, econômicos ou monetários quanto os sociais como integrantes não só da formatação da organi- zação, mas também da influência dos objetivos tanto individuais quanto organizacionais; • juntou considerações antagônicas, contribuindo com uma teoria mais completa, na qual apesar de a organização formal e a informal interagirem, prevalece a idéia de que a organização é uma unidade social complexa. • não ignorou e conflito entre os objetivos individuais e os organizacionais e nem se mostrou intolerante para com os mesmos, inclusive admitin- do que o conflito poderia possibilitar condição de inovação para a or- ganização. Negativamente, podemos mencionar que a Teoria Estruturalista foi considerada uma teoria crítica, analisando as contribuições parciais e incompletas das teorias Clássica e das Relações Humanas, sem ter se dedicadoa analisar e propor um conjunto de conhecimentos que possam contribuir para a organização funcionar melhor. Apesar de ter criado uma tipologia das organizações, esta não pode ser considerada relevante diante das possibilidades existentes de inclusão para outros tipos de organizações de maior relevância. Idéias novas trazidas pela Teoria Estruturalista UNIDADE 6 - TEORIA ESTRUTURALISTA 84 LEITURA COMPLEMENTAR Aprofunde seus conhecimentos lendo o capítulo 11, “A escola estruturalista” de Andrade, Rui Otávio & Amboni, Nério. Teoria Geral da Administração, M. books: São Paulo, 2006 É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Agora que você concluiu a sexta unidade e estudou a Teoria Estruturalista já dispõe de grande conhecimento sobre a Teoria da Burocracia e a Teoria Estruturalista. A próxima que iremos estudar é a Teoria de Sistemas, que veio a significar uma grande contribuição de modelo teórico para o estudo da organização, adotando uma série de conceitos próprios, bem como permitindo uma visão interligada de todos os elementos do ambiente que interagem com a organização como um sistema aberto.
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