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Direito Constitucional Teoria da Constituição, Classificação, Hermenêutica, poder constituinte

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
SEMANA 1 
 
CONSTITUCIONALISMO 
Constitucionalismo é a história das constituições, analisada através da busca 
pela limitação do poder. Nesse sentido, a ideia de constitucionalismo se 
opõe/ contrapõe ao absolutismo (em que o poder é absoluto e arbitrário). 
Segundo Canotilho, constitucionalismo é uma teoria que ergue o princípio 
do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão 
estruturante da organização político-social. Mas a Constituição também é 
fundamento do poder do Estado. Ou seja, limita e fundamenta o poder do 
Estado. Neste momento nasce uma visão positivista do Direito. É o 
Constitucionalismo positivista, direito estabelecido por diversos ordenamentos 
jurídicos, que vem prevalecendo até início do século atual, principalmente a 
partir do século XXI essa noção vai se transformando. Em seguida veremos a 
evolução do constitucionalismo até os dias atuais: 
 
(1) CONSTITUCIONALISMO DURANTE A ANTIGUIDADE: 
Karl Loeweinstein identificou entre os hebreus, timidamente, o surgimento do 
constitucionalismo, estabelecendo-se no Estado Teocrático limitações ao 
poder político ao assegurar aos profetas a legitimidade de fiscalizar os atos 
governamentais que extrapolassem os limites bíblicos. Neste momento, as 
constituição detinham caráter consuetudiário. 
 
(2) CONSTITUCIONALISMO NA IDADE MÉDIA: 
A Magna Carta de 1215 representa o grande marco do constitucionalismo 
medieval, estabelecendo, formalmente, a proteção de importantes direitos 
individuais. O ponto primordial que marca o surgimento desta etapa é a 
criação das primeiras constituições escritas. 
 
(3) CONSTITUCIONALISMO MODERNO: 
Nasce a partir da Constituição Norte-americana de 1787 e francesa de 1791 
(que teve como preâmbulo a Declaração Universal de Direitos do Homem e 
do Cidadão de 1789), movimento deflagrado durante o Iluminismo, 
caracterizando-se como um Constitucionalismo Liberal com objetivo de 
limitar o arbítrio decorrente do Poder Estatal: individualismo, absenteísmo 
estatal, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo. 
Contudo, a concepção liberal gerou concentração de renda e exclusão 
social, sendo chamado o Estado para evitar abusos e limitar o poder 
econômico, evidenciando-se aquilo que a doutrina chamou de 2ª Geração 
dos Direitos Fundamentais, que teve como documentos marcantes a 
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Constituição do México de 1917 e a de Weimar de 1919, surgindo o Estado 
Social de Direito. 
 
(4) CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO: 
O constitucionalismo contemporâneo é marcado pelo “totalitarismo 
constitucional”, consectário da noção de constituição programática 
(dirigente), em que se tem como bom exemplo a CF/88. Trata-se de um 
constitucionalismo voltado para objetivos a serem alcançados em longo 
prazo, revestido de normas programáticas. Nessa época, destacava-se a 
concepção de proteção de direitos de fraternidade e solidariedade, 
marcantes da 3ª Geração dos Direitos Fundamentais. 
 
(5) NEOCONSTITUCIONALSIMO: 
A doutrina passa a desenvolver a partir do século XXI uma nova perspectiva 
de constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, 
constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se dentro 
dessa nova realidade não apenas atrelar as idéias de limitação do poder 
político, mas acima de tudo busca dar eficácia ao texto constitucional, 
especialmente no que tange às expectativas de concretização dos direitos 
fundamentais. 
 
O neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização 
das prestações materiais prometidas à sociedade, servindo como 
ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de 
Direito. No neoconstitucionalismo há o reconhecimento da força normativa 
da constituição, superando-se a ideia de Estado Legislativo de Direito, 
passando a Constituição a ser o centro do ordenamento jurídico, marcada 
por uma intensa carga valorativa. A Constituição não é tão somente norma 
escrita, mas também é formada por valores que condicionam a própria 
interpretação do Direito. 
 
Constitucionalismo Simbólico (Marcelo Neves): São modelos constitucionais 
dotados de hipertrofia política e inefetividade jurídica. A Constituição se 
distancia das finalidades politicamente por ela estabelecidas e da realidade 
jurídica. Ex: Art. 7º, inciso IV ao tratar daquilo que o salário mínimo garante. 
Simbolismo jurídico que a Constituição traz. 
 
- Características –Ideias principais do Constitucionalismo: 
a) Limitação do poder; 
b) Garantia dos Direitos; 
c) Separação dos Poderes; 
 
 
 
 
 
 
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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
 
Conceito – Pacto fundante do ordenamento supremo de um povo. (Uadi 
Lammego Bulos) 
 
Elementos da Constituição - As Constituições tratam de uma infinidade de 
matérias, dos mais variados assuntos. Trata, pois, dos Direitos Fundamentais, 
da Organização do Estado, dos Poderes, da Ordem Econômica e Financeira, 
da Ordem Social, entre outros temas. Mas esta diversidade de assuntos é 
assentada de maneira sistemática e harmoniosa num corpo único 
 
Sentidos de Constituição – Acepções – (4) 
 
1. Sociológico – O precursor foi Ferdinand Lassalle – Obra: “O que é uma 
Constituição?” – “A constituição nada mais é do que a soma dos 
fatores reais de poder que regem a sociedade” (constituição como 
reflexo da sociedade e não fruto da razão humana) – A constituição 
real é mais importante do que a constituição jurídica, pois esta é 
originária da razão humana e atua no mundo do dever ser, enquanto 
a sociológica atua no mundo do ser (ontológica). 
 
2. Político – O precursor é Carl Schmitt – Obra: “Teoria da constituição” – 
Constituição sintetizava exclusivamente as decisões políticas 
fundamentais. Normas indispensáveis à construção de um modelo de 
estado. Normas atreladas à organização dos estados, dos poderes, 
direitos e garantias fundamentais. Carl afirmava que, se determinado 
diploma expusesse normas que não as decisões políticas 
fundamentais, estaríamos diante de mera lei constitucional formal, mas 
não materialmente constitucional. Carl divide a constituição em: 
constituição material para as normas exclusivamente referentes às 
decisões políticas fundamentais e constituição formal para as normas 
que estão plasmadas ao texto constitucional, mas que não regulam 
matéria de relevância constitucional (vale lembrar que não existe 
hierarquia entre norma constitucional formal e material). Ex.: Art. 
242,2º.Esse autor diferencia Constituição e leis constitucionais (que são 
aquelas apenas formalmente constitucionais). 
 
3. Jurídico – O precursor é Hans Kelsen - Obra “Teoria pura do Direito” – 
Altamente normativista – Kelsen via a Constituição como norma pura, 
suprema e positivada, fruto da vontade racional dos homens e não da 
realidade social, conforme pregava Lassalle. Atua no campo do dever 
ser (deontológica). A famosa Pirâmide de Kelsen onde a CF está no 
ápice, devendo ser respeitada pelas demais normas. A Constituição é 
fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico. Kelsen 
admite que a Constituição pode transmitir um sub-sentido lógico-
jurídico e um sub-sentido jurídico-positivo. O primeiro se inspira na 
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normahipotético-fundamental, sendo que esta se localiza em posição 
superior à própria constituição e atua como pressuposto lógico-
transcendental de validade para a CONSTITUIÇÃO jurídico-positiva. Já 
o sub-sentido jurídico-positivo é a própria norma positivada. 
 
4. Total – Ideal – Cultural – Culturalista – Konrad Hesse – “A força 
normativa da Constituição”. Peter Haberle “A sociedade aberta de 
intérpretes” No Brasil (Paulo Bonavides) – Traduz a idéia de que a 
Constituição não pode ser vista sob um único prisma, devendo ser 
interpretada na integralidade dos sentidos, tanto no sentido social, 
quanto no político e também no jurídico. 
 
O que se entende por Constituição Aberta? Peter Häberle e Carlos Alberto Siqueira 
Castro, vem destacando a idéia de uma constituição aberta, no sentido de que 
ela possa permanecer dentro do seu tempo e, assim, evitar risco de 
desmoronamento de sua força normativa. Levam em consideração que a 
Constituição tem objeto dinâmico e aberto, para que se adapte às novas 
expectativas e necessidades do cidadão. Se for aberta, admite emendas formais 
(EC) e informais (mutações constitucionais), está repleta de conceitos jurídicos 
indeterminados. Ex: art. 5º, XI, CF - no conceito de "casa" está incluso a casa e o 
escritório onde exerce atividade profissional. A ideia dele é que nós devemos 
urgentemente recusar a ideia de que a interpretação deve ser monopolizada 
exclusivamente pelos juristas. 
 
- CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO: 
 
** LEGENDA – AS CLASSIFICAÇÕES CONDIZENTES COM A REALIDADE DA 
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA ESTÃO EM VERMELHO. 
 
1. QUANTO AO CONTEÚDO: 
 
Material  É o conjunto de normas escritas ou não escritas que se limitam a 
dispor sobre organização do estado, organização dos poderes, direitos e 
garantias fundamentais, AINDA QUE DISPOSTAS EM LEIS NÃO 
CONSTITUCIONAIS. 
 
Formal  Conjunto de normas necessariamente escritas 
plasmadas/organizadas exclusivamente no documento constitucional 
exaustivo, que vão além da essencialidade da organização do estado, dos 
poderes e no resguardo de direitos e garantias fundamentais. 
 
2. QUANTO À FORMA: 
 
Escrita  Normas estão formal e solenemente dispostas em um documento 
exaustivo. A constituição norte-americana foi a primeira constituição escrita. 
 
 
 
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Não-escrita  É aquela que está fundada em jurisprudência, costumes e 
textos esparsos. Vale salientar que existem partes escritas, mas que se 
dispõem dispersas e não estão sintetizadas em um único documento. Ex. 
Constituição da Inglaterra. – Não se confunde com constituição oral! 
 
Oral  A transmissão se dá somente oralmente, sem texto escrito. Ex: 
Constituição da Islândia. 
 
3. QUANTO À ORIGEM: 
 
Promulgada  Constituição que conta com a participação do povo em seu 
processo de elaboração. 
 
Outorgada  Constituição imposta, não-democrática, sem a participação 
popular em sua elaboração. 
 
Cesarista  É um misto da outorgada com a promulgada, situação em que 
a constituição é imposta por um ditador ou junta militar e submetida a 
posterior aprovação popular. (Ex. Augusto Pinochet, Chile & Napoleão 
Bonaparte, França). 
 
Pactuada  Segundo Paulo Bonavides, Constituição Pactuada é aquela 
que exprime um compromisso instável de duas forças políticas opostas: a 
realeza absoluta debilitada e a burguesia, em franco progresso. É uma forma 
de equilíbrio, surgindo a denominada monarquia limitada. (Ex. Const. 
Espanholas) 
 
Autônoma  Editada pelo exercício do poder soberano do Estado, sem 
imposições externas. Ex: CF americana. 
 
Heterônoma  É aquela que sofre imposições de um poder externo. Ex: 
Constituição da Bósnia, imposta pela ONU. 
 
4. QUANTO À ESTABILIDADE 
 
Imutável  É aquela que não admite alteração em seu texto. Naturalmente 
esta modalidade de constituição está fadada ao insucesso em virtude da 
impossibilidade de acompanhamento da dinâmica social. (em desuso) 
 
Fixa  É aquela que pode ser alterada, mas a alteração depende da 
convocação do próprio poder constituinte originário. Nesse sentido, acaba 
resultando em uma nova constituição. (em desuso) 
 
Rígida  É aquela que pode ser alterada, mas exige processo de alteração 
mais formal e, por conseguinte, mais dificultoso do que o das normas 
inferiores. A Constituição brasileira, para alguns, é classificada também como 
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superrígida, visto que, além do processo dificultoso para alteração do texto 
constitucional, há cláusulas pétreas que são inalteráveis pelo poder 
constituinte derivado. 
 
Semi-rígida  É aquela que parte exige maior formalidade – dificuldade – 
para ser alterada e outra que pode ser alterada de forma mais simplória. 
(Constituição Imperial de 1824) 
 
Flexível  É aquela que possui processo simplório de alteração do texto 
constitucional. Pode ser alterada da mesma forma que as normas 
infraconstitucionais. 
 
5. QUANTO À EXTENSÃO: 
 
Sintética  É aquela que trata do mínimo constitucional, sintetizando apenas 
o núcleo do ordenamento jurídico. (Ex. Constituição Norte-Americana, atual) 
 
Analítica  É aquela que abarca um grande volume de matérias no texto 
constitucional, indo bem além do núcleo mínimo constitucional. (Ex. 
Constituição brasileira de 1988) – Prolixa, extensa. 
 
6. QUANTO À ELABORAÇÃO 
 
Dogmática  Criada em um momento específico, determinado. É um 
documento “pronto e acabado”. Ex: Americana. 
 
Histórica  Não é criada em um único momento. Está em constante 
processo de elaboração. Ex: Inglesa. 
 
7. QUANTO À IDEOLOGIA 
 
Ortodoxa  Só existe espaço para uma corrente ideológica. (Comunistas) 
 
Eclética ou Pluralista  É aquela que enseja espaço para diversas correntes 
ideológicas. 
 
8. QUANTO À ESSÊNCIA (Precursor: Karl Loewenstein) 
 
Normativa  É aquela que, além de juridicamente válida, está 
perfeitamente adaptada ao fato social. Direcionada para melhoria na 
condição de vida das pessoas e detém ressonância social. 
 
Nominalista  Embora juridicamente válida, ainda não está perfeitamente 
adaptada ao fato social. Ainda não está suficientemente desenvolvida. A 
doutrina majoritária entende que a Constituição Brasileira ainda não está 
adaptada ao fato social e, como tal, deve ser classificada como 
 
 
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NOMINALISTA, embora Guilherme Peña de Moraes afirme que a constituição 
brasileira “pretende ser” normativa. 
 
Semântica  São simples reflexos da realidade política, servindo como mero 
instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem qualquer 
pretensão com a adequação à realidade social. Não é juridicamente válida 
porque é autoritária (Constitucionalismo Simbólico). 
 
9. QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO 
 
Unitária – Está disciplinada em um único documento exaustivo de seu 
conteúdo. 
 
Variada – É aquela que está dispersa no ordenamento jurídico. Normas 
previstas nos costumes e jurisprudência. 
 
 
10. QUANTO À FUNÇÃO 
 
Garantia  Se preocupa em limitar os poderes do Estado. Estabelecendo o 
que o Estado não pode fazer através do estabelecimento de direitos 
fundamentais. É voltada para o passado. Ex: Constituição Americana. 
 
Balanço  São aquelas que buscam fazer uma análise e uma 
regulamentação do momento presente. Não se preocupam em garantir 
conquistas passadas. Buscam regular o presente. Não impõe normas futuras. 
Característica dos Estados comunistas. 
 
Dirigente  Não sóestá preocupado em garantir o mínimo, mas 
principalmente o máximo existencial, preocupando-se com o passado, 
presente e futuro. Traz o direcionamento no que tange à atuação dos 
governantes, objetivando o melhor cumprimento das finalidades coletivas. 
Caracteriza-se pela grande quantidade de normas programáticas. 
 
11. QUANTO AO SISTEMA 
 
Principiológica  Traduz um predomínio dos princípios em detrimento das 
regras. 
 
Preceitual  Predomínio das regras em detrimento do princípio. 
 
12. QUANTO À MALEABILIDADE 
 
Dura  Difícil adaptação dos valores da sociedade. Ex: CF/ 67. 
 
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Maleável  Fácil adaptação às transformações da sociedade. Permite 
modificações por processos informais, por meio da chamada “mutação 
constitucional”. 
 
13. QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO: 
Liberal Ligado a Estados não intervencionista, absenteísta. Ex: Inglesa, 
Americana. 
 
Social  É o chamado Estado “promovedor”. Preocupam-se com os direitos 
de primeira e segunda dimensão, os chamados direitos sociais. Ex: brasileira. 
 
Compromissória  Assumem o compromisso de transformação da própria 
sociedade. Ex: Portuguesa. 
 
Métodos de Interpretação Constitucional: 
 
 Hermenêutico Concretizador: (Konrad Hesse) 
Significa que o intérprete da constituição deve buscar uma interpretação 
que viabilize a aplicação da constituição, ou seja, que dê eficácia à 
constituição, possibilitando que a mesma regule as relações jurídicas, 
aplicando-se ao caso concreto. Parte da norma para, só então, adequá-la 
ao conflito. 
 
 Tópico Problemático: (Viehweg) 
Trata-se de método de interpretação a partir do problema prático para se 
saber qual norma aplicar. Canotilho critica este método que parte do caso 
concreto para a norma e o correto seria da norma para o problema. Parte 
do conflito para, só então, adequar o fato ao que está previsto na norma. 
Canotilho aduz que no método hermenêutico concretizador prevalece a 
norma geral sobre a individual, enquanto no método tópico problemático 
prevalece a norma individual frente a geral. 
 
 Normativo Estruturante: (Muller) 
Parte de uma distinção entre texto e norma, afirmando que texto não se 
confunde com norma. O texto apresenta-se a partir de símbolos de 
linguagem, já a norma é o alcance interpretativo extraído do texto. Cabe ao 
intérprete, a partir do texto, interpretar a delimitação da estrutura normativa, 
ou seja, o alcance do texto. 
 
 
 
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- MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL OU PODER CONSTITUINTE DIFUSO: Na mutação 
constitucional temos um procedimento informal de alteração da 
constituição, sem qualquer mudança de seu texto, alterando-se tão somente 
o resultado de interpretação do texto. Porém, a mutação constitucional 
possui limites: 1. Precisa ser compatível com o texto normativo; 2. Não pode 
contrariar princípios estruturais (é aqui que esbarra a possibilidade de 
abstrativização do controle difuso exercido pelo STF) 
 
 Método de Interpretação Evolutivo / Integrativo / Científico-espiritual: 
(Haberle) 
 
A interpretação constitucional deve ser feita de maneira a readaptar a 
constituição à própria evolução da sociedade, o que também é feito 
através do procedimento de mutação constitucional. Assim, a Constituição 
deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova 
constantemente, no compasso das modificações da vida em sociedade. 
Trata-se um método de cunho sociológico, baseando-se na premissa de que 
o intérprete deve levar em conta os valores subjacentes ao texto 
constitucional, integrando o sentido de suas normas a partir da “captação 
espiritual” da realidade da comunidade. Trata-se de método que 
fundamenta a própria existência de uma constituição aberta. 
 
 Método Comparativo: (Haberle) 
Significa que o interprete da constituição pode se valer da comparação 
entre constituições para fins de melhor interpretação de sua constituição. O 
STF realizou este método para determinar que não é necessária defesa 
técnica em processo administrativo, comparando nossa constituição com a 
Alemã. 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO 
CONSTITUCIONAL: 
 
0. Princípio da Unidade da Constituição: 
Uma das principais utilidades desse princípio é afastar a tese da hierarquia 
entre as normas da constituição. A constituição deve ser interpretada de 
forma a evitar contradições, antagonismos ou antinomias entre suas normas. 
É uma subespécie da interpretação sistemática. Ex.: garantia do direito de 
propriedade. Art. 5º, XXII e XXIII, da CF. Contudo, este direito deve ser 
interpretado conjuntamente á função social da propriedade. 
 
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1. Princípio da Supremacia da Constituição: 
Significa que a Constituição é a norma superior do Estado, logo, a 
interpretação constitucional deve se dar de cima para baixo. Impõe ao 
intérprete uma verticalização interpretativa descendente quanto à 
interpretação do ordenamento jurídico. 
 
2. Princípio da Força Normativa da Constituição: 
Siginfica que a constituição, conforme Hesse, é norma jurídica e, como tal, 
tem força normativa, devendo ser interpretada de maneira que sua norma 
possua eficácia jurídica. (O que ocorre atualmente com as decisões do STF 
em sede de MI, onde se busca dar eficácia as decisões através de posições 
concretistas). Trata-se de característica preponderante no 
Neoconstitucionalistmo. 
 
3. Princípio da Máxima Efetividade: 
O mesmo conceito dado para a força normativa é dado ao da máxima 
efetividade. A diferença é que o primeiro se aplica a toda CF. Lembre-se, o 
princípio da máxima efetividade não se aplica a todas as normas da CF, mas 
exclusivamente aos direitos fundamentais. Portanto, trata-se de um apelo 
para que os princípios fundamentais tenham a máxima eficácia possível. 
Parte da doutrina entende que o princípio da máxima efetividade pode ser 
extraído do art. 5, § 1º da CF. 
 
4. Princípio Conforme à Constituição: 
Trata-se de princípio instrumental para interpretação das leis. Este princípio 
estabelece que quando da interpretação de normas infraconstitucionais 
polissêmicas ou plurissignificativas deve-se optar pelo sentindo compatível, e 
não conflitante, com a Constituição. Trata-se de princípio conservador da 
norma, cujo objetivo é a preservar a autoridade do comando normativo, 
evitando-se a anulação de normas dúbias. 
 
5. Princípio da Presunção de Constitucionalidade das leis e atos 
normativos: 
. As leis e atos normativos nascem dotados de presunção vertical de 
validade. 
 
6. Princípio da Justeza ou Conformidade Funcional: 
O princípio da justeza expõe que o interprete não pode subverter o 
esquema organizatório constitucional, violando princípios do estado 
democrático do direito e a supremacia da constituição. 
 
Teses de aplicação da violação do Princípio da Justeza: 
 
 
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1. Abstrativização do controle difuso em decisão do STF. 
2. Posições concretistas em Mandado de Injunção. 
3. Investigação direta por parte do MP. 
 
7. Princípio do Efeito Integrador: 
Extremamente ligado ao da unidade. Sua diretriz expõe que na resolução de 
problemas jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia às soluções que 
favoreçam a integração política e social, produzindo o efeito integrador e 
conservador desta unidade. Prega uma unidade políticae social que nada 
mais é do que o P. da unidade. Parte da seguinte ideia: a CF é a principal 
responsável pela integração social (integração política e social) de uma 
comunidade. 
 
8. Princípio da Concordância Prática: 
Quando diante de conflitos de interesses, sob a égide do Princípio da 
Concordância Prática, cabe ao interprete adotar a solução que otimize a 
resolução das partes, contudo, sem jamais esvaziar o núcleo de um dos 
direitos previstos na constituição. A relativização de um direito previsto na 
constituição não importa o esvaziamento de seu núcleo, devendo ser 
harmonizado com toda a sistemática constitucional. O fundamento da ideia 
de concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios, 
devendo os bens jurídicos constitucionalizados coexistirem de forma 
harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles. 
 
9. Princípio da Proporcionalidade: 
Trata-se de um princípio instrumental, metanorma, que busca analisar a 
proporcionalidade entre meio e fim, através de três sub-princípios, no que se 
denomina TEORIA DOS TRÊS DEGRAUS: 
A) Adequação – Se o meio é adequado a atingir o fim pretendido; 
B) Necessidade – Se o meio é o menos gravoso para atingir determinado 
fim; 
C) Proporcionalidade em sentido estrito – Se os benefícios proporcionados 
por aquele meio superam os prejuízos acarretados através do meio 
adotado, ponderando-se as hipóteses; 
 
 Os sub-princípios são cumulativos para fins de adequação ao princípio da 
proporcionalidade. Vale destacar que principio da razoabilidade não se 
confunde com o da proporcionalidade: A razoabilidade nasceu fruto do 
direito norte-americano, sendo um principio bastante aberto e subjetivo, 
relacionado a um equilíbrio entre os meios e fins pretendidos. A 
proporcionalidade surge do Direito Alemão, apresenta-se de forma mais 
objetiva do que a razoabilidade e divide-se nos 3 sub-princípios 
mencionados. 
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No Brasil, a maior parte da doutrina (ex. Luís Roberto Barroso), assim como a 
jurisprudência do STF utilizam os termos “razoabilidade” e 
“proporcionalidade” como sinônimos. Porém, alguns autores fazem distinção 
entre esses dois termos (Virgílio Afonso da Silva e Humberto Ávila). 
 
Importante destacar que o Principio da Proporcionalidade é um princípio 
implícito na ordem constitucional, emergindo de interpretação do Princípio 
do Devido Processo Legal Substancial. Vale destacar que o Princípio da 
Proporcionalidade e razoabilidade podem ser vistos explicitamente em 
diversos diplomas legais: Art. 2.º, VI, da Lei n. 9.784/99, Art. 156 do CPP, Art. 
282, 1 e II, do CPP. 
 
10 . Princípio da relatividade ou conveniência das liberdades públicas: 
Segundo este princípio, não há princípios absolutos, pois todos encontram 
limites em outros princípios constitucionais. Para que a convivência das 
liberdades públicas seja possível, é necessário que tenham restrições. Se 
considerassem alguns deles como absolutos, em caso de colisão entre 
princípios, não haveria como resolvê-los. Nesse sentido, deve haver uma 
cedência recíproca entre os princípios, para que se possa alcançar a 
solução. Alguns princípios têm uma carga valorativa maior, porém, nenhum 
será superior a todos os demais. O STF possui várias decisões dizendo que 
não há direitos absolutos. MS 23.452/RJ; AI 595.395/SP; INQ 2.424/RJ 
 
Obs: Norberto Bobbio sustenta duas exceções à relatividade. Ele considera 
como tendo caráter absoluto os direitos a não ser torturado e o direito a não 
ser escravizado. 
 
Distinção entre princípios materiais e princípios instrumentais (Luis Roberto 
Barroso): 
 
Princípios instrumentais, também conhecidos como postulados normativos, 
são aqueles utilizados na interpretação de determinadas normas 
constitucionais ou legais. Também conhecidos como metanormas. Ex.: 
princípio da unidade da constituição; força normativa e etc... O princípio 
material é aquele que impõe um estado ideal de coisas. Ex.: princípio da 
isonomia é um princípio material com valor igualdade. Princípio da 
liberdade. Princípio da dignidade humana. 
 
Quem cria os princípios implícitos? A doutrina e a jurisprudência não criam 
estes princípios, apenas os evidenciam, sendo abstraídos de outros princípios 
 
 
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explícitos. O princípio da proporcionalidade, por exemplo, não é encontrado 
expressamente no ordenamento jurídico, porém, serve de parâmetro. 
 
Princípios implícitos podem servir de parâmetro? Sim. O parâmetro abrange 
não apenas normas expressas, mas também princípios implícitos. Ex. Princípio 
da razoabilidade e proporcionalidade. 
 
- CONFLITO DE NORMAS CONSTITUCIONAIS: 
Busca-se estudar quais são os meios para solucionar as hipóteses de conflitos 
constitucionais, mas primeiramente o fundamental é estabelecer a distinção 
estrutural entre normas constitucionais. 
 
A DOUTRINA DIVIDE AS NORMAS CONSTITUCIONAIS EM PRINCÍPIOS E REGRAS: 
Princípios Regras 
Conteúdo: Alto grau de abstração. 
Mandados de otimização. O princípio 
visa buscar um estado ideal de 
coisas. Ex. dignidade da pessoa 
humana. 
Eficácia – Indeterminada; Não 
especifica incidência. 
Aplicabilidade – mediata ou indireta, 
pois para aplicação de um principio 
precisa-se de uma intermediação de 
uma regra. O principio não se aplica 
diretamente a uma situação. 
Solução de Conflitos: Os princípios são 
passiveis de ponderação, devendo 
ser aplicados de forma a não permitir 
o esvaziamento de nenhum dos 
princípios aparentemente 
conflitantes. 
Conteúdo: baixo grau de abstração. 
Mandados de determinação. 
Aplica-se a um caso específico. 
Eficácia: determinada, especifica 
sua incidência. 
Aplicabilidade: imediata ou direta. 
Solução de Conflitos: Adota-se o 
Sistema “all or nothing”, segundo 
Dworking, aplicando-se uma norma 
em detrimento da outra. A solução 
do conflito entre regras deve pautar-
se nos seguintes critérios: hierárquico; 
temporal; e especificidade. 
 
CONFLITO ENTRE NORMAS CONSTITUCIONAIS: 
1. Conflito entre norma materialmente constitucional e formalmente 
constitucional: Otto Bachof defende a hierarquia entre normas 
constitucionais, logo, uma norma materialmente constitucional 
prevaleceria sobre uma norma formalmente constitucional. Porém, 
adota-se no Brasil a Unidade Constitucional, não havendo hierarquia 
entre normas constitucionais, hipótese em que o conflito deve ser 
solucionado por outros critérios. 
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2. Conflito entre norma originária e derivada: Prevalece normalmente a 
norma derivada (posterior – critério temporal), salvo se a norma 
originária for cláusula pétrea. 
 
3. Conflito entre normas originárias: 
3.1. Conflito entre Princípios: Utiliza-se o critério da ponderação ou 
cedência reciproca, que deve ser analisada no caso concreto, o 
que significa que não se sabe de antemão qual deve prevalecer 
na situação. A análise deve ser realizada in concreto, valendo-se 
do princípio da proporcionalidade. Na proporcionalidade, devem 
ser analisados: Adequação, Necessidade e Proporcionalidade 
propriamente dita. (Teoria dos Três Degraus) 
3.2. Conflito entre Regras: All or nothing/Tudo ou nada. Aplica-se uma 
regra ou outra. 
 
Conflito entre Princípios e Regras: Diante de conflito entre princípios e regras 
constitucionais originárias prevalecem as regras,visto que se trata de um 
preceito que determina a própria incidência do princípio diante do caso 
concreto, dotando-se de maior especificidade. Ex. Princípio da não 
extradição de brasileiros. Regra: Salvo no caso de crime cometido antes da 
naturalização. Princípio da Vedação da Pena de Morte. Regra: Salvo no 
caso de guerra declarada. 
 
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 
 
PREÂMBULO CONSTITUCIONAL 
Natureza Jurídica: Há divergência doutrinária sobre a natureza jurídica do 
preâmbulo constitucional: 1. o preâmbulo é compreendido como um 
conjunto de preceitos idênticos aos demais consagrados no texto da 
Constituição, sendo dotado de força normativa cogente; 2. o preâmbulo 
participa das características jurídicas da Constituição, mas sem se confundir 
com os demais dispositivos; 3. e o preâmbulo não se situa no domínio do 
Direito, mas da política ou da história, possuindo apenas um caráter político-
ideológico destituído de valor normativo e força cogente, motivo pelo qual 
não pode ser invocado como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade – tese albergada pelo STF. 
 
A norma do preâmbulo tem força cogente, coercitiva? Não, pois segundo o 
STF, trata-se norma estritamente interpretativa. Nesse sentido, não pode servir 
de parâmetro de constitucionalidade. 
 
 
 
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As constituições estaduais são obrigadas a consagrar o preâmbulo? Não, 
não se trata de norma de repetição obrigatória nas constituições estaduais, 
mas sim normas de possível imitação. 
 
A expressão Deus fere a noção de estado laico ou leigo? A priori, Estado 
Laico é aquele que não prega nenhuma religião como oficial. O STF entende 
que tal expressão não fere o ideal laico do Estado, vez que a expressão 
passa uma ideia de serenidade. Vale ressaltar que Flavia Piovesan afirma 
que a referência a Deus afronta a adoção do Estado Laico. 
 
PARTE DOGMÁTICA (ART. 1 AO ART. 250) 
Possui parte cogente e pode ser utilizada como paradigma de 
constitucionalidade. 
 
ATOS DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS - ADCT 
Trata-se de parcela da Constituição destinada a regular a transição do 
antigo para o novo ordenamento jurídico – constitucional (direito 
intertemporal). Maria Helena Diniz chama o ADCT de normas constitucionais 
de eficácia exaurida, pois, cumprida a finalidade para a qual ela foi criada 
exaurem-se os seus efeitos. Nascem para regular uma situação passageira e 
quando atingem o seu efeito ficam apenas “flutuando” no ordenamento 
jurídico. 
 
Ademais, o ADCT tem natureza de norma constitucional e poderá, portanto, 
trazer exceções ao que dispõe o corpo da Constituição. Assim, o ADCT 
poderá excepcionar regras gerais do corpo, por apresentar a mesma 
natureza jurídica delas, podendo ser modificado via Emenda Constitucional. 
Possui eficácia exaurida, já que representa a transição de um Estado 
Constitucional pretérito para o atual de 1988. Importante lembrar que as 
normas constantes do ADCT possuem o mesmo grau de eficácia que as 
demais normas constitucionais. 
 
Art. 3, ADCT - Depois de 05 anos da promulgação a Constituição poderia ser 
revisada. A revisão constitucional fora prevista para ocorrer uma única vez 
no que tange à CF/88. Em 94 tivemos a única revisão pelo qual passou o 
texto constitucional, surgindo 6 emendas de revisão. Não existe mais 
possibilidade para EMENDAS DE REVISÃO, segundo corrente majoritária. 
 
 IMPORTANTE: A norma do ADCT tem força cogente, podendo ser utilizada 
como objeto para análise de constitucionalidade. 
 
 
 
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TEORIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Classificação adotada pelo STF (Prof. José Afonso da Silva): 
 
Eficácia Plena  São aquelas que desde a sua promulgação estão aptas 
para produzir todos os seus efeitos, independente de qualquer norma 
integrativa infraconstitucional. A norma constitucional não pode sofrer 
restrição, mas admitem regulamentação. Esse é o aspecto mais importante 
da aplicabilidade da norma de eficácia plena. O legislador não pode 
restringir essa norma. É isso que a diferencia da norma de eficácia contida. 
 
Eficácia Contida  São aquelas que produzem efeitos desde a 
promulgação, no entanto, podem ter sua abrangência reduzida por uma 
norma infraconstitucional. Trata-se de uma norma que pode ser contida por 
norma simples (Ex.: Art. 5, XIII. Liberdade profissional atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer). Trata-se de norma de 
eficácia redutível ou restringível e, enquanto não materializado o seu fator 
de restrição, a norma tem eficácia plena. José Afonso da Silva traz a 
nomenclatura “normas de contenção” para as normas que restrigem o texto 
constitucional.. 
 
OBS.: Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao 
cumprimento de condic ̧ões legais para o seu exercício. A regra é a 
liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode 
ser exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de 
músico, por exemplo, prescinde de controle – STF . RE 414426. 
 
 
A doutrina clássica dividia as normas em autoaplicáveis (autoexecutáveis, 
isto é, são completas, produtoras de plenos e totais efeitos, sem necessidade 
de regulamentação, a partir da entrada em vigor da Constituição) e não 
autoaplicáveis (não autoexecutáveis, isto é, não têm plena eficácia, 
exigindo, portanto, complementação, a partir de norma infraconstitucional), 
estas, diferentemente das primeiras exigiam a complementação do 
legislador para produzirem efeitos. Essa classificação não é aceita no Brasil, 
pois o entendimento é que todas as normas são autoaplicáveis. Mas as 
bancas costumam cobrar esses conceitos. 
 
Eficácia Limitada  É aquela norma que, mesmo com a sua promulgação, 
não está apta para produzir todos os seus efeitos, necessitando de 
regulamentação infraconstitucional para ter eficácia. É norma de 
aplicabilidade indireta, mediata, reduzida ou diferida. No entanto, segundo 
as próprias palavras do ilustre José Afonso da Silva, mesmo sendo normas de 
eficácia limitada, elas produzem um mínimo efeito: o de vincular o legislador 
infraconstitucional aos seus vetores. Há duas espécies de normas limitadas: 
 
 
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1 - Limitada de princípio institutivo ou organizativo. 
2 - Limitada programática  Se reveste em forma de promessas ou 
programas que visam atingir fins sociais. Característica principal da 
Constituição Dirigente. 
 
PODER CONSTITUINTE 
 
Conceito: consiste no poder de criar uma constituição ou de proceder às 
reformas necessárias para atualização do texto constitucional. 
 
Quantas vezes o constituinte originário foi exercido no país? No Brasil tivemos 
8 Constituições. 
 
A teoria do poder constituinte é uma justificativa a fim de legitimar o 
exercício do poder constituinte. O grande teórico do poder constituinte é 
Emmanuel Joseph Sieyes (“O que é o terceiro Estado” – Obra de autoria do 
referido teórico). 
 
1ª Estado – Clero 
2º Estado – Nobreza 
3º Estado - Burguesia.  Sieyes era Deputado do terceiro estado e 
interpretava que a massa estava no terceiro estado, classe menos 
favorecida da população. O abade Sieyes pregava que a legitimidade do 
poder constituinte deveria estar nas mãos da massa, da burguesia, terceiro 
estado. Caso contrário, o poder estaria nas mãos da minoria. Os poderes 
estavam concentrados no 1º e 2º Estados e o referido autor pregava que o 
poder constituintedeveria estar nas mãos do terceiro estado, já que se 
tratava da massa e, como tal, teríamos maior legitimidade para a tomada 
de decisões. 
 
TITULARIDADE E EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE 
O titular do poder constituinte é o POVO e é exercido pela Assembléia 
Nacional Constituinte. Contudo, Sieyes mencionava que o titular do poder 
constituinte era a NAÇÃO. 
 
No estado democrático sempre teremos o povo como titular do poder 
constituinte, entretanto, o seu exercício pode ser modificado de uma 
constituição para outra, ou seja, a titularidade é permanente e o exercício 
pode ser alterado de constituição para constituição. 
 
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE: 
A doutrina comumente classifica o poder constituinte em: poder constituinte 
originário e poder constituinte derivado. Por sua vez, o poder constituinte 
derivado subdivide-se em reformador e decorrente. 
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1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
Trata-se do poder de criar uma nova ordem jurídica, rompendo por 
completo com a ordem jurídica constitucional antecedente. Trata-se de um 
poder anterior, superior e posterior a qualquer criação constitucional. 
 
NATUREZA JURÍDICA: Poder de fato, pois ele não tem base jurídica e é 
ilimitado. Ele cria e estabelece o direito. Ele antecede o próprio direito, 
baseado na matriz inglesa. (prevalece no Brasil) 
 
- DIFERENÇA ENTRE PODER DE FATO E PODER JURÍDICO: 
Poder jurídico  é aquele poder que é limitado pelo direito. 
Poder de fato ou energia social  poder ilimitado juridicamente. 
 Como o constituinte originário é ilimitado, ele possui natureza jurídica de PODER 
DE FATO. 
 
CARACTERÍSTICAS: inicial; autônomo; soberano; ilimitado; incondicionado; e 
permanente; 
 
O Poder Constituinte Originário é permanente porque não desaparece após 
a elaboração de uma nova constituição; o poder continua latente, continua 
existindo. Ainda que não haja materialização, o poder constituinte originário 
existe e segue hibernando em nós, o povo, que somos seus titulares. 
Ademais, o constituinte originário deve ter eficácia atual por constituir força 
histórica apta a realizar os fins a que se propõe. 
 
MITIGAÇÃO DA ILIMITAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE: Cumpre mencionar 
que o poder nem sempre será ilimitado, ou seja, o Direito não pode 
retroceder em termos de garantias e direitos fundamentais. (Princípio da 
proibição ao retrocesso OU Efeito Cliquet OU Proibição da Evolução 
Reacionária.), Canotilho. Ademais, os jusnaturalistas afirmam que o direito 
natural é um limitador ao poder constituinte originário, de certa forma 
mitigando sua ilimitação. A doutrina atual entende que há sim limitações ao 
Poder Constituinte Originário, pois, se este é um poder de fato baseado na 
própria sociedade é nesta que ele encontrará os limites decorrentes da 
própria sociedade tais como: históricos, axiológica, culturais. Como regra, 
em prova objetiva, devemos marcar que o poder constituinte originário é 
ilimitado. 
 
No Brasil tivemos quatro constituições por convenção (1891, 1934, 1946,1988) 
e mais quatro constituições por outorga (1824, 1937, 1967, 1969). 
 
 
 
 
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EFEITOS DA NOVA CONSTITUIÇÃO EM RELAÇÃO À ANTERIOR: 
Teoria da desconstitucionalização: é defendida no Brasil por Pontes de 
Miranda: ele defendia que uma nova Constituição só revoga no que for 
contrário a anterior. Já o que for compatível, permanece no ordenamento 
jurídico, mas são rebaixadas com status de norma infraconstitucional. No 
Brasil só poderia haver desconstitucionalização se prevista pela CF. 
 
Teoria da recepção material de normas constitucionais anteriores: A premissa 
básica é a mesma que a teoria acima. A diferença é que as normas 
compatíveis, embora também não sejam revogadas por essa teoria, são 
recepcionadas pela nova ordem jurídica constitucional como norma 
constitucional. Também só poderia haver no Brasil se expressamente previsto. 
Ex: Art. 34, ADCT 
 
Teoria da revogação: É adotada em regra no Brasil, salvo se expressamente 
prevista em sentido contrário. No Brasil, a edição de uma nova Constituição 
revoga totalmente a CF anterior. 
 
EFEITOS DA NOVA CONSTITUIÇÃO EM RELAÇÃO AO ORDENAMENTO 
INFRACONSTITUCIONAL ANTERIOR: 
 
1. Teoria da inconstitucionalidade superveniente: Defende que norma 
anterior à nova constituição não será revogada, mas sim considerada uma 
lei inconstitucional. Embasa isso o fato de que só pode haver revogação de 
normas de mesma natureza e hierarquia. Sendo assim, norma constitucional 
não poderia revogar norma infraconstitucional. O STF, contudo afirma: A 
Constituição sobrevinda não torna inconstitucionais as leis anteriores com ela 
conflitantes, mas sim, revoga-as. (STF–ADI 2 –DF) 
 
Nesse contexto, uma Emenda Constitucional pode revogar uma lei? Não, 
pois a emenda é feita pelo poder constituinte derivado e a lei é feita pelo 
Congresso Nacional, que são poderes distintos; e, além disso, essas normas 
pertencem a hierarquias distintas. Então, quando a lei é incompatível com 
uma nova emenda, haverá “não-recepção”, e não a revogação. 
 
2. Teoria da revogação ou da não-recepção: Defende que norma anterior 
que contrariar a nova CF deve ser revogada. Adotada no Brasil. O vício, 
contudo, pode ser material ou formal: 
 
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(1) Incompatibilidade ou vício material É o vício de conteúdo. Em 
regra, impede a recepção. 
(2) Vício de forma Não impede a recepção, em regra. A exceção 
está no vício formal orgânico decorrente da federalização da matéria, 
que impede a recepção da norma. O vício formal orgânico 
decorrente da desfederalização não impede a recepção. Ex: EC 69. 
 
3. Teoria da revogação por inconstitucionalidade: Canotilho faz a junção das 
duas teorias anteriores. Para ele não se trata simplesmente de uma 
revogação; pois a revogação propriamente dita se dá entre normas de 
mesma hierarquia. Para ele também não se trata de uma situação de 
inconstitucionalidade clássica, pois aqui a norma objeto de controle é 
posterior a Constituição. Logo, a lei é analisada com base na CF vigente à 
época em que a lei foi editada. Assim, teremos uma revogação por 
inconstitucionalidade. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
Conceito: Trata-se de poder que viabiliza alteração do texto constitucional a 
fim de proporcionar a adequação do texto constitucional ao dinamismo 
social. O poder constituinte derivado se encontra inserido no texto 
constitucional e é um produto de criação do poder constituinte originário, 
atuando como mecanismo de atualização do texto constitucional. 
 
 O poder derivado tem natureza jurídica de PODER JURÍDICO, pois 
encontra limitação pelo direito. CARACTERÍSTICAS: derivado, subordinado, 
limitado e condicionado. 
 
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO: 
 Derivado Reformador: Possibilidade prevista no texto constitucional de 
alteração de seu texto, desde que cumpridos os requisitos previstos na 
norma. Tal reforma pode se perfazer através de Emendas 
Constitucionais e por Revisão Constitucional. 
 
 Derivado Decorrente: Possibilidade dos estados-membros, em virtude 
de sua autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem 
através das constituições estaduais. No caso do DF, a maioria da 
doutrina que trata do tema, entende que haveria poder constituinte 
decorrente. Segundo esse entendimento majoritário, a natureza da Lei 
Orgânicado DF é a mesma das Constituições Estaduais. Por outro 
lado, contudo, com relação aos municípios, segundo entendimento 
majoritário, não haveria que se falar em poder constituinte decorrente, 
uma vez que as leis orgânicas municipais têm como fundamento de 
validade uma Constituição estadual. Nesse sentido, seria um poder 
decorrente de outro poder decorrente, e não poderia ser admitido. 
(Marcelo Novelino discorda desse posicionamento). 
 
 
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PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL 
Trata-se de uma visão moderna que decorre da ampliação da proteção aos 
direitos humanos, deriva de um processo de expansão jurídica da esfera de 
proteção dos direitos humanos e vem se intensificando após a segunda guerra 
mundial. Maurício Andreioulo Rodrigues defende a existência de um tertium 
genus de poder constituinte, que busca sua “fundamentação” menos na 
vontade do povo-nação e mais na vontade do povo-cidadão universal, 
que é seu verdadeiro titular. Um poder preocupado com a 
formação de uma Constituição supranacional elaborada legitimamente 
e, por conseguinte, apta a vincular os Estados ajustados sob o seu comando. 
Segundo essa teoria, o titular do poder constituinte supranacional é o cidadão-universal. 
 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS – ART. 60 
 
A iniciativa para proposta de emenda constitucional é concorrente: 
1. Presidente da República; 
2. De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara ou do Senado; 
3. De mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa 
de seus membros. 
 
QUÓRUM: A PEC deve ser aprovada por 3/5 dos membros; 
SESSÃO: Separada em cada Casa (CD e SF); 
TURNOS: A PEC deve ser analisada em 2 turnos em cada Casa; 
PROMULGAÇÃO: Ao contrário do que acontece com o processo legislativo 
da lei ordinária e complementar, a promulgação NÃO é realizada pelo 
Presidente, mas sim pelas Mesas da CD e SF. O Presidente somente participa 
do processo de PEC quando ele mesmo propõe. 
 
Limites Circunstanciais: Uma emenda constitucional não pode ser aprovada 
na vigência de intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. 
 
Muito cuidado, pois a Intervenção Estadual em Município não inviabiliza a 
reforma da Constituição Federal, mas, se for intervenção federal no 
Município localizado em Território, inviabilizará a reforma da Constituição 
Federal; 
 
Limites Materiais: Não será objeto de deliberação: 
1. forma federativa do estado; 
2. voto direto, secreto, universal e periódico; 
3. separação dos poderes; 
4. direitos e garantias individuais. 
 
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A CF fala em direitos e garantias individuais. Contudo, parte da doutrina 
considera que as cláusulas pétreas abrangem não apenas os direitos e 
garantias individuais, mas todos os direitos fundamentais (ou pelo menos 
uma boa parte deles). Nesse sentido, Ingo Sarlet, Rodrigo Brandão. Mas esse 
não é o entendimento adotado pelo Cespe, nem o que a literalidade da 
Constituição diz. 
 
(Canotilho) - Nossa constituição possui limitações materiais implícitas, como: 
1.Titularidade do poder constituinte (povo). 
2. Forma de governo (Republicano). 
3. Sistema de governo (Presidencialista). 
4. Processo de alteração Constitucional (art.60). O processo de alteração 
constitucional por via de emendas NÃO PODE SER ALTERADO, pois acarretaria 
grande instabilidade jurídica ao Estado e estaria em manifesta afronta a 
vontade do constituinte ordinário. 
 
- É POSSÍVEL A ALTERAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE MODIFICAÇÃO DA 
CONSTITUIÇÃO? 
1º) José Afonso diz que sim, desde que seja para tornar o procedimento mais 
dificultoso. 
2º) Gilmar Mendes diz que não se pode mudar nem para mais nem para 
menos, pois o Poder Constituinte Derivado Reformador é um poder 
condicionado e, se isso fosse permitido, alterar-se-ia a estrutura da 
Constituição. 
 
Emenda Rejeitada: Não poderá ser objeto de nova proposta na mesma 
sessão legislativa. Vige o Princípio da Irrepetibilidade absoluta diante da 
rejeição de emenda constitucional. 
 
** Não há previsão de iniciativa popular para criação de PEC’s, apenas para 
criação de leis, assim como não há veto do presidente diante de PEC. No 
entanto, José Afonso da Silva e Pedro Lenza afirmam que a partir de uma 
interpretação sistemática e harmônica do texto constitucional é possível 
verificar –art.1,p.único,CF- que há permissão de exercício do poder de 
reforma direta pelo próprio povo. Nesse sentido, cumpre colacionar que 16 
dos estados-membros trazem em suas constituições de forma declarada e 
expressa a possibilidade de iniciativa popular para fins de PEC estadual. 
 
- REVISÃO CONSTITUCIONAL: 
A previsão da revisão constitucional encontra-se no art.3 ADCT e também é 
um procedimento formal, obra do poder constituinte derivado, de alteração 
da constituição, mas não se confunde com a emenda constitucional, pois 
possuem fundamentos e procedimentos distintos: 
 
 
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Procedimento para revisão constitucional: 
1. sessão unicameral; 2. único turno de discussão; e 3. aprovação por 
maioria absoluta. 
 
Já as emendas constitucionais exigem: 
1. sessão bicameral; 2. dois turnos; 3. aprovação por 3/5 dos membros. 
 
A emenda de revisão é aprovada em SESSÃO UNICAMERAL, ÚNICO TURNO, 
devendo ser observada a MAIORIA ABSOLUTA do órgão julgador. 
 
ATENÇÃO: A revisão pode tratar simultaneamente de vários assuntos 
(global), enquanto a emenda trata apenas de um tema específico (pontual). 
 
A Revisão Constitucional, além do limite temporal (art. 3º do ADCT) estaria 
submetida aos limites estabelecidos para as emendas constitucionais, limites 
circunstanciais e materiais? Como a revisão constitucional é uma das 
manifestações do poder constituinte reformador, deverá respeitar as 
limitações materiais e circunstanciais à emenda constitucional (art. 60,4º). 
 
Esse material é de uso exclusivo do Coachee/aprendiz do Coaching do 
Canal Carreiras Policiais, sendo protegido por direitos autorais (copyright), 
nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação 
sobre direitos autorais e dá outras providências. 
 
Discute-se atualmente a possibilidade de ser instituído novo período para 
revisões constitucionais: 
1. (Majoritária na Doutrina) – Não poderia haver nova revisão 
constitucional porque o procedimento de alteração da constituição é 
definido pelo poder constituinte originário, ou seja, caracteriza-se 
como limite formal e não poderia o poder decorrente alterar o 
procedimento de reforma da constituição. 
2. Segundo Gilmar Mendes, seria possível uma nova revisão 
constitucional, desde que fosse convocado a se manifestar o poder 
constituinte originário. Uma vez autorizado, não haveria óbice para 
instituição de novo período para revisão constitucional. 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Os princípios fundamentais encontram-se no início da Constituição, mais 
precisamente no Título I, arts. 1 ao 4 da CF/88. 
 
Art. 1º, caput: A República Federativa do Brasil formada pela união 
indissolúvel dos Estados, Municípios e DF constitui-se em Estado Democrático 
de Direito. (Expõe os princípios estruturais das bases políticas nacionais – 
Princípio Federativo (Estado Federal); Cuidado: O territórionão faz parte! 
 
FORMA DE ESTADO: Federação 
Se contrapõe à Confederação e é a atual forma adotada pelo Brasil. Esta 
forma de Estado se caracteriza pela coexistência de um poder soberano e 
diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Nesta 
hipótese, diferentemente da confederação, só existe um poder soberano, 
sendo os demais entes detentores de autonomia. O ente soberano possui 
poder supremo na ordem interna e independente na ordem externa, 
podendo firmar relações e acordos com quem entender. Já o poder 
autônomo é o poder concedido aos demais entes para elaborarem normas 
de auto-organização, autolegislação, possibilitando o estabelecimento de 
auto-governo para autoadministração, sempre pautados pelos limites 
impostos pelo poder soberano. 
 
FORMA DE GOVERNO - FMR 
Monarquia: Palavra de origem grega, monarchía, governo de um só, 
caracteriza-se pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade do 
Chefe de Estado, não acarretando responsabilidade política, como 
acontece na Inglaterra e acontecia no Brasil Império. 
República: Palavra de origem latina, res pública – coisa pública –, 
caracteriza-se pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do 
Chefe de Estado. Nesta forma de governo são realizadas eleições periódicas 
para escolha do representante, que responde pelos seus atos. 
 
SISTEMA DE GOVERNO - SPP 
O sistema de governo é avaliado de acordo com o grau de relacionamento 
entre os Poderes Executivo e Legislativo; desta sorte, existem três principais 
sistemas. 
Presidencialismo: Neste sistema de criação norte-americana, os Poderes 
Executivo e Legislativo são independentes e harmônicos entre si, 
apresentando algumas características básicas: 
a) a chefia de Estado e chefia de governo atribuídas a uma mesma pessoa; 
b) o Presidente da República é eleito pelo povo, de forma direta ou indireta; 
 
 
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c) apesar da separação, há participação do executivo no processo legislativo 
como o exercício do veto (art. 66, § 1.º) e a edição de medida provisória (art. 
62). Isso só é possível graças ao sistema de freios e contrapesos. 
 
Parlamentarismo: Instituído por influência inglesa, o Executivo e o Legislativo 
são interdependentes, havendo dependência mútua, com as seguintes 
características essenciais: 
a) chefia de Estado e chefia de Governo atribuídas a pessoas distintas. A primeira 
função de representação externa e interna é atribuída ao Rei, Imperador ou 
Presidente da República; já a chefia de governo é a condução política do Estado e 
é atribuída ao Primeiro-Ministro, que é um membro do Legislativo indicado pelo 
Chefe de Estado. Este tomará posse se for aprovado pela maioria do parlamento; 
b) o Chefe do Governo não possui tempo de mandato, somente perdendo o 
cargo pela morte, renúncia, incapacidade civil, se perder o apoio de maioria do 
parlamento ou por voto de desconfiança; 
 
Diretorial ou convencional: Há absoluta subordinação do Poder Executivo ao 
Legislativo, como acontecia na extinta União Soviética. 
 
A primeira federação no mundo foi a norte-americana, que nasce a partir 
de uma confederação, pois antes os estados-membros norte-americanos 
eram países autônomos separados. A posteriori, formou-se a federação com 
a união dos “paises autônomos e soberanos” para tornar-se um poder 
econômico e político mais forte, formando a Federação dos Estados Unidos. 
 
Nesse movimento de fora para dentro, temos a formação federativa 
Centrípeta. 
 
No Brasil a Federação surgiu de forma diametralmente oposta à constituição 
norte-americana. No Brasil, o poder que estava centralizado fora 
descentralizado para os Estados-Membros, ratificada pela autonomia 
concedida aos Estados-Membros. Até 1988 os municípios nem mesmo tinham 
natureza de ente administrativo. Os municípios atualmente possuem 
autonomia político-administrativa. A esta formação da Federação chama-se 
formação Centrífuga. 
 
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO BRASILEIRO: São características do Estado 
brasileiro: 
a) sistema de governo: presidencialismo; 
b) regime de governo: democrático; 
c) forma de governo: República (difere da Monarquia, pois não há sucessão 
hereditária e o exercício do poder não é vitalício); 
d) sistema de governo: presidencialismo (o Chefe do Estado e o Chefe do 
Governo estão reunidos na mesma pessoa, ao contrário do 
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parlamentarismo, no qual o Chefe de Estado é o Rei ou o Presidente e o 
Chefe de Governo, o Primeiro-Ministro, o qual, para manter-se no poder, 
depende do apoio do Parlamento). 
 
A autonomia dos estados-membros significa uma quádriplice capacidade: 
 
1. Auto-organização; - Capacidade conferida aos estados federados para 
definir suas próprias normas de organização, estabelecerem suas próprias 
constituições. Estas entidades são dotadas de poder constituinte derivado 
(pois encontra seu fundamento na Constituição Federal) e decorrente (pois 
emerge da forma federativa de Estado). 
 
2. Auto-governo; - Os estados federados possuem poderes próprios: 
Executivo, legislativo e judiciário. 
 
3. Auto-legislação; - Capacidade dos estados federados criarem suas 
próprias leis. 
 
4. Auto-Administração: - Capacidade dos estados federados em administrar 
seus próprios serviços e atividades. 
 
Não existe federação sem um sistema de repartição de competência entre 
os entes. Ademais, a existência de intervenção federal também é uma 
característica do sistema federativo. 
 
Diferenças entre Federação e Confederação: Ambos são sistemas de 
organização do Estado. Porém, na federação, os membros têm autonomia, 
enquanto na confederação têm soberania. Além disso, na Federação, os 
membros não podem se separar, em virtude da indissolubilidade do pacto 
federativo, ao contrário do que ocorre na confederação, em que há o 
direito de secessão, de se separar. Na Federação, os cidadãos possuem 
uma única nacionalidade; na confederação não. Por fim, a Federação se 
organiza mediante Constituição, e a Confederação, por tratado 
internacional. 
 
- CRIAÇÃO DE TERRITÓRIOS - (art.18,2º) 
Encontra-se disciplinado no art. 18, § 2º, da CR/88. Atualmente não existem 
territórios no Brasil, pois os últimos foram extintos pelo ADCT (o Território do 
Amapá e Roraima foram transformados em Estados – art. 14 do ADCT, e o de 
Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco – art. 15 do 
ADCT). Os territórios fazem parte da União, são desprovidos de autonomia 
 
 
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política, podendo ser divididos, redivididos ou reunidos por aquela, sem 
maiores dificuldades. Possuem apenas autonomia administrativa, admitem a 
divisão em Municípios. Os territórios possuem um Governador, nomeado pelo 
Presidente da República, mediante aprovação do Senado Federal (art. 84, 
XIV, da CR/88), e elegem 4 Deputados Federais (art. 45, § 2º, da CR/88), não 
elegendo Senadores. 
 
Apesar da inexistência hodierna de territórios federais, a CF/88 prevê a 
possibilidade de criação de territórios através de LEI COMPLEMENTAR, sem 
qualquer outra exigência. Vale lembrar que os territórios, se criados, não 
terão status de entes federativos, não possuindo, por conseguinte, qualquer 
autonomia organizacional. Contudo, os territórios, se criados, poderão instituir 
municípios. 
 
IMPORTANTE: Ao contrário da União, dos estados e dos municípios, os 
Territórios Federais não são entes federativos.Os territórios têm natureza 
jurídica de autarquias territoriais federais, pois integram a União, como mera 
divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. O Território não 
elege Senadores (pois não é ente federativo), mas apenas Deputados 
Federais. 
** TERRITÓRIOS NÃO SÃO OBRA DO PODER CONSTITUITE DECORRETE! 
 
- INCORPORAÇÃO, SUBDIVISÃO E DESMEMBRAMENTO DE ESTADOS 
A incorporação, subdivisão e desmembramento de estados depende da 
aprovação prévia da população diretamente interessada, através de 
plebiscito convocado pelo Congresso Nacional, materializada por LEI 
COMPLEMENTAR. (Plebiscito + Lei Complementar) 
 
O STF entende que população diretamente interessada pauta-se no Principio 
da Unidade Sociocultural do Estado, toda a população do Estado deve se 
sujeitar ao plebiscito. Assim, não somente as pessoas do local do 
desmembramento deverão participar do plebiscito, mas sim, todos os 
eleitores diretamente interessados, considerados como tais os eleitores do 
Estado. 
 
- CRIAÇÃO, FUSÃO E DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS 
O Município é pessoa jurídica de direito público interno, dotado de 
autonomia, assegurada na capacidade de autogoverno e administração 
própria. Os Municípios se auto-organizam por meio da Lei Orgânica 
Municipal, que será votada em 2 turnos, com interstício de 10 dias, sendo 
aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal. As principais normas 
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a eles referentes encontram-se na Constituição Federal; no entanto, as 
regras específicas constam na Lei Orgânica de cada Município. Estrutura dos 
Municípios: Poder Legislativo (arts. 29 a 31), sendo exercido pela Câmara 
Municipal, com número de Vereadores proporcional à população do 
Município, observados o mínimo de 9 e o máximo de 55, segundo o art. 29, 
IV, da CR/88; Poder Executivo (arts. 29 a 31), exercido pelo Prefeito e 
VicePrefeito, eleitos para um mandato de 4 anos; e impostos municipais (art. 
156). Não existe Judiciário municipal. 
 
Os municípios podem ser criados, objeto de fusão, desmembrados ou 
incorporados, dentro do período determinado por Lei Complementar, desde 
que seja realizado Plebiscito e Estudos de Viabilidade e instrumentalizado por 
LEI ESTADUAL. Nesse sentido, faz-se necessário Lei Complementar delimitando 
o período em que se faz possível a criação de municípios. No entanto como 
ainda não há L. Complementar autorizativa, atualmente, não há respaldo 
legal para a criação, desmembramento e fusão de municípios. 
 
Em sede de ADI 3686, o STF determinou o prazo de 18 meses para o CN 
elaborar a Lei Complementar Federal permitindo a aplicação do art. 18,4º. O 
CN não elaborou a LEI, mas criou a EC57 e acrescentou ao ADCT o art. 96, 
afirmando que todos os municípios criados com base em lei estaduais até 
31/12/06 estão com a situação constitucional completamente regularizada. 
Nesse diapasão, a partir de 2007 todas as criações e desmembramentos de 
municípios são considerados irregulares, face à ausência de Lei 
Complementar que autorize e regulamente a criação, fusão e 
desmembramento de municípios. MUNICÍPIOS PUTATIVOS(IMPORTANTE) 
 
ATENÇÃO: Quem convoca plebiscitos e referendos é o Congresso Nacional 
através de Decreto Legislativo. 
 
PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: 
Consagra o nosso regime político através do Estado Democrático de Direito 
e, para tal, deve se assentar no pilar da soberania popular. O povo é quem 
conduz as diretrizes políticas. (art. 1º, p.único - CF) Estado de Direito é aquele 
politicamente organizado e que obedece as suas próprias leis. Nem sempre 
esse Estado de Direito será um estado democrático. Com o Estado de 
Direito, instala-se o império da lei. 
 
Lei complementar autorizando = Plebiscito + Estudo de viabilidade + Lei 
Estadual. 
 
 
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 O modelo de “Estado Democrático” ganhou esse nome, pois foi 
caracterizado pela universalização do sufrágio. Hoje, o sufrágio atingiu tal 
grau de universalização, que dificilmente teremos como avançar nessa 
liberdade. Hoje, praticamente toda a população com capacidade vota e, 
além disso, existem, também, mecanismos de democracia direta, como, 
p.ex., plebiscitos, referendos, iniciativa popular de leis, ação popular. 
 
Recall” → Alguns países adotam o mecanismo de democracia direta do 
“recall”, que é uma consulta feita à população a respeito da manutenção 
ou não de um governante no cargo. O “recall”não existe no Brasil. A 
Constituição Venezuelana adota esse mecanismo no seu art. 223. 
 
FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – ART.1º: 
 
Processo mnemônico: SO CI DI VA PLU 
 
I. Soberania: 
A soberania pode aparecer sobre duas vertentes: 
Soberania Externa: Independência na ordem internacional. Nas relações 
recíprocas entre estados estrangeiros não há hierarquia e nem mesmo 
subordinação. A União não é soberana, pois se trata de um ente autônomo. 
Quem tem soberania é a República Federativa do Brasil. (Questão DEPOL/RJ) 
Soberania Interna: Supremacia na ordem interna. Dentro do Estado não 
pode haver poder maior que o próprio poder ESTATAL. 
 
II. Cidadania: 
A cidadania pode aparecer sob duas perspectivas: 
Cidadania em sentido amplo: Conjunto de obrigações firmadas entre o 
Estado e o seu nacional (nacionalidade). 
Cidadania em sentido estrito: Aptidão para titularizar direitos políticos, 
através do Título de Eleitor – Meio pelo qual se perfaz o Estado Democrático 
de Direito. É esta cidadania que diz respeito à legitimidade ativa para propor 
Ação Popular, cidadania em sentido estrito. 
 
III. Dignidade da Pessoa Humana: 
Tal princípio é anterior a própria constituição federal, possui origem no 
cristianismo e se apresenta como “carro chefe” dos direitos e garantias 
fundamentais. Trata-se do princípio-meta de todo ordenamento jurídico 
brasileiro. CUIDADO: O princípio da Dignidade da Pessoa Humana, assim 
como todos os demais, é RELATIVO! 
 
IV. Valorização social do trabalho e da livre iniciativa; 
Surgiu em 1946 e visa harmonizar as relações de trabalho aos interesses do 
Estado Democrático de Direito. 
 
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V. Pluralismo Político 
Muitas pessoas confundem o pluralismo político com o pluralismo 
partidário. O pluralismo político é mais amplo, pois abrange o pluralismo 
artístico, religioso, político, cultural e de orientações (inclusive sexual). O 
pluralismo previsto na constituição está relacionado ao direito à igualdade. 
O respeito à igualdade e à diferença são duas faces da mesma moeda. 
Tudo isso está destacado tanto no preâmbulo, como no art. 1º e no art. 3º da 
CF/88. 
 
P. único, art. 1º - Consagra a democracia do Estado Brasileiro. Afirma que o 
povo é o titular do poder constituinte e que o exerce por meio de seus 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos da constituição. No Brasil, 
existe tanto o poder direto quanto indireto, quando exercida pelos 
representantes eleitos. A junção da democracia direta com a indireta forma 
a democracia semi-direta ou participativa, adotada pela nossa CF. 
 
A TRIPARTIÇÃO DE PODERES – CHECK AND BALANCE 
Os poderes da União são harmônicos e independentes entre si, poderes 
legislativo, executivo e judiciário. O precursor da tripartição dos poderes foi 
Montesquieu através de sua obra “O Espírito das Leis”. Montesquieu, contudo, 
não previu o exercício de função atípica por cada um dos poderes. 
Atualmente os poderes secomunicam entre si e cada poder exerce funções 
atípicas: 
 
Legislativo – Exerce atipicamente função executiva quando abre processo 
licitatório para aquisição de bens ou serviços. Exerce a função jurisdicional 
quando diante do crime responsabilidade do Presidente julgado pelo 
Senado Federal. 
Executivo – Exerce função atípica legislativa quando o Presidente edita as 
medidas provisórias e leis delegadas. Exerce função atípica jurisdicional 
quando diante do processo disciplinar administrativo e conflitos de natureza 
econômica que são julgados pelo CADE. O julgamento realizado pelo 
tribunal marítimo também é um órgão administrativo que exerce função 
jurisdicional. 
Judiciário - Exerce função atípica legislativa quando o Tribunal elabora o seu 
próprio regimento interno. E exerce função atípica executiva quando 
instaura concurso público ou mesmo realiza licitação. 
 
DOS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA: 
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II. garantir o desenvolvimento nacional; 
III. erradicar a pobreza, a marginalidade e as desigualdades 
sociais; 
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, idade ou qualquer outra forma de discriminação. 
 
 
 
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ATENÇÃO: Os fundamentos se apresentam através de substantivos e os 
objetivos fundamentais se apresentam em forma de verbo. 
 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA EM SUAS 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS: 
 I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único: A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, social e cultural dos povos da América Latina, visando a 
formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – ART. 5 AO 17 
Os direitos fundamentais e os direitos humanos identificam‐se, pois, no 
aspecto material, ambos consagram valores ligados à igualdade e à 
liberdade com vistas à promoção e proteção da dignidade da pessoa 
humana. A distinção entre eles faz‐se em relação ao aspecto formal, ou seja, 
no plano de consagração desses direitos. Quando falamos em direitos 
humanos, estamos nos referindo aos direitos consagrados no plano 
internacional (art. 5º, §3º da CF). Quando consagrados no plano interno são 
considerados direitos fundamentais, em regra, nas constituições. Essa 
distinção não é pacífica na doutrina. Existem autores, inclusive, que nem 
fazem distinção entre esses termos. 
 
CARACTERÍSTICAS: São características dos direitos fundamentais: a 
historicidade, a inalienabilidade, a irrenunciabilidade, a imprescritibilidade, a 
universalidade, a concorrência e a limitabilidade. 
 
Distinção entre Direitos x Garantias: Garantias são instrumentos criados para 
assegurar a proteção e a efetividade dos direitos fundamentais. Então, as 
garantias fundamentais não são um fim em si mesmo, mas sim um meio para 
a obtenção dos direitos (são um meio a serviço dos direitos). Isto porque, de 
nada adianta reconhecer e declarar o direito sem um mecanismo para 
assegurá-lo e protegê-lo. Ex. direito de greve do servidor público. Até hoje 
não foi regulado. A garantia foi o mandado de injunção. Ex. HC – garantia 
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que protege o direito à liberdade de locomoção. Muitas vezes, o direito e a 
garantia estão protegidos no mesmo dispositivo. 
 
- Sobre o tema greve, importante lembrar: 
1. Constituição Estadual pode prever que é proibido que os servidores 
estaduais substituam trabalhadores de empresas privadas em greve. STF. 
Plenário. ADI 232/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 5/8/2015 (Info 793). 
2. O servidor público NÃO tem direito a remuneração pelos dias parados. 
Segundo o STJ e STF, é possível o corte (desconto) da remuneração do 
servidor em greve. Conforme Pargendler, mesmo que o movimento seja 
legítimo, não é possível autorizar que o servidor grevista seja remunerado. A 
jurisprudência entende que decisões judiciais impedindo o corte de ponto 
violam gravemente a ordem administrativa, já que inibem ato igualmente 
legítimo do gestor público. (STJ, SS 2606) (STF, AgRg no AI n. 824.949/RJ) (STF, 
MS 15272 DF) 
 
Distinção entre garantias e remédios constitucionais: Os remédios 
constitucionais são espécies de garantias constitucionais. Os remédios são 
destinados a tutelar direitos fundamentais taxativamente estatuídos no texto 
constitucional, como ocorre com o Habeas Corpus, Mandado de 
Segurança. 
 
Direitos Sociais x Direitos Individuais: Os direitos individuais são, em sua grande 
maioria, uma defesa do indivíduo em face ao Estado. São direitos que exigem do 
Estado, principalmente, uma abstenção, uma não intervenção por parte do Estado 
na vida do indivíduo. Os direitos sociais, por outro lado, em sua grande maioria, não 
terão essa característica. Tratam-se de direitos prestacionais, em sua grande 
maioria. Não exigem uma abstenção, mas sim uma atitude positiva do Estado, com 
prestações materiais (como, p.ex., fornecimento de educação, saúde, 
medicamentos, etc.) ou jurídicas (ex. proteção das relações de trabalho, da 
segurança, acesso à justiça, etc.). 
 
In literis: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País... Cumpre 
observar a literalidade da constituição não faz menção à proteção do 
estrangeiro em trânsito no país. Assim, se a prova vier perguntando sobre a 
proteção de acordo com a lei, temos que extirpar a figura do estrangeiro 
em trânsito no país. 
 
TITULARIDADE: O titular por excelência dos Direitos Fundamentais é o ser 
humano, pessoa física. 
 
Entretanto, o STF e doutrina amplamente majoritária defende a 
interpretação extensiva e teleológica do texto constitucional garante ao 
 
 
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estrangeiro em transito à titularidade dos Direitos Fundamentais. Aqui o 
legislador disse menos do que queria dizer e interpretativo. Se a dignidade 
humana é uma qualidade intrínseca a todo ser humano, 
independentemente de qualquer condição, e se os direitos individuais são 
aqueles que a protegem mais diretamente, não se pode deixar de assegurá-
los a um indivíduo simplesmente em razão da sua nacionalidade e local de 
residência. (ex. o direito de impetrar habeas corpus não pode ser negado 
para estrangeiros não residentes no Brasil). Outros direitos, porém, podem ser 
restringidos, não sendo aplicados aos estrangeiros, como, por exemplo, o 
direito de associação, ação popular (para cidadãos), concurso público. 
 
IMPORTANTE: Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária 
autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem 
de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo 
compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. 
 
A pessoa jurídica também pode titularizar Direitos Fundamentais, no que 
couber. Ex. honra objetiva, propriedade, imagem atributo. De acordo com o 
ministro Gilmar Mendes, as pessoas jurídicas também fazem jus aos Direitos 
Fundamentais Processuais: ampla defesa, contraditório, duração razoável do 
processo, inclusive as pessoas

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