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BRASIL EM TRANSFORMAÇÃO: AVANÇOS E RECUOS NA SUA CONSOLIDAÇÃO INTERNACIONAL (1974-2012)

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BRASIL EM TRANSFORMAÇÃO: AVANÇOS E RECUOS NA SUA CONSOLIDAÇÃO INTERNACIONAL (1974-2012)
Sergio Raúl López Rodríguez �
RESUMO
Este artigo tem por objetivo analisar os últimos 40 anos de história do Brasil, que levaram o país a uma posição de ator relevante. Considerando-se a evidente evolução do Brasil como potência média, fato percebido entre seus pares, pretende-se apresentar um panorama sobre o país a partir dos anos de 1970, quando aconteceram uma série de eventos e mudanças marcantes para a sua história política e econômica, especialmente no caminho para a redemocratização. Com relação aos anos de 1980, destacam-se as práticas de políticas de estado, as quais foram desde a substituição de importações até abertura comercial. No que tange aos anos de 1990, o modelo de substituição de importações esgotou-se com o crescente desregulamento dos mercados internacionais, o que levou a uma reestruturação da economia brasileira. O país chegou ao novo milênio com um governo caracterizado por um marcado viés social - muito ativo na política internacional -, que conseguiu modificar e melhorar as políticas sociais do governo anterior. Assim, esta nova posição, agora estável, deu origem a um país com uma forte agenda internacional, que o levou a se tornar uma figura reconhecida internacionalmente. 
Palavras-chave: Influência internacional. Crescimento no Brasil nas quatro últimas décadas.
ABSTRACT
The Brazilian evolution as a average power has been evident among their peers. This Article aims to analyze the last 40 years of Brazil´s history, which led the country to the position of relevant actor. Starting from the second half of the 1970, when there was a series of remarkable events and changes to the political and economic history of Brazil, especially on the way to its democratization. Passing through the 1980, a time when the government practiced state policies changing from import substitution to trade liberalization. In the 1990, the model of import substitution was exhausted with the increasing deregulation of international markets, which led to a restructuring of the Brazilian economy. The country reached the new millennium with a social government type, very active in international politics, which could modify and improve social policies of the previous government. Now this new stable position, gives rise to a country with a strong international agenda, which leads him to become an internationally recognized figure.
Keywords: International influence. Brazilian´s growth over the past four decade
Introdução.
O Brasil é considerado, na atualidade, o país mais influente da América do Sul, um dos gigantes econômicos e uma das maiores democracias do mundo. Nos últimos 40 anos, o país tem evoluído para uma posição de respeito internacional, visto que sua estabilidade social, econômica e política passou a ser reconhecida e respeitada pelos outros países. Juntamente com a Rússia, Índia, China e África do Sul, compõe o BRICS², representando uma potência econômica em ascensão.
É importante destacar que as mudanças ocorridas dentro do país são decorrentes de anos de experiências mal sucedidas e de vários tipos de tentativas para desenvolver a economia nacional. Observa-se que a economia brasileira teve um comportamento bastante irregular desde os anos 1990, com períodos de elevada inflação, que afetaram o crescimento do PIB de forma negativa, mais especificamente nos anos 1990 e 1992, para logo alcançar o ápice do crescimento dessa década, no ano de 1994, com 5,33%. É importante destacar que, com a implantação do Plano Real, conseguiu-se a estabilização da moeda e, a partir de 2000, observou-se um crescimento, oscilando entre 1,31% no ano 2001 e 6,9% no ano 2007. 
Na década de 1990, no que se refere ao comércio exterior, a taxa cambial tornou os produtos brasileiros pouco competitivos no mercado externo, fazendo com que o crescimento das importações superasse o das exportações. Tomando principalmente o período decorrente entre os anos de 1992 e 1997, é possível constatar que as importações cresceram 63,45 % e as exportações 34,18 %. Já no período de 1998 a 2010, as exportações de produtos primários cresceram, tirando lugar dos produtos manufaturados, passando de 25,4% a 44,6% no total das exportações. Faz-se importante destacar que a importação de bens de capital de uso passou de 29% no ano de 1998 a 22,5% no ano de 2010. Foi a partir de 2001, momento em que o país passou a registrar saldos positivos na balança comercial, que as exportações superam as importações, crescimento que continuou ao longo dessa década.� No ano de 2010, as exportações de produtos primários representavam 45% das exportações totais, sendo que, dessa porcentagem, 65% tinha a China como destino.
 	A questão política, por sua vez, atravessou diferentes etapas ao longo dos anos 1980. Os governos praticaram políticas de estado que abrangiam desde a substituição de importações até a abertura comercial. Nos anos 1990, o modelo de substituição de importações se esgotou, concomitantemente ao crescente desregulamento dos mercados internacionais, levando a uma reestruturação de economia brasileira. Assim, por meio de baixas das tarifas de importação e da eliminação de barreiras não comercias, deu-se início ao processo de abertura comercial.�
Depois de um período conturbado, o Brasil tem conseguido avançar no seu estágio de desenvolvimento e, como exemplo, pode-se citar o Programa Bolsa Família, um dos mais importantes programas de ajuda do governo das últimas décadas. No ano de 2011, o programa atingiu com seus recursos o número de 12.436.167 famílias que se encontravam em condições de extrema pobreza. Considerando-se, segundo a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que cada família tem uma média de 4,4 pessoas, o programa atingiu 28,56% da população brasileira.� A partir dos números alcançados pelo programa, o Banco Mundial o reconheceu, em janeiro do ano 2014, como um programa de inclusão social efetivo e, também, como um exemplo a ser seguido por outros países. Vale ressaltar, neste sentido, que, desde o ano de 2004 até 2014, o governo conseguiu tirar da pobreza um total 36 milhões de pessoas�.
A partir do exposto, este artigo tem por objetivo estudar a estratégia política, comercial e econômica do Brasil nas três últimas décadas e identificar quais foram as ferramentas utilizadas pelo governo que levaram o país à posição de economia emergente, reconhecida globalmente pelos seus pares. A fim de dar conta desta temática e atingir os objetivos de pesquisa, além da introdução já apresentada, este artigo será composto de mais três seções. Na primeira, será discutida a transformação industrial do Brasil e o endividamento internacional; a segunda seção abordará o processo que levou à redemocratização do país; em quanto a terceira tem por temas a transformação social, a estabilidade econômica e a conquista internacional dos últimos 20 anos. Por fim, serão apresentadas as conclusões.
 
A Transformação Industrial do Brasil e o Endividamento Internacional.
A fim de discutir a mudança pela qual o Brasil vem passando nos últimos anos, nesta seção serão analisadas as questões políticas, econômicas e sociais que constituem a história recente do país, mais especificamente a partir de meados da década de 1970. O período compreendido entre 1974 e 1984 abrange uma série de eventos e mudanças marcantes para a história política e econômica do Brasil. Neste período, ocorreram as principais pressões e mudanças políticas no sentido da redemocratização. Ernesto Geisel e o General Ernesto Figueiredo, dois mandatários presidências, governaram neste período.
Ernesto Geisel (1974-1979) representava uma das linhas mais progressistas dentro das forças armadas. Ele foi presidente da Petrobras e, também, chefe da Casa Militar durante o Governo Castelo Branco. Seu principal projeto consistia no encaminhamento do processo de abertura política e tinha fundamento nos ideais doGeneral Golbery, segundo o qual a história política brasileira caracterizava-se por uma alternância de ciclos de centralização e descentralização. Na concepção do General Golbery, o atual ciclo centralizador estava chegando ao seu fim, e era necessário se antecipar a este final, preparando uma transição controlada, antes que o descontentamento social aflorasse. Assim, o término do ciclo militar deveria ocorrer antes que este sofresse um desgaste irreparável e desgastasse a imagem das forças armadas.�
O Brasil se encontrava numa situação de profunda dificuldade econômica, decorrente da crise do petróleo. O preço do petróleo havia aumentado ao final de 1973, afetando o país de forma negativa em suas contas externas e em seu projeto de desenvolvimento. O modelo de desenvolvimento do governo desse período era baseado na importação de energia a baixo custo, junto à importação de investimentos estrangeiros e à utilização de tecnologia, também importada. Durante a crise do petróleo, os países industrializados não tinham condições de atrair investimentos externos, o que afetou o Brasil diretamente. Com a nova situação internacional, as inversões externas baixaram, juntamente com a queda da colocação de produtos brasileiros nos mercados externos, reduzindo as bases do plano de crescimento do governo. Toda essa situação levou o país a uma séria crise, que trouxe como consequência a deterioração da credibilidade do regime militar, o qual legitimava sua existência com base no sucesso econômico do Brasil. Uma vez que tal sucesso não era mais evidente, foi necessário tomar medidas políticas que ajudassem a acalmar os movimentos populares de oposição ao regime. �
Durante seu governo, o presidente Geisel tratou de dar continuidade ao programa de desenvolvimento econômico dos governos anteriores e, ao mesmo tempo, implantou um processo de abertura política�. Logo após o começo do seu governo, ocorreu a primeira crise do petróleo, que elevou o seu preço de U$S 2 para U$S 12. Ainda assim, o governo de Geisel continuou incentivando o crescimento do país, sem diminuir o volume de investimento e de gastos públicos, processo conhecido como “Crescimento Forçado”. Conseguiram-se, pois, grandes avanços para a economia brasileira, porém, com consequências negativas nas contas públicas e com o aumento da dívida externa. 
Um dos instrumentos mais importantes desse governo foi o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND, cuja ênfase estava no investimento da indústria base e na busca da autonomia na produção de insumos industriais. Este plano tinha por objetivo a substituição das importações, com o intuito de tornar o país autossuficiente em insumos básicos e em energia. A área energética foi a que recebeu a maior atenção, com estímulos à prospecção do petróleo, ao Programa Nuclear, ao Proálcool e à construção de hidroelétricas, entre elas a Itaipu e a Tucuruí. Houve neste projeto, também, apoio ao setor siderúrgico, com incentivo à expansão e aos bens capitais. O Proálcool foi instrumentado como forma alternativa ao petróleo. 
Neste sentido, Visentini (2013) aponta que “O estado consolidou-se como o maior agente produtivo e possibilitou a reação econômica que o governo estava desencadeando” � e Barros de Castro (1985 citado por Leite Junior, 2009) analisa que “[..]Geisel, ao promover sistematicamente e obsessivamente as indústrias pesadas, conseguiu que o Brasil completasse a fase difícil da industrialização, em que as escalas de produção são enormes, e a densidade tecnológica é elevada” �. No final do período de governo de Geisel, o PIB industrial cresceu 45,5% e o PIB do setor agropecuário cresceu 26,46%. A taxa de investimento do governo para o período 1974-1979 foi de 22,4%, comparada com a taxa de investimento do período 1947 a 1974 que havia sido de 16,14%; 22,4% do PIB foram investidos no setor industrial, garantindo o crescimento esperado. O crescimento do país oscilou entre 5% a 10% anual neste período, em que se criaram 5 milhões de novos empregos e houve um aumento das exportações no montante de 5 milhões.� 
As dificuldades dos países em desenvolvimento foram aliviadas pela entrada dos “petrodólares” no mercado financeiro internacional. A partir de 1974, as receitas dos países exportadores da OPEP começaram a migrar para os países industrializados na procura de retorno financeiro. Com o forte ingresso do capital nestes países industrializados, a procura de maiores retornos acabou fluindo para países com alto risco, nos quais o retorno financeiro seria maior. O capital que fluía dos mercados desenvolvidos para mercados emergentes culminou com o financiamento dos déficits em conta corrente do Brasil, assim como em outros países. Os empréstimos (petrodólares de baixos juros) geraram um endividamento que, com o aumento dos juros nos anos 1980, deixou o país numa situação difícil. Por outro lado, a crise Iraniana, a deposição do Xá Reza Pahlevi - aliado do ocidente - e a ascensão ao poder de Aiotolá Khomeini, inimigo declarado dos Estados Unidos, provocaram o aumento do preço do petróleo em março de 1979, quando a Opep aumentou novamente o preço do barril de USD 13,60 para USD 30,03 no mercado internacional.
O “Pragmatismo Responsável e Ecumênico” foi o tipo de política externa praticada pelo governo de Geisel e levada à frente pelo Chanceler Antônio Azevedo de Silveira. Procurou-se uma aproximação com os países árabes e, assim, adotou-se uma política de cooperação com potências regionais, tais como a Argélia, a Líbia, o Iraque e a Arábia Saudita. Também se restabeleceram relações com a República Popular da China Socialista no ano 1974 e se incrementou o comércio entre ambas. Perante o relacionamento insatisfatório com os Estados Unidos, o governo de Geisel procurou melhorar o relacionamento com a Europa Ocidental e o Japão. Com relação à América Latina, abandonou-se o discurso de grande potência e se tentou estreitar o relacionamento com a Argentina. Esta política não se limitou à busca por relações alternativas aos Estados Unidos e à Europa, estendendo-se ao avanço em relações com a África subsaariana e com o mundo socialista. O termo pragmatismo surgiu no discurso do presidente Geisel no dia 19 de março de 1974, em sua primeira reunião ministerial em Brasília. �
Visando frear os efeitos inflacionários do segundo choque do petróleo, os países industrializados aumentaram as suas taxas básicas de juros. A combinação do aumento de juros e do aumento do petróleo atingiu duramente os países em desenvolvimento, especialmente aqueles que, como o Brasil, que já estavam endividados. Como resultado, os países industrializados como EEUU racionaram o crédito para países altamente endividados, dos quais a maior parte era da América Latina. �
Nessa conjuntura internacional, no dia 15 de março de 1979 o Gal. João Oliveira de Figueiredo, quinto e último governante do regime militar, assumiu a presidência do Brasil. Seu governo, além de ter a tarefa de continuar o processo democrático iniciado, concluir o processo de redemocratização e encerrar o ciclo militar foi marcado pela crise econômica e pela abertura política. É importante destacar que, no dia 28 de agosto de 1979, Figueiredo assinou a Lei 6683 de Anistia, com a qual voltaram ao país os principais líderes políticos da oposição ao regimento militar, iniciando, assim, um processo de reorganização partidária e política. 
Foi nesse cenário histórico que a nova crise internacional atingiu a economia brasileira. O consumo de petróleo tinha aumentado com o forte desenvolvimento industrial das últimas décadas e o petróleo produzido no Brasil não conseguiu acompanhar o crescimento industrial do país, provocando um aumento do volume de produto importado. Assim, os gastos com o consumo do petróleo aumentaram cinco vezem entre 1974 e 1981. �
Os acordos do Brasil com o FMI levaram o país a fazer um esforço para aumentar as exportações com a finalidade do pagamento de dívidas externa. Porém, a situação econômica mundial dificultava a colocação das exportações, obrigandoao governo a subsidiá-las. Esta situação teve dois efeitos, a saber: a deterioração mais rápida da economia interna, que pagava os subsídios; e a acomodação do empresariado, que negligenciou as inovações tecnológicas e organizativas. Assim, os custos de produção se incrementavam em relação aos países competidores, resultando na perda de competitividade dos produtos brasileiros ao longo dos anos de 1980 e na defasagem, cada vez maior, em relação aos produtos estrangeiros.�
A política externa do governo de Figueiredo foi dirigida pelo Chanceler Ramiro Saraiva Guerreiro e chamou-se de Universalismo. Esta política tentou manter a autonomia do Brasil num cenário desfavorável. A diplomacia brasileira passou a atuar em fóruns internacionais, em convergência com o Movimento Não Alinhado de Países, porém não o integrando, só denunciando as estruturas econômicas desfavoráveis. 
O Brasil se manteve ativo em países árabes através da venda de armas, intensificou sua cooperação com a China e participou do Grupo Apoio a Contadora na mediação do conflito centro-americano no caribe, convergindo com as diplomacias mexicana, venezuelana e argentina. Foi na América do Sul que o Brasil valorizou, cada vez mais, o seu espaço, incrementando uma cooperação político-econômica na procura de um estreitamento de laços com a Argentina. Pela primeira vez a América Latina foi uma prioridade real da política externa brasileira�. 
No período acima descrito, o aumento do petróleo, somado ao aumento de juros, levou a economia brasileira a uma situação de insolvência nas contas externas, com altos déficits no seu balanço de pagamento, de baixo volume de reservas em moeda estrangeira e a um aumento assustador da dívida externa. No período de 1979 a 1983, o déficit em balança de pagamentos chegou a USD 10 bilhões e as reservas em moeda estrangeira recuaram USD 12 bilhões. O aumento da dívida externa passou de U$S 52 bilhões a U$S 94 milhões, contabilizando um crescimento de 81%. Para enfrentar tal situação, o governo teve que tentar frear o crescimento da economia. Entre os anos de 1980 a 1983, o país passou por uma situação recessiva jamais vista antes. Se nos anos de 1979 a 1980 o crescimento oscilava entre 6,8% e 9,2%, nos anos de 1981, 1982 e 1983 o resultado foi, respectivamente, de -4,3%, 0,8% e -2,9%. No ano 1984, por sua vez, o PIB cresceu 5,5%. 
No que se refere ao crescimento econômico durante o governo de Figueiredo, o PIB foi de 2,21%, enquanto os números referentes a inflação superaram os três dígitos durante os anos 1981, 1982, e 1983, com 100,5%, 101% e 131,5%, respectivamente. No ano de 1984 a inflação anual alcançou impactantes 201,7%. �
Observa-se que, terminado este período, o regime militar conseguiu transformar as estruturas produtivas e financeiras do país. Com um forte investimento em infraestrutura, conseguiu implantar um parque industrial diversificado e desenvolveu um promissor mercado de capitais, porém, deixou um impasse que levou muito tempo para ser solucionado. O descontrole inflacionário e a elevada dívida externa compuseram um quadro de dificuldades que os próximos governos, a partir do ano 1985 e anos 1990, tiveram por objetivo nas suas agendas. Toda esta situação interna do Brasil levou a uma grande insatisfação com o governo de Figueiredo, especialmente contra o regime militar. Assim, em maio de 1983, começou a ganhar corpo o maior movimento de massa da história do Brasil, o movimento das “Diretas Já”, que tinha como proposta eleições diretas para presidente em 1984.
A Redemocratização do País.
Tancredo Neves foi eleito Presidente da República, de forma direta, em 15 de janeiro de 1985, tendo como vice José Sarney (1985-1989). O Presidente apresentou como plataforma política a implantação de uma Nova República. Este projeto consistia numa reforma que consolidasse a democracia e corrigisse certas distorções econômicas. Para tanto, pretendia-se realizar uma reforma agrária, renegociar a dívida externa em termos mais favoráveis para o Brasil e retomar o crescimento econômico para, posteriormente, melhorar a distribuição da renda no país.
Jose Sarney, líder parlamentar durante o regime militar, passou a governar o país no lugar de Tancredo Neves, que adoeceu antes de sua posse como presidente, falecendo em 21 de abril de 1985. Sarney enfrentou desde o primeiro dia de governo uma situação econômica crítica, com inflação galopante e dificuldades de negociação da dívida externa. No ano de 1986, a inflação atingiu o índice de 15% ao mês. Com esta grave situação em pauta, um plano econômico foi lançado: o Plano Cruzado, que misturou técnicas heterodoxas de congelamento de preços e salários e troca de moeda em um primeiro momento, ao eliminar a inflação, conseguiu-se reativar a economia interna, porém, a falta de preparo para uma explosão de demanda acabou levando o plano Cruzado ao fracasso. A oferta não conseguiu acompanhar a demanda de produtos e a dificuldade de produzir, de ampliar a produção em curto prazo e a baixa disponibilidade para ampliar a importação como consequência da política de substituição de importações desestabilizaram o fornecimento de alimentos e de bens básicos no mercado interno. Em novembro de 1986, o plano Cruzado foi reformulado, dando origem ao plano Cruzado II, que, assim como o plano original, este fracassou em pouco tempo, repercutindo em perda de apoio popular por parte do governo�.
Nesse período, o Ministro da Fazenda, Dílson Funaro, foi substituído por Luís Carlos Bresser Pereira e um novo Plano foi aplicado, denominado de Plano Bresser. Tal plano continha medidas ortodoxas, dentre as quais o aumento de juros, o reajuste de tarifas e a redução de gastos públicos, agregadas a outras medidas, heterodoxas, tais como o congelamento dos salários e dos preços. O Plano Bresser, assim como o Plano Cruzado, teve vida curta, visto que houve nova troca do ministro da Fazenda, tomando posse Maílson de Nóbrega, que levou em frente o Plano Verão, o qual permaneceu até o fim do governo de Sarney.
A política externa modificou-se substancialmente com relação à anterior, aplicada no governo de Figueiredo, e o novo ministro, Octavio Olavo Setúbal, iniciou uma aproximação com os Estados Unidos. Setúbal entendia que o Brasil era um país do ocidente e, como tal, deveria aproveitar ao máximo suas oportunidades individuais em cooperação com Estados Unidos para, assim, chegar aos países do Primeiro Mundo. Esta mudança significou um afastamento dos países do Terceiro Mundo e suas reivindicações. O Itamaraty resistiu a essa nova orientação por parte do governo e, no início do ano 1986, o chanceler foi deposto, assumindo um novo chanceler, André Sodré�. 
Sodré entendia que as relações com América Latina eram uma alternativa estratégica e, primordialmente, o estreitamento das relações com Argentina, que estava sofrendo a mesma situação econômica que o Brasil. A atuação do Brasil no plano internacional tinha estado reduzida após o abandono do diálogo Norte-Sul na reunião do G7, em Cancun. O apoio por parte do Brasil ao Grupo de Contadora tinha aproximado sistematicamente Argentina e Brasil. 
Na política, um importante ato aconteceu em 5 de outubro de 1988: a sétima Constituição Brasileira foi promulga. No dia 15 de novembro de 1989 o novo Presidente foi escolhido por eleição direta da população e o governo de Sarney chegou ao fim com um crescimento do PIB acumulado nos 5 anos de governo de 23,66, ou seja, uma média de 4,34% ao ano e uma inflação anual média de 507%. � 
Em 17 de dezembro de 1989, Fernando Collor de Melo foi eleito presidente da República, com um 53% dos votos, tendo disputado segundo turno eleitoral contra Lula, que obteve 47%. No dia 15 de março de 1990, Collor tomou posse do seu cargo, assumindo o país com uma inflação fora do controle. Rapidamente, ele editou uma série de medidas, entre as quais se encontravam a eliminação dos vários ministérios - os quais foram reduzidos de 23 para 12 -, a extinção de fundações e empresas públicas e a colocação de milhares de funcionáriospúblicos à disposição. Além disso, vários ativos do Brasil foram colocados à venda.
No que se refere às relações com os Estados Unidos, diante da pressão por uma liberação da economia interna, o governo brasileiro respondeu com uma abertura unilateral através de redução tarifária, passando de uma média de 36,5% no ano de 1989 a 13,2% no ano de 1993. Tais números representavam a retomada das relações com os Estados Unidos e a aceitação das medidas do FMI. A receita do Congresso de Washington era aceita e levada à frente pelo governo de Collor.�
Durante os anos 1990, o governo Brasileiro atuava no Gatt/OMC com uma postura que oscilava entre apoio aos Estados Unidos ou à Europa - conforme fosse o tópico -, uma postura considerada moderada, evitando um discurso característico terceiro-mundista. O Brasil afastou-se da sua posição anterior de diplomacia multilateral, voltou a alinhar-se com os Estados Unidos e desenvolveu uma política mais centrada nas Américas. A constituição do Mercosul que, ordinariamente, foi um eixo construído entre Brasília e Buenos Aires com um objetivo desenvolvimentista e autonomista, estava agora com um corte mais neoliberal. O Brasil reduziu sua presença na África, na Ásia e no antigo bloco soviético, estreitando suas relações também com a Argentina e passando a importar maior quantidade de petróleo deste país e a abandonando as compras do Médio Oriente �. O Oriente Médio, por sua vez, sofreu uma forte expansão dos Estados Unidos com a Guerra do Golfo, ocupando, assim, um espaço deixado pelo Brasil.
O “Plano Collor” mudou a moeda, liberou o câmbio, congelou os preços e salários e segurou todos os depósitos e aplicações financeiras que fossem maiores a Cr$ 5.000 (equivalentes a USD 1.000 no câmbio do dia). O bloqueio de recursos resultou numa falta de liquidez no país e reduziu a inflação, mas causou uma enorme retração na atividade econômica. Após um período de estabilidade inflacionária, houve novo registro de alta, o que motivou o lançamento do Plano Collor II, em fevereiro de 1992. Sem resultados positivos, a situação do Brasil culminou na saída do presidente Collor por meio de um processo de impeachment, aprovado pela Câmara Federal em outubro de 1992. Assim, o governo passou a ser comandado por Itamar Franco, até então, vice-presidente do país.
Itamar recompôs o apoio ao governo no Congresso Nacional e montou um ministério que contemplou grande parte do espectro político nacional. Em maio de 1993, Fernando Henrique Cardoso foi nomeado Ministro da Fazenda, marcando uma nova era econômica do país. Com o apoio de economistas, foi elaborado um novo plano de combate à inflação, o Plano Real. O plano Real foi constituído de três etapas: na primeira foi criado um fundo Social de Emergência, que desvinculava 20% das receitas da União, permitindo, assim, ao governo contar com recursos; a segunda etapa consistia na criação de uma Unidade de Referência de Valores – URV, usada para indexar preços e salários, com a intenção de induzir todo o mercado a usar uma única referência, em contraposição aos índices existentes anteriormente; depois de tudo, em uma terceira etapa, o mercado de preços foi indexado a essa única referência, substituindo por uma nova moeda, chamada Real.�
O Plano Real teve êxito, e a queda da inflação levou a população a consumir mais, diferentemente do que ocorreu no Plano Cruzado. Nesta oportunidade, conseguiu-se suprir o mercado com importações e a abertura comercial promovida pelo governo permitiu aos produtos importados a concorrência com produtos nacionais, evitando, assim, o desabastecimento. Os serviços aumentaram, mas não foi o suficiente para gerar uma desestabilização do Plano Real. Nos primeiros seis meses de vigência do Plano Real no governo de Itamar a inflação foi de 18,6% ou a média de 2,88%. Este resultado serviu para impulsionar a Fernando Henrique Cardoso como próximo Presidente da República.
O governo implantou o Programa Nacional de Desestatização e, entre os anos 1990 a 1994, foram desestatizadas 33 empresas, entres empresas siderúrgicas, petroquímicas, fertilizantes e outras. Foram arrecadados, assim, US$ 8,6 bilhões de dólares americanos e transferidos U$S 3,3 bilhões em dívidas. A alíquota média de importação passou de 35% a 13% no final de 1994. �Assim, os anos 1990 caracterizam-se pela venda de empresas públicas Brasileiras, por um saldo de balança comercial negativo, pela necessidade de poupança externa para investimentos, pela criação do Mercosul, entre outros.
O Governo Fernando Henrique Cardoso teve início no dia 1 de Janeiro de 1995, e terminou no dia 1 de janeiro de 2003, quando assumiu Luiz Inácio Lula da Silva, o qual foi presidente por dois mandatos consecutivos (de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002). Suas principais marcas foram a consolidação do Plano Real, a introdução do programa de transferência de renda Bolsa Escola, além de profundas reformas econômicas. Na área econômica e financeira, entre suas obras mais importantes está a reforma da Previdência, a partir da qual se proibiu a indexação nos contratos públicos trabalhistas, colocando fim ao monopólio estatal nas áreas de energia, siderúrgica e telecomunicações. Nesse período foram executados a maior parte do Plano Nacional de Desestatização e o Programa de Estímulo e Reestruturação ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PORER). Na área Administrativa, o presidente Lula elaborou, junto ao Ministro da Administração Bresser Pereira, o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado e, ainda que o plano não tenha sido instaurado por resistência de parte dos servidores públicos, a sua essência foi absorvida. 
A quebra do monopólio no setor da energia abriu um mercado para os investimentos na prospecção do Petróleo e isto permitiu que o Brasil alcançasse a autossuficiência em produção de petróleo uma década mais tarde.� Com o fim do descontrole inflacionário, os bancos ficaram sem grandes partes das suas receitas e, com a implantação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER), conseguiu-se a estabilização do sistema financeiro. Tal programa consistia em intervir e liquidar bancos com problemas financeiros, separar a parte insolvente da saudável e, depois, com a instituição saudável, levá-la a leilão. O custo foi do 2,5% do PIB e o programa foi de vital importância para evitar a desestabilização do sector financeiro nacional.
Dentro do plano de Desestatização, foram vendidos vários ativos da União e outras participações do governo. No total, foram arrecadados U$S 78 bilhões com as vendas e transferidos U$S 15 bilhões das dívidas das empresas. Diferente do ocorrido com o governo anterior, 95% das vendas foram efetuadas em moeda corrente e apenas 5% em moedas de privatização, como títulos, obrigações e certificados. 53% da receita vieram de investidores estrangeiros, aumentando substancialmente o volume de investimento estrangeiro direto no país.
Na indústria petroquímica foram privatizadas várias empresas, como a Copene, Salgema, Nitrocarbono, Polipropileno e Polibrasil, na área mineral, no ano 1997, a Companhia Vale do Rio Doce foi vendida, e na área financeira o Banco Meridional, o Banespa, o BEG, o Credireal e outros foram leiloados. Com relação à área do transporte, a rede Ferroviária Federal foi desmembrada em sete partes e vendida separadamente. Ao encontro das ações de venda, foi elaborada a nova Lei de Portos, que permitiu a desestatização, desregulamentação e modernização do transporte marítimo no país. Na telecomunicação foram privatizadas empresas de telefonia fixa e móvel, abrindo-se espaço para empresas iguais que fariam concorrência com as empresas telefônicas privatizadas. Para regularizar a fiscalização das diversas empresas privatizadas, foram criadas as Agências Reguladoras, como ANEEL, ANATEL, ANP e ANA.�
Durante o primeiro governo de FHC, o conceito de empresa nacional passou por significativas mudanças. Assim, passou a ter esse caráter qualquer empresa radicada no país, independentementeda composição do seu capital e, com isso, impulsionou-se o investimento estrangeiro direto, visto que, anteriormente a constituição diferenciava a empresa nacional da empresa estrangeira radicada no Brasil. 
Nesse cenário, o controle da inflação virou estratégia de governo. Logo, uma vez controlada a inflação com o aumento do poder de consumo, as importações começaram a aumentar. A Balança comercial tornou-se negativa, fato que, somado aos resultados de Balança de Serviços e Rendas, tornou necessário o ingresso de moeda estrangeira, o qual, em um primeiro momento, havia sido suprido pelas privatizações. Quando as privatizações minguaram, a situação das contas externas complicou-se, fato que, somando às sucessivas crises de México (1995), sudeste asiático (1997) e Rússia (1998), levou os países do primeiro mundo a retirar seus investimentos de mercado emergentes, migrando para mercados mais seguros. Esta situação encaminhou o governo ao aumento da taxa de juros, a fim de segurar os capitais no país e, assim, equilibrar a balança de pagamentos.� O aumento das taxas de juros, porém, levou ao aumento da dívida e, no ano 1998, o país recorreu ao Fundo Monetário Internacional e ao governo dos EEUU, solicitando um empréstimo de U$S 40 bilhões.�
Segundo Visentini (2013), no plano internacional, Fernando Henrique Cardoso praticou a diplomacia presidencial. Para isto, retirou funções do Itamaraty, permitindo apenas as funções técnicas e burocráticas. Também transferiu algumas atribuições econômicas do Ministério de Relações Exteriores para o Ministério de Economia, o que o possibilitou controlar pessoalmente a dimensão política do órgão e anular alguns focos de resistência do projeto nacional-desenvolvimentista que existiam no Itamaraty.� As suas principais linhas de ação foram a integração regional com foco no Mercosul, o estimulo às relações bilaterais com parceiros, a insistência no ideal de multilateralismo - em particular com a OMC - e a concentração de esforços para elevar a condição de potência internacional do Brasil, tornando-se um membro do conselho permanente da ONU a partir de referência nos argumentos de tamanho territorial, população, contribuinte da ONU. Visentini (2013) ressalta, ainda, que durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, procurava-se convergir com o cosenso de Washington. .�
No ano de 1994, o MERCOSUL adquiriu personalidade jurídica institucional como união aduaneira, integrando o Brasil, Argentina, Uruguay e Paraguay. Mais tarde, no ano 1996, foram agregados como associados a Bolivia e o Chile. A formação do MERCOSUL foi de vital importância para o estreitamento das relações entre a Argentina e o Brasil, pois era um projeto político e estratégico que buscava eliminar a possibilidade de conflito entre ambos os países. Como resultado, o comércio intrazona do Mercosul cresceu fortemente entre os anos 1991-1997, em um ritmo de 26,2% ao ano, enquanto o comércio extrazona avançou em 7,4% mensal para o mesmo período.� 
Não foi só esse aspecto econômico-comercial importante, já que, no ano de 1994, avançou-se no aspecto político-estratégico com o Protocolo de Ushuaia, a partir do qual se criou a cláusula democrática. Esta cláusula garantiu a consolidação dos regimes democráticos na região, e, de fato, foi decisiva nas recentes crises paraguaias. �
Em suma, durante o primeiro governo de FHC, a inflação acumulada foi de 43,46%, equivalente a uma média anual de 9,44%, sendo a menor inflação desde 1957. O crescimento acumulado foi de 10,66%, contabilizando-se 2,6% ao ano.� FHC foi escolhido novamente presidente em outubro do ano de 1998, prévio uma emenda constitucional que permitiu a sua reeleição. 
No dia 1º de Janeiro de 1999, Fernando Henrique Cardoso começou seu segundo mandato, tomando como sua primeira ação a liberação do câmbio. Assim, o dólar, que estava preso a um sistema de banda cambial, passou a flutuar livremente. O dólar americano passou de R$ 1,21 ao registro de R$ 2,16 no final de fevereiro, um aumento de 78%%.� O efeito não foi tão devastador como se previa, pois a economia estagnada e os altos índices de emprego não permitiram um aumento de preços desenfreado. Logo, o ano de 1999 terminou com uma inflação acumulada do 8,9% e o câmbio liberado permitiu corrigir os desequilíbrios das contas externas.
No que se refere à inflação, o governo implantou o Sistema de Metas de Inflação, que consistiu na fixação, pelo Conselho Monetário Nacional, de uma meta e de um intervalo de variação para a inflação acumulada ao longo do ano. Junto com isso, o Banco Central passou a acompanhar a variação mensal da inflação e a manipular os instrumentos de política monetária, para, assim, assegurar a inflação dentro do intervalo da meta. 
A Lei de Responsabilidade fiscal foi aprovada pelo Congresso, com o fim da fixação de limites nos gastos com pessoal e controle do volume de endividamento. Foram criados, também, mecanismos de responsabilização penal para quem infringisse a lei. Isso pode ser considerado um marco na história da administração pública brasileira. Os governos costumavam empenhar receitas futuras e assumir dívidas elevadas para realizar obras marcantes e deixavam dívidas importantes para seus sucessores. Assim, a população ficava à margem do conceito de um governo realizador, que era sucedido por um governo inútil, quando, na verdade, era um governo que herdava a situação econômica péssima do outro que não lhe permitia gerar obra alguma.�
Na área social, foi implantada uma rede de proteção social para a população de baixa renda, chamada Bolsa-Escola - a qual teve sua origem na Prefeitura de Campinas. Este programa combinava transferência de renda para famílias carentes como incentivo à frequência escolar. Junto a ele, outros programas como o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação também foram implementados.
Na esfera internacional, a situação econômica continuava difícil para países em desenvolvimento. A crise asiática de 1997 e a crise russa de 1998 criaram uma nova situação nas finanças mundiais, que teve como consequência o ataque especulativo que gerou enorme fuga de capitais do Brasil. No total, a fuga de divisas registrada foi de, aproximadamente, 50% durante sua segunda campanha eleitoral.� O principal parceiro comercial do Brasil no Mercosul, a Argentina, estava no meio de uma crise econômica, a qual reduziu seu PIB em 20% entre os anos 1999 a 2002. Como consequência, as exportações de produtos manufaturados brasileiros para este país se viram afetadas. No ano 2001, os atentados ao Word Trade Center e Washington, nos EUA, afetaram em cheio a aviação civil mundial.
O segundo governo de FHC teve início sob a crise e a necessidade de mudança, já que o cenário mundial sob o qual ele tinha planejado sua inserção internacional estava mudando. Segundo Visentini (2013), o governo mudou seu discurso para uma adesão submissa à globalização neoliberal para uma crítica à globalização assimétrica. �A segunda metade da presidência de FHC foi marcada, pois, por um forte esforço em reafirmar a integração regional e um enfrentamento ao ALCA. Por sua parte, a Argentina, que entre os anos 2001-2002 lançou fortes ataques ao MERCOSUL, enfrentou a crise do modelo econômico ditado pelo FMI. Ainda assim, o segundo governo de FHC alcançou um crescimento de 8,63% para o período e de 2,09% anual. A inflação acumulada foi de 39,88%, com uma média anual de 8,75%.�
A transformação social do Brasil, estabilidade econômica e a conquista internacional.
O século XXI começou com a conquista de poder por Luís Inácio Lula da Silva, que, desde o ano 1989 disputava a presidência da República Federativa do Brasil e, em 2003, finalmente assumiu o cargo almejado. Segundo Giambiagi, a sua posse teve dois significados importantes para o Brasil: primeiro, no termo político-ideológico, significou a ascensão da esquerda ao poder, representada por Lula e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que, desde sua origem, tinha uma mensagem de transformação; o segundo termo está relacionado ao fato deo governo de Lula ter sido um teste para a economia brasileira, pois a estabilidade alcançada com o Plano Real estava vinculada ao governo de FHC e à sua equipe econômica, instigando uma grande incógnita aos analistas internacionais, que questionavam se o novo governo manteria os compromissos assumidos pelo governo anterior. �
O PT teve origem como uma força política que buscava a transformação do país. Durante o governo de FHC, o partido se posicionou contrariamente às políticas de governo que vinham sendo aplicadas. Já no ano 2002, próximo à posse do governo pelo seu principal candidato, a situação era outra, visto que o partido abandonou as ideais originais que o levaram ao poder. Um exemplo foi a defesa da moratória da dívida externa do Brasil, pois até o ano de 2001 foram várias as declarações contra o pagamento da dívida e sobre o custo social que isto acarretava. � 
Antes das eleições do ano 2001, o PT fez a primeira comunicação oficial através de um documento chamado “Um outro Brasil é possível”. Neste documento apresentou um plano econômico no qual constava a proposta de negociação da dívida externa e uma limitação aos recursos obtidos para o pagamento da dívida pública, mudando, assim, o discurso original do partido. Este novo documento posteriormente foi revisto e renomeado de “A ruptura necessária”, sendo aprovado pelo partido no final de 2001. Mais tarde, foi complementado com o programa “Fome Zero”, o qual propunha aumentar a ajuda assistencial e previdenciária. Ao longo do ano de 2002, os comunicados continuaram sempre com uma entonação de acerto e compromisso com as dívidas interna e externa, evidenciando a transformação do partido. Entre esses comunicados estão a “Carta ao Povo Brasileiro”, que destacava o compromisso com o superávit do governo para honrar as dívidas, e também a “Nota sobre o Acordo com o FMI”, na qual o partido prometeu respeitar o acordo assinado durante o governo de FHC�.
Antes de assumir o cargo, o então futuro presidente Lula, seguindo a linha das últimas manifestações feitas, afirmou que não iria realizar mudanças que pusessem em risco a estabilidade econômica do Brasil. Como resultado às suas manifestações, não colocou em prática a maioria das propostas elaboradas nas origens do partido. Ao contrário disto, deu prosseguimento ao programa econômico do governo de Fernando Henrique Cardoso. A mudança de rumo foi de vital importância para o país e à comunidade internacional, que, ao final de 2003, devolveu a credibilidade ao país.
O governo de Luís Inácio da Silva foi eleito Presidente do Brasil caracterizou-se pelo investimento social e desenvolvimento econômico. Manteve-se a política econômica do governo anterior, baseada no câmbio flutuante e em uma política monetária austera, visando ao controle da inflação. Ao mesmo tempo, no âmbito social, a unificação dos programas redistributivos, sob o nome de Bolsa Família, mostrou um resultado positivo na economia do país, evidenciando-se um forte aumento do poder de compra das classes sociais mais baixas. Por conseguinte, atingiu-se uma significativa redução da desigualdade social, bem como uma melhora substancial em outros índices, tais como os de escolaridade e de mortalidade infantil�. Na área social, o governo de Lula unificou os programas de ajuda já existentes em um único programa, denominado Bolsa-Família. Este programa foi ampliado e no final do seu governo beneficiou 10 milhões de famílias, ajudando substancialmente a aumentar o nível de consumo no mercado interno do país. 
Entre suas primeiras decisões de governo, o presidente deu plena liberdade para a equipe econômica aumentar as taxas de juros e elevar a meta de superávit do Governo Federal. O seu projeto de reforma para a previdência social enviado ao congresso superava, em profundidade, o do governo antecessor. Assim, aos poucos, a comunidade internacional foi ganhando confiança no novo governante. Contudo, em nível nacional, o partido que o levou ao poder fazia fortes críticas ao seu governo. No âmbito externo, o risco país e o dólar começavam a cair e a confiança do presidente em nível internacional aumentou.�
Várias medidas de âmbito nacional foram levadas a diante para ajudar na luta contra a inflação, entre elas, as operações de crédito em folha de pagamento, o fim do PIS/PASEP e da COFINS, alíquotas decrescentes de impostos de renda, incentivo ao microcrédito, nova lei de falência, etc. Destaca-se, assim, que, diferentemente do governo FHC - caracterizado por medidas macroeconômicas -, o governo Lula investiu em ações em nível microeconômico43. 
Em nível internacional, o primeiro governo de Lula encontrou uma conjuntura favorável. O alto crescimento das economias emergentes gerou uma ampla demanda por alimentos e commodities minerais. A estratégia de governo foi diversificar os parceiros internacionais, através de uma forte política de comércio internacional. Desta forma, durante os quatro primeiros anos de governo, verifica-se um crescimento das exportações na ordem dos 128%�. Segundo Visentini (2013), a nova estratégia internacional do governo Lula estava baseada em três dimensões: a diplomacia econômica, a diplomacia política e a social. � A primeira dimensão era do tipo realista, a segunda de resistência e de afirmação e a última, propositiva. Tratava-se de um projeto amadurecido durante uma década.
Visentini (2013) explica que a diplomacia econômica procurou um bom relacionamento com o primeiro mundo, obtendo recursos e negociando a dívida externa, deixando clara a intenção do governo de cumprir seus compromissos internacionais. Isto ajudou, como explicado anteriormente, a imagem do Brasil e devolveu a confiança aos investidores internacionais. No campo da diplomacia política, houve espaço para a reafirmação dos interesses nacionais, com um tipo de diplomacia ativa e afirmativa. O Itamaraty foi reforçado durante o governo de Lula com a contratação de diplomatas e, também, com a abertura de numerosas embaixadas na África e na Ásia. Assim, foi devolvida a posição estratégica de formulação da política exterior do Brasil. 
No plano internacional, o Brasil exerce hoje uma posição de liderança no grupo de países emergentes frente aos mais ricos. Uma das prioridades do governo foi a integração na América do Sul, através do projeto de expansão do Mercosul, a criação da União Sul-Americana de Nações e a abertura de novas rotas comerciais com países com os quais o Brasil pouco se relacionava, em especial os países árabes e africanos. Logo, a partir do ano de 2004, o governo do presidente Lula procurou, através da diplomacia brasileira, parcerias estratégicas com as potências emergentes (BRICS, IBAS) �. Os BRICS significaram para o Brasil a consolidação de uma estratégia que, mesmo antes da formação do grupo, já estava implícita em seus objetivos de política externa. Esta estratégia tinha por objetivo contribuir para um sistema internacional multipolar, governado por organizações multilaterais, priorizando o desenvolvimento econômico e social�.
No que se refere ao comércio exterior, nos primeiros quatro anos de governo houve um crescimento de 128% no volume de exportações, que passaram de U$S 60,3 bilhões em 2002 para U$S 137,8 bilhões em 2006. O saldo da Balança Comercial passou de U$S 13,10 bilhões para U$S 46,4 bilhões, totalizando um crescimento de 254%�.
A queda do valor do dólar permitiu o acúmulo de reservas e, com isso, foi possível reduzir o volume da dívida externa, possibilitando liquidar os compromissos com o FMI. A queda da inflação reduziu a taxa básica de juros, aumentando assim o volume de crédito na economia. Esta nova estabilidade econômica permitiu o crescimento dos empregos formais no país, diminuindo o desemprego e ajudando o sistema previdenciário. Durante este primeiro período do governo Lula, houve um crescimento do PIB, totalizando 14,45% acumulado para os quatros anos, resultando uma média anual de 3,45%. A inflação acumulada para o mesmo período foi de 28,20%, e a média anual de 6,41%�.
Com base no primeirogoverno, o presidente Luis Inácio da Silva foi reeleito para um próximo mandato (2007-2010). Entre seus principais objetivos para este novo governo estava retomar o processo de crescimento do PIB. Assim, foi lançado o PAC, um plano de investimentos para o período 2007-2010. Este plano teve como objetivo, investir na infraestrutura urbana, energética e logística. Todo este projeto foi coordenado pela Secretaria da Casa Civil da Presidência da República, a qual estava sob o comando da ministra Dilma Rousseff.�
Neste novo período de administração, a economia evidenciou um ritmo de crescimento mais intenso, em razão do crescimento das exportações e de um aumento do consumo interno, decorrente do crescimento do salário mínimo real, e, também, do aumento de crédito e de programas de distribuição de renda. As operações de crédito no Brasil passaram de 26,3% do PIB em abril de 2005, para 45,6%, em abril de 2011, chegando, ao final de 2011, a 48% do PIB �. Durante este período, houve um aumento do fluxo de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, chegando a U$S 40 bilhões e caracterizando-se como o maior valor investido numa economia latino-americana. A fusão entre a Bolsa de Mercadorias e Futuros e a Bovespa criou uma Bolsa de Valores com um patrimônio e valor de mercado situado entre as maiores do mundo, transformando-se no principal centro de valores mobiliários da América Latina. 
Neste segundo período do governo Lula, a maior atenção foi para o projeto de desenvolvimento do país no plano social. Já no campo da ciência e tecnologia, as áreas em destaque foram a aeroespacial, nuclear, defesa, informática e biotecnologia, embora não se possa desconsiderar a importância da inclusão social. Tal panorama levou à resolução de questões sociais, tecnológicas, científicas, ambientais e democráticas, que não dependiam somente do âmbito interno, mas também do externo, denotando a necessidade de uma política exterior que desse conta de tal desafio, conforme destaca Visentini (2013)�.
Nas relações internacionais o Brasil teve protagonismo no segundo período de governo, com destaque à sua atuação no G20 - especialmente em temas financeiros - e à sua ação como mediador na crise dos países de Oriente Médio. Além disso, auxiliou na contenção da crise econômica internacional que assolou o planeta, sem, no entanto, perder o foco no fortalecimento regional com o Mercosul e com a Unasul, e procurando mercados internacionais para novas parcerias. A participação do presidente na Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre mudança climática, comprometendo-se a reduzir a produção de gases nocivos e desafiando aos países industrializados a fazer o mesmo, resultou num grande impacto internacional�.
Neste segundo mandato a crise financeira internacional trouxe grande preocupação aos agentes econômicos do Brasil, bem como ocorreu com relação à queda da Bolsa de Valores de São Paulo e com as restrições ao crédito, que ameaçaram o crescimento econômico de 2009 a 2010. No ano de 2009, registrou-se um PIB negativo de -0,3% pela primeira vez no governo Lula, e, posteriormente, esse valor chegou a 7,5%. Outro fator importante a considerar foi a retração mundial do comércio internacional em -11,4%, no ano de 2009�. No segundo período de governo foi registrado um aumento de 25,7% no volume de exportações, que passou de U$S 160,8 bilhões em 2007, para U$S 201,9 bilhões em 2010. O saldo da Balança Comercial, que era de U$S 40,0 bilhões em 2007, caiu para U$S 20,1 bilhões em 2010, totalizando um decréscimo de 50,2%. É importante ressaltar que as importações de produtos para o mesmo período passaram de 126,6 bilhões para 191,5 bilhões, significando um crescimento de 51,25%�. O valore da inflação, por sua vez, foi, em média, de 5,1% para o período 2007-2010�.
A evolução da Balança Comercial durante o governo Lula impressionou mais pelos números positivos ao longo do seu período de governo do que pela sua própria constituição. A balança comercial do Brasil está cada vez mais dependente das exportações em commodities, especialmente para o mercado chinês, que já é o maior parceiro do Brasil. Assim, os valores encontrados são o reflexo de uma economia global que valoriza as commodities. Já os manufaturados, que no ano 1970 representavam 15% das exportações, passaram, no ano 1985, a 55%, mantendo-se assim até o ano 2002. No período até 2010, entretanto, houve um decréscimo a 39% no total das exportações. Com este cenário foi que o presidente Luís Inácio da Silva encerrou o segundo período de governo, com uma ampla aceitação, o que permitiu a indicação de sua sucessora, a então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
No dia 31 de outubro de 2010 a Presidente Dilma Rousseff foi eleita. O foco do seu governo foi o fortalecimento da economia brasileira frente à crise econômica financeira internacional, que teve início no governo do Lula. Sua vitória significou a continuação das políticas econômicas do governo anterior, o que foi evidenciado diante da manutenção do ministro Guido Mantega no Ministério da Fazenda e da continuidade do tripé macroeconômico. A situação era complexa, por que a economia do Brasil apresentou uma perda do dinamismo industrial no ano 2011, o que levou o governo a tomar medidas de incentivo ao consumo ao final do ano. Estas medidas consideravam a redução do IPI na chamada linha branca, redução de tributos do Programa Minha Casa, Minha vida, e a retirada do IOF de 2% sobre depósitos estrangeiros na Bolsa de Valores, como forma de incentivo econômico�.
Note-se que, entre os produtos mais importantes na pauta de exportação do Brasil no ano 2011, encontram-se o minério de ferro, o petróleo, a soja, a celulose, o açúcar e o café. Ao longo dos últimos anos, estes produtos têm crescido mais rapidamente que os demais. O complexo soja, por exemplo, que representava 57% das exportações totais em 2005, passou a representar 68% em 2011. No mesmo período, o farelo de soja aumentou 65% dentro do total exportado�. Observa-se que o crescimento não está sendo no produto processado, pelo contrário, os processados estão diminuindo. A exportação de petróleo bruto passou de 46% a 69% das exportações no período de 2005 a 2011, enquanto os derivados do petróleo passaram de 54% a 31% no mesmo período. O mesmo aconteceu com o minério de ferro, a celulose e os processados, que diminuíram, enquanto os produtos brutos têm crescido. 
No ano de 2011, as exportações do Brasil alcançaram USD 256 bilhões, sendo 57,8 % correspondentes à indústria de transformação. No ano de 1993 esta indústria atingia o valor de 83,6% e, em 2004, atingia 78,4%�. Em 2011, no governo de Dilma, o PIB alcançou um crescimento de 2,7% e, em 2012, de 0,9%. A exportação de produtos no ano 2011 foi de USD 256,00 bilhões e no ano 2012 de USD 242,6 bilhões, experimentando uma retração de 5,23%. A importação de produtos passou de USD 226,2 bilhões no ano de 2011 a USD 223,2 bilhões no ano 2012, decrescendo 1,32%, enquanto o saldo comercial passou de USD 29,8 bilhões a USD 19,4 bilhões para o período 2011-2012, acumulando, assim, um decréscimo de 34,9% para o período. O crescimento mundial de comércio foi na ordem dos 6% anual para o período 2011-2012.�
Analisando a política exterior brasileira do governo Dilma, segundo Visentini (2013), em geral, deu-se continuidade ao governo anterior, do Presidente Lula, salvo algumas especificações, como a ênfase na agenda dos direitos humanos e uma reaproximação dos Estados Unidos. A política de estreitamento de relações com os países vizinhos foi mantida pela Presidente Dilma, mostra disso foram as suas primeiras viagens internacionais com destino aos países membros do Mercosul. Ainda que o governo de Dilma Rousseff não mostre dados tão positivos como os governos anteriores de FHC e Lula até o momento, é de levar em consideração que seu mandato começou durante uma dura crise global. A manutenção das políticas econômicas dos governos anteriores ajudou a manter a credibilidade do país no exterior.
Conclusões.Nos últimos 40 anos o Brasil atravessou diferentes estágios econômicos e políticos que o conduziram a uma posição de reconhecimento internacional no cenário atual. Nos anos 70, o país foi comandado por governos militares, que trouxeram consigo um forte plano de industrialização, levando o Brasil a um profundo endividamento econômico. A volta à democracia, nos anos 1980, e as crises internacionais do petróleo, junto com o endividamento da década passada, levaram o país a uma instabilidade econômica insuportável. Subsequentemente, nos anos 1990, o foco dos governos foi a procura pela estabilização, pela qual atuaram segundo a receita do Congresso de Washington, procurando a liberalização econômica, sem perder a consciência de ser latino americano (MERCOSUL) como plataforma de lançamento internacional. O novo milênio trouxe consigo um governo de esquerda, que manteve a política econômica da década anterior, com o intuito de manter a confiança internacional, conseguindo prosseguir com a estabilidade econômica e o crescimento. Esta nova situação gerou um espaço para a reafirmação de políticas sociais, já consideradas anteriormente, as quais pretenderam apanhar os efeitos da globalização econômica, na qual o país foi imerso. Estas políticas sociais se transformariam na bandeira do país, fazendo disto um diferencial a nível global.
Sob ponto de vista econômico a taxa de crescimento do PIB foi na média de 8,8% para a década de 70, passando a 3,0% nos anos 80, na época de crise profunda, e durante os anos 90 foi de 1,7%, chegando a valores de 3,3% na primeira década do novo milênio�. Tais valores, a nível internacional, não são tão expressivos se comparados com taxas como a da China ou de outro país emergente. Além disso, é preciso considerar que, ao longo de todo o processo, as crises internacionais têm sido constantes e frequentes.
Na política internacional, o país tem tratado de não depender dos países do primeiro mundo, principalmente dos EEUU, focando sua política internacional principalmente na procura da diversificação de vínculos econômico-comerciais. Assim, é possível ver sua estratégia balançando para um bloco ou outro, conforme as necessidades do momento, com o intuito de alcançar uma posição de relevância internacional, por meio de acordos regionais (MERCOSUL e outros), área na qual sua influência é maior, e, também, participando de Fóruns Internacionais que agrupam países emergentes.
No comércio internacional, o país tem incrementado suas operações nos últimos 40 anos, alcançando, em 2012, valores de importação de 223,2 bilhões de dólares e de exportação de 242,6 bilhões de dólares, chegando a um saldo positivo na sua Balança Comercial de 19,40 bilhões de dólares�. O ponto mais questionável é a variação na qualidade das suas exportações, a qual hoje é, em sua maior parte, de produtos primários, tais como: minério de ferro, petróleo, farelo de soja, celulose, açúcar e café, abandonando a pauta de exportar os produtos com alto valor agregado. Ante qualquer variação de preços destas commodities, o país se veria seriamente afetado. Da mesma forma, se os países em desenvolvimento, como, por exemplo, a China, principal parceira do Brasil, reduzissem seu consumo, as consequências seriam negativas para a economia do país.
A principal consequência da estabilidade alcançada no processo dos últimos 40 anos está na possibilidade de poder enxergar o processo de globalização como algo do qual não foi possível escapar, mas o qual foi possível ajudar no que tange às consequências sociais. O surgimento do programa de ajuda social no governo de FHC foi reconhecido e melhorado no governo de Lula, gerando com isto um aquecimento do mercado interno, que ajudou a anular as crises externas frequentes e, por sua vez, ajudou ao país como cartão de apresentação internacional.
REFERÊNCIAS
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� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.91
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.76
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.96
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.97
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.78
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.79
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.81
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, AlcidesDomingues Leite Júnior Pag.83
� Nota: A dívida pública era indexada à taxa de juros
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.84
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.104
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.104
� Informe MERCOSUL numero 5 : 1998-1999 (Subregional Integration Report Series) � HYPERLINK "http://books.google.com.br/books?id=vUIRRYdQtKMC&pg=PA11&lpg=PA11&dq=crescimento+intrazona+mercosul+1991-1997&source=bl&ots=xArHfKPZNx&sig=fIRUB7uF4XARcphFyYZ2yVz5H9E&hl=pt-BR&sa=X&ei=V9DLU6acIObgsATe64GICg&ved=0CBwQ6AEwAA" \l "v=onepage&q=crescimento%20intrazona%20mercosul%201991-1997&f=false" �http://books.google.com.br/books?id=vUIRRYdQtKMC&pg=PA11&lpg=PA11&dq=crescimento+intrazona+mercosul+1991-1997&source=bl&ots=xArHfKPZNx&sig=fIRUB7uF4XARcphFyYZ2yVz5H9E&hl=pt-BR&sa=X&ei=V9DLU6acIObgsATe64GICg&ved=0CBwQ6AEwAA#v=onepage&q=crescimento%20intrazona%20mercosul%201991-1997&f=false�
� A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag. 105
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.84
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.85
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.86
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.107
� “A Projeção Internacional do Brasil”, Paulo Fagundes Visentini Pag.108
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.87
� “Economia Brasileira Contemporânea” – 1945-2010 – Fabio Giambiagi, André Vilela, Lavínia Barros de Castros e Jeniffer Hermann. pag. 197-198
� “Economia Brasileira Contemporânea” –1945-2010 – Fabio Giambiagi, André Vilela, Lavínia Barros de Castros e Jeniffer Hermann.- pag. 200.
� “Economia Brasileira Contemporânea” –1945-2010 – Fabio Giambiagi, André Vilela, Lavínia Barros de Castros e Jeniffer Hermann. - pag. 203
� “Economia Brasileira”, Jose Marcio Regos, Rosa Maria Marques pag.228-230
� “Brasil -A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.88
� Brasil - “A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.90
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.112
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.135
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.135-136
� “Brasil - “A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.90
� “Brasil - “A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag. 94
� “Brasil –“A trajetória de um país forte”, Alcides Domingues Leite Júnior Pag.94
� “Economia Brasileira”, Jose Marcio Rego, Rosa Maria Marques (ORGS.) Pag. 233
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.119
� “A Projeção Internacional do Brasil” – Paulo Fagundes Visentini Pag.120
� Tabela: Evolução do Comercio Exterior Brasileiro: 1950-2012” – SECEX/MDIC e RFB/MF
� Tabela: Evolução do Comercio Exterior Brasileiro: 1950-2012” – SECEX/MDIC e RFB/MF
� “Economia Brasileira Contemporânea” – Fabio Giambiagi pag.218
� “Economia Brasileira”, Jose Marcio Rego, Rosa Maria Marques (ORGS.) Pag.233
� “Economia Brasileira”, Jose Marcio Rego, Rosa Maria Marques (ORGS.) Pag.236
� “Economia Brasileira”, Jose Marcio Rego, Rosa Maria Marques (ORGS.) Pag.237
� Tabela: Evolução do Comercio Exterior Brasileiro: 1950-2012” – SECEX/MDIC e RFB/MF
� Tabela: Evolução do Comercio Exterior Brasileiro: 1950-2012” – SECEX/MDIC e RFB/MF
� Tabela: Evolução do Comercio Exterior Brasileiro: 1950-2012” – SECEX/MDIC e RFB/MF
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