Buscar

aula 1 Psicologia da pessoa com necessidades especiais

Prévia do material em texto

Psicologia da pessoa com necessidades especiais
Aula 1: A pessoa com deficiência
Nesta aula, você conhecerá o surgimento do tema deficiência, a história da excepcionalidade, os aspectos biológicos e sociais e seus alicerces teóricos. Trataremos do discurso em uma concepção pré-científica até a busca da contextualização científica do tema.
Aula 1 - A Pessoa com Deficiência
Discriminação
Ao longo do tempo, na história da humanidade, o ser humano sempre sofreu pelas diferenças que trazia.
A discriminação fazia com que homens e mulheres, crianças e idosos sofressem a rejeição dos puros, nobres e ricos burgueses – uma elite considerada “escolhida por Deus”. Essa discriminação atingia também os deficientes, independente de sua classe social.
Século XIX: Não tenho como te encaixar no meu quadro de funcionários, você não conseguiria fazer o serviço e ainda atrapalharia a produção pois os operários teriam que te ajudar em diversas tarefas cotidianas.
Não há espaço para você aqui!
Os portadores de deficiência, impossibilitados de trabalhar, causavam ônus e prejuízos aos seus acompanhantes, visto que não faziam parte da produção e sustento do grupo.
O discurso pré-científico, ou seja, que antecedeu a investigação científica, não tratava as pessoas com deficiência como se deveria. Pelo contrário, bania-as da sociedade e as tratava como animais.
Século XX: É, realmente ficaria complicado o trabalho para você aqui por conta da sua deficiência, mas pude notar pela sua prova e pela sua entrevista que você é muito bom em matemática.
O que acha de trabalhar no escritório e me ajudar com a parte financeira da fábrica?
No passado, não se buscavam tentativas de inclusão ou mesmo de um despertar das capacidades sufocadas nos deficientes.
Atualmente já se pode notar uma mudança nesse quadro, até mesmo legislativa, com a lei 8.213 que exige que as empresas mantenham um número x de funcionários deficientes trabalhando.
LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991, lei de contratação de Deficientes nas Empresas.  Lei 8213/91, lei cotas para Deficientes e Pessoas com Deficiência dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências a contratação de portadores de necessidades especiais.
Art. 93 - a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção:
- até 200 funcionários.................. 2%
- de 201 a 500 funcionários........... 3%
- de 501 a 1000 funcionários......... 4%
- de 1001 em diante funcionários... 5%
Exclusão social
Na busca de uma “normalidade”, na tentativa de explicar as diferenças, surgem os feiticeiros chamados de xamãs. Estes eram curiosos e religiosos que a todo custo queriam extirpar o demônio, o mal daquele que deveria ser igual a todos.
Consideradas hereges, endemoniadas, as pessoas deficientes eram mortas ou abandonadas. Por se acreditar que elas possuíam demônios, eram muitas vezes assassinadas.
O abandono do idoso e do recém-nascido deficiente estava ligado às questões de sobrevivência dos que eram considerados sãos. A influência de questões míticas e religiosas possibilitou uma visão sobre a pessoa com deficiência como um alguém que deveria ser deixado à sua própria sorte.
A busca da humanidade pela cientificidade fez emergir uma série de tentativas, em busca de uma melhor qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais. Ao mesmo tempo, trouxe conceitos de padrões de normalidade, que por muitas vezes, no lugar de possibilitar a integração deste na sociedade, funcionou como uma grande máquina de exclusão social.
Grécia Antiga
Na Grécia antiga, as pessoas que estavam fora do padrão de beleza eram em geral direcionadas para a guerra.
Percebemos o quão grande era o padrão de normalidade da época: corpos belos, esculturais, direcionados para as competições de força e beleza. 
É só nos recordarmos das Olimpíadas, onde o culto ao corpo era valorizado, assim como a força e o poder.
Tal contextualização não difere muito dos acontecimentos atuais, do culto ao corpo, à beleza e à forma física. Cabe lembrar que as Olimpíadas são até hoje um evento mundialmente famoso e disputado.
Idade Média
Na Idade Média, podemos constatar que os deficientes eram os eleitos por Deus, os escolhidos, os pecadores e os endemoniados. Assim, aqueles considerados sãos extirpavam os demônios de seus corpos, surgindo assim uma cultura mística, onde o oculto e o desconhecido eram tratados de forma mágica, com fórmulas não convencionais.
Tortura, fogueira, tudo era possível e utilizado para afastar o mal, que dominava e conduzia a comportamentos aversivos.
Na Idade Média, podemos constatar que os deficientes eram os eleitos por Deus, os escolhidos, os pecadores e os endemoniados.
Expostas a um mundo cruel, eram realizadas as trepanações, que consistiam em furar o crânio do “paciente”, para que fosse liberado todo o mal.
Segundo Telford e Sawrey (1988), “é de supor que o homem pré-histórico tivesse uma concepção demonológica da natureza”.
Percebe-se que os anos em que transcorreu a Idade Média foram anos perdidos no contexto científico.
Renascimento
Durante o Renascimento, há uma mudança na estrutura de tratamento. Podemos dizer que este é um início do conhecimento científico.
Na época, surgem as primeiras explicações médico-científicas. Porém, estas ainda estavam muito distantes de um processo humanizado.
Há um processo de isolamento das pessoas que possuíam doenças mentais.
O hospital de Bicêtre, localizado nos subúrbios de Paris, que servia de asilo e prisão, entre outras funções, acomodou pessoas famosas, como o Marquês de Sade, com suas ideias que degradavam a sociedade da época.
Você se lembra dos bobos da corte? 
Eles eram anões, corcundas ou deficientes, e entretinham os reis e rainhas, animando-os no palácio real. 
Cabia a estas pessoas diferentes uma única função: usar sua aparência para fazê-los rir.
Século XVI
Da magia à ciência, da ignorância ao conhecimento
Pessoas que nascem com deficiência
Os aspectos biológicos e sociais não eram, até então, investigados. 
Na história da excepcionalidade, tratamos tanto de pessoas que nasciam com deficiência quanto de pessoas que apresentavam juízos de valores diversos do conceito da época.
Deficientes de guerra
Além de todo este contexto histórico, ainda herdamos os deficientes da guerra. 
Assim, biologicamente, falando até nas deficiências adquiridas, o mundo discute até hoje a questão de ser diferente.
Assista ao vídeo indicado na abertura da aula e discuta sobre o que é ser diferente ontem e hoje.
A partir da discussão do tema apresentado e do vídeo proposto, analise a questão da deficiência na Antiguidade.
Discuta sobre a não cientificidade do tema, as dores e os dissabores de ser diferente.
Na Antiguidade, a pessoa que possuía alguma deficiência era impedida de exercer plenamente a vida. 
A deficiência era envolta em movimentos xamanísticos que buscavam extirpar a todo o custo o demônio que havia supostamente invadido o sujeito. 
Quando não conseguiam tal feito, os deficientes eram excluídos e jogados à própria sorte.

Continue navegando