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Disturbios Gastrointestinais

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TRABALHO DE FISIOLOGIA
Acadêmicas: Dafne Dino, Maíra Machado, Nathalia Nadal, Paola Brendler e Rafaela Borba
Profa. Dra. Michelle Mergener
DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS
ACALASIA E MEGAESÔFAGO
Manifestações clínicas
O termo acalasia significa um déficit de relaxamento fisiológico do esfíncter esofagiano inferior (EEI) durante a deglutição.  Caracteriza-se também pela substituição da peristalse normal do corpo esofagiano por contrações anormais (fracas e de pequena amplitude).  
As alterações do EEI e do corpo do esôfago produzem obstrução a passagem do bolo alimentar, originando o principal sintoma da acalasia: a disfagia (dificuldade de deglutição), que ocorre inicialmente para alimentos sólidos e posteriormente para pastosos e líquidos. Além disso, com a obstrução da passagem do bolo alimentar, pode sobrevir vários graus de dilatação do corpo esofágico.
Causas
Na maioria das vezes a causa é idiopática (sem nenhuma causa identificável) mas em áreas endêmicas sempre devemos considerar a possibilidade de Doença de Chagas.
Diagnóstico
Diversos exames contribuem para o diagnóstico da acalasia/megaesôfago, dentre eles destacam-se: exame contrastado do esôfago, manometria esofágica, endoscopia digestiva alta e sorologia para Doença de Chagas.
Tratamento
       O objetivo principal do tratamento para acalasia é reduzir a pressão do EEI.  Isso pode ser feito por medicamentos, dilatação mecânica com balão e cirurgia.  Existem diversas técnicas cirúrgicas para tratamento da acalasia e megaesôfago e dentre elas destaca-se a Cirurgia de Heller Pinotti, onde é feito a secção da musculatura distal do esôfago e do estômago proximal com o intuito de seccionar o esfíncter esofágico inferior.  Para evitar o refluxo, é associado uma válvula parcial confeccionada com o próprio estômago. Essa cirurgia é possível de ser realizada por videolaparoscopia.
GASTRITE
Manifestações clínicas
Gastrite é a inflamação, infecção ou erosão do revestimento do estômago. Ela pode durar por pouco tempo, na chamada gastrite aguda, ou pode durar meses e até mesmo anos (gastrite crônica).
Gastrite às vezes pode passar desapercebida, mas também pode manifestar alguns sinais. Os principais sintomas de gastrite são:
Indigestão
Queimação e azia
Náuseas
Vômitos
Perda de apetite
Dores abdominais.
Em caso de sangramento da parede do estômago:
Fezes escuras
Vômito de sangue ou material semelhante à borra do café.
Causas
A causa mais provável da gastrite é a fraqueza da barreira mucosa que protege a parede estomacal, permitindo que os sucos digestivos produzidos pelo estômago causem danos ao tecido que reveste o órgão.
Essa fraqueza pode ser causada pela bactéria Helicobacter pylori, que vive justamente no revestimento do estômago e que, se não for tratada, pode levar ao surgimento de úlceras e até mesmo ao câncer de estômago. Outras bactérias e vírus também podem causar infecções que levam à gastrite. Especialistas apontam também o refluxo da bile para dentro do estômago como uma causa para a gastrite.
Diagnóstico
O médico precisará avaliar seu histórico familiar e seus sintomas, mas isso não basta para o diagnóstico concreto. Há alguns exames que ele poderá solicitar que ajudam na hora de determinar qual a causa dos sintomas do paciente, são eles:
Exame para detectar a presença da bactéria Helicobacter pylori no estômago é uma das opções mais comuns para o diagnóstico. Ele pode ser feito por exame de sangue ou por meio de um exame conhecido como “exame do hálito”, em que o paciente ingere uma solução líquida, sem gosto, que contém doses de carbono radioativo. Depois, o paciente assopra dentro de um saco. Se o hálito do paciente contiver amostras desse carbono, então o paciente estará diagnosticado com gastrite.
Endoscopia também é uma opção, em que o especialista analisa o estômago por meio de um endoscópio, em busca de sinais de inflamação. Em seguida, ele coletará pequenas amostras e as enviará para testes em laboratório, que determinarão se há presença da bactéria ou não.
O especialista também poderá optar por fazer um raio-X do trato digestório do paciente em busca de anormalidades.
Tratamento
Para tratar a gastrite, o paciente pode usar medicamentos de venda livre ou controlada que diminua a quantidade de ácido no estômago, como:
Antiácidos
Antagonistas H2
Inibidores da bomba de prótons (IBP)
Antibióticos.
Os antiácidos também podem ser usados para tratar a gastrite crônica causada pela infecção pela bactéria Helicobacter pylori.
Algumas medidas podem ajudar na recuperação e facilitar o tratamento:
Comer menos e com menos intervalo entre as refeições pode ajudar no controle da produção de ácidos do estômago. Isso ajuda na digestão e evita desconfortos
Evitar alimentos que possam causar ainda mais irritação ao estômago, especialmente frituras
Evitar bebidas alcóolicas
Evitar estresse.
O tratamento para gastrite geralmente é bem sucedido. Dependendo da causa, a recuperação pode demorar mais do que o previsto. O importante é iniciar logo o tratamento para evitar complicações mais graves.
ÚLCERA PÉPTICA
Manifestações clínicas
A úlcera gástrica, também conhecida como úlcera péptica ou úlcera no estômago, é uma ferida que se forma no tecido que reveste o estômago, causada por diversos fatores, como má alimentação ou infecção pela bactéria H. Pylori, por exemplo.
Ela apresenta como sintoma a dor de estômago, náuseas e vômitos, especialmente após comer, apesar de também poder não apresentar sintomas por muito tempo. Normalmente, a presença de uma úlcera não é uma situação muito grave, devendo ser tratada com medicamentos antiácidos, que evitam que o suco gástrico presente no estômago torne a ferida ainda maior.
Causas
A úlcera gástrica se forma quando o estômago fica vulnerável à sua própria acidez, ao ter suas defesas enfraquecidas. As possíveis causas são:
Fator genético;
Uso de medicamentos que afetam as defesas da parede do estômago, como anti-inflamatórios ou AAS, por exemplo;
Infecção pela bactéria Helicobacter Pylori, que se multiplica no estômago e enfraquece a sua barreira protetora;
Consumo de bebidas alcoólicas, que têm efeito irritativo;
Estresse, situação que afeta as defesas da mucosa do estômago e favorece o surgimento de sintomas.
Além disso, uma alimentação desequilibrada, rica em gordura, açúcares e alimentos irritativos, como cafeína ou pimenta, por exemplo, podem agravar os sintomas e a progressão da úlcera e outras doenças gástricas, como refluxo. 
Diagnóstico
Para diagnosticar a úlcera gástrica, o médico poderá solicitar uma endoscopia digestiva alta, após identificação dos sintomas que indiquem este problema.
Para realização deste exame, o médico irá colocar uma sonda, com uma microcâmera na ponta, dentro da boca do indivíduo até o seu estômago, conseguindo visualizar com clareza as paredes internas do estômago e suas lesões, e podendo realizar biópsias do tecido.
Tratamento
O tratamento para úlcera gástrica é feito com o uso de remédios que diminuem a acidez do estômago, como antiácidos ou inibidores da acidez, mesmo durante a gravidez.
Pode-se recorrer ainda a analgésicos, para controlar as dores, e a calmantes, para que o indivíduo fique mais relaxado, desde que devidamente orientados por um médico. Para eliminar a H.Pylori, quando identificada no exame, recorre-se a antibióticos, como, por exemplo, a Amoxicilina e Claritromicina.
A alimentação deve ser feita com frutas, legumes e verduras cozidos, grãos, laticínios light, pão, e carnes magras, devendo-se evitar alimentos muito quentes, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sanduíches, fast food, frituras e doces em geral. Evite também alimentos que promovem a liberação do ácido gástrico, como café, chá preto, mate, condimentos, molhos picantes e frutas ácidas como caju, laranja, limão e abacaxi.
PANCREATITE
Manifestações Clínicas
Trata-se de inflamação no pâncreas. É uma doença comum no Brasil com cerca de 150 mil casos por ano. A Pancreatite é uma doença associada ou determinadapor problemas congênitos, hereditários e adquiridos, ou por agentes de natureza química, traumática e infecto-parasitária e, embora comporte diversos mecanismos etiopatogênicos, o evento final é a ativação das enzimas pancreáticas no interior das células acinares.
Os pacientes acometidos estão na faixa de 30 aos 60 anos. Na maioria dos casos, o diagnóstico é baseado na presença de dor abdominal e indicadores bioquímicos de lesões pancreáticas, o que é limitante. O sintoma inicial, e predominante, é a dor, embora, eventualmente, possa estar ausente. O aparecimento é repentino, a localização é epigástrica, com irradiação para flancos e dorso. A dor é constante, pode ser intensa e precipitada por ingestão excessiva de álcool ou alimentos. A melhora pode ser obtida com decúbito lateral e a flexão das coxas sobre o abdômen, além da aspiração gástrica e jejum. As náuseas e os vômitos são frequentes e precoces. Os vômitos podem ser de natureza reflexa ou por compressão duodenal pelo pâncreas edemaciado. Às vezes, ocorre parada de eliminação de gases e fezes e, ocasionalmente, dispneia. Também febre, hipotensão arterial, icterícia e massa palpável.
Causas
Dentre as principais causas de PA, estão a passagem de cálculo pelo ducto biliar comum e o excesso de ingestão alcoólica, que, juntos, correspondem a aproximadamente 80% dos casos. Acreditava-se que a ativação enzimática dar-se-ia no interior do ducto pancreático ou nos espaços intercelulares, mas investigações posteriores sugerem que a ativação da tripsina ocorra dentro das células acinares. Em situações normais, as enzimas digestivas e lisossômicas ficam segregadas nos grânulos de zimogênio (precursores inativos de enzimas) e nos lisossomos, respectivamente. Em modelos experimentais, o estágio inicial da pancreatite consiste na mistura das enzimas digestivas e lisossômicas. Especula-se, se a obstrução biliopancreática, os refluxos biliar e duodenal para o ducto pancreático, o álcool, as drogas, os produtos lipídicos e a isquemia podem causar distúrbios na função das células acinares, induzindo, então, a ativação da tripsina intracelular, pela fusão dos lisossomos com os grânulos de zimogênio.
Diagnóstico
O exame direto do pâncreas, que poderia fornecer diagnóstico de certeza, raramente é realizado. Mas os principais exames a serem realizados para diagnosticar a pancreatite são:
Exames de sangue, dois testes de sangue que medem as enzimas são usados para diagnosticar um ataque de pancreatite:	
Amilase sérica: Um aumento de amilase no sangue geralmente indica pancreatite
Lipase sérica: Pancreatite aguda geralmente aumenta o nível de lipase no sangue.
Outras análises de sangue podem ser feitas, tais como:	
Hemograma completo: O número de células brancas do sangue aumenta durante um ataque de pancreatite, por vezes de forma dramática 	
Testes de função hepática: Elevação das enzimas hepáticas, particularmente de alanina aminotransferase e fosfatase alcalina, pode ser um sinal de pancreatite aguda causada por cálculos biliares	
Bilirrubina: O nível de bilirrubina no sangue pode aumentar se o ducto biliar comum é bloqueado.
Exames de imagem:
Tomografia computadorizada com contraste corante
Ultrassonografia abdominal
Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica
Ultrassonografia endoscópica
Ressonância magnética
Colangiopancreatografia por ressonância magnética.
Se o médico não tem certeza se o tecido pancreático está infectado, ele pode usar uma agulha para tirar algum fluido da área inflamada. O fluido é então testado por organismos que podem causar a infecção.
Nos casos de pancreatite crônica grave, uma análise de fezes pode ser feita para observar se há gordura nas fezes, o que é um sinal de que o paciente pode não estar absorvendo nutrientes o suficiente. Isso acontece quando o pâncreas não produz as enzimas necessárias para digerir a gordura.
Tratamento
O tratamento é feito por meio de modificações nos hábitos alimentares e do uso de fluidos. Normalmente, o tratamento requer hospitalização. Depois de estabilizarem o paciente, os médicos tratam a causa subjacente. 
Clínico: Não há tratamento específico para o processo inflamatório, que impeça a progressão da doença. Assim, o tratamento, na fase inicial, é clínico e sintomático. A cirurgia é indicada para resolver algumas condições associadas, com o objetivo de prevenir novos episódios e tratar as complicações locais (necrose infectada, abscessos, fístulas e pseudocistos). 
Cirúrgico: Em geral, a intervenção cirúrgica está indicada para os pacientes que apresentam necrose pancreática infectada e complicações peripancreáticas (abscesso, perfuração ou obstrução de vísceras, hemorragia, pseudocistos, dentre outras), e para tratar a doença biliar, como condição associada. O diagnóstico precoce da necrose infectada importante e pode ser aventado, quando a dor for contínua e progressiva, associada à febre e leucocitose e/ou à falência de órgãos. Remoção cirúrgica da vesícula biliar.
COLELITÍASE 
Manifestações clínicas
É conhecida popularmente como pedra na vesícula. A vesícula é uma pequena saculação (como uma bexiga murcha) que se encontra junto ao fígado e sua função é armazenar bile, um líquido amarelo esverdeado espesso produzido pelo fígado. A bile é composta por três substâncias: o colesterol, os sais biliares e lecitina. Juntos em quantidades proporcionais mantêm a bile em estado líquido.
Os sintomas para colelitíase são uma dor abdominal intensa, geralmente tipo cólica, que pode se localizar no lado direito do abdômen abaixo da costela, boca do estômago, ou ainda nas costas. Pode se localizar em todos os lugares descritos ao mesmo tempo ou separadamente. Dentre as principais complicações estão: 
1 - A cólica biliar que ocorre quando uma das pedras fica presa na saída da vesícula impedindo o fluxo de bile, levando a uma distensão importante da vesícula. Há então um esforço da mesma para expelir a pedra. O resultado é uma dor tipo cólica. 
2 - Se a pedra permanece na saída vesícula por um período prologado ocorre uma segunda complicação chamada colecistite aguda. É uma inflamação aguda da vesícula biliar com dor intensa, constante geralmente acompanhada de febre. A coledocolitíase é o resultado da migração de uma pedra de dentro da vesícula biliar para o canal da bile. Nestes casos, o paciente fica ictérico (pele e olhos ficam amarelados como na hepatite) pois a bile fica impedida de chegar ao intestino, acumulando-se no fígado e sangue. A colangite e a pancreatite são as complicações mais graves secundárias à migração das pedras para o canal da bile.
Causas
Quando o colesterol ou os sais biliares são produzidos em excesso pelo fígado por alguma razão, há precipitação da bile formando pequenos grânulos. Estes grânulos são o início das pedras.
Diagnóstico
Atualmente o exame mais preciso para o diagnóstico de pedras na vesícula é a ultrassonografia (ecografia). Exames radiológicos podem ser realizados. Algumas vezes o paciente descobre que tem pedras na vesícula durante a investigação de outra patologia. No caso da suspeita de que alguma pedra migrou para o canal da bile, esta pode ser diagnosticada e retirada no pré-operatório através de um exame endoscópico conhecido como colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e papilotomia endoscópica, respectivamente.
Tratamento
Pacientes com diagnóstico de pedras na vesícula sem nunca terem apresentados sintomas devem conversar com o seu médico a respeito da indicação de cirurgia. Habitualmente não há indicação cirúrgica nestes casos. Existem dois métodos cirúrgicos para remover a vesícula biliar e as pedras. É necessária a remoção da vesícula pois esta se torna fonte de formação de mais pedras. 
• Colecistectomia convencional, ou aberta. Neste caso a cirurgia é realizada com uma incisão (corte) que pode variar de tamanho conforme o paciente. Desde 12-15 cm até 30 cm (valores aproximados). O paciente permanece internado em média 3 dias e necessitade um tempo de recuperação para voltar a plena atividade física em 30 dias.
 • Colecistectomia videolaparoscópica Atualmente existem dois métodos não cirúrgicos de eliminar as pedras da vesícula: 
• Dissolução oral através de medicações. O uso de medicações para eliminar as pedras é reservado para casos muito especiais em que o paciente não possa ser submetido a cirurgia. O índice de sucesso varia de 40-80% e o tratamento dura de 6 a 12 meses, com altos índices de recorrência.
 • Destruição dos cálculos através da litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque, que consiste na destruição das pedras com ondas sonoras de alta freqüência que direcionadas às pedras leva a quebra das mesmas em fragmentos menores. O índice de complicações utilizando este método é muito grande e a maioria dos serviços que possui o aparelho de litotripsia abandonou o método.
DOENÇA CELÍACA
Manifestações clínicas
A Doença Celíaca (DC) é uma enteropatia crônica do intestino delgado, de caráter autoimune, desencadeada pela exposição ao glúten (principal fração proteica presente no trigo, centeio e cevada) em indivíduos geneticamente predispostos. A falta de informação sobre a doença e dificuldade de acesso aos meios diagnósticos reduzem as possibilidades de tratamento adequado e consequente melhora clínica. Estudos revelam que o problema atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de 6 meses a 5 anos. Também foi observada uma frequência maior entre mulheres, na proporção de duas mulheres para cada homem.
Existem três formas de apresentação clínica da DC que são reconhecidas, que são: clássica ou típica, não clássica ou atípica e assintomática ou silenciosa.
Forma Clássica (típica): caracteriza-se pela presença de diarreia crônica, em geral acompanhada de distensão abdominal e perda de peso. Também pode haver diminuição do tecido celular subcutâneo, atrofia da musculatura glútea, falta de apetite, alteração de humor (irritabilidade ou apatia), vômitos e anemia. Esta forma clínica pode ter evolução grave, conhecida como crise celíaca, ocorrendo quando há retardo no diagnóstico e no tratamento, particularmente entre o primeiro e o segundo anos de vida, e frequentemente desencadeada por infecção. Esta complicação potencialmente fatal se caracteriza pela presença de diarreia com desidratação hipotônica grave, distensão abdominal por hipopotassemia e desnutrição grave, além de outras manifestações como hemorragia e tetania.
Forma não clássica (atípica): caracteriza-se por quadro mono ou oligossintomático, em que as manifestações digestivas estão ausentes ou, quando presentes, ocupam um segundo plano. Os pacientes podem apresentar manifestações isoladas, como, por exemplo, baixa estatura, anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro por via oral, anemia por deficiência de folato e vitamina B12, osteoporose, hipoplasia do esmalte dentário, artralgias ou artrites, constipação intestinal refratária ao tratamento, atraso puberal, irregularidade do ciclo menstrual, esterilidade, abortos de repetição, ataxia, epilepsia (isolada ou associada à calcificação cerebral), neuropatia periférica, miopatia, manifestações psiquiátricas (depressão, autismo, esquizofrenia), úlcera aftosa recorrente, elevação das enzimas hepáticas sem causa aparente, fraqueza, perda de peso sem causa aparente, edema de surgimento abrupto após infecção ou cirurgia e dispepsia não ulcerosa.
Forma assintomática (silenciosa): caracteriza-se por alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com DC, na ausência de manifestações clínicas. Esta situação pode ser comprovada especialmente entre grupos de risco para a DC como, por exemplo, parentes de primeiro grau de pacientes celíacos, e vem sendo reconhecida com maior frequência nas últimas duas décadas, após o desenvolvimento dos marcadores sorológicos para esta doença.
Causas
O glúten ingerido por indivíduos geneticamente predispostos determina uma resposta inflamatória na mucosa do intestino. A transglutaminase tecidual, presente na mucosa intestinal, retira radicais amina das moléculas de glutamina do glúten transformando-os em ácido glutâmico. Este possui afinidade pelas moléculas DQ2 e DQ8, presentes na superfície de células apresentadoras de antígenos. A formação desse complexo induz alterações fenotípicas em várias células envolvidas na resposta imune, responsável pelas alterações intestinais e sistêmicas da doença. No intestino pode ocorrer a atrofia das vilosidades intestinais e, consequentemente, má- absorção de nutrientes.
Diagnóstico
Para o diagnóstico definitivo da DC é imprescindível a realização de endoscopia digestiva alta com biópsia de intestino delgado com vista à realização de exame histopatológico, considerado o padrão-ouro para o diagnóstico. A biópsia deve constar de pelo menos quatro fragmentos, incluindo amostra do bulbo e das porções mais distais do duodeno. Os marcadores sorológicos são úteis para identificar os indivíduos que deverão ser submetidos à biópsia de intestino delgado. Os marcadores sorológicos também são úteis para acompanhamento do paciente celíaco, como, por exemplo, para detectar transgressão à dieta. Os principais testes sorológicos para a detecção da intolerância ao glúten são o anticorpo antigliadina, o anticorpo antiendomísio e o anticorpo antitransglutaminase (TTG).
Tratamento
O único tratamento disponível até o momento para DC é a dieta isenta de glúten. Essa exclusão deverá ser permanente e definitiva. Na maioria dos pacientes, a isenção do glúten é suficiente para melhora dos sintomas e prevenção das complicações da DC. A dieta deverá ser orientada apenas após a definição do diagnóstico, que muitas vezes inclui a realização da biópsia intestinal. Em crianças pequenas com casos graves poderá ser necessária inicialmente uma dieta sem glúten e sem lactose, devida a uma intolerância temporária desse carboidrato até o restabelecimento da mucosa intestinal. Também deverá ser avaliada a reposição de alguns micronutrientes nos pacientes cronicamente sintomáticos. 
O paciente e toda a família deverão ser orientados sobre a dieta, leitura de rótulos dos alimentos e alternativas de substituição dos ingredientes das receitas habitualmente usadas no domicílio. A exclusão da ureia, apesar de não conter glúten, deverá ser orientada pelo risco de contaminação. A consulta com nutricionista é recomendada. O apoio das associações de pacientes celíacos também deverá ser orientado como forma de aprendizado.
ESTEATORRÉIA IDIOPÁTICA
Manifestações clínicas
É a presença excessiva de gordura nas fezes (acima de 6 gramas por dia). Estas apresentam coloração acinzentada ou clara, odor fétido e flutuam na água. Nem sempre dão diarreia, podem ter sinais clínicos como deficiência de vitaminas e minerais.
Diarreia alta
- Grande volume
- Pequeno número de evacuações 
- Dor Peri umbilical
- Fezes com gotículas de gordura
- Ausência de pus ou muco
- Emagrecimento, anemia, deficiência vitamínica 
Diarreia baixa
- Pequeno volume
- Grande número de evacuações 
- Tenesmo
Causas
A digestão da gordura ingerida ocorre no intestino delgado e é realizada por enzimas, como a lipase pancreática, responsável por quebrar as moléculas de gordura em outras menores. Estas, por sua vez, formam micelas por meio da ação de sais biliares e, por conseguinte, são absorvidas pela parede intestinal. Praticamente todas as doenças que levam à má absorção causam esteatorréia, exceto as intolerâncias a carboidratos específicos. Pode ser resultado de problemas como: Mistura prejudicada, deficiência de lipólise, pancreatite crônica, falta de sais biliares, como nos casos de problemas hepáticos, síndrome da alça cega e ressecção ileal. Dano na mucosa, como nos casos de doença celíaca e enterite.
Existem outras causas dessa afecção, como o supercrescimento bacteriano, que leva à diarreia inflamatória e secretora em pacientes que apresentam obstrução intestinal anatômica, como é o caso de indivíduos portadoresda doença de crohn, diverticulose do intestino delgado e distúrbios de motilidade do intestino. Nesses casos, a esteatorréia e causada pela desconjugação dos sais biliares por parte das bactérias, lesão e inflamação da mucosa intestinal, e também hidroxilação dos lipídeos. Determinadas doenças metabólicas como tireotoxicose, insuficiência adrenal, síndrome autoimune poliglandular, desnutrição protéico-calórica e jejum prolongado podem levar à má absorção por meio de distintos mecanismos.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo exame de amostras fecais ao microscópio, após administrada a coloração de Sudan III ou IV, responsável por corar a gordura, indicando, assim, o grau de má absorção.
Existe também o teste quantitativo de gordura fecal, que mede a quantidade de gordura presente em uma amostra de fezes fornecida durante um período de dieta padronizada. Normalmente este exame é feito após a coleta total de fezes por três dias. Estas serão misturadas e homogeneizadas, e seu peso total será mensurado. Uma pequena amostra dessas fezes homogeneizadas será coletada, e sua parcela de gordura será extraída e medida por um método denominada saponificação.
Tratamento
O tratamento indicado para pacientes com esteatorréia é a redução da ingestão de gordura e a realização da terapia com enzimas pancreáticas. Comumente, os pacientes necessitam de 30 mil unidades de lipase, tomada a cada refeição. As preparações de lipase possuem um revestimento entérico ou sua preparação ocorre em microesferas para prevenir a desnaturação dessas enzimas pelo suco gástrico.
ESTEATOSE HEPÁTICA
Manifestações clínicas
A esteatose hepática caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura (lipídios) nas células do fígado denominadas hepatócitos. Essa pode permanecer estável por muitos anos e até regredir, se suas causas forem controladas. Se não o forem, a doença pode evoluir para a Esteatoepatite. Nessa fase a esteatose se associa a inflamação e morte celular, fibrose (cicatrização) e tem maior potencial de progressão, ao longo dos anos, para cirrose e para o carcinoma hepatocelular (CHC) ou câncer de fígado.
Esse acúmulo de gordura pode ser decorrente de alterações do metabolismo ou uma resposta do fígado a uma agressão ao seu funcionamento. Ou seja, ela pode ser um sinal de uma doença própria do fígado (como hepatite C, doença alcoólica, etc) ou seu acúmulo, decorrente de doenças metabólicas (diabetes, obesidade, síndrome metabólica, etc) pode levar o fígado a ficar doente, levando à chamada doença hepática gordurosa não alcoólica – DHGNA
Normalmente durante os primeiros estágios da doença não existe qualquer tipo de sintoma e, por isso, a esteatose é muitas vezes descoberta acidentalmente através de exames para diagnosticar outras doenças.
No entanto, nos estágios mais avançados, podem surgir dor no lado direito superior do abdômen, perda de peso sem explicação, cansaço e mal-estar geral, com enjoos e vômitos, por exemplo. Em casos de cirrose, outros sintomas também podem surgir, como pele e olhos amarelados, coceira no corpo e inchaço na barriga, nas pernas e nos tornozelos.
Causas
As possíveis causas para a Esteatose Hepática podem ser:
Doenças primárias do fígado: várias doenças hepáticas apresentam a esteatose como uma das manifestações da doença. É o caso das hepatites B e C, da deficiência de alfa1 antitripsina, doença de Wilson, doenças colestáticas e, principalmente, da doença hepática alcoólica. Sabe-se que 90% dos indivíduos que fazem uso abusivo de álcool apresentam esteatose no fígado. A evolução desses casos obedece a evolução da própria doença de base.
Causas secundárias: nesses casos existe um fator que está gerando a esteatose e que, se removido, pode reverter o quadro. Isso é o que pode acontecer no hipotireoidismo não controlado, na exposição a agentes químicos (principalmente produtos petroquímicos, pesticidas), cirurgias intestinais e de bypass intestinal para tratamento da obesidade. Mas a causa secundária que mais tem crescido nesses anos é o uso abusivo de medicamentos, especialmente esteróides e anabolizantes, empregados por jovens em academias, além de vários medicamentos como tetraciclinas, cortisona, medicamentos empregados no combate do câncer e no tratamento das arritmias cardíacas entre outros. 
Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica: representa a principal causa de esteatose (70% ou mais dos casos de esteatose) e está diretamente associada à obesidade, dislipidemia (alteração das gorduras do sangue, triglicérides e colesterol) e diabetes mellitus, sendo assim uma doença decorrente de alterações metabólicas. É frequente entre esses pacientes o diagnóstico de síndrome metabólica, presença de 3 ou mais dos seguintes fatores: circunferência de cintura elevada (obesidade visceral), alteração do açúcar em jejum (acima 99mg/dl), HDL colesterol baixo (150mg) e pressão alta. Como citado anteriormente, 20% a 30% deles podem evoluir para a esteatoepatite.
A esteatose pode traduzir doenças hepáticas que estão evoluindo silenciosamente no seu fígado como por exemplo a hepatite C ou a doença hepática alcoólica. Podem traduzir uma exposição a agentes tóxicos ou uma disfunção endócrina, denunciar uma toxicidade medicamentosa, entre outras.
Diagnóstico
No diagnóstico de esteatose hepática, o médico vai primariamente eliminar outras possíveis causas de doença hepática e de esteatose. No seu exame clínico, além do exame geral, importante para afastar causas sistêmicas de esteatose, muita atenção deve ser dada à medida da pressão arterial e da medida da circunferência da cintura (a obesidade visceral, aquele “pneuzinho” incômodo da barriga está frequentemente associado à esteatose) e à palpação do fígado.
Exames de sangue podem ser solicitados com o intuito de dosar as enzimas do fígado (ALT, AST, GGT e fosfatase alcalina). Exames metabólicos como dosagem de glicose, insulina, colesterol e frações, triglicérides, hemoglobina glicosilada, além de outros exames frequentemente alterados como ácido úrico, ferritina, etc. 
O diagnóstico de esteatose já pode ser feito na palpação do fígado pelo médico e confirmado pelo ultrassom de abdômen, exame simples e indolor. As imagens obtidas por um exame de ultrassonografia mostram um fígado mais brilhante e granulado. A palpação pode revelar um fígado já com doença mais avançada, o que também pode ser confirmado pelo próprio ultrassom ou, melhor ainda, por aparelhos que medem o grau de rigidez do fígado por método denominado elastometria (FibroScan ou Axplorer) que, a exemplo do ultrassom, são exames não invasivos. Eventualmente uma biópsia do fígado pode ser solicitada, especialmente em casos que haja dúvida importante sobre a causa do problema.
Tratamento
O tratamento para gordura no fígado é feito principalmente com alterações na dieta, prática regular de exercícios físicos e a eliminação do consumo de álcool. Além disso, também é necessário perder peso e controlar doenças que pioram o problema, como diabetes, hipertensão e colesterol alto, por exemplo. 
Não existem remédios específicos para tratar a esteatose hepática, mas o médico pode recomendar as vacinas contra hepatite B, para prevenir o aparecimento de mais doenças no fígado. 
APENDICITE
Manifestações clínicas
A apendicite aguda é a causa mais comum de dor abdominal aguda que requer intervenção cirúrgica no mundo ocidental.
A apendicite aguda caracteriza-se pela dor, a qual se inicia normalmente como uma cólica leve. Inicialmente, ela surge na região periumbilical, ou epigástrica, e, à medida que a inflamação progride, essa dor fica localizada no quadrante inferior direito, um sintoma característico da apendicite. 
Causas
A apendicite aguda geralmente é desencadeada por uma obstrução da luz (canal ou cavidade) do apêndice. Essa obstrução pode ocorrer pela presença de um fecálito (bolo fecal endurecido no intestino grosso) ou, ainda, por cálculos biliares, corpos estranhos, aumento dos linfonodos, parasitas ou tumores.
Quando o apêndice fica obstruído, háo acúmulo de muco e aumento da pressão dentro desse órgão. Verifica-se, então, o comprometimento da drenagem venosa, o que pode levar à isquemia (redução ou interrupção da irrigação sanguínea). Como consequência, surgem ulcerações, trombose arterial, gangrena e ruptura da parede, eventos que causam a invasão da parede pela flora bacteriana local.
A inflamação progride e estende-se ao peritônio parietal e vísceras adjacentes. Se a obstrução persistir, pode levar à necrose e à perfuração do apêndice. A perfuração é uma condição grave que merece atenção, uma vez que essa complicação faz com que a extensão da infecção aumente e atinja a cavidade peritoneal, o que pode levar à sepse (infecção generalizada).
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é essencial para minimizar a morbidade da doença. O uso dos métodos de imagem significou grande avanço no diagnóstico desta entidade, até então avaliada apenas com base na história clínica, exame físico e dados laboratoriais, haja vista que 20% a 33% dos pacientes apresentam sintomas atípicos. O diagnóstico é mais difícil nas crianças, nos idosos e nas mulheres em idade fértil. Os principais métodos de imagem para sua avaliação são a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada.
Tratamento
Na maioria dos casos de apendicite, é recomendada a retirada imediata do apêndice. Antibióticos também podem ser necessários para reduzir infecções.
MEGACÓLON
Manifestações clínicas
Devido ao comprometimento da capacidade de movimentação intestinal, os sinais e sintomas do megacólon incluem:
Constipação intestinal, ou prisão de ventre, que piora ao longo do tempo, e pode chegar até a total parada de eliminação de fezes e gases;
Necessidade de uso de laxantes ou lavagem intestinal para evacuar;
Inchaço e desconforto abdominal;
Náuseas e vômitos, que podem ser graves e, até, eliminar o conteúdo das fezes.
A intensidade destes sintomas varia de acordo com a gravidade da doença, por isso, os sintomas podem ser notados já nos primeiros dias de vida, como no caso do megacólon congênito, ou podem ser evidenciados após meses ou anos do início do quadro, como no caso do megacólon adquirido, já que a doença progride lentamente.
Causas
O megacólon é a dilatação do intestino grosso, acompanhada de dificuldade para eliminar fezes e gases, causado por lesões nas terminações nervosas do intestino. Ele pode ser consequência de uma doença congênita do bebê, conhecida como doença de Hirschsprung, pode ser adquirida ao longo da vida, chamado de megacólon adquirido, ou então poderá ser uma complicação de uma inflamação intestinal, chamado de megacólon tóxico.
A principal causa e megacólon adquirido é a Doença de Chagas, situação conhecida por megacólon chagásico, que acontece por lesões nas terminações nervosas intestinais provocadas devido à infecção pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido pela picada do inseto barbeiro. 
Outras causas de dilatação e parada do funcionamento intestinal que são adquiridas ao longo da vida, são:
Paralisia cerebral;
Neuropatia diabética;
Lesões da medula espinhal;
Doenças endocrinológicas como hipotireoidismo, feocromocitoma ou porfiria;
Alterações nos eletrólitos do sangue, como deficiências do potássio, sódio e cloro;
Doenças sistêmicas como esclerodermia ou amiloidose;
Cicatrizes intestinais, causadas por radioterapia ou isquemia intestinal;
Uso crônico de remédios constipantes, como anti-colinésgicos e antiespasmódicos, ou laxantes;
O megacólon também pode ser do tipo funcional, em que não se sabe a causa exata, mas que, provavelmente, se origina devido a uma constipação intestinal crônica, grave e que não é corretamente tratada e piora ao longo do tempo.
O megacólon tóxico é uma complicação aguda e grave de algum tipo de inflamação intestinal, principalmente por casos de doença de Chron ou retocolite ulcerativa, embora possa estar associada a qualquer tipo de colite, seja devido a uma torção intestinal, diverticulite, isquemia intestinal ou uma obstrução por câncer do cólon.
Durante um quadro de megacólon tóxico, há uma intensa dilatação do intestino que tem evolução rápida, grave e que causa risco de morte, devido à intensa inflamação que acontece no organismo. Além disso, surgem sinais e sintomas como febre superior a 38,5ºC, frequência cardíaca acima de 120 batimentos por minuto, excesso de glóbulos brancos na circulação sanguínea, anemia, desidratação, confusão mental, alteração dos eletrólitos do sangue e queda da pressão arterial.
Diagnóstico
Diagnóstico do megacólon congênito: o diagnóstico do megacólon congênito é feito pela observação dos sintomas da criança pelo médico, realização do exame físico, além da solicitação de exames como raio-x do abdômen, enema opaco, manometria anorretal e biópsia retal, que permitem confirmar a doença.
Diagnóstico do megacólon adquirido: para diagnosticar o megacólon adquirido, é necessária uma avaliação do gastroenterologista ou coloproctologista, que irá analisar a história clínica e o exame físico, e solicitar exames como raio-x do abdômen, enema opaco e, em casos de dúvidas quanto à causa da doença, a biopsia intestinal, permitindo a confirmação.
Diagnóstico do megacólon tóxico: a confirmação do megacólon tóxico é feita pela avaliação médico através da análise do raio-x de abdômen, que evidencia uma dilatação intestinal maior que 6 cm de largura, exame físico e sinais e sintomas clínicos.
Tratamento
Tratamento para megacólon congênito: inicialmente, pode ser feita uma cirurgia temporária de colostomia para permitir a eliminação das fezes pelo bebê através de uma pequena bolsa que fica colada à barriga. Em seguida, é programada uma cirurgia definitiva, por volta dos 10-11 meses de idade, com retirada da parte intestinal prejudicada e reestruturação do trânsito intestinal.
Tratamento para megacólon adquirido: o tratamento é feito para permitir a eliminação de fezes e gases pelo intestino, podendo, inicialmente, ser feito com a ajuda de laxantes, como Lactulose ou Bisacodil, por exemplo, e lavagens intestinais, entretanto, quando os sintomas são intensos e com pouca melhora, é programada uma cirurgia de retirada da parte afetada do intestino, pelo coloproctologista.
Tratamento para megacólon tóxico: o tratamento é voltado para controle dos sintomas, reposição dos eletrólitos do sangue, uso de antibióticos e outros medicamentos para diminuir a inflamação intestinal, como corticóides e anti-inflamatórios. Entretanto, caso a doença continue piorando, pode ser indicada a cirurgia de retirada total do intestino grosso, como forma de eliminar o foco da inflamação e permitir a recuperação da pessoa afetada.
CONSTIPAÇÃO
Manifestações clínicas
A constipação pode causar sintomas desconfortáveis, incluindo inchaço abdominal, gases, dores abdominais e lombares, e ansiedade ou fadiga.
Constipação é definida como sendo a dificuldade para evacuar, geralmente associada à fezes endurecidas.
Em outras palavras, ela provoca um movimento mais lento do que o normal de resíduos alimentares (fezes) através do trato digestivo
O Instituto Nacional de Diabetes, Doenças Renais e Digestivas, considera que uma pessoa está constipada quando ela produz menos de três evacuações por semana, ou têm movimentos intestinais duros, secos e pequenos que são dolorosos ou difíceis de passar pelo reto.
Causas
Ela é geralmente causada por uma combinação de diferentes fatores, incluindo aqueles relacionados à sua dieta, sedentarismo e aos níveis de estresse.
As causas mais comuns incluem possuir uma dieta pobre em fibras, desidratação e quantidades incomuns de estresse emocional.
Durante a constipação, dentro da área do trato gastrointestinal ocorrem: movimento lento das fezes passando pelo cólon ou a formação insuficiente de fezes, atraso no esvaziamento do cólon, ou uma combinação desses fatores.
As ocorrências digestivas anormais descritas acima são frequentemente atribuídas a distúrbios digestivos funcionais, incluindo a síndrome do intestino irritável, que podem causar constipaçãopersistente juntamente com outros sintomas.
Estão abaixo as principais causas que contribuem para a constipação:
Dieta pobre em nutrientes: dietas ricas em alimentos processados, açúcar, carboidratos refinados, álcool, gorduras insalubres, e aditivos sintéticos podem tornar mais difícil produzir movimentos intestinais normais;
Estresse: Altas quantidades de estresse alteram a produção de hormônios e neurotransmissores, que tem uma influência direta na tensão muscular, inflamação, produção de enzimas e funcionamento digestivo geral;
Sedentarismo: A prática de exercício ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo, fortalece os músculos dentro do trato digestivo e ajuda a controlar o estresse.
Alguns medicamentos: Alguns medicamentos podem causar constipação frequente, incluindo: antidepressivos, antiácidos, cálcio ou suplementos de ferro, anticolinérgicos, anticonvulsivantes, narcóticos e diuréticos.
Desequilíbrio na flora intestinal: Bactérias saudáveis que vivem no trato gastrointestinal, chamados probióticos, ajudam a regular a função intestinal;
Problemas da tiroide ou hormonais: Distúrbios da tireoide, distúrbios alimentares, diabetes e menopausa podem contribuir para a constipação. Outras doenças também podem causar o problema, como Parkinson, lesões medulares ou problemas neurológicos que afetam os nervos no trato gastrointestinal;
Deficiência de magnésio: Magnésio é um eletrólito que ajuda com o funcionamento normal do músculo. A falta de magnésio na sua dieta pode contribuir para a tensão muscular e também piorar os sintomas de estresse emocional;
Falta de sono e viagens: A falta de sono e viagens são outros fatores que afetam o funcionamento do seu intestino.
Diagnóstico
Para diagnosticar constipação, é necessário que o paciente dê atenção para as seguintes situações e, se elas forem afirmativas, têm-se o diagnóstico:
Produzir menos evacuações que o normal. Lembrando que “menos do que o normal” será diferente de pessoa para pessoa. A chave é prestar atenção aos hábitos do paciente;
•	Dificuldade ou dores ao evacuar. Sentir dores no seu abdômen quando vai ao banheiro; 
• Inchaço no abdômen; 
• Gases em excesso.
Tratamento
As formas mais comuns para aliviar a constipação incluem tomar suplementos de fibra, e usar laxantes.
Em alguns casos também são usados medicamentos prescritos, para ajudar a controlar os movimentos intestinais e regular o funcionamento digestivo.
Embora laxantes e comprimidos possam ajudar temporariamente a aliviar a constipação, o uso exagerado pode causar muitos efeitos colaterais.
ENTERITE
Manifestações clínicas
Enterite é a inflamação do intestino delgado como um todo ou em parte dele como no caso do duodeno, íleo e jejuno.
Os sintomas mais comuns de enterites são:
Diarreia;
Dor abdominal;
Náuseas e vômito;
Desidratação.
Algumas pessoas podem evoluir com perda de peso, diarreia com muco e sangue, febre, dermatite perianal, astenia.
Causas
Geralmente, essa inflamação pode acometer órgãos vizinhos como estômago (gastrite) e intestino grosso (colite). Existem vários tipos de enterite. Os mais comuns são:
Por infecção viral ou bacteriana;
Por radiação;
Ingestão de certos medicamentos;
Ingestão excessiva de álcool;
Causadas por doenças inflamatórias ou autoimunes como doença de Crohn ou colite ulcerativa;
Trauma no intestino;
Síndrome da má absorção (alimentos);
Hipertireoidismo;
Intolerância a alguns alimentos.
Diagnóstico
O diagnóstico da enterite é basicamente clínico, através da história e exame físico, além de exames complementares que em uma fase inicial servem principalmente para avaliar complicações (como desidratação). Casos que persistam mais de sete dias ou que apresentem sinais de alarme requerem exames para identificar sua causa.
Exames de sangue podem incluir hemograma, bioquímica, sorologia para agentes infecciosos, dosagem de imunoglobulinas, testes para avaliar o funcionamento da tireoide, a presença de intolerância ou alergia a certos alimentos. Já os exames de fezes são feitos em busca de agentes infecciosos, muco e sangue. Alguns casos necessitam de exames mais complexos como endoscopias digestivas alta e baixa com biópsias, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Tratamento
A base do tratamento da enterite é o suporte com hidratação (terapia de reidratarão oral com a ingestão muitos líquidos com eletrólitos e glicose). Pessoas com vômitos que não cessam devem procurar atendimento médico para hidratação venosa.
A alimentação deve ser mantida, dando preferência a alimentos cozidos, o que facilita a digestão e absorção, bananas e alimentos com poucas fibras. Devemos evitar cafeína, alimentos gordurosos, alimentos muito temperados, leite e seus derivados e álcool.
Em casos selecionados de diarreias infecciosas podemos lançar mão de antibióticos, prebióticos, probióticos, inibidores da secreção de eletrólitos pelo intestino e inibidores da motilidade intestinal.
Demais causas são tratadas individualmente.
DIARRÉIA PSICOGÊNICA
Manifestações clínicas
 A diarréia psicogênica (nervosa, neurótica, funcional, cortico-visceral) é uma aceleração do ato de defecação com liberação de fezes soltas associadas à evacuação acelerada dos conteúdos intestinais. A distribuição diária múltipla da consistência normal das fezes não é considerada diarréia.
Se a constipação em alguns casos é a única manifestação da disfunção psicopatética, a diarréia psicogênica é combinada, como regra geral, com numerosas manifestações gastrointestinais, psicopatéticas e outras. As fezes com diarreia são macias ou líquidas, sua frequência geralmente não é superior a 3-5 vezes por dia, em casos graves - 6-8 vezes ou mais. Muitas vezes, existem imperativos falsos imperativos para defecar. Pacientes também queixam-se sobre a gravidade, rumbling, raspiranie, espasmos e dor nas cãibras no abdômen, uma sensação de inchaço, flatulência. Quando palpação o abdômen está inchado, a parede abdominal é moderadamente dolorosa, o cólon sigmóide é sensível e doloroso. Há astenia, mau humor, medo de comer, que muitas vezes causa diarréia. O alcance da atividade comportamental pode ser estreitamente reduzido, os distúrbios fóbicos aparecem, o medo da diarréia em um local inadequado, etc.
Causas
Estilo de vida do paciente, especialmente hipocinesia, uma série de características da dieta (escória de pobreza alimentar, alimentos altamente digeridos, ingestão de pequenas quantidades de líquido, etc.) também podem ter um papel na patogênese da constipação.
 Um certo papel na patogênese da disfunção intestinal é desempenhado pela insuficiência vegetativa periférica, que é mais frequentemente encontrada em pacientes com diabetes, porfiria e outras doenças. Em situações estressantes, fezes instáveis e diarreia emocional ("doença de urso") é um fato bem conhecido que ocorre em pessoas com labilidade psicopática. O interesse clínico é representado por casos em que fezes frequentes e líquidas que duram muitos meses e anos, não é passível de tratamento por meio de um aparelho digerido por gastroenterologistas.
Diagnóstico
 A patogênese da constipação psicogênica é complexa, ambígua e está associada a várias manifestações de disfunção psico-vegetativo-intestinal. Acredita-se que a constipação é uma doença mental, pode-se dizer, uma doença social, uma conseqüência da civilização. A constipação não ocorre nem nos animais nem nos povos em um estágio inferior de desenvolvimento. Sabe-se que, nos casos de distúrbios depressivos, a constipação é uma das manifestações regulares.
Tratamento
Acompanhamento psiquiátrico.
COLITE ULCERATIVA
Manifestações clínicas
 Afeta geralmente pessoas jovens, manifestando-se por diarreia com sangue vivo nas fezes. Quando acomete apenas o reto é chamada proctite e nesse caso costuma se manifestar por prisão de ventre com sangramento, às vezes confundida com hemorroida pelo paciente. Colite esquerda quando atinge o cólon esquerdo e pancolite ou colite extensa quando chegaou ultrapassa o cólon transverso. Eventualmente poderá comprometer também a parte final do íleo terminal. A inflamação tem características próprias e uma biópsia é obrigatória para diagnóstico diferencial, pela necessidade de se afastar outras entidades que cursam com inflamação intestinal, tais como as colites causadas por bactérias, vírus e parasitas. 
 Os pacientes apresentam diarréia crônica com sangue, sendo comum a anemia, frequentemente sem febre.
A incidência de câncer colorretal é maior na doença extensa ou mais grave, assim como nos casos que possuem parentes com câncer de cólon. A colite ulcerativa também cursa com manifestações em outros órgãos como os olhos, as articulações, a pele, as vias biliares e o fígado. Particularmente importante é a espondilite anquilosante que acarreta rigidez com imobilidade quase total da coluna.
Causas
 Trata-se de doença que acomete o intestino grosso (cólon e reto), também chamada de retocolite ulcerativa. Esta doença se caracteriza por inflamação da camada superficial do intestino chamada de mucosa, não tem causa definida. É associada a vários fatores, tendo por base um componente hereditário e imunológico importante.
Diagnóstico
O diagnóstico se confirma por exclusão de doenças com causas tratáveis. Uma retossigmoidoscopia com biópsia é sempre obrigatória. A colonoscopia ajuda no diagnóstico e especialmente no rastreamento da displasia e do câncer colorretal nos casos com mais de 7 anos de doença.
Tratamento
Não há tratamento específico para sua cura. No entanto, é passível de controle através de medicamentos. O tratamento em princípio é clínico, por longo período ou por toda a vida. Medicamentos específicos para controle da inflamação intestinal, tais como sulfasalazina, imunossupressores e/ou imunomoduladores também são prescritos. Se ainda assim a doença continua rebelde, o próximo passo é a introdução de medicamentos chamados biológicos, tendo como o primeiro da lista o infliximabe, feito em regime de hospital-dia (curta internação) programado. Nos casos em que não se consegue controlar a doença, mesmo com o melhor do tratamento clínico e, eventualmente, na criança que não responde aos medicamentos, agravado pela parada do crescimento é necessário operar. Também nos casos que ao longo dos anos desenvolvem displasia ou câncer no cólon. 
 Quando não é possível controlar a inflamação com medicações, a cirurgia é programada antes que sobrevenha um problema maior ou complicação como a hemorragia, perfuração ou infecção. A cirurgia ideal nestes casos é retirada total dos cólons e do reto sendo colocado o intestino delgado (íleo) para funcionar na parede abdominal (ilkeostomia definitiva). Entretanto, uma técnica possibilita a reconstrução do trânsito intestinal através da confecção de um reservatório ileal (bolsa ileal) que permite que o paciente volte a evacuar pelo ânus. Esta não é uma operação fácil, sendo aconselhável a presença de um especialista em coloproctologia. Alguns fatores de ordem técnica podem impedir a efetivação desta reconstrução intestinal. A técnica com bolsa ileal pode também apresentar alguns contratempos ao longo dos anos, como inflamação local chamada de bolsite, que necessitam de especialistas para acompanhá-las. Nos casos em que se utilize a técnica de reconstrução do trânsito intestinal é comum que seja realizada uma ileostomia temporária com a intenção de assegurar uma melhor cicatrização.
DOENÇA DE CROHN
Manifestações clínicas
 Alguns dos sintomas que podem ser observados são: Estomatites (inflamações na boca), diarreia, dor no abdômen, perda de peso e febre são características mais comuns. A inflamação do intestino delgado (principalmente do íleo terminal, em 80% dos casos) e do intestino grosso (colite) provoca diarreia com ou sem muco (secreção) e/ou sangue nas fezes. Apenas 1/3 dos casos apresenta doença restrita ao íleo terminal. Pode ocorrer estreitamento (estenose), em especial no intestino delgado. 
É comum apresentar distensões do abdome, dor do tipo cólica, com dificuldade para a eliminação de gases intestinais. É frequente ocorrer uma obstrução parcial ao esvaziamento do conteúdo intestinal, com necessidade de internações com hidratação venosa, uso de antibióticos venosos e de corticosteroides, além de restrição temporária à ingestão de alimentos, para ajudar na recuperação. É possível também a ocorrência de fístulas. 
Um terço dos doentes com Crohn tem manifestações no anos e região perianal. Esses trajetos fistulosos podem ser múltiplos e com grande destruição tecidual extensa, pela reação inflamatória própria da doença de Crohn e pela infecção secundária que ocorre na área afetada, prejudicando significativamente a qualidade de vida do enfermo. Outros problemas podem surgir fora do tubo digestivo afetando a pele, articulações, olhos, fígado e vasos, conhecidos por manifestações extra intestinais.
O curso da doença pode variar de acordo com as manifestações intestinais e/ou extra intestinais. É comum a desnutrição em adultos e crianças, podendo provocar atraso no crescimento quando a doença surge na infância. 
Causas
 A doença de Crohn é uma enfermidade inflamatória que pode se manifestar em qualquer parte do tubo digestivo (desde a cavidade oral até a região anal) sendo mais comum na final do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólons). Sua causa ainda não está esclarecida. Não é uma doença contagiosa e pode afetar tanto adultos como crianças, não havendo predominância de sexo. É uma doença muito comum entre os Judeus, mas sua incidência tem crescido entre outros grupos étnicos, especialmente nos grandes centros urbanos.
 Alguns fatores estão associados ao surgimento da doença e uma maior incidência dentro de núcleos familiares (10 a 25%) indica importância dos fatores genéticos. Outros fatores tais como o contato com antígenos (vírus e bactérias), fatores ambientais (estilo de vida, tabagismo, hábitos alimentares) e emocionais podem representar algum nível de importância em sua apresentação, caracterizando esta doença como multifatorial. Portanto, não há uma explicação definitiva para a causa da doença.
Diagnóstico
 A colonoscopia com biópsia e avaliação do íleo terminal é o melhor recurso para o diagnóstico da doença. O exame histopatológico do material colhido na biópsia pode confirmar a suspeita. A tomografia computadorizada do abdome pode ser útil na identificação de fístulas entre alças intestinais e outras alterações. Outros exames como radiografias do abdome, exame contrastado do intestino delgado pode ajudar. Os exames laboratoriais também são importantes no diagnóstico e controle da enfermidade.
Tratamento
O tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico pode influenciar positivamente no controle da doença, permitindo longos períodos sem sintomas. O tratamento depende da forma de apresentação da doença e do grau de gravidade, é iniciado quase sempre com medicamentos.
O corticosteroide é a medicação mais usada. Várias outras medicações podem ser associadas com o objetivo de fazer regredir a inflamação dos tecidos como os aminosalicilatos, os imunossupressores e a terapia biológica.
 Alguns casos necessitam de intervenção cirúrgica para tratamento de complicações. A indicação mais comum de cirurgia é o tratamento das estenoses (estreitamento) intestinais. A investigação, tratamento e acompanhamento desses enfermos envolvem quase sempre um médico clínico (gastroenterologista) e um cirurgião (coloproctologista ou do aparelho digestivo), na maior parte das vezes, de acordo com a forma de apresentação, localização e extensão da doença. Os pacientes que evoluem com doença por mais de 10 anos precisam ser controlados através de colonoscopia periódica, porque possuem um maior risco maior de apresentar displasia e neoplasia intestinal.

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