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Caderno 1ª prova | Penal II (Sebastian Mello)

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Marília Mattos 
maridmij@gmail.com 
1 
 
DIREITO PENAL II 
DOCENTE: SEBASTIAN MELLO 
CRONOGRAMA SEMESTRAL 2018.2 
Data da avaliação 1: 28 de setembro 
Data da avaliação 2: 23 de novembro 
 
ANOTAÇÕES | 1ª AVALIAÇÃO 
Aula 1 
 
 Infração penal 
 
 Quando se fala de infração penal, fala-se de uma categoria de atos ilícitos. No 
Brasil, as duas categorias são crime e contravenção; 
 
 Crime e contravenção 
o Do ponto de vista ontológico, da essência, não há diferença entre crime 
e contravenção. A diferença, então, é medida não pela essência, mas 
pela forma; 
o A diferença entre crime e contravenção é encontrada no Decreto Lei 
3914/41, Lei de Introdução ao Código Penal. Considera-se crime a 
infração que a lei comina pena de reclusão ou detenção, e 
contravenção é a infração a qual se comina pena de prisão simples; 
o Exemplo: homicídio é crime porque a lei comina pena de reclusão; 
 
 Reclusão, detenção e prisão simples 
o Reclusão: pode começar em regime fechado; 
o Detenção: não pode começar em regime fechado, mas pode regredir 
para o fechado; 
o Prisão simples: nunca cumpre pena no regime fechado, apenas no 
semiaberto ou aberto; 
 Distinções entre crime e contravenção 
o O tipo da pena privativa de liberdade cominada (reclusão, detenção ou 
prisão simples); 
o Tipos de ação penal 
 A ação penal promovida pelo MP é uma ação penal pública, 
também chamada de incondicionada pois não depende da 
vontade da vítima. Para os crimes, a ação penal pode ser 
Aula 31/07: Crime e contravenção 
Aula 03/08: Crime como conduta típica (ação e resultado) 
Aula 04/08: Relação de causalidade 
Aula 07/08: Elementos do tipo 
Aula 10/08: Tipo doloso 
Aula 14/08: Tipo culposo e preter-doloso 
Aula17/08: Iter criminis 
Aula 21/08: Crime tentado 
Aula 24/08: Arrependimento eficaz, desistência voluntária e crime impossível 
Aula 28/09: Ilicitude e tipicidade conglobante 
Aula 02/10: Estado de necessidade 
Aula 05/10: Legítima defesa 
Aula 16/10: Causas legais de exclusão da ilicitude 
 
Marília Mattos 
maridmij@gmail.com 
2 
 
pública e incondicionada (do MP), pública condicionada à 
representação da vítima ou de iniciativa privada. 
 A contravenção, por outro lado, é quase sempre pública e 
incondicionada. Não há contravenção movida pelo advogado 
privado. A contravenção de vias de fato é a única contravenção 
que depende da representação da vítima: está expressa no 
artigo 21 do Decreto Lei nº 3.688 de 03 de outubro de 1941: Art. 
21. Praticar vias de fato contra alguém; 
o Não se pune tentativa de contravenção, apenas tentativa de crime; 
o Não se julga pela lei brasileira contravenção cometida fora do território 
nacional. Ou seja, não existe extraterritorialidade nas contravenções; 
o As contravenções são julgadas pela Justiça Estadual, com exceção se 
a contravenção for praticada por alguém com foro privilegiado da 
Justiça Federal; 
o O limite máximo de pena para crimes é de 30 (trinta) anos e o limite 
máximo para contravenção é de 5 (cinco) anos. Ao adquirir drogas para 
uso pessoal, o usuário está submetido à prestação de outro tipo de 
sanção, seja ela prestação de serviços comunitários ou qualquer outro; 
 
 
 
 
 
Aula 2 
 
 Crime como conduta típica 
 
 Conceito analítico de crime 
o Do ponto de vista material, costuma-se conceituar o crime como a 
conduta que ofende um bem jurídico maior na Constituição; 
o O crime é uma conduta típica, antijurídica e culpável. É um 
comportamento humano típico porque se adequa a uma norma penal 
(tipicidade formal) e ofende o bem jurídico tutelado pela norma 
(tipicidade material). É uma conduta ilícita ou antijurídica porque é uma 
conduta contrária ao Direito. E é uma conduta culpável porque acarreta 
em responsabilidade pela prática da conduta; 
 
 Ação e omissão 
o Ação e omissão = conduta; 
o É possível cometer um crime tanto por ação quanto por omissão. São 
os crimes comissivos (ação) ou omissivos (omissão); 
o A conduta depende de vontade, ou seja, controle neurológico sob os 
seus movimentos. Caso não haja essa vontade, existe o que 
chamamos de ausência de conduta que ocorre nas seguintes 
hipóteses: 
 Coação física: não há conduta quando alguém utiliza de outrem 
como instrumento mecânico para pratica do crime (não 
confundir com coação moral); Exemplo: João vê Maria 
abraçada com Pedro, seu inimigo, na beira da cachoeira e 
empurra Maria para que ela desequilibre Pedro e este caia e 
morra. Maria, então, foi utilizada como instrumento mecânico 
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para pratica do crime, portanto há ausência de conduta de sua 
parte; 
 Atos reflexos: não há conduta quando o ato ocorre de um 
espasmo muscular involuntário. Exemplo: durante um ataque 
epilético, João buscando salvar Maria, que está engasgada, 
coloca o dedo em sua garganta, porém tem o seu dedo mordido 
com força e arrancado. Há ausência de conduta da parte de 
Maria, pois foi uma contração muscular involuntária. Exemplo: 
Maria está trabalhando como babá e está com Pedro no colo. 
Maria, entretanto, ao ligar a televisão leva um choque e deixa 
Pedro cair no chão e este morre. Também há ausência de 
conduta; 
 Estados de inconsciência: não há conduta quando a pessoa não 
tem capacidade de controlar os seus atos. O uso de álcool ou 
drogas não considera estado de inconsciência. Exemplo: 
indivíduos sonâmbulos ou que estão hipnotizados; 
 
o Por omissão 
 Parte da ideia de um não agir. Além do clássico exemplo de 
omissão de socorro, temos também o artigo 269 do Código 
Penal: Deixar o médico de denunciar à autoridade pública 
doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis 
meses a dois anos, e multa. 
 
o É possível cometer um crime comissivo por intermédio de omissão? 
 Sim. Quando a omissão é muito grave, certos crimes 
comparam-se a ação. Um exemplo é a mãe que deixa de 
amamentar o seu filho, esta não está cometendo uma omissão, 
e sim um homicídio; Outro exemplo é o crime de estupro por 
omissão, que ocorre quando por a mãe sabe que o padrasto 
estupra a enteada e apenas “assiste” o ato, não tomando 
providencias quanto ao ocorrido. É chamado de crime omissivo 
impróprio; 
 
o Crimes comissivos por omissão ou crime omissivo impróprio 
 A omissão é tão grave que se equipara juridicamente a uma 
ação; 
 É um crime onde a lei penal prevê uma omissão, mas pelo fato 
de o indivíduo ter um dever especial de impedir o dano (esse 
indivíduo é chamado garantidor), faz-se dessa uma ação; 
 Só é garantidor aquele que puder evitar o resultado. Os 
bombeiros, por exemplo, não são garantidores nos casos em 
que os incêndios são completamente absurdos, como no caso 
das Torres Gêmeas; 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 
2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia 
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e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a 
quem: 
o a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; ||| Exemplo: os pais de alguém, ou 
bombeiros; 
o b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de 
impedir o resultado; ||| Exemplo: a babá ou o 
segurança particular; 
o c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. ||| Exemplo: aquele que joga 
o familiar no rio para que aprenda a nadar; 
 
 
 
 Todo crime pressupõe resultado jurídico; 
 
o Resultado naturalístico 
 É a alteração no mundo exterior provocada pela conduta do agente; 
 Crime material; 
 Crime formal; 
 Crime de mera conduta; 
 
o Crime material Também chamado de crime de resultado; 
 Aquele crime cuja consumação requer a produção de um resultado 
naturalístico, ou seja, necessita haver dano ou perigo a um bem 
jurídico; 
 Exemplo: homicídio, lesão corporal, etc; 
 Tem conduta e resultado; 
 
 
o Crime formal 
 Também chamado de crime de mera atividade; 
 Aquele crime cuja consumação é antecipada; 
 O legislador se antecipa punindo a mera ação; 
 Prevê conduta e resultado. 
 Exemplo: difamação, que prevê a atribuição de um fato ofensivo a 
reputação de alguém e o seu resultado, que e lesão a honra. O 
legislador se antecipa punindo apenas a ação; 
 Exemplo 2: Extorsão mediante sequestro. O crime já esta consumado 
no momento do sequestro, independente do sequestrador ter recebido 
ou não o pagamento. 
 Exemplo 3: falsificação de documento, já é crime consumado 
independente do sujeito ter apresentado o documento em 
estabelecimento. Novamente o legislador antecipa e pune a mera ação; 
 
 
 
o Crime de mera conduta 
 Também chamado crime de mera atividade; 
 Não há resultado posterior a conduta praticada; 
 Aquele crime cuja ação confunde-se com o resultado; 
 A conduta em si já é uma lesão ao bem jurídico; 
 Exemplo: violação de domicilio; 
 
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Aula 3 
 
 Relação de causalidade material 
o Conjunto de critérios que vai vincular a conduta como antecedente ao 
resultado como consequente; É o vínculo, é o elo que vai estabelecer 
uma conexão entre o antecedente (conduta) e o consequente 
(resultado); 
 Exemplo: não basta que Marianna observe Duda descendo a 
ladeira de bicicleta e fique repetindo “vai cair” até que ela caia; 
para que ela esteja vinculada ao resultado da queda de Duda, é 
necessário que haja um vínculo entre as ações; 
o CP Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem 
a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
 Causa é a conduta humana antecedente sem a qual o resultado não teria 
ocorrido daquela maneira; 
o Tudo aquilo que interfere no resultado de alguma forma é causa; 
 Exemplo: um indivíduo se joga de um prédio e, no meio da sua 
queda, Sebastian dá um tiro em sua cabeça com um rifle de alta 
precisão. Sebastian, então, interferiu no momento (mesmo que 
em alguns milésimos ou segundos) e na forma como o indivíduo 
morreria, portanto ele deu causa ao resultado; 
o A teoria da causalidade adotada pelo Código (conditio sine qua non) é 
chamada de Teoria da Equivalência dos Antecedentes e é a Teoria 
que regulamenta a causalidade no Direito Penal. Essa teoria diz que 
não existe causa mais importante ou menos importante; tudo aquilo que 
contribuiu para que o resultado ocorresse naquele tempo, naquele lugar 
e daquela forma é causa. O problema dessa teoria é que ela permite, 
levando isso as últimas consequências, um regresso ao infinito; 
o Causalidade não é a mesma coisa que responsabilidade; 
o Causalidade não é a mesma coisa que criminalidade; 
 
 Processo de eliminação hipotética 
o “Para chegar as causas efetivamente, deve-se somar a Teoria da 
equivalência dos antecedente causais ao processo da eliminação 
hipotética, que é: no campo mental da cogitação e suposições, o 
aplicador deve proceder a eliminação da conduta do sujeito ativo para 
concluir pela persistência ou desaparecimento do resultado. Persistindo 
o resultado não é causa, desaparecendo é causa.” 
 
 
 Concausas 
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o Circunstâncias que conjuntamente ou paralelamente à conduta do 
agente interferem na produção do resultado; 
 
 Preexistentes 
 É uma circunstância anterior à conduta do agente que 
interfere na relação de causalidade material; 
o Absolutamente independente 
 Aquela que produz o resultado sozinha; 
 Se há a concorrência de causas 
absolutamente independentes, o sujeito 
não responde pelo resultado. 
Entretanto, pode responder pela tentativa; 
o Relativamente independente 
 Circunstância que concorre conjuntamente 
com a conduta do agente e não exclui a 
imputação; 
 
 Concomitantes 
 São duas causas que concorrem ao mesmo tempo; 
 
 Supervenientes 
 É a causa subsequente à conduta do agente; 
 CP Art. 13 § 1º - A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação quando, 
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, 
entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984); 
o A que produz o resultado por si só: produzir o 
resultado por si só significa que o resultado não 
está na mesma linha de desdobramento físico 
da conduta antecedente. A lesão causada não é 
uma consequência natural ou necessária do risco 
criado; 
 Exemplo: Se Maria atira em João e o 
hospital em que João está sofre um 
desabamento, não é justo que Maria 
responda por homicídio consumado 
apenas porque João morreu; 
 Atenção: ao causar ferimento à alguém 
que necessita de intervenção médica, 
aumenta-se o risco de infecção hospitalar 
e o sujeito que causou o ferimento 
responde pelo resultado causado; 
o Das outras: 
 1ª exemplo: Carol leva um tiro de Pedro, e no caminho 
para o hospital, a ambulância é atingida por um 
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caminhão e tomba; Causa superveniente 
relativamente independente; 
 2ª exemplo: Carol dá uma facada em Pedro com uma 
faca estava enferrujada. Entretanto, Pedro não é 
vacinado contra tétano e morre; Causa superveniente 
relativamente independente; 
 3ª exemplo: Carol sofre um acidente de ônibus e ao 
tentar sair deste para ligar para uma ambulância, pisa 
em um fio de alta tensão e morre; Causa superveniente 
relativamente independente; 
 
 
 CONCAUSAS: EXTRAÍDO DA OBRA “DIREITO PENAL ESQUEMATIZADO – PARTE GERAL, ANDRÉ ESTEFAM E 
VICTOR EDUARDO RIOS GONÇALVES – EDIÇÃO 2016; 
Desenvolveu -se, no âmbito da teoria da equivalência dos antecedentes ou da 
conditio sine qua non, o estudo das causas independentes. Cuida -se de fatores que 
podem interpor -se no nexo de causalidade entre a conduta e o resultado, de modo a 
influenciar no liame causal. 
A doutrina distingue causas dependentes e independentes. As primeiras seriam as 
que têm origem na conduta do sujeito e inserem -se dentro da sua linha de 
desdobramento causal natural, esperada. São elementos situados no âmbito do quod 
plerumque accidit, isto é, decorrências normais ou corriqueiras da conduta (como 
ocorre no caso da morte por choque hemorrágico subsequente a um ferimento 
perfurante profundo; ou, ainda, segundo nossa jurisprudência, na hipótese da morte 
por conta de infecção hospitalar). 
Quanto às causas independentes, são as que, originando -se ou não da conduta, 
produzem por si sós o resultado. Elas configuram um fator que está fora do quod 
plerumque accidit, ou seja, não pertencem ao âmbito do que normalmente acontece. 
São eventos inusitados, inesperados, dos quais se pode citar a morte provocada por 
sangramento oriundo de uma pequena ferida incisa, em vítima hemofílica. 
De acordo com a teoria da equivalência e seu juízo de eliminação hipotética, 
quando o resultado for produto de causas dependentes, o agente por ele responderá. 
No que concerne às causas independentes, entretanto, faz -se necessário distinguir 
entre as causas absolutamente e as relativamente independentes da conduta. 
Por causas absolutamente independentes, entendem -se as que produzem por si sós 
o resultado, não possuindo qualquer origem ou relação com a conduta praticada. Nesse 
caso, o resultado ocorreria de qualquer modo, com ou sem o comportamento realizado 
(eliminaçãohipotética), motivo pelo qual fica afastado o nexo de causalidade (fazendo 
com que não se possa imputar o resultado ao autor da conduta). 
As causas absolutamente independentes dividem -se em preexistentes ou 
anteriores (quando anteriores à conduta), concomitantes ou simultâneas (quando 
ocorrem ao mesmo tempo) e posteriores ou supervenientes (quando se verificam após 
a conduta praticada). A título de ilustração, citam-se alguns exemplos: a) efetuar 
disparos de arma de fogo, com intenção homicida, em pessoa que falecera minutos 
antes (a morte anterior configura causa preexistente); b) atirar em pessoa que, no exato 
momento do tiro, sofre ataque cardíaco fulminante e que não guarda relação alguma 
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com o disparo (o infarto é a causa concomitante); c) ministrar veneno na comida da 
vítima, que, antes que a peçonha faça efeito, vem a ser atropelada (causa 
superveniente; nesse caso, o agente só responde pelos atos praticados, ou seja, por 
tentativa de homicídio). 
Já as causas relativamente independentes, por seu turno, são as que, agregadas à 
conduta, conduzem à produção do resultado. Com base na teoria da equivalência dos 
antecedentes, a presença de uma causa desta natureza não exclui o nexo de 
causalidade. 
Do mesmo modo que as causas absolutamente independentes, elas também se 
dividem em preexistentes ou anteriores, concomitantes ou simultâneas e supervenientes 
ou posteriores. A título de exemplo, observem -se os seguintes casos hipotéticos: a) 
efetuar ferimento leve, com instrumento cortante, num hemofílico, que sangra até a 
morte (a hemofilia é a causa preexistente, que, somada à conduta do agente, produziu 
a morte). Note -se que, nesse exemplo, pressupõe -se que o sujeito tenha vibrado um 
golpe leve no ofendido, que não produziria a morte de uma pessoa saudável; b) 
disparar contra a vítima que, ao ser atingida pelo projétil, sofre ataque cardíaco, vindo a 
morrer, apurando -se que a soma desses fatores produziu a morte (considera -se, nesse 
caso, que o disparo, isoladamente, não teria o condão de mata-la, o mesmo ocorrendo 
com relação ao ataque do coração — causa concomitante); c) após um atropelamento, 
a vítima é socorrida com algumas lesões; no caminho ao hospital, a ambulância capota, 
ocorrendo a morte (o capotamento da ambulância é a causa superveniente que, aliada 
ao atropelamento, deu causa à morte do ofendido). Deste último exemplo há algumas 
variantes dignas de menção: a vítima chega ilesa da ambulância ao hospital, que se 
incendeia; a vítima chega sem outras lesões ao hospital, mas falece por decorrência de 
um erro médico; ou, ainda, depois de ser atendida no nosocômio, tem uma de suas 
pernas amputadas como consequência da gravidade dos ferimentos e, depois de 
receber alta, morre num incêndio ocorrido no interior de um teatro, de onde não 
conseguiu fugir em razão de sua reduzida capacidade de locomoção. 
Em todas as hipóteses retratadas no grupo das causas relativamente 
independentes da conduta, há nexo causal entre esta e o resultado (pela teoria da 
conditio). A imputação do resultado, todavia, exigirá outro elemento, de caráter 
subjetivo, consistente em se verificar se a causa era por ele conhecida (o que conduzirá 
à responsabilização a título de dolo), ou, ao menos, previsível (indicativo de culpa). Sem 
tais requisitos, por óbvio, ter -se -ia a responsabilidade objetiva do agente, algo 
repudiado de há muito no campo do Direito Penal. 
As situações designadas como causas relativamente independentes 
supervenientes da conduta correspondem àquilo que os autores estrangeiros 
denominam “cursos causais extraordinários ou hipotéticos”. São casos em que não 
haverá imputação pela teoria da imputação objetiva (como será 
visto adiante). De qualquer modo, vale consignar que tais situações se enquadram no art. 
13, § 1º, do CP, que expressamente exclui a responsabilidade penal. 
Em suma: 
■ as causas absolutamente independentes sempre excluem o nexo causal, 
de modo que o agente nunca responderá pelo resultado; somente pelos atos 
praticados; 
Marília Mattos 
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■ as causas relativamente independentes não excluem o nexo causal, 
motivo por que o agente, se as conhecia ou se, embora não as conhecendo, 
podia prevê-las, responde pelo resultado; 
■ na causa relativamente independente superveniente à conduta, embora 
exista nexo de causalidade entre esta e o resultado, o legislador afasta a 
imputação (art. 13, § 1º), impedindo que o agente responda pelo evento 
subsequente, somente sendo possível atribuir-lhe o resultado que diretamente 
produziu; 
 
_____________________________________________________________________ 
 
 
 Teoria da imputação objetiva 
o Teoria da causalidade de Claus Roxin; 
o Essa teoria parte do pressuposto de que existe algo além da 
causalidade mecânica para atribuir alguém à pratica de um tipo penal; 
o Roxin desenvolveu um princípio geral para essa teoria: só é possível 
responder por um resultado, ou seja, só é possível ser considerado 
causador de um resultado se você criou para o bem jurídico um risco 
relevante e juridicamente proibido. Se o risco criado para o bem jurídico 
é um risco permitido, o indivíduo não pode responder pelo resultado 
lesivo que ocorrido, ainda que o resultado fosse desejado; 
 Exemplo: o engenheiro responsável pela construção de um 
prédio de cem andares não é responsável pela morte de um 
adolescente que se jogou do 100º andar, mesmo que o 
engenheiro, secretamente, tivesse vontade de ver alguém se 
jogando de lá; 
 Exemplo: o vendedor de um caixa de supermercado não pode 
ser responsabilizado criminalmente por vender água sanitária 
para alguém que comprou o produto no seu caixa eletrônico e 
cometeu suicídio consumindo-a; 
 
 
Aula 4 
 
o Risco proibido 
 Só vai haver responsabilidade penal se o risco criado for um 
risco proibido; 
 O risco deve ser concretizado; 
 Princípio da confiança: os indivíduos devem se comportar na 
expectativa de que os outros se comportem de forma lícita. Não 
é possível responder pelos erros de terceiros, exceto quando se 
tem o dever especial de fiscalizar o dever de terceiros. Só há 
responsabilidade penal quando o risco age de maneira contrária 
ao Princípio da Confiança; 
 Âmbito de proteção da norma: só é possível atribuir a alguém 
a prática do tipo penal se o risco causado estiver dentro do 
âmbito de proteção da norma. 
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 Exemplo: durante o expediente do trabalho em uma 
construção civil, Pedro estava trabalhando sem o 
capacete e levou um tiro de bala perdida na cabeça. 
Entretanto, o objetivo do equipamento era protege-lo de 
acidentes de trabalho e o tiro nada teria a ver com este. 
Portanto, o seu chefe de trabalho não teria 
responsabilidade pelo acontecimento, pois este está fora 
do seu âmbito de proteção; 
 Diminuição de risco: o dano causado não implicará em 
responsabilidade penal se este representar uma diminuição do 
risco, ou seja, a sua conduta deve representar um incremento 
(um aumento) do risco, e não uma diminuição dele. 
 Exemplo: João vê que uma pedra está caindo do 10º 
andar de um prédio na cabeça de Maria e empurra 
Maria, que cai no chão e arranha o braço. Portanto, o 
arranhão produziu um resultado menos lesivo que 
produziria a pedra na cabeça de Maria; 
 Princípio da autorresponsabilidade da vítima: 
 Heterocolocação em perigo consentido: vítima que aceita 
que outra pessoa a coloque em perigo; grupo de casos 
nos quais a vítima com consciência e voluntariedade 
deixa-se expor ao perigo gerado por um terceiro. 
 
 
 Fato típico 
o Conduta 
o Resultado 
o Nexo causal 
o Tipicidade 
 
 
 Tipo penal 
oDescrição legal de uma conduta a qual se comina uma pena; 
 
 
 Tipicidade 
o Relação que se estabelece entre o tipo e o fato; 
o Um comportamento para que seja criminoso tem que ser típico. 
Esse comportamento, que dá causa ao resultado, só será criminoso 
se ele for típico. Ou seja, tipicidade é uma relação de adequação, de 
subsunção, de conformidade e de congruência entre uma conduta 
no caso concreto e o tipo penal em abstrato; 
 
 
 Evolução histórica do tipo 
o Beling 
TIPO 
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 O tipo é uma descrição da conduta criminosa a qual se faz 
um juízo valorativo através da ilicitude para saber se a 
conduta é ou não contrária ao direito; 
 O tipo é uma relação meramente descritiva de uma conduta; 
 
 
 
 
Aula 5 
 
 Elementos do tipo 
 
 Evolução histórica do tipo 
 
 
o Edmund Mezger 
 Tipicidade e ilicitude são uma coisa só; 
 No exemplo da ausência de conduta não há conduta, portanto 
não há tipicidade, e por consequente não há ilicitude; 
 
o Hans Welsel 
 Para Welsel, o tipo penal volta a ser um elemento indiciário da 
ilicitude; 
 A vontade do agente, ou seja, a sua intenção, integra a conduta 
e por sua vez a conduta integra o tipo; 
 A tipicidade é um elemento indiciário da conduta. Para ele, 
existe uma tipicidade chamada tipicidade objetiva e a tipicidade 
subjetiva; 
 Tipo objetivo 
o Quando se realiza a conduta prevista no tipo 
penal; 
o Exemplo: João jogou uma pedra na cabeça de 
Pedro; 
 Tipo subjetivo 
o Doloso: quando João quer jogar a pedra e atinge 
Pedro; 
o Culposo: quando João joga a pedra visando 
atingir uma garrafa, mas sem querer atinge 
Pedro; 
o Não há tipicidade subjetiva quando João está 
jogando tiro ao alvo com uma pedra e do nada 
Pedro surge e é atingido por essa pedra; 
 
o Claus Roxin 
 Existe a tipicidade formal e a tipicidade material; 
 Tipicidade formal 
o É a concretização do princípio da legalidade. É 
quando há uma perfeita adequação objetiva e 
subjetiva da conduta; 
o Pode ser objetiva ou subjetiva; 
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12 
 
 Tipicidade material 
o Quando a conduta atinge o bem jurídico tutelado 
pela norma, seja lesando ou expondo ao perigo; 
 É possível haver tipicidade formal sem haver a tipicidade 
material. Isso porque a conduta só é típica se houverem os dois 
requisitos; 
 O princípio da insignificância é a ausência da tipicidade material 
em uma conduta; 
 
 Adequação típica mediata e imediata 
o Adequação típica imediata 
 E quando há uma correspondência direta entre a conduta e o 
tipo sem necessidade de se recorrer a qualquer outra norma; 
 Exemplo: João dá uma facada em Pedro e Pedro morre. Há, 
então, uma correspondência direta entre a conduta e o tipo de 
homicídio. É chamado de animus necandi, quando há intenção 
de matar; 
o Adequação típica mediata 
 É quando não há uma relação direta de conformidade entre a 
conduta e o tipo. Para que haja tipicidade, é preciso conjugar o 
tipo penal com outra norma que funciona como elo, como ponte 
entre a conduta e o tipo; 
 Exemplo: 
o Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de 
sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 
 É quando o tipo é conjugado com outra norma para que a 
conduta seja típica; 
 
 Tipos 
o Simples 
 É o tipo descrito na sua forma básica, na sua forma, no seu 
conceito, nos seus elementos fundamentais. 
 É o tipo descrito na sua forma básica, essencial, pois tem 
apenas os elementos básicos de sua configuração; 
 Exemplo: Art. 121: Matar alguém: pena – reclusão, de seis a 
vinte anos; 
 
o Qualificados 
 É um tipo “derivado” do tipo simples, pois possui uma 
qualificadora; 
 Qualificadora é aquela circunstância, prevista em lei, que 
agregada/acrescida ao tipo básico/fundamental, forma um tipo 
derivado que redefine para mais a quantidade de pena 
cominada ao tipo; 
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13 
 
 Exemplo: se o homicídio previsto no Art. 121 é praticado 
mediante pagamento ou promessa de recompensa, a pena 
deixa de ser de seis-vinte anos e passa a ser de doze-trinta 
anos para crime hediondo; 
 Exemplo: Art. 155: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel – Pena: reclusão de um a quatro anos, e multa, entretanto 
se o furto for praticado com abuso de confiança (art. 155 §4), a 
pena vai de um a quatro anos para dois a oito anos; 
 
o Privilegiados 
 É como se fosse uma “qualificadora” ao contrário; 
 É uma circunstância que faz a pena do crime ser menor. É o que 
ocorre com o homicídio praticado sob o domínio de violenta 
emoção por meio de provocação injusta, diminuindo a pena; 
 
 
 
Aula 6 
 
 Elementos do tipo 
o Todo tipo penal possui pelo ou menos um núcleo. O núcleo do tipo é o 
verbo; 
 
 Quanto ao núcleo do tipo 
 
o O crime comissivo é aquele cujo verbo previsto no tipo corresponde a 
uma ação; 
 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse 
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
o O crime omissivo é aquele crime cujo núcleo prevê um não agir, um 
deixar de fazer; 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida 
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, 
nesses casos, o socorro da autoridade pública; 
 
o Tipos simples 
 Aquele que possui apenas um núcleo, apenas um verbo; 
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem; 
 
o Tipos mistos 
 Aquele que possui mais de um núcleo, ou seja, mais de um 
verbo; 
 
 Alternativos 
 Geralmente tem a expressão “ou” no texto normativo; 
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14 
 
 Basta a realização de um dos núcleos além dos demais 
elementos para que o crime se realize; 
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe 
auxílio para que o faça; 
 Art. 28 da Lei 11.343/2006: Quem adquirir, guardar, tiver em 
depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo 
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas; 
 
 Cumulativos 
 Consiste na reunião de dois ou mais crimes 
independentes e autônomos previstos no mesmo 
dispositivo legal; 
 Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de 
crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou 
prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou 
objeto de culto religioso; 
 
 Complexos 
 Um crime complexo é um crime pluriofensivo, pois é um 
crime que ofende mais de um bem jurídico e contempla 
na sua definição típica duas condutas, sendo que a 
consumação do crime depende da pratica agregada 
dessas condutas; 
 O crime todo absorve o crime meio por meio do 
Princípio da Consunção; 
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou 
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do 
resgate; 
 
 Elemento objetivos 
 
o São aqueles elementos que são perceptíveis pelos sentidos; 
o Noite, fogo (nos crimes de incêndio) são elementosobjetivos; 
o Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a 
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências. § 1º - Se o crime for cometido durante a noite, ou em lugar 
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais 
pessoas,... 
 A noite é um elemento objetivo, pois é perceptível pelos sentidos 
sem que haja necessidade de recorrência a um juízo de valor, e 
é causa qualificadora; 
 
 
 
 Elementos normativos 
 
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15 
 
o São aqueles elementos cuja compreensão demanda um juízo de valor 
jurídico ou cultural; 
o Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para 
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício; 
 No caso do Art. 333, é necessária observância à uma lei que 
determina os provimentos e os requisitos para ser funcionário 
público. Ou seja, faz-se um elemento normativo, pois demanda 
um juízo de valor. Não é possível olhar para alguém na rua e 
afirmar se esse alguém é ou não um funcionário público; 
 
 
o Tipo subjetivo 
 A mera realização causal de um resultado não pode ser 
considerada típico, pois um tipo penal não se resume a mera 
relação de causalidade objetiva; 
 Além da presença do núcleo, o tipo penal requer também a 
presença de um elemento subjetivo do tipo; 
 Se o tipo não fala, a presunção que se faz é que o tipo é doloso; 
 
 Dolo 
 Realização consciente e voluntaria do tipo objetivo; 
 Vontade 
o . 
 Consciência 
o Só age dolosamente quem atua com consciência 
do que está fazendo; 
o I. Consciência da ação e do resultado; 
o II. Consciência do nexo causal (vínculo existente 
entre ação e resultado); 
o O dolo pressupõe a consciência da ilicitude? 
 Para que haja dolo, não é preciso que 
você saiba que a conduta é contrária a lei, 
pois é chamado de dolo natural. O dolo 
normativo, por sua vez, não é adotado no 
Brasil; 
 
 
 
Aula 7 
 
 Tipo doloso 
o Consciência 
o Vontade 
 Conduta 
 Resultado 
o Teorias de resultado 
 
 Teoria da vontade 
 Há dolo quando se adota a teoria da vontade – quando o 
agente quis o resultado; 
 
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16 
 
 
 Teoria da representação 
 Há dolo quando há a previsão do resultado, ou seja, 
basta que o sujeito tenha previsto a ocorrência do 
resultado; 
 Não foi aceita pelo Código Penal; 
 Quando se prevê o resultado, este é doloso, ainda que 
não corresponda à vontade; 
 
 Teoria do assentimento 
 Concordar com o resultado não diretamente desejado, 
mas possível em razão do seu comportamento; 
 Quando não se deseja diretamente o resultado, mas 
aceita esse resultado como um risco possível de sua 
conduta; 
 
o Dolo direto 
 1º grau: é composto pela consciência de 
que a conduta pode lesar um bem jurídico 
+ a vontade de violar este bem jurídico; 
 É o dolo comum, como exemplo o 
assassino que procura uma vítima 
e comete o homicídio; 
 2º grau: quando o agente pretende 
realizar um comportamento que provocará 
necessariamente um dano periférico para 
além daquele inicialmente desejado em 
razão dos meios utilizados; é um dano 
colateral em relação ao material que foi 
destruído; 
 
o Dolo indireto 
 Dolo eventual: assumir o risco do 
resultado; o agente não tem vontade de 
produzir o resultado criminoso, mas, 
analisando as circunstâncias, sabe que 
este resultado pode ocorrer e não se 
importa, age da mesma maneira; 
 Dolo alternativo: agir com propósito de 
ofender um bem jurídico, mas 
contentando-se com um ou mais dos 
resultados possíveis; 
 O agente pratica a conduta sem 
pretender alcançar um resultado 
específico, estabelecendo para si 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 
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17 
 
mesmo que qualquer dos 
resultados possíveis é válido; 
 
No dolo eventual, o resultado não desejado é possível ou provável; 
No dolo direto de segundo grau o resultado não desejado, é certo; 
 
o Dolo geral (aberratio causae) 
 Ocorre quando o agente pretende 
provocar um determinado resultado que 
ele supõe já tê-lo alcançado. Em seguida, 
ele realiza uma nova conduta com uma 
finalidade diversa, e esta nova conduta 
vem produzir o resultado; 
 Alcançar a finalidade proposta através de 
outro meio; 
 Exemplo: estrangular um indivíduo e jogar 
o corpo, supostamente sem vida, no rio 
para ocultar o cadáver. O indivíduo, então, 
morre afogado, e não em decorrência da 
conduta que deveria ter conduzido à sua 
morte; 
 
 
 
Aula 8 
 
 Tipo culposo 
o Excepcional: deve estar expresso; 
o Violação ao dever objetivo de cuidado: provoca um resultado 
involuntário, porem previsível. Ou seja, no crime culposo o sujeito se 
comporta de maneira descuidada, e esse descuido prova um resultado 
que não era desejado pelo agente, mas que era previsível em razão 
dos meios utilizados e das circunstancias que envolviam os fatos; 
 
o Requisitos 
 Violação ao dever objetivo de cuidado. Deve-se agir de maneira 
descuidada, pouco cautelosa em relação ao bem jurídico. Por 
exemplo, alguém que divide acima da velocidade ou alguém que 
dirige após passar uma noite em claro. Ou seja, só há culpa se 
há uma infração de dever; 
 
o A violação ao dever objetivo de cuidado pode se dar de três maneiras: 
 
 Imprudência 
 Corre um risco desnecessário por excesso na ação; 
 
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18 
 
 Negligência 
 Geralmente, é uma culpa omissiva. Ou seja, uma culpa 
por não-ação; 
 O agente deixa de tomar todas as medidas necessárias 
para que sua conduta não venha a lesar o bem jurídico 
de terceiro; 
 
 Imperícia 
 É a falta de aptidão para o exercício de determinada 
atividade, oficio ou execução. Não há conhecimento 
técnico ou legal para o exercício de uma determinada 
atividade; 
 Exemplo: quando o médico dá um diagnóstico errado ou 
dá alta para um paciente que vai para casa e vem a 
falecer; 
 
 
o Conduta voluntária não destinada a produção do ocorrido; 
o Resultado naturalístico involuntário: o resultado não foi querido pelo 
agente; 
o Previsibilidade: o resultado ocorrido deve ser previsível; 
o Previsibilidade objetiva: é a culpabilidade normalmente esperada de 
uma pessoa prudente. É chamada também de previsibilidade homem 
médio. 
 A pergunta que deve ser feita é se aquela pessoa, naquelas 
circunstâncias, poderia prever a possibilidade daquele evento; 
 
o Culpa inconsciente 
 Resultado previsível, mas não foi previsto; 
 Ausência de previsão; 
 Ex ignorantia; 
o Culpa consciente 
 O agente prevê o resultado como possível, mas acredita que 
este não irá ocorrer; 
 Há, digamos, um excesso abusivo de confiança. O resultado é 
previsível e previsto, mas o indivíduo acredita, sinceramente, 
que o resultado não vai ocorrer; 
 É o que ocorre quando alguém superestime as suas habilidades; 
 Diferença entre culpa consciente e dolo eventual: 
o Culpa própria 
 A culpa própria ocorre quando há um resultado indesejado, mas 
previsível; 
o Culpa imprópria 
 Também chamada de culpa por equiparação. É uma culpa que 
decorre de erro; 
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19 
 
 Exemplo: um pai vê um vulto de madrugada e atira, acreditando 
ser um criminoso. Entretanto, esse vulto é o filho dele entrando 
em casa; 
 
 Não existe a chamada Compensação de Culpas no Direito Penal brasileiro. 
Exemplo: Pedro, dirigindo avança o sinalvermelho e colide com o veículo de 
João, que vinha na contramão. Ambos agiram com culpa e causaram lesões 
corporais. Nesse caso, ambos respondem pelo crime de lesão corporal, um em 
face do outro; 
 
 
 Crime preterdoloso 
o Quando há dolo no antecedente e culpa no consequente; 
o É quando o agente, querendo praticar um crime, pratica crime mais 
grave não com dolo, mas com culpa; 
o Exemplo: lesão corporal seguida de morte. Há dolo na conduta inicial, 
mas resultado obtido por culpa (sem intenção); 
 
o A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do crime 
qualificado pelo resultado. Para a Doutrina, o crime qualificado pelo 
resultado é um gênero, do qual o crime preterdoloso é uma espécie. 
o Um crime qualificado pelo resultado, aquele no qual, ocorrendo 
determinado resultado, teremos a aplicação de uma circunstância 
qualificadora. Aqui, é irrelevante se o resultado que qualifica o crime é 
doloso ou culposo. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o 
crime é, necessariamente, culposo. Ou seja, há dolo na conduta inicial e 
culpa em relação ao resultado que efetivamente ocorre. 
 
 
 Iter criminis 
o “Caminho do crime”: é o itinerário percorrido pelo agente da cogitação 
até a consumação do crime; 
 
o Etapas 
 Cogitação (cogitatio) 
 É uma fase meramente interna e mental. É 
completamente impunível; 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição 
por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de 
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e 
o fato é punível como crime culposo. 
 
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20 
 
Aula 9 
 
 Iter Criminis 
 
o Etapas 
 Atos preparatórios (conatus remotus) 
 São os atos e os comportamentos externos que criam 
condições morais e materiais para a realização do crime. 
Não há a plena execução; 
 Está fora do Direito Penal, ou seja, é impunível. 
Entretanto, essa (im)punibilidade é relativizada; 
 Art. 31 CP: o ajuste, a determinação ou instigação e o 
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são 
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser 
tentado. 
 Exemplo de regra: comprar uma faca para matar alguém; 
o ato de comprar uma faca é uma conduta lícita, então 
não há o que se punir nisso; 
 
 1ª hipótese de exceção à regra 
o Quando o legislador entende que o ato 
preparatório tem uma gravidade de tal nível que 
este merece ser punido como um crime 
autônomo; 
o Ex: art. 291 CP: - Fabricar, adquirir, fornecer, a 
título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar 
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer 
objeto especialmente destinado à falsificação de 
moeda. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e 
multa; 
o Esse caso é punível, pois o legislador se antecipa 
no ato preparatório; 
 
 2ª hipótese de exceção à regra 
o Concurso de pessoas: quando o indivíduo realiza 
um ato preparatório para que um terceiro 
responda pelo crime; 
o Ex: Pedro dá uma arma para João assassinar 
Gabriel. A esse momento da ação, Pedro 
cometeu apenas um ato preparatório. Entretanto, 
se João realmente mata Gabriel, a conduta de 
Pedro transforma-se em crime autônomo, pois ele 
foi partícipe do crime; 
o Ex: em grupos criminosos, parte das pessoas 
realiza os atos preparatórios e a outra parte 
realiza o crime propriamente dito; 
 
 O porte de arma também é considerado um crime 
autônomo no qual o legislador se antecipa; 
 Questão: “Pedro e João estão chegando à um mercado 
para realizar um assalto, mas descendo do carro eles 
vêem uma viatura se aproximando e saem correndo, 
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21 
 
chamando a atenção da polícia. Por qual crime eles 
podem ser punidos? Nenhum.” 
 
 Atos executórios 
 Existem cinco teorias que vão dizer o que exatamente 
corresponde à execução do crime; 
 
o Teoria subjetiva 
 Ato executório é quando o agente, 
subjetivamente, inicia a execução do 
crime; 
 O problema é que essa teoria não tem 
nenhuma segurança jurídica; 
 Exemplo: na série La Casa de Papel, o 
momento em que o professor aluga a casa 
para servir de ponto de encontro dos 
outros membros do grupo do assalto, já 
seria considerado execução do crime; 
 
o Teoria de hostilidade ao bem jurídico 
 A execução se dá quando o bem jurídico é 
atacado; 
 Também não tem uma segurança jurídica; 
 
o Teoria objetivo formal (Beling) 
 É a mais adotada pela doutrina, pois dá 
mais segurança jurídica, mas não é a 
teoria mais adotada pela jurisprudência; 
 O ato executório é o ato típico, ou seja, 
quando o agente realiza no todo ou em 
parte a conduta (um dos verbos) prevista 
no núcleo do tipo; 
 Diz-se que o ato é executório quando o 
agente realiza parte ou toda a conduta 
típica que corresponde a realização do 
verbo previsto no núcleo do tipo; 
 Ex: na conduta homicídio, o crime tem 
execução no momento em que o agente 
aperta o gatilho da arma, e tudo o que 
ocorreu antes disso é considerado ato 
preparatório; 
 
o Teoria objetivo material 
 O ato executório seria aquele ato típico 
acrescido dos atos imediatamente 
anteriores, assim considerados na visão 
de um terceiro externo ao fato; 
 É o que o STJ entende, mas esse 
entendimento jurisprudencial é baseado 
em pouquíssimas decisões o mesmo 
assunto; 
 
o Teoria objetivo individual 
 Defendida por Zaffaroni; 
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22 
 
 O início da execução se dá com a pratica 
do fato típico, bem como dos atos 
imediatamente anteriores que 
correspondem ao início da realização e da 
concretização do seu plano de ação do 
autor, tal qual já cria um risco ao bem 
jurídico; 
 Caso que deu origem a essa tese: as 
pessoas alugaram uma casa próxima ao 
Banco Central e cavaram um túnel para 
realizar um assalto, sendo encontrados no 
momento em que ainda cavavam o túnel. 
Cavar um túnel não é ato ilícito, entretanto 
fazia parte do plano de ação do agente. 
(Recurso Especial 1252770); 
 
Ao início da execução, pode ser que haja consumação ou exaurimento do crime; 
 
 Consumação 
 Perfeita correspondência entre a conduta e o tipo, ou 
seja, estão presentes todos os elementos da definição 
legal de crime; 
 Art. 14 CP: Crime consumado I - consumado, quando 
nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal; 
 A não consumação ocorre: 
o Pela vontade do agente; 
o Circunstâncias alheias à vontade do agente; 
 
 Exaurimento 
 O exaurimento não integra o iter criminis; 
 É a obtenção da finalidade última desejada pelo 
agente com a prática da conduta típica; 
 Ex: Suzane Von Richthofen matou os pais para ficar com 
a herança; o homicídio dos pais foi consumado, mas a 
aquisição da herança, que era o objetivo do crime, não 
foi exaurido; 
 Ex: João rouba um livro de Penal da livraria para tirar dez 
na prova; o crime foi consumado, mas não foi exaurido, 
pois João tirou zero na prova; 
 
 
 Crime tentado 
o Art. 14 CP: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem 
todos os elementos de sua definição legal; 
o Quando se inicia a execução do crime e uma circunstância alheia à 
vontade do agente impede que o crime venha a se concretizar; 
o Art. 14 CP: Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, 
não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente; 
o Requisitos: 
 1. Início de execução; 
 2. Ausência de consumação: ou o crime está consumado ou o 
crime está tentado. A tentativa é uma realização incompleta do 
tipo; 
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 3. De natureza subjetiva: a tentativa se dá por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. Isso porque existe uma vontade de 
consumar, mas por outros motivos não se consuma. O dolo, 
tanto da tentativa quanto do crime consumado, é o mesmo; 
 
o Tentativa imperfeita 
 Ocorre quando há início de execução e essa execução é 
interrompida, fazendo com que o agente fique impedido de 
prosseguir na execução do crime; 
 O agente não esgotou o potencial lesivo considerado necessário 
para a consumação; 
 Realização interrompida do plano do agente; 
 
o Tentativa perfeita 
 Também chamada de crime falho; 
 Realização integral do plano do agente; 
 O agente esgotou o potencial lesivo considerado necessário 
para a consumação; 
 Ex: João, do décimo andar, joga um vaso de planta visando 
acertar a cabeça de Pedro, que está andando pela avenida. 
João, portanto, executou o crime; 
 
o Tentativa branca ou incruenta 
 Uma modalidade de crime tentado em que o bem jurídico sequer 
é atingido pela conduta do agente; 
 
o Tentativa vermelha ou cruenta 
 É chamada de tentativa vermelha, porque há derramamento de 
sangue; 
 
 
 
 Crimes que não admitem tentativa 
 
o 1. Não existe tentativa de crime culposo; 
 É logicamente incompatível, pois na tentativa não ocorre o 
resultado desejado e por outro lado, no crime culposo o 
resultado ocorrido não é desejado. Não é possível tentar 
cometer um crime que o agente não quer cometer. A única 
possibilidade é a culpa decorrente de equiparação por erro de 
tipo; 
 
o 2. Não existe tentativa de crime preterdoloso; 
 No preterdolo, ocorre um resultado além do desejado. Na 
tentativa, por sua vez, ocorre um resultado aquém do desejado. 
Não é possível tentar fazer algo além do que se pretende fazer. 
Ainda, no preterdolo, a segunda modalidade é culposa, que 
também não admite tentativa; 
 
o 3. Não existe tentativa de crime omissivo puro 
 Não é possível tentar não fazer. Porque ou você faz e consuma 
o crime, ou você faz e não há crime; 
 Exemplo: João está se afogando e Pedro está apenas olhando. 
João, quando Paulo está há muito tempo na piscina, resolve 
ajudá-lo, mas já é muito tarde e João está morto. Então, 
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24 
 
consuma-se o crime. Caso João tivesse ajudado Pedro, não 
haveria crime; 
 
o 4. Não cabe tentativa de contravenção penal 
 O art. 4º da Lei de Contravenções Penais diz que não cabe 
tentativa de contravenção. É um critério do legislador; 
 
o 5. Não cabe tentativa de crime habitual 
 O crime habitual só está consumado com a reiteração da prática 
de atos no mesmo sentido; 
 Nesses casos, ou a reiteração é suficiente e consuma o crime, 
ou a reiteração não é suficiente para ter o hábito e não é crime; 
 
o 6. Não cabe tentativa de crimes de atentado 
 Crimes de atentado são os crimes que o legislador equipara 
forma consumada com forma tentada; 
 
o 7. Não cabe tentativa de crime unissubsistente 
 É aquele crime cuja execução não pode ser fracionada, então 
não cabe tentativa. O início da execução se confunde com a 
própria consumação; 
 Ex: qualquer crime de ordem verbal é unissubsistente, então 
não cabe tentativa; 
 
o 8. Não cabe tentativa de participação em suicídio 
 Art. 122 CP: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, 
se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave; 
 
 
 
 
Aula 10 
 
 Crime tentado 
 
o Quando à pena, existem duas teorias sobre o crime tentado. 
 Teoria subjetiva: o crime tentado deveria ter a mesma pena do 
crime consumado, já que a intenção é a mesma; 
 Teoria objetiva: é a teoria que prevalece, que está expressa no 
Art. 14 do Código Penal. Quanto mais perto de consumar o 
crime, menor a redução, ou seja, quanto maior o dano, mais a 
ação vai ser equiparada à consumação do crime. 
 Desistência voluntária 
o Ocorre quando o agente dá início à execução e voluntariamente desiste 
de prosseguir; 
Art. 14, Código Penal – Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente 
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
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o Na tentativa imperfeita, o agente não conseguiu produzir a execução 
por uma circunstância alheia à sua vontade. Já na desistência 
voluntária, é possível a execução, mas não há mais vontade de 
proceder; 
 
 
 Arrependimento eficaz 
o O agente já praticou todos os atos executórios que queria e podia, mas 
após isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por 
impedir a consumação do resultado; 
 
 Arrependimento posterior 
o O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime, pois esse 
já se consumou, mas é causa obrigatória de diminuição da pena. 
Ocorre quando, nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à 
pessoa, o agente, até o recebimento da denúncia ou queixa, repara o 
dano provocado ou restitui a coisa; 
o O arrependimento é posterior à consumação e pode ser uma causa de 
diminuição de pena; 
 
1. Consumação 
2. Reparar o dano ou restituir a coisa; 
3. Ato voluntário; 
4. Sem violência ou grave ameaça à pessoa; 
5. Até o recebimento da denúncia; 
 
 
 Crime impossível 
o O agente inicia a execução do delito, mas o objeto utilizado para esse é 
ilícito, portanto o crime jamais se consumaria em hipótese nenhuma; 
 
 
 
 
Aula 11 
 
 Crime impossível 
o Também chamado de tentativa inidônea, ou seja, uma tentativa que 
jamais poderia alcançar o resultado; 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o 
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a 
pena será reduzida de um a dois terços. 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
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o Flagrante preparado (STF Súmula 145): ocorre quando a polícia ou 
alguém monitorado ou em comum acordo com a polícia, induz ou 
instiga uma pessoa a praticar um ilícito penal cercando-se, 
assegurando-se de todos os meios para impedir que o crime venha a se 
consumar. O flagrante preparado é um tipo de armadilha para o 
criminoso, induzindo o criminoso a pratica do crime, para no momento 
em que este seja praticado, o sujeito seja pego em flagrante. Segundo 
o Supremo Tribunal Federal, o flagrante preparado configura-se 
como crime impossível. 
 Texto da súmula: não há crime quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação; 
 
o O flagrante esperado, por sua vez, não ocorre induzimento ou 
instigação da polícia para o sujeito cometer o crime, apenas realiza uma 
ação controlada. Por exemplo, a polícia monitora a conversa de 
traficantes por meio de interceptação telefônica, e fica a pronta espera 
no local marcado por eles para entrega da mercadoria. Esse flagrante 
não configura crime impossível; 
 
o STJ Súmula 567: alguns doutrinadores sustentavam que crimes 
realizados em estabelecimentos com câmera de segurança seriam 
impossíveis, pois o sujeito jamais conseguiria consumar aqueledelito. 
Entretanto, atualmente o STJ entende que esse crime não é impossível. 
Isso porque a ineficácia e a impropriedade do meio não é absoluta; 
 Texto da súmula: sistema de vigilância realizado por 
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no 
interior do estabelecimento comercial, por si só, não torna 
impossível a configuração do crime de furto; 
 
 Crime putativo 
o O crime putativo é um crime suposto. Consiste em um comportamento 
que o sujeito pensa que está previsto na ordem jurídica como crime, 
mas na realidade da vida jurídica, não tem lei que preveja essa conduta 
como crime; 
o É importante diferenciar o crime putativo do crime impossível. O crime 
impossível é quando o crime existe na cabeça do agente, mas não 
ocorre na realidade porque o agente incide em erro sobre alguma 
circunstância de fato, relativa ao meio ou ao objeto. Já o crime putativo, 
por sua vez, é aquela conduta que o sujeito pensa que é criminosa, 
mas não está prevista em lei como crime; 
 
 
 Antijuridicidade (ilicitude) 
o É um juízo de não conformidade entre uma conduta típica e o 
ordenamento jurídico. É quando uma determinada conduta é contraria 
ao Direito, ela não está de acordo com as regras jurídica, violando uma 
determinada norma jurídica, sendo uma conduta ilícita. 
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o O juízo de tipicidade realiza a pretensão de ilegalidade e a pretensão de 
ofensividade. Descreve a conduta prevista em lei como crime que 
ofende ou expõe ao perigo um bem jurídico tutelado pelo Direito; 
o Faz-se um juízo de valor para saber a conformidade ou inconformidade 
da conduta típica com o Direito; 
 
o Teoria da independência 
 É a teoria que traz que tipicidade e ilicitude são elementos 
absolutamente independentes, uma não tem nenhuma relação 
com outra. Essa teoria vem do causalismo, mas não é mais 
utilizada atualmente; 
 
o Teoria dos elementos negativos do tipo 
 Surgiu durante a década de 30. Por essa teoria, tipicidade e 
ilicitude integram o mesmo conceito. Ou seja, toda tipicidade 
seria tipicidade ilícita. Toda a prática de um fato típico seria 
contrária ao Direito; 
 Pela teoria dos elementos negativos do tipo, a conduta seria 
formada pelos elementos objetivos (homem/mulher, noite/dia), 
subjetivos (dolo, culpa) e negativos do tipo. Essa teoria não está 
mais em vigência; 
 Os elementos negativos seriam aqueles que, quando 
existem, retiram a natureza, a essência, a característica 
de alguma coisa. Por exemplo, o sol é elemento negativo 
da noite. Se há sol no céu, não há noite, é dia; 
o Exemplo: lesão corporal leve é aquela que não é 
grave nem gravíssima. Grave é aquela que 
incapacita o indivíduo por mais de trinta dias. 
Portanto, a incapacidade por mais de trinta dias é 
elemento negativo da lesão leve. Se essa 
incapacidade estiver presente, retira-se a 
característica de uma lesão leve; 
 
o Teoria da tipicidade como elemento indiciário 
 É a teoria adotada no Direito brasileiro; 
 A tipicidade é um elemento indiciário da ilicitude. A conduta 
típica não seria ilícita quando estiver presente uma causa de 
justificação; 
 Dessa forma, a conduta é típica, mas não é antijurídica 
porque é justificada; 
 Exemplo: matar uma baleia de espécie em extinção, 
seria crime. Entretanto, caso essa baleia estivesse te 
atacando, a legítima defesa seria uma justificação para a 
conduta e esta não seria antijurídica, apenas típica; 
 
o Teoria da tipicidade conglobante 
 É uma teoria de Zaffaroni; 
 Não é adotada pelo Código Penal; 
 Essa teoria entende que os fatos praticados em exercício 
regular de Direito ou em estrito cumprimento do dever legal são 
atípicos, porque não são antinormativos; 
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 O tipo é elemento indiciário da ilicitude. A conduta típica não 
contém a ilicitude; 
 A antijuridicidade ou ilicitude não faz parte do tipo. É quando se 
analise após a conduta, com base no caso concreto, se essa 
conduta é ou não contrária ao Direito; 
 A antinormatividade é um juízo apriorístico, ou seja, um juízo 
anterior à contestação fática de um fenômeno, de ilicitude de 
uma conduta típica. É quando se analisa antes da conduta se 
essa conduta é ou não contrária ao Direito; 
 
 
 
 
 Causas de exclusão da ilicitude 
o São causas que tornam lícita uma conduta típica. 
 
 
o Legais 
 Parte geral 
 Estado de necessidade 
o Sacrificar um bem menor para favorecer um mior. 
Ex: caso dos exploradores de caverna; 
 Legítima defesa 
o Repelir uma agressão com uso de outra, 
moderada; 
 Estrito cumprimento do dever legal 
 Exercício regular do Direito 
o No Direito brasileiro, elas são causas de exclusão 
da ilicitude. Para Zaffaroni, seria causa de 
exclusão de tipicidade; 
 
 Parte especial 
 Artigo 128, CP: duas hipóteses em que o aborto não é 
punível, desde que praticado por médico: 1– Se não há 
outro meio de salvar a vida da gestante; 2– Se a 
gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido do 
consentimento da gestante, ou, quando incapaz, de seu 
representante legal; 
 
 Causas supralegais 
 As causas que não estão previstas em lei, há algumas 
causas de exclusão da ilicitude que são válidas; 
 Um exemplo famoso é o caso do aborto do feto 
anencéfalo; 
 
 
 Consentimento que exclui a tipicidade 
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o Quando o tipo pressupõe expressamente a 
ausência do consentimento, há tipicidade se 
não houve consentimento do ofendido; 
o Existem situações em que o consentimento exclui 
a própria tipicidade, como quando a ausência de 
consentimento for elementar do tipo. É o que 
ocorre no artigo 150 do Código Penal, que 
expressa violação do domicílio. Art. 150 - Entrar 
ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, 
ou contra a vontade expressa ou tácita de quem 
de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências; 
 
 Consentimento que exclui a ilicitude 
o Quando o tipo não faz referência ao 
consentimento do ofendido; 
o Consentimento prévio: o consentimento deve ser 
prévio, antes da conduta; 
o Consentimento válido: é aquele dado pela 
capacidade de discernimento e disposição 
daquele bem jurídico; 
o O consentimento deve ser feito em relação à um 
bem jurídico disponível, do qual o indivíduo possa 
dispor. Os bens jurídicos individuais, patrimoniais, 
são disponíveis; 
 
 
 
Aula 12 
 
 Causas de exclusão da ilicitude 
 
 Estado de necessidade 
o Causa clássica de exclusão de ilicitude; 
o Prática de um fato típico que não será antijurídico, porque a pessoa 
está em estado de necessidade; expresso no Art. 24, CP; 
o É uma situação em que existem dois bens jurídicos em conflito: um bem 
que está em situação em perigo e a única forma de salvá-lo é 
sacrificando outro bem jurídico, por intermédio de uma conduta típica; 
 Exemplo: Pedro está sendo atacada por um animal em extinção, 
e João atira e mata esse animal para defender Pedro, para 
proteger o bem jurídico (vida de Pedro), excluindo assim a 
Art. 24 - Estado de necessidade. Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade 
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem 
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, 
não era razoável exigir-se. 
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ilicitude. Não configura legítima defesa configura agente 
humano, ação humana; 
 Exemplo: no caso do incêndio na Boate Kiss, as pessoas 
estavam passando por cima das outras parasalvar a sua vida. 
Isso é estado de necessidade; 
 
 
 Requisitos 
 
o Para que haja estado de necessidade, é preciso que haja perigo. Por 
sua vez, perigo é o dano provável, não o dano possível; 
 
o Para que haja estado de necessidade, o perigo deve ser atual. O perigo 
atual é o dano iminente, ou seja, a situação de perigo deve estar 
presente naquele momento; 
 
 
 Uma situação de perigo atual é quando o risco ao bem jurídico 
está presente no estado de necessidade. O perigo é atual e o 
dano é eminente como consequência desse perigo; 
 
 Estado de necessidade real: a situação de perigo 
efetivamente existe; 
 Estado de necessidade putativo: a situação de perigo 
não existe de fato, apenas na imaginação do agente. O 
agente incorre em erro se for um erro escusável, quando 
ele não tem como saber que a situação de perigo é da 
sua imaginação. Por sua vez, quando o erro é 
inexcusável, isso implica que o agente poderia e deveria 
saber que essa situação era apenas na sua imaginação, 
respondendo pelo crime cometido na modalidade 
culposa, havendo previsão em lei; 
 
 
 
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 A situação de perigo não pode ter sido criada voluntariamente 
pelo agente. Isso porque se a situação de perigo fosse criada 
pelo agente, esse agente se tornaria garantidor; 
 
o O sacrifício de outro bem jurídico deve ser: 
 Típico; 
 Inevitável – se há alguma alternativa, o agente não deve ir 
adiante; 
 Razoável (Teoria Unitária de Estado de necessidade) – o 
sacrifício é razoável quando o bem jurídico reservado é igual ou 
maior que o bem jurídico sacrificado, afastando-se em ambos os 
casos a ilicitude da conduta. No caso de o bem sacrificado ser 
de valor maior que o bem jurídico protegido, o agente responde 
pelo crime, mas tem a sua pena diminuída; 
 Bem jurídico maior: justificante; 
 Bem jurídico igual: exculpante; 
 
 
 Numa situação de estado de necessidade, se há um conflito em 
uma situação de ação ou omissão, em princípio preserva-se as 
coisas no estado em que estão. Ou seja, se Pedro está com 
problemas no rim, ele não pode retirar a forca o rim de João 
alegando estado de necessidade; 
 
 
o Elementos subjetivos 
 O estado de necessidade deve conter um elemento subjetivo. É 
preciso que o agente tenha consciência de estar agindo em 
estado de necessidade. 
 Exemplo: João atira em um animal que está em extinção 
pois quer inserir esse animal em sua coleção pessoal. 
Entretanto, quando o animal cai no chão, João percebe 
que havia uma criança deitada no chão, que estava 
prestes a ser devorada antes do animal ser abatido pelo 
tiro. Se João não sabia disso, ele não pode alegar estado 
de necessidade, pois ele não tinha consciência desse 
fato; 
 
o Estado de necessidade defensivo 
 Quando o agente sacrifica um bem jurídico de quem ocasionou 
a situação de perigo; 
 
o Estado de necessidade agressivo 
 Quando, para salvar o seu bem jurídico, o agente sacrifica bem 
jurídico de um terceiro que não provocou a situação de perigo; 
 
 
 
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Aula 13 
 
 Causas de exclusão da ilicitude 
o A licitude de um fato típico pode ser excluída quanto praticada em 
estado de necessidade, ou seja, um conflito entre bem jurídico a partir 
de que um bem jurídico menos relevante seja sacrificado para que seja 
preservado um bem jurídico mais relevante quando inevitável fazer 
esse sacrifício; 
 
 Legítima defesa 
o Não parte da ideia de perigo. Não é o perigo que legitima o exercício de 
defesa; 
o A legitima defesa é uma repulsa a uma injusta agressão atual ou 
iminente com uso moderado dos meios necessários. É uma das 
exceções que o Direito confere a chamada autotutela. 
o “Não se pode fazer justiça com as próprias mãos. ” Entretanto, na 
legitima defesa a pessoa que está sendo agredida tem o direito de 
repelir essa agressão, mesmo que essa forma de repelir seja um ato 
típico; 
 Art. 25 - Legítima defesa. Art. 25 - Entende-se em legítima 
defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de 
outrem. 
 
o No estado de necessidade, existem dois bens jurídicos que tem 
interesse na preservação do bem jurídico. Enquanto isso, a legítima 
defesa configura o conflito é entre “justo e injusto”; 
 Agressão real – só há exclusão da ilicitude se a agressão for 
real. A agressão suposta ou putativa (decorrente de algum tipo 
de erro) não exclui a ilicitude, mas pode excluir a culpabilidade. 
 Exemplo: João, saindo da faculdade a noite, vê um 
indivíduo de longe pegando algo brilhoso do bolso, e 
pensando ser um assaltante, atira no indivíduo, que mais 
tarde descobre-se ser apenas um celular; 
 Agressão humana – o ataque de um animal, a priori, não 
configura legitima defesa, mas sim estado de necessidade. No 
entanto, se o animal é estimulado ou ordenado por uma pessoa 
a atacar, aí sim seria legitima defesa, pois os animais seriam um 
instrumento utilizado por alguém para o ataque; 
 Agressão injusta – só cabe legitima defesa contra uma 
agressão objetivamente contrária ao Direito. O autor da 
agressão não precisa ser capaz, maior, imputável ou qualquer 
outra coisa, apenas contrária ao Direito; 
 Agressão atual ou iminente – não cabe legitima defesa contra 
agressão passada, isso é vingança. A legitima defesa é repelir 
uma agressão que está acontecendo ou está prestes a 
acontecer (iminente); 
 Exemplo: João bate em Maria e sai andando. Maria, 
caída no chão, pega uma pedra atira contra a cabeça de 
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João, que já está do outro lado da rua. Isso não é 
legitima defesa, pois a agressão já havia acontecido; 
 Agressão dolosa/culposa – a legítima defesa cabe tanto na 
agressão dolosa quanto na agressão culposa; 
 Cabe legítima defesa tanto em direito próprio quanto em 
direito de terceiro – no caso de bem jurídico disponível, se o 
terceiro não quiser ser ajudado, não cabe legitima defesa. 
Apenas pressupõe legítima defesa de terceiro se houver 
consentimento real ou presumido do ofendido. Se o bem jurídico 
for indisponível (vida, por exemplo), não cabe consentimento do 
ofendido, sendo a legitima defesa válida em qualquer 
oportunidade; 
 Conduta típica destinada contra o agressor – diferentemente 
do estado de necessidade, em que o sacrifício pode ser de um 
bem jurídico proveniente da fonte do perigo ou até mesmo de 
um terceiro estranho, a legitima defesa constitui defesa contra a 
agressão, através de uma conduta típica; 
 Uso moderado dos meios necessários – meio necessário 
para repelir uma agressão é aquele meio disponível e suficiente 
para repelir a agressão, que causa menor dano. Além disso, a 
moderação deve ser necessária apenas para cessar a 
agressão, mais que isso é considerada excesso. Deve-se 
analisar as circunstâncias no caso concreto para verificar se 
esses meios eram realmente necessários e se o uso desses 
meios foi moderado. Tanto essa necessidade de usar os meios 
quanto o uso moderado desses meios deve ser analisado no 
uso concreto. 
 Excesso intensivo: quando desde o início, o indivíduo já 
age com excesso; 
 Excesso extensivo: quando a defesa começa como 
legítima, e depois estende essa defesa, chegando ao 
excesso; 
 Possibilidade de fuga – escolher repelir a agressão, sendo que 
é possível fugir dela, não exclui a legítima defesa; 
 
 
 
 
Aula 14 
 
 Causas de exclusão da ilicitude 
 
 Estrito cumprimento do dever legal 
o Não é ilícita a conduta de quem atuaem estrito cumprimento do dever 
legal; 
o Ex: uma autoridade policial tem o dever de prender alguém que está 
praticando determinado ato, se em flagrante; 
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 Exercício regular de Direito 
o Se a lei assegura a um cidadão o exercício regular de uma atividade 
como sendo Direito, essa conduta não pode ser criminosa, ainda que 
formalmente típica; 
o O exercício regular de Direito tutela, por exemplo, a violência esportiva. 
Se João, durante uma partida de futebol da Copa, machuca Pedro, do 
time oposto, João não responde por lesão corporal. O mesmo acontece 
com os lutadores de MMA ou de boxe, eles não respondem por vias de 
fato ou por lesão corporal; 
o Tipicidade conglobante: o estrito cumprimento do dever legal e o 
exercício regular de direito deixarão de ser excludentes de ilicitude e 
serão excludentes de culpabilidade. 
 
 
 Natureza jurídica dos ofendículos 
o São defesas predispostas de determinados bens jurídicos; 
o São ofendículos as cercas elétricas, os cães de guarda, os cacos 
de vidro nos muros, pregos sob os muros, dentre outros meios de 
proteção; 
 
o 1. Tem se entendido que os ofendículos podem ser utilizados, que é 
lícito, desde que sejam em locais de restrito acesso às pessoas; 
 Não se pode, por exemplo, eletrocutar a maçaneta da porta de 
uma casa. Isso porque é um local de fácil acesso, onde 
facilmente uma pessoa por engano ou por equívoco, poderia 
sofrer lesão decorrente disso; 
o 2. Os ofendículos devem ser ostensivos. Não é permitido que esses 
instrumentos sejam colocados em lugares que não podem ser vistos ou 
que não haja um aviso expresso a respeito deles; 
 
 Os ofendículos são instrumentos de legítima defesa ou exercício regular de 
Direito? 
o Primeira corrente: os ofendículos são instrumentos de legitima defesa. 
Não há agressão atual nem iminente na cerca elétrica, por exemplo. 
Entretanto, um cão de guarda só ataca quando há perigo atual ou 
iminente; 
o Segunda corrente: os ofendículos são instrumentos para exercício 
regular do Direito, onde o indivíduo tem direito de estabelecer limites à 
sua propriedade, desde que em um local de estrito acesso e ostensivo;

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