Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
23/07/2014 1 BACTÉRIAS ANAEROBIAS Profª. Drª. Thayza Christina Montenegro Stamford thayza.stamford@ufpe.br / thayzastamford@yahoo.com.br Universidade Federal de Pernambuco 1 OBJETIVOS DA AULA • Características gerais das bactérias anaeróbias • Classificação das bactérias quanto atmosfera gasosa • Classificação das bactérias quanto a utilização do oxigênio • Efeitos tóxicos no oxigênio nos microrganismos anaeróbios • Mecanismos de proteção aos produtos tóxicos do oxigênio • Processo de Fermentação • Principais habitats e distribuição no corpo das bactérias anaeróbias • Infecções exógenas e endógenas por bactérias anaeróbias • Patogenia das infecções por bactérias anaeróbias • Fatores predisponentes para infecções por bactérias anaeróbias • Indícios clínicos e bacteriológicos das infecções por bactérias anaeróbias • Dados clínicos sugestivos das infecções por bactérias anaeróbias • Principais tipos de infecções: Gênero Clostridium • Tratamento das infecções por bactérias anaeróbias • Isolamento e identificação das bactérias anaeróbias 2 23/07/2014 2 ATMOSFERA GASOSA RESPIRAÇÃO É o processo metabólico de obtenção de Energia de moléculas orgânicas, na presença de aceptores de elétrons. 3 ATMOSFERA GASOSA AEROBIOS AEROBIOS/ ANAEROBIOS FACULTATIVOS ANAEROBIOS 4 23/07/2014 3 Utilização do oxigênio •Exigem e utilizam o oxigênio como aceptor final de elétrons. Tensão de O2 21% e alguns até oxigênio hiperbárico. Aeróbios Obrigatórios •Utilizam o oxigênio, mas em baixos teores. Capacidade limitada para respiração e/ou presença de moléculas sensíveis ao oxigênio Microaerófilo •Crescem na presença ou ausência de oxigênio Anaeróbio/Aeróbio Facultativo •Suportam a presença do oxigênio 2-8%, mas não utilizam Aerotolerantes •Não toleram oxigênio em concentração maior do que 0,5%, fermentam. Incapazes de detoxificar os produtos originados no metabolismo do O2 Anaeróbios estritos ou obrigatórios 5 Anaerobias obrigatorias, aerotolerantes ou anaerobias facultativas ausência de citocromos ausência ou pequena quantidade de catalase, peroxidase e superoxido desmutase Microbiota normal da pele e de mucosas Infecções endogenas Infecções mistas Sintetizam lipases, colagenases, proteases, lecitinases Características gerais 6 23/07/2014 4 Toxicidade do O2 para anaeróbios - redução O2 a água Adição de um único elétron à molécula de O2 formando um radical superóxido: O2 + e- O2 - radical superoxido (I) Os radicais hidroxila são produzidos a partir dos radicais superoxido por meio de duas reações: 2 O2 - + 2H+ O2 + H2O2 (II) No segundo passo, os radicais superóxido reagem com o peróxido de hidrogênio na presença de complexos de ferro para formar radicais hidroxila: O2 - + H2O2 O2 + OH -2 + OH- (III) 7 Tóxicidade Causam danos no DNA Destroem componentes lipídicos das células Inativam enzimas essenciais para as atividades metabólicas Bactérias aeróbias e anaeróbias facultativas têm enzimas protetoras Catalase Peroxidase Superoxido dismutase Conceito clássico – toxicidade do O2 nos anaeróbios dependia da ausência destas enzimas protetoras. Espécies reativas do O2 peróxido de hidrogénio radicais hidroxila Anións/radicais superóxido 8 23/07/2014 5 Catalase 1- Esfregar uma alçada da cultura em uma lâmina de vidro e pingar de 2 a 3 gotas de peróxido de hidrogênio 2- Observar o despreendimento de bolhas Mecanismos de proteção O2 9 RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA • molécula orgânica que está sendo metabolizada não é completamente oxidada, • Aceptor final de elétrons é uma substância inorgânica. Ex: NO3 - , SO4 -2, CO3 -2 • Rendimento de ATP é menor do que na respiração aeróbica • Os substratos mais comum são açúcares ou moléculas orgânicas (aa, ac. Orgânico, purinas, pirimidinas) • A fermentação não requer oxigênio nem o ciclo de krebs ou a cadeia transportadora de elétrons 10 23/07/2014 6 11 Os produtos dos processos fermentativos dependem do substrato inicial e incluem ácidos orgânicos, álcoois, cetonas e gases como dióxido de carbono e hidrogênio molecular (H2). Muitos processos fermentativos conduzidos por bactérias são de importância econômica: produção de iogurtes (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus) queijos (bactérias láticas em geral) vinagre (Acetobacter). RESPIRAÇÃO ANAERÓBICA 12 Solo, lagos, rios, pântanos, animais bacilos Gram + esporolados Organismo humano (cavidade oral, Sistema respiratório superior, estômago, intestino delgado e cólon, Sistema urogenital e pele) cocos Gram -/+, Bacilos Gram + não esporolados e bacilos Gram - Habitat anóxicos– bactérias anaeróbias 23/07/2014 7 13 Infecções exógenas (Clássicas) 14 Infecções endógenas Bactérias que fazem parte da flora indígena de determinado órgão, que quando saem do seu habitat originam infecções em outro local onde provocam doença. 23/07/2014 8 Flora anaeróbia Autóctone A principal função da flora autoctone é impedir a colonização e infecção por microrganismos de fontes exógenas. Cocos Gram (-): Vellonella Bacteroides Fusobacterium Porphyromonas Provonella Cocos Gram (+) Peptococcus Peptostreptococcus Bacilos Gram (-) Propionibacterium 16 Vaillonella: boca, Sistema respiratorio, Intestino, Sistema genito-urinario Bacteroides: boca, Sistema respiratorio superior, Vías biliares, Intestino, Genitais externos Fusobacterium: pele e mucosas Propionibacterium: boca, pele e intestino Peptococcus: boca e intestino Peptostreptococcus: Sistema genito-urinario e pele Porphyromonas: boca e sistema genito-urinario Distribuição da flora anaeróbia Autóctone 23/07/2014 9 17 Estas infecções são devidas, principalmente, pela combinação sinérgica de várias espécies de microrganismos que atuam em conjunto A maior parte das infecções anaeróbias se devem por contaminação do tecido pela flora autóctone presente nas mucosas da boca, faringe e sistemas gastrointestinal e geniturinário Patogenia das infecciones anaerobias Geralmente o patógeno não apresenta Fatores de Virulência evidentes Geralmente existem FATORES PREDISPONENTES característicos Geralmente existem DADOS CLÍNICOS SUGESTIVOS 18 FATORES PREDISPONENTES DAS INFECÇÕES POR ANAERÓBIOS 23/07/2014 10 19 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios Gás Liquído aminas biogénicas (putrescina ou cadaverina) 20 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios 23/07/2014 11 21 Dados clínicos SUGESTIVOS de infecções por anaeróbios 22 Principais tratamentos para infecções por bactérias anaeróbias 23/07/2014 12 23 Anaeróbios formadores de esporos- Bacilos gram positivos ● Genero Clostridium: Bacilos Gram positivos microrganismos ubíquos anaeróbios estritos ou aerotolerantes mais de 150 espécies Produzem endosporos Moveis (flagelo) 24 Possui antigeno flagelar (Ag H) Sintetiza toxinas: tetanospasmina (tétano) e tetanolisina (negrose tecidual) Tetano: conhecido desde 1500 a.C. Incidenciamaior no sexo masculino Clostridium tetani 23/07/2014 13 25 Ação da toxina tetanospasmina Aumenta liberação de acetilcolina, diminui níveis de glicina hiper reflexia, espasmos musculares, convulsões 26 Periodo de incubação: media de 7 a 10 dias Manifestacoes clinicas: - disfagia - trismo - riso sardônico - salivação - sudorese - irritabilidade - espasmos Diagnostico: clinico Tétano 23/07/2014 14 27 Tétano Tratamento: sintomático: miorrelaxantes, sedativos, bloqueio neuromuscular, traqueostomia, ventilação mecânica antitoxina desbridamento penicilina G cristalina ou metronidazol ou clindamicina Prevenção: Vacinação- toxoide limpar os ferimentos com líquidos oxidantes 28 Botulismo Clostridium botulinum É um tipo de intoxicação alimentar. Adquirida por meio de alimentos contaminados, principalmente em conservas. Podem ocorrer também o botulismo com origem em feridas e colonização intestinal. O contagio é feito através da exposição do ferimento ao agente causador É causado por uma potente neurotoxina de origem protéica. É uma doença grave e de rápida evolução, levando a óbito 30-60% dos casos. São descritos sete tipos de Clostridium botulinum, possuindo então sete tipos de neurotoxinas (A-G). 23/07/2014 15 29 Botulismo: patogênese 30 A Toxina botulínica age seletivamente no final do nervo, inibindo a liberação de acetilcolina e provocando desenervação química reversível. Botulismo: patogênese 23/07/2014 16 31 Botulismo 32 Tratamento Existem antitoxinas que visam a neutralização das toxinas A, B e E. A recuperação requer que as terminações nervosas se regenerem, ocorrendo então lentamente. Pode ocorrer também uma assistência respiratória prolongada. Botulismo Clostridium botulinum 23/07/2014 17 33 São conhecidos sete tipos de toxinas botulínicas sorologicamente distintas e altamente potentes (de A a G). Tipo G: Admite-se estar relacionado com alguns casos de morte súbita Toxina botulinica 34 UTILIZAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA Toxina botulínica do tipo A, é a mais potente e por isso a mais utilizada. Uso estético: Relaxamento de músculos faciais para a diminuição das rugas por desenervação química temporária. 23/07/2014 18 35 UTILIZAÇÕES TERAPÊUTICAS Alguns exemplos de problemas a serem tratados com a toxina botulínica tipo A : -Espasmos distônicos. -Distonia cervical. -Distonia faríngea. -Cãimbra. -Espasmo palpebral -Bruxismo. -Cefaléia -Torcicolo -Tiques. -Lesões esportivas -Síndrome miofacial - Tremores -Estrabismo. 36 COMPLICAÇÕES E CONTRA- INDICAÇÕES Normalmente a toxina botulínica tipo A não apresenta complicações, porém, pode ocorrer reações. Como contra-indicações: infecções ou inflamações nos locais da aplicação, alergia a droga, gestantes ou lactentes, por falta de estudos a respeito O maior fator limitante do uso da toxina botulínica tipo A ainda é o preço das doses. Por ser elevado, não é acessível a todas as classes sociais. 23/07/2014 19 37 Doenca: gangrena gasosa, gastroenterite, intoxicação alimentar, outras Fatores de Virulência: Enzimas degradativas (colagenase, hialuronidase, proteases) Exotoxina (tóxina teta: necrose e hemolise) Enterotoxinas (perda de água e eletrólitos) Clostridium perfringens 38 Período de incubação - de 6 a 24 horas, em geral, de 10-12h Clostridium perfringens Patogenia: Área lesada Ingesta de alimento/água contaminada Germinação dos esporos crescimento (CO2 e H2); síntese de enzimas e toxinas distensão do tecido, interferência no fluxo sanguíneo Anemia hemolítica morte toxemia 23/07/2014 20 39 Manifestações clinicas: secreção de odor fétido necrose progressiva febre choque Diagnostico laboratorial: Bacterioscopia Cultura Clostridium perfringens 40 Tratamento: desbridamento amputação antitoxina oxigênio hiperbárico penicilina ou metronidazol ou clindamicina Clostridium perfringens 23/07/2014 21 41 Microbiota intestinal Doença: colite pseudomembranosa Fator de Virulência: toxinas Manifestações clinicas: diarreia aquosa ou sanguinolenta cólicas abdominais febre Clostridium difficilis Diarreia associada a antimicrobianos 42 Clostridium difficilis Incidência 23/07/2014 22 43 Diagnostico: bacterioscopia detecção de toxinas nas fezes endoscopia Tratamento: rever antibioticoterapia reposição de agua e eletrólitos Clostridium difficilis 44 PREVENÇÃO: Evitar exposição 23/07/2014 23 Isolamento de Anaeróbios – Espécimes a serem pesquisados Lesões associadas ao trato gastrointestinal ou genital feminino. Septicemia. Infecções crônicas do trato respiratório superior (sinusites, otite média). Lesão supurativa do trato respiratório inferior- pneumonia Meningites associadas com infecções crônicas do trato respiratório superior (fluido cérebro-espinal). Abscessos superficiais e profundos (cerebral). Infecções dentais/periodontais. Lesões por queimaduras e mordidas. 45 DIFICULDADES NO ESTUDO DA MICROBIOTA ANAERÓBIA Técnicas de coleta, transporte e processamento Volume do espécime Diluente e homogeneização do espécime Meios seletivos e não seletivos, suplementados Microbiota associada à mucosa Variações da dieta, e variação dia a dia da amostragem Interferência de Antimicrobianos. 46 23/07/2014 24 Crescimento de anaeróbios em laboratório 47 48 23/07/2014 25 tubos contendo tampas seladoras 49 Portagel – Gel que tem um indicador de atmosfera que muda para azul. tioglicolato de sódio Enzima oxidase 50 23/07/2014 26 Ideal para amostras provenientes de periodontites, abscessos, tratamento radicular Inserção do swab (lado) ou do cone de papel (abaixo) no interior do meio de cultura pré-reduzido Ideal para amostras provenientes da saliva e placa periodontal 51 Meios e soluções 52 23/07/2014 27 53 Devem ser transportadas a 37ªC, evitar refrigeração- inativa algumas bactérias 54 23/07/2014 28 55 56 23/07/2014 29 Cultivo de anaerobios BD GasPak™ EZ Anaerobic Pouch System Gaspak ez jarra retangular para 15 placas 57 Câmaras de anaerobiose Controla a atmosfera [H2] ou [CO2] 58 23/07/2014 30 Testes presuntivos Coloração de GRAM: morfologia celular Morfologia colonial Pigmentação natural ou a luz UV F. nucleatun B. fragilis 59 60 A maior parte das infecções por anaeróbios são mistas; Coloração do Gram é pouco sensível; A maior parte das bactérias anaeróbias são pleomórficas Coloração de gram 23/07/2014 31 Cultura pura de bactéria produtora de pigmento negro Área de dupla hemólise C. perfringens A. israelii Meio fluido Tioglicolato Aparência de migalha de pão61 Testes definitivos 62 Aspectos bioquímicos e Fisiológicos Imunológicos- EIA (métodos imunoenzimáticos) Detecção toxina A e B do C. difficile – maior valor. Cromatografia gasosa Biologia molecular: sondas, PCR, sequenciamento Susceptibilidade a drogas antimicrobianas colistina, vancomicina, kanamicina, metronidazol 23/07/2014 32 63 Sistema Mini-API 32-A (bioMérieux) 64 Cromatógrafo gasoso A variedade de bactérias, em conjunto com a existência de material purulento, faz com que este método seja pouco sensível. Sendo também dispendioso, não é utilizado no diagnóstico de anaeróbios. Contudo, tem algum valor nas infecções do Sangue, pois estas são normalmente monomicrobianas. métodos de referência para a identificação de isolados em meio de cultura 23/07/2014 33 65 Características fenotípicas Estabilidade influenciada pela pressão seletiva do meio ambiente Identificação pouco precisa ou específica CARACTERIZAÇÃO MICROBIANA 66 REA: análise com enzima de restrição Hibridização usando sondas de DNA ou RNA RFLP: polimorfismo tamanho fragmentos restrição Polymerase Chain Reaction (PCR) PFGE: eletroforese gel em campo pulsado Sequenciamento CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR 23/07/2014 34 67 Especificidade e sensibilidade Rapidez e facilidade Detecção e identificação simultâneas Custo Área física Métodos Moleculares PCR- sondas só estão disponíveis para um nº limitado de agentes e não existem sondas de PCR disponibilizadas comercialmente (têm que ser desenhadas pelo próprio laboratório) 68 23/07/2014 35 69
Compartilhar