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PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS CPP (COMUM)

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PROCEDIMENTO COMUM 
 
 
ORDINÁRIO arts. 395 a 
405 do Código de 
Processo Penal. 
 
para apurar os crimes que tenham 
pena máxima em abstrato igual ou 
superior a 4 anos, e para os quais 
não haja previsão de rito especial. 
Exs.: crimes de furto, roubo, 
extorsão, estelionato, estupro, 
tortura, falsificação de documento 
público, corrupção etc.; 
 
 
SUMÁRIO arts. 531 a 
538 do Código de 
Processo Penal, 
 
para os delitos que tenham pena 
máxima superior a 2 anos e inferior 
a 4, e para os quais não haja 
previsão de procedimento especial. 
Exs.: crimes de homicídio culposo, 
tentativa de furto ou de apropriação 
indébita, embriaguez ao volante, 
associação criminosa em sua 
modalidade simples etc.; 
 
 
SUMARÍSSIMO Lei n. 
9.099/95 
 
para a apuração das infrações de 
menor potencial ofensivo, que 
tramitam perante os Juizados 
Especiais Criminais, nos termos do 
art. 98, I, da Constituição Federal. 
São infrações de menor potencial 
as contravenções penais (todas) e 
os crimes cuja pena máxima não 
exceda 2 anos. 
 
ORDINÁRIO 
Tendo em vista o princípio do impulso oficial o juiz, ao receber a denúncia ou queixa, 
determina a adoção do ato seguinte do procedimento que é a citação do acusado. 
Dispõe o art. 396, caput, do Código de Processo Penal que o juiz, ao receber a denúncia 
ou queixa, ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no 
prazo de 10 dias. 
Citação é o ato processual que tem a finalidade de dar conhecimento ao réu da 
existência da ação penal, do teor da acusação, bem como cientificá-lo do prazo 
para a apresentação da resposta escrita. 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
A falta de citação ou vícios insanáveis no ato citatório constituem causas de nulidade 
absoluta do processo (art. 564, III, e, do CPP), salvo se o acusado comparecer em juízo, 
dentro do prazo legal e apresentar a resposta escrita, por ter sido cientificado da 
acusação por outro meio qualquer. 
JURISPRUDÊNCIAA propósito da nulidade pela falta de citação: “Uma vez constatado o 
vício de citação, impõe-se seja anulado o processo a partir do momento em que praticado o 
ato respectivo, expedindo-se, em benefício do paciente, o alvará de soltura. O vício de 
citação é o pior a macular o processo, já que inviabiliza o lídimo direito de defesa” (STF — 
HC 74.577 — Rel. Min. Marco Aurélio — DJU 28.02.1997 — p. 4.066). 
 
A citação pode ser real, ficta ou com hora certa. A real é aquela efetivada por 
mandado, por carta precatória, carta rogatória ou de ordem. Nelas o acusado é citado 
pessoalmente. A citação ficta é aquela feita por edital quando o réu não é localizado 
para citação pessoal. Já a citação com hora certa, inovação trazida ao processo penal 
pela Lei n. 11.719/2008, tem vez quando o réu não é encontrado para citação pessoal, 
porque está se ocultando para não ser citado. 
Citação real ou pessoal 
 
É a regra no processo penal e deve ser sempre tentada antes de se passar à citação ficta 
ou com hora certa, ainda que o acusado não tenha sido localizado na fase do inquérito. 
Esta forma de citação pode se concretizar por diversos instrumentos: a) Citação por 
mandado: “quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver 
ordenado” (art. 351 do CPP). Em suma, tem vez quando o réu reside ou está preso na 
própria Comarca por onde tramita a ação penal. Esta citação é feita por oficial de 
justiça. 
Citação com hora certa 
Nos termos do art. 362 do Código de Processo Penal, verificando que o réu se oculta 
para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação 
com hora certa, na forma estabelecida pela legislação processual civil. 
De acordo com o disposto nos arts. 252 a 254 do Novo Código de Processo Civil, é 
necessário, inicialmente, que o oficial de justiça tenha procurado o acusado em sua 
residência ou domicílio por pelo menos duas vezes, sem encontrá-lo. Nesse caso, o 
oficial, se suspeitar que o réu está se ocultando, deverá intimar qualquer pessoa da 
família do acusado, ou, em sua falta, qualquer vizinho, de que, no dia seguinte, voltará 
a fim de concretizar a citação, em determinada hora, que deverá ser mencionada. 
É importantíssimo salientar que, nos termos do art. 362, parágrafo único, do Código de 
Processo Penal, uma vez completada a citação com hora certa, se o acusado não 
apresentar a resposta escrita no prazo de 10 dias, ser-lhe-á nomeado defensor dativo 
para prosseguir em sua defesa. Em outras palavras, a ação penal não será suspensa, ao 
contrário do que ocorria no regime anterior às modificações da Lei n. 11.719/2008 em 
que o réu era citado por edital se estivesse se ocultando e, por consequência, a ação seria 
suspensa se ele não comparecesse em juízo. 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
Citação ficta 
 
A citação por edital tem vez nas seguintes hipóteses: a) Quando o réu não for 
encontrado para citação pessoal (art. 363, § 1º, do CPP). É necessário que o acusado 
tenha sido procurado em todos os endereços que tenham constado anteriormente nos 
autos, inclusive locais de trabalho e nos números telefônicos existentes, sob pena de 
nulidade da citação por edital. 
b) Quando inacessível o local em que o réu se encontra. Esta situação dificilmente 
ocorre nos dias de hoje, porém, se o oficial de justiça não tem condições de efetuar a 
citação pessoal por ter sido deflagrada uma guerra, por exemplo, e o acusado está em 
local impossível de ser contatado, será necessária a citação por edital para que se 
suspendam o processo e o prazo prescricional nos termos do art. 366 do CPP, até que a 
situação se normalize. 
 
Resposta escrita 
 
Esta resposta, que deve se efetuar no prazo de 10 dias a contar da citação, faz parte da 
defesa técnica do acusado, devendo ser apresentada por advogado. Trata-se de ato 
obrigatório, pois salienta o art. 396-A, § 2º, do CPP que, se o réu não oferecer a 
resposta escrita no referido prazo, por meio de defensor constituído, o juiz deverá 
nomear defensor dativo, que terá novo prazo de 10 dias para apresentá-la a partir da 
data que receber os autos com vista. 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
 
Absolvição sumária 
A absolvição sumária será decretada, nos termos do art. 397 do Código de Processo 
Penal, quando o juiz verificar: 
■ Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato (art. 397, I, do 
CPP) 
Para a decretação da absolvição sumária é necessária a existência de prova que permita 
ao juiz a plena certeza de que o réu agiu em legítima defesa, estado de necessidade, 
estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito. Nesse momento 
processual, havendo dúvida, o juiz deve determinar o prosseguimento do feito para que 
a instrução seja realizada, de modo que, com a coleta das provas em sua presença, possa 
ter melhores condições de apreciar o caso. Se persistir a dúvida, na sentença final 
deverá ser aplicado o princípio in dubio pro reo e o acusado absolvido. 
■ Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, exceto 
inimputabilidade (art. 397, II, do CPP) 
Esse dispositivo também exige prova cabal nesse momento processual de que o sujeito 
agiu em razão de coação moral irresistível, obediência hierárquica de ordem não 
manifestamente ilegal, embriaguez fortuita e completa, erro de proibição etc. 
■ Que o fato narrado evidentemente não constitui crime (art. 397, III, do CPP) 
 
Pode ocorrer, por exemplo, de o promotor, considerando o fato de o indiciado estar 
preso, oferecer imediatamente a denúncia por crime de porteilegal de arma de fogo, 
sem a existência nos autos do laudo de constatação de eficácia da arma. Durante a fase 
da resposta escrita, o laudo é encaminhado e é negativo. O juiz deve absolver 
sumariamente o réu. Do mesmo modo haverá absolvição sumária, se o acusado 
apresentar documento que não havia sido juntado na fase do inquérito, demonstrando 
sua boa-fé em ação que apura crime de estelionato. 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
Note-se que se a narrativa do fato contida na denúncia ou queixa não constitui crime, o 
juiz deve, desde logo, rejeitá-las. A regra da absolvição sumária foi prevista no Código 
de Processo Penal para situações em que a atipicidade decorre de provas juntadas após o 
recebimento da inicial acusatória. 
■ Que ocorreu causa extintiva da punibilidade do agente (art. 397, IV, do CPP) 
 
Houve equívoco do legislador quando estabeleceu que o reconhecimento de causa 
extintiva da punibilidade constitui hipótese de absolvição, pois, neste caso, não há 
análise de mérito, e sim de causa impeditiva; e tanto é assim que o art. 61 do Código de 
Processo Penal permite que o juiz, em qualquer fase do processo, reconheça a extinção 
da punibilidade, agindo, inclusive, de ofício. 
Audiência de instrução, debates e julgamento 
Se o juiz não tiver absolvido sumariamente o acusado, deverá marcar a audiência de 
instrução e julgamento para data não superior a 60 dias (art. 400 do CPP) e ordenará a 
intimação do Ministério Público, do acusado, de seu defensor e, se for o caso, do 
querelante e do assistente de acusação (art. 399 do CPP). 
Na audiência de instrução serão realizados os seguintes atos: 
1) oitiva da vítima; 2) oitiva das testemunhas de acusação; 3) oitiva das 
testemunhas de defesa; 4) interrogatório do réu; 5) oportunidade para 
requerimentos; 6) debates orais; 7) julgamento. 
Oitiva da vítima e testemunhas 
 
Aberta a audiência, o juiz passará a colher os depoimentos. Em primeiro lugar, será 
ouvida a vítima ou as vítimas. Em seguida, serão ouvidas as testemunhas de acusação. 
Por fim, prestarão depoimento as testemunhas de defesa. O art. 400 do Código de 
Processo expressamente exige que os depoimentos ocorram nesta ordem. Assim, se 
faltar alguma testemunha de acusação e o promotor insistir em sua oitiva, o juiz não 
poderá ouvir as testemunhas de defesa que estejam presentes. Deverá redesignar a 
audiência para que primeiro seja ouvida a testemunha de acusação faltante e, somente 
depois, as da defesa. 
De acordo com o art. 401, na instrução poderão ser inquiridas até 8 testemunhas 
arroladas pela acusação e 8, pela defesa, não se incluindo, porém, nessa conta, aquelas 
que não prestam compromisso e as referidas (art. 401, § 1º, do CPP). Não é muito 
lembrar que as testemunhas de acusação devem ter sido arroladas na denúncia ou queixa 
e as de defesa na resposta escrita. 
Após as partes encerrarem suas perguntas, o juiz poderá complementar a inquirição 
sobre pontos que entenda que ainda não foram suficientemente esclarecidos. 
Na sequência, serão efetuadas acareações, se requeridas por alguma das partes e 
deferidas pelo juiz. Na audiência, dependendo do crime, também serão feitos 
reconhecimentos de coisas ou pessoas. 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
Interrogatório 
 
O último ato instrutório é o interrogatório, em que o juiz ouve o réu/querelado acerca 
de sua versão sobre os fatos descritos na denúncia ou queixa, bem como a respeito de 
sua vida pessoal. O interrogatório é constituído de duas partes. A primeira diz respeito 
à pessoa do acusado e a segunda, aos fatos criminosos que lhe foram imputados na 
denúncia ou queixa. Quanto a esta última parte, todavia, o acusado tem o direito de 
permanecer calado e o juiz deve, antes de ouvi-lo, alertá-lo desta prerrogativa e de que o 
silêncio não o prejudicará (arts. 5º, LXIII, da CF e 186 do CPP). 
Requerimento de diligências 
 
Terminado o interrogatório, o Ministério Público, o querelante, o assistente de acusação 
e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de 
circunstâncias ou fatos apurados na instrução (art. 402). 
O próprio juiz pode também determinar, de ofício, a realização de diligência que 
entenda necessária. Com efeito, diz o art. 156, II, do Código de Processo que é facultado 
ao juiz, de ofício, determinar, durante a instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Ordenada a diligência, a audiência será declarada encerrada sem o oferecimento de 
alegações finais orais. Realizada a diligência determinada, as partes oferecerão suas 
alegações finais por memoriais (por escrito), no prazo sucessivo de 5 dias. Em seguida, 
no prazo de 10 dias, o juiz proferirá sentença. 
Debates orais 
 
Caso não haja requerimento de diligência no fim da audiência, ou se eventualmente 
tiverem sido indeferidos os pedidos feitos, o juiz declarará finalizada a instrução e dará 
a palavra às partes para a apresentação oral de alegações finais por 20 minutos, 
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos, 
proferindo, em seguida, a sentença (art. 403 do CPP). 
Sentença 
Apresentados os debates orais em audiência, o juiz pode, de imediato, proferir sentença, 
hipótese em que as partes já saem intimadas, ou chamar os autos à conclusão para 
prolatá-la no prazo de 10 dias. 
Se houver conversão dos debates em memoriais escritos — quer em razão da 
complexidade do fato ou do número excessivo de réus, quer em face da determinação de 
novas diligências —, o juiz também terá 10 dias para proferir sua decisão final. 
 
Comparativo entre as hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa, absolvição 
sumária e absolvição final 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
 
Princípio da correlação 
 
Considerando que o acusado se defende dos fatos criminosos a ele imputados, deve 
existir correlação entre o fato narrado na denúncia ou queixa e o teor da sentença, ou 
seja, o juiz só pode julgar aquilo que está sendo submetido à sua apreciação, não 
podendo extrapolar os limites da acusação com julgamentos ultra e extra petita (além 
ou fora do pedido). É claro, contudo, que em alguns casos o juiz pode reduzir o alcance 
da acusação, desclassificando o delito ou reconhecendo a forma tentada. 
O princípio da correlação está regulamentado no Código de Processo Penal em seus 
arts. 383 e 384 por meio dos institutos conhecidos respectivamente como emendatio e 
mutatio libelli. 
Emendatio libelli 
 
Ao oferecer a denúncia ou queixa, o acusador deve necessariamente descrever um fato 
criminoso e, ao final, dar a ele uma classificação jurídica. O réu, conforme já 
mencionado, defende-se da descrição fática, e não da classificação a ele dada. Assim, 
pode acontecer de o juiz entender efetivamente provado o fato descrito na peça inicial, 
mas discordar da classificação dada pelo acusador. Nessa hipótese, o art. 383 do Código 
de Processo prevê que o juiz pode diretamente condenar o réu na classificação que 
entenda ser a correta, sendo dispensável qualquer formalidade como aditamento da 
denúncia ou queixa. 
É o que se chama de emendatio libelli, que é possível ainda que com a nova 
classificação tenha o juiz de fixar pena mais grave. Ex.: promotor descreve certo fato 
criminoso e o classifica na denúncia como estelionato. O juiz, ao analisar a prova para 
proferir a sentença, verifica que o fato narrado na denúncia foi efetivamente 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
demonstrado, mas entende que referida conduta configura furto mediante fraude. Assim, 
pode condenar o acusado imediatamente por este último crime, mesmo sendo mais 
grave que o estelionato. 
JURISPRUDÊNCIA“1. Hipótese em que o pacientefoi denunciado por três tentativas 
de latrocínio e um roubo, porque teria subtraído o patrimônio de quatro pessoas, 
tentando matar três delas. Ao proferir a sentença, o magistrado de primeiro grau, 
analisando os mesmos fatos, o condenou por quatro tentativas de latrocínio. 2. Se as 
circunstâncias dos delitos narradas na denúncia e consideradas na sentença 
condenatória são as mesmas (subtração de bens de quatro pessoas e tentativa de matar 
três delas), mas apenas a tipificação dos crimes foi alterada, a hipótese é de emendatio 
libelli, nos termos do art. 383 do Código de Processo Penal, não de mutatio libelli (art. 
384, do CPP). 3. É pacífica a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido 
de que o réu defende-se dos fatos narrados na denúncia, não da capitulação legal a eles 
atribuída pelo Ministério Público” (STJ — HC 89.232/SP — 6ª Turma — Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura — DJe 13.09.2010). 
 
Como consequência da emendatio libelli, pode também o juiz reconhecer diretamente 
qualificadoras e causas de aumento de pena descritas na denúncia ou queixa e que, 
por equívoco, não constaram da classificação jurídica. 
 
JURISPRUDÊNCIA1. Inexiste prejuízo à ampla defesa, na decisão do magistrado, que 
ao proferir a decisão condenatória, considera qualificadora contida no texto da 
denúncia. 2. No caso, da análise da exordial acusatória é possível concluir pela 
ocorrência da circunstância qualificadora prevista no § 1º, do art. 159 do CP, apesar de 
a denúncia capitular equivocadamente o delito no caput do mencionado artigo” (STJ — 
REsp 706.437/RS — 6ª Turma — Rel. Min. Og Fernandes — DJe 05.04.2010). 
 
O instituto da emendatio libelli permite até mesmo que o juiz condene o réu por dois 
crimes, cujas descrições constem da denúncia embora o promotor só tenha feita a 
acusação formal por um deles. É o que ocorre, por exemplo, se o promotor narra que 
duas pessoas cometeram tráfico de grande quantia de droga, que foram buscar na 
Bolívia, transportaram de caminhão para São Paulo e estavam vendendo e, ao final da 
denúncia, os acusa apenas pelo crime de tráfico, mas o magistrado, na sentença, os 
condena por este crime e também pelo delito de associação para o tráfico. 
JURISPRUDÊNCIA“1. Dispõe o art. 383, do CPP que o Juiz, sem modificar a 
descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 2. No caso, a 
sentença de primeiro grau entendeu que as condutas do paciente descritas na peça 
acusatória (agir no sentido de receber a droga e transportá-la) configuram os delitos de 
tráfico de drogas e associação para o tráfico, apesar de denunciado somente por este 
último” (STJ — HC 182.342/SP — 5ª Turma — Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho 
— DJe 13.12.2010). 
 
■ Suspensão condicional do processo em razão de emendatio libelli 
Se, em consequência da definição jurídica diversa dada pelo juiz na sentença, houver a 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
possibilidade de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95), o juiz 
dará vista dos autos ao promotor de justiça para que efetue a proposta da suspensão. É o 
que diz o art. 383, § 1º, do CPP. 
Suponha-se que o Ministério Público tenha descrito o fato corretamente na denúncia e o 
classificado como furto mediante fraude, delito cuja pena mínima é de 2 anos e não dá 
direito à suspensão condicional do processo. O Juiz, entretanto, entende que o fato 
narrado e comprovado configura crime de estelionato e considera o réu incurso neste 
crime ao proferir a sentença. Assim, o magistrado deve intimar o Ministério Público 
dessa decisão para que faça a proposta de suspensão ou fundamentadamente a recusa (se 
entender que o réu tem maus antecedentes, por exemplo). Feita a proposta, o acusado e 
seu defensor devem ser notificados para dizer se a aceitam. Se o fizerem, será iniciado o 
período de prova que suspende o processo no estágio em que está. Assim, se for 
revogada posteriormente a suspensão, por exemplo, pelo descumprimento das condições 
impostas, o acusado e seu defensor poderão, ainda, recorrer oportunamente do mérito da 
sentença condenatória. 
Mutatio libelli 
 
O instituto da mutatio libelli pressupõe que, durante a instrução em juízo, surja prova de 
elementar ou circunstância não descrita explícita ou implicitamente na denúncia 
ou queixa. Assim, enquanto na emendatio libelli a descrição fática contida na denúncia 
ou queixa coincide com as provas colhidas durante a instrução, na mutatio há descrição 
de determinado fato, mas as provas apontam que o fato delituoso praticado é diverso. 
Nesta última hipótese, a atual redação do art. 384, caput, do Código de Processo Penal, 
com a redação dada pela Lei n. 11.719/2008, estabelece que o promotor deverá aditar a 
denúncia ou a queixa (na ação privada subsidiária da pública) para que seja efetuada a 
correção. 
Vejamos as seguintes situações: a) a denúncia descreve uma receptação dolosa e a prova 
colhida na audiência demonstra que ocorreu uma receptação culposa. Como a 
modalidade (espécie) de culpa não está descrita na denúncia, torna-se necessário o 
aditamento, mesmo sendo menor a pena da receptação culposa; b) a denúncia descreve 
uma subtração praticada sem violência ou grave ameaça, ou seja, um crime de furto. 
Durante a instrução, todavia, a vítima e as testemunhas dizem que houve agressão como 
meio para a rapina. Essa circunstância não descrita na inicial deve ser objeto de 
aditamento. No caso, a nova definição torna o crime mais grave (roubo). 
JURISPRUDÊNCIA“1. É certo que o réu defende-se dos fatos narrados na denúncia, 
não de sua capitulação legal. Contudo, se circunstâncias elementares do tipo penal de 
tortura não foram descritas na denúncia, que imputava ao paciente a prática de lesões 
corporais graves, fica afastada a hipótese de emendatio libelli. Trata-se de mutatio 
libelli, a qual depende da estrita observância do procedimento previsto no art. 384 do 
Código de Processo Penal. 2. Embora o magistrado, analisando as provas produzidas, 
tenha concluído que a conduta do paciente amolda-se àquela descrita no tipo penal de 
tortura, não poderia tê-lo condenado por tal crime se algumas de suas circunstâncias 
elementares não estavam descritas na inicial acusatória. Era imprescindível que se 
ouvisse o Ministério Público acerca do interesse em aditar a denúncia, sob pena de 
evidente violação do devido processo legal” (STJ — HC 160.940/PE — 6ª Turma — 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura — DJe 26.04.2010) 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
Deverá também ser feito aditamento se a denúncia descrevia crime simples e durante a 
instrução ficou provada alguma qualificadora ou causa de aumento de pena. 
Quando a denúncia descreve crime tentado e fica demonstrado que o crime se 
consumou, faz-se necessário o aditamento, porque a denúncia não descreve o momento 
consumativo. Todavia, se a denúncia imputa um delito consumado e a prova colhida 
demonstra que o crime não passou da esfera da tentativa, não se faz necessário 
aditamento. A respeito da distinção entre emendatio e mutatio libelli, veja-se o seguinte 
julgado: 
JURISPRUDÊNCIA: “Dá-se mutatio libelli sempre que, durante a instrução criminal, 
restar evidenciada a prática de ilícitos cujos dados elementares do tipo não foram 
descritos, nem sequer de modo implícito, na peça de denúncia. Em casos tais, é de se 
oportunizar aos acusados a impugnação também desses novos dados factuais, em 
homenagem à garantia constitucional da ampla defesa. Verifica-se emendatio libelli 
naqueles casos em que os fatos descritos na denúncia são iguais aos considerados na 
sentença, diferindo, apenas, a qualificação jurídica sobre eles(fatos) incidente. 
Ocorrendo emendatio libelli, não há que se cogitar de nova abertura de vista à defesa, 
pois o réu deve se defender dos fatos que lhe são imputados, e não das respectivas 
definições jurídicas. Sentença condenatória que nada mais fez que dar novo 
enquadramento jurídico aos mesmos fatos constantes da inicial acusatória, razão pela 
qual não há que se exigir abertura de vista à defesa. Ordem denegada” (STF — HC 
87.503 — Tribunal Pleno — Rel. Min. Carlos Britto — DJ 18.08.2006 — p. 19). 
 
■ Suspensão condicional do processo em razão da mutatio libelli 
 
Se, em razão do aditamento, passar a ser possível a suspensão condicional do processo 
(art. 89 da Lei n. 9.099/95), o próprio representante do Ministério Público deverá 
efetuar a proposta que, uma vez aceita pelo réu e homologada pelo juiz, obstará o 
prosseguimento do feito, que só será retomado caso a suspensão seja revogada. 
SUMÁRIO 
De acordo com o art. 394, § 1º, II, do Código de Processo Penal, o rito sumário é 
reservado aos delitos que tenham sanção máxima cominada inferior a 4 anos de pena 
privativa de liberdade. São, entretanto, excluídos desse rito os delitos para os quais haja 
procedimento especial, bem como as infrações de menor potencial ofensivo (crimes 
com pena máxima até 2 anos e contravenções penais), para as quais se adota o rito 
sumaríssimo da Lei n. 9.099/95. 
A bem da verdade, portanto, o rito sumário alcança poucos delitos, pois pressupõe que a 
pena máxima seja superior a 2 anos e inferior a 4 e, ainda, que não exista previsão de 
rito especial. É de lembrar, entretanto, que, em algumas hipóteses será adotado este 
procedimento sumário para a apuração de infrações de menor potencial ofensivo em 
situações específicas previstas na legislação: a) quando o réu não for encontrado para 
citação pessoal no Juizado Especial Criminal, hipótese em que o art. 66, parágrafo 
único, da Lei n. 9.099/95 determina a remessa dos autos ao Juízo comum e o art. 538 do 
CPP impõe expressamente a adoção do rito sumário; b) se o delito de menor potencial 
envolver violência doméstica ou familiar contra a mulher, uma vez que o art. 41 da Lei 
n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) veda a adoção do rito sumaríssimo. 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
O rito sumário está regulamentado nos arts. 531 a 538 do Código de Processo Penal, 
que prevê as seguintes fases procedimentais: 1) recebimento da denúncia ou queixa; 
2) citação do acusado; 3) resposta escrita; 4 ) decisão em torno da absolvição 
sumária ou prosseguimento do feito com a designação de audiência; 5) audiência 
para oitiva de testemunhas, interrogatório, debates e julgamento. 
No rito sumário não existe a fase de requerimento de novas diligências ao término da 
audiência de instrução nem a previsão expressa da possibilidade de conversão dos 
debates orais em memoriais e de o juiz chamar os autos conclusos para sentenciar em 
data posterior à da audiência. A intenção do legislador, em verdade, é a de que a 
audiência seja efetivamente una, sem a possibilidade de conversão do julgamento em 
diligência e com a imediata realização dos debates orais e da prolação da sentença. 
SUMARÍSSIMO 
Conceito de infração de menor potencial ofensivo 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, 
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a 
lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou 
não com multa. 
 
Esse dispositivo teve sua redação dada pela Lei n. 11.313/2006, de modo que, 
atualmente, consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, no âmbito estadual, 
todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não exceda 2 anos (com ou 
sem previsão de multa cumulativa). Essa nova redação, além de aumentar a pena 
máxima para 2 anos — na redação primitiva o montante máximo era de 1 ano —, 
passou, também, a admitir o julgamento no Juizado Especial Criminal de delitos para os 
quais existia previsão legal de rito especial, como, por exemplo, os crimes de abuso de 
autoridade. 
Quanto ao montante da pena, há de se ressalvar que a existência de causa de aumento 
de pena que torne a pena máxima superior a 2 anos exclui a competência do juizado. 
Ex.: crime de lesões corporais culposas na direção de veículo automotor (art. 303 do 
CTB) em que o agente não presta socorro à vítima. A pena máxima do crime é de 2 
anos, mas haverá acréscimo máximo de ½ da pena em razão da omissão de socorro, 
perfazendo um total de 3 anos. Assim, fica afastada a competência do juizado. O mesmo 
não ocorre em relação às agravantes genéricas, uma vez que o reconhecimento destas 
não permite a aplicação da pena acima do máximo legal. 
Princípios processuais dos juizados criminais 
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos 
critérios da oralidade, informalidade, economia processual e 
celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos 
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. 
 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
S – IMPLICIDADE 
O –RALIDADE 
C – ELERIDADE 
I – NFORMALIDADE 
E – CONOMIA 
P – ROCESSUAL 
 
Da audiência preliminar 
 
Esta audiência é realizada no mesmo dia em que cometida a infração de menor potencial 
ofensivo quando o autor da infração for apresentado de imediato ao Juizado após a 
lavratura do termo circunstanciado ou, quando isso não for possível, no dia designado 
pelo juiz após receber o termo. Neste último caso, do mandado de intimação do autor da 
infração deverá constar a necessidade de seu comparecimento acompanhado de 
advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser -lhe-á designado defensor público 
(art. 68 da Lei n. 9.099/95). 
Nos termos do art. 72 da Lei n. 9.099/95 devem estar presentes à audiência o juiz e o 
conciliador, o representante do Ministério Público, o autor da infração e seu defensor 
(constituído ou nomeado pelo juiz para o ato) e a vítima. 
Rito sumaríssimo 
 
Este rito está previsto nos arts. 77 a 81 da Lei n. 9.099/95 e só terá vez caso não tenha 
sido realizada a transação na audiência preliminar, pela ausência do autor da infração, 
pela ausência dos requisitos para a sua propositura ou por não ter o autor da infração 
aceitado a proposta. 
Na Lei 9.099/95 existem três institutos despenalizadores: 
 
A) COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS: Na audiência preliminar o objetivo precípuo 
é a composição dos danos, sendo o primeiro instituto despenalizador. A composição 
civil (acordo entre as partes) geralmente envolve pecúnia. Obtida a composição civil, 
as consequências dependem da natureza da ação penal: 
1. Se for crime de ação penal publica condicionada, a representação do ofendido tem 
como consequência a extinção do direito de representação, ou seja, de extinção de 
punibilidade; 
2. Se for crime de ação penal privada, a composição civil extingue o direito de propor a 
queixa-crime e, por consequência, enseja a extinção da punibilidade; 
3. Se for crime de ação penal pública incondicionada o acordo não tem nenhuma 
consequência penal, ou seja, o acordo realizado entre autor e vítima não tem qualquer 
ingerência frente a opinio delicti ao MP, não ensejando extinção da punibilidade. A 
composição civil, nesse caso, influi tão somente no direito de reparação civil, é 
extrapenal. 
 
B) TRANSAÇÃO PENAL: Na composição civil, o acordo ocorre entre as partes. Já na 
transação penal ocorre um acordo, em regra, entre o MP e o AUTOR DO FATO. A 
transação penal diz respeito à propositura imediata do MP em aplicar pena restritiva de 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
direitos ou pena de multa como condição de não oferecer a denúncia. Parte da doutrina 
afirma que a transação penal cria a verdade ficta no ProcessoPenal Brasileiro. 
 
Importante destacar que a medida aplicada em transação penal não tem natureza de 
pena, visto que nem mesmo existe o processo, ou seja, não houve nem contraditório e 
nem ampla defesa. O entendimento é que a transação penal não caracteriza assunção de 
culpa pelo delito, ou seja, não configura reincidência e não é antecedente criminal, 
conforme anteriormente mencionado. A sentença que homologa a transação penal é 
declaratória, sem qualquer repercussão penal. 
 
C) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: Nos crimes em que a pena 
mínima cominada seja igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o 
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime. Presentes os demais requisitos que autorizariam a 
suspensão condicional da pena, O MP propõe ao réu a suspensão do processo pelo 
prazo de 2 a 4 anos, no entanto, o processo ficará suspenso até que sejam cumpridas as 
condições legais. 
 
Em resumo: Temos três institutos despenalizadores: A composição civil e transação 
penal se dão antes mesmo de iniciado o processo, já a suspensão condicional do 
processo se dá em momento processual, após o juiz receber a denúncia. 
 
Nessas hipóteses, o Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia oral, exceto se 
houver necessidade de realização de novas diligências imprescindíveis. Se a ação for 
privada, poderá ser oferecida queixa oral ou, se a vítima preferir, por escrito, dentro do 
prazo decadencial (art. 77, § 3º, da Lei n. 9.099/95). 
Oferecida denúncia ou queixa oral, elas serão reduzidas a termo na própria audiência 
preliminar e o autor da infração receberá cópia de seu teor, hipótese em que estará 
automaticamente citado. O autor da infração já sairá também ciente da data da nova 
audiência (instrução e julgamento). Sairão igualmente cientes o Ministério Público, o 
ofendido e os defensores. É incabível a citação por edital no Juizado. 
Se os autos forem enviados à Justiça Comum para citação pessoal e o feito tiver 
andamento (por não ter ocorrido hipótese de suspensão do art. 366 do CPP ou por ter 
sido o réu encontrado posteriormente), o recurso contra a sentença ao final proferida 
caberá ao Tribunal de Justiça e não às Turmas Recursais. 
JURISPRUDÊNCIA “A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça firmou-se 
no sentido de que, tendo o feito tramitado no Juízo Comum, ainda que se trate de 
infração de menor potencial ofensivo, competente é o órgão jurisdicional 
hierarquicamente superior, isto é, o Tribunal de Justiça Estadual, para processar e 
julgar a apelação interposta contra sentença condenatória prolatada pelo referido juízo. 
3. Conflito conhecido para declarar competente o Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo” (STJ — CC 91.628/SP — Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura — 3ª Seção 
— julgado em 28.03.2008 — DJe 22.04.2008). 
 
PROCEDIMENTO COMUM 
 
Se houve citação pessoal, no início da audiência de instrução e julgamento no 
Juizado será tentada a composição de danos civis e a transação penal, caso não tenham 
estas sido tentadas anteriormente pelo não comparecimento do autor da infração 
na audiência preliminar. Havendo acordo quanto aos danos e homologação pelo juiz, 
será declarada extinta a punibilidade do agente, desde que se trate de crime de ação 
privada ou pública condicionada à representação. Por sua vez, se houver transação 
penal entre as partes e esta for homologada pelo juiz, será imposta a sanção 
convencionada, deixando o juiz de receber a denúncia. 
Se não houver sucesso na tentativa de transação penal (ou se esta já tinha sido tentada 
frustradamente na audiência preliminar), o juiz declarará aberta a audiência e dará a 
palavra ao defensor para que este responda à acusação. Trata-se, em verdade, de 
sustentação oral do defensor, visando convencer o juiz a rejeitar a denúncia ou queixa. 
Somente após essa sustentação oral é que o juiz as receberá ou rejeitará. Sendo 
rejeitada a denúncia ou a queixa, poderá ser interposta apelação no prazo de 10 dias 
(art. 82, § 1º, da Lei n. 9.099/95). 
Recebida a denúncia ou queixa, o juiz ouvirá inicialmente a vítima. Na sequência 
ouvirá as testemunhas de acusação (arroladas na denúncia) e depois as de defesa (que 
o próprio réu deve trazer à audiência ou apresentar rol em cartório pelo menos 5 dias 
antes de sua realização para que sejam elas notificadas) e, finalmente, interrogará o réu 
ou querelado. 
O juiz, nos termos da lei, poderá indeferir a produção de prova que for considerada 
excessiva, impertinente ou protelatória. 
Como a Lei n. 9.099/95, em sua parte criminal, não mencionou o número máximo de 
testemunhas que as partes podem arrolar, surgiu divergência na doutrina e na 
jurisprudência a respeito do tema: para alguns o número máximo é sempre o de três 
testemunhas, aplicando-se analogicamente o art. 34 da Lei n. 9.099/95, que trata do 
Juizado Especial Cível, e, para outros, o número máximo é o de cinco, por analogia ao 
art. 532 do CPP, que trata do rito sumário. Pensamos que a interpretação correta é a 
primeira, porque prevista na própria Lei n. 9.099/95, não fazendo sentido a analogia 
com o rito sumário, já que se trata de procedimento diverso. 
Em seguida serão realizados os debates orais. A acusação e depois a defesa terão 20 
minutos, prorrogáveis por mais 10, para apresentar seus argumentos. Na sequência, o 
juiz prolatará a sentença na própria audiência, já saindo intimadas as partes. Ao 
sentenciar o juiz deverá mencionar os elementos de sua convicção, mas será dispensado 
do relatório (art. 81, § 3º, da Lei n. 9.099/95). Eventuais erros materiais poderão ser 
corrigidos de ofício (art. 83, § 3º, da lei). 
De todo o ocorrido em audiência será lavrado termo, assinado pelo juiz e pelas partes, 
contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos.

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