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LIBRAS
AULA 01 – Diferença, Inclusão e Identidade na sociedade contemporânea:
Vamos começar, então, refletindo um pouco sobre a sociedade contemporânea e suas “novas” formas de relacionamento, construção de identidade e preservação da cultura; em especial, as influenciadas pela chamada globalização. Para tal, é necessário que se investiguem as relações entre língua, cultura e sociedade.
ATENÇÃO: A sociedade contemporânea reivindica uma revisão das próprias formas de se pensar a linguagem e o papel e lugar da(s) ciência(s) e política(s) que a tomam como objeto. Nesse sentido, a sociedade é convocada a enfrentar as constantes incompletudes, provocadas por um mundo globalizado, onde o global e o local se interpenetram, e as diferenças não se encaixam na “completude” (Bauman, 2005).
MUNDO MODERNO, COMUNICAÇÃO E IDENTIDADE: As novas formas de relacionamento (através da internet, chat, etc.) e o intercâmbio cultural são significativamente mais velozes e dinâmicos que no passado. Além da internet, o celular é hoje um aparelho quase que indispensável à sobrevivência na sociedade urbana. Este aspecto atinge inclusive as pessoas surdas, cujo uso do celular é bastante freqüente, tendo tornado-se um excelente meio de comunicação para esse grupo social.
Além disso, a própria disciplina que você está fazendo neste exato momento faz parte da evolução tecnológica que permite a comunicação a qualquer hora e em qualquer lugar, como você pode observar no vídeo ao lado.
Através dessas novas relações, o local e o global passaram a se interpenetrar constantemente, dificultando sua identificação e tornando incoerente um conceito de identidade (lingüística e cultural) que seja o mesmo para qualquer indivíduo; em outras palavras, uma identidade que não seja fluida, que seja comum a todos.
Atualmente, a sociedade experimenta certa insatisfação em relação às promessas da modernidade, entre elas, a de igualdade, de liberdade, de paz, etc. Tais promessas não foram cumpridas, o que tem colocado em evidência a fragilidade do mundo moderno e da contemporaneidade.
LINGUA E IDENTIDADE PARA O SURDO: Esse fenômeno da crise de identidade pode ser observado em vários setores da sociedade. Em relação aos surdos e às comunidades sinalizantes não é diferente. Após vários anos de total exclusão, e subjugamento a padrões culturais inerentes a uma vida tipicamente ouvinte, os surdos – conduzidos pelas pesquisas na área da lingüística, da educação e outras – puderam reconhecer-se como seres dotados de uma língua. Suas comunidades lingüísticas apresentam peculiaridades culturais a elas inerentes.
Os surdos passam então a afirmar suas identidades com base, principalmente, em características lingüísticas e culturais. Devido aos longos anos de uma experiência não favorável ao seu reconhecimento, foi necessária a criação de associações diversas, a produção de discurso de defesa e luta, entre outros, que garantissem esse espaço na sociedade.
- Preconceito X Preconceito: muitos surdos passaram a negar veementemente a possibilidade de aprendizado da língua portuguesa, uma vez que, para muitos, isso significaria uma perda de sua “identidade surda”.
- Ouvinte X surdo: o novo olhar da sociedade sobre a surdez, evidentemente, não pode e não deve implicar subordinação, no sentido de se concluir que há comunidade melhor e superior a outra. No entanto, não se pode esquecer que a categoria “surdo” tem significado construído a partir da oposição “ouvinte” e vice-versa. Mesmo que se possa admitir diferentes dimensões de significados para essas categorias, o que se tem constantemente é que surdos e ouvintes são comumente tomados como um sendo o contrário do outro.
- Surdez e a língua portuguesa: é bom que o surdo autorize a si mesmo a escrever em português, sem medo de perder a identidade. Daí, a necessidade de repensar formas de se discutir “identidade surda” no campo da surdez. Uma coisa é dizer que o surdo tem a libras como L1 (ou língua nativa), outra coisa é, baseado em uma visão biologizante, fazer acreditar que não tem capacidade para aprender língua portuguesa.
- O surdo é a relação familiar: sempre é bom lembrar que surdos são filhos de pais ouvintes e possuem uma família de ouvintes. A despeito do fato de que muitas famílias os renegam ou demoram a aceitá-los como seres capazes, não se pode propor que os surdos simplesmente ignorem a existência de suas bases familiares, sejam elas quais forem.
SURDEZ E IDENTIDADE: A identidade do surdo deve ser construída com base em suas capacidades, em suas peculiaridades lingüístico-culturais. Por isso, alguns estudiosos referem-se aos surdos como sujeitos sinalizantes, usuários de Libras. A questão das identidades se faz, portanto, presente e não pode ser dissociada das experiências da sociedade contemporânea que vive o conflito inerente à fluidez dessas identidades.
ATENÇÃO: Não podemos esquecer que cada surdo tem uma história de vida, que nem todos os surdos dominam a língua de sinais; alguns são oralizados e têm orgulho disso. Isso nos faz refletir sobre o que é ser diferente, e se há alguma coisa chamada “diferença”.
Acredita-se ser de grande relevância tomar a atitude política de referir-se aos surdos, pelos menos àqueles que declaram ter a LIBRAS como L1, com maior freqüência, como “sujeitos sinalizantes”. Este termo não precisaria ser restrito a pessoa surda em si, mas aqueles que por sua história de vida percebem sua identidade construída em um contexto de uso de língua de sinais. Se for um surdo sinalizante, esse sujeito não precisará ter medo de usar a sua própria língua, nem se sentirá incapaz de dominar a língua de outros grupos, mesmo que sejam essas de outra modalidade e que, por isso mesmo, apresentem desafios aparentemente instransponíveis. Esse sujeito não é um surdo deficiente; é um sujeito dotado de capacidade lingüística...
AULA 02 – Especificações da língua de sinais e os parâmetros que regem a formação de sinais e o uso de libras.
O QUE VOCÊ ENTENDE POR GRAMATICA? Quando relembramos nossos tempos de colégio, nos vêm à mente as aulas de língua portuguesa e as “chatices” (pelo menos para a maioria) das regras gramaticais. Colocação pronominal, predicativo do sujeito, oração subordinada substantiva objetiva direta etc. Isso porque entendemos (ou nos foi assim ensinado) que a gramática reduz-se à idéia de “um livro em que se expõem as normas de uso de uma determinada língua”. Mas não é bem assim...
EXPLICAÇÃO EXPANDIDA: Sem maiores aprofundamentos, podemos entender gramática no contexto da capacidade lingüística: todo ser humano é dotado de capacidade lingüística. Em segundo lugar, há que se pensar em gramática como um sistema, mentalmente compartilhado entre os usuários de uma língua, cujo funcionamento e estrutura não dependem de uma educação formal para serem aprendidos. Isto equivale a dizer, por exemplo, que qualquer falante, mesmo alguém considerado analfabeto, possui uma gramática (um conjunto de regras em sua mente), a qual aprendeu no convívio com a sua comunidade lingüística.
A LINGUA DE SINAIS: A língua de sinais, a exemplo de qualquer língua oral, tem uma gramática própria, constituída por um conjunto de regras presente na mente dos seus usuários. Poderemos ter a tendência a acreditar que a língua de sinais seja uma espécie de “língua oral sinalizada”. Em conseqüência disso, acabaremos acreditando que o léxico (dicionário mental), os aspectos sintáticos, semânticos, pragmáticos e quirológicos da LIBRAS constituem um emaranhado de sinais, aleatoriamente utilizados, que mais pareceriam uma língua oral mal falada.
ATENÇÃO: Por isso, podemos afirmar que os surdos, como qualquer ouvinte, possuem uma língua, na medida em que, dotados desta capacidade lingüística, decodificam logicamente o mundo, organizando-o em suas mentes, através dos recursos físicos e mentais dos quais dispõem. Assim, sua capacidade lingüística exterioriza-se, formando uma língua específica que, ao invés de sinais oraise auditivos, usa sinais espaciais e visuais, valendo-se do pleno funcionamento de sua visão, de suas mãos e do restante do corpo como um todo.
BASTA APRENDER OS SINAIS QUE JÁ ESTAMOS NOS COMUNICANDO? Na LIBRAS, os níveis de descrição da língua são os já conhecidos sintático, semântico, pragmático. Em função da língua de sinais usar as mãos como principal canal de manifestação, temos ainda o nível quirológico que diz respeito justamente ao aspecto manual em si.
ATENÇÃO: Desfazendo mitos...
A língua de sinais não é uma língua universal, conforme muitos pensam. Cada país tem a sua própria língua de sinais. Além disso, há variações regionais dentro de cada país. Assim, podemos citar: a ASL (American Sign Language), a LSF (língua de sinais francesa), a Língua de Sinais Urubu Kaapor (Maranhão, Brasil) etc.
COMEÇANDO A COMEÇAR: Uma boa descrição da língua de sinais não pode ser feita, naturalmente, a partir da mesma lógica utilizada para a descrição de línguas orais. Afinal, a modalidade lingüística é totalmente diferente. No entanto, existem parâmetros que regem o uso da língua de sinais. Costuma-se apresentar cinco parâmetros que possibilitam entender a formação dos sinais e as bases para os seus usos durante a produção discursiva. Vamos conhecer esses parâmetros?
Assim, percebeu-se que um sinal é produzido a partir da combinação de elementos espaciais, visuais e motores que determinam o lugar onde as mãos devem estar na hora da produção do sinal, como as mãos devem estar configuradas, para que direção elas devem estar apontando, se devem ou não estar se movimentando e como deve ser feito este movimento. Além disso, é preciso considerar a posição do corpo e a expressão facial que acompanham a produção desse sinal para que ele seja plenamente entendido em seu contexto de produção.
- EXPRESSÃO FACIAL OU CORPORAL: alguns sinais só podem ser diferenciados a partir da observação da expressão facial que acompanha a sua produção de acordo com o contexto discursivo. Em termo de configuração das mãos, de movimentos, ponto de articulação e orientação, os sinais correspondem a palavra e a expressão “triste” e “por exemplo” são praticamente os mesmos. A expressão facial que denota tristeza e pedido é crucial para diferenciá-los no contexto discursivo. 
- CONFIGURAÇÃO DAS MÃOS: trata-se do “formato” que a mão assumirá no momento da produção de sinais. Existem mais de quarenta formatos em que as mãos podem ficar configuradas, além do alfabeto manual.
- PONTO DE ARTICULAÇÃO: mesmo se a configuração das mãos estiver correta, o sinal pode não ser compreendido se, acaso, não for feito no adequado ponto do espaço em relação ao corpo. Sinais correspondentes à palavra “sábado” e “aprender”, embora, tenham a mesma configuração e movimento, são articulados em pontos diferentes em relação ao corpo.
- MOVIMENTO: a produção de um sinal pode exigir um movimento específico ou nenhum tipo de movimento. Isto pode estabelecer diferenças semânticas ou gramaticais. Os números ordinais, por exemplo, diferenciam-se dos cardinais pelo movimento feito em sua produção. O movimento é um parâmetro bastante complexo, pois pode abarcar uma serie de formas e de direções diferentes, identificáveis a partir da maneira (continuo, refreado, de retenção), da freqüência, do tipo (de contato, de contorno) e direcionalidade. 
- ORIENTAÇÃO: no momento da produção dos sinais, as palmas das mãos estão voltadas para uma determinada direção, a essa peculiaridade dá-se o nome de orientação. Essa direção é crucial para determinar, por exemplo, o uso sintático-semântico de alguns verbos. Se considerarmos verbos como “emprestar” e “pedir emprestado”, logo perceberemos que a orientação das mãos determinará o sujeito da ação.
- COMENTÁRIOS: como se pode perceber, o desenvolvimento de habilidades necessárias para atingir fluência na língua de sinais exige a ampliação e a intensificação de competências relativas à consciência corporal. Um usuário de libras precisa perceber para qual direção aponta, como seu corpo está posicionado, aprendendo a dominar os movimentos em favor de uma construção frasal satisfatória para o cumprimento de sua intenção discursiva. Não basta conhecer os sinais, é preciso saber aplicar a eles e ao discurso os parâmetros da língua de sinais.
VER: http://www.acessobrasil.org.br/
http://www.ethnologue.com/
AULA 03 – Políticas lingüísticas e educacionais
INCLUSÃO OU PRECONCEITO? Parece oportuno pensar em que medida políticas (educacionais, lingüísticas...), no afã de defender minorias lingüísticas e preservar a língua, podem ser transformar em práticas sutis de preconceito. Afinal, políticas lingüísticas e políticas de línguas, expressas em leis, projetos de lei e outros tipos documentos oficiais, refletem contextos sócio-históricos e servem não apenas como dado, mas também como pano de fundo para uma discussão sobre o preconceito no contexto brasileiro.
Não é raro detectar, tanto nos discursos sobre o direito à diferença quanto naqueles que procuram proteger grupos sociais, atitudes preconceituosas e certa crença de estarem os seus propositores investidos de autoridade suficiente para avaliar o grau e intensidade do problema do outro. Uma atitude que implicitamente reforça aquelas idéias contra as quais o próprio grupo parece lutar.
PERGUNTAS:
Mas quem pode, e em nome de quem, defender ou avaliar o grau de preconceito vivido pelo outro?
Quem está autorizado a emitir pareceres sobre a pertinência linguística e, até mesmo, a jurisprudência de documentos e leis que visam “defender” a lingua (nacional)?
Como garantir a inclusão de alguém ou algum grupo sem, com isso, provocar a exclusão dos seus ditos opostos?
Quais os critérios éticos, políticos e científicos que, em servindo de norte para essas discussões, garantem uma auto-reflexão crítica que supere qualquer tipo de radicalismo?
Enfim, a luta é de quem em prol de quem?
PERSPECTIVAS DE POLÍTICA LINGUÍSTICA NA SOCIEDADE: Essas são questões que auxiliam a estudar políticas lingüísticas sob o ponto de vista das relações entre sujeito e sociedade na pós-modernidade. Daí, uma discussão sobre a dimensão ética das políticas. É preciso perceber que as políticas também nomeiam e categorizam indivíduos a partir de determinado ponto de vista.
Pretende-se, na perspectiva das políticas lingüísticas, uma ética que ultrapasse a idéia humanitária dos direitos humanos e dos direitos lingüísticos e que permita superar o dualismo do sujeito-ético como vítima e sujeito ético como piedoso (cf. Chauí, 1999). Em outras palavras, a proposição de políticas lingüísticas será eticamente efetiva se acompanhada de ações propositivas em torno do sujeito e da sociedade. Se, ao contrário, decorrer tão somente de consenso sobre a injustiça e preconceito, poderá representar apenas uma forma de “acalmar a consciência”. Muito mais uma forma de “redimir-se de pecados”, de autopunição do que de construir e de viver uma sociedade justa.
 	
Em termos da atuação pedagógica, é bom pensar sobre a necessidade de se estabelecer um olhar sobre os aprendizes que ultrapasse qualquer tipo de hierarquização. Interessa reconhecer a existência de alunos, pesquisadores, sujeitos que não podem se eximir, nem serem eximidos de suas responsabilidades, nem privados de seus direitos. Nesse sentido, deixa-se de lado a lógica de “atendimento ao aluno” e se passa à lógica e à dinâmica de extração e ampliação de suas potencialidades.
Nesse contexto não existiria “o surdo”, “o deficiente”. O problema está em não nos deixarmos levar uma identificação do sujeito feita a partir de uma “deficiência”. Seria negar a surdez enquanto único fator preponderante para identificar um sujeito. O sujeito surdo não é constituído única e exclusivamente de sua surdez, enquanto fato físico. Há milhões de outras facetas nesse sujeito para as quais freqüentemente não se busca olhar.
AULA 04 – Cultura em comunidades sinalizantes
CULTURA SURDA?A sociedade passou a ser apresentada, e continua paulatinamente a ser, à língua, aos hábitos, às diferenças e semelhanças com os ouvintes, às necessidades (educativas) especiais dos sujeitos surdos. Aqueles sujeitos que até então eram vistos como deficientes auditivos limitados em suas capacidades, passam a ser reconhecidos como sujeitos (surdos) complexos, com identidade própria e com um conjunto de hábitos, transmitidos principalmente através da sua língua, ao qual tem se convencionado chamar de “cultura surda”.
Embora bastante recorrente, o termo “cultura surda” ainda é alvo de muita polêmica. Para além da dificuldade habitual de se definir o que é ou não é cultura, os sujeitos surdos estão – quer queiram, quer não - inseridos em uma comunidade ouvinte e convivem com esses ouvintes, trocando experiências diariamente.
Não há um país, estado, cidade ou mesmo bairro de surdos. O que se pode encontrar com facilidade são associações e instituições que constituem uma espécie de reduto das ditas “comunidades surdas”, embora essas comunidades não estejam restritas a esses ambientes, suas atividades e formas de interação.
CULTURA A PARTIR DA RELAÇÃO FAMILIAR: Os sujeitos surdos são, em sua grande maioria, filhos de pais ouvintes. Situação que provoca, por maior a rejeição que tenha sofrido da família ou a falta de conhecimento sobre língua de sinais e surdez, algum tipo de interação com o que é conhecido como “cultura ouvinte”. Há também os casos em que pais surdos têm filhos ouvintes, o que pode provocar um redimensionamento de condutas e valores não no sentido de abandonar ou renegar a “cultura surda”, mas de estabelecer novas relações e interesses em relação à “cultura ouvinte”.
Podem ser identificadas também famílias em que pais surdos têm filhos surdos e todos no núcleo daquela família são usuários e dominam LIBRAS como sendo sua língua materna. Percebe-se mesmo diferença no desempenho lingüístico desses surdos, pois não sofreram tanta influência da língua oral (portuguesa) no processo de aquisição da língua de sinais. Vale lembrar que muitos surdos não têm acesso às associações de surdos nem mesmo à língua de sinais e ainda aprenderam a língua de sinais com o apoio da língua portuguesa escrita ou oral.
ENSINAR LIBRAS OU ENSINAR A FALAR? Muitos surdos são oralizados. Em função do método educativo utilizado durante a sua formação (durante muitos anos optou-se pelo chamado Oralismo nas escolas especializadas), alguns surdos simplesmente não compartilham os mesmos hábitos dos surdos que dominam a língua de sinais.
CULTURA SURDA OU CULTURA DOS SURDOS? Como se pode perceber só pela diversidade existente entre os surdos, uma definição exata sobre o que é “cultura surda” é difícil e mesmo a sua existência ou não é causa de polêmica. Há, inclusive, para alguns pesquisadores diferença entre “cultura surda” e “cultura dos surdos”.
Cultura surda: surge da maneira mais ou menos involuntária, apoiada pelas escolas especializadas da atualidade, mas que ultrapassam o espaço físico, abrangendo o social e imaginário, uma vez que se solidificou a partir da noção de LIBRAS como uma língua igual a outra qualquer.
Cultura dos surdos: a cultura dos surdos surge como tendo sido criada pelas antigas instituições dos surdos que os isolavam e tentavam promover uma “higienização social”.
Libras e outras línguas de sinais: ademais, precisamos nos preocupar com a afirmação “a língua de sinais é a língua da comunidade surda brasileira”, pois – como já mencionado em outras aulas – no Brasil existem surdos que têm como língua materna outra língua de sinais (Urubu-Kaapor) que não a LIBRAS.
Nomenclatura adotada neste curso: daí, optarmos neste curso por utilizar expressões como “sujeito sinalizante”, “sinalizante” (podendo abranger todos os que dominam a língua de sinais e sejam seus usuários assíduos, embora que na maioria das vezes estejamos nos referindo aos surdos que têm a língua de sinais brasileira como língua materna ou L1), “comunidade de sinalizantes”, “cultura de sinalizantes”.
COLOCANDO-SE NO LUGAR DO OUTRO: Bem da verdade, os sujeitos surdos sinalizantes possuem suas próprias estratégias de compartilhar hábitos, valores, a língua e suas variações em ambientes de todos os tipos, inclusive aqueles que seriam pensados como exclusivamente de ouvintes por pessoas que não têm conhecimento da “cultura surda”.
Você já imaginou um sujeito surdo em uma boate ou em um show musical?
A CULTURA SURDA NO COTIDIANO: Já pensou em como é a casa de uma pessoa surda? O que ela precisa fazer para saber se alguém está tocando a campainha da casa? E se o telefone estiver tocando? Será que surdos possuem um telefone? Será que dá para usar um despertador para não perder a hora para o trabalho? Quais as diferenças mais marcantes entre a “cultura surda” e a “cultura ouvinte”? O que seria considerado “falta de educação” para um também o seria para outro?
MOMENTO DIVESÃO: Iremos agora contar uma piada para você. Isso mesmo! Uma piada que envolve ouvintes e um surdo. Obviamente há um quê de preconceito nesta anedota. Ao final, será solicitada uma tarefa a você. Vamos começar?
Um chefão da Máfia descobriu que seu contador havia desviado dez milhões de dólares do caixa. O contador era surdo. Por isto fora admitido, pois nada poderia ouvir e em caso de um eventual processo, não poderia depor como testemunha. Quando o chefão foi dar um arrocho nele sobre os dez milhões de dólares, levou junto sua advogada, que sabia a linguagem de sinais dos surdos-mudos.
O chefão perguntou ao contador: “Onde estão os dez milhões de dólares que você levou?”. A advogada, usando a linguagem dos sinais, transmitiu a pergunta ao contador que logo respondeu (em sinais): “Eu não sei do que vocês estão falando”. A advogada traduziu para o chefão a resposta do contador surdo.
O mafioso sacou uma pistola 45 e encostou-a na testa do contador, gritando: “Pergunte a ele de novo”. A advogada, sinalizando, disse ao infeliz: “Ele vai te matar se você não contar onde está o dinheiro”.
O contador sinalizou em resposta: “OK, vocês venceram, o dinheiro está numa valise marrom de couro, que está enterrada no quintal da casa de meu primo Enzo, no nº 400, da Rua 26, quadra 08, no bairro Projetado”, respondeu em tom assustado.
O mafioso perguntou para advogada: “O que ele disse?”. A advogada respondeu: “Ele disse que não tem medo de otário e que você não é macho o bastante para puxar o gatilho”.
Você leu uma piada que envolve uma situação perigosa para surdos. 
Que tipos de preconceitos ela pode estar sendo apontados e como é vista a relação intérprete - surdo nessa piada? 
Discuta as coerências e incoerência, pensando no cotidiano de surdos, no fórum de discussão da aula 4.
AULA 05 – Aspectos sociolínguisticos da língua de sinais
LÍNGUA E LINGUAGEM: Antes mesmo de falarmos pela primeira vez já possuímos, portanto, um sistema mental através do qual estruturamos nosso pensamento, nosso conhecimento de mundo. Dessa forma, cada povo desenvolve uma língua específica possibilitado pelas infinitas combinações permitidas pelas regras desse sistema inato.
Isso quer dizer que se uma criança nasce no Japão, à faculdade de aprender japonês é a mesma de uma criança que nasce no Brasil. Apenas cada criança irá desenvolver a língua específica do meio em que vive.
Se buscarmos perguntar às pessoas mais próximas o que elas entendem por língua, poderemos encontrar uma variedade de respostas que apontam para visões diferenciadas de língua. Cientificamente, também diversas relações são estabelecidas.
LÍNGUA E SOCIEDADE: Podemos, por isso, estabelecer várias perspectivas para descrever a linguagem que privilegiam alguns de seus aspectos, suas formas de manifestação etc. Podemos, por exemplo, pensar na língua como um meio de comunicação, como uma estrutura, como um valor social, entre outras formas.
EXPLICAÇÃO EXPANDIDA: Nesta aula, ressaltamos os aspectos sociolinguísticos das línguas desinais. Em outras palavras, fazemos referência às relações entre linguagem e sociedade que podem nos ajudar a entender as línguas (de sinais) como valores, produtos de um determinado grupo. Essas possíveis relações nos permitem levantar algumas questões.
ASPECTOS SOCIOLINGUÍSTICOS: veremos alguns aspectos que relacionam a língua à sociedade, a saber: variação linguística, padronização, família de línguas, usuários e minorias linguísticas.
Variação linguística: em portuquês, existem diversas, como a variação histórica (escrevia-se fármacia com [ph], por exemplo) e a variação regional.
Padronização: toda língua passa por um processo de padronização que diz respeito à escolha de uma das suas manifestações dialetais como sendo a representante de todas as outras formas. Isto se dá a partir de critérios sócios-políticos, econômicos e culturais, e não propriamente linguísticos. Além disso, esse processo é facilitado por instrumentos como dicionários, gramáticas, livros, mídia etc. Mas e a língua de sinais? Quais seriam os agentes de padronização da língua de sinais?
Família de línguas: vários tipos de línguas de sinais que apresentam semelhança entre si. O Portuquês, por exemplo, é originado das línguas latinas, que por sua vez são originadas do latim vulgar. Já em relação à LIBRAS, é derivada em parte da língua de sinais francesa, por isso é semelhante a outras línguas de sinais da Europa.
Usuários e minorias linguísticas: se observarmos o fato de os surdos não constituírem um grupo étnico, nós poderíamos tender a não perceber as comunidades sinalizantes como minorias linguísticas. No entanto, se considerarmos a modalidade linguística, a quantidade, os lugares, associações onde se reúnem, teremos uma comunidade linguística específica. Por isso, inclusive, as comunidades sinalizantes conseguem ter uma forma natural e não coercitiva de comunicação.
AULA 06 – Algumas categorias gramaticais da Libras: Pronomes, Advérbios e Adjetivos.
CATEGORIAS GRAMATICAIS: 
EU ESTUDO LIBRAS NA UNIVERSIDADE
EU – classe gramatical: pronome pessoal. Função sintática na frase: sujeito
ESTUDO – classe gramatical: verbo. Função sintática na frase: núcleo do predicado.
LIBRAS – classe gramatical: substantivo (formado a partir de uma sigla). Função sintática: objeto direto (complemento do verbo estudar).
NA UNIVERSIDADE – a) “em”: preposição; “a”: artigo; (em+a=na, uma contração).
 b) “Universidade”: substantivo. Função sintática: adjunto adverbial de lugar 
Em LIBRAS, podemos identificar basicamente as mesmas categorias gramaticais já conhecidas pelo estudo das línguas orais, como pronome, adjetivo, etc. Precisamos no entanto estarmos atentos para as formas de funcionamento e uso de cada uma delas dentro do discurso, pois se trata de uma língua cuja modalidade é viso-espacial. Isso provoca modificações no conceito de cada uma delas.
O SISTEMA PRONOMINAL: O sistema pronominal da língua brasileira de sinais, a exemplo do português, é formado por três pessoas do discurso. Dependendo da configuração de mãos utilizada e de direção para qual aponta no espaço, as pessoas do discurso podem ser especificadas. Podem aparecer tanto no singular quanto no plural.
	Pessoa do discurso
	Singular
	Plural
	Primeira pessoa
	Eu
	Nós
	Segunda pessoa
	Tu/você
	Vós/ você
	Terceira pessoa
	Ele(a)
	Eles(a)
Observação: Lembre-se que pessoa do discurso refere-se à forma pronominal cuja função é a de indicar: a) aquele que fala (emissor); b) para quem fala (destinatário); c) de quem se fala (não faz parte da interlocução).
O SISTEMA PRONOMINAL EM LIBRAS: PRONOMES PESSOAIS
Em LIBRAS, o sujeito da ação pode apontar alternadamente para o interlocutor e para si próprio, mãos formando o número dois, para significar “nós dois”. Da mesma forma, pode-se especificar tanto a primeira quanto a segunda e terceiras pessoas em três pessoas, quatro pessoas, plural, etc. 
Nas frases em LIBRAS o sujeito pode ser omitido (no caso das primeira e segunda pessoas) desde que o contexto possibilite identificá-lo. No caso da terceira pessoa, essa não será apontada se, mesmo estando presente, não for intenção do usuário ressaltar a sua presença por motivos culturais como, por exemplo, isso ser ou não falta de educação.
O SISTEMA PRONOMINAL EM LIBRAS: PRONOMES DEMOSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR
Em termos de sinais utilizados, essas duas categorias não apresentam diferença, sendo possível diferenciá-las apenas a partir do contexto. As relações estabelecidas são as mesmas da norma padrão encontrada em boa parte das línguas orais, a saber: este/isto/aqui, esse/isso/aí, aquele/aquilo/lá.
O SISTEMA PRONOMINAL EM LIBRAS: PRONOMES INTERROGATIVOS
Os pronomes como QUE e QUEM (que + pessoa ou quem) são utilizados no início ou final da frase, dependendo do contexto. QUANDO pode ser especificado em relação ao passado ou ao futuro, dependendo da direção do movimento da mão.
O SISTEMA PRONOMINAL EM LIBRAS: PRONOMES POSSESSIVOS
Os possessivos não apresentam concordância de número (pelo menos não em relação ao objeto) e nem de gênero. Concordam sempre em relação à pessoa do discurso. Eles são: a) “meu”; b) “teu/seu”; c) “dele”; d) “nosso”; e) “vosso”; f) “deles”.
ADVÉRBIO DE TEMPO
São utilizados como uma espécie de marca sintática para indicar o tempo verbal na frase. Em geral, ficam no início da frase.
ADJETIVOS
Não há concordância em relação ao gênero ou ao número. São fundamentais para a formação de classificadores descritivos, assumindo de maneira icônica a qualidade/forma de um objeto. São posicionados na frase logo após o substantivo.
Visite o site http://www.acessobrasil.org.br/libras/ e aprofunde o seu vocabulário.
AULA 07 – Princípios de estruturação de uma sentença em libras
ESTRUTURA DE SENTENÇAS: Para estudar a construção de frases em LIBRAS, é preciso pensar que esta linguagem se estrutura a partir de recursos espaciais e visuais, ou seja, se utiliza do espaço para dar coerência e coesão as palavras que formam a sentença.
Em Libras, encontramos quatro tipos de frases:
Afirmativa
Negativa
Interrogativa
Exclamativa
ENTENDENDO O QUE É ORDEM NA FRASE:
Na lingua portuguesa, as frases seguem a ordem SVO (sujeito-verbo-objeto). Em libras, no entanto, as sentenças nem sempre seguem esta ordem, pois não seguem necessariamente uma seguência linear de ideias. 
EXEMPLO:
TODO PROFESSOR BRASILEIRO FALA PORTUGUÊS
TODO PROFESSOR – classe gramatical: sujeito
FALA – classe gramatical: verbo
PROTUGUÊS – classe gramatical: objeto
A frase acima segue uma ordem: a tal da SVO. Teoricamente, toda frase pronunciada por um falante tende a estar nessa ordem, ainda que ela possa ocorrer invertida também, como: “Um carro eu comprei ontem”. Nesse caso, temos uma organização tópico-comentário.
A organização tópico-comentário é recorrente em LIBRAS. Ela consiste em colocar o tópico no início da frase, seguido de comentário. 
EXEMPLO:
O MACACO GOSTA DE COMER BANANA – em português
COMER BANANA MACACO GOSTA – em LIBRAS.
A frase, em português o macaco gosta de comer banana, ficaria, em libras, comer banana o macaco gosta. O que aconteceu? O tópico da frase passou para o início, invertendo a ordem SVO.
AULA 08 – Categorias gramaticais da Libra: verbos e classificadores
ESTRUTURA DE SENTENÇAS: Em LIBRAS, encontramos categorias gramaticais que também estão presentes nas línguas orais. Sendo assim, na língua dos sinais, encontraremos itens lexicais que podem ser classificados como verbo, advérbio, adjetivo e pronome. A categoria artigo, no entanto, recorrente em inúmeras línguas orais, não existe em LIBRAS.
Embora o conceito atribuído às categorias gramaticais de LIBRAS seja semelhante ao das línguas orais, suas formas de classificação e de funcionamento são diferentes. Portanto, a LIBRAS não pode ser estudada tendo como basea Língua Portuguesa, já que sua gramática é independente da língua oral.
A ordem dos sinais na construção de uma frase em LIBRAS obedece a regras próprias, que refletem a forma de o surdo processar suas idéias tendo como parâmetro a sua percepção visual-espacial da realidade.
INDEPENDÊNCIA SINTÁTICA DO PORTUGUÊS EM RELAÇÃO À LÍNGUA DE LIBRAS:
- Português: Eu irei para casa
- Libras: Eu ir casa (neste caso, a preposição para não é utilizada em Libras porque está incorporada ao verbo).
Tanto em Libras quanto nas línguas orais, a idéia do verbo como ação pode ser mantida, assim como a de que é possível encontrar verbos que exigem ou não determinado tipo de concordância. Existem duas classificações:
- DIRECIONAIS: verbos que tem concordância. A direção do movimento marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto.
- NÃO-DIRECIONAIS: verbos que não tem concordância. Para os verbos não-direcionais, existem duas subclasses: Ancorados no corpo: são verbos que exigem proximidade em relação ao corpo. Os que melhor representam são os de estados cognitivos ou emotivos. A saber: gostar, odiar, pegar, falar, etc.
 Verbos que incorporam o objeto: quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros se modificam para especificar as informações.
A IMPORTÂNCIA DOS CLASSIFICADORES PARA COMUNICAÇÃO DE LIBRAS:
- DEFINIÇÃO DOS CLASSIFICADORES: um classificador (CI) é uma forma que estabelece um tipo de concordância em uma língua. Na língua de Libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mão que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto aos verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito e o objeto que está ligado à ação do verbo.
- OS CLASSIFICADORES COMO ÍCONES: os classificadores, em Libras, são marcadores de concordância de gênero para pessoas, animais ou coisas. Eles são muito importantes, já que ajudam a construir a estrutura sintática por meio de recursos corporais. Muitos classificadores são icônicos. Às vezes, eles se referem ao objeto ou ao ser como um todo. Em outras, se referem somente a uma parte ou característica do ser.
IPC: Durante uma conversa em Libras, os interlocutores, além das linguagens das mãos, fazem uso das expressões do rosto para enfatizar o que está sendo dito. Elas funcionam, portanto, como um recurso para melhorar a comunicação em Libras.
AULA 09 – Compreensão de diálogos
AULA 10 – Literatura em língua de sinais
Você já parou para pensar como quase não existem manifestações artísticas feitas para surdos?
Surdos participam muito pouco das ações culturais na sociedade. Isso ocorre, sobretudo, por causa da falta de acesso deste filão às produções artísticas, já que a maioria das ações culturais tem sua comunicação com o público baseada na oralidade, ou seja, na fala.
Um exemplo importante de iniciativa para aumentar a inclusão cultural deste nicho às manifestações artísticas é a Companhia de Teatro Mãos Livres, que luta para que as barreiras de comunicação sejam minimizadas através de espetáculos produzidos tanto para surdos como para a sociedade ouvinte.
A Companhia de Teatro Mãos Livres surgiu em 2005, a partir de uma prática pedagógica desenvolvida dentro das salas de aula de escolas públicas regulares e especializada cuja metodologia está fundamentada no aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos surdos.
Esta forma de ensino tem sua didática baseada nas linguagens artísticas como a música, o teatro e a dança, que funcionam como estímulos às relações interculturais.
AS NOVAS TECNOLOGIAS PARA SURDOS:
As novas tecnologias permitiram que a informação fosse propagada de forma melhor e mais veloz. As comunidades surdas também se beneficiaram com as novas tecnologias. Além de recursos que ajudam a comunicação deste público com a sociedade ouvinte, as novas tecnologias também possibilitaram que produções de arte e literatura fossem acessadas por este nicho da sociedade.
É fato que as novas tecnologias ajudaram a criar recursos para que surdos	 pudessem ter a chance de melhorar sua qualidade de vida. Com as inovações tecnológicas, veio esperança de aumento da inclusão deste público na sociedade. Veja a notícia a seguir, publicada na Agência Estado:
“A invenção foi testada com sucesso em um bebê portador de deficiência. Ele recebeu o chip aos quatro meses de idade e depois de um ano e meio começou a ouvir e articular palavras. O instituto de Fisiologia Pavlov, em Moscou, anunciou a criação de um chip capaz de fazer com que surdos ouçam sons e aprendam a falar. Implantável no ouvido, ele tem um micro gerador, um amplificador de impulsos elétricos e um microfone sem fios que pode dividir o sinal auditivo em frequências para posterior identificação. A invenção foi testada com sucesso em um bebê portador da deficiência. Ele recebeu o chip aos quatro meses de idade e depois de um ano e meio começou a ouvir e articular palavras. “O chip pode ser utilizado com eficácia para obter coordenação de movimentos em crianças com paralisia cerebral e outras doenças graves”, disse o diretor do projeto Yakov Altman.”
Um ponto a ser pensado é até onde as novas tecnologias irão ajudar a aumentar a inclusão de surdos na sociedade. Sem dúvida, é preciso, sobretudo para os pais, estarem atentos às consequências causadas pelo uso destas tecnologias e ao que é realmente confiável. O aparato tecnológico, usado de forma segura, pode ser o caminho para que os surdos tenham sua inclusão digital aumentada na sociedade.

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