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TEORIA GERAL DO PROCESSO RESUMO AV1/AV2

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Direito Processual como disciplina que instrumentaliza as normas do Direito Material e que cuida de regulamentar uma das funções exercidas com exclusividade pelo Estado que é a atividade jurisdicional.
- Hoje, no Estado Democrático de Direito, espera-se que o magistrado utilize seus inúmeros poderes de forma ponderada e razoável, devendo priorizar a busca de soluções conciliatórias e prestigiar o debate entre as partes.
A partir disso podemos identificar a jurisdição como sendo, simultaneamente, um poder – capacidade de impor suas decisões imperativamente –, uma função – como encargo que o Estado assume de pacificar os conflitos sociais – e uma atividade.
- Não é possível conceber nos dias atuais a atividade jurisdicional divorciada dos princípios constitucionais, em especial os princípios do acesso à justiça e da dignidade da pessoa humana.
- Acesso à justiça é um princípio essencial ao funcionamento do Estado de direito.
efetivo acesso à ordem jurídica justa 
acesso à jurisdição, ou seja, a busca pela intervenção do Poder Judiciário.
- À partir de um conflito de interesses entre duas partes, temos a noção de lide. Caso essa lide seja levada ao Poder Judiciário, ela se transforma numa demanda, e, por via de consequência, o acesso à jurisdição. Caso as partes prefiram que a lide seja resolvida por um árbitro, teremos acesso à justiça, mas não à jurisdição estatal, na medida em que o árbitro tem o poder de resolver o conflito, mas não integra os quadros do Poder Judiciário.
Justiça gratuita: a lei dispensa o jurisdicionado do pagamento de custas, taxas e emolumentos em razão de sua situação de hipossuficiência. A matéria é regulada nos arts. 98 a 102 do CPC/2015.
Assistência jurídica- entendemos a obrigação do Estado de fornecer um advogado (defensor público) para aqueles que desejem ingressar no Judiciário. Isso está previsto no art. 134 CF. 
- Modificação do Código de Processo Civil numa perspectiva reformadora mais consciente, no sentido de aprimorar a técnica e a substância do direito processual como meio essencial para que se permita o acesso à tão proclamada ordem jurídica justa.
- Por Kazuo Watanabe- o direito de acesso à justiça tem como dados elementares: 
a) o direito à informação e ao perfeito conhecimento do direito substancial e à organização de pesquisa permanente, a cargo de especialistas e orientada à aferição constante da adequação entre a ordem jurídica e a realidade socioeconômica do país; 
b) direito de acesso à Justiça adequadamente organizada e formada por juízes inseridos na realidade social e comprometidos com o objetivo de realização da ordem jurídica justa; 
c) direito à pré-ordenação dos instrumentos processuais capazes de promover a efetiva tutela de direitos; 
d) direito à remoção de todos os obstáculos que se anteponham ao acesso efetivo à Justiça com tais características.
Princípios
Acessibilidade- pressupõe a existência de sujeito de direito, com capacidade tanto de estar em juízo como de arcar com os custos financeiros para tanto, e que procedam de forma adequada à utilização dos instrumentos legais judiciais ou extrajudiciais, de tal modo a possibilitar a efetivação de direitos individuais e coletivos.
- Se dá por três elementos, quais sejam o direito à informação enquanto conhecimento dos direitos que se detém e da forma de utilizá-los; a garantia da escolha adequada dos legitimados para propositura das demandas; e, por fim, a redução dos custos financeiros do processo de forma que estes não dificultem ou inibam o acesso à justiça.
Operosidade- que se consubstancia no dever das pessoas que participam da atividade judicial ou extrajudicial de atuarem do modo mais produtivo e empenhado possível a fim de assegurar um efetivo acesso à justiça. Tem aplicação nos campos objetivo e subjetivo. 
- No subjetivo, concretiza-se a partir de uma atuação ética dos sujeitos envolvidos no processo – incluindo os advogados e juízes – que devem sempre colaborar com as atividades direcionadas à democratização do processo. 
- Já no campo objetivo, esse princípio indica a necessidade de utilização dos instrumentos e meios mais eficazes pelas partes, atuando eticamente para otimizar a produtividade, que se relaciona, em última instância, à perfeita conjugação do binômio celeridade-eficiência na constante busca pela verdade real e pela conciliação.
Utilidade- entende-se que o processo deve assegurar ao vencedor tudo aquilo que lhe é de direito, do modo mais rápido e proveitoso possível e com o menor sacrifício para a parte vencida. 
- Para colocar em prática a almejada utilidade do processo, devem ser considerados os seguintes fatores: 
I. a tentativa de conjugação harmoniosa, caso a caso, da segurança e celeridade;
II. a importância da tutela antecipada para o preenchimento de lacuna naquelas situações em que existe um direito líquido e certo e, destarte, não seria razoável aguardar a conclusão do processo; 
III. a priorização permanente da execução específica como único meio de se alcançar a perfeita efetividade da prestação jurisdicional; 
IV. a observância da fungibilidade da execução, uma vez que, sendo o processo um instrumento de realização do direito material, não deve impedir o alcance de resultados práticos que sejam fiéis ao fim objetivado, devido ao tratamento rigoroso de seus institutos ou na defesa cega do princípio da congruência entre o pedido, a sentença e a execução; 
V. ampliação do âmbito de incidência da coisa julgado no plano subjetivo, permitindo que a mesma atinja um maior número de pessoas e, ainda, com maior limite objetivo prático, e, por fim;
VI. não se pode permitir que o processo retroceda a todo tempo em função de alegações processuais que, intencionalmente ou não, impeçam o alcance da verdadeira finalidade do processo, qual seja a justa composição do direito material. Desse modo, é preciso limitar a incidência das nulidades processuais, considerando, sobretudo, a instrumentalidade e a efetividade do processo.
Proporcionalidade- se consubstancia na necessidade de escolha pelo julgador, que constantemente se vê diante de inúmeros dilemas, examinando as possíveis soluções que mais se harmonizem com os princípios informadores do direito, e com os fins que determinado conjunto de regras visa a alcançar, privilegiando, ao final, o interesse mais valioso.
- Segundo Código de Processo Civil- Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
-Inaugurou se a Fase Instrumental, pela qual o processo não seria um fim em si mesmo, mas um instrumento para assegurar direitos. Com isso, surgiram a relativização das nulidades e a liberdade das formas para maior efetividade da decisão judicial.
-Novo CPC- Lei n° 13.105/15 – Institui o novo Código de Processo Civil brasileiro.
- As principais mudanças estruturais do novo CPC:
 a) O Código é dividido em duas partes (geral e especial): na geral se encontra os institutos fundamentais da teoria do processo; na especial encontra-se cinco livros assim intitulados: processo de conhecimento, procedimentos especiais, processo de execução, processo nos tribunais e disposições finais e transitórias.
b) O processo de conhecimento passa a ter um procedimento genérico com rito único, não sendo mais contemplado o rito sumário.
c) Toda a matéria de tutela provisória passa a ser tratada na Parte Geral e as suas modalidades são reorganizadas em urgência (cautelar e antecipatória) e evidência. 
d) O procedimento comum passa a ser enxugado, priorizando a concentração dos atos de defesa na contestação, a realização da audiência de conciliação ou de mediação antes da fluência do prazo da citação, a possibilidade mais ampla de adoção dos precedentes obrigatórios e a redução drástica do número de recursos, sobretudo contra as decisões interlocutórias. 
e) Os institutos do cumprimento de sentença e do processo de execução passam a ser tratados em livros distintos, evitando confusões frequentes no CPC/73, sobretudo após o advento das Leis de 2005 e 2006.
O processo penal brasileiro é regido pelo Decreto-lei n°3.689/41. Nele encontra-se as principais etapas e ferramentas utilizadas pela justiça penal. 
- Como regra, antes da ação penal há o inquérito policial (art. 6° do CPP) para as infrações médias e graves, e o termo circunstanciado para as infrações de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei n° 9.099/95), ou seja, aquelas cuja pena máxima cominada não ultrapassa dois anos.
-Em seguida, temos a ação penal, que pode ser pública ou privada
- Após a decisão condenatória, inaugura-se a etapa da execução penal que será orientada de acordo com o tipo de pena imposto (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou simplesmente uma pena de multa).
- Todo o processo penal brasileiro se orienta pelo princípio da presenção de inocência, ninguém é considerado culpado até que sobrevenha sentença penal condenatória transitada em julgado (ou seja, contra a qual não caiba mais recurso).
O processo trabalhista é regido pelo Decreto n° 5.452/43, conhecido como Consolidação das Leis do Trabalho.
- Rege as relações individuais e coletivas de trabalho, tais quais:
a) empregador: é a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. 
b) empregado: é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. 
c) serviço efetivo: é o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. 
-As relações de trabalho são regidas pelo princípio protetor.
Fontes do Direito Processual
- As fontes de direito em geral podem ser conceituadas como os meios de produção, expressão ou interpretação da norma jurídica. São os meios pelos quais as normas jurídicas são estabelecidas de modo a prover o direito objetivo.
-Fontes formais são aquelas que detêm força vinculante e constituem o próprio direito positivo. 
- A fonte formal do direito processual é a lei lato sensu, que é dotada de coercitividade e considerada a principal forma de expressão do direito.
- a lei é a fonte formal do direito processual em sentido amplo.
- Fonte formal em sentido estrito, a Constituição Federal, que consagra os chamados Princípios Constitucionais Processuais, tais como o Devido Processo Legal, a Ampla Defesa e o Contraditório, a Duração Razoável do Processo, bem como a Isonomia e a Inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos. 
-Fontes Materiais são as que não têm força vinculante nem caráter obrigatório, mas se destinam a revelar e informar o sentido das normas processuais. 
-São dotadas de caráter ético, sociológico, político, histórico, econômico, cultural etc. que, em determinado momento, servem para provocar, justificar e legitimar o ato de criação das normas legais, pois influenciam o legislador que elabora propostas legislativas frutos da observância de valores e interesses sociais.
-Meios Suplementares de Integração da Norma que são aqueles institutos jurídicos destinados a preencher lacunas no ordenamento, que constatadas pelo magistrado, têm de ser preenchidas para que sejam executáveis sob pena de resultar em negativa de prestação jurisdicional (non liquet).
-A jurisprudência, tecnicamente, refere se a um conjunto de decisões dos Tribunais, e não a uma decisão isolada.
- Segundo art.927° NCPC, Os juízes e os tribunais observarão: 
I. as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
II. os enunciados de súmula vinculante; 
III. os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV. os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V. a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
- A preocupação do novo Código de Processo Civil é também com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, evitando pronunciamentos incompatíveis, que possam gerar inseguranças e incertezas.
-Uma vez firmada jurisprudência em certo sentido, esta deve, como norma, ser mantida, salvo se houver relevantes razões recomendando sua alteração.
Normas definidoras de direito e obrigações- normas jurídicas primárias ou materiais. Trata-se do chamado Direito Substantivo. Elas fornecem o critério a ser observado no julgamento de um conflito de interesses. 
-Aplicando as o juiz determina a prevalência da pretensão do demandante ou da resistência do demandado, compondo a lide que envolve as partes. Definem os direitos e as obrigações, mas não lidam com as consequências jurídicas do descumprimento dos deveres. 
Norma do modo de exercício desses direitos- de caráter instrumental, compõem as normas jurídicas secundárias ou processuais. Elas determinam a técnica a ser utilizada no exame do conflito de interesses, disciplinando a participação dos sujeitos do processo, principalmente as partes e o juiz, na construção do procedimento necessário à composição jurisdicional da lide. 
Eficácia espacial das normas processuais: é determinada pelo princípio da territorialidade, conforme expressa o art. 13 do CPC/2015. Determina que a lei processual pátria é aplicada em todo o território brasileiro, não sendo proibida a aplicação da lei processual brasileira fora dos limites nacionais, ficando excluída a possibilidade de aplicação de normas processuais estrangeiras diretamente pelo juiz nacional. 
- Legislador brasileiro, ao tratar da eficácia da norma processual no tempo, optou pelo sistema do isolamento dos atos processuais, segundo o qual a lei nova se aplica imediatamente a todos os atos que forem subsequentes à sua entrada em vigor. 
-Unidade processual, segundo o qual o processo, por ser uma cadeia unitária, só pode ser regulado por uma lei do início ao fim, devendo prevalecer então a anterior, para evitar a retroatividade da posterior. 
- Sistema das fases processuais permite que se aplique uma lei diferente em cada uma das fases processuais, por serem autônomas.
-A lei processual tem aplicação imediata, alcançando os atos a serem realizados e sendo vedada a atribuição de efeito retroativo, para não violar o ato jurídico perfeito (art.14° NCPC)
- Sua vigência de acordo com o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei processual começa a vigorar quarenta e cinco dias após a sua publicação, salvo disposição em contrário, na prática é comum que se estabeleça a vigência imediata, respeitando se o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, em conformidade com o art 5º, XXXVI, da Magna Carta e art. 6º da LINDB.
- Caso haja republicação do texto da Lei durante o período de sua vacatio, por motivo de correção, novo prazo deve ser computado, interrupção. É a regra do art. 1º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
-A vigência de um novo Código sempre traz um grande número de questões de direito intertemporal. (art.1046 NCPC)
- A interpretação constitucional necessita de outros parâmetros, a saber (por Luís Roberto Barroso): 
1. a superioridade hierárquica (nenhuma norma infraconstitucional pode existir validamente se for incompatível com preceito constitucional); 
2. a natureza aberta da linguagem (ordem pública, igualdade perante a lei, dignidade da pessoa humana, razoabilidade proporcionalidade, moralidade); 
3. o conteúdo específico (organização dos Poderes, definição de direitos fundamentais e normas programáticas, estabelecendo princípios ou indicando fins públicos);
 4. o caráter político (a Constituição é o documento que faz a interface entre a política e o direito, entre o poder constituinte e o poder constituído).
- Princípios específicos para a interpretação constitucional, que funcionam como premissas conceituais da interpretação constitucional: 
I. Princípio da supremacia da Constituição; 
II. Princípio da presunção de constitucionalidade dasleis; 
III. Princípio da interpretação conforme a Constituição, o qual é operacionalizado por meio de três grandes mecanismos: a) Adequação do sentido da norma infraconstitucional à Constituição; b) Declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, o que significa a declaração de inconstitucionalidade de um sentido possível da norma, ou, mais tecnicamente, de uma norma extraída de determinado enunciado normativo; c) Declaração da não incidência da norma infraconstitucional a determinada situação de fato, sem declaração de inconstitucionalidade. 
IV. Princípio da unidade; 
V. Princípio da razoabilidade proporcionalidade; 
VI. Princípio da efetividade.
- No conflito entre regras, apenas uma pode prevalecer. Para tanto, são utilizados os métodos: a) temporal (revogação); 
b) hierárquico (invalidação);
c) da especialidade.
- No conflito entre princípios, não se fala em revogação, mas, sim, em ponderação, de forma que dois ou mais podem coexistir, devendo ser aplicados proporcionalmente.
Princípios Processuais no Brasil
Devido processo legal- um dos mais importantes princípios processuais foi introduzido em nosso ordenamento de forma expressa pela Constituição de 1988, em seu art. 5º, LIV, segundo o qual “ninguém será privado da liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal”. 
- Embora a garantia do devido processo legal tenha surgido com índole eminentemente processual, adquiriu depois relevante aspecto de direito material. 
Assim, teríamos dois aspectos distintos: 
a) Substantive due process of law – representando a garantia do trinômio vida, liberdade e propriedade. Não basta a regularidade formal da decisão, é necessário que a decisão seja substancialmente razoável. É dessa garantia que surgem os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; 
b) Procedural due process of law – entendido como garantia do pleno acesso à Justiça (ou, como prefere Kazuo Watanabe, “acesso a uma ordem jurídica justa”). É o direito a ser processado e processar de acordo com as normas previamente estabelecidas para tanto. 
Representa um conjunto de garantias constitucionais destinadas a assegurar às partes a participação, com o exercício de suas faculdades e poderes processuais, bem como a legitimidade do exercício da jurisdição. Decorrem dele outros importantes princípios processuais, como o princípio do contraditório, o da ampla defesa e o da duração razoável do processo, também consagrados em sede constitucional. Será uma "garantia de justiça" e "direito ao serviço jurisdicional corretamente prestado" a partir das normas processuais constitucionais.
- O devido processo traduz a supremacia da lei, base de uma sociedade democrática que protege os direitos fundamentais através da Constituição, evitando que qualquer atitude arbitrária possa restringir seu conteúdo.
- Com o objetivo único e central de garantir o acesso à Justiça através de um processo justo e celebrado com os meios adequados.
- Tem-se por um dos princípios do contraditório e de ampla defesa. Esses princípios impõem que ao longo do procedimento seja observado verdadeiro diálogo, com participação das partes, que é a garantia não apenas de ter ciência de todos os atos processuais, mas de ser ouvido, possibilitando a influência na decisão. Com isso permite que as partes, assim como eventuais interessados, participem ativamente da formação do convencimento do juiz, influindo, por conseguinte, no resultado do processo.
-binômio: a) informação – a regra é ser informado dos atos do juiz e da contraparte;
b) possibilidade de manifestação – abertura de prazo para se pronunciar quanto ao alegado pela contraparte.
- O contraditório pode ser conceituado como a garantia de ciência bilateral dos atos e termos do processo (jurisdicional ou não), com a consequente possibilidade de manifestação sobre eles. 
- deve ser visto sob dois enfoques: a) Jurídico: os fatos alegados e não contestados são tidos como verdadeiros, sendo declarada a revelia do réu. b) Político: assegura às partes a participação na formação do provimento jurisdicional, ou seja, é a possibilidade que o jurisdicionado tem de influir nas decisões que irão repercutir em sua vida.
- O contraditório é consequência do princípio político da participação democrática e pressupõe: 
a) audiência bilateral: adequada e tempestiva notificação do ajuizamento da causa e de todos os atos processuais através de comunicações preferencialmente reais, bem como ampla possibilidade de impugnar e contrariar os atos dos demais sujeitos, de modo que nenhuma questão seja decidida sem essa prévia audiência das partes; 
b) direito de apresentar alegações, propor e produzir provas, participar da produção das provas requeridas pelo adversário ou determinadas de ofício pelo juiz e exigir a adoção de todas as providências que possam ter utilidade na defesa dos seus interesses, de acordo com as circunstâncias da causa e as imposições do direito material; 
c) congruidade dos prazos: os prazos para a prática dos atos processuais, apesar da brevidade, devem ser suficientes, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, para a prática de cada ato da parte com efetivo proveito para a sua defesa; 
d) contraditório eficaz é sempre prévio, anterior a qualquer decisão, devendo a sua postergação ser excepcional e fundamentada na convicção firme da existência do direito do requerente e na cuidadosa ponderação dos interesses em jogo e dos riscos da antecipação ou da postergação da decisão; 
e) o contraditório participativo pressupõe que todos os contra interessados tenham o direito de intervir no processo e exercer amplamente as prerrogativas inerentes ao direito de defesa e que preservem o direito de discutir os efeitos da sentença que tenha sido produzida sem a sua plena participação.
Isonomia: conceito de igualdade formal e negativa, de que o Direito não deve estabelecer diferenças entre os indivíduos, pela igualdade material, por uma Justiça que assegure tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais, na medida de suas diferenças, conforme a máxima aristotélica, constituindo um pilar da democracia. 
- Em âmbito processual, significa restabelecer o equilíbrio entre as partes e possibilitar a sua livre e efetiva participação no processo, como corolário do princípio do devido processo legal. 
- Constitui isonomia assegurar acesso dos menos favorecidos numa condição de igualdade processual com os que têm maior força econômica, política ou social. 
Juiz Natural: A Corte Europeia dos Direitos Humanos entende que a legal constituição do juízo e o direito ao julgamento por um tribunal instituído e submetido à lei é uma garantia essencial, encontrando parâmetro nos países de direito escrito, em que a organização do sistema judiciário não pode ser entregue ao poder discricionário de uma autoridade judiciária, com previsão constitucional no art. 5º, XXXVII e LIII, da Lei Maior, o princípio processual do juiz natural há de ser analisado sob duas vertentes: em relação ao órgão jurisdicional que julgará e à sua imparcialidade.
-Quanto ao órgão julgador, subsiste a garantia de julgamento pelo juiz natural, isto é, pelo juiz competente segundo a Constituição. Significa que a competência para o julgamento deve ser predeterminada pelo Direito. 
- Tem o intuito de: I. evitar os odiosos tribunais de exceção que já se apresentaram nas ditaduras: II. garantir que não haverá nenhum tipo de ingerência na escolha do juiz que julgará a causa.
Inafastabilidade do controle jurisdicional: O direito à tutela jurisdicional é reconhecido na Convenção Europeia de Direitos Humanos como direito essencial que comporta o acesso ao juiz e à coisa julgada, dotando as decisões de força definitiva e obrigatória, sendo um elemento constitutivo da essência do Estado de Direito. 
- Com sede constitucional no art. 5º, XXXV, o referido princípio: 
I. impede que o legislador restrinja o acesso à ordem jurídica ou ao ordenamento justo, bem como II. impõe ao juiz o dever de prestar a jurisdição, isto é, garantir atutela efetiva a quem detenha uma posição jurídica de vantagem, sendo vedado o non liquet III. constitui garantia para as partes que existe ao lado das condições de procedibilidade para o exercício do direito de ação.
-Em sentido político, o princípio coloca sob o controle dos órgãos jurisdicionais todas as crises jurídicas que possam gerar um estado de insatisfação. 
- Não se trata de mera garantia de acesso ao juízo (direito à ação), mas da própria tutela (proteção) jurisdicional (adequada, tempestiva e, principalmente, efetiva) a quem tiver razão. Ou seja, significa o próprio Acesso à Justiça. 
- Sob o acesso à jurisdição, o princípio se impõe como uma garantia fundamental essencial, possibilitando o início da relação processual e permitindo-se invocar a tutela do Estado. O bem individual e o bem comum serão regulados pela função jurisdicional, não podendo o Estado deles afastar o seu controle, sempre motivado a manter o equilíbrio social e econômico das relações. 
Publicidade dos atos processuais: A internacionalização dos direitos fundamentais sugeriu maior consideração de direitos universalmente compreendidos como direitos humanos e elevados à qualidade de essenciais, fazendo com que os Estados entendessem que estes direitos deveriam gozar de maior proteção legal, firmando-se no texto constitucional. 
- São garantias que se destacam, como a independência e imparcialidade do juiz e muito especialmente a garantia de um processo aberto e público, diretamente ligadas ao devido processo legal e que se firmam como conquistas do direito processual civil.
- Inserto nos art. 5º, LX, e 93, IX, CF/88, constitui projeção do direito constitucional à informação e suporte para a efetividade do contraditório, garantindo o controle da sociedade sobre a atividade jurisdicional desenvolvida. A administração da justiça faz parte da Administração Pública, que tem como Princípio a Publicidade (art. 37 da CRFB).
- Em regra, o processo deve ser público e apenas excepcionalmente sigiloso, quando houver expressa previsão legal, notadamente quando a defesa da intimidade ou do interesse público o exigirem. Há uma íntima relação entre os princípios da publicidade e da motivação das decisões judiciais, na medida em que a publicidade torna efetiva a participação no controle das decisões judiciais.
Motivação das decisões judiciais: dispõe o art. 93, IX, CF, todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de serem consideradas nulas de pleno direito. Trata-se de dupla garantia: I. de existir um fundamento e II. de este ser explicitado.
- É garantida às partes, para efeito de segurança das relações jurídicas e controle da atividade jurisdicional, a possibilidade de impugnar aquelas decisões que não estejam devidamente fundamentadas.
Duração razoável do processo: A consagração do direito à duração razoável do processo como um direito fundamental pela Constituição Federal fez com que o princípio deixasse de ser considerado uma subespécie de outros princípios ou mero acessório da efetividade processual. Assim, a efetividade do processo poderá ocorrer, ainda que não realizada num prazo razoável. O princípio da duração razoável do processo é parte do denominado "processo justo", que engloba outros princípios e garantias que regem o processo civil. 
- A razoável duração do processo tem como características: a) universalidade, b) limitabilidade, c) cumulatividade e d) irrenunciabilidade.
Boa-fé e Cooperação: O artigo 5º do NCPC cita que: “aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. Com isso, o princípio da boa-fé é deslocado para o capítulo referente aos princípios e garantias fundamentais do processo civil, impondo a sua observância em todo o procedimento. 
- O artigo 6º, por sua vez, estabelece que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha a solução do processo com efetividade e em tempo razoável”. Parece, portanto, que o legislador infraconstitucional quis adotar definitivamente o modelo cooperativo para o processo civil brasileiro. 
- o Princípio da Cooperação é decorrente dos Princípios da Boa-Fé, da Lealdade e do Contraditório. Esses dois princípios, que tiveram sua incidência inicial no direito privado, já têm a sua inserção nos ramos do direito público como certa, pois o que se espera de qualquer litigante, em qualquer esfera, é que atue de maneira a não frustrar a confiança da outra parte.
- O princípio da boa-fé se manifesta através de ouros dois subprincípios: a proteção da confiança, pela qual se protege a ideia que o sujeito tem sobre determinada coisa, e a prevalência da materialidade subjacente, ou seja, a regra jurídica será aplicada de acordo com as circunstâncias que envolvam o contexto fático. 
- O Princípio da Cooperação também provoca reflexos necessários sobre os procuradores das partes. De fato, não haveria sentido se essas estivessem dispostas a colaborar de forma ampla com o juiz, e seus advogados não, uma vez que estes são os responsáveis por se dirigir, por escrito e oralmente, ao Estado/juiz e exercem atividade essencial para o desenvolvimento do processo.
O Princípio Protetor no Processo do Trabalho: O Estado, seja pela lei, jurisprudência, estabelece frequentemente tratamento desigual entre os sujeitos do processo na intenção de diminuir o abismo que os separa e tenta promover, substancialmente, a igualdade entre ambos. 
-São exemplos de aplicação concreta desse princípio: a) a assistência judiciária prevista tão só para o empregado (art. 14, da Lei nº 5.584/70); 
b) as consequências mais severas para a ausência do réu, via de regra empregador (CLT, artigo 844); 
c) a não aplicação de dispositivos do processo civil que prejudiquem o acesso à justiça pelo empregado (CPC, art. 268, caput, segunda parte; o CPC/2015 tem disposição semelhante, porém aperfeiçoada, no art. 486, § 1º ); 
d) competência territorial fixada para atender aos interesses do empregado (CLT, art. 651, parágrafos 1º a 3º); 
e) inversão do ônus probatório por força da jurisprudência (TST, Súmulas 212 e 338).
O Princípio da Presunção de Inocência no Processo Penal: Esse princípio garante ao acusado, pela prática de uma infração penal, um julgamento minimamente justo. A Constituição de 1988 traz o princípio da presunção de inocência em seu rol de direitos e garantias: “Art. 5 LVII- ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
- As normas constitucionais definidoras de direitos fundamentais são de eficácia e aplicabilidade imediata. 
- De acordo com essa norma, o acusado que cometer uma infração penal tem direito a um processo justo, com a observância das garantias do contraditório, da ampla defesa e da duração razoável do processo. Mesmo diante de uma primeira decisão condenatória, tem direito a recorrer, em regra em liberdade, até que sobrevenha uma decisão irrecorrível, por força do trânsito em julgado. Aí, então, será recolhido à prisão, caso a pena imposta seja a privativa de liberdade, e caso não seja cabível a substituição pela pena restritiva de direitos ou pela pena de multa. 
- O estado de inocência impõe ao Poder Público os seguintes deveres: 
a) o réu não pode sofrer restrições pessoais com base na simples possibilidade de condenação; b) todo o ônus da prova deve recair, exclusivamente, sobre os ombros da acusação (Ministério Público, no caso das ações públicas, ou querelante, nas ações de iniciativa privada).
Solução de Conflitos
- A doutrina tradicionalmente classifica as formas de resolução de conflitos em autodefesa, autocomposição e heterocomposicão. 
Autodefesa: forma mais primitiva de resolução de conflitos. Utilizava se da força física contra o adversário para vencer sua resistência e satisfazer uma pretensão. 
- o Estado permite a autodefesa em situações excepcionais, tais como: na legítima defesa no âmbito penal (art. 25 do CP); no desforço possessório conferido ao possuidor turbado (art. 1.210, § 1º, do CC/2002); no direito de retenção dolocatário (art. 578 do CC/2002) e do depositário (art. 644 do CC/2002); bem como no direito de greve, garantido constitucionalmente (art. 9º da CF), no âmbito do direito do trabalho.
Autocomposição: trata se de solução parcial, por ato dos sujeitos em conflito, na qual as partes chegam a um acordo quanto à existência ou inexistência de um direito, seja pela renúncia, pela transação (concessões recíprocas) ou mediante o reconhecimento da pretensão alheia, pondo fim ao conflito de interesses existente. 
- a autocomposição pode ocorrer extra ou endoprocessualmente, isto é, antes da instauração do processo ou durante a sua pendência sendo que haverá a extinção do processo com a resolução do mérito. 
- São exemplos de autocomposição em nosso ordenamento jurídico: a transação civil (arts. 840 a 850 do CC/2002); a conciliação (arts. 21 a 26 da Lei n. 9.099/95 e art. 165, § 2º, do CPC/2015); a mediação (art. 165, § 3º, do CPC/2015 e PL n. 7.169/2014); e a transação penal (arts. 72 a 76 da Lei n. 9.099/95).
Heterocomposição: solução de conflitos entregue a uma pessoa desinteressada no objeto da disputa. O Juízo Arbitral é uma modalidade de heterocomposição (julgamento do litígio por terceiro escolhido consensualmente pelas partes), também voltada à fixação de existência ou inexistência de um direito. 
- Diferencia se da conciliação, esta além de consistir em meio alternativo de autocomposição induzida, permite apenas que um terceiro imparcial conduza as partes a um acordo, nada mais podendo fazer se isso se mostrar inviável.
- No caso da arbitragem, não havendo possibilidade de acordo entre as partes, caberá ao árbitro impor a sua decisão solucionando a controvérsia, em razão do fato de que as partes haviam acordado previamente que se submeteriam àquilo que por aquele viesse a ser decidido. 
- A jurisdição torna se a forma predominante de resolução de conflitos monopolizada pelo Estado, a jurisdição tem como fim último a pacificação social e consiste em um poder e dever do Estado, pois se por um lado corresponde a uma manifestação do poder soberano do Estado, impondo suas decisões de forma imperativa aos particulares, por outro corresponde a um dever que o Estado assume de dirimir qualquer conflito que lhe venha a ser apresentado.
- à medida que o Estado, vedando a justiça privada, retira do indivíduo a possibilidade de buscar por suas próprias forças a resolução dos conflitos, assume, em contrapartida, o poder dever de solucioná-los com justiça, uma vez que a perpetuação de pretensões insatisfeitas e controvérsias pendentes de resolução constituiria fonte de intensa perturbação da paz social. 
- A jurisdição apresenta como vantagens a imparcialidade, a defesa dos direitos da sociedade e a autoridade e capacidade de impor a decisão tomada. 
- Suas características básicas são a presença de uma pretensão (o interesse contrariado ou resistido que leva o cidadão a buscar a prestação jurisdicional do Estado Juiz a fim de alcançar o bem que almeja), a inércia (o fato de o juiz, como regra, não agir de ofício, mas somente quando provocado pelas partes), a substitutividade (o monopólio da função jurisdicional) e a definitividade (cabe ao Judiciário dar a palavra final nos conflitos e questões jurisdicionalmente suscitados).
Os meios adequados de solução de conflitos na sistemática do CPC / 2015
- Um conflito pode ser solucionado pela via estatal (jurisdição) ou pelas vias chamadas alternativas, no Brasil são chamados MASC – Meios Alternativos de Solução de Conflitos.
Negociação: processo pelo qual as partes envolvidas no litígio, diretamente e sem a interveniência de uma terceira pessoa, buscam chegar a uma solução consensual. 
- A negociação envolve sempre o contato direto entre as partes ou entre seus representantes;
- Não há um terceiro, um neutro, um mediador, um árbitro ou um juiz. Por meio de processos de conversação, as partes procuram fazer concessões recíprocas, reduzindo suas diferenças, e através delas chegam à solução pacificadora. 
Mediação: insere-se a figura de um terceiro, o qual de alguma maneira vai atuar no relacionamento entre as partes envolvidas de forma a tentar obter a pacificação do seu conflito. A forma e os limites que vão pautar a atuação desse terceiro vão indicar a modalidade da intermediação. 
- Intermediação pode ser passiva ou ativa. Trata-se apenas de uma diferença de método, mas com um mesmo fim: o acordo.
- Intermediação passiva: aquele terceiro vai apenas ouvir as versões das partes e funcionar como um agente facilitador, procurando aparar as arestas sem, entretanto, em hipótese alguma, introduzir o seu ponto de vista, apresentar as suas soluções ou, ainda, fazer propostas ou contrapropostas às partes. Sua ação será, portanto, a de um expectador/facilitador, função típica de um mediador.
- Intermediação ativa: intermediador ativo, que, no direito brasileiro, recebe o nome de conciliador. Por conta da tênue diferença de método para se chegar ao acordo é que há, muitas vezes, a discussão terminológica entre mediação e conciliação. A conciliação ocorre quando o intermediador adota uma postura mais ativa: ele vai não apenas facilitar o entendimento entre as partes, mas, principalmente, interagir com elas, apresentar soluções, buscar caminhos não pensados antes por elas, fazer propostas, admoestá-las de que determinada proposta está muito elevada ou de que outra proposta está muito baixa. Ele vai ter uma postura verdadeiramente influenciadora no resultado daquele litígio, a fim de obter a sua composição.
- a conciliação, no seu aspecto processual, é um gênero, do qual são espécies a desistência, a submissão e a transação, conforme a intensidade da disposição do direito efetivada pela(s) parte(s) interessada(s).
Arbitragem: é um degrau a mais em relação à mediação (conciliação), especificamente à intermediação ativa, pois o árbitro, além de ouvir as versões das partes, tentar uma solução consensuada, interagir com essas partes, deverá proferir uma decisão de natureza impositiva, caso uma alternativa conciliatória não seja alcançada. 
- A crucial diferença entre a postura do árbitro e a postura do mediador é que o árbitro tem efetivamente o poder de decidir, ao passo que o mediador pode apenas sugerir, admoestar as partes, tentar facilitar o acordo, mas não pode decidir a controvérsia. 
- Em relação à conciliação, apesar da intermediação mais incisiva do terceiro, o objetivo é fazer com que os interessados empreguem suas forças para uma solução amigável do conflito, enquanto que o árbitro pode ir além e, ultrapassada essa fase conciliatória, não se chegando ao acordo, pode impor uma solução.
Evolução Legislativa: em 2010, dentro de um contexto mais amadurecido sobre o tema, o Conselho Nacional de Justiça, implementando, de forma definitiva, o denominado sistema multiportas, editou a Resolução n° 125, com base nas seguintes premissas: 
a) o direito de acesso à Justiça, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, além da vertente formal perante os órgãos judiciários, implica acesso à ordem jurídica justa; 
b) nesse passo, cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional, não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação; 
c) a necessidade de se consolidar uma política pública permanente de incentivo e aperfeiçoamento dos mecanismos consensuais de solução de litígios;
- O art. 1º da Resolução institui a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, com o objetivo de assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados, deixando claro que incumbe ao Poder Judiciário, além da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, em especialos chamados meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem como prestar atendimento e orientação ao cidadão. 
- Em 2015 converteu-se na Lei n° 13.140/15, onde a mesma dispõe sobre a mediação como meio de solução de conflitos. 
- Lei nº 13.129/15: Lei da arbitragem, alterou a Lei original 9307/96. A alteração previu, ainda, o uso da arbitragem nas relações com a Administração Pública (art. 1°,§ 1°), a carta arbitral (art. 22-C), a fim de facilitar a comunicação entre árbitros e juízes togados, trazendo, também, uma solução bem razoável para fixação de competência de árbitros e magistrados quando a arbitragem já foi pactuada, mas ainda não instituída (art. 22-A e B), a fim de solucionar eventuais conflitos de competência quanto ao deferimento ou não de medidas de urgência. 
- regulamenta o direito de retirada do acionista dissidente que não concordar com a inserção da convenção de arbitragem no estatuto social das Companhias regidas pela Lei n° 6.404/76, inserindo nesse Diploma o art. 136-A. 
- A supressão do texto que autorizava a utilização da arbitragem nos contratos consumeristas (art. 4°, § 3°) e nas relações trabalhistas (art. 4°, § 4°), o qual já era bastante comedido, pode ser considerada como um verdadeiro retrocesso15. A justificativa presidencial para os vetos, ademais, carece de fundamentos mais contundentes e, aparentemente, atende a pautas corporativas.
A mediação e a conciliação no CPC/2015 e na Lei n° 13.140/15
No NCPC/2015, é possível identificar a preocupação da Comissão com os institutos da conciliação e da mediação, em especial em seus artigos de 165 a 175. 
- Já em suas Normas Fundamentais, ao tratar do Princípio da Inafastabilidade, traz o novo CPC a ideia de que é dever do Estado promover a solução consensual dos conflitos, devendo a conciliação, a mediação e outros métodos ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Parquet (art. 3°).
- Fica claro que conciliadores e mediadores judiciais são auxiliares do juiz. Isso se coaduna com o art. 139, inciso V, do NCPC, que dispõe incumbir ao magistrado promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com o auxílio dos conciliadores e mediadores judiciais.
- O art. 165, repisando o que já se encontra hoje na Resolução n° 125/10 do CNJ, determina que os Tribunais "criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição".
- O conciliador pode sugerir soluções para o litígio, sendo esta a ferramenta mais adequada para os conflitos puramente patrimoniais. Vale ressaltar que, não obstante a possibilidade de sugerir propostas, o ideal é que as próprias partes cheguem a um consenso, de forma que tenham consciência plena da obrigatoriedade de cumprir com aquilo que acordaram. 
- O mediador auxilia as pessoas em conflito a identificarem, por si mesmas, alternativas de benefício mútuo, indicada para as hipóteses em que se deseje preservar ou restaurar vínculos, ou seja, aquelas situações em que a pauta subjetiva interfere diretamente na pauta objetiva e, como tal, deve ser tratada. O objetivo da mediação, nesses casos, é o restabelecimento da comunicação entre as partes envolvidas, com a preservação da relação anteriormente existente. 
- No NCPC, tem se que qualquer profissional pode exercer as funções de mediador, não havendo exclusividade para advogados ou psicólogos.
- O art. 166 trata dos princípios que informam a conciliação e a mediação. São eles: 
I. independência, II. imparcialidade, III. autonomia da vontade, IV. confidencialidade, V oralidade, VI. informalidade, e VIII. decisão informada.
- O art. 167 trata dos cadastros – nacional e local – de conciliadores e mediadores e do registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional e especialização. 
- Além disso, o § 5º do art. 167 dispõe sobre os mediadores e conciliadores que sejam advogados, impedindo-os de atuar nos juízos em que desempenhem sua função.
- O art. 169, por sua vez, garante remuneração a mediadores e conciliadores, de acordo com a tabela vigente em cada Tribunal, e observados os parâmetros definidos pelo Conselho Nacional de Justiça, ressalvada a possibilidade de trabalho voluntário, que, na prática, é o que ocorre hoje na maioria das Cortes do país. 
- Embora o art. 170 mencione apenas o impedimento, podem ser aplicáveis também os casos de suspeição, previstos no art. 145. Em ambos os casos, o profissional deve comunicar o fato ao juiz da causa ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos e cidadania, para fins de nova distribuição. 
- O art. 172 prevê a chamada quarentena. A quarentena abrange as atividades de assessoramento, representação e patrocínio de qualquer das partes envolvidas e se estende pelo prazo de um ano, contado do término da última audiência de conciliação ou sessão de mediação. 
- O art. 173 trata das sanções aplicáveis aos conciliadores e mediadores. A sanção mais grave é a exclusão do cadastro, que poderá ser determinada após regular procedimento administrativo, caso o profissional: 
I. venha a agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade, ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º; 
II. atue em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
- Em hipóteses menos graves, o juiz da causa ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação pode determinar o seu afastamento por período de até 180 dias.
- A confidencialidade se insere no rol das obrigações de não fazer. Trata-se da proibição imposta ao mediador de não expor a terceiros as informações obtidas durante o desenrolar do processo de mediação. 
- O art. 174 trata da atividade consensual envolvendo a Fazenda Pública, nos níveis federal, estadual e distrital, e municipal. Inicialmente, impõe-se destacar que a aplicabilidade desse dispositivo legal depende de lei própria de cada ente federado, a fim de viabilizar a sua implementação. O dispositivo trata de duas hipóteses: I. questões que envolvam a administração pública (incisos I e II); e II. questões coletivas que possam ser objeto de termo de ajustamento de conduta.
Arbitragem, Lei 9307/96: De acordo com o art. 1º da Lei n. 9.307/96, apenas podem ser objeto da arbitragem os direitos patrimoniais disponíveis, isto é, aqueles passíveis de conversão monetária e que se encontrem na livre disposição do seu titular. Ficam, portanto, excluídos da arbitragem os direitos não patrimoniais e os indisponíveis.
- São excluídas as matérias de natureza familiar ou de Estado, ou seja, relativas à capacidade da pessoa ou ao seu estado (ex., alimentos, filiação, pátrio poder, casamento etc.), bem como as de ordem fiscal e tributária. 
- As causas de falência, concordata, que envolvam coisas fora do comércio ou que exijam a participação do Ministério Público também não podem ser submetidas à solução pela via arbitral. 
- Se tratando de direito disponível ou de direito com efeitos disponíveis, não há empecilho de que a Administração Pública se submeta à arbitragem. Esse entendimento já vinha sendo prestigiado pela doutrina mais moderna e também pela jurisprudência. Agora, por força do § 1° do art. 1° da Lei n° 9.307/96, inserido pela Lei n° 13.129/15, a questão se pacifica. 
- Em relação ao sujeito, apenas podem submeter-se à arbitragem pessoas capazes (art. 1º da Lei n. 9.307/96), sendo a capacidade não compreendida como a capacidade processual, mas sim como a capacidade civil plena, e as pessoas jurídicas. Exige-se, ainda, que os sujeitos possam livremente manifestar sua vontade, não bastando que apenas uma das partes deseje que o litígio não seja levado ao Poder Judiciário.
- São princípios da arbitragem: 
a) autonomia da vontade e autonomia privada: as partes maiores e capazes, pessoas físicas ou jurídicas, podem, por livre manifestação de vontade,decidir se submetem à arbitragem, escolhendo o juízo arbitral no lugar do juízo estatal, a lei aplicável (nacional ou estrangeira) ou até o julgamento por equidade, o número de árbitros, o procedimento da arbitragem e o prazo em que a sentença será proferida, caso seja frustrada a conciliação; 
b) eleição da lei aplicável (nacional ou estrangeira): desde que não viole os bons costumes e a ordem pública (art. 2º da Lei da Arbitragem e arts. 9º e 17 da LINDB);
c) devido processo legal: a escolha do procedimento não poderá ofender as garantias constitucionais da igualdade, do contraditório, da ampla defesa, da imparcialidade dos árbitros e do livre convencimento motivado; 
d) efeito vinculante da cláusula arbitral: as partes ficam submetidas à sentença arbitral, qualquer que seja o resultado da demanda; 
e) inevitabilidade dos efeitos da sentença arbitral: a sentença arbitral é acobertada pela coisa julgada material e constitui título executivo judicial, sendo vedado às partes rediscutir a questão no Poder Judiciário; 
f) autonomia entre a cláusula arbitral e o contrato: eventual irregularidade ou invalidade do contrato não compromete a cláusula arbitral; 
g) competência competência: cabe aos árbitros decidir sobre a existência, sobre a validade e sobre a eficácia da convenção da arbitragem.
- Convenção de arbitragem: é o acordo no qual as partes interessadas se submetem à solução de seus litígios ao juízo arbitral, seja por meio de cláusula compromissória, seja por meio de compromisso arbitral (art. 3º). 
- A cláusula compromissória e o compromisso arbitral são, portanto, espécies de convenção de arbitragem.
- A cláusula compromissória refere se ao futuro, sendo inserida no contrato, para que qualquer litígio que se origine do contrato no qual está inserida a cláusula seja submetido à arbitragem, sendo, por isso denominada antecedente natural da arbitragem. Deve sempre ser estipulada por escrito, nunca pode ser presumida (art. 4º, § 1º). 
- Ao redigir a cláusula, os contratantes podem ou não instituir algum tribunal arbitral ou entidade especializada. Nesse caso, se ocorrer a necessidade de instauração da jurisdição privada, a sua instituição e processamento realizar se são de acordo com as respectivas regras internas da instituição escolhida.
- Em se tratando de cláusula compromissória em contrato de adesão, que são frequentes nas relações de consumo, a cláusula compromissória só terá eficácia se observar um dos seguintes requisitos: 
a) redação em documento separado, firmado pela parte aderente; 
b) cláusula redigida em negrito, dentro do contexto contratual, com a assinatura ou com o visto do aderente, especialmente lançados para tal cláusula. 
- A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que se encontra inserta. Trata-se na verdade de subcontrato ou contrato acessório, que se reveste de autonomia em relação ao vínculo principal, de forma que a nulidade deste não importa na nulidade daquela.
A arbitragem no CPC/2015
O NCPC vem como forma de aprimorar antigos pontos sensíveis, tais como a efetivação do efeito vinculante da convenção de arbitragem, a análise das medidas urgentes pré-arbitrais, a efetivação de medidas urgentes e constritivas, a ação de anulação da sentença arbitral, o cumprimento e a homologação da sentença arbitral. 
- art. 3°, § 1º: repete a norma constitucional contida no art. 5°, inciso XXXV CF e no parágrafo 1°, permite a utilização da arbitragem. 
Fica claro que a arbitragem é chamada a ocupar seu lugar dentre as ferramentas de solução de conflitos (soluções de direito25), ao lado da conciliação e da mediação, também expressamente referidas (art. 3°, § 3°).
Mantem se a regra de que a alegação de convenção de arbitragem deverá ser feita na contestação, juntamente com todas as matérias de defesa (Princípio da Concentração da Defesa ou de Eventualidade). 
A pré-existência de convenção de arbitragem deve ser expressamente alegada pelo réu. No silêncio, presume-se a renúncia do réu à arbitragem, observando-se que o autor já terá renunciado ao propor a demanda em juízo. 
Jurisdição
Apresenta as seguintes características: função de atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando os juridicamente irrelevantes; ato emanado, em regra, do Poder Judiciário; reveste se de particularização; atividade exercida mediante provocação; imparcial; com o advento da coisa julgada, torna se imutável.
- A função legislativa, por sua vez: objetiva criar leis, normas abstratas que têm comando genérico; ato emanado, em regra do Poder Legislativo; reveste se de generalização; atividade exercida sem provocação; imparcial; é passível de revogação, mediante a realização de outro ato incompatível com o primeiro, ou de ser considerado nulo, mediante controle de constitucionalidade.
- A função administrativa é a função de promover o bem comum, em conformidade com a lei (executar os comandos estatais); ato emanado, em regra do Poder Executivo; reveste se de auto executoriedade; atividade exercida sem provocação; o ato administrativo é passível de revogação ou anulação.
- O Judiciário deve julgar conforme as leis e a Constituição, que não foram por ele elaboradas. Entretanto, pode declarar uma lei inconstitucional.
As principais características da jurisdição: 
A- Inércia: o juiz, via de regra, não age de ofício, necessita de provocação, manifestada pela pretensão de uma das partes, em consonância ao disposto no princípio da inércia ou demanda, esposado nos arts. 2º e 262 do CPC/1973 e nos arts. 2º e 141 do CPC/2015. Tal princípio traz como decorrência a norma da adstrição da sentença ao pedido ou da congruência entre sentença e demanda, que impede que o magistrado julgue fora dos limites do que é pedido. Dessa forma, é vedado em nosso ordenamento, por força do art. 128 do CPC/1973 e do art. 141 do CPC/2015, proferir decisões extra, ultra e citra petita, de forma diversa, além ou aquém do que for pleiteado
B - Substitutividade: ao vedar a autotutela o Estado chamou a si o dever de prestar jurisdição, substituindo se a atividade inicial das partes, aplicando o direito objetivo ao caso concreto, decidindo o conflito, mas não necessariamente resolvendo-o. Segundo nosso juízo, esta seria a característica preponderante da jurisdição. 
C – Definitividade: também conhecida como indiscutibilidade ou imutabilidade. A decisão jurisdicional põe fim à controvérsia e impede que seja, no futuro, novamente suscitada ou trazida a exame. A partir do momento em que não há a interposição de recurso contra a decisão do juiz, ou mesmo quando são esgotados todos os meios recursais disponibilizados no Código (art. 496 do CPC/1973 e art. 991 do CPC/2015), aquela decisão adquire a qualidade de coisa julgada, que a torna imutável. Tal condição é necessária para garantir a segurança das relações jurídicas e dar tranquilidade às partes acerca do resultado final daquela disputa. 
- A natureza declaratória não é característica da jurisdição mas sim da cognição. Com efeito, embora na execução também exista atividade jurisdicional, ela não tem natureza declaratória. 
A jurisdição se caracteriza, ainda, pelos seguintes princípios: 
a) Investidura: está ligado à forma de ingresso dos legitimados a exercer o poder. O juiz precisa estar investido na função jurisdicional para exercer a jurisdição, ou seja, ele precisa ter sido aprovado em um concurso de provas e títulos, como estabelece o art. 37, II, da CF. 
b) Territorialidade: o juiz só pode exercer a jurisdição dentro de um limite territorial fixado na lei. 
c) Indeclinabilidade: o juiz não se pode furtar a julgar a causa que lhe é apresentada pelas partes. Trata se da chamada proibição de o juiz proferir o non liquet, ou seja, afirmar a impossibilidade de julgar a causa por inexistir dispositivo legal que regula a matéria. Esse princípio está previsto no art. 126 do CPC/1973 e no art. 140 do CPC/2015. 
d) Indelegabilidade: significa que o exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Essavedação se aplica integralmente no caso do poder decisório, pois violaria a garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões. São exemplos os casos previstos no art. 102, I, m e no art. 93, XI, ambos da CF.
e) Inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CF): fundamenta se na ideia de que o direito de ação é abstrato e não se vincula à procedência do que é alegado. Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Judiciário, salvo raríssimas exceções previstas pela própria Constituição: art. 52, I e II. 
f) Juiz natural: consiste na exigência da imparcialidade e da independência dos magistrados. Essa garantia deve alcançar, inclusive, o âmbito administrativo, tanto em relação aos juízes dos tribunais administrativos quanto às autoridades responsáveis pela decisão de requerimentos nas repartições administrativas. 
Cinco elementos básicos à função: 
a) Cognitio (notio): poder de que o Estado dispõe para conhecer os processos; engloba o exame dos pressupostos processuais, das condições de procedibilidade, das condições da ação e o recolhimento do material probatório. É a atividade do juiz pela qual toma contato com as questões de fato e de direito apresentadas pelas partes e forma seu juízo de valor acerca dessas questões. 
b) Vocatio: poder que o Estado tem para convocar ao processo todas as pessoas e objetos que possam esclarecer os fatos em discussão. 
c) Coertio: poder de determinar medidas coercitivas no curso do processo para reprimir eventuais ofensas feitas contra o magistrado. É a atribuição de força às diligências e providências tomadas pelo juiz. Providências são mais genéricas e amplas, como correr em segredo de justiça o processo. Já as diligências são mais concretas, como definir perícia em determinado local. Com essa coerção, o juiz confere importância às providências ou diligências, permitindo o uso de força policial em caso de descumprimento. 
d) Juditio: poder de que o Estado juiz dispõe de proferir o direito no caso concreto. É o ato do juiz que resolve uma questão suscitada no processo. 
e) Executio: poder de que o Estado juiz dispõe para determinar o cumprimento obrigatório e coativo das decisões proferidas . É o poder do juiz de implementar aquilo que foi decidido na sentença, ou nas outras decisões.
Jurisdição quanto sua espécie:
a) Quanto à pretensão (ou à natureza da norma que será aplicada no exame da pretensão): civil ou penal. Alguns admitem uma subdivisão da civil (lato sensu) em civil (stricto sensu) e trabalhista, comercial e outros. 
b) Quanto ao grau em que ela é exercida: superior (órgão que conhece a causa em grau de recurso – 2ª instância) e inferior (órgão que possui a competência originária para o julgamento- 1ª instância). 
c) Quanto à submissão ao direito positivo: de direito e de equidade. No Brasil é adotada a jurisdição de direito, conforme preceitua o art. 127 do CPC/1973 e o art. 140, parágrafo único, do CPC/2015, cabendo algumas exceções somente quando houver expressa autorização legal11 . Tais exceções estão previstas, por exemplo, no art. 1.109 do CPC/1973 – procedimento de jurisdição voluntária – e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90, art. 6º). 
d) Quanto ao órgão que exerce a jurisdição: comum ou especial. A jurisdição comum pode ser federal ou estadual (ou do Distrito Federal), enquanto a especial pode ser do trabalho, militar ou eleitoral. 
e) Quanto à existência ou não da lide ou quanto à forma: contenciosa ou voluntária. A distinção entre a jurisdição contenciosa e a voluntária, embora sobreviva, perdeu muito de sua importância, especialmente em sistemas processuais, como o nosso, que adotam procedimentos praticamente idênticos em ambas as modalidades de jurisdição. 
Jurisdição voluntária: A doutrina nacional majoritária afirma que a jurisdição voluntária não constituiria típica função jurisdicional, nem ao menos seria voluntária, eis que sua verificação decorreria de exigência legal, com o intuito de conferir validade a determinados negócios jurídicos escolhidos pelo legislador. Nesse sentido, ela é definida como “administração pública de interesses privados”. 
- A inexistência de voluntariedade na jurisdição voluntária é aceita tanto pela teoria administrativista quanto pela revisionista, em razão de se tratar de atividade necessária. A controvérsia entre tais teorias reside em ser a jurisdição voluntária autêntica atividade jurisdicional ou atividade meramente administrativa.
- Dentre os argumentos destacam se, em linhas gerais: 
I. que o seu objeto não é a resolução da lide, mas a integração de um negócio jurídico com a participação do magistrado; 
II. que não haveria atividade substitutiva, mas intervenção necessária do juiz; 
III. que não haveria partes (com interesses contrapostos) mas interessados; 
IV. ressaltam a inexistência de ação (e também de processo, devendo se falar apenas em procedimento), eis que essa é o direito de provocar a atividade jurisdicional e não a administrativa, bem como de coisa julgada material, uma vez que se poderia rediscutir a decisão proferida sobrevindo novas circunstâncias.
No entanto vem se avançando na doutrina a Teoria Revisionista, que entendem ser a jurisdição voluntária verdadeiro exercício da função jurisdicional. 
Seus defensores argumentam:
 I. que a litigiosidade não deve ser considerada critério definidor, pois sequer seria essencial à jurisdição contenciosa, mas acidental; 
II. que o juiz intervém decidindo como um terceiro imparcial, mantendo sua independência quanto aos efeitos produzidos por sua decisão; 
III. que, além de constituir novos estados jurídicos, também possui função declaratória – típica da função jurisdicional; e, atentam os mais radicais; 
IV. que só seria possível rediscutir a decisão prolatada em nova sede processual valendo se de nova causa de pedir – circunstância superveniente – com ação diversa, o que afastaria o argumento da não constituição da coisa julgada.
- Assim, o que caracteriza a função jurisdicional é o fato de ser ela exercida com independência e impessoalidade, e, em nosso direito, somente o juiz está amparado por garantias que possibilitem o agir independente e impessoal. 
Os Juizados Especiais 
Juizados Especiais Cíveis: concebidos para a resolução de causas de menor complexidade, visam apresentar ao jurisdicionado uma forma de solução de controvérsias mais rápida, informal e desburocratizada, permitindo que ele consiga buscar, perante o Estado, a solução para o seu conflito de interesses. 
- Os Juizados Especiais foram criados e inseridos na sistemática nacional por meio da Lei n. 9.099/95, em atendimento à previsão constitucional do art. 98, que determinava a instituição de uma Justiça especializada. 
- A Lei n. 9.099/95 foi parcialmente alterada com o advento da Lei n. 10.259/2001, que trouxe a previsão dos Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal, e, em dezembro de 2009, a Lei n. 12.153 previu a criação de Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que estes, juntamente com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”, uma espécie de microssistema, norteada por critérios próprios.
- Lei n. 7.244/84: lei própria em como se processariam os feitos e qual seria a competência para a apreciação de pequenas demandas. Eram os chamados “juizados de pequenas causas”, limitando a matéria de competência funcional às demandas cíveis e facultando a presença de advogado. 
Essa lei procurava atender a uma série de finalidades para facilitar o acesso à Justiça, como: 
a) descentralizar a justiça, para que ficasse mais próxima da população em geral; 
b) privilegiar a conciliação extrajudicial como meio de resolução de conflitos; 
c) ser o palco de resolução de conflitos de pequena monta, que praticamente não eramlevados à Justiça tradicional; 
d) incentivar a participação da população na administração da Justiça, através da contribuição de pessoas do próprio bairro na resolução de conflitos; 
e) ser gratuita, rápida, desburocratizada, informal e efetiva;
f) desafogar a Justiça tradicional.
- Juizados Especiais Cíveis tiveram como principal fonte jurídica a Constituição, que, em seu art. 24 X CF, atribuiu competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar sobre a criação, funcionamento e processo dos Juizados Especiais.
- Trata se de uma exceção à regra da competência privativa da União para legislar sobre direito processual, prevista no inciso I do art. 22 da CF.
- O art. 98 da CF atribuiu competência aos Estados para criar Juizados Especiais no âmbito da Justiça Estadual e, no da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, à União.
- Lei n. 12.153- prevendo a criação de Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que estes, junto com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”.
- Os Juizados da Fazenda Pública serão criados em um prazo de até dois anos da entrada em vigor da lei e terão competência absoluta para processar, conciliar, julgar e executar as causas cíveis, de interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo valor não ultrapasse 60 salários mínimos. 
- O Juizado Especial representa uma Justiça coexistencial em que antes de recompor o direito do indivíduo lesado, age se para aliviar situações de ruptura ou de tensão, com o fim de preservar a pacífica convivência dos sujeitos envolvidos. Trata se de uma Justiça que leva em conta o episódio contencioso que está inserido e que se destina a curar a situação de tensão.
- Dentro dessa situação, os Juizados Especiais possibilitam a composição pacífica dos litigantes e têm em seus quadros, além do juiz togado e de seus tradicionais auxiliares de foro, a colaboração de outros agentes saídos do seio da sociedade, como os conciliadores e os juízes leigos, que trazem para o órgão judicante a influência do ambiente social e de suas aspirações comuns.
- Os princípios fundamentais que norteiam os Juizados Especiais estão previstos no art. 2º da Lei n. 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais no âmbito estadual, mas que devem ser aplicados também aos Juizados Federais e da Fazenda Pública, até porque estão previstos no art. 1º do Provimento n. 7 dos Juizados Especiais, que define medidas de aprimoramento relacionadas aos sistemas dos Juizados Especiais. 
São eles: a oralidade, a simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade, e o estímulo à conciliação ou à transação.
- O procedimento dos Juizados Especiais é eminentemente oral, minimizando a burocratização e acelerando a solução de controvérsia, embora na prática os atos processuais acabem sendo estritamente escritos. Prega se a oralidade como princípio, reduzindo se ao máximo as peças escritas e as reduções a termos das declarações orais. 
- A oralidade contribui para acelerar o ritmo do processo e para se obter uma resposta mais fiel à realidade. O contato direto com os sujeitos do conflito, com as provas e com as nuanças do caso, permitem ao magistrado ter uma visão mais ampla diante da controvérsia.
- O pedido da tutela jurisdicional poderá ser feito por escrito ou oralmente (art. 14 da Lei n. 9.099/95), a resposta do réu pode ser oral (art. 30 da Lei n. 9.099/95) e as provas orais produzidas não precisam ser reduzidas a termo (art. 36 da Lei n. 9.009/95).
- A oralidade deve ser combinada com outros princípios, só podendo existir quando o magistrado que julga o conflito preside a colheita de provas (identidade física do juiz), quando então será possível ao juiz a recordação do litígio, o que somente ocorrerá se o curso do processo não for interrompido ou na hipótese de interrupção, que seja através de prazos exíguos.
- Outro princípio fundamental é a simplicidade. A compreensão do procedimento judicial é um importante fundamento para aproximar o cidadão da tutela jurisdicional do Estado, e o juizado objetiva facilitar essa compreensão, instituindo procedimento simplificado e facilmente assimilável às partes, em que se dispensam maiores formalidades e se impedem certos incidentes do procedimento tradicional. 
- Informalidade também é outra marca dos Juizados Especiais para tornar menos burocrático e mais rápido o processo. Assim, desde que atendidas as garantias fornecidas aos litigantes, todo ato processual deve ser reputado como válido, desde que atinja sua finalidade (art. 13 da Lei n. 9.099/95).
- Prioriza se a conciliação das partes ou a transação entre elas, como forma de atingir a pacificação social, fim último da jurisdição. 
- Os Juizados Especiais Cíveis também estão subordinados à observância dos princípios do contraditório e do devido processo legal, bem como aos demais princípios fundamentais do direito processual, como a imparcialidade, a persuasão racional e o juiz natural. Suas limitações não são inconstitucionais, mas apenas compatibilizam garantias constitucionais que presidem a atuação do autor e do réu no processo.
Organização Judiciária
A Constituição Federal, em seus art. 92 a 126, determina os órgãos integrantes do Poder Judiciário Nacional, ao qual corresponde precipuamente o exercício da função jurisdicional.
- No intuito de preservar o objetivo e a missão constitucional do Poder Judiciário, bem como prevenir desvios de conduta e reprimir atos ilícitos, foi idealizado o controle externo do Poder Judiciário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, instituído pela Emenda Constitucional n. 45/2004.
- Trata se de um órgão colegiado composto por quinze membros, incluindo membros do Ministério Público, advogados e cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, aos quais compete, dentre outras funções não jurisdicionais, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras atribuições que lhes forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura (art. 103 B, § 4º, da CF).
- O CNJ é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal; os membros são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. O CNJ, ao lado das Ouvidorias de Justiça (art. 103 B, § 7º) e das Escolas da Magistratura (art. 93, IV), serve como órgão de controle e aperfeiçoamento do Poder Judiciário. 
Órgãos do Poder Judiciário: No Brasil, os órgãos que compõem o Poder Judiciário ocupam se principalmente da função jurisdicional, à exceção do CNJ, visto que tem função administrativa e regulamentar. O art. 92 da Carta de 1988 nos apresenta os Órgãos do Poder Judiciário, a saber: 
Art. 92: ão órgãos do Poder Judiciário:
I. – o Supremo Tribunal Federal; 
Ia. – o Conselho Nacional de Justiça; 
II. – o Superior Tribunal de Justiça; 
III. – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV. – os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V. – os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI. – os Tribunais e Juízes Militares; 
VII. – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
Supremo Tribunal Federal (STF). Regulado nos arts. 101 a 103, é responsável pelo controle da constitucionalidade das leis – “guardião da Constituição”; é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, cabendo lhe proferir a última palavra nas causas que lhe são submetidas. Compõe se de onze ministros, tem sede na Capital Federal e competência que se estende sobre todo o território nacional, bem como competência originária e recursal (ordinária, art. 102, II, e extraordinária, art. 102, III).
 Superior Tribunal de Justiça (STJ). Constitui inovação da CF/88 (arts. 104 e 105, c), sendo o responsável por promover a defesa da lei federal infraconstitucional e unificador da interpretação do direito, quando haja interpretações divergentesentre os Tribunais de Justiça ou dos Tribunais Regionais Federais. Compõe se de, no mínimo, 33 ministros, tem sede na Capital Federal e competência que se estende sobre todo o território nacional, além de ter competência originária e recursal. Junto ao STF, funciona como órgão de superposição, já que julga recursos interpostos em processos advindos das esferas estadual e federal. 
Tribunal Superior do Trabalho (TST). Contemplado nos arts. 111 e 111 A. É órgão de superposição da Justiça Trabalhista e julga os recursos interpostos em causas que já estejam exauridas nas instâncias inferiores. Compõe se de 27 ministros (art. 111 A, caput, da CF), sua sede localiza se na Capital Federal e sua competência se estende sobre todo o território nacional (art. 92, §§ 1º e 2º, da CF). Além do Tribunal Superior do Trabalho, compõem a Justiça Trabalhista os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes do Trabalho (art. 111 da CF). Essa Justiça integra a denominada estrutura judiciária especial. 
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Está previsto no art. 119, tem sede na Capital Federal e jurisdição sobre todo o território nacional (art. 92, §§ 1º e 2º, da CF). É composto, no mínimo, por 7 ministros (art. 119, caput, da CF). 
Superior Tribunal Militar (STM). Regulado pelo art. 123, compõe-se de 15 ministros vitalícios. A Justiça Militar da União é composta por Conselhos de Justiça Militar (órgãos de 1ª instância) e pelo STM. Sua competência se limita a processar e julgar os “crimes militares”, assim definidos em lei, que também disporá sobre sua organização e funcionamento (art. 124, caput e parágrafo único, da CF), não conflitando com o art. 125, § 4º, da CF.
- A Justiça Federal de primeira instância é disciplinada pela Lei de Organização Judiciária Federal (instituída pela Lei n. 5.010, de 1966), ao passo que cada Estado membro da Federação tem sua própria Lei de Organização Judiciária.
- A Justiça Federal comum (art. 106 da CF), por sua vez, é composta pelos Tribunais Regionais Federais – inovação da CF/88, que extinguiu o Tribunal Federal de Recursos – e pelos juízos federais de 1ª instância. A composição dos TRFs está prevista no art. 107 da CF, estando sua sede e competência territorial disciplinadas pela Lei 7.727/89 (art. 107, § 1º, da CF). 
- São regionais, podendo compreender mais de uma região geográfica – atualmente há 5, com sede no Distrito Federal, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. 
- Têm competência originária (art. 108, I, da CF) e recursal (art. 108, II, da CF), para as causas conhecidas originalmente pelos juízes federais (art. 109 da CF). 
- Já os juízos federais de 1º grau são divididos em seções judiciárias, que são agrupadas em regiões correspondentes a cada um dos Tribunais Regionais Federais, com sede nas respectivas capitais (art. 110 da CF).
- As seções judiciárias, por seu turno, podem ser divididas em subseções, o que permite a interiorização da Justiça Federal Comum, contribuindo para o acesso à Justiça pela eliminação de obstáculos de natureza geográfica.
- A competência dos juízos federais de 1ª instância defluiu do art. 109 da Constituição e se determina, sobretudo, nas “causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho” (art. 109, I, da CF). 
- Ao lado dos TRFs e dos juízos de 1ª instância, existem os Juizados Especiais Federais (art. 98, § 1º, da CF; Lei n. 10.259/2001). Estes compreendem órgãos de primeira e segunda instâncias (art. 14 da Lei n. 10.259/2001).
- A Justiça Estadual comum é estruturada pelos preceitos estabelecidos pela Constituição Federal (arts. 93 a 100 e 125), pela Constituição Estadual (que definirá a competência dos Tribunais), bem como pelas respectivas Leis de Organização Judiciária (art. 125, § 1º, da CF). É composta pelos Tribunais de Justiça (TJ) – órgãos de 2ª instância – com competência sobre todo o Estado e situados em sua capital; pelos órgãos de 1º grau, como os juízes de direito; e o Tribunal do Júri, competente para os crimes dolosos contra a vida. 
- Com a Lei n. 12.153, foram previstos os Juizados Especiais da Fazenda Pública para os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, sendo que estes, junto com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passarão a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”.
- Os Juizados da Fazenda Pública têm competência absoluta para processar, conciliar, julgar e executar as causas cíveis, de interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo valor não ultrapasse 60 (sessenta) salários mínimos, podendo ser réus os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como as Autarquias, Fundações e Empresas Públicas a ele vinculadas (art. 5º). 
- Justiça do Trabalho julga não apenas ações trabalhistas, mas também relações provenientes desta. Por exemplo: discutirá o pagamento de salário e possível dano civil decorrente de emprego. Esse entendimento foi acolhido pelo STJ, levando ao cancelamento da Súmula 3666.
- Essa reformulação de competências gerou duas ADIs, nas quais o STF interpretou, conforme a Constituição, a dita violação ao pacto federativo ao passar para o âmbito federal (Justiça do Trabalho) o que era estadual:
- na ADI 2.295-6, decidiu-se que não se aplica o art. 114 para servidores públicos e para a Administração Indireta, devendo ser julgados na Vara de Fazenda Pública se estaduais ou municipais e na Vara Federal se servidores federais. 
- Já a ADI 3.684- 0 excluiu quaisquer questões penais da Justiça do Trabalho.
- Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de execução por quantia certa, proposta por empregador em face de seu ex-empregado, na qual sejam cobrados valores relativos a contrato de mútuo celebrado entre as partes para o então trabalhador adquirir veículo automotor particular destinado ao exercício das atividades laborais, já que a competência para julgamento de demanda levada a juízo é fixada em razão da natureza da causa, que é definida pelo pedido e pela causa de pedir deduzidos.
Competência: limites em que cada órgão jurisdicional exerce, de forma legítima, tal função conferida ao Estado, ou seja, é como se a competência fosse o “freio” da jurisdição, definindo as hipóteses em que o magistrado julgará. Trata-se da delimitação da função jurisdicional do órgão.
- A competência tem natureza jurídica de pressuposto processual, assim como a imparcialidade do magistrado.
- Nem todo órgão que tem jurisdição é competente para julgar, aleatoriamente, todas as causas apresentadas, devendo obedecer a determinadas regras, previamente traçadas, a fim de que se alcance a melhor e mais eficiente prestação da atividade jurisdicional, por meio dos diversos órgãos judiciais existentes, que dentro dos limites de sua competência, atuam com plena independência, ou seja, a todos os órgãos atribui se jurisdição, mas, para que cada um se dedique apenas a uma parcela dessa extensa e complexa função, é delimitada sua atuação.
- Muitos doutrinadores dizem que a competência é a medida da jurisdição, por ser a quantidade de jurisdição atribuída a cada órgão. 
- Sob o ponto de vista da relação processual, a competência tem natureza jurídica de pressuposto processual de validade. Com efeito, a viabilidade do processo está condicionada à sua instauração perante órgão judicial competente para dele conhecer.
Princípios que Reguem a Competência:
Juiz natural: rege todo o instituto da competência, toda estrutura jurisdicional é concebida de forma a haver apenas um órgão jurisdicional competente para examinar determinada causa. Não se nega o princípio da unidade da jurisdição mas por meio desse princípio, ocorre a concretização, baseada em normas constitucionais, ordinárias e infralegais, do exercício da função jurisdicional. Além disso, exige se que a determinação desse órgão competente se dê por critérios abstratos e previamente estabelecidos, vedando sua

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