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Alegações Finais e Memoriais

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Prática Simulada III – Professora Gisela Esposel – Caso concreto 05 
Campus Recreio – Período Noturno – Aluno: George Claudio Moraes Viana - 201503379035 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DO ESTADO ... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo nº.......................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TÍCIO, já devidamente qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe q
ue lhe move o Ministério Público, por suposta infração com base no Artigo 125 do Código Penal, por seu advog
ado que esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, respeitosamente, interpor: 
 
 
 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS 
 
 
 
nos termos do Artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal pelos motivos de fato e de direito aduzidos: 
 
 
 
DO FATO 
 
 
 Tício, solidário a gravidez de sua amiga Maria, ofereceu carona a mesma após mais um dia 
de trabalho na empresa em que trabalham juntos. Ocorre que Tício, de forma imprudente no caminho de volta
, imprime velocidade excessiva, sem observar o seu dever de cuidado, pois queria chegar a tempo de assistir ao 
jogo de futebol do seu time do coração que seria transmitido naquela noite. Assim, Tício, ao fazer uma curva fe
chada, perdeu o controle do veículo automotor que capotou. Os bombeiros que prestaram socorro ao acidente 
encaminharam Maria para o Hospital mais próximo onde ficou constatado que a mesma não havia sofrido qual
quer lesão. Contudo, na mesma ocasião constatou -se que a gravidez de Maria havia sido interrompida em razã
o da violência do acidente automobilístico, conforme comprovou o laudo do Instituto Médico Legal, às fls. 14 d
os autos. 
 
DA PRELIMINAR 
 
a) Da atipicidade da conduta 
Atipicidade da conduta imputada à paciente, por inexistência de dolo, elemento subjetivo 
necessário à caracterização do crime de aborto provocado por terceiro (art.125 CP), e sendo 
culposa a conduta da acusada, não haveria que se falar em crime de aborto, punível apenas 
na forma dolosa, a redundar na ausência de justa causa para a ação penal por atipicidade for
mal da conduta. 
 
b) Da desclassificação para crime diverso do Tribunal do Juri 
 Preliminarmente, cabe pugnar pela desclassificação do crime do artigo 125 do Código Pen
al, provocar aborto sem consentimento da gestante, para lesão corporal culposa do artigo 12
9, parágrafo 6º, afinal não se verifica conduta dolosa no relato dos fatos. Os crimes culposos 
contra a vida são de competência do juiz singular 
 
DO DIREITO 
 
 
 O ministério Público Estadual denunciou Tício que ao dar carona a suposta vítima, sob for
ma imprudente, ao retornar para casa dirigindo seu veículo automotor, imprimiu velocidade excessiva na via, p
ois queria retornar a sua residência mais cedo, em decorrência do jogo do seu time de coração, quando sem te
r a intenção, em uma curva fechada, perdeu o controle da direção vindo a capotar. Fora constatado pelos bom
beiros que os socorreram que a vítima não sofrera qualquer lesão, porém em laudo realizado pelo Instituto Mé
dico Legal viera a sofrer aborto em decorrência do acidente. 
 Conforme o Artigo 125 do Código Penas, versa que será penalizado aquele que provocar, s
em o consentimento da vítima. O aborto tem o tipo subjetivo de crime, sendo somente aceito em sua forma D
OLOSA e NUNCA em sua forma culposa. 
 
Entendendo assim a jurisprudência: 
 
PROCESSUAL PENAL - ABORTO PROVOCADO - AUSÊNCIA DE DOLO - IMPRONÚNCIA - LAUDO ASSINADO POR U
M ÚNICO PERITO - POSSIBILIDADE. 1. Diante dos princípios ""pas de nullité sans grief"" e da instrumentalidade 
das formas, previstos nos artigos 563 e 566, do CPP, não se decreta a nulidade de nenhum ato processual que 
dele não resulte prejuízo para a acusação ou para a defesa, bem como o que não tenha influído na apuração d
a verdade substancial ou na decisão da causa. 2. De acordo com a jurisprudência sedimentada nos Tribunais Su
periores, bem como na Súmula 28 deste Tribunal, não é nulo o exame pericial realizado por um único perito of
icial, pois a exigência de dois peritos aplica-se aos casos em que a perícia for realizada por peritos leigos. 3. Dia
nte da ausência do elemento subjetivo do dolo específico na conduta do agente, denunciado por crime de abo
rto provocado sem o consentimento da gestante, ainda que o médico faça opção por procedimento pouco rec
omendável para o caso, não há elementos para se afirmar que agiu dolosamente, com intenção de provocar o 
aborto da gestante e a morte do feto, impondo-se, nos termos do art. 409, do CPP, a sua impronúncia. Prelimi
nares rejeitadas. Recursos desprovidos. 
 
(TJ-MG 104700502364420011 MG 1.0470.05.023644-2/001(1), Relator: ANTÔNIO ARMANDO DOS ANJOS, Data 
de Julgamento: 04/03/2008, Data de Publicação: 09/04/2008) 
 
 Tício não teve objetivo de prejudicar ou interromper a gravidez de Maria. Sua intenção foi 
somente a de, como amigos que eram, dar uma carona e proporcionar maior conforto no retorno do trabalho. 
 Portanto, não havendo o DOLO DIRETO OU EVENTUAL de provocar o acidente e gerar o re
sultado aborto, torna-se a denúncia do Ministério Público ATÍPICA, na forma do Artigo 415, III DO Código de Pr
ocesso Penal. 
 
 
 
DO PEDIDO 
 
Face ao exposto requer: 
 
A absolvição sumária do réu com base no Artigo 415, II do Código de Processo Penal. 
 
 
 
Estado, 14 de fevereiro de 2017. 
 
 
ADVOGADO 
OAB/UF

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