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Fonte constante de glicose sanguínea é indispensável para vida humana. Pode ser obtida na dieta, na gliconeogênese e na degradação do glicogênio. Glicogênio é uma forma de armazenamento rapidamente mobilizável. Glicogênio hepático tem a função de liberar glicose na corrente sanguínea durante o jejum. Glicogênio muscular é degradado durante o exercício para fornecer energia para a contração do músculo. É um homopolissacarídeo de cadeia ramificada formado por α-D-glicose. A união glicosídica primária é uma ligação α(1→4). Após uma média de 8 a 10 resíduos glicosila, há uma ramificação contendo ligação α(1→6). GLICOGÊNESE 1- Síntese de UDP – glicose A α -D-glicose ligada ao difosfato de uridina (UDP) constitui a UDP-glicose, que fornece todos os resíduos glicosila que são adicionados à molécula de glicogênio em formação. A UDP-glicose é sintetizada a partir da glicose-1-fosfato e do UTP pela UDP-glicose-pirofosforilase. 2- Síntese de um iniciador (segmento inicial) para a molécula de glicogênio A glicogênio-sintase é responsável pela formação das ligações α(1→4) no glicogênio, mas só consegue alongar cadeias de glicose já existentes. Por isso um fragmento de glicogênio pode servir como segmento inicial. Na ausência de um fragmento de glicogênio, uma enzima chamada glicogenina atua como receptora dos resíduos de glicose oriundos da UDP – glicose. A glicogenina catalisa a transferência das próximas moléculas de glicose a partir da UDP-glicose, formando uma cadeia curta de resíduos glicosila unidos por ligação α(1→4) que serve como iniciador para receber futuros resíduos de glicose. A reação é catalisada pela própria glicogenina (autoglicosilação). 3- Alongamento das cadeias de glicogênio O alongamento de uma cadeia de glicogênio envolve a transferência de um resíduo de glicose a partir da UDP- glicose para a extremidade não redutora da cadeia em crescimento, formando uma nova ligação glicosídica entre a hidroxila do carbono anômero (carbono 1) da glicose ativada (UDP-glicose) e a hidroxila do carbono 4 do resíduo glicosil aceptor. A enzima responsável pela formação de ligações α(1→4) no glicogênio é a glicogênio-sintase. 4- Formação de ramificações no glicogênio No intervalo de, em média, 8 resíduos de glicosila, a “enzima de ramificação” amilo-α(1→4) → α(1→6)- transglicosidase transfere uma cadeia de 6 a 8 resíduos glicosila da extremidade não redutora da cadeia do glicogênio *clivando uma ligação α(1→4)] para outro resíduo (um resíduo não terminal) na cadeia, unindo-a por meio de uma ligação α(1→6). As ramificações aumentam o número de extremidades às quais se podem acrescentar (por meio da glicogênio- sintase) ou remover novos resíduos glicosila, acelerando assim, enormemente, a velocidade em que pode ocorrer a síntese de glicogênio. A estrutura altamente ramificada deixa a molécula maior e muito mais solúvel. GLICOGENÓLISE A glicose livre é liberada a partir de cada resíduo glicosila unido por ligações α(1→6). Não é o inverso das reações de síntese, pois precisa de um conjunto particular de enzimas citosólicas 1- Encurtamento de cadeias A glicogênio-fosforilase cliva as ligações glicosídicas entre os resíduos de glicosil a partir das extremidades não- redutoras (ramificações), até que só restem quatro unidades de glicosil antes do ponto de ramificação. Essa estrutura resultante é chamada de dextrina-limite. 2- Remoção das ramificações A enzima de desramificação (oligo-α(1→4)→α(1→4)- glican-transferase) remove os 3 resíduos de glicosil mais externos da ramificação e os transfere para a extremidade não redutora de outra cadeia, alongando-a. Dessa forma, uma ligação α(1→4) é rompida e outra ligação α(1→4) é formada. O resíduo de glicose restante, unido por ligação α(1→4), é hidrolisado pela atividade amilo-α(1→6)-glicosidase, liberando glicose livre. A cadeia glicosídica continua disponível para a degradação pela glicogênio-fosforilase, até que sejam alcançadas quatro unidades glicosila da próxima ramificação. 3- Conversão da glicose-1-fosfato em glicose-6-fosfato A glicose-1-fosfato, produzida pela glicogênio-fosforilase, é convertida no citosol em glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase. No fígado, dentro do retículo endoplasmático (RE), ela é convertida em glicose pela glicose-6-fosfatase. Os hepatócitos liberam as moléculas de glicose derivadas do glicogênio no sangue para ajudar a manter os níveis sanguíneos de glicose até que a via gliconeogênica esteja ativamente produzindo glicose. REGULAÇÃO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO No fígado, a síntese de glicogênio é acelerada quando o corpo está bem alimentado e a degradação, em períodos de jejum. No músculo esquelético, a degradação do glicogênio ocorre durante o exercício e a síntese, quando o músculo entra em descanso. A glicogênio-sintase e a glicogênio-fosforilase são reguladas hormonalmente para satisfazer as necessidades do organismo. As vias de síntese e de degradação do glicogênio são controladas alostericamente para satisfazer as necessidades de um determinado tecido. 1- Degradação pela via direcionada pelo AMPc A ligação do glucagon (ou da adrenalina) a seus receptores específicos nos hepatócitos culmina com uma cascata de reações direcionadas pelo AMPc. O grande número de etapas sequenciais serve para amplificar o efeito do sinal hormonal, ou seja, algumas moléculas de hormônios associadas aos seus receptores resultam na ativação de um determinado número de moléculas de proteína-cinase, e cada uma delas pode ativar muitas moléculas de fosforilase-cinase. Isso resulta na produção de muitas moléculas de glicogênio- fosforilase ativas que podem degradar o glicogênio. A síntese do glicogênio também pode ser inibida por uma via direcionada pelo AMPc. A enzima regulada na síntese de glicogênio é a glicogênio-sintase, que é fosforilada a sua forma inativa por várias proteína-cinases, reguladas pelo AMPc ou outros mecanismos sinalizadores. 2- Regulação alostérica da síntese e degradação A glicogênese é estimulada quando a disponibilidade de substrato e os níveis de energia estiverem altos, enquanto a glicogenólise é aumentada quando os níveis de energia e o de glicose estiverem baixos. No estado alimentado, a glicogênio-sintase, no fígado e no músculo, é alostericamente ativada por glicose-6- fosfato quando esta estiver presente em concentrações elevadas. Em contraste, a glicogênio-fosforilase é inibida alostericamente por glicose-6-fosfato, bem como por ATP, sinal de alto nível energético na célula. O cálcio (Ca2+) é liberado no citoplasma das células musculares em resposta a estímulos neurais e, nas células hepáticas, em resposta à ação da adrenalina. Ele se liga a calmodulina e esse complexo associa-se a enzimas, ativando-as. Uma delas é a fosforilase-cinase, enzima que fosforila a glicogênio-fosforilase a sua forma ativa. A glicogênio-fosforilase muscular é ativada na presença de altas concentrações de AMP, que ocorrem no músculo sob condições extremas de anoxia e de depleção de ATP. O AMP se liga à glicogênio-fosforilase, causando sua ativação sem fosforilação. O glicogênio pode também ser degradado no músculo pela regulação do AMP. A glicogênio-fosforilase muscular é ativada na presença de altas concentrações de AMP, que ocorrem no músculo sob condições extremas de anoxia ede depleção de ATP. O AMP se liga à glicogênio-fosforilase, causando sua ativação sem fosforilação. GLUCAGON Peptídeo formado por 29 aminoácidos, produzido nas células alfa das Ilhotas de Langerhans do pâncreas. Liberação é estimulada por baixa glicemia e adrenalina, que conduz a formação do AMPc. A sua secreção é inibida com aumento da glicose e da insulina no sangue. Atua na redução da glicogênese no fígado (redução da glicogênio-sintase) e promove a glicogenólise (aumento da glicogênio-fosforilase). Reduz a glicólise no fígado (redução da fosfofrutoquinase-1) e aumenta a gliconeogênese (aumento da captação de aminoácidos pelo fígado, aumento da frutose-1,6- bifosfatase e diminuição da piruvato-cinase). Ativa a lipólise no tecido adiposo liberando ácidos graxos devido a pouca glicose para ser utilizada no fígado e nos músculos (aumento da enzima tiaglicilglicerol-lipase). DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO Constituem um grupo de doenças genéticas resultantes de um defeito em uma das enzimas necessárias para a síntese ou para a degradação do glicogênio. Elas resultam na formação de glicogênio com estrutura anormal ou no acúmulo de quantidades excessivas de glicogênio normal em tecidos específicos Figura que esquematiza a síntese do glicogênio:
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