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Metabolismo de Glicogênio A principal fonte de energia dos seres vivos é a glicose, um carboidrato simples que pode ser obtido por meio da alimentação. Sua quantidade no sangue é regulada pela ação de dois hormônios que agem de maneira contrária: a insulina e o glucagon. Tanto níveis elevados quanto níveis baixos de glicose podem ser prejudiciais ao organismo. Além disso, ela é precursora de outras moléculas, sendo um importante intermediário metabólico. Por que é necessário armazenar glicose? Como ela pode ser armazenada? A glicose é uma molécula altamente hidrofílica e não pode ser armazenada como monossacarídeo, pois em altas concentrações o equilíbrio osmótico seria perturbado. Logo, o armazenamento é feito em forma de glicogênio. O glicogênio é um polímero de glicose não osmoticamente ativo que funciona como reserva de energia produzida e armazenada pelo corpo. A partícula do glicogênio é chamada de Partícula- β, constituída por um núcleo proteico central onde há presença da proteína glicogenina, nela se ramificam polímeros de glicose. Ele se encontra em grânulos que contém as enzimas necessárias para a sua síntese e degradação. Sua cadeia é polarizada com extremidades redutoras (podem sofrer oxidação e doar elétrons) e não redutoras (sofrem hidrólise e quebram). O glicogênio possui grande importância pois funciona como reserva energética. A glicose entra facilmente nas células pela difusão facilitada por transportadores de glicose chamados GLUT e é utilizada para se produzir energia. Após isso, ela é armazenada em forma de glicogênio no fígado - para manter os níveis de açúcar no sangue, e no músculo esquelético - utilizada quando o corpo precisa de mais energia. Glicogênio hepático é degradado e a glicose exportada para manter a glicemia entre as refeições e no jejum noturno. Glicogênio muscular provê energia para a fibra muscular. Durante a contração intensa e aumento de demanda energética há acúmulo de lactato. Vantagens de seu armazenamento: • Solubilidade - Mais solúvel em relação ao amido, pois é altamente ramificado • Fácil mobilização - A presença de enzimas que adicionam ou retiram as unidades de glicose nas extremidades não reduzidas • Osmolaridade - Reduz a osmolaridade pois resulta num número menor de partículas em solução. É a degradação do glicogênio pela enzima Glicogênio fosforilase por meio de um processo chamado glicogenólise. Essa enzima catalisa a remoção sequencial de radicais glicose da extremidade não redutora da molécula de glicogênio. O sangue circulante abastece o cérebro com glicose, que prontamente mobilizada do glicogênio representa uma boa fonte de energia para o desempenho de uma atividade súbita e vigorosa. Diferentemente dos ácidos graxos, a glicose liberada pode fornecer energia na ausência de oxigênio e, portanto, pode constituir Glicose Glicogênio êe Metabolismo de glicogênio êe https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/hormonios-.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/insulina.htm um suprimento de energia para a atividade anaeróbica. Os mecanismos gerais de armazenamento e mobilização do glicogênio são os mesmos no músculo e no fígado, mas as enzimas diferem em aspectos que refletem os papéis diferentes do glicogênio nesses dois tecidos. A degradação do glicogênio é um processo rápido e eficiente. As ramificações possibilitam a ação de várias enzimas simultaneamente a partir das extremidades não redutoras. A degradação é rápida quando a demanda de energia é intensa no músculo. Geralmente, não é completa e resta uma base para ressíntese em núcleo não degradado. O glucagon é um hormônio secretado quando o nível de glicose no sangue é baixo, ele estimula a degradação do glicogênio e a gliconeogênese. Regulação da glicogênio fosforilase O metabolismo de glicogênio tem o foco de controle na glicogênio fosforilase. Ela é regulada por vários efetores alostéricos, que sinalizam o estado energético da célula, por fosforilação reversível, em resposta a hormônios como insulina, epinefrina e glucagon. A fosforilase do músculo esquelético existe em duas formas interconversíveis e é regulada pela carga energética intracelular. • Fosforilase-a: cataliticamente ativa, presente durante uma atividade muscular vigorosa a adrenalina desencadeia a fosforilação que faz a conversão • Fosforilase-b, menos ativa: predomina no músculo em repouso Fosforilase quinase: cataliza a fosforilação da enzima fosforilase. Níveis aumentados de epinefrina e a estimulação elétrica resultam na fosforilação da enzima forma a. Fosforilase muscular: o Glicose-6-fosfato e ATP favorecem estado T (tenso, menos ativo) o AMP favorece estado R da fosforilase b por alosteria: Ausência de glicose 6-fosfatase no músculo assegura que a glicose 6- fosfato derivada do glicogênio permaneça na célula para a formação de energia. Fosforilase hepática: Ao contrário do músculo, a Fosforilase-a é a mais suscetível à transição T e R no fígado. A fosforilase hepática não é sensível ao AMP pois ele não tem grandes oscilações no fígado. Altos níveis de glicose passam fosforilase-a do estado R para o T (inativo). Como a quebra glicogênio é para exportar glicose, se há glicose livre no fígado não há necessidade de degradar glicogênio. Degradação de glicogênio êe Também chamada de glicogênese, é a repetida adição de unidades de glicose às extremidades não redutoras de um fragmento de glicogênio. A síntese do glicogênio utiliza como precursor uma forma ativada da glicose e gasta 2ATP por glicose incorporada. Necessita de uma forma ativada da glicose: Uridina difosfato glicose (UDP-glicose). UTP + glicose 1-fosfato = UDP -glicose Vias de síntese e de degradação são distintas. Vias separadas permitem maior flexibilidade energética e controle. A insulina é um hormônio secretado em resposta a alta concentração de glicose. Ela estimula a síntese de glicogênio. Uma enzima ramificadora (1,4 1,6 transglicosilase) transfere um segmento terminal de 6-7 resíduos glucosídicos da extremidade não redutora da cadeia poliglicosídica composta de pelo menos 11 resíduos, ao grupo –OH do carbono C-6 de um resíduo de glicose da cadeia externa a uma outra glicose mais interna no polímero. A ação combinada da sintase e da ramificadora faz com que o glicogênio seja sintetizado rapidamente. Ramificação do glicogênio Aumenta a solubilidade do glicogênio. Cria um grande número de radicais terminais locais de ação da glicogênio-fosforilase e da sintase. As ramificações aumentam a velocidade de síntese e de degradação do glicogênio. o Ramificação: Transferase o Desramificação: Transferase e -1-6 glicosidase. A síntese de glicogênio necessita de um iniciador, função executada pela glicogenina, uma proteína com duas subunidades idênticas cada uma com oligosídeos de -1-4-glicose. Glicogenina: Enzima que possui um resíduo de tirosina onde se liga o primeiro resíduo de glicose (UDP-Glc) que inicia a síntese de glicogênio. Enzima é a proteína tirosina glicosiltransferase. Após a ligação de 8 unidades de glicose, a glicogênio sintase assume a elongação. A síntese de glicogênio utiliza 2 ATPs: Vias de síntese e degradação do glicogênio A regulação do metabolismo é complexa. A glicogênio-fosforilase possui regulação alostérica e hormonal, que permitem que o metabolismo do glicogênio tanto se ajuste as necessidades do organismo (por meio da sinalização), como as necessidades energéticas da célula. Regulação alostérica e hormonal Síntese de glicogênio êe Regulaçãodo metabolismo de glicogênio êe No músculo existem dois mecanismos alostéricos de controle que se sobrepõem à regulação da fosforilase por modificação covalente. O Ca2+ se liga à fosforilase-b-cinase e ativa, promovendo a conversão para fosforilase-a. O AMP que se acumula no músculo em contração vigorosa como resultado da degradação do ATP, se liga à fosforilase-a ativa, acelerando a liberação da glicose-1-fosfato a partir do glicogênio. Quando os níveis de ATP estão adequados, o sítio alostérico ao qual o AMP se liga é bloqueado, causando a inativação da fosforilase novamente. Quando a adrenalina é liberada no sangue em situações de luta ou fuga, a PKA é ativada pela elevação da [cAMP] e fosforila, ativando também a glicogênio-fosforilase-cinase. As consequentes fosforilação e ativação da glicogênio-fosforilase resultam em degradação mais rápida do glicogênio. A adrenalina não é liberada em condições de baixo estresse, mas a cada estímulo neuronal da contração muscular, a [Ca2+] aumenta brevemente e ativa a fosforilase-cinase. O ciclo de Cori, também chamado de ciclo do ácido lático, é uma via metabólica na qual o ácido lático produzido nas células musculares pela glicólise anaeróbica atinge o fígado e é transformado de volta em glicose. Etapas: • Glicólise muscular anaeróbica O ciclo começa nas fibras musculares. Nesses tecidos, a produção de ATP ocorre principalmente pela conversão de glicose em lactato. A contração dos músculos ocorre pela hidrólise do ATP, regenerado pelo processo de fosforilação oxidativa - via ocorre nas mitocôndrias das fibras musculares de contração lenta e de contração rápida. As fibras musculares rápidas são constituídas por miosinas rápidas (40-90 ms), em contraste com as fibras do cristalino, formadas por miosinas lentas (90-140 ms). Os primeiros produzem mais esforço, mas cansam rapidamente. • Gliconeogênese no fígado O o lactato atinge o fígado através do sangue e é novamente convertido em piruvato pela ação da enzima lactato desidrogenase. Após isso, o piruvato é convertido em glicose pela gliconeogênese, utilizando o ATP do fígado que foi gerado pela fosforilação oxidativa. Essa nova glicose pode retornar ao músculo, onde será armazenada como glicogênio e usada novamente para a contração muscular. O ciclo no exercício físico Para obtenção de energia sob a forma de ATP, a glicose é convertida em piruvato através da glicólise. Durante o metabolismo aeróbico normal, esse piruvato é oxidado a gás carbônico e água. Por um curto período de intenso esforço físico, a distribuição de oxigênio aos tecidos musculares pode não ser suficiente para oxidar totalmente o piruvato. Logo, a glicose é convertida em piruvato e depois em lactato através da via da fermentação láctica, obtendo os músculos ATP sem recorrer ao oxigênio. Esse lactato se acumula no tecido muscular e se difunde posteriormente para a corrente sanguínea. Quando o esforço físico termina, o lactato é convertido em glicose através da gliconeogênese, que ocorre no fígado. O indivíduo continua a ter uma respiração acelerada por um tempo, pois o oxigênio extra consumido nesse período promove a fosforilação oxidativa no fígado e, consequentemente, uma produção elevada de ATP. Ciclo de Cori êe
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