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Sociologia do Direito


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Obra de referência: Sociologia do Direito – Nelson Saldanha
Capítulo 2, 4 e 6 e artigo no site...
Primeiros estudiosos da Sociologia do Direito: Aristóteles; Hobbes; Spinoza; Montesquieu.
Aristóteles: faz uma extensão da família para o Estado; diz que o pai de família é a figura principal na gestão da família grega; deve concentrar o poder, a governança, a responsabilidade patriarcal da família grega. Faz uma analogia entre a figura do pai como gestor da família com o Estado, que também deve concentrar o poder para resolver questões de controvérsia entre os seus. Daí vem a noção do Estado Paternalista, do pai que tem que cuidar dos seus, do Estado que intervém nas principais relações sociais (saúde, educação, segurança, etc.). Este é o conceito do Estado Nacional.
O Estado Neoliberal é fundado com base em John Locke, sustentando que o Estado deve abrir espaço para o livre comércio.
Hobbes: a sociedade existe a partir da convenção estabelecida no Contrato Social.
Spinoza: razão de vida é o que dá sentido à sociedade. Segundo o autor, ética é o controle racional das emoções. A sociedade é racional e só é possível através da inserção da ética nas relações sociais.
Montesquieu: O homem é um ser político, que coloca a razão acima da vontade; este viés político é o que permite a convivência social.
Ambos os teóricos partem do pressuposto de que a sociedade é convencional (criada a partir de convenções), é um mundo artificial (invenção do homem)
Sociologia
Objeto: estudo das relações humanas (relações sociais);
Método: histórico-dialético; fenomenológico; fatos sociais reais;
Compreensão de Sociedade: vê a sociedade de forma dinâmica, em constante transformação;
Ciência: estudo dos fatos + coerência lógica, comparados com a realidade
Sociologia do Direito ou Sociologia Jurídica
Objeto: Relações sociais (fatos) com implicações jurídicas;
Método: Fatos + Normas Sociais + Normas Jurídicas (peso maior);
Compreensão de Sociedade: conjunto de valores e ações reguladas pelo ordenamento jurídico e com funcionalismo sancional penal para as transgressões; regulada pelo Estado; opera através das leis;
Falhas do sistema (sociedade): influência econômica; região de fronteira e suas peculiaridades; ineficiência do judiciário; ausência ou ineficiência das leis; desigualdades sociais e violências conseqüentes; entre outras...
Ciência: fatos jurídicos de implicações com fundamentos em leis e/ou nos princípios da diferença
Sociologia X Sociologia do Direito: a Sociologia trata das relações sociais cotidianas; a Sociologia do Direito é um ramo especial da Sociologia, que trata das relações sociais com implicações jurídicas, quando a simples relação social não atingiu o objetivo comum, necessitando a intervenção de um terceiro (o Estado) para regular tal relação.
* A Sociologia do Direito é invocada pelo Juiz para verificar o real conhecimento do “réu” sobre as normas ou leis que foram infringidas. Nos casos em que o réu efetivamente não tinha condições de conhecimento das normas, sua pena é diminuída ou extinta.
* Pai do Positivismo Jurídico e da Sociologia: Augusto Comte; exatidão, precisão, ciência, são os pressupostos defendidos por Comte para justificar a Positivismo Jurídico (organização da sociedade por normas, por regras, visando a sua regulamentação e evolução).
* Corrente Epistemológica do Direito: Positivismo.
* Para a Sociologia do Direito não importam os sentimentos ou motivações humanas; importam os fatos e como estes fatos se enquadram no mundo jurídico. A Sociologia do Direito é orientada para a Prática.
* Corrente do Marxismo: não pode haver o Direito Positivado; as normas seriam o fruto da coletividade, havendo a participação de todos os integrantes da sociedade.
Capítulo 4 – Discussão em sala
A sociologia das ciências naturais (ciências que trabalham com a organização de pessoas) – factível: forma como também é conhecida a Sociologia; dentro do Positivismo Lógico, toda ciência que trata de pessoas é conhecida como Ciência Natural (classificação de ciência conforme o século XVIII; no século XIX as ciências passaram a ser classificadas em Humanas ou Exatas); a Sociologia é uma ciência que busca um equilíbrio social através dos fatos sociais (factível), não se dedicando à essência do ser e sim aos fatos por este produzidos;
Sociologia da sociologia: sociologia que pensa na própria sociologia; auto-reflexão da ciência, em busca de seu avanço e renovação;
Ideologias e utopias – saber jurídico: Ideologia está relacionada com ideais, modelos teóricos e filosóficos ideais e perfeitos, linhas de pensamento, princípios e valores de referência para a vida, para o grupo social. A sociologia não possui Ideologia, ela cataloga as diferentes ideologias contidas nas diferentes sociedades humanas. Utopias são modelos estabelecidos de Sociedades Felizes, Perfeitas, Corretas, Justas, que servem para que os homens busquem ao longo do tempo; são surrealistas, são mais distantes de serem atingidas em relação às ideologias. O Saber Jurídico é um ponto de equilíbrio, um termômetro, pois nos fornece uma dose de racionalidade, de bom senso, indicando onde as ideologias ou utopias estão adequadas ou desequilibradas. O Saber Jurídico busca evitar a massificação popular, evitando que o povo seja utilizado como massa de manobra por alguma ideologia pregada por algum líder ou conjunto de líderes corruptos, não voltados para o bem comum.
Padrões Culturais Regionalizados: forma como cada região adota padrões comportamentais; se tais padrões culturais ferem a Constituição, a Sociologia do Direito deve prover meios para melhorar tal cultura, visando o alcance da Democracia e a compatibilidade com o texto constitucional;
Experiências vividas pelas civilizações: experiências acumuladas da evolução das sociedades; servem de acúmulo de material para a Sociologia; ex. de experiências: legislação, que provêm da evolução social;
Estratificação social e regimes econômicos: são vetores para a construção e influência da Sociologia do Direito; Estratificação Social é a subdivisão da sociedade em camadas, formando uma hierarquia em formato de pirâmide, são as divisões econômicas, culturais, acadêmicas, profissionais, entre outras; a Sociologia do Direito possui tratamento diferenciado para cada estrato da sociedade;
Modelo absolutista: neste modelo, não havia tanta requisição da Sociologia do Direito, dado o formato de governo, que detinha o poder absoluto e a massa era tratada em poucos estratos sociais;
Modelo individualista: as pessoas se tornaram egoístas, competitivas; período do Liberalismo Econômico; maior requisição à Sociologia do Direito;
Modelo racionalista: neste período, Deus morreu, o homem passa a ser o centro de tudo e a ciência passa a ser o que há de mais importante; liberdade econômica para o consumo; ainda maior requisição à Sociologia do Direito, dado o caos social formado e a ineficiência do Estado;
Privatismo liberal
Autores que são destaque na Sociologia:
Marx: o homem faz história a medida que participa da sociedade produtiva; para Marx, o homem somente é homem quando produz; a produção se dá numa relação social, no coletivo, não no individualismo. O homem, segundo Marx é Materialista, transforma o meio onde está, seja através de idéias, seja a transformação do meio físico ou natural; é um ser que faz cultura. O homem é dotado de Comunicação, sendo Político, por conseqüência, articulando, formando ideologias, promovendo a mudança social.
Freud: é um estruturalista; fala da superestrutura; diz que o homem é dotado de duas estruturas, a inconsciente e a consciente; diz que o mundo, a sociedade, é um sistema cheio de subsistemas, formando um conjunto circular de elementos interligados e interdependentes. 
Nietzsche: crítica social; diz que a sociedade é o que o homem criou; diz que tanto a invenção de Marx quanto a de Freud é uma bobagem inventada por homens; diz que o homem é “Nada”, é frágil e por ser frágil inventou um monte de teorias parasua proteção; diz que a Ciência e a Sociedade é o resultado da Crítica Social (não crer em idéias abstratas, imaginárias, sem fundamentos); desmontou as teorias baseadas na Racionalismo, mas não criou nenhuma teoria; deixou de legado que o ser humano deve repensar as teorias que regem a sociedade.
Formação da sociedade: 
A sociedade atual é formada por Sentimentos nacionais (ressentidos); o mundo é reconstruído pelo ressentimento em relação aos fracassos e desgraças de guerra;
Os Postulados democráticos, na visão de Marx são tentativas fraudulentas de Democracia, que, segundo seu ponto de vista, não é possível de existência no modelo Capitalista;
Crises sociais doutrinárias: as doutrinas políticas estão em crise durante todo o tempo; como prova disso, temos a troca excessiva de partido político entre candidatos;
A Sociologia do Direito trabalha com as manifestações de cada época; nossa época atual não tem parâmetros para julgar as ideologias e os movimentos doutrinários;
A Sociologia possui relação com o Direito e com seu ordenamento doutrinário e cultural, produzido ou não ao seu tempo.
Capítulo 6 - discussão em sala
Elementos inter-relacionados que formam a vida em sociedade:
Estrutura social: são os grupos sociais, naturais, civis, artificiais que estão diretamente ligados ao indivíduo; ex.: Família, Grupo Social Primeiro, Grupo Profissional, Religião, Esportes, etc.;
Processo social: é a interação entre os indivíduos, seja natural, civil, jurídica, etc.; sempre que os indivíduos estão implicados em uma relação, está a se realizar o processo social;
Sistemas jurídicos: são todos os operadores que colocam em funcionamento as leis, responsáveis por aplicar sanções aos indivíduos que não as obedecem;
Fatores que influenciam a Estrutura Social, os Processos Sociais e os Sistemas Jurídicos:
Cultura: acúmulo de saber ao longo do tempo; conhecimento transferido de geração em geração;
História: registro das experiências culturais de gerações que passam para novas gerações;
Política: a arte de governar os povos e de organizar a vida social;
Normas: formas de criar códigos e ordenar os costumes sociais, criando regras claras para que não tenhamos a volta do estado primitivo, não civilizado;
Poder: elemento chave, por trás de toda a interação social; o poder estará próximo aos interesses de classes dominantes, jamais estando próximo ao idealmente perfeito; o poder é a força (política, ideológica, econômica, científica e bélica) exercida através do Estado para com a massa popular;
Vida rural: marcada por uma vida estática, parada; os problemas eram poucos; no entanto, haviam complexidades sociais; tais complexidades estavam acentuadas, sobretudo, porque as regras não eram claras; haviam hábitos e costumes bem estabelecidos, porém, não em formato de normas e regras jurídicas; daí, havia uma cultura mentalmente muito bem caracterizada enquanto direito positivado; a criminalidade era presente e o meio rural ainda estava próximo a um tipo de vida tribal e primitivo; não possuíam grandes evoluções intelectuais, mas possuíam forte relação religiosa; a honra e a religião eram os valores que prevaleciam nas relações sociais;
Vida urbana: regras estabelecidas; leis claras; produção em série; ondas de criminalidade; conceito formado de justiça; a honra já não é tão valorizada nas relações sociais como na vida rural, daí a existência de tantos contratos entre indivíduos; surge o Direito na sociedade com o conceito de Eficiente, tendo que dar subsídios para o melhor regramento social;
Direito das gerações: direito aplicado a cada fase da vida, assistindo ao indivíduo desde o momento de sua concepção; a cada momento da vida em sociedade há a assistência do Direito; culturalmente, o Direito vai acumulando experiências, que passam de gerações em gerações, aprimorando o sistema jurídico.
Artigo “Sociologias do Direito, Historicismo, Subjetivismo e Teoria Sistêmica” – discussão em sala
O autor analisa, em 2004, o pensamento de Weber em relação com a Teoria Sistêmica;
Max Weber : a sociologia, para Max Weber, parte da burocracia; o controle social se dá por processos burocráticos; a burocracia consiste no sistema de protocolos, de procedimentos organizados; sistema Inglês de organização da sociedade; forma de organizar a sociedade de maneira engenhosa; Weber fala de fenômenos sócio-jurídicos e compreende a sociedade de forma mecânica;
Teoria sistêmica (Niklas Luhmann – americano – 1983 – releitura da idéia do economista Adam Smith - 1769): a sociedade é composta por sistemas e subsistemas interligados; o conjunto destes sistemas forma o conceito de sociedade; há interdependência de todos os elementos da sociedade; Niklas aponta que a sociedade atual está ligada com a Informação;
A sociologia tem a função de interpretar o homem à luz do seu tempo;
Subjetivismo é afirmar que o homem possui subjetividade; na relação entre pessoas diferentes, existem situações subjetivas;
O grande desafio da sociologia é alcançar um esquema tal que respeite as identidades, dando o direito de pensar a todos; porém, em relação ao direito de agir (fatos; fenômenos jurídicos; exteriorização do pensamento), todos devem ser iguais, sem que um ameace a individualidade do outro;
Fatos jurídicos podem ser explicados por relações sociais, porém, nada apaga o fato jurídico (contra fatos não há argumentos); sempre que se transgride as leis, passa-se das relações sociais para as relações jurídicas; o fato jurídico tem muito maior peso do que um fato social puro;
2º BIMESTRE
Michel Foucault – Vigiar e Punir; 3ª parte, capítulos I e III
Artigo: Max Weber e Hans Kelsen: A Sociologia e a Dogmática Jurídicas
Max Weber
Vê a sociedade a partir de sistemas burocráticos (Teoria da Burocracia); para ele, o Homem transforma o meio, determinando seu destino; afirma que a sociedade tem que ser controlada a partir de mecanismos burocráticos para que seja sustentável; segundo ele, as ações humanas devem ser Positivadas, de forma a determinar o máximo de regras possíveis para o comportamento humano;
A sociedade move-se pela ação coletiva; a ação humana é expressão de caridade, de benevolência e de sustentabilidade (ao ajudar os outros, eu mantenho o sistema vivo, a espécie não desaparece; a sustentabilidade também pode ser analisada pelo viés do egoísmo);
A ciência do direito, através das leis e normas, assume um caráter valorativo, é uma expressão científica que cria valores;
Sociedade Ideal: formada pelo cidadão ideal, que se adapta ao esperado para a sociedade perfeita; é a sociedade que pode ser alcançada pela burocracia dos processos, segundo Weber; a burocracia seria a forma de se transformar a sociedade num meio melhor para se viver;
Sociedade Real: formada pelo cidadão Real, que possui defeitos, que possui interesses particulares;
Para ele, os fatos são explicados pelas normas; para todo efeito social há uma causa, que pode ser explicada pelo modelo empírico-causal; a dogmática de Weber está relacionada com o “Dever Ser”, ou seja, com a prescrição de condutas que serão esperadas das pessoas;
A Sociologia Jurídica de Weber estuda o comportamento de cada indivíduo frente às normas; a tarefa da Sociologia Jurídica nada mais é do que regular o comportamento das pessoas, que deverão se submeter a um regulamento jurídico e social;
O “Dever Ser” deve ser sistematizado; o ordenamento jurídico será analisado, item a item, pela reação que cada dispositivo provoca, prevalecendo aqueles dispositivos que mais contribuem para a Sociedade Ideal;
Michel Foucault
As pessoas são condicionadas a um sistema; o sistema burocrático funciona apenas para os “corpos dóceis”, ou seja, para as pessoas domesticadas pelo próprio sistema; as formas de se domesticar as pessoas são ou pela “Dor” ou pelo “Valor”, formando as pessoas dóceis, passivas e obedientes ao sistema;
“A verdade é sempre provisória; ela é verdade até que se apresente outra verdade”
“A verdade prevalecepela força da maioria, pela destreza política, etc.”
 Anderson Nasareno Alves Dias
Michel Foucault – Vigiar e Punir; 3ª parte, capítulo I – Corpos Dóceis – discussão em sala
Crítica severa à prática do Estado de fabricar soldados (corpos dóceis) para cumprir os seus interesses, prontos a defender a “ordem”, sem solidariedade, sem sentimentos;
Os Corpos Dóceis sãs massas facilmente manipuláveis, disciplinadas, obedientes;
Mesmo os grandes intelectuais fazem parte da alienação do Estado, tendo limites a serem obedecidos na sua pesquisa e decisões estratégicas;
O autor procura, a partir de sua obra, explicar como é o funcionamento do Estado, como, de maneira sutil, o Estado mantém a ordem, através do poder e da disseminação em massa do caminho da ordem (códigos, normas, paz, etc.);
Os corpos precisam ser dóceis de acordo com a função que irão executar na sociedade; até mesmo as funções mais refinadas são docilizadas;
Michel Foucault – Vigiar e Punir; 3ª parte, capítulo III – Panoptismo – discussão em sala
Hans Kelsen
Alguns teóricos afirmam que as idéias defendidas por Hans Kelsen são uma versão atualizada do pensamento de Max Weber;
Registro das ações humanas; burocratização, positivação das normas de convívio social;
Para Hans Kelsen, a Sociologia não existe por si só, ela é um fenômeno proveniente do Direito;
Kelsen não vê a sociologia jurídica como ciência, já que ela trata de fenômenos sociais não exatos; para ele, o Direito é ciência pela exatidão que possui (certo-errado; culpado-inocente); a sociologia não define verdades objetivas, enquanto que o Direito as define, tomando uma decisão sobre cada caso; enquanto que a sociologia verifica os elementos circunstanciais das ações criminosas, o Direito as vê de forma objetiva (é crime ou não é crime);