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1 1 Consequências da Respiração Oral em Crianças ¹ Luíz Fernando Melo ² Cristian Melo Resumo O objetivo desse artigo é fazer uma revisão bibliográfica sobre a respiração oral e mostrar como é um problema comum na infância, revelando de que maneira ela ocorre e colocando em pauta suas causas, diagnóstico e tratamento. A respiração oral se apresenta numa pessoa quando a respiração normal, pela via nasal, é interrompida de alguma maneira. Pode se apresentar de duas formas, Respiração Oral Eventual e Respiração Oral Obrigatória. Além de problemas funcionais/comportamentais como insuficiência respiratória, cansaço, desanimo e sonolência, ela pode causar também problemas anatômicos como face alongada e má oclusão. Assim a Síndrome da Respiração Oral, por se apresentar geralmente na fase pediátrica, deve ser precocemente diagnosticada e o início de tratamento deve ser imediato, tratamento no qual o Fonoaudiólogo é imprescindível na equipe de trabalho. Palavras – Chave: Respirador Oral; Criança; Fonoaudiólogo; Nasal; Desvio Septal. Introdução A respiração é primordial ao ser humano. Desde o nascimento até a morte a espécie humana exerce essa função que é vital à vida, tão fundamental que se ¹ Aluno do 3º período do curso de Fonoaudiologia na Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. ² Fgo. Especialista em Linguagem e Prof. Em FAMETRO. de alguma forma for interrompida ou alguma anormalidade impeça seu perfeito estado de função, o 2 2 corpo imediatamente procura outra forma de suprir a necessidade de oxigênio (O2) que é adquirida através desse ato. O ato de respirar acontece involuntariamente, é controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo e é aparentemente simples. O ar é inspirado pelas narinas e logo é umidificado pela mucosa; Filtrado e aquecido pelos cílios e seios paranasais, respectivamente, durante todo o trajeto que percorre, que vai desde as fossas nasais até os alvéolos, nos pulmões, onde ocorre a troca gasosa. Existem várias formas de respiração entre os seres vivos, no entanto o modo predominante de respirar é pelo nariz. A respiração pelas cavidades nasais é excepcional para que qualquer pessoa tenha um bom desenvolvimento físico com as estruturas craniofaciais, e neurológico com as funções cerebrais. Quando por alguma razão isso não está em perfeito funcionamento, certamente a pessoa, em especial a criança, irá tornar – se um Respirador Oral. São inúmeros as causas que levam uma criança a ser um respirador oral, obstruções nasais e hiperplasia das tonsilas palatinas são algumas delas. Esse tipo de respiração, que ocorre pela boca, obriga o organismo a se adaptar de maneira brusca, para que possa suprir as necessidades fisiológicas que a absorção de oxigênio (O2) proporciona, causando assim alterações nos ossos da face, na musculatura facial e do pescoço, atrofias de algumas estruturas nasais, problemas na função, posicionamento e estética dos dentes, além de problemas na aprendizagem, na atenção e no sono. Esses são problemas que precisam ser resolvidos, mas que dependem de um diagnóstico rápido que dirá as razões que levaram essa criança a adquirir a Síndrome do Respirador Oral, para 3 3 que se dê início a um trabalho certo com um foco certo. Revisão Bibliográfica A medicina principalmente na área da otorrinolaringologia, sempre estudou o problema da respiração bucal. Mas recentemente não só a medicina, como a odontologia, a fonoaudiologia e a fisioterapia se interessaram e estudaram este problema sob ópticas diversas. Acredita-se que isto vem ocorrendo porque a simples mudança de hábito, isto é, parar de respirar pelo nariz e começar a respirar pela (respiração bucal) ou pelo nariz e boca ao mesmo tempo (respiração mista), ocasiona prejuízos ao ser humano. Alguns desses prejuízos são bastante visíveis, como as assimetrias faciais e os problemas posturais, e outros menos perceptíveis visualmente como problemas oclusais 3. Várias características físicas são atribuídas a estes pacientes. As mais relevantes referem-se às alterações do esqueleto dento- craniofacial, já descritas desde o século XIX. As crianças com respiração oral prolongada apresentam alterações faciais características como: aumento vertical do terço inferior da face, arco maxilar estreito, palato em ogiva, ângulo goníaco obtuso, má oclusão dentária (mordida aberta, incisivos superiores protruídos, mordida cruzada), a posição do osso hióide mais baixa e lábio superior curto, lábio inferior evertido, incompetência labial, hipotonia dos elevadores de mandíbula, hipotonia lingual, alterações da postura de língua em repouso, na deglutição e na fala, alterações da mastigação e vocais, além de alterações posturais¹. As queixas mais comuns relatadas pelos pacientes que respiram pela boca, referem-se a falta de ar ou insuficiência respiratória, cansaço rápido nas atividades físicas, dor nas costas 4 4 ou musculatura do pescoço, diminuição de olfato e ou paladar, halitose, boca seca, acordar muito durante a noite engasgado, dormir mal, sono durante o dia, olheiras, espirrar saliva ao falar, dificuldade de realizar exercícios físicos como correr, jogar bola, etc. As alterações mais comuns de ex respiradores bucais, são em geral, problemas oclusais, posturais e de má função dos órgãos fono articulatórios 3. Os pacientes respiradores orais tentam, de modo não consciente, alargar a orofaringe, na tentativa de diminuir a resistência ao fluxo respiratório. O remodelamento ósseo é dependente da pressão contínua exercida por músculos e tendões. Ocorre alteração da mordida, que se torna cruzada posteriormente e aberta anteriormente. A extensão do pescoço e a abertura constante da mandíbula causam o crescimento caudal da mesma e o crescimento vertical da face 4. Outras consequências da Respiração Oral na criança são: Sinusite, otite de repetição, halitose, expressão facial vaga, redução do apetite, problemas gástricos, engasgos, incoordenação global, agitação, ansiedade, impaciência, dificuldades de atenção e concentração que geram problemas escolares 3. Outra consequência da Respiração Oral são problemas na fala, uma vez que a respiração está ligada de forma direta com a produção e articulação vocal. A fala pode ser imprecisa com presença de sigmatismo anterior ou lateral e a voz pode ser alterada pelo ressecamento dos tecidos da laringe que prejudica a vibração das pregas vocais 5. Com esses problemas de forma e função, vem também os problemas de sociabilização. Se uma criança tem uma diferença no formato facial ou dos dentes, no comportamento e/ou na fala ela provavelmente irá ser vítima de algum tipo de preconceito partindo das outras crianças com 5 5 qual o paciente convive, e isso irá de forma direta ou não, causar problemas, por menores que sejam, psicológicos, já que essa criança vai se sentir reprimida e excluída de seu grupo social. Se existem tantas alterações já podemos imaginar que o trabalho só terá sucesso quando este paciente estiver sendo tratado por uma equipe de fato ². Na Síndrome do Respirador Oral, essa equipe é formada pelo Fonoaudiólogo, que irá fazer odiagnóstico e reabilitação da respiração nasal; Odontólogo que fará o tratamento odontológico/ortodôntico se necessário; Otorrinolaringologista para realização de exames e caso haja necessidade de intervenção cirúrgica. Poderão também fazer parte dessa equipe: Pediatra, Fisioterapeuta, Neurologista, Cardiologista, Psicólogo e Nutricionista. Conclusão A respiração Oral é de fato um problema frequente em crianças, o que faz com que suas consequências sejam ainda piores, já que acontece geralmente na fase em que está ocorrendo o pico do crescimento ósseo. Quando se altera a forma consequentemente se muda a função, principalmente quando se trata da respiração, onde tudo precisa estar em perfeita harmonia para que ocorra seu perfeito funcionamento. A Síndrome do Respirador Oral é proveniente de inúmeras patologias e sua incidência maior é em crianças do sexo masculino. O tratamento com o Fonoaudiologo é indispensável em um paciente Respirador Oral, uma vez que é esse o profissional capaz de reabilitar esse sistema com trabalhos miofuncionais, trazendo de volta uma função que é fundamental ao ser humano, a Respiração Nasal. Um diagnóstico tardio dificulta o tratamento, pois as 6 6 chances de boa reabilitação e tratamento diminuem, quanto mais cedo se identifica os problemas, melhores são os resultados alcançados. Abstract The objective of this work is make a bibliographic revision about that mouth breathing and show how is a usual problem in the childhood, showing how it happen and put in focus yours reasons, diagnostic and treatments. The Mouth breathing show yourself in a person, when the normal breathing, by nasally, interrupted by somehow. Can occur in two ways, eventual mouth breathing and obligatory mouth breathing. Beyond the behavioral/functional problems like respiratory failure, fatigue, faint and slumber, it can provoke anatomic problem like elongated face and malocclusion. Thus, the Mouth Breathing Syndrome by presenting generally on the pediatric phase should be early diagnosing with immediate treatment, in which the Audiologist is indispensable on the work group. Referências Bibliográficas 1. DI FRANCESCO, RC. Respiração Oral na Criança: Repercussões diferente de acordo com o diagnóstico. Rev Bras Otorrinolaringologia. V.70, n.5, 665-70, set./out. 2004. 2. MARCHESAN IQ. A equipe de trabalho no respirador oral. In: Krakauer HL, Francesco R, Marchesan IQ. (Org). Respiração Oral. Coleção CEFAC. São José dos Campos. Ed. Pulso. 2003. p.163-7. 3. MARCHESAN, IQ. Avaliação e Terapia dos Problemas de Respiração. P.1-18. 4. MITCHELL, RB.; Kelly, J. Respirador Oral. 2006. 7 7 5. NICHIMURA, CM. Perfil da Fala do Respirador Oral. Rev. CEFAC, São Paulo.
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