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Disfagia

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1 
 
Disciplina: Disfagia 
Autora: Ana Julia Sampaio Silva 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Ana Julia Sampaio Silva 
 
 
 
 
 
Disfagia 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SILVA, Ana Julia Sampaio. 
Disfagia / Ana Julia Sampaio Silva. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 
71 p. 
ISBN: 978-65-87972-49-7 
1. Avaliação. 2. Disfagia. 3. Fonoaudiologia. 
Material didático da disciplina de Disfagia – Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Sistema Estomatognático x Deglutição ........................................ 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 Anatomofisiologia e neurologia do Sistema Estomatognático ....... 08 
 1.2 Conceito de Sistema Estomatognático ......................................... 08 
 1.2.1 Estruturas estáticas do sistema estomatognático ...................... 09 
 1.2.2 Estruturas dinâmicas do sistema estomatognático .................... 09 
 1.3 Funções do Sistema Estomatognático .......................................... 11 
 1.4 Função neuromuscular ................................................................. 12 
 1.4.1 Sistema Motor ............................................................................ 12 
 1.4.2 Nervos Cranianos ...................................................................... 13 
 1.5 Deglutição ..................................................................................... 15 
 1.5.1 Conceito de deglutição normal ................................................... 16 
 1.6 Disfagia ......................................................................................... 21 
 1.6.1 Conceito de Disfagia .................................................................. 22 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 23 
Aula 2 – Avaliação da Disfagia ................................................................... 25 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 25 
 2.1 A importância da avaliação ........................................................... 25 
 2.2 Tipos de Disfagia .......................................................................... 25 
 2.2.1 Disfagia Orofaríngea (DOF) ....................................................... 26 
 2.2.2 Disfagia Esofágica / Esofagiana ................................................ 26 
 2.3 A avaliação clínica fonoaudiológica .............................................. 27 
 2.3.1 Anamnese .................................................................................. 27 
 2.3.2 Avaliação indireta / clínica ......................................................... 28 
 2.3.3 Avaliação direta / funcional ........................................................ 29 
 2.4 Protocolos de avaliação e eficácia terapêutica ............................. 31 
 2.5 Sinais sugestivos de penetração laríngea e / ou penetração 
laringotraqueal ........................................................................................... 
 
35 
 2.6 Avaliação Instrumental da Deglutição ........................................... 36 
 2.6.1 Videoendoscopia da deglutição ................................................. 37 
 2.6.2 Videofluoroscopia da deglutição ................................................ 37 
 
 
6 
 
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 38 
Aula 3 – Reabilitação da Disfagia ............................................................... 39 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 39 
 3.1 Reabilitação .................................................................................. 39 
 3.2 Disfagia Neurogênica .................................................................... 39 
 3.3 Disfagia Mecânica ......................................................................... 40 
 3.4 Terapia Fonoaudiológica em Disfagia ........................................... 41 
 3.4.1 Planejamento terapêutico .......................................................... 42 
 3.4.2 Exercícios e Manobras ............................................................... 43 
 3.5 Recursos Terapêuticos ................................................................. 47 
 3.5.1 Bandagem Elástica .................................................................... 47 
 3.5.2 Eletroestimulação ...................................................................... 48 
 3.5.3 Estimulação Tátil Térmica Gustativa (ETTG) ............................. 49 
 3.6 Fisioterapia Respiratória e Disfagia .............................................. 50 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 51 
Aula 4 – Disfagia na Escola ........................................................................ 53 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 53 
 4.1 Déficits relacionados à disfagia .................................................... 53 
 4.2 Disfagia pediátrica........................................................................ 53 
 4.2.1 Estado Nutricional e de Hidratação ............................................ 54 
 4.3 Fonoaudiologia Educacional ......................................................... 56 
 4.3.1 Ações fonoaudiológicas na escola ............................................. 57 
 4.4 Disfagia e queixas psicossociais ................................................... 58 
 4.5 Disfagia e queixas de aprendizagem ............................................. 59 
 4.6 Papel do fonoaudiólogo educacional frente à disfagia .................. 60 
 4.6.1 Acolhimento da família e equipe escolar .................................... 61 
 4.6.2 Ações possíveis voltadas à disfagia ........................................... 62 
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 64 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 66 
Índice Remissivo ........................................................................................ 67 
Referências ............................................................................................... 70 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
 Nesta disciplina será discutida a atuação fonoaudiológica em pacientes 
disfágicos em ambiente escolar. Para isso, serão descritos os conceitos de 
deglutição saudável, deglutição alterada e disfagia; assim como apresentadas a 
anatomofisiologia e neurologia do sistema estomatognático, a avaliação clínica 
e instrumental nas disfagias orofaríngeas, a reabilitação destes pacientes, assim 
como o trabalho interdisciplinar importante para este processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Sistema Estomatognático x Deglutição 
 
Apresentação da aula 1 
 
Para se pensar em deglutição, é fundamental conhecer todas as 
estruturas e processos envolvidos nesta função. Para isso, faz-se necessário 
entender o Sistema Estomatognático, sua anatomofisiologia e os demais 
sistemas vinculados a ele, portanto é o que veremos detalhadamente a seguir. 
 
1.1 Anatomofisiologia e neurologia do Sistema Estomatognático 
 
O fonoaudiólogo é o profissional adequado para trabalhar com as funções 
do sistema estomatognático, é ele quem fará a avaliação e a reabilitação das 
alterações encontradas. Entretanto, não se pode esquecer que este sistema 
possui estruturas moles e duras, assim como outros sistemas relacionados, os 
quais muitas vezes necessitam de um trabalho interdisciplinar para um 
tratamento adequado. 
 
1.2 Conceito de Sistema Estomatognático 
 
O Sistema Estomatognático pode ser definido como uma unidade 
anatomo-funcional do organismo, composto por um conjunto de estruturas da 
face, cabeça e pescoço, que desenvolvem funções comuns. Tal sistema tem 
ainda uma inter-relação com vários outros sistemas, dentre eles: nervoso, 
músculo-esquelético, circulatório, respiratório e digestivo. 
Segundo MARCHESAN (1997), o Sistema Estomatognático é composto 
por partes duras e moles, sendo elas dentes, ossos, articulação 
temporomandibular, músculos, sistema vascular, sistema nervoso e espaços 
vazios, tendo como principais funções: respiração, sucção, mastigação, 
articulação / fala e deglutição. 
Sabendo-se que o corpo humano funciona de forma integrada, para se 
pensar em anatomofisiologia do sistema estomatognático, é importante lembrar-
se da necessidade de um conhecimento sobre o desenvolvimento craniofacial e 
suas estruturas dinâmicas e estáticas, sendo elas: 
 
 
9 
 
1.2.1 Estruturas estáticas do sistema estomatognático 
 
Também chamadas de estruturas duras, são caracterizadas por servirem 
de apoio para as estruturas dinâmicas, são elas: 
 
➢ Esqueleto ósseo: ossos temporais, maxila, mandíbula, hioide, 
demais ossos cranianos, coluna cervical, base do crânio e articulações 
(temporomandibular e da coluna vertebral); 
➢ Dentes. 
 
 
Os ossos da cabeça (crânio) 
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/bones-cranium-head-skull-ind 
ividual-their-505306069 
 
 
1.2.2 Estruturas dinâmicas do sistema estomatognático 
 
Conhecidos como estruturas moles, são representadas pelas unidades 
neuromusculares, são elas: 
 
 
 
10 
 
➢ Faciais: (bucinador, orbicular da boca, zigomáticos, retrator e 
levantador do ângulo da boca e mentual); 
➢ Músculos da mastigação: (temporal, masseter, pterigoideo medial e 
lateral); 
➢ Músculos da deglutição: (músculos do palato, supra-hioideos e infra-
hioideos); 
➢ Faríngeos: (constritores da faringe e salpingofaringeo); 
➢ Palatinos: (úvula, palatoglosso, palatofaríngeo, elevador e tensor do 
palato mole); 
➢ Cervicais: (porção superior do trapézio, esternocleidomasteideo, 
esplênios e escalenos). 
 
 
Estruturas dinâmicas (moles) 
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.) 
 
 
 
11 
 
 
Estruturas dinâmicas (moles) 
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.) 
 
1.3 Funções do Sistema Estomatognático 
 
➢ Respiração: função vital (trocas gasosas entre o meio ambiente e o 
organismo), tem importante relação com o desenvolvimento craniofacial; 
➢ Sucção: papel fundamental na nutrição do bebê nos primeiros meses de 
vida, função desenvolvida na 32ª semana gestacional, coordenação da 
sucção com a respiração na 34ª semana gestacional e função reflexa até 
os 4 meses de vida; 
➢ Mastigação: função mecânica e trituração do alimento, fundamental para 
uma deglutição adequada; 
➢ Fala: função adaptada do ser humano (os mesmos músculos executam 
função de mastigação, deglutição e mímica facial), junção de fonação + 
articulação; 
➢ Deglutição: ato fisiológico, necessita da movimentação adequada dos 
órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua, palato duro, véu palatino, dentes 
e bochechas), depende de um bom controle neural. 
 
 
12 
 
1.4 Função neuromuscular 
 
Como já exposto anteriormente, o corpo humano funciona de forma 
integrada e, para pensar em um funcionamento adequado das estruturas 
dinâmicas e suas funções desenvolvidas, é necessário pensar sobre a função 
neuromuscular. 
 
1.4.1 Sistema Motor 
 
Para que ocorra um movimento adequado tanto voluntário quanto 
involuntário, é fundamental que ocorram processos complexos de programação, 
comando, controle e contração muscular. O foco, a partir daqui, será no estudo 
da mastigação e deglutição, portanto, na influência do sistema motor em tais 
funções. 
Para estudar sobre o sistema motor e compreender os movimentos 
realizados durante a mastigação e a deglutição, ANDRADE (2012), com base na 
Neurociência, adota uma estrutura hierárquica, ou seja, da ativação central para 
a periférica (descendente), afirmando ainda que as operações são paralelas, 
simultâneas, rápidas e automáticas. 
Segundo a autora, a estrutura hierárquica seria: 
 
1. Operação de programação ou planejamento (áreas motoras do córtex 
cerebral e suas conexões em ambos os hemisférios); 
2. Operação de controle (cerebelo, núcleos da base e tálamo); 
3. Operação de ordenação (medula espinhal e tronco encefálico, com ação 
do mesencéfalo e córtex cerebral); 
4. Operação de execução (músculos). 
 
Sendo assim, nos movimentos voluntários o córtex e regiões subcorticais 
planejam e comandam as ações, após isso o cerebelo e os núcleos da base 
respondem pelo início dos movimentos, pela execução harmônica, pelo alcance 
da meta e pela sua finalização. A partir daí, os motoneurônios da medula e do 
tronco encefálico levam as informações aos músculos, que, por fim, 
desempenham os atos específicos de movimento. 
 
 
13 
 
Nos movimentos involuntários ou reflexos, são os circuitos de neurônios 
medulares ou do tronco encefálico que coordenam as ações. A partir dolocal da 
estimulação, da força empregada, da duração da resposta e da intensidade do 
estímulo, os músculos são ativados reflexamente, formando movimentos 
automáticos e respostas estereotipadas ao estímulo sensorial. 
Tanto a mastigação quanto a deglutição apresentam movimentos 
voluntários e involuntários, processos esses de proteção e nutrição. 
 
Importante 
Importante lembrar-se da divisão do sistema nervoso, em 
central (SNC) localizado dentro do esqueleto axial e periférico 
(SNP), o qual se localiza fora deste esqueleto: 
 
 
 
 
SNC 
 
 
 
 
 
 
SNP 
 
 
 
1.4.2 Nervos Cranianos 
 
Ao falar em mastigação e deglutição, também é preciso lembra-se dos 
nervos cranianos, os quais são originados no tronco encefálico e promovem a 
inervação sensitiva e motora. 
Os núcleos motores do nervo craniano estão localizados medialmente 
enquanto os sensitivos se encontram na região lateral. Cada nervo responde a 
Encéfalo (crânio) 
Medula Espinhal 
Cérebro 
Tronco 
Encefálico 
Cerebelo 
Telencéfalo 
Diencéfalo 
Messencéfalo 
Ponte 
Bulbo 
Nervos 
Gânglios 
Terminações Nervosas 
Cranianos - Encéfalo 
Espinhais - Medula 
Sensitivos 
Motores 
Viscerais 
 
 
14 
 
uma área regional do crânio, entretanto, não fica restrito a um único núcleo ou 
tipo de nervo, podendo, então, promover mais de uma função para cada área. 
Os núcleos motores se projetam para várias estruturas da cabeça, 
gerando informações sensitivas a partir da face, orelhas e orofaringe. Sendo 
motoras para movimento facial de expressão, mastigação, movimentos 
extraoculares do olho e funções complexas, como a fala e a deglutição. Os 
sentidos olfativos, gustativos, visuais e auditivos são promovidos com projeções 
corticais amplas, por células altamente especializadas e órgãos finais. 
Para a Fonoaudiologia, os pares cranianos mais importantes são os: V, 
VII, IX, X e XII, os quais, dentro das várias funções exercidas, têm papel 
importante na mastigação. 
O V par, também chamado de Trigêmeo, possui dois ramos, um sensitivo 
e um motor. O ramo sensitivo é voltado para propriocepção, somestesia, 
sensações como temperatura, consistência e peso (sensação do alimento e 
saliva em cavidade oral), ou seja, para as sensações intraorais, as quais são 
responsáveis pelo início do reflexo da deglutição. O ramo motor está ligado à 
mastigação, ou seja, aos músculos mastigatórios, como movimentação de 
língua, abertura de masseter, bucinador e mandibular. 
O VII par, denominado de Facial, possui três ramos, um motor, um 
sensitivo e um parassimpático (autônomo). O ramo sensitivo é responsável pela 
percepção do sabor dos 2/3 anteriores da língua (azedo, doce e salgado), 
enquanto o ramo motor está ligado à mímica facial (comunicação por intermédio 
dos músculos da face), fechamento dos lábios e contenção do bolo alimentar. 
Enquanto o ramo autônomo, parassimpático, é responsável pela produção 
salivar (glândulas submandibular e sublingual) e lacrimal. 
O IX par, chamado de GLOSSOFARÍNGEO, recebe esse nome porque 
envolve tanto a língua (glosso) quanto a faringe (faríngeo), envolvendo, então, 
desde a fase oral até a fase faríngea da deglutição. O IX par também possui três 
ramos (sensitivo, motor e parassimpático), a área sensitiva está ligada ao terço 
posterior da língua. A parte motora é responsável pela propulsão do bolo 
alimentar, já que inerva o músculo estilofaríngeo ligado ao dorso da língua e 
faringe. Além disso, a parte autônoma inerva a glândula parótida, a qual também 
é responsável pela salivação. 
 
 
15 
 
O X par, Vago, possui dois ramos, um sensitivo e um motor, e está mais 
ligado aos reflexos. O ramo motor influencia diretamente nos músculos da fase 
faríngea da deglutição, beneficiando também o movimento laríngeo, assim como 
o ramo sensitivo está ligado à proteção de vias aéreas, agindo em epiglote, 
laringe e cricofaríngeo. 
O Hipoglosso, XII par, possui somente um ramo motor, sendo 
responsável pela força e mobilidade de língua, atuando também em elevação 
hioidea. 
Além desses cinco pares importantes, tem-se ainda uma atuação 
constante do XI par, o Acessório, o qual inerva os músculos 
esternocleidomastoideo e trapézio. 
 
 
Distribuição das Fibras Motoras e Sensitivas 
Fonte: NETTER, F., H. Coleção Netter de Ilustrações Médicas, Sistema Nervoso – 
Medula Espinal e Sistema Nervoso Periférico (2014). 
 
 
1.5 Deglutição 
 
Comer é um ato muito importante na vida humana, envolve questões 
nutricionais necessárias para sobrevivência, assim como sociais e culturais. 
 
 
16 
 
Cada ser humano necessita de uma quantidade de nutrientes e líquidos que 
varia conforme a idade, peso, altura, estado clínico geral e atividade física 
realizada. 
Além disso, o ato de se alimentar muitas vezes se associa com 
confraternizações, já que muitas celebrações envolvem reuniões à mesa, com 
comidas e bebidas, sendo assim, as refeições se associam constantemente com 
alegria, prazer e satisfação. Com isso, o ato de comer (mastigar e deglutir) 
muitas vezes se dá de forma automática quando não há nenhum impedimento. 
 
1.5.1 Conceito de deglutição normal 
 
Refere-se ao ato total da deglutição, da colocação do alimento na boca 
até a chegada ao estômago, passando pela faringe e esôfago. Nela estão 
envolvidas as estruturas da cavidade oral, faringe e laringe. 
Na cavidade oral, estão localizados os lábios, dentes, bochechas, palato 
duro e mole, úvula, mandíbula, assoalho da boca e língua. A faringe e suas 
divisões: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Assim como a laringe, com 
seus músculos e cartilagens, osso hioideo, epiglote, tireoide, cricóide, 
aritenóides, acessórias e as musculaturas intrínsecas e extrínsecas. 
 
 
Distúrbios da deglutição 
Fonte: Guia de informação e orientação dos distúrbios da deglutição. São Paulo, 2014. 
Ilustração Bruno Moretti. 
 
 
17 
 
A deglutição é separada em quatro fases (preparatória, oral, faríngea e 
esofágica), as quais ocorrem de forma rápida e interligadas / encadeadas, ou 
seja, é necessário que todas ocorram de forma adequada para que a deglutição 
possa ser considerada normal e segura. Muitos autores consideram somente 
três fases, fazendo a junção das fases preparatória e oral, somente para fins de 
estudo, não alterando a complexidade do trajeto. 
Para que ocorram adequadamente, é preciso que todos os órgãos 
fonoarticulatórios envolvidos, assim como os pares cranianos e nervos, estejam 
em perfeito funcionamento, de forma individualizada e em conjunto, ou seja, os 
lábios precisam realizar o vedamento adequado para realizar a captação do 
alimento e proporcionar a pressão necessária para a propulsão do bolo, assim 
como para evitar o escape extraoral (anterior). 
A língua, juntamente com os músculos masseter e bucinador, necessitam 
de força e mobilidade adequadas para ajudar na movimentação do bolo 
alimentar para que seja triturado pelos dentes. Os quais também precisam estar 
intactos no processo de mastigação, o qual conta com a ajuda da articulação 
temporomandibular e mandíbula. Após o bolo alimentar ter sido formado 
(triturado e misturado com a saliva), a língua realiza o movimento de propulsão 
deste bolo para a faringe, neste momento, há a elevação do véu palatino, 
evitando o escape nasal, do mesmo modo que há o fechamento das pregas 
vocais e abaixamento da epiglote, realizando a segurança das vias aéreas 
(ocasionando uma apneia), concomitantemente, ocorre a elevação e 
anteriorização da laringe, fazendo com que haja a abertura do esfíncter 
esofágico, e assim, após a entrada no esôfago, o alimento é direcionado ao 
estômago, por meio de movimentos peristálticos. 
 
I – FASE PREPARATÓRIA 
 
Fase em que o alimento é aceito e preparado para ser deglutido. Possui 
origens sensitivas e motoras, com a atuação dos pares cranianos V (trigêmeo), 
VII (facial), IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (acessório) e XII(hipoglosso). 
Atuando na conscientização do volume, peso e sabor do alimento dentro da 
boca, assim como na movimentação ocorrida na mastigação. 
 
 
 
18 
 
 
Os músculos faciais envolvidos são: orbicular da boca, mentual, 
bucinador, risório, conta ainda com os músculos mandibulares (masseter, 
temporal, pterigoideo medial e lateral), da língua e do palato mole. Sua principal 
atividade é a contenção do alimento na cavidade oral, com a sustentação da 
mandíbula, da musculatura da língua e a depressão do véu palatino. 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
II – FASE ORAL 
 
Estágio em que o bolo alimentar é transmitido à faringe. Possui atuação 
dos pares V (trigêmeo), IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (acessório) e XII 
(hipoglosso), tendo, então, atuação sensorial e motora. 
Os músculos envolvidos são os mandibulares e da língua, tendo como 
principal atividade a elevação da mandíbula e a anteroposteriorização da língua, 
assim como a elevação da parte posterior da língua, iniciando o disparo produtor 
do reflexo faríngeo. 
 
 
Saliva misturada ao alimento (glândulas parótida, submandibular e 
sublingual), bolo alimentar organizado no dorso da língua (musculatura 
facial, mandíbula e língua).
Oclusão dos lábios (respiração nasal), trituração dos alimentos pelos dentes 
e formação do bolo alimentar (forma e textura adequadas para deglutição). 
Coordenação de musculatura facial e língua para que não ocorra escape 
anterior durante a mastigação.
Aceitação do alimento na boca a partir de respostas olfativas, gustativas, 
tátil, térmica e de salivação.
 
 
19 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
III – FASE FARÍNGEA 
 
Fase complexa, que envolve diversos eventos / reflexos, é enervada pelos 
V (trigêmeo), IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (acessório) e XII (hipoglosso), 
tendo então origens motoras e sensitivas. Os músculos envolvidos são da língua, 
palato mole, faríngeos e laríngeos. As principais atividades realizadas são 
elevação da mandíbula, língua, osso hioide, laringe, palato mole e faringe, 
depressão da mandíbula e língua, retração da língua e epiglote, estreitamente 
do véu palatino, língua, faringe e adução das pregas vocais. 
Nesta fase, o bolo alimentar é encaminhado para o esôfago, envolvendo 
respostas fisiológicas de proteção (adução das pregas vocais e abaixamento da 
epiglote). 
 
A partir do contato com o véu palatino, ocorre o rebaixamento do palato 
mole, gerando o estímulo que dispara o reflexo para a fase laríngea.
Parte anterior da língua eleva-se contra o palato duro, propulsionando o 
bolo alimentar para a parede faríngea.
Base da língua é rebaixada e posteriorizada.
Fim da mastigação.
 
 
20 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
IV – FASE ESOFÁGICA 
 
Nesta fase, acontecem eventos puramente reflexos, sem controle 
voluntário. O bolo alimentar ao atingir o esfíncter esofágico superior, faz com que 
ocorra uma contração cricofaríngea e uma depressão da laringe e do palato 
mole, fazendo com que o fluxo respiratório seja liberado. 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2020). 
 
Bolo alimentar é propulsionado pela faringe (contrações sequenciais dos 
constritores laríngeos de cima para baixo) até o esfíncter esofágico 
superior.
A partir do contato com o véu palatino, ocorre o rebaixamento do palato 
mole, gerando o estímulo que dispara o reflexo para a fase laríngea.
Retração da língua e maior pressionamento labial.
Véu palatino se eleva para que não haja escape nasal, há a interrupção da 
respiração.
Fim da fase oral quando o bolo atinge o véu palatino.
Bolo alimentar chega ao estômago.
O bolo é trasportado até o esfíncter esofágico inferior pelas ondas 
peristálticas (contração) e pela ação da gravidade.
Começa no esfíncter esofágico superior.
 
 
21 
 
A fonoaudiologia pode atuar na reabilitação das três primeiras fases da 
deglutição (preparatória, oral e faríngea), pois a quarta fase, esofágica, é 
puramente reflexa. 
 
1 - Fase 
Preparatória 
2- Fase Oral 
3- Fase 
Faríngea 
4- Fase 
Esofágica 
 
Fonte: Guia de informação e orientação dos distúrbios da deglutição. São Paulo, (2014), 
adaptado pelo autor (2020). 
 
Curiosidade 
➢ Na deglutição normal / saudável, a interrupção 
respiratória é de aproximadamente 1 (um) segundo; 
➢ Com o envelhecimento, o estímulo para disparar o reflexo 
de deglutição tende a ser posteriorizado; 
➢ O tempo de trânsito desde a boca até o estômago varia 
conforme textura do alimento, idade e estado clínico 
geral; 
➢ Não há um consenso na literatura sobre o que dispara o 
reflexo de deglutição. 
 
1.6 Disfagia 
 
Como já exposto anteriormente, para que a deglutição seja considerada 
saudável, são necessária uma série de fatores, dentre eles, que as estruturas 
envolvidas no processo funcionem de modo adequado, tanto individualmente 
quanto em conjunto. 
Em outras palavras, é necessário que o córtex planeje e comande a ação, 
para que todo o processo neuromotor ocorra de forma adequada (com 
 
 
22 
 
participação do cerebelo, núcleos da base, motoneurônios da medula e do tronco 
encefálico e nervos cranianos), para que o resultado seja um movimento correto 
do músculo. 
Esse músculo então precisa estar funcionando com força muscular e 
tônus adequados (funcionando individualmente), para que o movimento final, em 
conjunto, seja realizado em sincronia. 
Logo, caso haja alguma intercorrência tanto no planejamento da ação, 
quanto na parte motora / física, prejudicando o processo de deglutição, é 
possível que se tenha Disfagia. 
 
1.6.1 Conceito de Disfagia 
 
Disfagia pode ser descrita como uma dificuldade de deglutição, é, portanto, 
um distúrbio de deglutição decorrente de alguma doença de base, ou seja, um 
sintoma, podendo ser decorrente de impedimentos neurológicos ou estruturais. 
Assim sendo, é uma intercorrência que acomete qualquer fase da 
deglutição, desde a fase preparatória até a esofágica (qualquer alteração no 
trânsito do alimento / líquido / saliva da boca até o estômago). Pode ser resultado 
de patologias neurológicas, como síndromes, paralisia cerebral, demências; 
doenças neuromusculares degenerativas, como ELA, distrofia muscular de 
Duchene, esclerose múltipla; câncer de cabeça e pescoço; traumatismos de 
cabeça e pescoço; acidentes vasculares cerebrais (AVCs); encefalopatias; 
prematuridade e senescência. 
A disfagia reflete, mais comumente, problemas que envolvem a cavidade 
oral, laringe, faringe, esôfago e junção gastroesofágica, tais acometimentos 
podem desencadear a entrada de alimentos no trânsito aéreo. Essa dificuldade 
pode acarretar danos pulmonares, aspiração, desnutrição, desidratação, 
pneumonia e até morte. 
Conceitos importantes: 
 
➢ Penetração Laríngea: entrada de alimento, líquido ou saliva, em 
vestíbulo laríngeo (até a face superior das pregas vocais); 
➢ Aspiração traqueal: entrada de alimento, líquido ou saliva, em região 
situada inferiormente às pregas vocais (região subglótica e traqueia); 
 
 
23 
 
➢ Escape precoce / posterior: presença de alimento, líquido ou saliva, 
em hipofaringe, laringe e recessos piriformes antes do reflexo de 
deglutição; 
➢ Resíduo após deglutição: acúmulo de alimento, líquido ou saliva, 
em base de língua, recessos piriformes, valéculas e parede posterior 
da orofaringe, após a terceira deglutição. 
 
Penetração Laríngea 
(acima das pregas vocais) 
Aspiração Traqueal 
(abaixo das pregas vocais) 
 
 
Escape Precoce (Nasal) Resíduo Após Deglutição 
 
 
Fonte: Guia de informação e orientação dos distúrbios da deglutição. São Paulo, 2014. 
 
 
24 
 
Conclusão da aula 1 
 
Com essa aula conclui-se, então, que o fonoaudiólogo atuante na disfagia 
não deve somente conhecer as funções exercidas pelo sistema estomatognático 
e os músculos envolvidos, mas também necessita de um estudo constante sobre 
a função neuromotora. 
É de suma importância saber e entendero funcionamento dos nervos 
cranianos e suas funções, já que são eles que comandam as funções de 
respiração, fala, sucção, mastigação e deglutição, alvo direto do trabalho 
fonoaudiológico. 
Ao se deparar com um paciente, é preciso investigar sobre seu 
funcionamento neuronal e suas possíveis lesões, só assim a reabilitação terá um 
foco direto e eficaz. 
Nesta aula abordaram-se os temas do sistema estomatognático e suas 
funções (respiração, sucção, mastigação, fala e deglutição), assim como foram 
detalhadas as estruturas estáticas e dinâmicas envolvidas nos processos 
(órgãos fonoarticulatórios). 
Visto ainda, a função neuromotora da mastigação e deglutição, enfocando 
na atuação dos nervos cranianos importantes para a fonoaudiologia (V, VII, IX, 
V, XI e XII). A partir do conhecimento dos pares cranianos, foi discorrido sobre a 
deglutição normal, apontando a atuação deles em cada fase (preparatória, oral, 
faríngea e esofágica), do mesmo modo que se detalhou os eventos ocorridos em 
cada uma delas. 
Com base no conhecimento do processo saudável da deglutição, foi 
discorrido sobre o que ocorre quando há acometimento em alguma fase do 
processo, podendo acarretar disfagia. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Por que, para o fonoaudiólogo, é tão importante ter 
conhecimento sobre as partes neurológica e funcional do 
organismo, tanto quanto da musculatura orofacial? 
 
 
 
 
25 
 
Aula 2 – Avaliação da Disfagia 
 
Apresentação da aula 2 
 
Tendo o conhecimento sobre a deglutição saudável, seu funcionamento 
neuromotor e suas estruturas, assim como as alterações que podem ocorrer no 
processo, as quais causam disfagia, faz-se necessário pensar sobre como 
avaliar o paciente que possui queixas de deglutição. 
Para isso, esta aula englobará os tipos e as classificações de disfagia, as 
possíveis alterações encontradas em cada uma delas e os métodos de avaliação 
mais utilizados (protocolos, exames clínicos e instrumentais). 
 
2.1 A importância da avaliação 
 
Quando um paciente chega à clínica fonoaudiológica com queixas de 
deglutição, logo se pensa na anatomia do processo e em qual parte pode haver 
falha. Entretanto, em muitos casos, a ansiedade do terapeuta em iniciar os 
exercícios faz com que avaliação seja realizada de forma muito rápida e / ou 
robotizada. 
Todavia, não se deve esquecer que a avaliação é fundamental, é ela que 
norteará seu processo terapêutico, e, a partir dela, que os exercícios devem ser 
pensados. 
 
 2.2 Tipos de Disfagia 
 
O termo disfagia diz respeito a uma dificuldade no processo de deglutição, 
podendo ser decorrente de uma alteração em qualquer fase deste processo. E 
é a partir da localização e dos mecanismos fisiopatológicos afetados que ela é 
classificada. 
Existem dois tipos básicos de disfagia: orofaríngea, também chamada de 
disfagia de transferência ou alta, e a disfagia esofágica, também intitulada de 
disfagia de transporte. 
 
 
 
 
26 
 
2.2.1 Disfagia Orofaríngea (DOF) 
 
As disfagias orais e faríngeas são aquelas causadas por alterações nas 
regiões de cavidade oral e faringe (algumas com alterações de laringe). 
Pacientes com DOF podem ser acometidos por engasgos, tosses, regurgitação 
de alimento pela cavidade oral, escapes anteriores e posteriores de alimento 
durante ou após a deglutição. 
A disfagia orofaríngea pode ter diversas etiologias, como neurogênicas, 
mecânicas, latrogênicas, psicogências e presbifagia. 
 
➢ Neurogênicas: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Traumatismo 
Cranioencefálico (TCE), Doenças Degenerativas (Parkinson, Alzheimer), 
Doencas Neuromusculares (Esclerose Lateral Amiotrófica {AME}, 
Miastenia, Esclerose Múltipla), Tumores Cerebrais, Paralisia Cerebral [...]; 
➢ Mecânicas: Tumores de cavidade oral, faringe e de laringe; 
➢ Latrogênicas: Medicação, Intubação Orotraqueal (IOT) prolongada, 
Traqueostomia (TQT) e Radioterapia; 
➢ Psicogênicas: Sensação de bolo alimentar “parado” na garganta; 
➢ Presbifagia: Processo natural do envelhecimento que compromete a 
fisiologia da deglutição. 
 
2.2.2 Disfagia Esofágica / Esofagiana 
 
As disfagias esofagianas são decorrentes de uma alteração após a 
deglutição, ou seja, há uma dificuldade da passagem do alimento da faringe para 
o esôfago, sua causa pode ter origem orgânica ou funcional. 
Quando de origem orgânica, é decorrente de um distúrbio obstrutivo, 
como por exemplo: estenose péptica, tumores de esôfago, divertículos, 
esofagite, presença de corpo estranho, entre outros. 
E quando de origem funcional, sua causa está associada a um distúrbio 
de motilidade esofágica, podendo ser primárias como: acalasia, espasmo 
esofagiano e esôfago em britadeira ou secundárias (mais comuns): doença de 
Chagas, Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), esclerose sistêmica 
progressiva. 
 
 
27 
 
No caso das disfagias esofágicas, o trabalho da fonoaudiologia ainda é 
reduzido, já que o tratamento normalmente é medicamentoso ou cirúrgico. 
 
 2.3 A avaliação clínica fonoaudiológica 
 
Como exposto anteriormente, a avaliação é de suma importância para o 
processo de reabilitação da disfagia. A partir dela, é possível identificar os 
pacientes de risco, assim como avaliar a dinâmica da deglutição, planejando os 
objetivos a serem alcançados ao definir a conduta adequada. 
Existem alguns protocolos de avaliação utilizados em clínicas e hospitais, 
os quais visam identificar alterações na dinâmica da deglutição, procurando os 
sinais clínicos sugestivos de penetração laríngea e aspiração laringotraqueal. 
A grande maioria destes protocolos avaliam o paciente com testes 
controlados de alimentação, ou seja, ofertam algumas consistências, 
normalmente pastoso e líquido, em quantidades controladas. 
Entretanto, é importante lembrar que muitos dos pacientes que chegam à 
clínica já se alimentam em casa, e mais importante do que ofertar alimentos 
controlados, considerados seguros, é avaliar como a alimentação é realizada em 
ambiente doméstico, ou seja, deixar que o paciente ou a família escolham os 
alimentos ofertados diariamente e observar como essa alimentação é realizada, 
inicialmente sem intervenção alguma. 
 
2.3.1 Anamnese 
 
Anteriormente a observação e avaliação da oferta de alimentos, é de 
suma importância que uma boa anamnese seja realizada. Nela irão conter os 
dados do paciente e do acompanhante, a história clínica desse paciente e suas 
queixas principais. É também nessa primeira conversa que deve ser feito o 
acolhimento das dificuldades trazidas pela família / paciente, assim o vínculo, tão 
importante para o sucesso da terapia, pode ser iniciado. 
Dentro da história clínica, faz-se necessário investigar se este paciente 
possui algum diagnóstico, se faz uso de medicação, se tem história de 
pneumonias recorrentes, emagrecimento, presença ou aumento de secreção 
laringotraqueal, se realiza acompanhamento com outro profissional, se já 
 
 
28 
 
realizou fonoterapia anteriormente. Além disso, é importante investigar sua rotina 
alimentar, ou seja, uso de sonda (nasogástrica, gastrostomia e jejunostomia), o 
que come, como come (via oral, postura durante a alimentação, consistências e 
tempo de alimentação) e quem oferta a alimentação. 
Na investigação das queixas principais, é primordial que o fonoaudiólogo 
direcione perguntas pontuais e que incitem o paciente e cuidador a pensar sobre 
o que foi questionado, como por exemplo: perde o fôlego quando chora? Se 
sente cansado ao comer? Se sente sonolento ao comer? Tem presença de 
soluços, espirro, tosse, pigarro ou engasgo durante ou após engolir? Sente 
dificuldade ao engolir? Tem sensação de alimento parado na garganta? O 
alimento sai pelo nariz durante a alimentação (escape nasal)? Tem aceitação ou 
negação dos alimentos apresentados? Sente prazer / gosto ao se alimentar? 
Tem refluxo (RGE)? 
 
2.3.2 Avaliação indireta / clínica 
 
Após realizada conversa inicial e anamnese,deve-se, então, partir para a 
avaliação das estruturas e funções envolvidas no processo de deglutição. Dentre 
elas, musculatura, postura, voz, respiração, fala e articulação, higienização oral, 
dentição, saliva, reflexos, tosse e ausculta cervical. 
 
➢ Musculatura OFAs: avaliar simetria, postura em repouso (tônus), 
movimento (força e mobilidade, contrarresistência), lesões, sensibilidade 
extra e intraoral (toque, pressão, dor, doces, azedos, salgado, amargo), 
vedação labial, movimentos involuntários e elevação do véu palatino 
(repouso, mobilidade e sustentação); 
➢ Postura: avaliar postura cervical e global; 
➢ Voz: avaliar alterações em coaptação glótica, fechamento velofaríngeo, 
qualidade vocal (soprosa, rugosa, áspera, tensa, estrangulada, astênica 
[...]), presença ou ausência de voz molhada, tempo máximo fonatório e 
relação s/z (ligação com capacidade e resistência respiratórias); 
➢ Fala e articulação: avaliar ritmo, fluência, entonação e diadococinesia; 
 
 
29 
 
➢ Higienização oral e dentição: avaliar limpeza de cavidade oral (língua, 
dentes, bochechas e palato duro), presença ou ausência de dentes e 
presença ou ausência de próteses dentárias; 
➢ Saliva: avaliar presença de acúmulo de saliva em cavidade oral (estase), 
presença ou ausência de sialorreia, deglutição de saliva, aspecto da 
saliva e escape de saliva pela TQT; 
➢ Reflexos: avaliar os reflexos de vômito (gag) e deglutição espontânea 
(saliva), se há ausência ou presença (adequado, retardado, precipitado / 
antecipado), presença ou ausência de reflexos orais patológicos (procura, 
travamento, mordida fásica e sucção); 
➢ Tosse: avaliar tosse reflexa e espontânea (força para limpeza de vias 
aéreas); 
➢ Respiração: avaliar padrão respiratório, saturação de oxigênio, presença 
de traqueostomia (TQT) e suportes respiratórios; 
➢ Ausculta cervical: avaliar presença ou ausência de ruídos antes, durante 
e após as deglutições (neste caso de saliva). Realizada na borda lateral 
da traqueia inferiormente à cartilagem, cricóide. 
 
2.3.3 Avaliação direta / funcional 
 
Após os processos anteriores da avaliação, cabe ao fonoaudiólogo 
avaliar, de forma direta, a deglutição desse paciente, ou seja, com alimentos. 
É necessário que o paciente esteja em estado de alerta, acordado e que 
tenha condições de receber alimentos via oral, além disso, é imprescindível 
compreender o estado motor desse sujeito, assim como de fala, linguagem e 
compreensão. 
A avaliação com alimentos deve ser sempre realizada de forma segura e 
baseada no estado geral do paciente, ou seja, caso ele se alimente via sonda 
(naso e gastro) a oferta deve ser controlada, iniciada com texturas seguras, como 
o pastoso homogêneo e dependendo da condição do paciente, o líquido. 
Entretanto, como dito anteriormente, caso esse paciente já se alimente 
via oral, é de suma importância que a oferta deva ocorrer primeiramente pelo 
cuidador ou pelo paciente, com os alimentos utilizados em casa e, após isso, de 
forma controlada pelo profissional. 
 
 
30 
 
Neste caso, o fonoaudiólogo, a princípio, deve apenas observar e não 
interferir em nada na oferta pelo cuidador, já que o intuito é avaliar como essa 
alimentação está sendo realizada diariamente. 
Na avaliação funcional, também existem alguns aspectos específicos a 
serem avaliados, dentre eles, captação do alimento, escapes de alimentos, 
tempo de trânsito oral, refluxo nasal, número de deglutições, elevação laríngea, 
respiração e saturação de oxigênio, qualidade vocal, tosse, engasgos, resíduos 
em cavidade oral, entre outros sinais. 
 
➢ Captação do alimento: avaliar se há vedamento labial durante a 
captação; 
➢ Escape anterior de alimentos: avaliar presença de escorrimento do 
alimento pelas comissuras labiais após a captação; 
➢ Tempo de trânsito oral: avaliar o tempo da captação do alimento até sua 
deglutição (líquido: adequado até 4 segundos / pastoso: adequado até 
17,5 segundos); 
➢ Refluxo nasal: avaliar se há escorrimento do alimento pela cavidade 
nasal durante a deglutição (insuficiência no fechamento velofaríngeo); 
➢ Número de deglutições: avaliar a quantidade de deglutições realizadas 
para o completo clareamento da via digestiva (deglutição múltipla: duas 
ou mais deglutições em até 1 minuto após a oferta); 
➢ Elevação laríngea: avaliar excursão laríngea durante a deglutição, 
(adequada auxilia no fechamento do vestíbulo laríngeo, ou seja, na 
proteção das vias aéreas e na abertura da transição faringoesofágica); 
➢ Respiração e saturação de oxigênio (SpO2): observar se há mudança 
em padrão respiratório durante a alimentação, com a medição da 
oximetria de pulso, avaliar a porcentagem de oxigênio arterial na corrente 
sanguínea, o ideal para um adulto é maior que 89% (alterado quando há 
queda de saturação maior que 4% da linha de base após a oferta), avaliar 
presença de cianose e broncoespasmo; 
➢ Qualidade vocal: comparar voz pré-oferta e pós-oferta de alimento, 
avaliar presença de voz molhada após a deglutição (sinal de penetração 
laríngea); 
 
 
31 
 
➢ Tosse e pigarro: avaliar se há presença de tosse antes, durante e após 
a deglutição, sinal reflexo de proteção de vias aéreas, sinal de penetração 
laríngea e possível aspiração traqueal, quando há sensibilidade laríngea 
e força respiratória, outro sinal de sensibilidade é o pigarro; 
➢ Engasgo: avaliar presença de obstrução do fluxo aéreo, sinal de 
penetração laríngea e possível aspiração traqueal; 
➢ Resíduo em cavidade oral: avaliar presença de acúmulo de alimentos 
em vestíbulo anterior, lateral, assoalho bucal e superfície lingual após a 
deglutição; 
➢ Outros sinais: avaliar se o paciente apresenta sinais de estresse, prazer, 
alterações na frequência cardíaca, sonolência, movimentação de cabeça, 
esforço, mudanças de expressões faciais ou qualquer outro sinal durante 
a deglutição. 
 
2.4 Protocolos de avaliação e eficácia terapêutica 
 
Como exposto anteriormente, existem alguns protocolos que norteiam a 
avaliação fonoaudiológica, os quais são planejados e controlados, fornecendo 
segurança para o paciente e possibilitando a análise e definição de condutas por 
parte do profissional fonoaudiólogo. 
Dentre eles, o Protocolo de Avaliação de Risco de Disfagia (PARD) é um 
dos mais utilizados. Este protocolo possui como itens de avaliação alguns sinais 
de possível aspiração, é realizado com as consistências líquida e pastosa, com 
volumes controlados. Para o líquido, são ofertados 1, 2, 3, 4 e 5 ml, e para o 
pastoso 3, 5 e 10 ml. 
Após isso, classifica-se o nível de disfagia a partir da gravidade do 
distúrbio da deglutição e, com isso, decide-se a conduta a ser tomada, que são 
três definidas pelo protocolo. 
Os autores do PARD indicam que a aplicação do protocolo seja realizada 
com o paciente, necessitando que este esteja alerta, que esteja acordado e 
capaz de receber líquidos e alimentos pela boca. Recomendam também que são 
necessários: estetoscópio, oxímetro de pulso, equipamento de monitoração de 
sinais vitais, 15ml de água potável, 54ml de alimento pastoso fino, seringas de 5 
e 10ml e uma colher de sobremesa. 
 
 
32 
 
Segundo PADOVANI, a classificação da disfagia é dada da seguinte 
forma: 
 
➢ Nível I: Deglutição normal: normal para as duas consistências avaliadas 
e em todos os itens avaliados. A alimentação por via oral é recomendada; 
 
➢ Nível II: Deglutição funcional: pode estar anormal ou alterada, porém 
sem risco de aspiração ou redução da eficiência da deglutição, com 
possibilidade de manter hidratação e nutrição exclusivamente por via oral. 
São esperadas algumas compensações espontâneas em pelos menos 
uma consistência (dificuldade leve). A alimentação por via oral é 
recomendada, porém pode ser necessário um tempo maior para a tarefa; 
 
➢ Nível III: Disfagia orofaríngea leve: distúrbio de deglutição presente com 
necessidade de orientações específicasdo fonoaudiólogo durante a 
deglutição. Há a necessidade de pequenas modificações na dieta. 
Presença de tosse e / ou pigarro espontâneo e reflexo eficazes, 
compensações adequadas; 
 
➢ Nível IV: Disfagia orofaríngea leve a moderada: presença de risco de 
aspiração, o qual é reduzido com o uso de manobras e técnicas 
terapêuticas. Sinais de aspiração e restrição de uma consistência, tosse 
reflexa fraca e voluntária forte. Tempo de alimentação aumentado e 
suplementação nutricional necessária; 
 
➢ Nível V: Disfagia orofaríngea moderada: presença de risco de 
aspiração significativa. Sinais de aspiração para duas consistências. 
Suplementação de alimentação por via alternativa junto a via oral. 
Necessidade de supervisão durante alimentação, o paciente pode se 
alimentar de algumas consistências utilizando técnicas e manobras para 
facilitar deglutição e minimizar risco de aspiração. Tosse reflexa fraca ou 
ausente; 
 
 
 
33 
 
 
➢ Nível VI: Disfagia orofaríngea moderada a grave: presença de sinais 
de aspiração, com necessidade de múltiplas solicitações de clareamento 
e assistência máxima para utilização de estratégias. Tolerância de apenas 
uma consistência com máxima assistência, aspiração de duas ou mais 
consistências. Ausência de tosse reflexa, tosse voluntária, fraca e 
ineficaz. A depender do estado pulmonar do paciente, a alimentação via 
oral é suspensa; 
 
➢ Nível VII: Disfagia orofaríngea grave: impossibilidade de alimentação 
por via oral. Presença de engasgo com difícil recuperação, aspiração 
silente para duas ou mais consistências, tosse voluntária ineficaz e 
inabilidade de iniciar a deglutição. 
 
A partir dessa classificação, a conduta é então obtida. Incluindo a 
indicação de: 
 
(a) Via alternativa de alimentação (sondas enterais e gástricas); 
 
(b) Terapia fonoaudiológica, podendo ser direta (com alimento) e / ou indireta 
(sem alimento); 
 
(c) Alimentação por via oral assistida pelo fonoaudiólogo, de acordo com a 
seleção das consistências. 
 
➢ Para os níveis I e II, a conduta será (c); 
 
➢ Para os níveis III, IV e V, a conduta será (a) + (b) + (c); 
 
➢ Para os níveis VI e VII, a conduta será (a) + (b). 
 
 
 
34 
 
 
 
Fonte: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342007000300007 
 
 
 
35 
 
Outro protocolo que vem sendo bastante utilizado na avaliação, porém 
como um suporte de monitoramento, é o FOIS - Functional Oral Intake Scale. 
Este protocolo gradua a quantidade de ingestão por via oral, sendo aplicado 
durante todo o processo terapêutico, a fim de realizar comparações e definir a 
eficácia da fonoterapia. 
 
 
Escala Funcional de Ingestão por Via Oral (Functional Oral Intake Scale) 
Fonte: Link: http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462008000400010 
 
2.5 Sinais sugestivos de penetração laríngea e / ou penetração 
laringotraqueal 
 
Durante a avaliação, é necessário estar atento a alguns sinais 
importantes. Caso o paciente manifeste algum destes sinais, porém não 
apresente mecanismos eficazes de limpeza de vias aéreas, como tosse / pigarro 
fortes, com concomitante retorno de estado padrão, é necessário que a avaliação 
seja interrompida, para que não haja um risco maior de aspiração e possível 
pneumonia. Os principais sinais são: 
 
➢ Tosse (antes, durante e após a deglutição); 
 
➢ Voz molhada; 
 
➢ Dispnéia (alteração respiratória); 
 
 
36 
 
➢ Alterações na ausculta cervical (deglutições múltiplas, ruídos, sinais 
sugestivos de estase em recessos faríngeos e / ou penetração 
laríngea e / ou aspiração laringotraqueal ou escape posterior); 
 
➢ Sudorese, sonolência e recusa alimentar. 
 
Entretanto, muitos pacientes não apresentam nenhum sinal visível de 
penetração e / ou aspiração, como tosse e engasgos, muitas vezes por diminuta 
sensibilidade laríngea. Em muitos casos, nem mesmo a ausculta cervical é capaz 
de ajudar no processo de diagnóstico, neste caso, tem-se o que é chamado de 
aspiração silente. 
Geralmente, o questionamento da presença da aspiração silente se dá 
pelo fato da frequência de pneumonias de repetição ou muitas vezes pela queda 
dos parâmetros respiratórios (saturação e frequência respiratória) ou cardíacos 
durante a alimentação. Nestes casos, é indicado, concomitantemente com a 
avaliação clínica fonoaudiológica, uma avaliação instrumental da deglutição, a 
qual pode ser solicitada pelo fonoaudiólogo. 
 
2.6 Avaliação Instrumental da Deglutição 
 
Pode-se dizer que a avaliação clínica da disfagia é soberana, ou seja, a 
partir dela, o fonoaudiólogo pode dar um diagnóstico de disfagia com convicção. 
Entretanto, mesmo com o auxílio da ausculta cervical, muitas vezes pode se 
tornar insuficiente para detectar uma aspiração silente. 
A aspiração silente ou silenciosa é definida como a penetração de alimento 
e / ou saliva abaixo das pregas vocais, sem que haja sintomas de tosse ou 
qualquer outro indicativo de dificuldade de deglutição. Esta aspiração traqueal 
silenciosa é decorrente da diminuição da sensibilidade laríngea, provocando a 
redução ou a extinção do reflexo de tosse. Se faz muito comum na população 
pediátrica, inclusive em diversos casos de paralisia cerebral. 
Quando há, então, a suspeita de aspiração silente, ou na necessidade de 
confirmação da avaliação clínica, são realizados alguns exames objetivos da 
deglutição para complementação, dentre eles, a videoendoscopia e a 
videofluoroscopia. 
 
 
37 
 
2.6.1 Videoendoscopia da deglutição 
 
O exame de videoendoscopia da deglutição (VED) consiste na passagem 
de um endoscópio pequeno e flexível pela cavidade nasal, sendo chamado 
também de nasofibrofaringolaringoscopia (FEES). É um procedimento 
relativamente barato, realizado pelos otorrinolaringologistas com a presença de 
um fonoaudiólogo. 
Este exame possibilita a visualização das estruturas envolvidas antes e 
depois do processo de deglutição, podendo detectar alterações anatômicas e / 
ou funcionais. Avalia também a eficácia da deglutição e da proteção das vias 
aéreas. Entretanto, a VED não permite a avaliação das fases oral e esofágica, 
podendo não detectar microaspirações, já que consiste na comparação das 
imagens pré-deglutição e pós-deglutição. 
 
2.6.2 Videofluoroscopia da deglutição 
 
A videofluoroscopia da deglutição (VFD) é considerada padrão ouro na 
investigação da disfagia. É um exame radiológico dinâmico que permite a 
visualização da dinâmica da deglutição desde a entrada do bolo alimentar na 
cavidade oral até a passagem para o trato digestivo, avaliando então todas as 
fases da deglutição. 
Investiga não somente a presença ou ausência da aspiração, como, 
principalmente, mostra a causa da disfagia e identifica onde está a maior 
dificuldade. A VFD possibilita a quantificação da aspiração, assim como verifica 
a presença de escapes, estases e resíduos em recessos faríngeos após a 
deglutição, identifica microaspirações e aspiração silente, além disso, ajuda o 
fonoaudiólogo a definir o fluxo e consistências mais seguros para o paciente. 
A VFD ainda auxilia na avaliação das estratégias compensatórias visando 
o manejo das alterações de deglutição encontradas, já que o fonoaudiólogo, ao 
estar presente no exame, pode orientar o paciente a realizar manobras 
compensatórias. 
Entretanto, tem como maior desvantagem o uso da radiação, além disso, 
não é adequado para avaliar anormalidades estruturais e o contraste utilizado 
nos alimentos ofertados, quando aspirado, pode gerar outras disfunções. 
 
 
38 
 
Conclusão da aula 2 
 
A avaliação fonoaudiológica se inicia a partir do momento que o paciente 
chega com a queixa para o profissional e mais do que ofertar o alimento, o 
fonoaudiólogo deve ser aquele que escuta as demandas trazidas pela família / 
paciente, acolhe e maneja sempre que for preciso, pois se faz necessário 
entender o funcionamento da casa em que o paciente está inserido e sua rotina 
de alimentação, já que,em alguns casos, a maior dificuldade do paciente pode 
estar no modo que a refeição está sendo ofertada. 
A avaliação da disfagia deve ir além da observação dos órgãos 
fonoarticulatórios, é de extrema importância que o paciente seja visto como um 
todo, desde a investigação de sua patologia de base até sua respiração e postura 
corporal. 
Nesta aula abordaram-se os tipos de disfagia, assim como sua 
classificação a partir da avaliação fonoaudiológica. 
Visto também, quais são os principais passos dessa avaliação, desde a 
anamnese, avaliação indireta (estrutura sem alimento), avaliação direta (com 
alimento), quais itens têm extrema importância na avaliação (indicadores de 
aspiração traqueal) e como chegar à conduta terapêutica. 
Além disso, foram vislumbrados os principais exames instrumentais 
utilizados como complementação e confirmação da avaliação clínica. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Dentre vários fatores de risco para a disfagia, como 
prematuridade, síndromes, AVCs, TCEs e senescência, está o 
uso da traqueostomia (TQT). Por que a TQT é considerada um 
agravante às dificuldades deglutitórias? 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Aula 3 – Reabilitação da Disfagia 
 
Apresentação da aula 3 
 
Após realizada uma boa avaliação fonoaudiológica, inicia-se o processo 
de planejamento da terapia, ou seja, o fonoaudiólogo deve organizar quais 
objetivos serão traçados e como irão ser trabalhados. 
Parte dessa reabilitação pode ser feita de forma interdisciplinar e, por isso, 
é tão importante que a avaliação fonoaudiológica aborde funções essenciais 
como a respiração, pois, caso visto necessidade, é indispensável a realização 
de um encaminhamento para a fisioterapia. 
Posto isso, essa aula trará alguns conhecimentos sobre a reabilitação nas 
disfagias de maior índice (neurogênicas e mecânicas). Além disso, apresentará 
a importância do sistema respiratório para a deglutição, assim como do trabalho 
conjunto com a fisioterapia respiratória. 
 
3.1 Reabilitação 
 
A reabilitação da disfagia deve ser iniciada a partir do momento em que é 
diagnosticada. Devido a isso, é imprescindível que o paciente que apresente 
qualquer dificuldade de deglutição procure uma avaliação fonoaudiológica o 
quanto antes. 
A terapia fonoaudiológica em disfagia tem como objetivo principal a 
melhora da qualidade de vida do paciente, seja adequando a alimentação por 
via oral, ajudando no ganho de peso ou diminuindo a ocorrência de pneumonias 
aspirativas. 
 
3.2 Disfagia Neurogênica 
 
O sistema nervoso é um sistema complexo e vulnerável a uma série de 
patologias, podendo ser lesado por traumas, infecções, distúrbios vasculares, 
degeneração celular, alterações estruturais, neoplasias, dentre outros. E dentre 
as diversas alterações acarretas por tais acometimentos, está a disfagia. 
 
 
40 
 
Deste modo, o distúrbio de deglutição causado por alguma etiologia que 
envolva danos no sistema nervoso, é chamado de disfagia neurogênica, sendo 
mais comum acometimentos nas fases orais e faríngeas, portanto, denominada 
de Disfagia Orofaríngea Neurogênica. 
Entre as patologias mais comumente encontradas, estão TCE (Traumas 
Cranioencefálicos), Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, Esclerose 
Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica, Paralisia Cerebral, Miastenia, Tumores 
Cerebrais e AVC (Acidente Vascular Cerebral), sendo este último em maior 
índice, cerca de 40 a 50%. 
As implicações nas fases de deglutição variam conforme a doença de 
base, o local e o grau da lesão, sendo assim, é preciso que a avaliação 
fonoaudiológica leve em consideração investigar a lesão e as possíveis 
alterações no processo neuromotor, ou seja, a partir da anamnese e avaliação 
estrutural e funcional realizada em consultório ou hospital, o fonoaudiólogo deve 
pesquisar sobre a patologia encontrada, os locais cerebrais lesionados e sua 
extensão e o processo neurológico afetado, assim como as dificuldades que 
podem estar ligadas a isso. 
 
3.3 Disfagia Mecânica 
 
As disfagias mecânicas têm como causa alterações estruturais 
decorrentes mais comumente de câncer de cabeça e pescoço. Tal acometimento 
pode envolver cirurgias de ressecção de estruturas envolvidas nas funções do 
sistema estomatognático, acarretando graves sequelas no processo de 
deglutição, fonoarticulação e voz. 
Além das ressecções, o câncer pode ocasionar alterações metabólicas e 
nutricionais, funcionamento inadequado do sistema imunológico, perda de peso, 
diminuição de massa muscular, fraqueza muscular, lentidão, caquexia, necrose, 
infecções, inflamações, além disso, pode ocasionar também dor extrema, 
ocasionando incapacitação funcional. 
O tratamento do câncer conta também com radioterapia e quimioterapia, 
as quais podem resultar em alterações funcionais e estruturais graves e dificultar 
ainda mais o processo de deglutição. 
 
 
41 
 
A radiação causa diminuição da capacidade de contração dos tecidos, 
devido às lesões causadas pela redução da vascularização tecidual do local 
irradiado, as quais são reparadas por tecido fibroso, fazendo com que haja uma 
diminuição de sensibilidade, movimento e função das estruturas envolvidas no 
processo de deglutição. 
Durante o tratamento radioterápico, o paciente pode vir a ter alterações 
na mucosa, como xerostomia, alteração ou perda do paladar, diminuição ou até 
a perda de propriocepção, inapetência, odinofagia, mucosite, trismo e necrose 
dos tecidos, além disso, tardiamente pode vir a ter fibrose, edema de laringe, 
paralisia de prega vocal, diminuição do reflexo de deglutição, redução da 
elevação laríngea, redução do peristaltismo faríngeo e esofágico. 
A quimioterapia utiliza medicamentos antineoplásicos, a fim de destruir as 
células doentes que formam o tumor, entretanto a toxicidade desses 
medicamentos traz consigo muitos efeitos colaterais que aumentam os riscos de 
disfagia, por exemplo, anemia, leucopenia, aumenta os riscos de pneumonia 
(paciente imunodeprimido, com maior risco de infecções oportunistas), mucosite 
de cavidade oral e faringe, ressecamento das pregas vocais, náusea, vômito, 
fraqueza muscular, fadiga, perda de peso, inapetência, dor ao deglutir. 
 
3.4 Terapia Fonoaudiológica em Disfagia 
 
Quando se fala em reabilitação, muitos pacientes e familiares associam a 
terapia ao ganho total da função que havia sido perdida ou alterada. Entretanto, 
a reabilitação não tem como objetivo a pretensão de voltar à normalidade, mas 
sim a busca pela melhoria da qualidade de vida do paciente, maximizando o 
potencial funcional e / ou compensatório. 
Reabilitar disfagia é buscar uma deglutição segura, sem riscos de 
complicações, o objetivo é estabilizar o estado nutricional e de hidratação do 
paciente, sem que haja risco de aspiração. 
Portanto, não necessariamente tem sempre como objetivo a busca pela 
alimentação por via oral, a eficácia da reabilitação pode ser comprovada com o 
aumento de peso e / ou a redução da ocorrência de pneumonias aspirativas, e 
nos melhores casos, com o paciente se alimentando eficientemente por via oral. 
 
 
42 
 
A reabilitação da disfagia inicia-se a partir da orientação do paciente e 
familiares com relação à modificação da dieta e oferta, como consistências, 
volume, temperatura, utensílios, manobras, posturas, a utilização de exercícios 
e recursos que visam ao treinamento e à adaptação das potencialidades desse 
paciente. 
 
3.4.1 Planejamento terapêutico 
 
Após uma avaliação bem estruturada, o fonoaudiólogo deve planejar o 
processo terapêutico individual e específico para aquele paciente. Os exercícios 
pensados devem levar em consideração não somente a parte estrutural, como 
tonicidade e força muscular, mas também em como essa estrutura está se 
movimentando na função pretendida. Nos casos de disfagia mecânica, o foco 
deve estar também nas compensações que as estruturas restantes podem 
realizar para propiciar uma deglutiçãosaudável. 
Para além de um exercício eficiente para a dinâmica da deglutição, a 
busca deve ser sempre pela eficácia no quadro geral do paciente, ou seja, por 
uma ingesta oral segura (alimentos, líquidos e / ou saliva), manutenção da 
condição nutricional e pulmonar. 
Então, muito além de compreender o funcionamento do processo 
deglutitório, com suas estruturas e funções, é imprescindível que o 
fonoaudiólogo conheça sobre a patologia de base desse paciente, assim como 
os danos neurológicos e suas implicações. 
Muitos pacientes possuem patologias de rápida fadiga e / ou necessitam 
de aportes respiratórios, no dia a dia e durante a terapia, portanto cabe ao 
fonoaudiólogo pensar sobre o paciente de forma integral, só assim um plano 
terapêutico pode ser montado de forma eficaz. 
Atualmente, é comum encontrar fonoaudiólogos que “separam” seu 
paciente em áreas, ou seja, o paciente chega com diversas queixas 
fonoaudiológicas, por exemplo, disfagia e apraxia, entretanto o profissional se 
especializa em apenas uma área e exclui o trabalho da outra, esquecendo que 
essas funções são interligadas, dependentes uma da outra. 
O fonoaudiólogo que se implica em trabalhar com neurologia, precisa 
entender que ele deve conhecer, não somente sobre disfagia, mas também 
 
 
43 
 
sobre todas as possíveis implicações que podem vir acompanhadas de um dano 
neurológico (afasia, disartria, apraxia e paralisia facial), já que, como dito 
anteriormente, são interligadas. 
Além disso, o programa terapêutico também depende do grau de disfagia 
com que o paciente chegue na sessão. Após aplicação dos protocolos de 
avaliação, como PARD e FOIS, e classificada a disfagia em leve, leve a 
moderada, moderada, moderada a grave e grave, o fonoaudiólogo decidirá por 
uma terapia segura e eficaz para aquele paciente. 
 Por exemplo, nos casos de disfagia leve e leve a moderada, nas quais o 
paciente apresenta um reflexo de proteção eficaz (tosse e pigarro), avaliada a 
possibilidade eficiente do uso de manobras compensatórias, a terapia pode 
conter exercícios para órgãos fonoarticulatórios e direta com oferta da 
consistência de maior dificuldade, com adaptação de manobras posturais e 
facilitadoras. 
No caso das disfagias moderada, moderada a grave e grave, após a 
aplicação da avaliação, é possível saber se o paciente tem ou não condições de 
iniciar uma terapia direta. Caso não seja possível, é realizada terapia indireta, 
com um trabalho em deglutição de saliva. Caso o paciente tenha condições 
mínimas de proteção de via aérea, a terapia direta é iniciada, de forma segura, 
com volumes pequenos e manobras compensatórias. 
Além disso, é importante sempre orientar o paciente e a família com 
relação a consistências, posturas, volume, modo de oferta, manobras e treinos 
(exercícios e / ou com alimento) para realização em casa, caso necessário. 
 
3.4.2 Exercícios e Manobras 
 
Ainda é muito comum nas terapias de disfagia a utilização de exercícios 
de motricidade orofacial, entretanto, apesar do conhecimento sobre sua 
eficiência, está sendo cada vez mais discutido sobre a sua eficácia dentro do 
processo de deglutição. 
Ao se pensar na realização de exercícios em terapia, o fonoaudiólogo não 
deve se prender apenas ao movimento final do processo neuromotor, que é a 
movimentação do músculo, mas a todo o processo neurológico envolvido na 
realização da função. Realizar exercícios faz com que aumente o número de 
 
 
44 
 
voltas de bainha de mielina em torno do axônio, além disso, aumenta os 
neurotransmissores que realizam a condução das informações mandadas pelo 
córtex, favorecendo, assim, novas conexões (neuroplasticidade). 
Na reabilitação das disfagias mecânicas, em que estruturas são retiradas 
de forma cirúrgica, além de pensar no processo neuromotor, a terapia precisa se 
focar nas compensações possíveis que as estruturas que restaram podem 
realizar na função desejada. 
Portanto, o mais aconselhado, atualmente, é a utilização de exercícios de 
órgãos fonoarticulatórios em conjunto com a estimulação da função para que 
viabilize a realização de novas conexões e compensações, pois o sucesso para 
a deglutição vai além do trabalho do tônus, força e mobilidade de um músculo, é 
necessário colocá-lo para trabalhar na função que se pretende reabilitar, 
propiciando neuroplasticidade. 
Por exemplo, não trará sucesso no processo deglutitório exercitar uma 
língua hipotônica ou fraca, com estalo ou qualquer outro exercício miofuncional, 
se após isso, o paciente não colocar a língua para se movimentar na função 
pretendida, no caso, deglutir, pois o movimento realizado no estalo de elevação 
de ponta e meio de língua não é o mesmo realizado na deglutição, como 
elevação do dorso, anteriorização e posteriorização. 
Nos casos de terapia indireta, em que não há a possibilidade da oferta de 
alimentos, o paciente treinará com a deglutição da própria saliva. 
Outra questão importante que envolve os exercícios diz respeito à sua 
frequência e série de repetições, já que, como dito anteriormente, muitos 
pacientes tendem a fadigar de forma rápida, por exemplo, pacientes com 
Esclerose Lateral Amiotrófica. 
Mais do que pensar em exercícios unitários, o fonoaudiólogo deve 
estruturar exercícios que envolvam a movimentação de mais de uma estrutura 
ao mesmo tempo, ou seja, que contemple mais que a alteração encontrada, a 
fim de facilitar a execução para o paciente e família. 
Alguns exercícios utilizados para melhora de mobilidade e força de 
estruturas envolvidas no processo de deglutição: 
 
 
 
 
45 
 
Língua: 
➢ Estalar de língua; 
➢ Lateralizar língua; 
➢ Pontos cardeais; 
➢ Protruir e retrair; 
➢ Elevar e abaixar a ponta de língua; 
➢ “Varrer” palato antero-posteriormente; 
➢ Vibrar língua; 
➢ Empurrar bochechas com a língua; 
➢ Canolar língua. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Lábios: 
➢ Estalar lábios; 
➢ Protruir e retrair (bico-sorriso); 
➢ Lateralizar; 
➢ Seguras espátula com os lábios protruídos e retraídos. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Bochechas: 
➢ Inflar: unilateral, bilateral e alternados; 
➢ Sugar seringa; 
➢ Soprar; 
➢ Contra resistência com espátula. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Véu palatino: 
➢ Soprar; 
➢ Sugar; 
➢ /a/, /ã/; 
➢ /ka/, /kã/; 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Proteção de vias aéreas (adução de pregas vocais): 
➢ Empuxo (movimentar com força os membros superiores + vocalização); 
➢ Resistência glótica; 
➢ Trato vocal semi-ocluído (Lax Vox); 
➢ Fonação inspiratória; 
➢ Som hiperagudo. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
 
 
46 
 
Mobilidade laríngea: 
➢ Escalas musicais; 
➢ Emissão de sons graves e agudos intercalados; 
➢ Bocejar. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2020). 
 
Além dos exercícios, algumas manobras compensatórias e posturas 
facilitadoras da deglutição são testadas na reabilitação do paciente disfágico, 
são realizadas não para a restituição da deglutição, mas para auxiliar na 
diminuição / eliminação de aspiração de alimentos. 
São escolhidas conforme testes e alterações encontradas no paciente, 
inclusive, durante a videofluoroscopia podem ser utilizadas para a melhor 
observação da eficácia. As manobras mais utilizadas são: cabeça fletida, super-
supraglótica e deglutição com esforço, mas existem várias outras, detalhadas a 
seguir: 
 
➢ Cabeça fletida: abaixar a cabeça, apoiando o queixo no peito e deglutir. 
Promove melhor contato da base de língua com a parede faríngea, 
posicionando a epiglote com a parede posterior da faringe, aumentando 
a proteção das vias aéreas; 
➢ Supraglótica: colocar o alimento na boca, prender a respiração, deglutir, 
pigarrear e deglutir novamente. Objetiva o fechamento glótico antes e 
durante a deglutição, reduzindo chancesde aspiração antes, durante e 
depois da deglutição; 
➢ Super-supraglótica: colocar o alimento na boca, prender a respiração, 
deglutir com força, pigarrear com força e deglutir novamente. Proporciona 
melhor fechamento de vias aéreas durante a deglutição e limpeza de 
resíduos das regiões faríngea e laríngea, após a deglutição. 
➢ Esforço: deglutir com força. Aumenta a força da porção posterior da 
língua, reduz estase de alimentos em valécula; 
➢ Mendelson: deglutir com a laringe elevada. Eleva a laringe no momento 
da deglutição, aumentando a abertura do esfíncter esofágico superior, 
prolongando a elevação laríngea; 
 
 
47 
 
➢ Masako: deglutir com a língua entre os dentes. Aumenta a constrição das 
paredes laterais e posteriores da faringe, favorecendo a propulsão do bolo 
alimentar. 
 
3.5 Recursos Terapêuticos 
 
Com o avanço da tecnologia, muitos recursos terapêuticos estão sendo 
inseridos na reabilitação da disfagia, eles auxiliam na diminuição do tempo de 
recuperação, além disso, podem ser utilizados naqueles pacientes não 
responsivos, os quais não conseguem realizar os exercícios de forma ativa, 
sendo utilizadas manipulações e estimulações passivas. 
Atualmente, os recursos mais utilizados são bandagem elástica, 
eletroestimulação, laserterapia e estimulação tátil térmica gustativa. 
 
3.5.1 Bandagem Elástica 
 
A bandagem elástica na reabilitação de disfagia contribui na aceleração 
dos ganhos funcionais e objetivos terapêuticos. Ela pode ser utilizada em 
qualquer estágio da terapia e ajuda os músculos e outros tecidos a buscar a 
homeostase, ou seja, o equilíbrio interno do organismo. 
A bandagem elástica atua na correção da função motora de músculos 
fracos, aumenta a circulação sanguínea e linfática, auxilia no relaxamento de 
músculos hiperativos e aumenta a propriocepção por meio da estimulação dos 
mecanorreceptores cutâneos. Sua aplicação pode aumentar o controle motor e 
ativar a musculatura desejada. 
Para que seja aplicada de forma adequada, o profissional deve ter um 
conhecimento aprofundado sobre a técnica por meio de cursos, já que seu uso 
incorreto pode promover lesões dermatológicas e impactos negativos na 
deglutição, impedindo, assim, a evolução terapêutica. 
Na reabilitação da disfagia, pode ser utilizada no início da terapia, 
otimizando as técnicas pelo aumento da percepção e sensação das 
estimulações, assim como no final, propiciando a continuidade dos estímulos. 
 
 
48 
 
Sua utilização deve ser pensada com os mesmos objetivos do 
planejamento terapêutico e, caso não sejam observadas melhoras no seu uso, 
ele deve ser repensado. 
Na disfagia, é bastante utilizado para auxiliar na diminuição do escape 
extraoral de saliva, quando colocado em tegumento do músculo supra-hioideo, 
favorecendo a propriocepção, fazendo com que aumente a frequência de 
deglutição. 
Quando aplicado no tegumento do músculo orbicular da boca, favorece o 
vedamento labial e assim a pressão intraoral e a força de deglutição, além de 
otimizar a captação do alimento e diminuir escape extraoral. 
Reduz tensão muscular quando aplicado em masseter e ATM, muito 
comumente encontradas em lesões neurológicas, como a paralisia cerebral. 
 
3.5.2 Eletroestimulação 
 
O uso de eletroestimulação (EE) tem se tornado cada vez mais comum 
na reabilitação das disfagias. Esse recurso propicia um menor tempo para atingir 
objetivos terapêuticos e facilita o planejamento motor para atingir metas 
funcionais. Entretanto, seu uso precisa ser realizado com muita cautela, por 
profissionais com conhecimento na área, já que necessita de uma avaliação 
precisa do paciente, pois há diversas contraindicações, além de ser necessário 
um conhecimento específico de eletrofisiologia. 
A EE na disfagia pode ser utilizada tanto na recuperação sensorial quanto 
motora e no fortalecimento dos músculos laríngeos, farínges e face, aumentando 
também sua capacidade muscular aeróbica, resistência muscular e a circulação 
sanguínea. 
A eletroestimulação tem ação direta na neuroplasticidade, já que atua 
sobre os motoneurônios alfa e nas vias aferentes que se dirigem para os centros 
superiores, ou seja, a aplicação das correntes elétricas nas estruturas faz com 
que sinapses viáveis ocorram por caminhos diferentes. 
São vários os tipos de impulsos elétricos que podem ser utilizados na EE, 
entretanto os mais utilizados são a estimulação elétrica funcional (FES) e a 
estimulação elétrica neuromuscular (EENM). Esses estímulos podem também 
ser seletivos à inervação sensorial ou motora. 
 
 
49 
 
 
A estimulação em nível sensitivo ocorre com os eletrodos colocados na 
superfície cutânea, resultando na excitação das fibras nervosas sensitivas. A 
depender da frequência e tempo utilizados, o sujeito tem desde sensação de 
alfinetadas e agulhadas até sensações de pancadas. 
Na reabilitação da disfagia, essa estimulação sensitiva é muito utilizada 
para o aumento de alerta à região estimulada, podendo gerar ganhos em 
aumento de propriocepção intraoral e frequência de deglutições de saliva, 
diminuição de sialorreia e de resíduos em cavidade oral após deglutição, e 
aumento de sensibilidade laringea e faríngea, favorecendo a percepção de saliva 
e alimentos nessas regiões. 
A estimulação em nível motor ocorre com o aumento da intensidade 
elétrica, podendo chegar à contração muscular. Esse tipo de estimulação é 
bastante utilizado nos casos de incapacidade de contração de forma ativa, por 
comando verbal, por exemplo, nos casos de disfagia pediátrica ou pacientes com 
déficits cognitivos ou com dificuldades de programação / execução motora. 
Na reabilitação da disfagia, a estimulação motora tem como função 
favorecer o recrutamento de maior força muscular na execução do processo 
deglutitório, assim como promover a propriocepção do movimento produzido 
pelo estímulo elétrico. 
Pode auxiliar na excursão hiolaríngea, assim como na força de lábios, 
língua e bochechas, aumentando também a propriocepção da deglutição e 
promovendo uma função mais direcionada e eficiente ao favorecer o 
aprendizado motor e a neuroplasticidade. 
 
3.5.3 Estimulação Tátil Térmica Gustativa (ETTG) 
 
A estimulação tátil térmica gustativa (ETTG) é um dos recursos mais 
antigos aplicados na reabilitação de disfagia. É uma estratégia neurofuncional 
amplamente utilizada nas terapias indiretas, já que estimula a deglutição de 
forma segura, somente com a manipulação da saliva. 
A ETTG consiste em estimular as funções e os sentidos a partir de 
texturas, pressões, sabores e temperaturas diferentes, tem como principais 
objetivos a melhora do desempenho neurológico e melhora do controle oral. No 
 
 
50 
 
caso da disfagia, é bastante empregada no processo de aumento de 
propriocepção oral, promovendo melhora em sialorreia e manipulação do bolo 
alimentar. 
 
3.6 Fisioterapia Respiratória e Disfagia 
 
O adequado processo de deglutição está diretamente coordenado com a 
respiração, portanto qualquer alteração em âmbito respiratório pode alterar o 
processo de alimentação. 
A faringe é um canal comum entre as duas funções, por ela passam o 
alimento durante a deglutição e gases fluem durante a respiração, este último 
favorecendo a tosse e o pigarro, que auxiliam no processo de desobstrução e 
limpeza das vias aéreas. 
Além disso, os músculos do sistema estomatognático que envolvem a 
face, língua, lábios, faringe e laringe são ativados durante a respiração e a 
deglutição, tendo efeitos na permeabilidade das vias aéreas, na sua proteção e 
na propulsão do bolo alimentar. 
A disfagia afeta, portanto, esses músculos, o que pode ocasionar 
mudança no fluxo do bolo alimentar, prejudicando e invadindo as vias aéreas 
(aspiração). 
A deglutição acontece normalmente durante a fase expiratória, deste 
modo, ocorrem vantagens fisiológicas que propiciam a elevação e anteriorização 
da laringe, o fechamento das vias

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