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EBOOK MOTRICIDADE OROFACIAL

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MOTRICIDADE OROFACIAL
PROF.A KESSY ANNIE DE OLIVEIRA SOUZA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande re-
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4
1. REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ..............................................................5
1.1 SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO E SUAS FUNÇÕES ..............................................................................................6
1.1.1. SUCÇÃO .................................................................................................................................................................6
1.1.2 DEGLUTIÇÃO ......................................................................................................................................................... 7
1.1.4 MASTIGAÇÃO ....................................................................................................................................................... 12
1.1.5 FALA ...................................................................................................................................................................... 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 15
MOTRICIDADE OROFACIAL
PROF.A KESSY ANNIE DE OLIVEIRA SOUZA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MOTRICIDADE OROFACIAL
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A Motricidade Orofacial (doravante, MO) é o campo da Fonoaudiologia voltado ao estudo, 
pesquisa, prevenção, avaliação, diagnóstico, desenvolvimento, habilitação, aperfeiçoamento e 
reabilitação dos aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical. O domínio do 
especialista em MO inclui aprofundamento em estudos específicos e atuação em situações que 
envolvam: 
[...] a) modificações estruturais e/ou miofuncionais, associadas aos problemas de 
fala, sucção, respiração, mastigação e deglutição (item alterado de acordo com 
a Resolução CFFa nº 363/2009, publicada no DOU, seção 1, dia 18/03/2009); 
b) problemas da fala e fluência, decorrentes de alterações neurológicas ou 
musculoesqueléticas (item alterado de acordo com a Resolução CFFa nº 
363/2009, publicada no DOU, seção 1, dia 18/03/2009); c) alterações e/ou 
anomalias estruturais craniofaciais – congênitas, de desenvolvimento e/ou 
adquiridas –, ósseas, musculares, articulares, posturais, que comprometam e/
ou que se associem às funções orofaciais, temporomandibulares e cervicais; 
d) alterações musculares decorrentes de alterações neurológicas – congênitas, 
de desenvolvimento e/ou adquiridas – e suas implicações miofuncionais; 
e) alterações e/ou modificações decorrentes do envelhecimento, atividade 
muscular deficiente e/ou excessiva, em seus aspectos miofuncionais e estéticos; 
f) problemas relacionados às disfunções mecânicas e neurológicas da deglutição 
e suas consequências; g) demais alterações e/ou modificações correlatas 
às funções orofaciais e motricidade orofacial (CONSELHO FEDERAL DE 
FONOAUDIOLOGIA, 2006).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA DO SISTEMA 
ESTOMATOGNÁTICO
A MO, uma das áreas de especialidade da Fonoaudiologia, tem como objetivo restabelecer 
as funções estomatognáticas: sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala, visando ao 
equilíbrio miofuncional orofacial. 
O sistema estomatognático está localizado na cabeça e inclui os músculos da mastigação 
e as estruturas do interior da boca necessárias à ingestão e à mastigação dos alimentos. Esse 
sistema também transforma os sons produzidos pela laringe em fala na comunicação oral. Além 
disso, a face possui um sistema especial de músculos, os músculos da expressão facial, cujas 
contrações coordenadas ao redor da boca, do nariz e dos olhos transmitem as nossas emoções 
(TANIGUTE, 2005). 
O sistema estomatognático é composto por diversas estruturas interligadas que, quando 
em perfeita harmonia, garantem o funcionamento correto da mastigação, fonação, deglutição e 
outras funções (JUNQUEIRA, 2005). Porém, inúmeros fatores são capazes de causar interferências 
nesse sistema, provocando seu desequilíbrio. 
As disfunções temporomandibulares (DTMs) e musculares possuem causa multifatorial, 
sendo necessária a realização de anamnese minuciosa, além de exame clínico detalhado para que 
se seja possível adotar a forma de tratamento mais correta.
O conhecimento da base anatômica de cabeça e do pescoço é fundamental para o 
entendimento das bases fisiológicas das funções estomatognáticas. Os músculos são as peças-
chave para a dinâmica dos movimentos e para execução dessas funções. Eles ficam inseridos nas 
estruturas de ossos e cartilagem da cabeça (BIASOTTO-GONZALEZ, 2005).
As funções estomatognáticas são atividades fisiológicas imprescindíveis e estão 
diretamente ligadas entre si, pois utilizam muitas das mesmas estruturas. Tal ligação é tão direta, 
que o mau funcionamento de qualquer uma delas se reflete no funcionamento das demais. O 
equilíbrio saudável entre essas diversas funções é fundamental para que haja a integridade da 
saúde física e psicológica do indivíduo (OBA, 1999).
Desde a sua formação e durante o desenvolvimento do indivíduo, o sistema estomatognático 
passa por muitas adaptações, além de ser dinâmico, podendo apresentar alterações morfológicas 
durante todo o processo de crescimento e desenvolvimento, ou seja, ao longo da vida toda 
(TANIGUTE, 2005).
Segundo Bianchini e Luz (2010), o sistema é composto de estruturas estáticas, ou 
passivas, e de estruturas dinâmicas, ou ativas, que são equilibradas e controladas pelo sistema 
nervoso central. Essas estruturas são responsáveis pelo funcionamento das funções. Fazem parte 
das estruturas estáticas ou passivas os arcos osteodentários, a maxila e a mandíbula, os quais 
estão relacionados entre si pela articulação temporomandibular (ATM). Ainda fazem parte 
das estruturas passivas outros ossos cranianos, o osso hioide e a coluna vertebral cervical. A 
unidade neuromuscularrepresenta as estruturas dinâmicas ou ativas, as quais são responsáveis 
por mobilizar as estruturas estáticas.
Consoante Douglas (2002), essas estruturas são interligadas, formando um sistema com 
características próprias e com unidade morfofuncional localizada centralmente na cavidade oral, 
além de desenvolver funções em comum, quais sejam, as funções estomatognáticas. Tais funções 
dividem-se no grupo das funções adaptadas – o beijo, sorriso, mordida, bocejo, dentre outras – e 
das funções básicas ligadas à alimentação, respiração, sucção, deglutição, mastigação, respiração 
e fonoarticulação (DOUGLAS, 1998).
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1.1 Sistema Estomatognático e suas Funções
1.1.1. Sucção
O conhecimento do padrão de sucção e deglutição em recém-nascidos é fundamental 
uma vez que, nos primeiros meses de vida, essas funções são necessárias à nutrição do bebê, além 
de desempenharem função importante no desenvolvimento do sistema estomatognático e das 
funções orofaciais. As bochechas do bebê possuem depósitos de tecido gorduroso, denominados 
sucking pads, localizados entre os músculos masseter e a superfície externa do bucinador, 
fornecendo firmeza e favorecendo a estabilidade na sucção (GONÇALVES et al., 2001).
A mandíbula é pequena e retraída, havendo pequeno espaço intraoral. Esse espaço 
restrito limita os movimentos da língua, predominando movimentos horizontais. Ademais, 
não há separação dos movimentos de língua e mandíbula. Para que a sucção aconteça de forma 
eficiente e coordenada, realizando-se a extração e o direcionamento do leite, é necessário que o 
bebê apresente reflexos de busca e sucção, vedamento labial ao redor do mamilo, movimentação 
adequada de língua e mandíbula, ritmo de sucção e coordenação entre sucção, deglutição e 
respiração (NEIVA, 2000).
A sucção nutritiva se dá pela alternância rítmica da sucção, criando pressão na cavidade 
oral e compressão entre a língua e o palato duro (TAMILLA et al., 2014). A língua realiza 
movimento anteroposteriores para deglutição do leite. As laterais da língua tocam o palato, 
formando uma depressão na parte central, e a mandíbula executa movimentos verticais e 
horizontais, proporcionando uma base estável para a pressão intraoral (DOUGLAS, 2006).
O ritmo das sucções é caracterizado por grupos de suções, alternados com pausas. No 
começo da mamada, o bebê faz longos grupos de sucções com pequenas pausas e, ao final, ocorre 
a diminuição desses grupos de sucções, aumentando-se as pausas (TAMILLA et al., 2014).
 
Prática muito comum em serviços de saúde é o “dedo de luva” (luva látex estéril, 
preenchida com algodão em um dos dedos, sendo dado um nó), ofertado ao RN 
PO RNPT. É uma medida não farmacológica para procedimentos desconfortáveis 
e dolorosos, que faz parte da conduta rotineira em ambientes de cuidados de alta 
complexidade. 
Entretanto, o dedo de luva ofertado por longas horas, enquanto o bebê dorme, pode 
apresentar perigos, como a obstrução da glote devido à sucção um pouco mais 
forte, além de poder causar posteriorização de língua, dificultando na pega em 
seio materno, o que acaba favorecendo o desmame precoce. Também incentiva o 
mau posicionamento de língua, deixando-a no assoalho da boca.
O ideal é a utilização do dedo enluvado, pois há estímulo térmico pelo calor 
corporal do profissional. A movimentação digital na cavidade oral favorece 
o movimento anteroposterior da mandíbula e o adequado canolamento de 
língua. É incumbência do fonoaudiólogo informar, esclarecer e cobrar, da equipe 
multiprofissional envolvida no atendimento ao RN e RNPT, que a prática do dedo 
de luva seja deixada de lado.
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1.1.2 Deglutição
O ato de deglutir ocorre, em média, 600 vezes por dia em um adulto desfrutando de boa 
saúde, das quais 35 vezes se dão por hora, quando se está acordado, e 6 vezes durante o sono. Na 
vida intrauterina, o feto, a termo normal, deglute, aproximadamente, 500 ml de líquido amniótico 
por dia. A deglutição é dividida em 3 fases: oral, faríngea e esofágica. Porém, para melhor didática, 
o processo será dividido em 4 fases, vez que se dividirá a fase oral em 2 fases, quais sejam, a fase 
preparatória oral e a fase oral propriamente dita (JOTZ; ANGELIS; BARROS, 2010).
Fase preparatória oral: inicia-se quando olhamos o alimento e desejamos experimentá-lo. 
Esse momento consiste no preparo para o início da deglutição e inclui: estímulo sensorial para a 
vontade de se alimentar, gustação e salivação. Três etapas hierárquicas ocorrem com a introdução 
do alimento na cavidade oral, chamadas de incisão, trituração e pulverização. Após a deglutição, 
dá-se início ao processo de digestão. No que tange os alimentos líquidos, esse processo acontece 
em menos de 1 segundo. Durante essa atividade, os lábios, bochechas e língua devem manter o 
alimento contido na cavidade oral, prevenindo escape anterior (entre os lábios) ou posterior (na 
base da língua). A língua participa ativamente da formação do bolo alimentar, pressionando-o 
contra o palato duro e posicionando-o medialmente na base da língua para ser transportado à 
orofaringe. Nesse momento, a função cerebelar é ativada para coordenar os estímulos motores 
dos pares cranianos. A raiz do nervo trigêmeo (V) controla os movimentos da mandíbula; a raiz 
motora do nervo facial (VII par) realiza o controle dos lábios, bochechas e boca; enquanto o 
nervo hipoglosso (XII par) responsabiliza-se pelos movimentos da língua na fase preparatória 
oral. Muito movimentos realizados nessa fase são de controle voluntário. No momento da 
deglutição propriamente dito, ocorre a elevação hiolaríngea, que aproxima a laringe da cavidade 
por atividade dos músculos supra-hióideos, que, após a passagem do alimento, voltam para sua 
posição habitual (JOTZ; ANGELIS; BARROS, 2010).
Fase oral: inicia-se a partir da transferência do bolo alimentar da cavidade oral para a 
orofaringe, ultrapassando a arcada amigdaliana, que é o marco da atividade voluntária. A língua 
é que impulsiona o bolo alimentar posteriormente. Em um intervalo de 1 segundo, a língua toca 
o palato duro e transporta o bolo simultaneamente à elevação do osso hioide. Quando a língua 
está na plenitude de suas funções, não fica resíduo de alimento na cavidade oral.
Fase faríngea: a musculatura da faringe é constritora e fica subdividida em três partes: 
superior, média e inferior. Essa fase é caracterizada por ações coordenadas e muito rápidas. O 
palato mole se eleva para fechar a nasofaringe, prevenindo o refluxo nasal. Ao mesmo tempo, 
a língua e o movimento da parede faríngea realizam a propulsão do bolo no sentido caudal. A 
seguir, a laringe é elevada e ocorre o fechamento da epiglote para proteção de vias aéreas inferiores 
(VAIs) no nível das pregas vocais e das pregas vestibulares (FURKIM; SILVA, 1999).
A musculatura constritora da faringe se contrai no sentido crânio-caudal e impulsiona 
o alimento até o esôfago, onde ocorrerá a transição faringoesofágica. A porção inferior da 
faringe e o início do esôfago permanecem contraídos para manter o fechamento da passagem 
faringoesofágica. O estímulo sensorial da deglutição acontece na faringe, que é transmitido ao 
tronco cerebral por meio dos IX e X pares de nervos cranianos, glossofaríngeo e vago.
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Figura 1 - Fases da deglutição. Fonte: Magalhães (2020).
Fase esofágica: o início do esôfago se dá logo abaixo de uma linha tangente que passa 
a cartilagem cricoidea, que é perceptível à alteração estrutural entre elas. O esôfago é uma 
estrutura que mede, aproximadamente, 20 cm, seu tubo é cilíndrico e levemente achatado. Após 
a passagem do bolo pelo esfíncter esofágico superior, a laringe retorna à sua posição normal, e o 
tônus do esfíncter aumenta para prevenir regurgitação. Ele relaxaquando o bolo alimentar passa 
pelo esfíncter esofágico inferior, e a passagem do bolo alimentar chega ao estômago. O tempo 
estimado para essa fase é de 8 a 20 segundos, dependendo do organismo de cada indivíduo. O 
controle neurológico do esôfago é feito por meio dos ramos do nervo vago X par craniano (JOTZ; 
ANGELIS; BARROS, 2010).
Figura 2 - Fase esofágica. Fonte: Magalhães (2020).
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1.1.3 Respiração
A respiração é um movimento sutil, delicado e, muitas vezes, passa despercebido, sendo 
um dos nossos atos mais vitais. Ela nos acompanha desde o nosso primeiro momento de vida e 
há de acompanhar-nos até o último (ELIAS, 2009).
Krakauer, Di Francesco e Marchesan (2003) mencionam que, desde que o bebê nasce 
até cerca de seis semanas a seis meses, sua respiração é exclusivamente nasal. O nariz é a via 
respiratória preferida, pois permite o aquecimento, umidificação e filtração do ar que chega 
aos pulmões, além de contribuir para o controle do fluxo de ar. A anatomia do bebê favorece 
a respiração nasal, pois a relação do tamanho da língua, relativamente maior nesse momento, 
favorece a coordenação, sucção, respiração e deglutição durante o aleitamento materno. A pressão 
do dorso da língua sobre o palato duro permite o vedamento da cavidade oral, evitando que o ar 
passe para a via respiratória e, assim, proteja o bebê contra o engasgo. Toda essa logística dificulta 
que a criança respire pela boca.
Felício (2007) explica que a respiração nasal é a mais adequada, sendo fundamental 
para o crescimento e desenvolvimento craniofacial harmonioso. Quando uma criança ou adulto 
apresenta respiração oral, essa condição deve ser considerada patológica.
A função principal da respiração é suprir nosso corpo de oxigênio, promovendo trocas 
gasosas entre o nosso organismo e o meio ambiente. Remove o produto gasoso do dióxido de 
carbono do metabolismo celular. A troca gasosa é realizada pelos alvéolos, nos pulmões, os quais, 
por sua vez, também participam da manutenção do pH plasmático dentro da faixa fisiológica, 
regulando a eliminação do ácido carbônico CO² (TANIGUTE, 2005).
PADOVANI, A. R. et al. Protocolo fonoaudiológico de 
avaliação do risco para disfagia (PARD). Revista da sociedade 
brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo, v. 12, n. 3, 2007. 
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S151680342007000300007&lng=en&nrm=iso.
O Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia 
foi constituído por três partes: teste de deglutição da água, teste de deglutição de 
alimentos pastosos, classificação do grau de disfagia e condutas.
A disfagia, na fase esofágica da deglutição, pode ser acompanhada de distúrbio 
de motilidade decorrente das compressões intrínsecas e extrínsecas, de doenças 
infecciosas, de disfunções endócrinas ou de iatrogenia por procedimentos 
médicos. 
O fonoaudiólogo não realiza reabilitação de disfagia esofágica e, sim, o médico 
especialista gastroenterologista.
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Douglas (2002) ressalta que respirar é um processo automático e basicamente involuntário, 
porém, pode ser modificado quando houver necessidade. Por exemplo: se o indivíduo deseja 
inspirar mais profundamente ou segurar por um tempo a respiração ou a fala, a tosse ou soluço 
altera o padrão respiratório. A entrada e a saída do ar no pulmão são repetidas ritmicamente e 
determinam a frequência respiratória (FR). Um adulto saudável em repouso tem entre 12 a 15 
respirações por minuto, espaçadas entre si. 
O que determina o ritmo respiratório é o sistema nervoso central que, por alças de uma 
descarga de neurônios excitáveis, é determinado pela sequência de movimentos respiratórios 
caracterizados pela frequência e magnitude da distensão. O volume desses dois fatores constitui o 
volume ventilatório por minuto. Quanto ao ritmo normal de uma pessoa em repouso, calcula-se, 
aproximadamente, 7 litros por minuto. (RIBEIRO; PINTO, 2006).
A via nasal, o nariz, as narinas ou a cavidade nasal são estruturas com papel estético 
funcional. A porção estética é dada pela pirâmide nasal, que tem base nos ossos da face; a 
porção funcional é determinada pela cavidade nasal, espaço dividido ao meio pelo septo 
osteocartilaginoso. Tem a responsabilidade de filtrar partículas e micro-organismos do ar que 
inspiramos, além de umidificar e aquecer o ar, protegendo, assim, as vias aéreas inferiores. O 
nariz desempenha, também, outras funções, como: olfação, ressonância da voz e controle da 
conduta por meio dos feromônios que agem no órgão vômero-nasal (GAMEIRO et al., 2005).
O aparelho respiratório é constituído pelas fossas nasais, boca, laringe, traqueia, brônquios 
e pulmões, sendo que as vias respiratórias são constituídas por uma série de dutos que permitem 
a passagem do ar do ambiente externo aos pulmões. Alguns órgãos são responsáveis por outras 
funções além da respiração. É o caso do nariz, responsável pela olfação, e da faringe, que faz 
parte do trato digestório. A laringe, traqueia, brônquios e os pulmões são órgãos unicamente do 
aparelho respiratório (DOUGLAS, 2002).
Figura 3 - Sistema Respiratório. Fonte: Diana (2020).
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A respiração é dividida em duas fases distintas: inspiração e expiração. Aquela requer 
gasto de energia, portanto, é uma fase ativa. Os músculos respiratórios aumentam o volume da 
caixa torácica, vertical, lateral e anteroposteriormente. Tal aumento gera diminuição da pressão 
intrapulmonar. Os músculos inspiratórios são o diafragma, músculos intercostais externos, 
músculos intercostais internos anteriores e os músculos acessórios. O diafragma é considerado o 
principal músculo da inspiração e separa a cavidade torácica da abdominal (DOUGLAS, 2002).
Por sua vez, a expiração é movimento normalmente passivo. O que ocorre é que, durante 
a inspiração, a musculatura inspiratória se contrai, distendendo os tecidos elásticos dos pulmões 
e do tórax, armazenando energia potencial. Quando ocorre a retração desses tecidos elásticos, a 
energia armazenada é liberada, dando-se a expiração. 
Felício (2007) sugere que há uma dissociação no trajeto neural envolvido no controle 
dos músculos da respiração em comportamentos voluntários e os trajetos usados no controle 
automático da respiração; ou seja, na fala e na respiração automática, o controle neural é diferente. 
A fala e a respiração são caracterizadas por um padrão inspiratório-expiratório oral, sendo a fase 
da inspiração curta e rápida, seguida por uma expiração lenta e longa, diferentemente do padrão 
em repouso, que se apresenta com uma inspiração-expiração nasal.
Figura 4 - Organograma do sistema respiratório. Fonte: Diana (2020).
 No vídeo Animação 3D sobre o processo de respiração, disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=G5tTlA6CfEc, é apresentado o 
padrão de respiração costodiafragmático, com participação ativa 
do M. diafragma e a adequada expansão das costelas.
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1.1.4 Mastigação
Tanigute (2005) afirma que a mastigação é a função estomatognática mais importante, 
pois é a fase inicial do processo digestivo, iniciando-se pela trituração e formação do bolo 
alimentar. Mastigação é o ato de morder, triturar e mastigar o alimento, a qual se constitui em 
um ato fisiológico complexo por envolver atividades neuromusculares e digestivas. Com relação 
a esta segunda função, destaca-se a ação da amilase salivar durante a trituração dos alimentos, 
facilitando a deglutição e a ação das enzimas digestivas do estômago e, principalmente, do 
pâncreas. O sistema mastigatório pode ser considerado uma unidade funcional constituída pelos 
seguintes componentes: dentição, estruturas periodontais de suporte maxilare mandibular, 
articulação temporomandibular, musculatura mastigatória, lábios, bochechas, língua, tecidos 
moles que revestem essas estruturas, assim como a inervação e vascularização que suprem esses 
componentes (CATTONE, 2004). 
É uma função aprendida, que depende de vias neurais e conexões sinápticas estabelecidas 
e comandadas pelo córtex cerebral. Assim, aparece posteriormente devido ao aumento do espaço 
intraoral, à irrupção dos dentes, à maturação de todo o arcabouço neuromuscular e ao processo, 
em curso, de remodelação das articulações temporomandibulares (FELICIO et al., 2007).
Figura 5 - Alteração de mordida durante oclusão. Fonte: A autora.
Algumas alterações de mordida trazem grande prejuízo ao desenvolvimento ósseo e 
musculoesquelético. Pacientes com mordida aberta podem apresentar: perda de contato entre 
os dentes, contato labial deficiente, respiração oral, fonação atípica, constrição do arco maxilar, 
aumento do 1/3 inferior da face, ramo mandibular aberto, plano mandibular inclinado, coroas 
clínicas longas, sínfise fina e alongada, plano oclusal aumentado, corpo mandibular pequeno, 
retrusão maxilar e tendência a ser classe II de Angle (MONGUILHOTT; FRAZZON; CHEREM, 
2003).
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No que se refere à fala, a ação da mordida aberta implica pacientes que apresentam 
alteração na produção dos fonemas /t/, /d/, /n/, /l/, /r/ (FERRAZ, 2007). O tratamento precoce 
da mordida aberta proporciona melhores condições funcionais e estéticas (FREITAS; SOUZA, 
2005). Pode ser feito nas fases de dentição decídua, mista e permanente (MONGUILHOTT; 
FRAZZON; CHEREM, 2003). Entretanto, do ponto de vista fonoaudiológico e ortodôntico, o 
tratamento contra esse tipo de anomalia deve ser precoce para se prevenirem desarmonias ósseas 
severas e se evitarem intervenções cirúrgicas de maior complexidade.
Figura 6 - Mordida aberta anterior (ocorrência de interposição lingual durante a deglutição). Fonte: Maciel e Leite 
(2005).
Figura 7 - Mordida cruzada anterior. Fonte: Maciel e Leite (2005).
1.1.5 Fala
A fala é uma função muito elaborada, produto de programação do sistema nervoso 
central. A aquisição dos fonemas implica a percepção, organização e produção dos sons e tem 
sido amplamente estudada (OLIVEIRA; WERTZNER, 2000).
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No decorrer do desenvolvimento, a criança percebe os sons (WERTZNER et al., 2001) 
e apresenta, por volta dos dois anos e meio aos três anos de idade, um progresso visivelmente 
crescente em sua produção de fala. Nessa fase, aprimora os movimentos dos articuladores bucais 
e expande o seu universo vocal e linguístico, de tal forma que, no período dos três aos seis anos, 
pode ser compreendida, inclusive, por pessoas que não fazem parte de seu círculo social. Existem 
idades esperadas para que as crianças adquiram os fonemas de sua língua (MOTA; GUEDES, 
2000) e, por volta dos cinco anos, todo o sistema fonológico deve estar estabelecido. Pagan e 
Wertzner (2002) relataram em seus estudos que, na faixa dos seis anos de idade, já não se espera 
que haja trocas, omissões ou distorções dos sons da fala.
A produção correta dos sons da fala depende de capacidades articulatórias ou motoras, 
da precisão e da coordenação dos movimentos do sistema estomatognático. Apesar de, a partir 
dos três anos de idade, as crianças já estarem neurofisiologicamente aptas a reproduzirem 
corretamente os sons da fala (DOUGLAS, 2002), tal processo nem sempre ocorre da maneira 
esperada. Sob o ponto de vista fonológico, é comum verificar que a criança utiliza processos 
que simplificam o sistema de sons por meio de omissões e substituições durante a aquisição e 
desenvolvimento da fala (BEFI; LOPES; PALMIEIRI, 2000; WERTZNER; PATAH, 2001).
No que se refere à produção dos sons, é importante conhecer também as características 
estruturais e funcionais dos articuladores da fala. Fatores genéticos, ambientais e/ou funcionais 
interferem no crescimento e no desenvolvimento do sistema estomatognático (FELÍCIO; 
FREITAS; BATAGLION, 2007). A precisão dos pontos articulatórios sofre influência da presença 
e posição dos dentes, da mobilidade de lábios e de bochechas, da posição e mobilidade de língua 
e posição de mandíbula, além da adequação do espaço intraoral para a articulação fonêmica e a 
ressonância (BIANCHINI et al., 2012).
Sabe-se que as crianças não nascem com os movimentos de fala já desenvolvidos e 
que, portanto, não apresentam a praxia desenvolvida. A praxia é considerada um aprendizado 
funcional – e não apenas produto da maturação neuromotora –, exigindo, por isso, interação com 
a própria produção da fala.
No início do desenvolvimento, o controle motor da fala – que se refere ao conjunto de 
sistemas e estratégias que controlam a produção (KENT, 2000) – não está totalmente estabelecido, 
e tanto a falta de precisão articulatória quanto uma maior variabilidade dos movimentos 
articulatórios podem ser observadas em crianças pequenas (WERTZNER; PATAH, 2001). Essa 
variabilidade é entendida como resultado de um importante mecanismo adaptativo, associado ao 
desenvolvimento do organismo.
Considerando a habilidade práxica, Meyer (2000) ensina que os movimentos de lábios, 
língua e mandíbula sofrem modificações e que os movimentos indiferenciados no início da 
infância passam a ser refinados e diferenciados conforme o desenvolvimento. Essas transformações 
também são fundamentais para se alcançarem níveis mais elevados de precisão e coordenação 
articulatórias, importantes para a efetividade da comunicação oral.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As alterações presentes no sistema estomatognático, em muitos casos, influenciam para 
mastigar corretamente o alimento devido à necessidade de respirar. Ao se abrir a boca para tal, há 
adaptações e desequilíbrio das estruturas e funções orofaciais, que comprometem a mastigação e 
a deglutição e que, consequentemente, geram dificuldades na alimentação e na fala. As funções 
estomatognáticas estão interligadas umas às outras e, estatisticamente, quando há uma alteração, 
duas ou mais funções podem também estar alteradas. 
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 17
1. DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR .................................................................................................................. 18
2. DEGLUTIÇÃO ATÍPICA OU ADAPTADA: CARACTERÍSTICAS E ETIOLOGIAS ...................................................... 21
2.1 AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO ATÍPICA OU ADAPTADA .......................................................................................23
3. SINDROME DO RESPIRADOR ORAL .....................................................................................................................23
4. TIPOLOGIA FACIAL E A CORRELAÇÃO COM AS ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS ............................................28
4.1 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE MOTRICIDADE OROFACIAL ADAPTADO PARA RESPIRADOR ORAL .........30
5. HÁBITOS DELETÉRIOS ...........................................................................................................................................30
6. FISSURA LABIOPALATAL: ETIOLOGIA, CARACTERÍSTICAS E TRATAMENTO ................................................... 31
6.1. ALIMENTAÇÃO ......................................................................................................................................................32
6.2. LINGUAGEM, FALA E AUDIÇÃO ..........................................................................................................................33
7. AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL .........................................................................................................35CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................37
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS PRINCIPAIS 
ALTERAÇÕES EM MOTRICIDADE OROFACIAL
PROF.A KESSY ANNIE DE OLIVEIRA SOUZA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MOTRICIDADE OROFACIAL
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INTRODUÇÃO
Os profissionais que têm conhecimentos específicos de fisiologia e anatomia para 
trabalhar na área de motricidade orofacial são os fonoaudiólogos e odontólogos, os quais se 
complementam, auxiliando no aperfeiçoamento do sistema estomatognático. Há relatos da 
importância do trabalho das duas profissões citadas, principalmente, no que tange aos aspectos de 
motricidade orofacial, sendo essa a área que mais gera encaminhamentos entre as especialidades. 
O trabalho entre a fonoaudiologia e a ortodontia proporciona ao paciente o equilíbrio entre 
estética e função, visando à melhora nas alterações estomatognáticas encontradas em relação ao 
tratamento e terapia realizados para o paciente (AMARAL et al., 2006).
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1. DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR
A articulação temporomandibular (doravante, ATM) está intimamente ligada ao sistema 
estomatognático. É uma articulação considerada extremamente complexa, especialmente por ser 
bilateral e independente, o que pressupõe que são duas articulações para um mesmo osso – o que 
acarreta repercussões nos mecanismos do lado contralateral (TEIXEIRA, 2000).
A disfunção temporomandibular (doravante, DTM) é uma das principais causas de dor 
na região orofacial não causada por dentição. Há achados mais predominantes no sexo feminino. 
É uma condição que envolve, principalmente, os músculos da mastigação M. masseter e M. 
temporal e ATM. Os sinais e sintomas podem ser dos mais variados (BIANCHINI, 2000).
Felício e Braga (2005) relatam que os sinais e sintomas mais comuns da DTM são: dor 
intra-articular; espasmo muscular; dor reflexa, que aciona o fechamento da mandíbula; dor intra-
articular com espasmo muscular; dor irradiada na área temporal, massetérica ou infraorbital; dor 
ou zumbido no ouvido; xerostomia; dor irradiada no pescoço; sensação de tamponamento no 
ouvido; entre outros. Ainda no que diz respeito aos sinais, os mais encontrados são: sensibilidade 
à palpação na região da ATM e seus arredores, além de ruídos na ATM, como estalidos e cliques.
Bevilaqua-Grossiet et al. (2004), em estudos mais recentes, relatam que o não tratamento 
das DTMs e os sintomas dolorosos adjuntos são causadores de grandes desvios posturais, como 
anteriorização da cabeça, assimetria de ombros e retificação da coluna cervical. Não consideram 
que os sinais e sintomas da DTM refletem a severidade dos desvios da coluna cervical, mas que 
os sinais e sintomas cervicais estão relacionados à gravidade da DTM.
Nesses casos, a promoção de relaxamento da musculatura facial e cervical, que ativa 
a circulação localizada, é indicada como tratamento, bem como a associação de terapias 
fonoaudiológicas, psicológicas e fisioterápicas é relevante nos tratamentos das DTMs. Terapias 
físicas manuais, alongamento muscular e massagens podem reduzir a dor e auxiliar na melhora 
da função muscular (OKESON, 2000).
Um dos maiores desafios dos profissionais que trabalham com dor e desconforto na ATM 
refere-se à subjetividade das informações. Afinal, os sintomas manifestam-se de maneiras muito 
diferenciadas em cada indivíduo. Para se direcionar o diagnóstico, em nenhum momento devem-
se ignorar os sintomas, pois a repercussão dessas situações na vida dos pacientes é bastante variada 
(FELICIO; MELCHIOR; SILVA, 2010).
Durante a anamnese, são investigados a severidade da situação de maior ocorrência, os 
hábitos orais deletérios presentes e as atividades da vida diária. 
Felicio, Melchior e Silva (2010) relatam que, na avaliação clínica, é realizado exame 
funcional da oclusão, por meio do qual se percebe movimentação da mandíbula, abertura oral 
(máxima e natural), protrusão, lateralidade, linha média, além de se verificar se há presença 
ou não de ruído ao se abrir a boca. Tais mensurações são realizadas com um paquímetro. A 
presença de ruídos na articulação é investigada por meio de ausculta com estetoscópio durante 
as movimentações testadas. 
Para a avalição miofuncional orofacial, é utilizado protocolo de avaliação AMIOFE 
(FELICIO; TRAWITZKI, 2009), que é adaptado para adultos com DTM. Também pode ser 
utilizado para avaliações em motricidade orofacial de modo geral. 
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A terapia pode ser organizada como segue:
• Terapias das funções estomatognáticas que visam à melhora das funções. A terapia de 
mastigação prioriza o movimento bilateral e simultâneo do bolo alimentar na cavidade 
oral. Porém, em casos de alterações de oclusão, modificadas por intervenção do cirurgião 
dentista, essa terapia não é indicada. A respiração deve ser readequada para o padrão 
costodiafragmático, pois, em pacientes cujo padrão respiratório é superior, inevitavelmente 
há o aumento da tensão na cintura escapular. A deglutição deve adequar-se naturalmente 
após o trabalho de reestruturação muscular, contudo, caso ainda ocorra alteração dela 
por conta de interposição de língua ou movimentos compensatórios, a deglutição deve 
ser trabalhada como terapia de motricidade orofacial normal.
• A fala sempre estará alterada e sofrerá influência direta da base óssea e da disposição 
dentária (BIANCHINI, 2010). Essas alterações ocorrem devido à pouca amplitude na 
abertura oral durante a fala e à restrição dos movimentos mandibulares que causam 
intensa dor. As disfunções mais comuns são os desvios de mandíbula lateralmente, 
principalmente um /s/ e /z/. O predomínio do lado do desvio coincide com o predomínio 
mastigatório, adaptado para proteção do lado afetado.
• Trabalho especifico das ATMs: esse momento se inicia quando a queixa de dor diminui e 
o paciente já tem familiaridade com os exercícios de relaxamento e miofuncionais facial, 
cervical e mandibular. Trabalha-se o aumento da abertura de boca sem dor, sendo realizado 
o movimento com a língua posicionada na papila sem controlar desvios mandibulares. 
Deve ocorrer o fortalecimento dos músculos pterigoideos laterais, responsáveis pela 
lateralização da mandíbula. Tais exercícios melhoram significativamente os estalos nas 
ATMs (BIANCHINI et al., 2012).
• Terapia miofuncional orofacial: são basicamente os mesmos exercícios para o paciente 
com alterações funcionais, com algumas ressalvas. Deve-se considerar a dor do paciente 
e alterações, como língua interdentalizada, mordida profunda, hábito de ranger os 
dentes, tensão da face e músculo frontal, bucinador, orbicular dos lábios, relacionado ao 
apertamento dental. Agrava bastante a funcionalidade. 
• Relaxamento da musculatura cervical: realiza-se a movimentação lenta e suave dos ombros 
e da cabeça, como “sim” e “não”. Ao se inclinar a cabeça para trás, abre-se lentamente a 
boca com intuito de relaxar, e não uma abertura ativa da boca. O movimento deve ser 
discreto para não sobrecarregar a região cervical. Deve-se manter os braços relaxados, 
olhar para cima dos ombros sem tensão excessiva e tentar aproximar as orelhas dos 
ombros. Um movimento importante é o “sei lá”, em que o paciente fará a elevação dos 
ombros em direção à cabeça e, em seguida, retornará à posição habitual. A intenção é 
relaxar a musculatura tensora. O nome de cada movimento auxilia na memorização do 
paciente no momento da execução (BIANCHINI et al., 2012).
• Termoterapia: é realizada por meio de calor úmido com compressas de água morna. 
Esse procedimento promove vasodilatação e aumenta o fluxo sanguíneo na região; com 
isso, melhora a oxigenação (BIANCHINI, 2010). Quando o paciente estiver bastantefamiliarizado com os exercícios, poderá realizá-los durante o banho na água morna, pois 
isso diminui a dor e o corpo todo relaxa.
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• Massagens: após aplicação do calor úmido, recomenda-se realizar massagem imediatamente 
na musculatura facial. Podem ser movimentos circulares e de alongamento no sentido 
das fibras musculares, intercalando-os com pequenos toques com as pontas dos dedos. 
Na região dos ombros, recomendam-se massagens de amassamentos realizadas com as 
palmas das mãos. 
Estudos recentes mostram que a terapia fonoaudiológica leva ao relaxamento da 
musculatura facial, melhora significativamente o quadro clínico e, posteriormente, com o trabalho 
de fortalecimento dos músculos faciais que antes estavam flácidos, proporciona o equilíbrio e a 
estabilidade do sistema estomatognático. Isso tudo sem se se falar na melhora dos sintomas de 
dor dentro de um prazo mais curto de terapia. O planejamento para atuar em pacientes com 
DTM deve ser cuidadosamente realizado. Deve-se manipular com delicadeza e perceber quais 
exercícios são contraindicados a cada caso. O fonoaudiólogo é imprescindível na atuação de DTM 
a fim de trazer equilíbrio às funções estomatognáticas e retirar hábitos que tornem duradouro o 
restabelecimento (LOPES et al., 2013).
Figura 1 - Abertura mandibular assimétrica. Língua com marcas intensas, predominantes no lado esquerdo, em 
paciente com importante DTM com componente muscular e articular. Fonte: A autora.
É de suma importância entendermos o funcionamento adequado 
da ATM para que as disfunções temporomandibulares DTMs 
sejam prontamente identificadas e se tenha mais assertividade no 
diagnóstico. O vídeo disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=-7c45E8SEBI ajuda a ilustrar o 
funcionamento da articulação mais utilizada do corpo humano. 
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2. DEGLUTIÇÃO ATÍPICA OU ADAPTADA: 
CARACTERÍSTICAS E ETIOLOGIAS
Quando alguma intercorrência ocorre no trajeto do alimento da boca até o estômago, a 
deglutição está alterada. Ela pode ser atípica ou adaptada quando ocorre a fase oral. Quanto às 
diferentes formas de deglutir, Marchesan (2005) apresenta as características consideradas atípicas 
na deglutição.
1. Deglutição com interposição lingual – ocorre quando a língua é projetada anterior ou 
lateralmente. Pode ser observada na mordida aberta anterior ou lateral (CATTONE, 
2004).
2. Deglutição com presença de contração da musculatura periorbicular – em geral, a 
contração ocorre quando há, ou houve, projeção de língua anteriormente. A contração 
é um reflexo natural, evitando que a língua se projete para fora, trazendo o alimento 
a ser deglutido. Quando ainda ocorrer a projeção de língua, primeiro, deve-se tratar a 
contração, pois, se o paciente contrai a musculatura devido à projeção, de nada adianta 
tratar a contração antes. Discrepância óssea entre maxila e mandíbula no sentido 
sagital também pode ser causa da contração exagerada da musculatura periorbicular, 
pois a discrepância óssea não permite vedamento labial normal. Consequentemente, 
os lábios tendem a se contrair mais fortemente durante a deglutição. Nesse caso, o 
tratamento das bases ósseas deve ocorrer antes de o fonoaudiólogo intervir; caso 
contrário, não se consegue evitar a contração. A face longa também é outra causa de 
contração exagerada, dificultando, também, o vedamento labial adequado durante o 
repouso e suas funções (MARCHESAN, 2005).
3. Deglutição com ausência da contração do masseter – trata-se da participação da 
musculatura elevadora da mandíbula. De acordo com Marchesan (2005) e Cattoni 
(2004), a deglutição sem contração do M. masseter é uma característica mal 
compreendida como sinal de atipia. Para as autoras, colocar a mão nos masseteres 
durante a deglutição, para se observar se a musculatura está ou não contraída, não é 
bom parâmetro de atipia ou padrão inadequado.
4. Deglutição com contração do músculo mentual e interposição de lábio inferior – essa atipia 
acontece com maior frequência em pacientes Classe II de Angle, principalmente, com 
sobressaliência horizontal. Geralmente, a contração do mentual é uma compensação 
para o melhor fechamento dos lábios ao se deglutir. A hiperfunção do mentual pode 
ser observada por meio de furinhos que se formam no queixo, sinal de tensão no 
músculo (CATTONI, 2004).
5. Deglutição com interposição do lábio inferior – pacientes que apresentam distanciamento 
vertical ou horizontal dos dentes superiores em relação aos inferiores necessitam 
interpor o lábio inferior para que ocorra o vedamento da cavidade oral. Esse vedamento 
é necessário para garantir a adequada pressão intraoral, facilitando a ejeção do bolo 
alimentar para a orofaringe.
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6. Deglutição com movimento de cabeça – problemas na mastigação podem levar o 
paciente a apresentar, durante a deglutição, movimentos compensatórios de cabeça. 
Geralmente, dá-se o estiramento da musculatura anterior da cabeça. O paciente leva a 
cabeça para trás, retificando o tubo por onde passa o alimento – o que facilita a descida 
do bolo alimentar.
7. Deglutição com ruídos – primeiramente, deve-se verificar se o ruído é durante a 
mastigação ou na deglutição. O ruído durante a deglutição pode ser ocasionado pelo 
movimento exagerado da parte média da língua contra o palato duro, no momento 
da passagem do bolo da cavidade oral para a orofaringe. Geralmente, esse movimento 
exagerado ocorre por uma hipotonia da ponta da língua e, assim, ela fica baixa; ou 
quando o terço inferior da face aumenta muito, levando a língua a um posicionamento 
de ponta baixa e parte média alta durante a deglutição (CATTONI, 2004).
8. Resíduos após deglutir – a causa mais comum de resíduos na cavidade oral após 
a deglutição é a hipotonia do bucinador. O alimento cai no vestíbulo durante a 
mastigação. O bucinador tem a responsabilidade de manter o alimento em cima dos 
dentes; se ele estiver flácido ou sem função, não consegue segurá-lo, e o alimento vai 
para o espaço entre os dentes e a bochecha. A diminuição da quantidade de saliva na 
boca é outra causa, pois, com a saliva diminuída, fica mais difícil a formação do bolo 
alimentar. Outras causas são: alterações da mobilidade ou propriocepção da língua e a 
falta de percepção do alimento na boca. Este último problema não é da deglutição em 
si, mas interferirá nela (CATTONI, 2004; MARCHESAN, 2005).
A atipia na deglutição corresponde à movimentação inadequada da língua e outras 
estruturas que participam do ato de deglutir, durante a fase oral, sem que haja qualquer alteração. 
No caso da atipia, o trabalho fonoaudiológico, sozinho, já seria suficiente para modificar o modo 
de deglutir, pois a forma está adequada. 
Em contrapartida, uma deglutição adaptada, como o nome já sugere, ocorre quando 
a forma está alterada, e o paciente adapta a deglutição para conseguir realizar essa função. A 
alteração encontrada é consequência de um problema da forma das estruturas responsáveis pela 
deglutição, sendo necessária a correção da forma para que a deglutição fique normal. Se a forma 
não for corrigida, dificilmente o padrão correto de deglutir será estabelecido (MARCHESAN, 
2005).
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2.1 AVALIAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO ATÍPICA OU ADAPTADA
No momento da avaliação, o fonoaudiólogo não deve apenas pontuar as alterações, mas, 
sim, compreender o seu significado para detectar possíveis causas do distúrbio.
De acordo com Cattoni (2004), alguns fatores devem ser considerados durante a avaliação. 
São eles:
• Características craniofaciais.
• Oclusão e mordida.
• Idade.
• Consistência alimentar prevalente.
• Tônus.
• Propriocepção.
A abordagem terapêutica consiste em conhecerbem os hábitos do paciente para trazer à 
consciência os malefícios e para que se dê a retirada de hábitos deletérios. Quando o paciente é 
criança, a família deve se envolver no tratamento. O atendimento fonoaudiológico será iniciado 
após a intervenção de outros profissionais (se houver necessidade), como acompanhamento 
com ortodontista, alterações de ATM, obstrução respiratória, que requer intervenção cirúrgica, 
frênulo lingual alterado etc. (BIANCHINE, 2010).
Inicialmente, trabalha-se a propriocepção e a conscientização da alteração. A motivação 
deve ocorrer durante todo o processo terapêutico. 
É necessário desenvolver a propriocepção, conscientização do problema, treino muscular 
e a aprendizagem dos padrões adequados. O trabalho fonoaudiológico nas disfunções orofaciais, 
geralmente, dá-se em conjunto com outras especialidades, principalmente, com a ortodontia 
e o otorrinolaringologia, pois, quando há alterações estruturais (como má oclusão, mordida 
aberta, frênulo lingual alterado, obstrução de vias aéreas superiores), a troca de informações é 
imprescindível em virtude do interesse em comum: a melhora do paciente.
3. SINDROME DO RESPIRADOR ORAL
Como já estudado anteriormente nas funções estomatognáticas, o nariz, além de pela 
respiração, é responsável pelo olfato e auxilia na fala. 
Para que ocorra a respiração nasal, é preciso que a boca se feche em algum ponto, o que 
pode se dar pelo fechamento dos lábios (que é o mais comum), na porção média da língua (com o 
dorso em contato com o palato duro) e, ainda, posteriormente (com a base da língua em contato 
com o palato mole). Se não ocorrer nenhum fechamento, tem-se a respiração oral ou oronasal. 
Esta última é mais frequente.
A respiração oral é uma alteração funcional, caracterizada pelo uso predominante da 
cavidade oral durante a respiração e pelo desuso da cavidade nasal. Pode acometer indivíduos 
em qualquer faixa etária. Tal alteração poderá ser consequência de um hábito ou de obstrução 
nasal ocasionada por congestão da mucosa nasal e deformidades anatômicas das fossas nasais 
(RIBEIRO et al., 2016).
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Respirador oral é o indivíduo que possui capacidade respiratória nasal restrita, o que o 
leva a respirar pela boca na maior parte do tempo, tanto durante a vigília quanto durante o sono. 
Esse quadro, quando perpetuado por um longo período, poderá promover diversas alterações 
anatômicas e funcionais, repercutindo em uma diversidade de sinais e sintomas. Portanto, a 
clínica manifestada pelo paciente pode ser compreendida como uma síndrome, a Síndrome do 
Respirador Oral (doravante, SRO) (CAMPANHA et al., 2008).
Comumente, na SRO, podem-se observar alterações otorrinolaringológicas, craniofaciais 
e dentárias nos órgãos fonoarticulatórios, corporais e nas funções orais. Dentre as alterações 
relacionadas ao crescimento facial, têm-se: o aumento vertical do terço inferior da face, o 
estreitamento do arco maxilar para além do palato em ogiva, ângulo goníaco obtuso, má-
oclusão – mordida aberta, dentes incisivos superiores em protrusão e mordida cruzada 
(CAMPANHA, 2008; MARSON et al., 2012).
Muito frequentemente, as consequências da respiração oral são irreversíveis para o 
crescimento e desenvolvimento da criança, causando-lhe: alterações posturais, craniofaciais, 
oclusais, auditivas, vocais, articulatórias, nas funções estomatognáticas e nos órgãos 
fonoarticulatórios; redução de apetite; dificuldades de atenção e concentração; agitação; ansiedade; 
dificuldade na aprendizagem; desempenho inferior de habilidades fonológicas; e envelhecimento 
facial precoce, em comparação aos respiradores nasais. Destacam-se, ainda, a maior presença de 
olheiras, pregas palpebrais inferiores, aprofundamento do sulco mentolabial, face discretamente 
alongada na região das bochechas e maior desproporção facial (NISHIMURA; GIMENEZ, 2010; 
FILUS, 2006; BRASILEIRO, 2009).
Figura 2 - Face alongada devido à respiração oral e tensão de M. mentual durante vedamento labial. Fonte: A autora. 
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As alterações corporais no respirador oral são:
• Anteriorização da cabeça com retificação cervical.
• Protrusão dos ombros.
• Compressão do tórax e musculatura abdominal flácida. 
• Hiperlordose lombar.
• Anteversão pélvica.
Figura 3 - Alterações corporais no respirador oral. Fonte: A autora.
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Figura 4 - Alterações de OFAs no portador de SRO. Fonte: A autora.
Krakauer, Di Francesco e Marchesan (2003) ensinam que, quando acontece respiração oral 
decorrente de obstrução nasal instalada, ocorrem, progressivamente, modificações da ventilação 
pulmonar, que podem até resultar em distúrbio de equilíbrio ácido-básico sanguíneo. Nesses 
casos, há diminuição da complacência pulmonar, podendo-se chegar à situação de insuficiência 
cardíaca em função do distúrbio pulmonar. Essa é considerada uma situação de emergência, 
sendo necessário intervenção o mais precocemente possível. 
A obstrução nasal aguda no adulto, como nos casos de tamponamento nasal por epistaxe, 
está associada a uma maior incidência de acidentes isquêmicos. Há relatos de maior índice de 
infarto em adultos com respiração oral. A respiração oral é um fator de desestabilização das vias 
aéreas superiores especialmente durante o sono. Portanto, apneia do sono é bastante comum 
nesses pacientes, inclusive em crianças (KRAKAUER; DI FRANCESCO; MARCHESAN, 2003).
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Noturno 
• Apneia
• Roncos
• Despertares frequentes
• Pesadelos
Diurno
• Respiração oral
• Hiperssonolência
• Baixa performance escolar
• Comportamento agressivo
• Hiperatividade
• Déficit de atenção
• Cefaleia matinal
• Infecções de vias aéreas
• Rinorreia crônica
• Distúrbios da deglutição
Quadro 1 - Sintomas presentes em crianças com apneia do sono em decorrência da respiração oral. Fonte: A autora.
Em condições normais, a mandíbula é o ponto de apoio que estabiliza a permeabilidade 
das vias aéreas superiores. Durante a respiração oral, não há como se manter essa estabilidade e, 
em casos de apneia do sono, há ativação dos masseteres para se manter a posição da mandíbula e 
garantir a permeabilidade das vias aéreas, o que pode promover bruxismo. É uma queixa bastante 
comum dos pais de respiradores orais (OLIVEIRA, 2005).
A respiração oral, entre diversos problemas, pode ocasionar alteração da fala. A 
articulação dos sons depende da mobilidade da língua, lábios e bochechas e da posição dos dentes, 
mandíbula e língua (KRAKAUER; DI FRANCESCO; MARCHESAN, 2003), necessitando-se de 
posicionamentos e movimentos precisos dos articuladores, que somente são viáveis mediante a 
adequada estrutura morfológica orofacial (NISHIMURA; GIMENEZ, 2010). Os problemas de fala 
podem ser causados por alterações de mobilidade, tônus e postura dos órgãos fonoarticulatórios, 
além de por alterações das estruturas orofaciais, muito comum em respiradores orais.
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4. TIPOLOGIA FACIAL E A CORRELAÇÃO COM AS 
ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS
A respiração oral causa alterações ósseas e miofuncionais. Na vista frontal, a face foi 
classificada em três tipos morfológicos: dolicofacial, mesofacial e braquifacial.
 
 ✓ Na configuração dolicofacial, as dimensões verticais da face prevalecem sobre as 
dimensões horizontais, conferindo uma silhueta mais longa. 
 ✓ Na configuração braquifacial, as dimensões transversais superam as dimensões verticais, 
compondo uma face mais larga. 
 ✓ Mesofacial ocorre quando há equivalência das dimensões transversais e verticais 
caracterizando a face. 
As três configurações descritaspodem apresentar a normalidade como ponto em comum. 
Para isso, devem exibir características como simetria, proporcionalidade entre os terços faciais e 
selamento labial passivo, este último denotando compatibilidade entre o comprimento do lábio 
mole e o comprimento do terço inferior da face (KRAKAUER; DI FRANCESCO; MARCHESAN, 
2003).
Muitos cuidadores imbuídos, em algum nível, de culpabilidade por, em determinado 
momento, terem ofertado bicos artificiais a crianças que, mais tarde, apresentaram 
alterações estruturais e funcionais importantes, em virtude da respiração oral, 
dizem que basta encaminhá-las ao ortodontista. Contudo, uma vez que tais 
mudanças se instalam, as alterações são as mais variadas e requerem atuação 
de profissionais específicos de cada área. Por exemplo: 
• Hipotonia facial, alteração de fala, mastigação, respiração > fonoaudiólogo.
• Noites mal dormidas interferem na aprendizagem > psicopedadogo, reforço 
escolar. 
• Alteração na arcada dentária > ortodontista.
• Alterações corporais > fisioterapia / RPG.
• Agressividade; irritabilidade; transtorno de comportamento > acompanhamento 
psicológico.
Diante disso, devemos orientar, acolher e encorajar os pais e familiares a resistirem 
às investidas do mercado de itens infantis com vistas a protegerem suas crianças 
contra tais acometimentos, na maioria das vezes, evitáveis. 
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Figura 5 - Características morfológicas dos padrões e tipos faciais na dentição decídua: A, B - Padrão I / C, D - 
Padrão II / E,F - Padrão III / G, H – tipo braquifacial / I, J – tipo mesofacial / K, L – tipo dolicofacial. Fonte: Silva 
Filho et al. (2008).
Os extremos da morfologia facial no sentido vertical, para o excesso bem como para 
a redução, caracterizam discrepâncias esqueléticas (denominadas face longa e face curta, 
respectivamente). Dentre os pacientes catalogados como dolicofaciais, incluem-se os “face longa” 
e, dentre os catalogados como braquifaciais, encontram-se os “face curta” já que o crescimento 
ainda não se expressou, a ponto de se caracterizar a face dentre tais tipos morfológicos (BISHARA, 
2004).
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4.1 Protocolo de Avaliação de Motricidade Orofacial Adapta-
do para Respirador Oral
Figura 6 - Protocolo de avaliação de motricidade orofacial adaptado para respirador oral. Fonte: A autora.
5. HÁBITOS DELETÉRIOS
Hábito é o costume ou a prática adquirida pela repetição frequente de um mesmo ato que, 
a princípio, faz-se de forma consciente e, posteriormente, de modo inconsciente. Os principais 
hábitos que podem gerar deformidades na oclusão são: onicofagia, bruxismo, mordedura 
de objetos, mordedura de lábios, além dos mais típicos hábitos de sucção de dedo, chupeta e 
mamadeira (GONÇALVES; TOLEDO; SAM, 2010). 
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Esses hábitos de sucção são bastante frequentes e tendem a perdurar, principalmente, 
em crianças que não receberam de forma satisfatória amamentação natural nos seis primeiros 
meses de vida. Os hábitos orais deletérios são altamente relacionados à etiologia de más oclusões, 
principalmente, à mordida aberta anterior, posterior e alterações de estruturas e funções do 
sistema estomatognático, tais como a mastigação, deglutição, respiração e fonoarticulação 
(OHANNS et al. 2011).
Segundo Missen et al. (2017), um dos hábitos deletérios mais comuns e também mais 
difíceis de se tratar é a mordida aberta anterior, pois há comprometimentos estético e funcional. 
Pode ser definida como um transpasse vertical negativo entre os dentes antagonistas, podendo, em 
casos mais raros, manifestar-se em todo o arco dentário. Nesse quadro, os hábitos orais deletérios 
são causas frequentes do estabelecimento da má oclusão, sendo tais hábitos padrões de contração 
muscular aprendidos, que, por serem praticados repetidas vezes, passam a ser incorporados 
à personalidade do indivíduo, tornando-se hábitos inconscientes. A mordida aberta pode ser 
classificada de acordo com sua origem, a qual pode ser dentária ou esquelética. 
A de origem dentária está relacionada aos hábitos bucais deletérios, e seus portadores 
têm como característica a face com crescimento vertical normal, incisivos protruídos, dentes 
anteriores em infraoclusão por deficiência vertical alveolar e altura molar um tanto excessiva. Por 
sua vez, a mordida aberta esquelética é caracterizada por ângulos goníacos e plano mandibular 
aumentado, altura facial anterior-inferior aumentada, rotação anti-horária do plano e mandíbula 
retrognática causada por uma rotação anti-horária da mandíbula, o que gera um aspecto facial 
desequilibrado entre os terços faciais médio e inferior (MISSEN et al., 2017).
6. FISSURA LABIOPALATAL: ETIOLOGIA, 
CARACTERÍSTICAS E TRATAMENTO
A fissura labiopalatina é um defeito congênito que está entre as más formações mais 
comuns da face, com incidência de 1:650 nascimentos. Acontece na vida intrauterina, durante 
o processo embrionário e no início do período fetal. No momento em que ocorre a formação 
dos processos faciais que formam a face, por algum fator, eles não se fundem. Sua etiologia é 
multifatorial, englobando predisposição genética e fatores ambientais (ARAÚJO JR., 2005)
Essa má formação congênita pode acometer o lábio, o palato ou ambos, simultaneamente, 
podendo manifestar-se de forma isolada ou associada a quadros sindrômicos. Adotando como 
ponto de referência o forame incisivo, Spina (1972) classificou as fissuras em:
• Pré-forame incisivo: localiza-se anteriormente ao forame incisivo e pode ser completa 
(quando acomete o lábio e o rebordo alveolar, atingindo o forame incisivo) ou incompleta 
(quando não chega a atingir o forame).
• Pós-forame incisivo: localizada posteriormente ao forame incisivo e pode ser completa 
(quando envolve o palato duro desde o forame incisivo; portanto, acomete o palato duro, 
o véu palatino e a úvula) ou incompleta (quando o forame incisivo não é afetado).
• Transforame incisivo: refere-se à forma completa de fissura que atravessa o forame 
incisivo, envolvendo desde o lábio até à úvula.
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Figura 7 - Classificação das fissuras labiopalatinas. Fonte: CTMC (2020).
Quadro 2 - Estruturas anatômicas afetadas, segundo a classificação de Spina (1972). Fonte: A autora.
Para Araújo Jr. et al. (2005), o diagnóstico pode ainda ser feito no período gestacional, 
pela ultrassonografia. É importante ressaltar que, apesar de essa tecnologia permitir o diagnóstico 
precoce, há necessidade de preparar os profissionais para orientarem as famílias quanto ao modo 
como lidar com essa situação inesperada.
No período ideal, a criança seguirá em acompanhamento multidisciplinar; serão realizados 
exames e um estudo sobre a conduta cirúrgica para a correção primária de lábios (queiloplastia, 
que ocorre a partir de 3 meses de idade) e a correção primária do palato (palatoplastia, que ocorre 
a partir de 12 meses de idade). Os pais são informados sobre o procedimento cirúrgico e devidos 
cuidados no pós-operatório (LOPES FILHO et al., 2013).
Os estudos comparam os resultados da fala após a cirurgia de palatoplastia, levando em 
consideração a idade cirúrgica. Os resultados apontam que, nos casos em que se operou mais 
cedo, houve resultados na fala bem melhores do que aqueles em que se operou mais tardiamente.
6.1. Alimentação
Nos primeiros 30 dias, é indicada a contenção dos braços com tala removível para evitar 
que a criança leva a mão à boca. O uso de bicos artificiais deve ser suspendido nos primeiros dias, 
conforme orientação médica, para evitar trauma na região operada. Nesse período, a alimentação 
deve ser preferencialmente pastosa e líquida, homogênea e fria, ofertada na colher ou copinho. 
Para criançasamamentadas em seio materno, a sucção já pode ser estimulada horas após a 
cirurgia (CERQUEIRA et al. 2005).
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Um tipo de má formação congênita, como a fissura de palato submucosa FPSM, pode 
apresentar-se isoladamente, associada à fissura labial ou a síndromes. O diagnóstico é feito por 
inspeção intraoral para localizar sinais clássicos, tais como úvula bífida, diástase da musculatura 
velar na linha média, chanfradura óssea, além de escape de alimentos pelas vias aéreas 
superiores. Apesar de haver sinais característicos da FPSM, a dificuldade de sua identificação 
logo no nascimento leva, muitas vezes, ao diagnóstico tardio, em geral, realizado quando há o 
aparecimento de sintomas evidentes de disfunção velofaríngea (DVF). No entanto, é sabido que 
esse fato pode ser atenuado e que condutas adequadas podem ser adotadas quando o diagnóstico 
precoce é realizado. Por essas razões, torna-se essencial a divulgação dos sinais e sintomas da 
FPSM a fonoaudiólogos, médicos e dentistas para facilitação do diagnóstico precoce. Assim, é 
possível o acompanhamento das doenças da orelha média e das alterações da fala decorrentes da 
DVF (DI NINNO et al., 2011).
Figura 8 - Fissura pré-forame unilateral esquerda operada, associada à dissura de palato submucosa com dois sinais 
clínicos: chanfradura óssea e diástese muscular. Fonte: Di Ninno (2011).
6.2. Linguagem, Fala e Audição
Após o entendimento dos questionamentos sobre alimentação da criança, outra dúvida 
dos pais refere-se à dificuldade de comunicação: se a criança falará apenas após a cirurgia ou se 
ficará fanhosa. Nesse momento, o fonoaudiólogo deve orientar a família sobre os tratamentos 
preventivos disponíveis para o momento, antes e após a intervenção cirúrgica, bem como sobre 
a participação ativa da família no processo de reabilitação (GRACIANO; TAVANO; BACHEGA, 
2007).
A princípio, os pais devem ser orientados sobre a capacidade falante do filho e deve-lhes 
ser informado que a linguagem e a fala se desenvolverão apesar da fissura palatina, seguindo-
se as mesmas etapas de aquisição da linguagem que as de crianças sem fissura. Os riscos de 
alteração na fala são inerentes ao comprometimento estrutural do sistema estomatognático, como 
a hipernasalidade e a articulação compensatória. Sendo assim, a intervenção fonoaudiológica 
deve-se iniciar o mais precocemente possível, com orientação sobre o desenvolvimento da fala. As 
orientações iniciais são as mesmas que as apresentadas a crianças sem fissuras (PERNANBUCO 
et al., 2012):
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Dialogar com a criança de maneira natural, aproveitando circunstâncias da vida cotidiana 
(como momentos no banho, alimentação, brincadeiras, passeios), e sempre falar de forma clara 
e simples.
• Evitar uso de diminutivos.
• Estimular o uso de onomatopeias para estimular a criança a imitar os sons.
• Valorizar as emissões da criança, mesmo que não estejam perfeitas.
• Reforçar as tentativas de comunicação da criança.
• Evitar falar pela criança. 
• Evitar atender de imediato a seus gestos.
• Demonstrar interesse em ouvi-las.
A criança com fissura palatina, no início da aquisição de linguagem, tem dificuldade de 
emitir alguns sons orais que necessitam de pressão intraoral para sua produção. Nesse momento, 
a intervenção fonoaudiológica incentivará os pais a realizarem brincadeiras vocais com seu bebê 
e, após palatoplastia, a realizarem oclusão intermitente das narinas. Essa técnica consiste em 
auxiliar a criança a perceber a pressão aérea na cavidade oral (PERNANBUCO et al., 2012).
Outra técnica a ser sugerida à família e que deve ser intensamente praticada no dia a 
dia é sempre dar à criança o modelo correto das palavras, evitando-se a imitação dos modelos 
incorretos produzidos por ela. 
Aspecto fundamental a ser monitorado na criança com fissura palatina é a audição, pois, 
devido às alterações anatomofuncionais, em especial da tuba auditiva, o indivíduo está predisposto 
a quadros de otite de repetição e perda auditiva condutiva. É protocolo dos serviços de reabilitação 
ao fissurado palatal que ele seja encaminhado regularmente ao médico otorrinolaringologista 
para realizar exames pertinentes à sua faixa etária e desenvolvimento auditivo. Após palatoplastia, 
há melhora nas funções da tuba auditiva, mas, ainda assim, quadros de otite média podem surgir 
(DI NINNO et al., 2011).
Em relação à fala especificamente, as alterações encontradas se correlacionam diretamente 
aos problemas estruturais. O principal acometimento é da comunicação existente entre a cavidade 
oral e a cavidade nasal, a que se chama disfunção velofaríngea. Ela pode prevalecer mesmo 
após a palatoplastia, sendo, daí, chamada de disfunção velofaríngea residual. Tal condição afeta 
diretamente a fala em diferentes graus (LOPES FILHO et al., 2013).
Os acometimentos mais comuns são hipernasalidade, escape de ar nasal e distúrbios 
articulatórios compensatórios. Estes últimos decorrem da diminuição da pressão aérea 
intraoral durante a fala, levando o indivíduo a buscar outros pontos articulatórios no trato 
vocal para compensar a diminuição da pressão. Trata-se de golpe de glote, a plosiva faríngea, 
a plosiva dorso médio palatal, a fricativa faríngea, fricativa velar e fricativa nasal posterior. 
Sanam-se tais alterações por meio de fonoterapia. O desvio anatômico faz com que ocorram 
adaptações compensatórias no intuito de se aproximar o máximo possível de um som. 
Geralmente, não interfere na inteligibilidade da fala e é corrigido com cirurgia reparadora 
(GRACIANO; TAVANO; BACHEGA, 2007).
Para traçar um plano terapêutico mais adequado a cada indivíduo, é necessária uma 
avaliação clínica detalhada, além de exames instrumentais por meio dos quais se verificará a 
condição funcional do mecanismo velofaríngeo, como a nasofibroscopia, a videofluoroscopia, a 
nasometria e a técnica fluxo-pressão.
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Em se tratando de uma má formação complexa, o profissional da área de Fonoaudiologia, 
que atua diretamente na alimentação e fala, necessita desenvolver seu trabalho em conjunto com 
outras especialidades o mais precocemente possível (PERNANBUCO et al., 2012).
7. AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL
A avaliação clínica em MO é um passo muito importante no processo de diagnóstico e 
compreensão das condições anatômicas e funcionais do sistema estomatognático. Direciona-nos 
a um raciocínio terapêutico e determina a necessidade de encaminhamentos, além de fornecer 
informações quanto ao prognóstico do caso (GENARO et al., 2009).
Já sabemos da importância da interrelação profissional e da necessidade de se trabalhar 
em conjunto, aceitando as limitações de cada especialidade, fazendo com que uma busque ajuda 
em outra para melhor tratar o paciente. A palavra “parceria” pressupõe reunião de pessoas para 
um fim comum. Parceria bastante comum é a que se dá entre Odontologia e Fonoaudiologia. A 
meta é a resolução dos problemas das pessoas que procuram, especificamente, tratamento para o 
sistema estomatognático.
A Odontologia é grande aliada da MO. Ambas as áreas se completam em várias propostas 
terapêuticas visto que as duas buscam sempre o equilíbrio miofuncional por meio da prevenção, 
habilitação ou reabilitação das funções estomatognáticas. Qualquer alteração nesse sistema pode 
ocasionar modificações estruturais e funcionais no indivíduo, como crescimento facial, oclusão 
e estética. As alterações dentárias e ósseas podem interferir significativamente nas funções de 
mastigar, deglutir, falar e, até mesmo, respirar (FIGUEIREDO et al., 2018). 
De acordo com Costa et al. (2006), a terapia miofuncional (orofacial e cervical) é benéfica 
em muitas especialidades odontológicas e visa à correção das alterações motoras e sensoriais dosistema estomatognático e suas funções, quando alteradas. 
• Na Ortodontia e ortopedia funcional dos maxilares, os dentes são mantidos em equilíbrio 
graças à atuação de forças de contenção internas e externas. Portanto, se não houver 
ajustes funcionais, existe a possibilidade de recidivas.
Para maiores informações sobre terapia fonoaudiológica em 
pacientes com fissura labiopalatina, a presente sugestão de 
leitura aborda o tema da fonoterapia intensiva, a qual apresenta 
resultados exponenciais na reabilitação da fala. A referência 
completa é: 
LIMA, M. do R. F. et al. Atendimento fonoaudiológico intensivo 
em pacientes operados de fissura labiopalatina: relato de casos. 
Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, São Paulo, v. 12, n. 3, 2007. 
O material encontra-se disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1516-80342007000300012&lng=en&nrm=iso.
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• Na Odontopediatria, o trabalho em equipe se dá nas ações preventivas, como frenotomia/
frenolectomia, controle dos hábitos deletérios, incluindo-se desde a orientação quanto à 
necessidade da amamentação para o desenvolvimento da sucção até à intervenção na 
respiração oral.
• Na cirurgia buco-maxilo-facial, a intervenção fonoaudiológica pode ocorrer nos períodos 
pré e pós-cirúrgicos da cirurgia ortognática, atuando sobre as alterações da motricidade 
orofacial e cervical.
• Trabalho em equipe na reabilitação oral por meio de ajustes de mastigação e disfunções 
da articulação temporomandibular (ATM).
Souza et al. (2005) ressaltam, ainda, a necessidade de o profissional fonoaudiólogo 
ter uma visão do paciente em sua totalidade, realizando uma completa avaliação no intuito 
de identificar o que está por trás da queixa de cada indivíduo, fazendo encaminhamentos 
necessários e desenvolvendo um tratamento personalizado diante de cada necessidade. Somada 
a isso, a interdisciplinaridade dos profissionais de saúde auxilia na prevenção e no adequado 
direcionamento da atuação com o paciente a partir das trocas e do conhecimento mútuo. 
O Protocolo de Avaliação Miofuncional MBGR aborda aspectos gerais das funções 
orofaciais de respiração, mastigação, deglutição e fala. Além disso, contempla a observação da 
postura corporal, análise morfológica extra e intraoral, avaliação da tonicidade e mobilidade da 
musculatura e da sensibilidade orofacial. O protocolo contempla história clínica, o exame clínico 
miofuncional orofacial com escores e o roteiro de registro de imagens estáticas e dinâmicas para 
posterior análise. Tem como objetivo coletar o maior número de dados possível, cuja pontuação, 
de forma numérica, facilita analisar o nível da disfunção apresentada pelo paciente e ajuda no 
prognóstico e acompanhamento terapêuticos (GENARO et al., 2009).
Muitos autores apontam que o Protocolo MBGR tem sido utilizado na prática clínica. 
Muitas pesquisas demonstram a aplicabilidade desse instrumento em diversos distúrbios da 
motricidade orofacial. Por isso, tem sido considerado como fundamental para o desenvolvimento 
de estudos que possibilitam validá-lo como instrumento também para outras diversas áreas da 
MO (BENACCHIO; MARONÊS, 2019).
O protocolo de avaliação em motricidade orofacial MBGR é muito 
completo, sendo capaz de oferecer informações substanciais para 
que o profissional trace o prognóstico do tratamento e o plano 
terapêutico mais adequado possível. O protocolo está disponível 
em https://doi.org/10.1590/S1516-18462009000200009.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade proporcionou uma visão ampla quanto à necessidade de profissionais 
trabalhando em conjunto (Ortodontia e Fonoaudiologia, por exemplo). Espera-se que tenha 
ficado claro que a área de conhecimento dos ortodontistas se comunica com a Fonoaudiologia; 
mais do que isso, completam-se. Para o paciente, é muito relevante que todos os profissionais 
envolvidos percebam a importância da intervenção de cada um para que o tratamento, como um 
todo, seja exitoso. É essencial que encaminhamentos sejam realizados de ambas as partes e que o 
conhecimento seja difundido.
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U N I D A D E
03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................39
1. QUEIMADOS: TIPOS DE QUEIMADURAS E TRATAMENTO .................................................................................40
1.1 PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS ................................................................................................................. 41
1.2 AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO PACIENTE QUEIMADO ...........................................................................42
1.3 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO - SCQ: SUPERFÍCIE CORPORAL QUEIMADA / OFAS: ÓRGÃOS FONOARTICU-
LATÓRIOS .....................................................................................................................................................................47
2 CIRURGIA ORTOGNÁTICA .......................................................................................................................................48
2.1 LESÕES NERVOSAS DECORRENTES DA CIRURGIA ORTOGNÁTICA BIMAXILAR ...........................................48
2.2 REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA ...................................................................................................................50
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................52
DIFERENTES PERSPECTIVAS DA MOTRICIDADE 
OROFACIAL
PROF.A KESSY ANNIE DE OLIVEIRA SOUZA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
MOTRICIDADE OROFACIAL
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INTRODUÇÃO
A Fonoaudiologia tem se mostrado em áreas que, atualmente, reconhecem a atuação do 
fonoaudiólogo, sabendo-o indispensável na reabilitação da motricidade orofacial. Dentre tais áreas, 
citam-se as queimaduras de face e pescoço que trazem consigo graves alterações morfológicas, 
inclusive comprometendo a realização de algumas funções do sistema estomatognático e, 
consequentemente, a mímica facial. 
Outra área é a reabilitação de pacientes submetidos à cirurgia ortognática, atuando no 
período pré-operatório (com orientações sobre os cuidados durante a recuperação) e no pós-
operatório (atuando com massagens e exercícios para diminuição de edemas, consistência 
alimentar e melhora das funções estomatognáticas). 
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1. QUEIMADOS: TIPOS DE QUEIMADURAS E 
TRATAMENTO
Basicamente, uma queimadura pode ser definida como uma lesão dos tecidos orgânicos, 
em decorrência de um trauma de origem térmica. Segundo Nascimento et al. (2014), os agentes 
que mais comumente produzem queimaduras são os escaldos líquidos aquecidos e as substâncias 
inflamáveis, como o álcool, que atingem, principalmente, pessoas de nível socioeconômico baixo 
e, em sua maioria, crianças. Geralmente, ocorrem no interior das casas e, mais especificamente, 
na cozinha, durante as atividades domésticas. Deve‐se, também, ater‐se ao fato de que, além dos 
acidentes, há registros de tentativas de homicídios e de suicídios. Ainda segundo Nascimento et 
al. (2014), os fatores etiológicos são: 
• Agentes físicos térmicos: frio abaixo de 0 ° C, raro no Brasil; líquidos aquecidos, como 
sopa quente, chá, água fervente etc.; substâncias inflamáveis, principalmente, o álcool, em 
suas diversas utilizações; ferro de passar roupa; chapa de fogão; escapamento de moto; 
objetos que contêm alta pressão, como caldeiras industriais e panela de pressão. 
• Eletricidade: leva a queimaduras graves por atingir as camadas

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