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Exame Clínico: Anamnese e Exame físico O termo “exame clínico” compreende a dois processos fundamentais da observação médica: a história clínica (ou anamnese), relatada pelo doente, e o exame físico, feito pelo médico. Já a Semiologia médica (semeîon, sinal + lógos, tratado, estudo) é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. Conceito Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Sinais: características objetivas da enfermidade, ou seja, que podem ser evidenciadas pelo médico sem ser necessário a interlocução do doente. Ex: febre, lesões tissulares, edemas, icterícia,etc. Sintomas: características subjetivas da enfermidade, de modo que só o paciente pode informar ao médico a existêcia e intensidade, sem que o examinador tenha como comprovar. Ex: dor, irritação, prurido,etc. Sintomatologia ou quadro clínico: Representa um conjunto de sinais e sintomas presentes em uma determinada doença. Ex.: disfunção temporomandibular. Sinal X Sintoma Anamnese Identificação; Queixa principal e duração; História da Doença Atual (HDA); Interrogatório Sintomatológico; Antecedentes Pessoais e Familiares; Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais. (do grego ana, trazer de novo; e mnesis, memória) É uma entrevista realizada pelo médico com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. É a primeira e fundamental peça do exame clínico. A anamnese compreende os seguintes tópicos, cada um apresentando uma função semiológica específica: 1. 2. 3. 4. 5. 6. A anamnese é a parte mais importante da clínica médica, pois envolve o núcleo da relação médico- paciente, onde se apoia a parte principal do trabalho médico. Além disso, preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico e terapêutico. A anamnese, em síntese, é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. É a parte mais difícil do exame clínico. Seu aprendizado é lento, apenas se conseguido após a realização de dezenas de entrevistas criticamente avaliadas. A anamnese é, para a na maioria dos pacientes, o fator isolado mais importante para se chegar ao diagnóstico. Durante a anamnese, ocorre o momento onde se estabelecem as regras subliminares da relação médico- paciente, que poderão vir a determinar o êxito futuro: do diagnóstico e da aderência ao tratamento, alicerçadas numa relação de respeito e amizade que deveria ocorrer já na primeira consulta. Pode-se abreviadamente descrever que em medicina a anamnese é o histórico que vai desde os sintomas iniciais referidos pelo paciente até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças deste. Representa, a nosso ver, o momento da prática médica hierarquicamente mais importante onde, através dos Sinais e Sintomas revelados e detalhados pelo paciente e a experiência do médico que realiza a entrevista são os instrumentos básicos capazes de emitir uma hipótese diagnóstica e estabelecer uma conduta adequada do ponto de vista laboratorial para comprovar sua hipótese, encaminhar o paciente a um médico especialista em áreas que não são de sua competência ou para iniciar uma solução terapêutica. Existe uma relação direta entre uma boa anamnese e uma boa prática da medicina. Estabelecer condições para a relação médico- paciente; Fazer a história clínica e conhecer os fatores pessoais, familiares e socioambientais relacionados com o paciente; Estabelecer os aspectos do exame físico que merecem mais investigação; Definir a estratégia seguida em cada paciente quanto aos exames complementares. Escolher procedimentos terapêuticos mais adequados em função dos diagnósticos e do conhecimento global do paciente. Os objetivos da anamnese são, em resumo: Para conseguir tal intento, o médico deve fazer uso das seguintes técnicas: facilitação (facilitar o relato do paciente por meio da postura médica), reflexão, esclarecimento (médico deve procurar definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando), confrontação (mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento), interpretação (observação do médico a partir do que vai anotando sobre o relato do paciente) e respostas empáticas (intervenção do médico mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e aceitação sobre os relatos). Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Identificação Nome, idade, sexo, cor (raça: branca, parda, preta), estado civil, profissão, local de trabalho, naturalidade, residência. Data da internação, enfermaria, leito e Hospital. Ex: Ana Caroline Mascarenhas, 22 anos, feminino, branca, solteira, estudante, natural de Gurupi-TO e residente em Formosa-GO. Data da internação: 22/09/2021, Enfermaria 01, leito 03, Hospital São Camilo. A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. São obrigatórios os seguintes interesses: Queixa principal Repetir as expressões utilizadas pelo paciente; Incluir sempre a duração da queixa. Ex: Dor no peito, há 2 horas; Ex: Tosse, há 15 dias; Ex: Dor “na boca do estômago”, há 1 semana. Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se possível as expressões por ele utilizadas. Não se deve esquecer de pôr, como informação, a duração do sinal. A queixa principal é, portanto, o motivo que levou o paciente a procurar o médico. É a resposta da seguinte pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe ao hospital? Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve ser reescrita pelo médico buscando seguir os seguintes pontos: História da doença atual Determine o sintoma-guia; Explore: Início do sintoma (época, modo, fator desencadeante) Duração Características do sintoma na época em que teve início (caráter do sintoma; Localização corporal e irradiação; Intensidade; fatores desencadeantes, de piora ou de melhora; Relação da queixa com funções do organismo), evolução, repercussões do problema sobre a vida do paciente, relação com outras queixas, situação do sintoma no momento atual; É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito, quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na leitura da história da doença atual (HDA). Para se obter uma HDA simples, deve-se lembrar de algumas regras fundamentais a seguir: Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele. Use a ordem cronológica; As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cada doente; As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas, em certas ocasiões, será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente; Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doença; Quando possível, permita que o paciente conte sua história como deseja e saliente os aspectos que ele considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A história deve ser narrada pelo próprio doente, sempre que possível, ou por intermédio de um responsável, no caso de doentes impossibilitados de falar, fato esse que deverá ser anotado. A duração total de um sintoma refere-se ao intervalo do tempo entre a primeira ocorrência do sintoma até a consulta atual e inclui todos os períodos assintomáticos que possam ocorrer numa doença recorrente. Muitas vezes, a data assinalada como início, corresponde, na verdade, à exacerbação de um sintoma preexistente.O curso de um sintoma refere-se à natureza contínua, recorrente ou rítmica do mesmo. Cada sintoma apresenta seu curso, podendo regredir e desaparecer, ou então, desenvolver-se, progredir. Algumas doenças caracteristicamente evoluem em crise, por períodos, com surtos e remissões, outras seguem uma evolução contínua, com melhoras ou pioras parciais, ou não. Em relação a episódios agudos recorrentes, considere seu episódio mais recente. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Interrogatório sintomatológico Sintomas gerais: febre; astenia; alterações do peso; sudorese; calafrios; prurido; alterações do revestimento cutâneo; alterações do desenvolvimento físico. Cabeça e pescoço: Crânio, face e pescoço: dor, alterações dos movimentos, alterações do pescoço. Olhos: acuidade visual, dor, sensação de corpo estranho, queimação ou ardência, lacrimejamento, sensação de olho seco, diplopia, fotofobia, escotomas, secreção, nistagmo; xantopsia, iantopsia e cloropsia. Ouvidos: acuidade auditiva, dor, otorreia, otorragia, zumbidos, vertigem; Nariz e seios paranasais: obstrução nasal, dor, rinorreia, espirros, prurido, epistaxe, alterações do olfato (hiposmia; anosmia; parosmia), cacosmia, drenagem nasal posterior; Cavidade oral e faringe: sialorreia, xerostose, halitose, dor, gengivorragias, lesões de mucosa, glossodínea, odinofagia, disfagia, pigarro, tosse (seca ou produtiva), vômica. Tórax: Mamas: mastalgia, secreção mamilar, nódulos palpáveis. Sistema cardiorespiratório: precordialgia, palpitações, dispneia, cianose, edemas, dor torácica, tosse (seca ou com expectoração), disfonia, hemoptise, chiado, vômica. É feito um interrogatório sistemático em busca de possíveis sintomas que não foram nela diretamente localizados. É um interrogatório dirigido, indagando-se sobre sintomas e sinais mais frequentes em cada um dos sistemas e seguindo-se uma sequência progressiva “da cabeça aos pés”. Os sintomas e sinais interrogados podem ajudar a confirmar ou afastar possibilidades diagnósticas sugeridas pelos sintomas presentes. A sistematização proposta é a seguinte: Abdome: Parede abdominal: dor, alterações da forma e do volume. Sistema gastrintestinal: disfagia, odinogafia, epigastralgia, dor, pirose, regurgitação, eructação, soluço, hematêmese, náuseas e vômitos, dispepsia, hábito intestinal, diarreia, esteatorreia, cólicas, distensão abdominal, flatulência, hemorragia digestiva, icterícia, obstipação intestinal, sangramento anal; Sistema genitourinário: dor, incontinência urinária, retenção, modificações do jato urinário, alterações do volume e do ritmo urinário, disúria, alterações da cor e odor da urina. Para homens: lesões genitais, corrimento uretral, disfunções sexuais. Para mulheres: distúrbios menstruais, corrimento, prurido, disfunções sexuais, menopausa e climatério. Sistema hemolinfopoiético: palidez, hemorragias, adenomegalias; esplenomegalia e hepatomegalia. Sistema endócrino e metabolismo: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuição da sudorese, tremores, irritabilidade ou apatia, insônia ou sonolência, parestesia ou tetania, cãibras, convulsões, poliúria, polifagia, polidipsia; Sistema musculoesquelético: artralgias, sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), limitação de movimentos, deformidades, rigidez matinal; Sistema nervoso: distúrbios de consciência ou memória, tontura e vertigem, convulsões, ausências, distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade, distúrbios da marcha, do sono e das funções cerebrais superiores; Exame psíquico e avaliação das condições emocionais: consciência, atenção, orientação, humor, pensamento, ansiedade, choro frequente, irritabilidade, melancolia, sentimento de culpa e perda de interesse, perda de energia e desânimo. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Antecedentes pessoais e familiares Gestação e nascimento Desenvolvimento neuropsicomotor(DNPM) Desenvolvimento físico Doenças sofridas pelo paciente Alergias Cirurgias Traumatismos Hospitalizações Hemotransfusões Medicações atuais e passadas Estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente; cônjuge, filhos (se houver). Histórico familiar de enxaqueca, DM, tuberculose, hipertensão arterial sistêmica, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronária (IAM, angina), AVC, dislipidemia, úlcera péptica, colelitíase e varizes, doença de caráter hereditário: hemofilia, rins policísticos. A investigação dos antecedentes não pode ser esquematizada rigorosamente. É possível e útil uma sistematização que sirva como roteiro e diretriz de pesquisa. Antecedentes pessoais fisiológicos: Antecedentes pessoais patológicos: Antecedentes familiares Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais do paciente A medicina está se tornando cada vez mais uma ciência social, e o interesse do médico vai ultrapassando as fronteiras biológicas para atingir os aspectos sociais relacionados com o doente e com a doença. Este item está desdobrado nos seguintes dados: alimentação, habitação, ocupação atual e anteriores, atividades físicas, hábitos, condições socioeconômicas, condições culturais, vida conjugal e ajustamento familiar. Alimentação: como no exame físico serão estudados os parâmetros para avaliar o estado nutricional do paciente, faz-se necessário a anamnese alimentar: hábitos alimentares, alimentação adequada em função do sexo, idade e trabalho desempenhado; avaliação qualitativa e quantitativa. Habitação: anote o tipo de casa (atual e anterior); número de moradores e número de cômodos da casa; se há saneamento básico (esgoto, fossa séptica, água encanada, tratamento da água consumida); qual o destino do lixo. Pergunte se o paciente já morou perto de fábricas ou de outros locais potencialmente prejudiciais à saúde. Ocupações anteriores e ocupação atual Atividades físicas Padrão de sono Lazer Hábitos: Tabagismo Consumo de álcool Uso de drogas ilícitas Banhos de rios, açudes e lagoas Contato com animais domésticos Condições socioeconômicas Condições culturais Religião Vida conjugal e ajustamento familiar A realização adequada da anamnese pressupõe a obediência a uma série de requisitos básicos. A medicina moderna, embora baseada em um grupo de ciências teóricas é essencialmente uma ciência prática cujo objetivo principal é ajudar pessoas doentes a se sentirem melhor. Como em toda ciência a medicina também têm suas unidades básicas de observação que são os sintomas e os sinais. As quantidades básicas de medida são as palavras e o instrumento de observação mais importante é o médico. O médico, como qualquer outro instrumento científico, deve ser objetivo, preciso, sensível, específico e reprodutível quando realiza suas observações a respeito da doença do paciente. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Postura Médica Apresentar-se com clareza e deixar claro por qual motivo você esta ali. Não demonstre intimidade que você não tem com o paciente. Utilize sempre o nome do paciente e nunca utilize apelidos genéricos como "tia", "mãe", "avó" etc. Garanta o conforto e a privacidade do paciente. Sente-se próximo, mas não excessivamente, e no mesmo nível do paciente. Evite a presença de barreira física entre você e o paciente (mesas, macas, etc.) Avise sempre que for realizar uma mudança na condução da entrevista ou uma manobra nova ou dolorosa no exame físico. Responda ao paciente de forma a deixar registrado que você o esta ouvindo atentamente. Entender o paciente e ao mesmo tempo ser entendido por ele é absolutamente indispensável para a obtenção de uma história clínica adequada. Inúmeros fatores podem interferir com o entendimento perfeito. As diferenças culturais, religiosas, raciais, de idade e etc. entre médico e paciente constituem as dificuldades normais que tem que ser constantemente avaliadas para serem superadas. Outras dificuldades decorrem da técnica deentrevista. Para que ocorra entendimento perfeito entre médico e paciente é necessário que os dois estejam sintonizados na mesma frequência emocional. Neste contexto podemos destacar três qualidades que o médico deve desenvolver para melhorar a comunicação entre ele e o paciente: respeito, sinceridade e empatia. A capacidade de ter respeito é conseguir separar os sentimentos pessoais sobre o comportamento, as atitudes ou as crenças do paciente, da tarefa fundamental do médico que é auxiliar o paciente a ficar melhor. Pequenos procedimentos devem ser utilizados para demonstrar respeito ao paciente: A sinceridade significa não pretender ser alguém ou algo diferente daquilo que você é. Significa ser exatamente quem você é pessoal e profissionalmente. O estudante deve sempre se apresentar como tal e nunca pretender assumir o papel do médico que ele ainda não é. A empatia significa compreensão. Significa colocar-se no lugar do paciente e realizar um esforço para compreendê-lo de forma integral. Para que o relacionamento empático se estabeleça é necessário que preste atenção em todos os aspectos da comunicação com o paciente: palavras, sentimentos, gestos, etc. Uma vez estabelecida a comunicação empática o paciente fornecerá, não somente dados relevantes, mas permitirá a emersão de sentimentos e crenças. O atendimento na sala de emergência nem sempre permite, pelas circunstancias e os procedimentos técnicos imediatos, uma longa observação e pouco diálogo interpessoal, no entanto, tão logo a situação crítica for resolvida, estas mesmas atitudes que ocorrem no consultório devem aparecer tanto para o paciente quanto para os familiares. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Frequência cardíaca = ritmo cardíaco: normal: 60 a 100batimentos/minuto. Temperatura corporal: normal: 35,5 –37ºC Avaliação do estado geral: Avaliação subjetiva do que aparenta o paciente, em sua totalidade: nível de consciência, fácies, fala, confusão mental, mobilidade, entre outros. O paciente pode estar em bom estado geral (BEG), regular estado geral (REG) ou mau estado geral (MEG). Avaliação do grau de palidez: Observar mucosa palpebral da conjuntiva, mucosa oral, leito ungueal e palma das mãos. O paciente pode estar corado ou descorado. Caso se encontre descorado, classificar o grau (em cruzes). Avaliação do grau de hidratação: Observar umidificação da mucosa oral, globo ocular e turgor da pele. O paciente pode estar hidratado ou desidratado. Caso se encontre desidratado, classificar o grau (em cruzes). Avaliação da presença de icterícia: Observar coloração da palma da mão, esclera e freio da língua. A icterícia se caracteriza por um tom amarelado nessas regiões. Avaliação da presença de cianose: Observar uma coloração mais azulada no lábio, leito ungueal, e outras extremidades (cianose) que é indicativa de redução da oxigenação do sangue ou de redução da perfusão sanguínea. Avaliação do padrão respiratório: Observar se há dificuldades para respirar ou se está usando força excessiva (uso de musculatura acessória) para inspirar. Sinais Vitais Na próxima etapa é necessário avaliar aspectos mensuráveis do paciente. Como medidas de pressão arterial, peso, altura, IMC, circunferência abdominal, frequência cardíaca, pulsação e frequência respiratória. Exame físico Geralmente sucede a anamnese e objetiva a pesquisa de sinais presentes. No exame físico, utiliza-se fundamentalmente os sentidos naturais do profissional na exploração dos sinais. Ectoscopia: Primeiro é necessário avaliar o estado geral do paciente e realizar a ectoscopia (avaliação global do doente). Geralmente graduamos as qualidades em graus, medidos de uma a quatro cruzes (Como por exemplo: “desidratado +/4+”. Isso significa que do máximo que uma pessoa pode ficar desidratada, 4 cruzes, o paciente se encontra com uma cruz). Frequência respiratória: normal: de 12 a 20 incursões respiratórias/minuto Pulso arterial: ciclo de expansão e relaxamento das artérias do corpo. Fumou ou bebeu café ou outros estimulantes há menos de 30 minutos; Está sentindo dor; Está com a bexiga cheia; Está em repouso há menos de 3 minutos Com uma das mãos, palpe a artéria radial e, com a outra, insufle o manguito. A pressão sistólica estimada será aquela em que você deixar de sentir o pulso radial. Coloque o estetoscópio sobre o local onde você palpou o pulso da artéria braquial e insufle o manguito cerca de 30 mmHg acima do valor estimado de pressão sistólica. Esvazie o manguito devagar e atente-se aos sons de Korotkoff (uma espécie de “TUM” que surge durante a sístole) Fase I (aparecimento do som, o primeiro “TUM”): momento em que a pressão no manguito se iguala à maior pressão na artéria braquial, que corresponde à pressão sistólica. Fase V (desaparecimento dos sons): a pressão no manguito se iguala à menor pressão na artéria, que corresponde à pressão diastólica. Pressão arterial (PA) A aferição da PA requer preparação do paciente e escolha do material adequado. Antes de aferir a PA, deve-se perguntar ao paciente se: Se a resposta para todas as perguntas for “não”, podemos prosseguir com o procedimento. O braço que terá a PA aferida deve estar apoiado sobre um suporte, na altura do coração. O paciente pode estar em pé, sentado ou deitado. Podemos, então, colocar o manguito. Após palpar o pulso da artéria braquial, para verificar se há pulso viável, o manguito correto deve ser posicionado obedecendo a sinalização da “artéria braquial”. Uma vez preparado o paciente, a aferição da PA segue o seguinte protocolo: 1. 2. 3. Sobre os sons de Korotkoff é importante saber que: Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Frequência cardíaca (FC) e pulso (P) Nem sempre as medidas serão equivalentes. Para aferição da FC, pode-se auscultar o coração e contar os batimentos cardíacos em 1 minuto. Para aferição do pulso, normalmente se palpa a artéria radial com o 2° e 3° dedos, contando os batimentos em 1 minuto. É importante também comparar a frequência cardíaca e o pulso. Na palpação do pulso, dentre outras coisas, o mais importante é verificar o ritmo (em alguns dos pacientes é possível ver alterações). A unidade de medida utilizada é: batimentos por minuto (bpm). Frequência respiratória (FR) Contar a quantidade de inspirações em 1 minuto, observando movimentos da caixa torácica ou parede abdominal. Não se deve contar ao paciente que sua frequência respiratória está sendo verificada, pois inconscientemente mudamos nosso padrão respiratório. É importante verificar também o ritmo da respiração, que pode conter pausas, períodos de inspiração/expiração profunda ou ser arrítmica; uso de musculatura acessória. Observar se não há tempo expiratório prolongado (o normal é o tempo da inspiração ser maior do que o da expiração, o que pode se inverter em situação de broncoespasmo – “crise de asma”). A unidade de medida utilizada é: incursões respiratórias por minuto (irpm). Altura e peso Para aferição da altura, o paciente deve estar com os pés descalços, em postura ereta e olhar no horizonte. O peso preferencialmente deve ser aferido em balança analítica, pois pode ser calibrada conforme o ambiente em que está situada. Além de doenças do desenvolvimento, o peso e a altura são importantes para determinar o IMC (Índice de Massa Corpórea): IMC = peso/altura2 (kg/m2) Conforme o IMC, categoriza-se o paciente em magreza, eutrofia, sobrepeso e graus de obesidade. É importante notar a proporção massa muscular/massa de gordura, pois pode levar a interpretações errôneas acerca do IMC. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Longilíneo (ectomorfo): ângulo de Charpy menor que 90º, pescoço longo e delgado, membros alongados, musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido, tendência para estatura elevada. Mediolíneo (mesomorfo): ângulo de Charpy em torno de 90º, equilíbrio entre tronco e membros, desenvolvimentoharmônico entre musculatura e panículo adiposo. Brevilíneo (endomorfo): ângulo de Charpy maior que 90º, pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso, mebros curtos com relação ao tronco, musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso, tendência para a baixa estatura. Circunferência abdominal (CA) Existe mais de um tipo de circunferência que pode ser medida: abdominal, de cintura e de quadril. A circunferência abdominal é medida logo acima da crista ilíaca, na altura da cicatriz umbilical. A circunferência de quadril é medida na linha do trocânter maior do fêmur; já a circunferência de cintura, no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, ao nível das espinhas ilíacas ântero superiores. Com essas duas últimas medidas, pode-se calcular a relação cintura-quadril. A gordura visceral (presente entre as vísceras) está relacionada à resistência à insulina e hipertrigliceridemia. Dentre as 3 circunferências apresentadas, aquela que possui maior correlação com a obesidade visceral é a circunferência da cintura abdominal. Na medição das circunferências, é importante notar também a disposição do tecido adiposo, pois algumas doenças podem levar a uma depleção muito grande e outras podem levar a acúmulos em locais determinados. Biotipo O biótipo, também denominado tipo morfológico, é o conjunto de características morfológicas apresentadas pelo indivíduo. Uma medida bastante utilizada como padrão é o ângulo de Charpy (corresponde ao ângulo que as costelas inferiores formam com o osso esterno). Perceptividade: referente a capacidade de responder perguntas simples, como por exemplo: “Olá! Como vai?”, ou ainda, atender algumas ordens como “Tire a camisa”. Reatividade: significa a capacidade de reagir a estímulos inespecíficos, como desviar os olhos e a cabeça para um ponto onde se faça barulho. Nível de consciência Avalia-se pela perceptividade, reatividade, deglutição e reflexos. Os extremos devariação são o estado de vigília e o estado de coma (grauIV). Nesta parte do exame, temos possibilidade de, usando recursos próprios do exame físico, completar o estudo do nível de consciência do paciente. Com fins práticos, devem ser usados quatro parâmetros para uma avaliação do nível de consciência: Deglutição: além de ter sido avaliada na anamnese, pode ser testada ao se oferecer um copo d’água, devendo-se observar bem o comportamento do paciente. Reflexos: pode-se fazer a pesquisa de alguns reflexos tendinosos. Grau I (coma leve): o comprometimento da consciência é leve e o paciente é capaz de atender a ordens simples, do tipo abrir e fechar o olho. Reage bem e de modo apropriado à estimulação dolorosa. Grau II (coma médio): perda da consciência é quase total, estando o paciente com sua perceptividade bastante reduzida. Responde apenas à estimulação dolorosa enérgica e o faz desapropriadamente. A deglutição é feita com dificuldade. Estão preservados os reflexos tendinosos, cutâneos epupilar. Grau III (coma profundo): perda da consciência é completa e o paciente não responde às solicitações externas por mais intensas que sejam. Sua perceptividade é igual a zero. Nem o estímulo doloroso é perceptível. Além disso, observam-se arreflexia tendinosa, cutânea e pupilar, relaxamento completo da musculatura e incontinência esfinctérica. Grau IV (coma Depassé): além dos elementos já referidos ao coma de grau III, aqui há ainda o comprometimento das funções vitais, como parada respiratória (sendo necessária a ventilação artificial). É quase sempre um estado irreversível e o EEG revela silêncio elétricocerebral. A partir destes dados, é possível caracterizar o estado de coma dentro da seguinte graduação: A Escala de Coma de Glasgow também é largamente utilizada. É uma forma de caracterizar os estados de consciência através de uma escala numérica baseada na avaliação de 3 características: abertura dos olhos (4 pontos), resposta motora (6 pontos) e resposta verbal (5 pontos). O escore 15 representa indivíduo lúcido e consciente, enquanto que o escore 3 representa indivíduo em coma. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Disfonia ou afonia: alteração no timbre da voz causada por problema no órgão fonador. Dislalia: alterações menores na fala (comum em crianças), como a troca de letras (“casa” por“tasa”). Disritmolalia: distúrbios no ritmo da fala, como gagueira e ataquilalia. Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral (voz arrastada), de hipertonia do parkinsonismo (voz baixa, monótona e lenta) ou perda do controle piramidal (paralisiapseudobulbar). Disfasia: aparece com completa normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação, mas está relacionada com uma perturbação na elaboração cortical da fala. Representa uma descoordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras de modocompreensível. Disgrafia: perda da capacidade de escrever Dislexia: perda da capacidade de ler. Fala e linguagem Avalia-se a presença de alterações como: disfonia, distúrbios na fluência da fala, distúrbios fonoarticulatórios. Durante a entrevista, o examinador deve prestar atenção na linguagem do paciente, particularmente na linguagem falada. Deve-se lembrar que a fala não só depende do órgão fonador (laringe) e da língua, mas de áreas de elaboração cerebral superior. As principais alterações da fala são Hábito grácil: constituição corporal frágil e delgada, caracterizada por ossatura fina, musculatura pouco desenvolvida, juntamente com uma altura e um peso abaixo dos níveis normais. Infantilismo: persistência anormal das características infantis na idade adulta. Hiperdesenvolvimento: embora confunda-se com gigantismo, não é a mesma coisa. O reconhecimento do gigantismo tem a altura como fundamento principal. Acromegálicos: são casos de gigantismo que decorrem da hiperfunção da hipófise anterior na adolescência ou na vida adulta. Além da estatura elevada, apresentam cabeça maior que a média, mento pronunciante, nariz aumentado, pele grossa, mão e pés enormes. Gigantes infantis: resultado de uma hiperfunção de hipófise anterior que tenha começado antes da soldadura das epífises com o corpo dos ossos longos. Apresentam extremidades inferiores muito longas. Anão acondroplásico: desigualdade entre o tamanho da cabeça e do tronco e o comprimento dos membros. As pernas são curtas e arqueadas. A musculatura é bem desenvolvida, e os órgãos genitais são normais. Cretinos: caracterizado pela falta de desenvolvimento em todas as partes do corpo. Anão hipofisário: tem a cabeça e o tronco normalmente proporcionados, mas pequenos. Apresentam membros desproporcionalmente longos em relação ao corpo. Anão raquítico: depende do mau desenvolvimento e deformidades da coluna e dos ossos, destacando uma escoliose e o encurvamento dos ossos das pernas. Desenvolvimento físico Uma determinação exata do desenvolvimento físico de um indivíduo requer um estudo antropométrico rigoroso. Contudo, na prática, é suficiente uma avaliação levando-se em conta a idade e o sexo. Os achados podem ser enquadrados nas seguintes características: Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina Fácies normal: nenhuma alteração, normal. Fácies hipocrática: portadores de doenças crônicas terminais e irreversíveis; Fácies renal: é o caso das nefropatias: rosto pálido, edemaciado, predominando o edema palpebral; Fácies leonina: grosseira, típica de hansenianos: pele espessa, sem supercílios, nariz espesso e largo e barba escassa; Fácies adenoidiana: geralmente, acontece com crianças com hipertrofia das adenoides, nariz pequeno e afilado, boca entreaberta. Fácies parkinsoniana: portadores da Síndrome de Parkinson, olhar fixo, supercílios elevados, fronte enrugada, expressão de espanto, fisionomia facial semelhante a uma máscara, Fácies basedowiana ou do hipertireoidismo: rosto magro, com olhos salientes e brilhantes, expressão fisionômicaindicando vivacidade e espanto, presença de bócio na face anterior do pescoço. Fácies mixedematosa ou do hipotireoidismo: rosto arredondado, pele seca e com acentuação de seus sulcos, nariz e lábios grossos, pálpebras enrugadas e infiltradas. Fácies acromegálicas: típico da acromegalia: saliências das arcadas supraorbitais, proeminência das maçãs do rosto, maior desenvolvimento da mandíbula, do nariz, lábios e orelhas. Fácies cushingoide ou de Lua-cheia: observado nos casos de síndrome de Cushing; Fácies mongoloide: prega cutânea que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro, braquicefalia, orelhas pontiagudas, expressão fisionômica de pouca inteligência. Fácies É o conjunto de dados exibidos na face do paciente, sendo ela resultante de traços anatômicos, expressão fisionômica e elementos patológicos. Os principais tipos de fácies são: Fácies de depressão: pouca expressividade do rosto, cabisbaixos com olhar voltado para o chão, sulco nasolabial acentuado, tristeza e sofrimento moral aparentes. Fácies pseudobulbar: aparece na chamada paralisia pseudobulbar (aterosclerose cerebral): súbitas crises de choro ou de riso que levam a um aspecto espasmódico, ao tentar contê-las. Fácies da paralisia facial periférica: bastante comum: assimetria da face, impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são, apagamento do sulco nasolabial, ausência das rugas na fronte do lado lesado. Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: ocorre na miastenia grave: ptose palpebral bilateral (que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça). Fácies de deficiente mental: traços faciais apagados e grosseiros, boca constantemente entreaberta e com salivação, estrabismo, olhar desprovido de objetivo, olhos se movimentam sem se fixarem em nada, sorrisos sem motivação. Fácies etílica: chama atenção os olhos avermelhados e uma certa ruborização na face, hálito etílico, voz pastosa, sorriso indefinido. Fácies esclerodérmica (fácies de múmia): imobilidade facial, endurecimento da pele, repuxamento dos lábios, afinamento do nariz, imobilização das pálpebras, fisionomia parada, imutável e inexpressiva. Ana Caroline Mascarenhas de Almeida Medicina
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