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Direito Civil IV

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DIREITO CIVIL – 6º SEMESTRE
DO USO
O uso é como um usufruto limitado, contudo, nele não é possível perceber os frutos, só se pode utilizá-lo. Além disso, é válido tanto para bens móveis quanto para imóveis. 
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família. 
§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver.
§ 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico. 
Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. 
DA HABITAÇÃO 
É uma forma restrita do uso, o imóvel só pode ser utilizado com a finalidade de moradia (geralmente envolve um motivo humanitário), não se pode alugar ou emprestar, é um direito personalíssimo. 
No direito de família há uma hipótese de direito de habitação legal, na situação em que um cônjuge não é herdeiro do outro, quando um falece, o outro tem direito de continuar habitando na casa em que moravam juntos, se for de propriedade do marido ou mulher falecido. 
Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família. 
Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la. 
Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto. 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. 
DO PROMITENTE COMPRADOR
É uma perspectiva de direito, um promete vender e o outro comprar, por um valor determinado. É quando se confere ao promitente comprador a perspectiva de adquirir a propriedade. Afastando terceiros, se averbado na matrícula do imóvel. 
Importante observar que é possível adicionar ao referido contrato uma cláusula de arrependimento, e então as partes podem desistir da compra/venda, até o dia estabelecido para a celebração do negócio jurídico. 
Ex: Comprador oferece 400 mil, em uma casa, para comprar em dezembro e vendedor aceita. Ambos celebram um compromisso de compra e venda (pactum contravendo). Esse documento possui efeito apenas entre as partes, logo, se terceiro de boa-fé quiser fazer uma proposta de compra, é válido, pois nitidamente apenas o vendedor age de má fé, afinal só ele sabe do compromisso que fez com o outro comprador. Contudo, se o contrato de promessa de compra e venda for averbado na matrícula do imóvel, terceiros não podem intervir. 
Por outro lado, quanto a promessa de doação, há uma corrente que prega que não se pode pleitear a adjudicação compulsória (transferência obrigatória, ordenada pelo juiz) nesses casos, pois se trata de um contrato unilateral, portanto o doador pode desistir a qualquer momento. Ao passo que uma outra corrente entende de forma diferente, diz que é possível fazer a adjudicação sim. 
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 
Súmula 239 STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. 
DIREITO REAL DE LAJE:
- É o direito real por meio do qual se autoriza à 3º edificar de maneira distinta da originalmente constituída. Em outras palavras, o titular do direito de laje, a partir do momento de registro na matrícula do imóvel é 3ª pessoa que não o proprietário, que edifica de forma sobressalente. Necessária averbação.
- São unidades distintas, com isolamento de acesso, isto é, unidades sobrepostas, sendo a construção base a do proprietário e a laje a de 3º averbada na matrícula.
- Difere-se de condomínio, não devendo de maneira alguma se confundir com o mesmo, pois no direito real de laje, há um único dono, o dono do terreno.
- Tem que haver o rateio das despesas nas proporções da construção.
- Há também, de se salientar, o direito recíproco de prelação dos consortes, isto é, no caso de alienação o terceiro tem que dar preferência ao proprietário e vice-versa.
DIREITO DE FAMÍLIA – 6º SEMESTRE
- A constituição federal em seus arts. 226 e 227 dispõe sobre o tema família, dizendo que a mesma é base da sociedade e merece especial atenção legal.
- Há algumas espécies de família definidas pela lei:
	a) Família Legítima ou Matrimonial ou Civil (as palavras se tratam de sinônimos): trata-se da família que se originou de um casamento civil.
	b) Família Natural ou informal: dá-se por constituída não em um casamento, mas sim em uma união estável.
	c) Família Monoparental (226, §4º): trata-se da família que se constitui sob a liderança de apenas um dos pais, o pai ou a mãe, trata-se do caso de viuvez ou divórcio.
	d) Família Anaparental: Não possui liderança de pai ou mãe, geralmente são irmãos ou primos que “se protegem”
	e) Família Homoafetiva: trata-se de família em que os líderes legais são pessoas do mesmo sexo.
	f) Família Eudenista: é a família criada por um laço meramente afetivo, não guardando relação de ordem civil, apenas de “sentimento”.
	g) Família Extensiva: é a família formada por parentes e não parentes, por exemplo: pai que mora com os dois filhos e traz um sobrinho para morar junto com eles.
1 – Do Casamento
	Trata-se da união legal entre duas pessoas, com o objetivo de constituírem família legitima, antigamente tratava-se de outra forma, dizendo que a família legítima era a criada pela união legal de homem e mulher com o objetivo de constituir família. Após a resolução 1.183.378 – RS do STJ, mudou-se o entendimento para que precisariam ser duas pessoas apenas, e não de diferentes sexos.
- O casamento é lastreado pela igualdade de direitos e deveres, não havendo nos dias atuais a figura do pater família, ou em outros termos, do chefe de família.
- É proibida a interferência estatal no funcionamento da família.
- Quanto a natureza jurídica, há três correntes:
	a) Contratualista: diz-se que o casamento é um ato contratual para vincular o casal legalmente em questões patrimoniais.
	b) Institucionalista: que diz que a instituição do casamento vincula não apenas o casal, mas toda a sociedade.
	c) Teoria mista (esta é a adotada): diz-se que o casamento é tanto contrato quanto instituição.
- Outras questões relativas ao casamento:
	a) Idade núbil: diz-se que a partir dos 16 anos o casamento já pode ser realizado.
	b) Gratuidade: em caso de pobreza, pode haver a gratuidade do casamento.
– Do Processo de Habilitação para o Casamento
	O processo de habilitação para o casamento se inicia com o requerimento feito pelos nubentes, tendo de ser feito no cartório do local onde os nubentes residem, se ambos residirem em locais diversos, pode ser escolhido qualquer um dos dois foros.
	Há alguns documentos que tem de ser juntados para o processo de habilitação:
Certidão de nascimento ou documento equivalente, estes últimos sendo, por exemplo o RG, a Carteira de Habilitação (CNH)
Autorização das pessoas em que os nubentes estiverem vinculados por dependência legal (1518). Isso especificamente no caso de relativamente incapazes, mesmo que um dos nubentes já seja capaz. Necessita de autorização de ambos os pais. No art. 1518, dispõe o legislador que a autorização pode ser revogada até a data da celebração. Pode haver ato que a supra, este se trata do suprimentojudicial, “sentença suplementar”, isto só se aplica para relativamente incapazes.
Declaração de duas pessoas maiores: parentes ou não, de que não há impedimento para o casamento.
Declaração de qualificação dos nubentes e de seus pais, tendo de constar o local de nascimento, estado civil, etc.
Certidão de óbito do cônjuge falecido, de anulação do casamento anterior ou registro de divórcio. No caso de ausência, far-se-á necessário o suprimento judicial através de sentença declaratória de ausência que substitui a certidão de óbito.
*Há uma análise prévia dos documentos feita pelo oficial de registro de pessoas naturais, aprovada a documentação nesta análise, prossegue-se para os proclamas, caso contrário, pode-se emendar a documentação, para só após iniciar os proclamas.
	Quando do início dos proclamas, é colocado por 15 dias um edital no cartório, e será publicado em jornal de grande circulação da cidade, se os nubentes forem de cidades diferentes, publica-se em ambos os jornais. Para o caso de haver impugnação, devem os nubentes comparecer ao juiz da vara de família e sucessões da comarca para decisão do mesmo. Caso a decisão seja favorável ao casamento, é emitida certidão de habilitação para o casamento, tal certidão é válida por 90 dias, devendo a celebração do casamento ser agendada durante a validade da mesma. *A declaração deve ser feita pelo juiz de paz, no rito do art. 1535, caso não siga, é nulo o ato:
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
– Da Cerimônia do Casamento
Para a realização da cerimônia do casamento há o requisito da apresentação da certidão de habilitação para o casamento, lembrando que esta é válida por 90 dias. Dentro deste ref. prazo, os nubentes pedem dia e hora para a realização da cerimônia
Quanto ao local, obrigatoriamente a cerimônia tem que ser realizada no cartório, sob pena de nulidade do certame. Aqui, vale ressaltar, que o cartório deve ser interpretado como o ente jurídico, representado pelo tabelião, no casamento sendo o juiz de paz.
A cerimônia se trata de ato público, devendo seguir algumas regras práticas: Deve ser garantido o acesso de toda e qualquer pessoa a cerimônia, sob pena de nulidade, também vale ressaltar que a cerimônia deve ser realizada tendo o local que estar de portas e janelas abertas.
Trata-se de ato jurídico, portanto, necessita da presença de pelo menos duas testemunhas. Se ao menos um dos nubentes for analfabeto ou o prédio for privado, este número mínimo dobra de 2 para 4.
Com relação a autoridade celebrante, trata-se este do juiz de casamentos, no estado de SP, a autoridade é determinada por lei estadual. Nos dias atuais, basta mera nomeação. Ressalto aqui que não há diferença entre juiz de casamento e juiz de paz, sendo apenas uma questão de nomenclatura.
A cerimônia serve para colher manifestação inequívoca dos nubentes, se estes aceitam contrair o matrimônio. Se houver o menor sinal de hesitação, a cerimônia é suspensa pelo juiz de paz. Se isto se tratar de “gracejo”, a pessoa pode se retratar, porém, só após o “prazo de reflexão”, podendo se retratar no dia seguinte em cartório, mas nunca no mesmo momento em que a cerimônia foi suspensa. *O silêncio não pode se presumir em um “sim”, podendo ser realizado através de gesto no caso de surdo, por exemplo. *Não pode haver um “sim” condicional, como por exemplo: “aceito me casar, mas só daqui 1 mês”.
	A consumação se dá com a sentença, conforme disposto no art. 1535, sendo as frases previstas no ref. artigo. Trata-se da declaração do juiz.
Art.1535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
A certidão é um ato de mera prova da realização da cerimônia.
Com relação ao casamento por procuração, este é válido, mas a procuração tem de ser feita em cartório, conferindo poderes especiais ao procurador. Vale ressaltar aqui, que tanto faz o sexo do procurador. Outro detalhe importante é que se o casamento for realizado por procuração por ambos os nubentes, estes não podem nomear o mesmo procurador, pois isto caracterizaria autocontrato. Quanto ao prazo, vale ressaltar que a procuração não pode ser válida por mais de 90 dias. *Em caso de a procuração ser revogada e não haver ciência por parte do procurador, o casamento celebrado é nulo.
– Dos Impedimentos Para o Casamento.
Por questão de ordem pública, o art. 1521 do Código Civil elenca as pessoas cujo casamento não pode ser celebrado. O caput diz que não podem se casar as pessoas elencadas no ref. artigo. O impedimento se dá quando as pessoas não podem se casar entre elas, tal impedimento não seria imposto se as mesmas pessoas se casassem com outras pessoas. No tocante a isto, é possível diferenciar IMPEDIMENTO de INCAPACIDADE.
Quanto aos impedimentos resultantes de parentesco, não podem se casar:
Não podem se casar os ascendentes e descendentes, isto é, pai não pode se casar com o filho, bem como o avô não pode casar com o neto. Pouco importa a origem da relação, seja ela natural ou civil no caso de adoção, por exemplo. Vale ressaltar que ascendentes e descendentes não podem se casar em qualquer grau. Já os colaterais não podem se casar até o 3º grau. Os irmãos bi ou unilaterais também não podem se casar. *O D.L. 3200/41 dizia que o casamento entre tios e sobrinhos não é legal, porém, caso fosse realizado exame médico que comprovasse que os eventuais filhos não teriam defeitos genéticos seria permitido. O STJ decidiu que o CC não revogou tal decreto lei, portanto, sendo lei especial se sobrepõe a lei geral, por conta do princípio da especialidade.
Sogros e enteados não podem se casar entre si.
O adotante (padrasto) não pode se casar com o cônjuge do adotado, bem como o adotado (filho) não pode se casar com o cônjuge do adotante.
Quanto aos impedimentos resultantes de casamento anterior pode-se dizer:
- Não pode se casar novamente quem JÁ É casado, pois nosso país e, por consequência, ordenamento jurídico, adotou o sistema monogâmico, caso se case da mesma forma, cometerá crime de bigamia.
- A pessoa SEPARADA JUDICIALMENTE é impedida para o casamento, pois este se trata de momento antecedente a concretização do divórcio, a separação judicial apenas levanta algumas obrigações como de coabitação, é como se estivessem “dando um tempo”.
Quanto ao impedimento resultante de crime (“impedimentum criminis”), diz-se que não pode se casar com quem foi autor, ou coautor, de homicídio consumado ou tentado contra o cônjuge.
- DEVE SER DOLOSO, isto é, o crime culposo não cria esse impedimento.
- Só há o impedimento após sentença penal transitada em julgado.
- Não há o impedimento se o homicídio tiver sido praticado em Legítima Defesa, pois a LD se trata de excludente.
1.4 – Das Causas Suspensivas Para o Casamento
	Trata-se de casamento irregular, não nulo e nem anulável, é válido, mas sob a sanção de ser celebrado EXCLUSIVAMENTE sob o regime da separação de bens. O art. 1523 enumera que tais pessoas não devem se casar, é um aconselhamento, porém, se o fizerem, o casamento será celebrado OBRIGATORIAMENTE no regime da separação de bens.
	No que concerne as causas propriamente ditas, enumerarei em seguida:
O viúvo que tiver filhos com o cônjuge falecido e não houver realizado inventário e feito a partilha de bens para os herdeiros não deve se casar, porém, seo fizer, valerá o regime da separação de bens. *Se não tiverem tido filhos, o juiz poderá perdoar de tal sanção.
No caso de inventário negativo, pode-se dizer que se o cônjuge falecido não tinha patrimônio e não tem o que partilhar, o juiz pode determinar o inventário negativo desde que comprovada tal condição.
Ao que se refere a hipoteca legal, os filhos do viúvo têm hipoteca legal sobre os bens imóveis enquanto não houver sido realizada a partilha.
No caso de divórcio, não se faz necessária a imediata partilha de bens, mas se desejarem se casar, se aplicará o disposto, quanto ao regime da separação de bens.
Também há disposição que trata da viúva ou mulher cujo casamento se desfez que diz que há uma carência de 10 meses para que esta possa voltar a se casar normalmente. O legislador definiu isto com a intenção de evitar o turbatio sanguinis, ou a turbação de sangue. Esse prazo de 10 meses se dá, pois, o período comportaria uma gravidez, excluindo a possibilidade de haver dúvida quanto ao pai da criança, se é o falecido/Ex-marido ou o atual. Se houver inexistência absoluta, cessa esta causa suspensiva, também cessa no caso de aborto ou no nascimento de uma criança, ou no caso da comprovação da impotência absoluta.
O tutor e o curador não devem se casar com o tutelado ou o curatelado.
1.5 – Das Provas do Casamento
O casamento é ato jurídico, exigindo-se meio legal de prova.
- Quanto a prova pré-constituída, esta se dá através da certidão de casamento. A certidão não consuma o casamento, apenas comprovando algo que já foi consumado outrora. Tal certidão é um documento ad probandum.
- Em se tratando do critério bifásico, diz-se que se a certidão for perdida e não for possível retirar 2ª via da certidão, pois o livro onde consta a certidão foi perdido ou destruído, não sendo possível isto, admite-se a prova supletória ou pode pedir ação declaratória, sendo esta referente ao critério bifásico especificamente, bifásico, pois se dá em dois momentos:
	1º: Primeiro é necessário que se prove que não é possível a emissão de uma nova via da certidão, por exemplo, se houver fotos e notícias que confirmem que o cartório foi destruído, feito isto, dá-se por cumprida esta fase, iniciando a fase instrutória
	2º: Após comprovar a impossibilidade da emissão de 2ª via, abre-se a fase instrutória, onde deve-se comprovar a realização do casamento, através de prova testemunhal, por exemplo.
- Se o casamento houver sido celebrado no estrangeiro, deve ser provado seguindo as formalidades/ regras previstas na lei do local onde o mesmo ocorreu.
		Com relação a posse - prova do estado de casados, esta não cabe aos noivos, pois estes já faleceram, e sim aos filhos, apenas para fins de inventário.
- Havendo dúvida, aplica-se o princípio do in dubio pro casamento para a posse do estado de casados.
- Há três elementos para a comprovação do estado de casados, sendo estes enumerados a seguir:
	a) Nomem: Se assinavam com o nome um do outro.
	b) Tractus: Se estes se tratavam como marido e mulher.
	c) Fama: A sociedade os reconhece como casados.
*Estes elementos se tratam de sugestões doutrinárias para a prova do estado de casados.
1.6 – Das Espécies de Casamento
	a) Casamento putativo: Trata-se de casamento, nulo ou anulável, mas contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges, merecendo assim um toque de validade. Este tipo de casamento surte efeitos com relação ao cônjuge de boa-fé, se ambos estiveram de boa-fé, terá efeitos para ambos. Para o caso de um deles estar de má-fé, este perderá as vantagens e pagará as promessas. *Tem efeito ex nunc, só cessam os efeitos após a sentença anulatória.
	b) Casamento nuncupativo: É o casamento de urgência
		b.1) Quando já há certidão de habilitação para o casamento e ocorre moléstia grave, pode invocar o tabelião do cartório e ele vai até os nubentes, seguindo as regras toma a manifestação de vontade de ambos os nubentes, por exemplo no caso de doença terminal na UTI, entram o tabelião, os noivos e as testemunhas.
		b.2) No caso de um dos nubentes ter sofrido acidente, e estar em estado gravíssimo, segue os princípios do “extreme vitae momentis” e “articulo mortis”, se houverem 6 testemunhas presentes, pode ser realizada a cerimônia, tomando-se a manifestação de vontade, após isso, é feito a convocação pelo juízo para oitiva de testemunhas, após isto, reduz-se a termo, havendo 10 dias para proclamas. *Para o caso de convalescimento, o casamento será convalidado.
	c) Casamento religioso com efeitos civis
	Em algumas circunstâncias é aceita a cerimônia religiosa como se tivesse sido civil. Independendo da religião.
		c.1) Quando já há prévia habilitação, basta marcar a cerimônia religiosa do casamento, se esta obedecer aos mesmos paradigmas da cerimônia civil, a religiosa pode ser aproveitada como civil. Tem de haver uma ata publicizando a maneira como a cerimônia foi realizada, esta ata é levada ao tabelião do cartório e através do juízo do mesmo sobre ter atendido os requisitos, aproveita-se, ou não, a cerimônia religiosa. *Tem de ser religião notoriamente reconhecida
		c.2) Quando não há certidão de habilitação entra-se com o processo de habilitação após a cerimônia religiosa, juntando os documentos do casamento comum + ato da cerimônia religiosa, passando-se pelo processo normal. Os efeitos da certidão emitida retroagirão a data da celebração do casamento.
	d) Casamento consular: é o casamento havido entre Brasileiros no exterior, realizado no consulado. Embaixadas e consulados são extensões do território Brasileiro. Após esse tipo de casamento, estão provisoriamente casados, devendo ratificar o casamento no cartório de registro civil nacional, sendo o prazo de 180 dias contado da data em que voltarem a pisar em território nacional.
1.7 – Dos Casamentos Inválidos
- Quando se fala em casamento inexistente, trata-se de casamento que não valeu, casamento do qual o vício é tão absurdo que o mesmo não pôde nem entrar no mundo do Direito. Há que se definir os planos da inexistência e da existência:
	a) Plano da Inexistência: trata-se de algo que não é interessante ao direito, isso por conta do vício absurdo que carrega consigo. Não há que se falar aqui de anulabilidade nem em nulidade.
	b) Plano da Existência: interessa ao direito, tornando-se, assim, passível de anulabilidade e nulidade.
	Trata-se aqui do casamento que foi celebrado, por exemplo, sem o consentimento de ambos os nubentes ou quando a autoridade celebrante é absolutamente incompetente, supondo aqui o delegado de polícia, o prefeito. *Em tempos anteriores, o casamento de pessoas do mesmo sexo, já nos dias atuais, tornou-se válido, passando a habitar no plano da existência.
- Já quando se fala em casamento nulo, trata-se de casamento que infringe algum impedimento, estes sendo previstos no art. 1521 do Código Civil, já a infração destes impedimentos se encontra no art. 1548, II do Código Civil.
	a) O casamento putativo é válido para uns e inválido para outros, levando-se em consideração a boa-fé.
	b) Faz-se necessária ação declaratória de impedimento, com efeito “ex tunc”. Qualquer pessoa tem legitimidade para propor a ação, o MP também é legitimado.
		- Se a pessoa houver se emancipado através do casamento, não deixará de ser emancipado mesmo que o casamento seja nulo.
		- Os filhos poderão se declarar a qualquer tempo filhos de pais casados.
		- O divórcio não impede a propositura da ação de declaração de nulidade, pois para se divorciar, tem de ter casado.
		- A morte também não impede a ação declaratória.
- O casamento é anulável por vontade da parte prejudicada, só interessa a ela. Surtindo efeito “ex nunc”, isto é, o casamento surte efeito até o trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento.
	a) É anulável o casamento de quem não completou a idade mínima. *A incapacidade do agente não torna o ato nulo. NO CASAMENTO.
		- O próprio cônjuge pode ingressar com a ação, independentemente de representação ou assistência, até 180 dias depois de completar a maioridade(18 anos).
		- Os representantes legais podem ingressar com a ação, mesmo que tenham consentido, até 180 dias após a celebração do casamento.
		- Não se anulará por gravidez, isto é, a gravidez não deferirá anulabilidade.
		- Se a maioridade vier antes da sentença transitada em julgado, pode-se desistir da ação.
1.8 – Do Casamento Anulável
Art. 1.550 – É anulável o casamento:
I- De quem não completou a idade mínima para casar;
II- Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III- por vício da vontade, nos termos dos art. 1.556 a 1.558;
IV- Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V- realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI- Por incompetência da autoridade celebrante.
§1. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
§2. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbil poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.
Na maioria dos casos há um consentimento defeituoso, uma manifestação volitiva imperfeita, seja por se tratar de pessoa que se casou inspirada no erro, seja por se tratar de quem, pela sua imaturidade, não podia consentir desassistido de seu representante. 
O casamento anulável produz todos os efeitos enquanto não anulado por decisão judicial transitada em julgado. Até então tem validade resolúvel, que se tornará definitiva se decorrer o prazo decadencial sem que tenha sido ajuizada ação anulatória, que possui efeitos ex nunc.
		a) Anulável por Defeito de Idade
- Havendo defeito de idade, no casamento dos menores de 16 anos, a ação anulatória pode ser proposta pelo próprio cônjuge menor, mesmo sem assistência ou representação, por seus representantes legais, e por seus ascendentes, no prazo de 180 dias, contado da data da celebração, para os representantes legais ou ascendentes dos menores, e, para estes, da data em que atingirem a referida idade mínima (art. 1.560, §1).
- Mesmo se o representante legal do menor consentiu no casamento, ele pode propor a ação de anulação de idade, porque podia ter ignorado a verdadeira idade do menor representado e porque a falta de idade nada tem que ver com a apreciação da conveniência do casamento.
- Podem, entretanto, casar-se os menores para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, quando a mulher é vítima de crime contra os costumes, ou em caso de gravidez, mediante suprimento judicial de idade (art. 1.520).
Art. 1.551 – Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez.
b) Anulável por falta de autorização do Representante Legal
- É anulável, também, quando padece de autorização do representante legal. Vale ressaltar que para o casamento ser realizado “corretamente”, necessita de autorização de AMBOS os pais, caso contrário, torna-se anulável.
- O menor pode entrar com ação anulatória até 180 dias após atingir a maioridade, o prazo para os representantes também é de 180 dias, contados, neste caso, da data do casamento. *Importante ressaltar que se os representantes assistiram a cerimônia não terão legitimidade para tal ação anulatória, pois o fato de terem assistido pressupõe anuência tácita. 
	- Se o incapaz morrer, poderão seus herdeiros ajuizar a ação anulatória nos 180 dias que se seguirem à sua morte, se esta ocorrer durante a incapacidade. Se o falecimento ocorrer depois de iniciada a ação, poderão seus herdeiros nela prosseguir. Não terão, todavia, direito de ação se o desenlace se der após o nubente tornar-se capaz, presumindo-se neste caso que não era de seu interesse intentá-la. Há posição doutrinária que aponta que se o cônjuge ainda estava no prazo após atingir a maioridade e faleceu, os herdeiros poderão sim fazê-lo, pois no caso, poderiam alegar que se estivesse vivo, o faria.
c) Anulável por erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
		I – Quanto a ID. Física, pode-se dizer que se trata dos casos em que uma pessoa casa com um transexual sem saber. Já com relação a ID. Civil, trata-se de casos em que a pessoa se casou com alguém que comete delitos sem saber, por exemplo o bebum da cidade. A pessoa deve estar ciente dos fatos supramencionados, sendo assim, a propositura da ação só pode se dar se o cônjuge não souber do fato antes do casamento. *É essencialmente necessário que a questão seja pré-existente ao casamento.
		II – Quanto a ignorância de crime ultrajante, diz-se que se a pessoa se casou com um criminoso e não sabia que a pessoa o era, pode propor ação anulatória. Porém, o crime deve ser ultrajante e anterior ao casamento. Deve fazer com que a convivência se torne insuportável. Necessário salientar que só é válido se há sentença transitada em julgado. 
		III – Quando se fala em defeito físico irremediável, fala-se ESSENCIALMENTE sobre impotência sexual, tanto masculina quanto feminina. Também há que se falar que moléstia grave que impeça a atividade sexual pode anuir com a anulabilidade. Já a doença mental não pode ser causa de anulação do casamento.
		IV – Se o vício for decorrente de coação, haverá um prazo de 4 anos após o casamento. Este caso se trata, por exemplo, de um casamento celebrado através de coação moral, por exemplo, colocou uma arma na cabeça do cônjuge para que ele o faça. *Coação moral = Psíquica.
		V – Quanto a incapacidade de manifestação de consentimento, é importante lembrar que o casamento exige capacidade de manifestação inequívoca de vontade, no caso se o nubente estava temporariamente incapacitado de se manifestar por algo transitório, por exemplo um AVC temporário, a pessoa tem um prazo de 180 dias para anulação.
		VI – Se o casamento for realizado por mandatário, estando a procuração revogada, há um prazo de 180 dias para a anulação, contados da data da celebração.
		VII – Se o casamento for realizado por autoridade incompetente, no caso de “ratione loci”, juiz de paz que estava fora de sua jurisdição, há 2 anos de prazo para a ação anulatória.
1.9 – Da Eficácia (Efeitos) do Casamento 
- O primeiro efeito do casamento é a formação da família legítima, estando assentada no casamento.
- Outro efeito são os encargos pela família, na proporção dos rendimentos dos dois pais, pois como já dito, não existe mais em tempos atuais a figura do pater família. Tal questão concernente a proporcionalidade é apenas um recado do legislador. No caso de doença ou prisão, o cônjuge desobriga-se de tais encargos.
- Há também, o efeito da cogestão, isto é, a administração da família cabe aos casados e não apenas a um deles. Se houver divergência absoluta nas tomadas de decisões, poderá haver suprimento judicial.
- O regime de bens do casamento passa a valer imediatamente da celebração, isto é, da hora exata, casou-se as 17h59, as 17h59 o regime passa a vigorar.
- Há também alguns deveres recíprocos, sendo eles:
	a) Fidelidade recíproca: neste caso, trata-se da fidelidade sexual. Isto está ligado ao instituto do casamento monogâmico, que é utilizado em nosso país. A fidelidade também conta para qualquer ato libidinoso, até no caso de “paquera virtual”.
	b) Vida em comum: há o dever de coabitação, morar junto no mesmo local, porém a jurisprudência aponta que este direito pode ser disposto, isto se ambas as partes concordaram em abrir mão do mesmo. Ambos devem escolher o local onde vão morar, podendo, em grande discordância novamente buscar o suprimento judicial. Não é absoluto este dever, pois como já dito anteriormente, pode ser convencionado entre os cônjuges não morar junto. Com relação ao “debitum conjugale”, isto se dá por conta do débito sexual, geralmente isso se dá em conflitos pós abandono de lar. Já sobre a figura do abandono de lar, pode se dizer que a ausência/abandono injustificado deve ter no mínimo 1 ano de período, se dando pela negativa de 1 deles de coabitar.
	c) Há também outros deveres do casamento, estes, ao meu ver, mais intuitivos ainda, como o deverde mútua assistência, apoio moral, material e espiritual. Além disso, vale ressaltar que o dever de sustentar, guardar e educar os filhos não é do casamento e sim da paternidade.
1.10 – Dos Regimes de Bens
No Brasil não existe casamento sem que haja prévia escolha do regime de bens, isto serve para regulamentar o patrimônio do casal. O regime pode ser escolhido livremente.
- Rege a situação patrimonial dos cônjuges.
- Há nos tempos atuais o princípio da mutabilidade motivada, isto é, o regime pode ser alterado através de autorização judicial, a ação tem que ser voluntária e por parte de AMBOS os nubentes. Tem de haver motivo relevante para tal. É necessário, em síntese, ação judicial declaratória, onde ambos os cônjuges devem ocupar o polo passivo da ação, constituindo-se, portanto, litisconsórcio passivo, os direitos de terceiros devem ser resguardados. 
- Existem 4 tipos de regimes de bens, sendo 3 regimes principais e comumente adotados, e um “conjugado” este último é conhecido como participação final nos aquestos.
	a) Comunhão parcial, os bens adquiridos a título oneroso POR AMBOS serão de ambos. Este regime é considerado como regime legal, ou seja, caso não optem sobre o regime a ser adotado, será o da comunhão parcial de bens.
- Como já dito, o regime legal é o da comunhão parcial de bens, porém, em se tratando de relativamente incapaz, 16 a 17 anos e maiores de setenta, o regime será obrigatoriamente da separação de bens

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