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Aula 02 Significação das palavras Figuras de palavras

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Aula 02
Português p/ TJ-PE (Todos os Cargos) - Com videoaulas
Professor: Rafaela Freitas
 
 
 
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Teoria e Questões Comentadas 
 
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Significação das palavras. 
Figuras de linguagem. 
Níveis de formalidade. 
 
Olá, queridos alunos! Tudo bem, vencedores? 
 
Nesta aula vamos estudar sobre vários temas que se entrelaçam e que 
estão sempre presentes quando falamos em SEMÂNTICA!! Vamos um pouco 
além para discutirmos níveis de formalidade e adequação da linguagem!! 
 
SUMÁRIO 
SEMÂNTICA............................................................................................2 
POLISSEMIA...........................................................................................4 
AMBIGUIDADE........................................................................................5 
SINONÍMIA E ANTONÍMIA........................................................................5 
HOMONÍMIA E PARONÍMIA.......................................................................6 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO...................................................................11 
FIGURAS DE LINGUAGEM.......................................................................13 
NÍVEIS DE FORMALIDADE (USO E ADEQUAÇÃO).......................................20 
CONCEITO DE ERRO EM LÍNGUA.............................................................22 
RESUMINDO.........................................................................................26 
QUESTÕES COMENTADAS...................................................................... 27 
LISTA DE QUESTÕES QUE FORAM COMENTADAS NESTA AULA....................55 
GABARITO............................................................................................69 
O MEU ATÉ BREVE................................................................................ 69 
 
³Diga-me e eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e 
eu aprenderei´. 
Benjamin Franklin 
 
 
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SEMÂNTICA ± Estudo do significado das palavras 
 
Um dos estudos mais importantes de uma língua é o do significado que as 
palavras podem assumir em variados contextos. O significado das palavras 
dança como em um espetáculo, surgindo sempre com novas possibilidades. 
Tais possibilidades são concretizadas no que as bancas chamam nos editais de 
substituição de palavras ou de trechos de texto e reescrita de textos 
de diferentes gêneros. É a partir do conhecimento da significação das 
palavras, do uso conotativo e denotativo e podem assumir em determinado 
contexto é que o candidato ganha autoridade e confiança para chegar a um 
ótimo resultado na prova. 
Vamos conhecer alguns conceitos da semântica que facilitarão seu estudo 
e a resolução das questões. 
 
Campos (ou famílias) lexicais e Campo (ou família) semântico (a). 
 
Os conceitos de campo semântico e campo lexical frequentemente são 
confundidos por não estarem devidamente diferenciados ou definidos. Tanto 
um quanto outro são utilizados pela linguística textual a fim do melhor e mais 
adequado uso das palavras da língua portuguesa. Para entendê-los melhor, 
proponho alguns esclarecimentos conceituais: 
 
Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por 
exemplo, temos um léxico da língua portuguesa, que é o conjunto de todas as 
palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são 
materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário. O 
conjunto de palavras utilizadas por um indivíduo, portanto, constitui o seu 
vocabulário. 
Nenhum falante consegue dominar TODO o léxico da língua que fala, já 
que o mesmo é modificado constantemente através de palavras novas e várias 
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outras que não são mais utilizadas. A quantidade de palavras que fazem parte 
do léxico de uma língua é imensa! Impossível guardar todas na memória! 
 
O campo lexical é o conjunto de palavras que pertencem a uma mesma 
área de conhecimento e está dentro do léxico de alguma língua. 
 
São exemplos de campos lexicais: 
 
1) o da medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação etc. 
2) o da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar etc. 
3) o da informática: software, hardware, programas, sites, internet etc. 
4) o do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação etc. 
5) o dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade etc. 
6) o das relações interpessoais: amigos, parentes, família, colegas de 
trabalho etc. 
 
O campo semântico é o conjunto de possibilidades que uma mesma 
palavra ou conceito pode assumir em determinados contextos. O conceito de 
campo semântico está ligado ao conceito de polissemia (veremos ainda nesta 
aula). 
Uma mesma palavra pode assumir vários significados diferentes em um 
mesmo texto, dependendo de como ela for empregada e de que palavras a 
acompanham para tornar claro o seu significado naquela situação. 
 
Por exemplo: 
 
1) conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe etc. 
2) bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano. 
3) brincadeira: divertimento, distração, passatempo, gozação, piada etc. 
4) estado: situação, particípio de estar, divisão de um país etc. 
 
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O campo semântico pode também ser o conjunto das expressões que 
são utilizadas para expressar um mesmo conceito. 
 
Exemplos: 
 
1) Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, 
falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, 
apagar etc. 
2) Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, 
engabelar, fazer de bobo, vacilar etc. 
 
POLISSEMIA 
 
É a possibilidade de uma palavra ter vários significados, dependendo do 
contexto de uso. 
 
Poli = vários 
Semia = sentido 
 
Exemplos: 
$V� SDODYUDV� ³IDEULFDU´� H� ³URPSHU´� SRGHP� WHU� YiULRV� VLJQLILFDGRV, 
dependendo do contexto em que estão inseridas. 
 
 balas = manufaturar 
 ninho = construir 
 advogados = engendrar 
 FABRICAR moedas = cunhar 
 a própria desgraça = maquinar 
 um ídolo = inventar, forjar 
 
 Rompeu a roupa no arame (rasgou) 
 Romper um segredo (revelar) 
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 ROMPERRomperam as músicas! (participaram) 
 O senador rompeu com o governo 
 (desligou-se / brigou com)
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AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA 
 
Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase. 
 
Exemplos: 
Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de 
Ana ou da amiga?) 
 
O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou 
filho?) 
 
 
SINONÍMIA E ANTONÍMIA 
 
SINONÍMIA: Duas palavras são sinônimas quando se identificam 
exatamente (sinônimos perfeitos) ou aproximadamente (sinônimos 
imperfeitos) quanto ao significado. Raramente as palavras apresentam 
sinonímia perfeita. 
 
Exemplos: 
 
Cara (vulgar) e rosto (delicada) (perfeitos) 
Sal e cloreto de sódio (perfeitos) 
Aguardar e esperar (imperfeitos) 
Pessoa e indivíduo (imperfeitos) 
Educador, mestre e professor (imperfeitos) 
Recompensa, gratificação e gorjeta (imperfeitos) 
 
ANTONÍMIA: Duas palavras que se opõem pelo significado. 
 
Exemplos: 
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Amor e ódio 
Euforia e melancolia 
Abrir e fechar 
Resistir e ceder 
 
HOMONÍMIA E PARONÍMIA 
 
HOMONÍMIA: trata-se do fenômeno em que duas ou mais palavras são 
iguais quanto ao som (fonemas) ou quanto à forma (grafia) ou até mesmo 
quanto ao som e à grafia ao mesmo tempo, mas que possuem significados 
bem diferentes. 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
SÃO: pode ser alguém sadio, um santo ou verbo ser. 
 
O rapaz está são, não sofre de doença alguma. 
O São Domingos é o santo da minha devoção. 
Eles são privilegiados! 
 
Então: são (sadio), são (santo) e são (verbo ser) = homônimos perfeitos 
 
Tipos de homonímia: 
 
Os homônimos podem ser: 
 
a) Perfeitos ± vocábulos que possuem som e grafia iguais (não é 
parecido, é igual!) 
 
RIO (substantivo e verbo rir) 
 
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Eu rio o tempo todo, sou feliz! ± YHUER�³ULU´ 
O Rio está alagado com as chuvas. ± substantivo 
 
COBRA (substantivo e verbo cobrar) 
 
A cobra é um animal traiçoeiro. ± substantivo 
Ele cobra o pagamento sempre que vem aqui. ± verbo ³cobrar´ 
 
b) Homófonas ± vocábulos que possuem som igual e grafia 
diferente. 
 
ACENTO (sinal gráfico) / ASSENTO (banco) 
 
O acento da palavra pássaro justifica-se por ser esta uma proparoxítona. 
± sinal gráfico 
O assento do carro está sujo. - banco 
 
CESTA (baú, balaio) / SEXTA (numeral) 
 
Guarde o material de costura na cesta. ± balaio 
A advogada de defesa é a sexta na fila. ± numeral 
 
c) Homógrafas ± vocábulos que possuem grafia igual e som 
diferente. 
 
ATENÇÃO: para diferenciar aqui, deve-se ficar atento à pronúncia! 
 
SECO (adjetivo) / SECO (verbo secar) 
 
O casaco está seco. ± adjetivo de casaco 
Eu seco a louça para você. ± verbo secar. A pronúncia é aberta = µséco¶. 
 
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OLHO (substantivo) / OLHO (verbo olhar) 
 
O olho dele está inflamado. ± substantivo 
Eu olho para os lados antes de atravessar. ± verbo olhar. A pronúncia é 
aberta = µólho¶. 
 
 
 
Homo = igual 
Fonos ± fone/som 
Gráficas = grafia/escrita 
 
Então... 
 
Homo + gráficas = homógrafas 
Iguais na grafia 
 
Homo + fonas = homófonas 
Iguais na pronúncia 
 
 
PARONÍMIA: neste caso, as palavras apresentam grafia e pronúncia 
semelhantes, apenas parecidas, NÃO iguais, mas significados diferentes. 
 
Vejam os exemplos a seguir: 
 
DESPERCEBIDO (não notado) 
DESAPERCEBIDO (despreparado) 
 
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O ladrão passou despercebido pelos policiais. ± sem ser notado 
O policial estava desapercebido na hora do assalto. ± despreparado 
 
EMINENTE (ilustre) 
IMINENTE (prestes a acontecer) 
 
O eminente cientista foi homenageado pelo presidente. ± ilustre e 
importante. 
O fechamento da fábrica é iminente. ± está prestes a acontecer. 
 
Para ajudar, analise a lista a seguir: 
 
LISTA DE ALGUNS HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS 
 
Acender ± atear fogo / Ascender ± subir (HOMÔNIMOS) 
Acento ± sinal gráfico / Assento ± cadeira (HOMÔNIMOS) 
Apreçar ± tomar preço / Apressar ± dar pressa (HOMÔNIMOS) 
A cerca de ± distância aproximada / Acerca de ± a respeito de / Há 
cerca de ± aproximadamente (HOMÔNIMOS) 
Aleatório ± eventual / Alheatório ± que alheia (PARÔNIMOS) 
Ao invés de ± ao contrário / Em vez de ± em lugar de (PARÔNIMOS) 
À-toa ± ruim / à toa ± sem rumo (HOMÔNIMOS) 
Assoar ± limpar o nariz / Assuar ± vaiar (PARÔNIMOS) 
Caçar ± apanhar animais / Cassar ± suspender (HOMÔNIMOS) 
Cela ± cubículo / Sela ± arreio (HOMÔNIMOS) 
Censo ± contagem / Senso ± juízo (HOMÔNIMOS) 
Cerrar ± fechar / Serrar ± cortar (HOMÔNIMOS) 
Cessão ± ato de ceder / Seção ± setor / Sessão ± atividade / Secção ± 
corte (HOMÔNIMOS) 
Cível ± relativo ao direito civil / Civil ± relativo às relações do cidadão 
(PARÔNIMOS) 
Comprimento ± extensão / Cumprimento ± saudação (PARÔNIMOS) 
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Cozer ± cozinhar / Coser ± costurar (HOMÔNIMOS) 
Deferir ± conceder / Diferir ± diferenciar (PARÔNIMOS) 
Descrição ± descrever / Discrição ± reserva (PARÔNIMOS) 
Descriminar ± inocentar / Discriminar ± separar, diferenciar 
(PARÔNIMOS) 
Despercebido ± não visto / Desapercebido ± desprevenido 
(PARÔNIMOS) 
Eminente ± célebre / Iminente ± próximo (PARÔNIMOS) 
Emitir ± expedir / Imitir ± fazer entrar (PARÔNIMOS) 
Esperto ± inteligente / Experto ± perito (HOMÔNIMOS) 
Estada ± permanência de pessoa / Estadia ± permanência para carga e 
descarga (PARÔNIMOS) 
Flagrante ± evidente / Fragrante ± perfumoso (PARÔNIMOS) 
Florescente ± florido / Fluorescente ± luminoso (PARÔNIMOS) 
Incerto ± duvidoso / Inserto ± inserido (HOMÔNIMOS) 
Indefeso ± sem defesa / Indefesso ± incansável (PARÔNIMOS) 
Intimorato ± destemido / Intemerato ± puro, íntegro (PARÔNIMOS) 
Locador ± proprietário / Locatário ± inquilino (PARÔNIMOS) 
Mandado ± ato de mandar / Mandato ± procuração (PARÔNIMOS) 
Prescrever ± ficar sem efeito, receitar / Proscrever ± expulsar da 
pátria, suprimir (PARÔNIMOS) 
Prover ± abastecer / Prever ± antever (PARÔNIMOS) 
Ratificar ± confirmar / Retificar ± corrigir (PARÔNIMOS) 
Subscritar ± assinar, subscrever / Sobrescritar± endereçar 
(PARÔNIMOS) 
Tacha ± prego / Taxa ± juro (HOMÔNIMOS) 
Tapar ± fechar / Tampar ± cobrir com tampa (PARÔNIMOS) 
Vultoso ± volumoso, de grande vulto / Vultuoso ± rosto vermelho e 
inchado (PARÔNIMOS) 
 
 
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HOMÔNIMOS são os vocábulos que possuem algo em comum, seja a 
grafia, a pronúncia ou as duas coisas, sendo então homônimos perfeitos. 
 
PARÔNIMOS são os vocábulos que não possuem NADA em comum, são 
apenas parecidos. 
 
 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
 
Em determinados contextos, uma palavra pode ser usada no seu sentido 
próprio, real ou não (figurado). 
 
SENTIDO DENOTATIVO: é o sentido próprio, real da palavra, o sentido 
encontrado no dicionário. É a linguagem comum, objetiva, científica. 
 
Exemplo: - O leão é um animal feroz. 
- leão = animal (sentido próprio, verdadeiro). 
 
SENTIDO CONOTATIVO: é a palavra usada não no seu sentido 
esperado, mas de forma figurada. É a linguagem poética, literária, diferente da 
linguagem comum. 
 
Exemplo: - Aquele homem é um leão. 
- leão = pessoa forte, brava (sentido figurado, irreal). 
 
Para ilustrar com mais exemplos, vou marcar C para sentido conotativo e 
D para sentido denotativo nas frases a seguir: 
 
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(_____C_____) Meu pai é meu espelho. 
(_____D_____) Quebrei o espelho do banheiro. 
(_____C_____) Essa menina tem um coração de ouro. 
(_____C_____) A Praça da Sé fica no coração de São Paulo. 
(_____D_____) Fez um transplante de coração. 
(_____C_____) Você é mesmo mau: tem um coração de pedra. 
(_____C_____) Para vencer a guerra era preciso alcançar o coração do 
país. 
(_____C_____) Completou vinte primaveras. 
(_____D_____) Na primavera, os campos florescem. 
(_____C_____) O leão procurou o gerente da Metro. 
(_____D_____) O metro é uma unidade de comprimento. 
(_____C_____) Estava tudo em pé de guerra. 
(_____D_____) Ela estava com os pés inchados. 
(_____C_____) É órfão de afeto. 
(_____D_____) Muito cedo ele ficou órfão de pai. 
(_____D_____) Caíram da escada. 
(_____C_____) O leão caiu num sono profundo. 
 
 
 
 
Pavio do destino 
 Sérgio Sampaio 
01 O bandido e o mocinho 
 São os dois do mesmo ninho 
 Correm nos estreitos trilhos 
04 Lá no morro dos aflitos 
 Na Favela do Esqueleto 
 São filhos do primo pobre 
(...) 
O mocinho agora amarga 
34 Um bando, uma quadrilha 
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 São os dois da mesma safra 
 Os dois são da mesma ilha 
37 Dois meninos pelo avesso 
 Dois perdidos Valentinos 
 Quem viu o pavio aceso do destino? 
 
 
Polícia Civil/DF/2015 
2V� WHUPRV� ³QLQKR´� �Y���� H� ³VDIUD´� �Y����� IRUDP� HPSUHJDGRV� HP� VHQWLGR�
denotativo e correspondem, respectivamente, ao local e à época de 
nascimento dos meninos. 
 
Comentário: temos aqui uma questão muito interessante sobre uso 
DENOTATIVO de duas palavras. -i� YLPRV� TXH� ³GHQRWDomR´� VLJQLILFD�
exatamente aquilo que está no dicionário, o sentido literal da palavra. 
9HMDPRV�� HQWmR�� ³QLQKR´� p� R� OXJDU� FRQVWUXtGR� SHORV� SiVVDURV� SDUD� TXH os 
filhotes possam nascer e ³VDIUD´� VLJQLILFD� D� FROKHLta, sendo assim, não 
correspondem à realidade literal dos meninos, pois não nasceram de um 
³QLQKR´� H� QHP�GH�XPD� ³VDIUD´. Logo, estes termos foram usados no sentido 
conotativo, ou seja, no sentido literário. 
 
GABARITO: ERRADO. 
 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM 
 
Existe uma parte da Língua Portuguesa que estuda os processos de 
manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir 
conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece 
princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e 
grupos sociais no que se refere ao uso da língua conotativa, ou seja, figurada. 
 
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A seguir, as principais figuras de estilo em ordem alfabética, trata-se 
daquelas que mais aparecem em provas de concurso: 
 
1 - Anacoluto- interrupção na sequência lógica da oração deixando um 
termo solto, sem função sintática. 
Ex.: Mulheres, como viver sem elas? 
 
2 - Anáfora- repetição de palavras. 
Ex.: Ela trabalha, ela estuda, ela é mãe, ela é pai, ela é tudo! 
 
3 - Antonomásia - substituição do nome próprio por qualidade, ou 
característica que o distinga. É o mesmo que apelido, alcunha ou cognome. 
Exemplos: 
Xuxa (Maria das Graças) 
O Gordo (Jô Soares) 
 
4 - Antítese - aproximação de ideias, palavras ou expressões de sentidos 
opostos. 
Ex.: Os bobos e os espertos convivem no mesmo espaço. 
 
5 - Apóstrofo ou invocação - invocação ou interpelação de ouvinte ou 
leitor, seres reais ou imaginários, presentes ou ausentes. 
Exemplos: 
Mulher, venha aqui! 
Ó meu Deus! Mereço tanto sofrimento? 
 
6 - Assíndeto - ausência da conjunção aditiva entre palavras da frase ou 
orações de um período. Essas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas. 
Ex.: Nasci, cresci, morri. 
(em lugar de: Nasci, cresci e morri.) 
 
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7 - Catacrese - metáfora tão usada que perdeu seu valor de figura e se 
tornou cotidiana, não representando mais um desvio. Isso ocorre pela 
inexistência das palavras mais apropriadas. Surge da semelhança da forma ou 
da função de seres, fatos ou coisas. 
Exemplos: céu da boca; cabeça de prego; asa da xícara; dente de alho. 
 
8 - Comparação ou símile - aproximação de dois elementos pela sua 
semelhança. Conectivos comparativos são usados: como, feito, tal qual, que 
nem... 
Ex.: Aquela criança era delicada como uma flor. 
 
9 - Elipse - omissão de palavras ou orações que ficam subentendidas. 
Ex.: Marta trabalhou durante vários dias e ele, (trabalhou) durante horas. 
 
10 - Eufemismo - atenuação de algum fato ou expressão com objetivo 
de amenizar alguma verdade triste, chocante ou desagradável. 
Ex.: Ele foi desta para melhor. 
(Evitando dizer: Ele morreu.) 
 
11 - Hipérbole - exagero proposital com objetivo expressivo. 
Ex.: Estou morrendo de cansada. 
 
12 - Ironia - forma intencional de dizer o contrário da ideia que se 
pretendia exprimir de forma sarcástica ou depreciativa. 
Ex.: Que belo presente de aniversário! Minha casa foi assaltada. 
 
13 - Metáfora - é um tipo de comparação em que o conectivo está 
subentendido. O segundo termo é usado com o valor do primeiro. 
Ex.: Aquela criança é uma flor. 
 
14 - Metonímia - uso de uma palavra no lugar de outra que temcom ela 
alguma proximidade de sentido. 
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A metonímia pode ocorrer quando usamos: 
 
a - o autor pela obra 
Ex.: Nas horas vagas, lê Machado. 
(a obra de Machado de Assis) 
 
b - o continente pelo conteúdo 
Ex.: Conseguiria comer toda a marmita. 
Comeria a comida (conteúdo) e não a marmita (continente) 
 
c - a causa pelo efeito e vice-versa 
Ex.: A falta de trabalho é a causa da desnutrição naquela comunidade. 
A fome gerada pela falta de trabalho que causa a desnutrição. 
 
d - o lugar pelo produto feito no lugar 
Ex.: O Porto é o mais vendido naquela loja. 
O nome da região onde o vinho é fabricado. 
 
e - a parte pelo todo 
Ex.: Deparei-me com dois lindos pezinhos chegando. 
Não eram apenas os pés, mas a pessoa como um todo. 
 
f - a matéria pelo objeto 
Ex.: A porcelana chinesa é belíssima. 
Porcelana é a matéria dos objetos. 
 
g - a marca pelo produto 
Ex.: - Gostaria de um pacote de BomBril, por favor. 
BomBril é a marca, o produto é esponja de lã de aço. 
 
h - concreto pelo abstrato e vice-versa 
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Ex.: Carlos é uma pessoa de bom coração. 
Coração (concreto) está no lugar de sentimentos (abstrato). 
 
15 - Onomatopeia ± uso de palavras que imitam sons ou ruídos. 
Ex.: Psiu! Venha aqui! 
 
16 - Paradoxo ou oxímoro - Aproximação de palavras ou ideias de 
sentido oposto em apenas uma figura. 
Ex.: "Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de 
Andrade) 
 
17 - Personificação, prosopopeia ou animismo ± atribuição de 
características humanas a seres inanimados, imaginários ou irracionais. 
Ex.: A vida ensinou-me a ser humilde. 
 
18 - Pleonasmo ou redundância - repetição da mesma ideia com 
objetivo de realce. A redundância pode ser positiva ou negativa. Quando é 
proposital, usada como recurso expressivo, enriquecerá o texto: 
 
Ex.: Posso afirmar que escutei com meus próprios ouvidos aquela 
declaração fatal. 
 
4XDQGR� p� LQFRQVFLHQWH�� FKDPDGD� GH� ³SOHRQDVPR� YLFLRVR´�� HPSREUHFH� R�
texto, sendo considerado um vício de linguagem: Irá reler a prova de novo. 
 
Outros: subir para cima; entrar para dentro; monocultura exclusiva; 
hemorragia de sangue. 
 
19 - Polissíndeto - repetição de conjunções (síndetos). 
Ex.: Estudou e casou e trabalhou e trabalhou... 
 
20 - Silepse - concordância com a ideia, não com a forma. 
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Ex.: Os brasileiros (3ª pessoa) somos (1ª pessoa) massacrados ± Silepse 
de pessoa. 
Vossa Santidade (fem.) será homenageado (masc.) ± Silepse de gênero. 
 
Havia muita gente (sing.) na rua, corriam (plur.) desesperadamente ± 
Silepse de número. 
 
21 - Sinestesia - mistura das sensações em uma única expressão. 
 
Ex.: Aquele choro amargo e frio me espetava. 
Mistura de paladar (amargo) e tato (frio, espetava) 
 
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(Instituto Rio Branco/2011/Diplomata/Cespe) 
Nos dois primeiros versos, o eu lírico alude ao sigilo dos inconfidentes por 
meio de paradoxo e sinestesia. 
 
Comentário: Paradoxo é a figura que marca uma contradição, ou seja, que 
aproxima duas ideias de sentidos opostos. Observem que as expressões 
³DWUDYpV�GH�JURVVDV�SRUWDV´� H� ³VHQWHP-VH� OX]HV�DFHVVDV´�PDUFDP�o seguinte 
paradoxo: como é possível ver as luzes através de grossas portas? 
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A sinestesia também está presente nos dois primeiros versos, já que 
houve mistura de sentidos (tato e visão), o eu lírico sente algo que na verdade 
é visto, as luzes. 
GABARITO: CERTO 
 
 
NÍVEIS DE FORMALIDADE 
 
 
Todos os dias nós estamos em contato com um grande número de textos 
falados e escritos. Tais textos são escolhidos para cada situação de uso, 
dependendo do objetivo, do interlocutor, do tipo de mensagem que se 
pretende passar. 
 
Como exemplo, a situação em que um colega de trabalho precisa deixar 
escrito, para outro colega, que não irá voltar ao trabalho depois do almoço. 
Qual gênero deve ser escolhido para isso? Um bilhete? Possivelmente. A 
linguagem deverá ser informal, já que são colegas de trabalho de mesma 
hierarquia. Tal mensagem poderia ser enviada pelos meios virtuais, não é? 
Uma mensagem pela internet (WhatsApp, por exemplo) resolveria o problema. 
É assim que escolhemos os textos e o nível de formalidade que usamos 
diariamente. Se a mensagem do exemplo fosse direcionada ao diretor da 
empresa ou ao gerente, com certeza deveria ser mais formal, tanto no uso da 
linguagem quanto na escolha do gênero. 
 
Sobre níveis de formalidade, vamos trabalhar um pouco mais. 
 
Níveis de linguagem (formal / informal) 
 
Devido ao caráter individual da linguagem, é possível observar o seguinte: 
 
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Nível coloquial-popular: é a fala/escrita que a maioria das pessoas 
utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações informais. Esse nível é 
mais espontâneo. Ao utilizá-lo, não nos preocupamos em saber se falamos de 
acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua. 
 
Nível formal-culto: é o nível normalmente utilizado pelas pessoas em 
situações formais. Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e 
pela obediência às regras gramaticais estabelecidas pela língua. 
 
 
 
 
 
(Câmara dos Deputados/2012/Cespe) 
De acordo com o texto, em uma análise científica de construções 
linguísticas, deve ser considerada a adequação à situação em que tais 
construções foram empregadas. 
 
Comentário: O que afirma a questão está absolutamente certo e 
reforça o que estamos estudando no momento. Cada situação de uso, cada 
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FRQWH[WR� ³PHUHFH´� D� IRUPD� GH� OLQJXDJHP� PDLV� DGHTXDGD�� (P� VLWXDo}HV�
LQIRUPDLV�� D� IRUPD� FRORTXLDO� ³VH� YRFr� YHU� HOD´� SRGH� VHU� DFHLWiYHO�� pois é 
reconhecida como uso legítimo da língua, assim como também é legítima a 
reescrita formal: Caso a veja. 
GABARITO: CERTO. 
 
O CONCEITO DE ERRO EM LÍNGUA 
 
 
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de ortografia. 
O que normalmentese comete são transgressões da norma culta. De fato, 
DTXHOH�TXH��QXP�PRPHQWR�tQWLPR�GR�GLVFXUVR��GL]��³1LQJXpP�GHL[RX�HOH�IDODU´��
não comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta. 
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, transgride tanto 
quanto um indivíduo que comparece a um banquete trajando bermuda e 
chinelo ou quanto um banhista que, numa praia, vai vestido de fraque e 
cartola. 
 
Vale considerar, então, o momento do discurso, que pode ser íntimo, 
neutro ou solene. 
 
O momento íntimo é o das liberdades da fala/escrita. No recesso do lar, 
na fala entre amigos, parentes, namorados etc., portanto são consideradas 
perfeitamente normais construções do tipo: 
 
Eu não vi ela hoje. 
Ninguém deixou ele falar. 
Deixe eu ver isso! 
Eu te amo, sim, mas não abuse! 
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. 
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. 
 
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Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma culta, deixando 
mais livres os interlocutores. 
 
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua da 
Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as normas 
estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas 
construções se alteram: 
 
Eu não a vi hoje. 
Ninguém o deixou falar. 
Deixe-me ver isso! 
Eu te amo, sim, mas não abuses! 
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. 
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. 
 
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de comunicação 
de massa (rádio, televisão, jornal, revista etc.). Daí o fato de não se admitirem 
deslizes ou transgressões da norma culta na escrita ou na boca de jornalistas, 
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço à causa do ensino. 
 
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, 
caracterizado por construções de rara beleza. 
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como tal, qualquer 
transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a 
maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico, 
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que não 
tenha amparo gramatical. 
 
Exemplos: 
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) 
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.) 
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Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não 
vamos dispersar-nos.) 
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair daqui bem 
depressa.) 
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu posto.) 
 
Têxtil, que significa rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu 
significado, não poderia ser adjetivo associado a indústria, já que não existe 
indústria que se pode tecer. Hoje, porém, temos não só a indústria têxtil como 
também o operário têxtil, em lugar de indústria de fibra têxtil e de operário da 
indústria de fibra têxtil. 
 
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir, despedir 
e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de transgressões ou 
³HUURV´� TXH� VH� WRUQDUDP� IDWRV� OLQJXtVWLFRV�� Mi� TXH� Vy� ocorrem hoje porque a 
maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua 
conjugação, com peço. Tanto bastou para que fossem arcaizadas as formas 
então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa 
bem-escolarizada tem coragem de usar. 
 
USO COLOQUIAL/POPULAR USO CULTO 
Pronúncia mais descuidada de 
certas palavras e expressões: nóis, 
oceis, tá bão, num vô, num qué. 
Maior cuidado com a pronúncia: nós, 
vocês, está bom, não vou, não quer. 
Não utilização das marcas de 
concordância. 
Ex.: Os meninos vai bem. 
Cuidado com a concordância. 
Ex.: Os meninos vão bem. 
Uso constante de a gente no lugar 
de nós. 
Uso regular da forma nós. 
Mistura de pessoas gramaticais. 
Ex.: Você sabe que te enganam. 
Uniformidade no uso das pessoas 
gramaticais. 
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Ex.: Você sabe que o enganam. Tu 
sabes que te enganam. 
8VR�³OLYUH´�GD�IOH[mR�GRV�YHUERV� 
Ex.: Se ele fazer; se ele pôr. 
Utilização da flexão verbal conforme as 
normas gramaticais. 
Ex.: Se ele fizer; se ele puser. 
Uso de gírias. Não utilização de gírias. 
 
 
 
A gíria 
Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não constitui um flagelo da 
linguagem. Quem, um dia, já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, 
esculacho? O mal maior da gíria reside na sua adoção como forma permanente 
de comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, como 
de desprezo do vocabulário oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é 
um elemento de linguagem que denota expressividade e revela grande 
criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao meio e ao 
receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão. Ainda 
que criativa e expressiva, a gíria só é admitida na língua falada. A língua 
escrita não a tolera, a não ser na reprodução da fala de determinado meio ou 
época, com a visível intenção de documentar o fato, ou em casos especiais de 
comunicação entre amigos, familiares, namorados etc., caracterizada pela 
linguagem informal. 
 
 
 
 
 
 
 
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Na aula de hoje vimos os sentidos que uma palavra ou expressão pode 
assumir em determinados contextos de uso. Quero resumir agora alguns 
conceitos de grande relevância, vejam: 
 
 
 
 
 
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Família 
(Titãs, fragmento) 
 
Família, família 
Papai, mamãe, titia, 
Família, família 
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Almoça junto todo dia, 
Nunca perde essa mania 
Mas quando a filha quer fugir de casa 
Precisa descolar um ganha-pão 
Filha de família se não casa 
Papai, mamãe, não dão nenhum tostão 
Família êh! 
Família áh! 
 
01. (MGS ± 2017 ± Técnico contábil - IBFC) No sétimo verso, a 
SDODYUD� ³JDQKD-SmR´� SHUWHQFH� D� XPD� PRGDOLGDGH� PDLV� LQIRUPDO� GD� OtQJXD� H�
deve ser entendida como sinônimo de: 
a) refeição. 
b) educação. 
c) trabalho. 
d) diversão. 
 
&RPHQWiULR�� FRP� XVR� LQIRUPDO�� ³JDQKD-SmR´� VLJQLILFD� R� VXVWHQWR� GD�
família, fruto do trabalho. O trabalho representa a possibilidadede refeição, 
educação e de diversão. 
GABARITO: C 
 
O retrato 
 (Ivan Angelo) 
 
 O homem, de barba grisalha mal-aparada, vestindo jeans azuis, 
camisa xadrez e jaqueta de couro, sentou-se no banquinho alto do balcão do 
botequim e ficou esperando sem pressa que o rapaz viesse atendê-lo. O rapaz 
fazia um suco de laranjas para o mecânico que comia uma coxa de frango fria. 
O homem tirou uma caderneta do bolso, extraiu de dentro dela uma fotografia 
e pôs-se a olhá-la. Olhou-a tanto e tão fixamente que seus olhos ficaram 
vermelhos. Contraiu os lábios, segurando-se para não chorar; a cara contraiu-
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se como uma máscara de teatro trágico. O rapaz serviu o suco e perguntou ao 
KRPHP� R� TXH� HOH� TXHULD�� 2� KRPHP� GLVVH� ³QDGD� QmR�� REULJDGR´�� JXDUGRX� D�
foto, saiu do botequim e desapareceu. 
 
02. (MGS ± 2017 ± Técnico contábil - IBFC) Assinale a opção em que 
se indica um par de palavras sinônimas empregadas no texto. 
a) ³FDPLVD´�H�³MDTXHWD´� 
b) ³UHWUDWR´�H�³IRWRJUDILD´� 
c) ³PiVFDUD´�H�³WUiJLFR´. 
d) ³EDOFmR´�H�³ERWHTXLP´� 
 
Comentário: palavras sinônimas são aquelas que possuem o mesmo 
VLJQLILFDGR� RX� DOJR� SUy[LPR� GLVVR�� e� R� FDVR� GDV� SDODYUDV� ³UHWUDWR´� H�
³IRWRJUDILD´��DPEDV�UHSUHVHQWDV�D�PHVPD�FRLVD�� 
GABARITO: B 
 
 
 
03. (SES-PR ± 2016 ± Técnico Admin. ± IBFC) A charge emprega duas 
situações distintas e, nas falas, faz uso de um paralelismo de construções. A 
distinção, nessas falas, é marcada pelo emprego de duas palavras que, 
contextualmente, são: 
a) antagônicas 
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b) polivalentes 
c) equivalentes 
d) complementares 
 
Comentário: a charge traz representadas duas realidades: a daqueles que 
WrP�FRPR�³HQIUHQWDU´�R�IULR�FRP�DJDVDOKRV�H�a daquelas que não têm. Isso por 
si só já é um antagonismo que foi marcado ainda mais pelo uso das palavras 
lindo e horror, que não são antônimas fora de contexto, mas que, na charge, 
foram usadas como tal. 
GABARITO: A 
 
Encontro 
Com atenção não seria difícil descobrir pequenas mudanças: os cabelos 
mais claros, e entretanto com menos luz e vida; a boca pintada com um 
desenho diferente, e o batom mais escuro. Impossível negar uma tênue, fina 
ruga ± quase estimável. Mas naquele instante, diante da amiga amada que não 
via há muito tempo, não eram essas pequenas coisas que intrigavam o seu 
olhar afetuoso e melancólico. Havia certa mudança imponderável, e difícil de 
localizar ± a voz ou o jeito de falar, o tom ao mesmo tempo mais 
desembaraçado e mais sereno? 
E mesmo no talhe do corpo (o pequeno cinto vermelho era, pensou ele, 
uma inabilidade: aumentava-lhe a cintura), na relação entre o corpo e os 
membros, havia uma sutil mudança. 
Sim, ela estava mais elegante, mais precisa em seu desenho, mas perdera 
alguma indizível graça elástica do tempo em que não precisava fazer regime 
para emagrecer e era menos consciente de seu próprio corpo, como que o 
abandonava com certa moleza, distraída das próprias linhas e dos gestos cuja 
beleza imprevista ele fora descobrindo devagar, com uma longa delícia. 
Por um instante, enquanto conversava com outras pessoas presentes 
assuntos sem importância, ele tentou imaginar que impressão teria agora se a 
visse pela primeira vez, se aquela imagem não estivesse, dentro de seus olhos 
e de sua alma, fundida a tantas outras imagens dela mesma perdidas no 
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espaço e no tempo. Não tinha dúvida de que a acharia muito bonita, pois ela 
continuava bela, talvez mais bem vestida; não tinha dúvida mesmo de que, 
como da primeira vez que a vira, receberia sua beleza como um choque, uma 
bênção e um leve pânico, tanto a sua radiosa formosura dá uma vida e um 
sentido novo a qualquer ambiente, traz essa vibração especial que só certas 
mulheres realmente belas produzem. Mas de algum modo esse 
deslumbramento seria diferente do antigo ± como se ela estivesse mais 
pessoa, com mais graça e finura de mulher, menos graça e abandono de 
animal jovem. 
O grupo moveu-se para tomar lugar em uma mesa no fundo do bar. Ele 
andou a seu lado um instante (como tinham andado lado a lado!) mas não quis 
sentar, recusou o convite gentil, sentia-se quase um estranho naquela roda. 
Despediuse. E quando estendeu a mão àquela que tanto amara, e recebeu, 
como antigamente, seu olhar claro e amigo, quase carinhoso, sentiu uma coisa 
boa dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e 
que uma vaga mas imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam 
amar. 
(BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008) 
 
04. (Prefeitura de Jandira ± SP ± 2016 ± Enfermeiro do Trabalho ± 
IBFC) O sentido de algumas palavras pode ser inferido pelo contexto. Assim, 
HP� ³(� PHVPR� QR talhe GR� FRUSR´� ��ž†��� R� YRFiEXOR� HP� GHVWDTXH� GHYH� VHU�
entendido como: 
a) charme 
b) ânimo 
c) porte 
d) cuidado 
 
Comentário: no segundo parágrafo, a palDYUD� ³WDOKH´� SRGH� VHU�
compreendida como algo referente ao formato do corpo, ao porte que o corpo 
tem. 
GABARITO: C 
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Minhas maturidade 
Circunspecção, siso, prudência. 
Mario Prata 
 
É o que o homem pensa durante anos, enquanto envelhece. Já está perto 
dos 50 e a pergunta ainda martela. Um dia ele vai amadurecer. 
Quando um homem descobre que não é necessário escovar os dentes com 
tanta rapidez, tenha certeza, ele virou um homem maduro. Só sendo mesmo 
muito imaturo para escovar os dentes com tanta pressa. 
E o amarrar do sapato pode ser mais tranqüilo, arrumando-se uma 
posição menos incômoda, acertando as pontas. 
(...) 
Não sente culpa de nada. Mas, se sente, sofre como nunca. Mas já é 
capaz de assistir à sessão da tarde sem a culpa a lhe desviar a atenção. 
É um homem mais bonito, não resta a menor dúvida. 
Homem maduro não bebe, vai à praia. 
Não malha: a malhação denota toda a imaturidade de quem a faz. Curtir o 
corpo é ligeiramente imaturo. 
(...) 
Sorri tranqüilo quando pensa que a pressa é coisa daqueles imaturos. 
O homem maduro gosta de mulheres imaturas. Fazer o quê? Muda muito 
de opinião. Essa coisa de ter sempre a mesma opinião, ele já foi assim. 
(...) 
Se ninguém segurar, é capaz do homem maduro ficar com mania de 
apagar as luzes da casa. 
O homem maduro faz palavras cruzadas! 
Se você observar bem, ele começa a implicar com horários. 
A maturidade faz com que ele não possa mais fazer algumas coisas. Se 
pega pensando: sou um homem maduro. Um homem maduro não pode fazer 
isso. 
O homem maduro começa, pouco a pouco, a se irritar com as pessoas 
imaturas. 
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Depois de um tempo, percebe que está começando é a sentir inveja dos 
imaturos. 
Será que os imaturos são mais felizes?, pensa, enquanto começa a 
escovar os dentes depressa, mais depressa, mais depressa ainda. 
O homem maduro é de uma imaturidade a toda prova. 
Meu Deus, o que será de nós, os maduros? 
PRATA, Mário. Minhas tudo. Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda, 
2001, pág. 99. 
 
05. (Câmara de Franca ± SP ± 2016 ± Advogado ± IBFC) Leia a frase 
abaixo e assinale a alternativa que substitui adequadamente a palavra em 
destaque, sem alterar o sentido do texto. 
³1mR�PDOKD��D�PDOKDomR�denota WRGD�D�LPDWXULGDGH�GH�TXHP�D�ID]´� 
a) Expressa 
b) Esconde 
c) Transforma 
d) Corrige 
 
Comentário: denotar é o mesmo que expressar, mostrar, deixar claro, 
exatamente o que temos no enunciado e no texto. 
GABARITO: A 
 
Violência e naturalidade 
 
Há na ficção do grande Machado de Assis páginas tão admiráveis quanto 
GXUDV�í�ou mesmo cínicas, preferem alguns. 
Lembremos HVWH� WUHFKR� IDPRVR�GR� URPDQFH�4XLQFDV�%RUED�� ��í�Não há 
morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode 
determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há 
vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência de outra, e a 
destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador 
e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. 
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As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire 
forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em 
abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, 
não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse 
caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a 
outra e recolhe os despojos. Daí a alegria e ousadia da vitória, os hinos, 
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. 
Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo 
motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou 
vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação 
que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as 
EDWDWDV�´� 
Aqui, Machado leva ao extremo a tese que chancela a lei do mais forte, a 
competitividade brutal que esmaga o perdedor. Parece concordar com ela, 
apesar do tom extremamente irônLFR�� H� WDOYH]� FRQFRUGH� PHVPR� í� PDV� D�
caprichosa naturalidade com que o nosso escritor aborda as violências mais 
radicais faz desconfiar que ele também nos esteja provocando. Machado sabe 
que uma das formas mais eficazes de mostrar a barbárie está em naturalizá-la. 
É uma operação sutil, em que ele prefere apresentar os atos mais selvagens 
como se fizessem parte da plena rotina. Os leitores mais sensíveis acusarão o 
golpe, e terão que enfrentar a pergunta tremenda: se tanta violência decorre 
com tamanha naturalidade, que sentido terá aquilo que os homens vêm 
chamando de civilização? 
(Diego Munhoz, inédito) 
 
06. (CETAM ± 2014 - Analista Técnico Educacional - Direito ± FCC) 
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um 
segmento em: 
(A) não chegam a nutrir-se suficientemente (2º parágrafo) = mal 
conseguem locupletar-se. 
(B) recolhe os despojos (2ºparágrafo) = assenhora-se dos galardões. 
(C) virtualmente a destrói (2º parágrafo) = imaginariamente a perpetra. 
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(D) apesar do tom extremamente irônico (3º parágrafo) = malgrado a 
tonalidade de um enorme sarcasmo. 
(E) É uma operação sutil (3º parágrafo) = trata-se de uma intervenção 
displicente. 
 
Comentário: esta questão quer saber sobre o seu conhecimento lexical, 
além da interpretação textual. É possível que você não conheça todas as 
palavras envolvidas nas alternativas, então, vamos recorrer a um dicionário 
para chegarmos ao gabarito! A seguir vai um glossário com algumas das 
palavras. 
Glossário: 
Locupletar = v.t.d. e v.pron. Ocasionar sua própria riqueza; aumentar 
fortuna; enriquecer; v.t.d. v.bit. e v.pron. Fazer ficar cheio; ocasionar o 
acúmulo ou preenchimento de; encher ou encher-se. 
Despojos = s.m.pl. Restos ou fragmentos; tudo o que pode ser 
considerado sobra; aquilo que resta. 
Galardão = s.m. Reconhecimento e/ou compensação por serviços de um 
valor muito elevado. Figurado. Em que há premiação; homenagem ou glória. 
Perpetra = do verbo Perpetrar: v.t. Cometer, praticar, realizar (ato 
condenável). 
Malgrado = s.m. Quem está em desagrado com; ausência de agrado; 
desprazer: o jantar, a malgrado do cozinheiro, esteve fora dos padrões. 
prep. Não obstante; apesar de. 
Displicente = pessoa descuidada. 
GABARITO: D 
 
Fundas canções 
 
³([LVWLUPRV��D�TXH�VHUi�TXH�VH�GHVWLQD"´�í�SHUJXQWD�XP�verso de Caetano 
Veloso em suD� EHOD� FDQomR� ³&DMXtQD´�� QDVFLda numa visita a amigo em 
Teresina. Que faz numa canção popular essa pergunta fundamental sobre o 
propósito mesmR� GD� YLGD� KXPDQD"� í� perguntarão aqueles que preferem 
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separar bem as coisas, julgando que VRPHQWH� RV� JrQHURV� ³VpULRV´� SRdem 
querer dar conta das questõeV�³VpULDV´��2�SUHFRQFHLWR�HVWi�em não admitir que 
KDMD� LQWHOLJrQFLD� í� H� GDV� IXOJXUDQWHV�� FRPR� D� dH� &DHWDQR� 9HORVR� í� entre 
artistas populares. O fato é que a pergunta dessa canção, tão sintética e 
pungente, incide sobre o primeiro dos nossos enigmas: o da finalidade da 
nossa existência. 
Não seria difícil encontrarmos em nosso cancioneiro exemplos outros de 
pontos de reflexão essencial sobre nossa cRQGLomR�QR�PXQGR��(P�³$�YLGa é um 
PRLQKR´��GH�&DUWROD��RX�HP�³(VVHV�PRoRV´��GH�/XSLFtQLR Rodrigues, ou ainda 
HP� ³-Xt]R� ILQDO´�� GH� 1HOVRQ� &DYDTXLQKR�� há agudos lampejos reflexivos, 
nascidos de experiências curtidas e assimiladas. Não se trata GH� ³VDEHGRULD�
SRSXODU´��p�VDEHGRUia mesmo, sem adjetivo, filtrada por espíritos sensíveis que 
encontraram na canção os meios para decantar a maturidade de suas 
emoções. Até mesmo numa marchinha de carnaval, FRPR� ³$� MDUGLQHLUD´�� GR�
%UDJXLQKD��SHUJXQWDPRV��³Ï�MDUGLQHira, por que estás tão triste? Mas o que foi 
TXH� WH� DFRQWHFHX"´�í� SDUD� VDEHU� TXH� D� WULVWH]D� dela vem da morte de uma 
camélia. Essa pequena tragédia, cantada enquanto se dança, mistura-se à 
alegria de todos e funde no canto da vida o advento naWXUDO�GD�PRUWH��³)RL�D�
camélia que caiu do galKR��GHX�GRLV�VXVSLURV�H�GHSRLV�PRUUHX���´� 
Mesmo em nosso folclore, compositores anônimos alcançaram um tom 
elevado na dicção aparentemente ingênua de uma cantiga de roda. Enquanto 
se brinca, canta-VH�� ³0HQLQD��minha menina / Faz favor de entrar na roda / 
Cante um verso bem bonito / Diga adeus e vá-VH�HPERUD´��1mR�VHUi�HVVD�XPD�expressão justa do sentido mesmo de nossa vida: entrar na roda, dizer a que 
veio e ir-se embora? É o que cantam as alegres crianças de mãos dadas, muito 
antes de se preocuparem com a metafísica ou o destino da humanidade. 
(BARROSO, Silvino, inédito) 
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07. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) O sentido essencial desse texto, 
considerado no conjunto e na perspectiva adotada pelo autor, está 
adequadamente expresso na seguinte formulação: 
(A) é da natureza mesma da arte popular expressar, em linguagem 
rebuscada e hermética, os temas que perturbam os filósofos e costumam ecoar 
nos seus mais altos tratados. 
(B) a canção popular encontra a justificativa mesma da sua existência no 
fato de responder em linguagem altissonante as questões que costumam afligir 
nossas vidas. 
(C) muitas vezes ocorre que se encontre numa canção popular a 
expressão de uma grande sabedoria, nascida e decantada a partir de uma 
funda experiência. 
(D) os artistas populares habilitados a tratar dos mais profundos temas 
em suas canções não deixam de acusar a formação acadêmica que lhes dá 
respaldo. 
(E) a sabedoria popular dispensa esse adjetivo toda vez que 
surpreendemos, na letra de uma canção, uma versão facilitada dos clássicos e 
folclóricos ditados. 
 
Comentário: existe um preconceito de que os autores de músicas 
populares não têm inteligência suficiente para falar sobre temas tidos como 
³ILORVyILFRV´��2�DXWRU�GR�WH[WR�VH�FRORFD�FRQWUD�WDO�SUHFRQFHLWR��DILUPDQGR�TXH�
nas músicas populares podemos encontrar expressões da sabedoria e fruto das 
experiências de quem escreve. 
Quando os autores populares falam sobre questões existenciais, não 
fazem isso de maneira rebuscada e hermética, como afirma na alternativa A, e 
não fazem suas reflexões de maneira alta e intensa (altissonante), como 
sugere a alternativa B. A alternativa D está totalmente fora do que foi tratado 
no texto, bem como a alternativa E. 
GABARITO: C 
 
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08. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) Atente para as seguintes 
afirmações: 
 
I. No primeiro parágrafo, o autor estranha a presença de uma reflexão tão 
aguda, em tom conclusivo, na letra de compositor popular, que melhor faria se 
viesse a dar voz a questões menos complexas 
II. No segundo parágrafo, os exemplos de canções elencados pelo autor 
do texto servem-lhe como argumento para contestar a relevância do 
questionamento expresso no verso de Caetano Veloso, citado no parágrafo 
anterior. 
III. No terceiro parágrafo, os versos de uma conhecida cantiga de roda 
são lembrados como exemplo do alcance trágico que se pode reconhecer nas 
palavras que as crianças cantam enquanto brincam. 
 
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em 
(A) I, II e III. 
(B) I e II, apenas. 
(C) II e III, apenas. 
(D) I e III, apenas. 
(E) III, apenas. 
 
Comentário: Apenas a assertiva III está correta. Vamos ver o que há de 
errado nas outras. 
I. No primeiro parágrafo, o autor estranha a presença de uma reflexão tão 
aguda, em tom conclusivo, na letra de compositor popular, que melhor faria se 
viesse a dar voz a questões menos complexas. ± ERRADA. O autor NÃO 
estranha tal reflexão na voz popular. 
II. No segundo parágrafo, os exemplos de canções elencados pelo autor 
do texto servem-lhe como argumento para contestar a relevância do 
questionamento expresso no verso de Caetano Veloso, citado no parágrafo 
anterior. - ERRADA. Os exemplos dados pelo autor servem para provar 
que não cabe o preconceito intelectual contra os artistas populares. 
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GABARITO: E 
 
09. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) Considerando-se o contexto, 
traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: 
(A) o preconceito está em não admitir (1º parágrafo) = a razão alegada 
leva à inclusão. 
(B) agudos lampejos reflexivos (2º parágrafo) = súbitas e cortantes 
reflexões. 
(C) experiências curtidas e assimiladas (2º parágrafo) = vivências 
prazerosas e alienadas. 
(D) filtrada por espíritos sensíveis (2º parágrafo) = purificada por mentes 
pragmáticas. 
(E) dicção aparentemente ingênua (3º parágrafo) = pronúncia 
supostamente engenhosa. 
 
Comentário: questão típica de concursos. Ela quer testar seu 
conhecimento léxico. Quanto mais você foi um leitor ativo, mais palavras 
conhecerá da língua e terá mais facilidade com questões desse tipo. No caso 
desta aula, vou colocar a seguir um glossário para ajudar a fazer esta questão. 
Procure todas as palavras que não souber o significado no dicionário! 
Lampejos = Brilho ou clarão repentino. Breve, de curta duração, que 
passa rápido. 
Súbitas = Flexão de súbito. Aquilo que acontece sem previsão, que é 
repentino ou inesperado. 
Pragmática: ADJ. Característica das pessoas que são realistas, práticas, 
objetivas. 
Engenhosa = ADJ. pessoa dotada de engenho, talento. 
GABARITO: B 
 
Pobres palavras 
 
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Lendo um romance, tropecei na palavra inexorável. É uma das que 
mantenho desconhecidas, desde rapazola, quando peguei gosto de ler. 
Desconhecida porque, mesmo já tendo lido inexorável muitas vezes, nunca 
quis saber o sentido. Parece uma palavra em desuso, dessas que ficam lá nos 
velhos armazéns da língua, coberta de poeira, até que alguém pega e coloca 
numa frase como uma roupa no varal. O leitor é quem recolhe essas roupas, 
uma por uma, menos as que, como inexorável, a gente não sabe o que é, 
deixa lá, para que volte sozinha ao armazém e fique lá mofando até que... 
Bem, desta vez fiquei com pena da pobre inexorável e fui ao dicionário. E 
inexorável é implacável. Eu já desconfiava disso, tantas vezes li que o destino 
é inexorável, e fiquei feliz porque o significado justifica a pompa da palavra. 
Porque a primeira vez que fui ao dicionário desvendar uma palavra, foi uma 
inenarrável (olha outra pomposa aí) decepção. Era a palavra inconsútil. Em 
prosa e poesia, volta e meia lá vinha a inconsútil. Um dia, já na casa dos 
quarenta, a barba começando a grisalhar, não aguentei mais as décadas de 
ignoUkQFLD�H�IXL�DR�GLFLRQiULR��(�LQFRQV~WLO�p�DSHQDV�³VHP�FRVWXUD´�� 
Tantos mantos inconsúteis e eu não conseguia ver algo em comum entre 
eles para achar o sentido da palavra, e eram apenas mantos sem costura. 
Fiquei acabrunhado (esta nem pomposa, é atrapalhada mesmo). 
(PELLEGRINI, Domingos. Lições de gramática para quem gosta de literatura. São Paulo: 
Panda Books, 2007, p. 40-41) 
 
10. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) Depreende-se corretamente da 
leitura do texto que, para o autor, 
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições 
acerca de seu sentido. 
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal comolhe pareceu no 
caso do termo inexorável. 
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a 
significação que já era previsível. 
(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a 
grandiosidade que o sentido não confirma. 
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(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão 
que ocorre com inexorável 
 
Comentário: 
(A) o aspecto sonoro das palavras não permite que se façam suposições 
acerca de seu sentido. ± Ao contrário, foi assim que ele passou anos sem 
saber exatamente o que era inexorável, mas imaginando. 
(B) o dicionário é um armazém de decepções, tal como lhe pareceu no 
caso do termo inexorável. ± Não! O autor não afirmou que o dicionário é 
um armazém de decepções, a frustação pode acontecer, mas não é 
regra. 
(C) palavras como inconsútil apenas confirmam, no dicionário, a 
significação que já era previsível. ± Não! A palavra inconsútil, para o 
autor, não era previsível. 
(D) o dicionário pode frustrar a quem atribuía a uma palavra a 
grandiosidade que o sentido não confirma. ± EIS O GABARITO! 
(E) palavras como acabrunhado podem atrair um leitor pela mesma razão 
que ocorre com inexorável. ± o texto não trouxe essa afirmação. 
GABARITO: D 
 
11. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) Atente para as seguintes 
afirmações: 
 
I. Para o autor do texto, o desuso a que se condenam muitas palavras é 
comparável a um depósito de coisas inúteis, que só voltam a ter valor quando 
alguém as investiga e lhes reconhece a utilidade. 
II. Muitas vezes roçamos o real sentido de uma palavra pelo contexto em 
que surge, pelas expressões em que foi empregada, como no caso de destino 
inexorável. 
III. A frustração sentida pelo autor quando pesquisou o vocábulo 
inconsútil deveu-se ao fato de que a pompa dessa palavra não correspondia à 
trivialidade de seu sentido. 
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Em relação ao texto, está correto o que se afirma em 
(A) I, II e III. 
(B) I e II, apenas. 
(C) I e III, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
(E) II, apenas. 
 
Comentário: está correto o que se afirma em todas as assertivas. 
GABARITO: A 
 
12. (TCE/PI - 2014 - Médico ± FCC) Atente para estes três 
emparelhamentos de frases: 
 
I. É uma das que mantenho desconhecidas desde rapazola. 
Quando rapazinho, dei por desconhecidas palavras como essa. 
II. (...) fiquei feliz porque o significado justifica a pompa da palavra. 
(...) fez-me feliz o fato de a solenidade da palavra legitimar-se no seu 
sentido. 
III. (...) não aguentei mais as décadas de ignorância. 
(...) tornou-se inócuo para mim ignorar aquelas décadas. 
 
Considerando-se o contexto, há equivalência de sentido entre as frases 
emparelhadas em 
(A) I, II e III. 
(B) I e II, apenas. 
(C) I e III, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
(E) II, apenas. 
 
Comentário: vamos analisar os casos: 
I. É uma das que mantenho desconhecidas desde rapazola. 
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Quando rapazinho, dei por desconhecidas palavras como essa. 
HouYH�DOWHUDomR�QR�VHQWLGR��SRLV�D�H[SUHVVmR�³4XDQGR�UDSD]LQKR´�
indica que ele deu como desconhecidas as palavras no passado, não no 
presente da escrita, como entende na primeira frase. 
III. (...) não aguentei mais as décadas de ignorância. 
(...) tornou-se inócuo para mim ignorar aquelas décadas. 
É importante saber que inócuo = Que não causa dano NEM 
BENEFÍCIO. Assim observa-se a alteração de sentido, pois, na segunda 
frase, ignorar aquelas décadas não faz diferença, enquanto na primeira 
faz. 
GABARITO: E 
 
Nosso jeitinho 
 
Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, 
lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade í entre várias í de 
se adaptar aos nossos costumes. 
³&HUWDPHQWH�IRL� OLGDU�FRP�R�WDO�GR� MHLWLQKR´��H[SOLFRX��³&XVWHL�D�entender 
que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre 
haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho 
funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do 
chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a 
influenciar o DiretRU�QR�GHVSDFKR�GH�XP�SURFHVVR´� 
Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa 
³LQIRUPDOLGDGH´�í que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema ± também 
batizDGR� SHORV� VRFLyORJRV� FRPR� R� GR� ³IDYRU´� í não deixa de ser simpático, 
embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que 
jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond 
tratou da questão QR�SRHPD�³([SOLFDomR´��HP�TXH�GL]�D�FHUWD�DOWXUD��³(�QR�ILP�
dá FHUWR´�� (VVD� FRQFOXVmR� DSRQWD� para uma espécie de providencialismo 
místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus 
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é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com 
nosso modo tão jeitoso de viver. 
É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a 
solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação 
instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, 
que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se 
formaliza de algum modo í e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, 
comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática 
clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha 
que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível criatividade, daremos um jeito 
de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu 
a esperança. 
(Abelardo Trabulsi, inédito) 
 
13. (TCE/RS ± 2014 - Auditor Público Externo - Engenharia Civil ± 
FCC) A singular condição que é a marca do jeitinho brasileiro está 
caracterizada no seguinte segmento: 
(A) Se adaptar aos nossos costumes (1º parágrafo). 
(B) Os beneficiados nunca reclamam (2º parágrafo). 
(C) Comprometido o seu anonimato (3º parágrafo). 
(D) Aquela simpática clandestinidade (3º parágrafo). 
(E) Se encaminha para alguma transparência (3º parágrafo). 
 
Comentário: releia o seguinWH� WUHFKR� ³������ H� o jeitinho passa a ser 
facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força 
aquela simpática clandestinidade TXH�VHPSUH�R�SURWHJHX�´�2�QRVVR�MHLWLQKR�
está condicionado a essa tal simpática clandestinidade que pode estar 
ameaçada. 
GABARITO: D 
 
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14. (TCE/RS ± 2014 - AuditorPúblico Externo - Engenharia Civil ± 
FCC) Atente para as seguintes afirmações: 
 
I. O amigo estrangeiro justifica ao autor do texto por que não lhe fora 
possível adaptar-se aos nossos costumes, dado que não chegou a entender 
perfeitamente como é que funciona o chamado jeitinho brasileiro. 
II. A prática do jeitinho brasileiro é vista como informal porque não se 
tornou, propriamente, um fenômeno social marcante, a ser analisado no 
âmbito dos costumes coletivos de fato representativos de um modo de agir. 
III. O fato de os tempos modernos favorecerem a transparência, a 
divulgação instantânea e o registro dos nossos atos vem acarretando algum 
entrave à prática do favor, que depende bastante do anonimato que a cerca. 
 
Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em 
(A) I. 
(B) II. 
(C) III. 
(D) I e II. 
(E) II e III. 
 
Comentário: apenas a III está correta. Vejamos as outras: 
I. O amigo estrangeiro justifica ao autor do texto por que não lhe fora 
possível adaptar-se aos nossos costumes, dado que não chegou a entender 
perfeitamente como é que funciona o chamado jeitinho brasileiro. ± ERRADA. 
O amigo estrangeiro adaptou-se sim, mas depois de entender o nosso 
jeitinho. 
II. A prática do jeitinho brasileiro é vista como informal porque não se 
tornou, propriamente, um fenômeno social marcante, a ser analisado no 
âmbito dos costumes coletivos de fato representativos de um modo de agir. ± 
ERRADA. Na verdade, tornou-se um fenômeno social marcante no Brasil 
sim, mas precisa ser informal porque nem sempre é lícito. 
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GABARITO: C 
 
15. (TCE/RS ± 2014 - Auditor Público Externo - Engenharia Civil ± 
FCC) Considerando-se o contexto, traduz-se INADEQUADAMENTE o sentido de 
um segmento em: 
(A) nenhum impasse é definitivo (1º parágrafo) = nenhuma instância é 
peremptória. 
(B) Os beneficiados nunca reclamam (2º parágrafo) = os favorecidos 
jamais protestam. 
(C) uma espécie de providencialismo (2º parágrafo) = algo como uma 
intervenção da Providência. 
(D) comprometido o seu anonimato (3º parágrafo) = prejudicada sua 
condição anônima. 
(E) contornar esse problema (3º parágrafo) = se esquivar dessa 
dificuldade. 
 
Comentário: nesta questão é importante voltar ao texto e ter um 
dicionário em mãos! Atenção! Cuidado com a palavra INADEQUADAMENTE no 
enunciado! Pegadinha! É para marcar a ERRADA. 
De acordo com as definições abaixo, podemos concluir que a alternativa 
que não corresponde é a A. 
Instância = s.f. Qualidade daquilo que é iminente; particularidade do que 
pode acontecer a qualquer momento; atributo do que está prestes a 
acontecer; iminência. Qualidade daquilo que é realizado de modo 
perseverante; em que há perseverança; persistência. 
Peremptória = adj. Que permite; que se consegue colocar fim; que 
tende a se extinguir ou terminar. Que é determinante; que define; definitivo. 
GABARITO: A 
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16. (TCE/RS ± 2014 - Auditor Público Externo - Engenharia Civil ± 
FCC) É correto inferir da leitura do texto que a prática do jeitinho, no Brasil, 
(A) é vista como piada pela totalidade da população, que a considera 
folclórica, embora muita gente ainda busque levá-la a sério. 
(B) predomina entre os setores menos favorecidos da população, uma vez 
que os demais são atendidos por um sistema de valores mais justo. 
(C) vem perdendo força por conta da informalidade maior de outras 
práticas sociais, menos democráticas, mas mais difundidas pela internet. 
(D) está intimamente associada às convicções religiosas, uma vez que 
dela só costumam valer-se aqueles cuja fé em Deus se mostra inabalável. 
(E) conta com alguma simpatia do amigo estrangeiro, que espera seja ela 
capaz de sobreviver aos desafios dos tempos modernos. 
 
Comentário: Vejamos o que há de ERRADO em cada uma das 
alternativas: 
A ± Completamente ERRADA. O jeitinho brasileiro não é visto como piada 
nem folclore. 
B ± Não só os menos favorecidos utilizam o jeitinho brasileiro para tirar 
vantagem e conseguir algo. 
C ± O jeitinho não vem perdendo força nem espaço para outras práticas 
(que nem são citadas) 
D ± O que se falou sobre Deus ser brasileiro não quer dizer que só se vale 
do jeitinho para conseguir algo aqueles que possuem fé e convicções 
religiosas. 
GABARITO: E 
 
 
 Estava mal chegando a São Paulo, quando um repórter me provocou: 
"Mas como, Chico, mais um samba? Você não acha que isso já está superado?" 
Não tive tempo de me defender ou de atacar os outros, coisa que anda muito 
em voga. Já era hora de enfrentar o dragão, como diz o Tom, enfrentar as 
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Português p/ TJ-PE 
Analista e Técnico Judiciário 
Teoria e Questões Comentadas 
 
Aula 02 
Profª Rafaela Freitas 
 
luzes, os cartazes, e a plateia, onde distingui um caro colega regendo um coro 
pra frente, de franca oposição. Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do 
meu amigo, um homem sabidamente isento de preconceitos. Foi-se o tempo 
em que ele me censurava amargamente, numa roda revolucionária, pelo meu 
desinteresse em participar de uma passeata cívica contra a guitarra elétrica. 
Nunca tive nada contra esse instrumento, como nada tenho contra o 
tamborim. O importante é Mutantes e Martinho da Vila no mesmo palco. 
Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa e de sua música 
estereotipada, onde samba, toada etc. são ritmos virgens para seus melhores 
músicos, indecifráveis para seus cérebros eletrônicos. "Só tenho uma opção, 
confessou-PH�XP� LWDOLDQR�í� VDQJXH�QRYR�RX�D�DQWLP~VLFD��9HMD��RV�%HDWOHV��
foram à Índia..." Donde se conclui como precipitada a opinião, entre nós, de 
que estaria morto o nosso ritmo, o lirismo e a malícia, a malemolência. É certo 
que se deve romper com as estruturas. Mas a música brasileira, ao contrário 
de outras artes, já traz dentro de si os elementos de renovação. Não se trata 
de defender a tradição, família ou propriedade de ninguém. Mas foi com o 
samba que João Gilberto rompeu as estruturas da nossa canção. E se o 
rompimento não foi universal, culpa é do brasileiro, que não tem vocação pra 
exportar coisa alguma. 
Quanto a festival, acho justo que estejam todos ansiosos por um primeiro 
prêmio. Mas não é bom usar de qualquer recurso, nem se deve correr com 
estrondo atrás do sucesso, senão ele se assusta e foge logo. E não precisa dar 
muito tempo para se perceber "que nem toda loucura é genial, como nem toda 
lucidez é velha". 
(Adaptado de: HOLANDA, Chico Buarque de, apud Adélia B. de Menezes, 
Desenho Mágico: Poesia e Política em Chico Buarque, São Paulo, Ateliê, 2002, p. 28-
29) 
 
17. (TRF - 3ª REGIÃO ± 2016 ± Analista Judiciário ± FCC) No 
segmento ... nem se deve correr com estrondo atrás do sucesso, senão ele se 
assusta e foge logo (3° parágrafo), o termo sublinhado pode ser substituído, 
mantendo-se a lógica e o sentido original, por: 
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