Buscar

Como tomar decisões importantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Especial 
João Loes e Suzane G. Frutuoso 
Estudos revelam que 
a maneira como as 
escolhas são feitas pode 
determinar o sucesso 
ou.o fracasso de cada um. 
Personalidades contam 
como fazem para tomar 
uma decisão importante 
118 ISTOÉ 2087 11/11/2009 
odos os rumos de nossas vidas são definidos por decisões. Não passa-
mos um dia sequer sem fazer escolhas, das mais simples, como que 
roupa vestir, às mais complexas. Casar ou não casar? Mudar de em-
prego ou não? Morar em outro país ou ficar onde está? Aguentar firme 
ou jogar tudo para o alto? Decidir pode influenciar não só os caminhos 
de quem escolhe, mas também dos que estão próximos ou dependem, de alguma 
maneira, daquele que deseja fazer modificações pessoais e profissionais. Não é 
fácil. Pode ser, inclusive, doloroso. O assunto é tão complexo que já existem 
especialistas em ciência da decisão. Porém, são principalmente os bons exemplos, 
como os apresentados ao longo desta reportagem, que servem de inspiração. São 
brasileiros de destaque em suas áreas de atuação, como o ex-presidente Fernan-
do Henrique Cardoso e o publicitário Washington Olivetto, compartilhando 
experiências de como agem durante o processo decisório na hora H. E gente 
comum, como o ourives Thiago Mendes J oazeiro, que se jogou no meio de uma 
FOTOS: DIVULGAÇÃO 
Cristiana Arcangeli, 
empresária do ramo 
dos cosméticos · 
'' 
Sou pisciana com ascendente em câncer, não posso negar 
minha porção intuitiva! Dou atenção e valorizo essa minha 
faceta. Mas reconheço a importância do meu lado racional 
e o utilizo na gestão dos negócios. Peso prós e contras, avalio 
as opções e decido. Quando se trabalha na indústria, toda decisão 
envolve centenas de funcionários, fornecedores, etc. Mas, quando 
vou desenvolver um produto para uma linha de cosméticos, criar 
uma nova embalagem ou escolher 
um aroma, sou absolutamente 
intuitiva. Tenho que ser, pois muito 
dos cosméticos são escolhidos dessa 
maneira. Me arrependo da decisão mais 
difícil que fiz na vida, a venda da Phyto-
ervas, minha primeira grande empresa. 
A promessa era de que, com a venda, 
a marca ganharia o mercado internacio-
nal, mas a empresa que adquiriu 
o grupo cancelou os planos. 
Especial 
Fernando Henrique Cardoso, 78 anos, 
ex-presidente da República (1994 a 2002). 
contrariados e eu poderia ter agido 
como meus antecessores, que foram 
acomodando a situação. Houve momen-
tos difíceis, de quase desistência. Mas, 
nessa hora, por mais que você consulte 
seus assessores, a decisão do líder é 
sempre solitária. É ele quem será julgado 
pela história. Depois disso, os momen-
tos mais complicados foram as demis-
sões de ministros e auxiliares - alguns 
amigos de várias décadas. Mas, nessas 
horas, é preciso saber separar a ética 
pessoal da ética pública. 
Está à frente do Instituto Fernando Henrique Cardoso 
Ao contrário do que muita gente pensa, minha decisão 
mais difícil no governo não foi a de deixar flutuar o real. 
Até porque aquilo não foi propriamente uma decisão, mas uma 
imposição do mercado. Minha decisão mais difícil ocorreu em 
1994, quando eu ainda era ministro da Fazenda do presidente 
Itamar Franco. E foi justamente a de fazer o Plano Real. 
Havia muita dúvida sobre o sucesso do plano, muitos interesses 
enxurrada para salvar uma desconhe-
cida. Eles contam quais foram as mu-
danças cruciais enfrentadas em suas 
trajetórias e como fazem para tomar 
uma decisão importante. 
Uma das novidades mais recentes 
sobre a tomada de decisão vem de um 
estudo da Universidade da Califórnia, 
nos Estados Unidos. Os pesquisadores 
descobriram que, durante o sono, os 
neurônios fazem novas conexões cere-
brais, estimulando a solução de proble-
mas. A expressão "I will sleep on it" 
(algo como "vou dormir pensando 
nisso, deixar para amanhã") dá uma 
ideia do que os cientistas quere1n com-
provar. A pessoa encontra uma saída 
melhor para a dúvida se parar de pensar 
120 ISTOt: 2087 11/11/2009 
nela exaustivamente. Dormir é o des-
canso ideal para o cérebro ativar a 
criatividade na fase REM (sigla em in-
glês para o movimento rápido dos 
olhos). Ela acontece depois dos sonhos. 
Nesse período, a questão permanece na 
mente, 1nas livre de preconceitos que 
acaban1 influenciando as decisões quan-
do estan1os acordados. "Esse estudo 
reforça outros trabalhos", disse à ISTO É 
o psicólogo americano John M. Grohol, 
um dos entusiastas da tese. "Já existiam 
evidências de que, quanto mais pensa-
mos sobre um assunto, pior a decisão 
tmnada. No sono, o inconsciente traba-
lha sem teorias preconcebidas." 
~vias uma boa noite de sono sozinha 
não faz milagres. Há obstáculos a se-
rem vencidos para que as escolhas se-
jam equilibradas. Entre eles, está o 
medo de perder vantagens. "Os pensa-
mentos confusos que limitam as deci-
sões têm origem no temor de ficar sem 
alguma coisa", afirma a psicóloga 
Adriana de Araújo, especialista em 
hipnose e programação neurolinguís-
Treino para internalizar reações 
Rogério Ceni, 35 anos, goleiro do São Paulo 
''
Meu pai sempre disse: 'Só erra quem decide.' E quem 
quer liderar precisa saber decidir. Em campo as 
decisões acontecem com base em probabilidades. Na chance 
que o jogador X tem de chutar no canto esquerdo ou do 
jogador Y abrir a barreira. Estudo meu adversário para jogar 
em sua margem de erro. E acho que as decisões intuitivas 
são consequência da experiência. A intuição que acerta surge 
em quem já viveu situações parecidas. Por isso treino tanto 
com repetição. A ideia é internalizar reações. Curiosamente, 
FOTOS: CLAUDIO GATTI/AG ISTOÉ 
tica (PNL). Mas isso vai acontecer, 
independentemente da decisão. É o. 
peso dos prós e contras que tornam as 
escolhas complicadas. O temor pelas 
responsabilidades que serão assumidas 
também é um problema. É preciso dar 
conta de tudo o que acompanha a 
nova conquista. Portanto, é essencial 
a decisão mais difícil da minha 
vida não foi tomada em campo. 
Dois dias antes da final do 
Mundial de Clubes de 2005, que 
disputaríamos com o Liverpool 
(Inglaterra), percebi que estava 
com uma lesão no joelho. Decidi 
não treinar para render mais no 
jogo. Valeu a pena - tive de 
operar o joelho quando voltei ao 
Brasil, mas joguei os 90 minutos 
e pude dar tudo no jogo mais 
importante da minha vida.'' 
ter cetteza absoluta de que o desejo não 
é fogo de palha. 
Nada, no entanto, é tão inimigo da 
tomada de decisão quanto a impulsi-
vidade. "A emoção é uma catástrofe 
nessas horas", diz o coach Sulivan 
França, presidente da Sociedade Lati.: 
no-·Americana de Coaching. "Quanta 
gente não chuta o balde no trabalho 
em um momento emocionalmente 
tenso, vai para outra empresa e o lugar 
é pior?" Ele garante que 90% das vezes 
em que a escolha é impulsiva o resul-
tado é o arrependimento. Por outro 
lado, a indecisão pode gerar problemas 
tão graves quanto a impulsividade ou 
uma escolha equivocada. Porque quem 
empurra as decisões com a barriga 
verá a vida ou alguém decidindo por 
ele. Parece cômodo, mas não é. O im-
pacto é negativo. "A pessoa pode ver o 
tempo passar e se sentir frustrada por 
não realizar nada", diz Fernando Mon-
tero da Costa, diretor de operações da 
Human Brasil, empresa de orientação 
Especial 
O inesperado 
na sala 
de cirurgia 
Miguel Srougi, 63 anos, 
cirurgião e urologista 
'' 
Faço 60 cirurgias por mês 
há três décadas. Já passei 
por todos os imprevistos que 
podem surgir em uma mesa 
de operação. Então, não posso 
dizer que é no ato cirúrgico que 
tomo as decisões mais difíceis. 
A meu ver, reconhecer que não 
faz mais sentido dar continuida-
de a um tratamento é a decisão 
mais difícil a tomar. Quando 
era novo, decidia com mais 
facilidade. Usava modelos 
estatísticos para resolver que 
caminho seguir e o objetivoera 
sempre dar sobrevida ao pacien-
te. Hoje já peso o tipo de vida 
que o paciente terá depois das 
intervenções. Com a maturida-
de, você passa a entender 
o valor do sofrimento e ques-
tões menos objetivas integram 
o processo decisório.'' 
Há várias maneiras de se chegar a 
uma decisão. Mas é preciso cuidado 
para não usar métodos frágeis 
é uma percepção do hoje 
influenciada pela associação 
com situações que ocorreram 
no passado. No entanto, a 
intuição pode nos trair, caso a 
ligação seja feita com experiências nega-
tivas. E nem sempre as coisas acontecem 
da mesma maneira 
122 ISTO~ 2087 11/1112009 
profissional. "Ou culpar os outros por 
algo que tenha dado errado para ela, 
um considerável . prejuízo para suas 
relações." Para não delegar a terceiros 
as próprias decisões, um caminho é se 
informar ao máximo sobre um assun-
to para se sentir seguro. Um estudo da 
Universidade de Sydney, na Austrália, 
usar "sinais" como um meio de 
decidir algo pode ser extrema-
mente prejudicial porque não 
há nenhuma fundamentação 
indicou que pacientes menos instruí-
dos e conhecedores de seus problemas 
de saúde deixam nas mãos dos médi-
cos a decisão pelo tratamento com 
mais frequência, aceitando sem ques-
tionar ou pedir outras alternativas. 
A impulsividade é positiva em um 
cenário muito específico: o de risco. 
é o pior caminho. quando a 
emoção toma conta da situa-
ção e a escolha é feita no calor lllll•lll 
da hora. Não raro, a pessoa se 
arrepende depois 
Thiago Mendes Joazeiro, 23 anos, de São José do Rio Preto (SP), 
que se jogou em uma enchente para salvar uma desconhecida 
Em retrospecto, posso dizer que me jogar na enchente para salvar 
uma desconhecida foi a decisão mais difícil que tomei na vida. 
Sou casado e tenho um filho de três meses. Mas na hora você não pensa em 
nada. Estava voltando a pé do almoço e começou a chover. Vi uma moça em 
cima de uma moto sendo puxada pela correnteza. Umas 20 pessoas viram 
a cena comigo e todas diziam 'alguém tem que ir lá ajudar', mas ninguém ia. 
Aí fui. Um sujeito arrumou uma corda que amarrei na cintura para não ser 
levado pela correnteza. Foram quase dez minutos de luta para tirá-la da água. 
Não costumo ser impulsivo, mas acho que em situações limite a gente 
faz coisas que não entende. Não lembro de ter pensado nos riscos. 
No livro "Fontes do Poder - O Modo 
como as Pessoas Tomam Decisões" 
(Ed. Instituto Piaget), o psicólogo 
americano Gary Klein· mostra que os 
profissionais próximos do perigo, co-
mo bombeiros e policiais, acabam por 
desconsiderar tudo o que estudaram 
anos a fio e seguem a intuição em 
momentos de pressão. Vem à tona o 
instinto de sobrevivência e a internali-
zação do dever a que o indivíduo se 
comprometeu ao escolher o ofício. 
Não importa como salvar. O que im-
porta é salvar. As outras pessoas tam-
bém estão sujeitas a esse impulso, mas 
os profissionais treinados podem aces-
sar instintivamente o que aprenderam, 
todos os prós e contras são 
pesados e detalhadamente 
avaliados. Ajuda no autoco-
nhecimento. O risco é passar 
tempo demais pensando e 
perder o timing da decisão 
sem parar para pensar racionalmente, 
elevando a chance de essa decisão pe-
rigosa dar mais certo. 
A tomada de decisão acontece no 
córtex pré-frontal, área do cérebro 
responsável, entre outras coisas, por 
gerar crenças e testar opiniões. É a 
parte da razão. A lucidez que nos in-
dica o que é coerente e quais são as 
consequências das nossas ações. E 
quem consegue decidir sem nem um 
pouquinho de sentimento? Ninguém, 
graças à amígdala, região cerebral onde 
ficam guardadas as memórias ligadas 
à emoção. A briga entre o córtex e a 
amígdala na hora da decisão pode ser 
compreendida pelos relacionamentos 
permite a troca de experiên-
cias com alguém que teve 
uma vivência parecida. Dicas 
são importantes. O perigoso 
é ser vulnerável demais, 
deixar de fazer aquilo em que se acredita 
e neutralizar peculiaridades da própria 
personalidade 
FOTOS: MOACYR LOPES JUNIOR/FOLHA IMAGEM; SIDNEI COSTA; ROBERTO CASTRO/ AG.ISTOÉ. ARTE: EDI EDSON 
é uma do conse-
lho com a coincidência. O 
indivíduo decide de acordo 
com a certeza que outro lhe 
apresenta. Pode virar uma 
muleta, tirar a liberdade de ação da pessoa 
e fazê-la não assumir suas próprias respon-
sabilidades, colocando a culpa no destino 
123 
amorosos instáveis. Enquanto um diz 
"termine, você sabe que será magoado 
de novo", o outro insiste: "Ah, lembra 
daquela viagem romântica, dos mo-
mentos tão especiais?" A motivação 
dirá quem vence a batalha. E ela de-
pende muito de como o indivíduo 
desenvolveu a necessidade de decisão 
da infância à vida adulta. Isso inclui 
Segurança no 
pouso forçado 
Tenente Carlos Veiga, 32 anos, 
piloto da FAB que salvou nove 
vidas na Amazônia 
' ' 
Tive segundos para tomar 
a decisão mais difícil da 
minha vida: faríamos um pouso 
forçado no rio ltuí. Como não 
124 ISTOÉ 2087 11111/2009 
aprender a empreender, ter responsa-
bilidades, pesar vantagens e desvanta-
gens e saber perder. O modelo de es-
colha saudável é reforçado pelas figuras 
que cercam cada um de nós. Na última 
semana, foi divulgada uma pesquisa da 
Universidade de Nova Gales, na Aus-
trália, indicando que pessoas mal-hu-
moradas e tristes têm melhor capaci-
dade de julgamento. Mas não quer 
dizer que o sofrimento seja a chave da 
decisão coerente. O mesmo estudo 
mostrou ainda que um estado de âni-
mo positivo facilita a criatividade, 
outro fator do processo decisório. 
Ser indeciso pode ir além de um 
comportamento inconveniente. Há 
casos em que a incapacidade de esco-
havia estrada ou clareira na mata, essa era a melhor opção. 
A gente treina exaustivamente para esse tipo de situação, 
mas é sempre no simulador. Quando acontece de verda-
de, temos que equacionar o nervosismo, mas já estamos 
tão escolados que as reações parecem ser automáticas. 
Do momento da perda de potência até o impacto 
no rio passaram cinco minutos. Entre os procedi-
mentos de emergência, tive tempo de pensar 
nos meus quatro filhos e na minha mulher. 
Mas não me deixei levar pelas emoções. 
Consegui me manter concentrado.'' 
FOTOS: JULIA MORAES/ AG ISTOt 
lha vem da intolerância à incerteza, 
característica do Transtorno de Ansie-
dade Generalizado. O futuro é incerto 
para todos. Mas as pessoas se progra-
mam para fazer escolhas e levar proje-
tos adiante da mesma maneira. Para o 
portador do distúrbio, a falta de certe-
za causa uma preocupação tão intensa 
que ele simplesmente paralisa ou sofre 
Os estudiosos da ciência da decisão 
indicam um caminho clássico para 
avaliar as possibilidades 
Pergunte a si mesmo o que deseja 
realmente para a sua vida 
Respeite sua opinião 
por antecipação. "Esse indivíduo pen-
sa que é melhor ficar arrasado antes 
até de tentar, já que pode não dar cer-
to'', diz o psiquiatra e psicoterapeuta 
Geraldo Possendoro, prOfessor de 
atualização profissional em medicina 
comportamental da Universidade Fe-
deral de São Paulo (Unifesp ). Casos 
assim pedem tratan1ento com remédio 
Faça uma lísta identificando 
as opções 
Analise as emoções que cada 
situação desperta 
Avalie cada uma e dê notas, com os 
prós e contras. A que tiver mais lados 
positivos é a melhor escolha 
125 
e psicoterapia. Não significa que todo 
ansioso tem o transtorno. Mas quem 
depende de se sentir no controle e 
sofre demais para tomar decisões tam-
bém pode se beneficiar da psicoterapia. 
Outro distúrbio caracterizado pela 
dificuldade de escolha é a personalida-
de obsessiva compulsiva. Nesse qua-
dro, porém, a indecisão surge devido 
ao perfeccionismo. Tudo tem que ser 
feito como a pessoa preestabeleceu. E 
isso pode demorar. E a decisão nunca 
chegar. Ta1nbém aqui remédios e tera-
pia são recomendados.O uso da razão com a intuição é 
o melhor método de escolha, dizem 
os especialistas. Ponderar é funda-
mental. Assim como considerar 
sensações baseadas ·na experiência. 
A intuição, ao contrário do que mui-
tos imaginam, não tem nenhuma 
relação com crenças ou poderes pa-
ranormais. Ela é reflexo das recor-
dações de situações vividas anterior-
mente. Também a observação é 
importante, já que algumas lembran-
ças parecidas são negativas - e isso 
pode ser traiçoeiro para uma boa 
decisão. Em geral, todo mundo tem 
a chance de fazer boas escolhas. É 
possível, inclusive, aprender a desen-
volver esse talento com cursos espe-
cíficos e terapias. Mas, para chegar 
lá, é preciso ser honesto consigo 
mesmo nas avaliações mais íntimas, 
pesando as emoções que cada possi-
bilidade causa. Como provam os 
entrevistados, uma decisão acertada 
se torna uma grande conquista. • 
Colaboraram: Greice Rodrigues, Hugo Marques, 
Leonardo Attuch e Sérgio Pardellas 
Gilson Dipp, 65 anos, juiz-corregedor 
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
As decisões difíceis no CNJ são quando tenho que. tomar medidas 
drásticas contra colegas de profissão, como afastamento de juízes. 
É pesado, porque sei das consequências. São doloridas, mas não 
me sinto constrangido. Tomo-as sem remorso. As decisões têm de 
ser amadurecidas, mas num prazo razoável de eficiência e duração. 
A decisão profissional é sempre mais complexa, atinge um número muito 
grande de pessoas. A pessoal está limitada à minha família. É mais 
fácil, mesmo que seja dolorosa. Uso a razão, mas tenho muito de intuição, 
que costuma fechar com a razão. 
lnfor ação é a chave 
Lírio Parisotto, 56 anos, presidente 
do fundo Geração LPar, que tem mais 
de R$ 2 bilhões em investimentos 
' 
O segredo para uma boa decisão é simples: 
informação. Nos meus tempos de industrial 
lembro que a decisão mais difícil que tive de tomar foi 
a de transferir a minha fábrica de filmes, a Videolar, 
do Paraná para o Amazonas. Esperei a semana 
da eleição do presidente Collor para fazer a 
mudança. O País desaceleraria nesse perío-
do. E essa desaceleração diminuiria a pressão 
sobre a produção de vídeos da Videolar, 
abrindo uma janela para a mudança, sem 
comprometer as entregas. Na indústria, 
para tomar uma decisão, dependemos 
muito dos outros. Entrei para o 
mercado de investimentos porque 
nele podia decidir quase sozinho. 
Isso facilita a gestão. 
127

Continue navegando