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Filosofia Clássica Uma breve introdução O que é Filosofia? O termo filosofia é resultado da composição de duas palavras do grego, philos (φίλος) e sophia (σοφία). A primeira é uma derivação de philia (φιλία) que significa amizade, amor fraterno e respeito entre os iguais; a segunda significa sabedoria ou simplesmente saber. Filosofia corresponde, portanto, a uma amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo é aquele que é amigo da sabedoria, que deseja saber para entender melhor a si mesmo e o mundo onde vive. Esse conceito foi se transformando com o tempo, tendo hoje um tom muito mais reflexivo e questionador do que a busca por uma “verdade”. História da Filosofia ● Filosofia Antiga (aprox. século VII a.C. - V d.C.) ● Filosofia Medieval (aprox. século V - XV) ● Filosofia Moderna (aprox. século XVI - XVIII) ● Filosofia Contemporânea (aprox. século XIX - atual) Filosofia Clássica A filosofia clássica se inicia com a transição do pensamento mítico ao pensamento filosófico no ocidente, o uso da razão como forma de conhecimento na Grécia Antiga, os filósofos pré-socráticos, os sofistas e o período áureo da filosofia, com Sócrates, Platão e Aristóteles. Conhecer os primórdios da filosofia nos possibilita compreender melhor o mundo em que vivemos, e o modo como as ciências se desenvolveram no ocidente. A filosofia clássica influenciou todo o modo de pensar e de investigar a natureza e o ser humano no ocidente. Períodos da Filosofia Antiga ● Período pré-socrático (séc. VI-V a.C.): busca pela origem das coisas e do mundo, estudo da natureza (physis), entendimento do cosmos e estudo da geometria; ● Período socrático (séc. V-IV a.C.): o foco passou para os seres humanos, a essência, os valores, a busca pela verdade e desenvolvimento do pensamento metafísico; ● Período pós-socrático ou Helenismo (do séc. III a.C. ao início da era cristã): as questões se curvam para os problemas morais e éticos, deixando um pouco de lado as questões da natureza e da metafísica. (Escola de Atenas, afresco de Rafael Sanzio, 1509-1511) Mitologia na Grécia Antiga Mitos eram narrativas orais, contados de pais para filhos, gerações para gerações, utilizadas pelos gregos antigos para explicar fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, não eram compreendidas por eles. Os mitos tinham um caráter simbólico e explicativo, tentando explicar a origem da humanidade e questões morais por meio de personagens sobrenaturais, sendo uma forma de conhecimento não racional da antiguidade grega. Eram usados para explicar os fenômenos da natureza, a origem do mundo e dos seres humanos. Os mitos tentavam explicar questões como: Por que existe o dia e a noite? Por que acontece um trovão? Por que chove? De onde vieram os males? Exemplos de Mitologia Medusa era uma figura representada por uma mulher com enormes serpentes na cabeça, que tranformava em pedra qualquer pessoa que olhasse diretamente em seus olhos. Sísifo, por ser rebelde, foi condenado por toda a eternidade a rolar uma pedra grande com suas mãos até o alto de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente abaixo. Pandora foi uma mulher encantadora, a ela foi entregue uma caixa que conteria as coisas mais maravilhosas do mundo, porém ela nunca deveria ser aberta. Cheia de curiosidade ela abriu a caixa e dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. (Hércules e Atena, cerâmica grega, 480-470 a.C.) Surgimento da Filosofia A partir do século V a.C., os gregos tiveram novas experiências que modificaram suas formas de vida, como a convivência em espaço público, o desenvolvimento do comércio e as viagens comerciais. Neste período, as cidade se constituíra da união de seus membros para uma vida coletiva. Essas novas experiências geraram questionamentos sobre a veracidade dos mitos. Aquilo que todos consideravam verdadeiro foi colocado em dúvida, as crenças tradicionais foram questionadas. O surgimento da filosofia como forma de pensamento é fruto do espanto e da admiração, a filosofia não aceita passivamente as imposições do mundo sem antes investigá-las e questioná-las. Pré-Socráticos, os primeiros filósofos Os primeiros filósofos foram chamados de pré-socráticos, pois antecederam a Sócrates. Eles tentavam explicar as mesmas questões que os mitos antes explicavam, os fenômenos da natureza e a origem das coisas, porém não mais utilizando de histórias fantásticas, mas por meio da razão. Eles também eram chamados filósofos da physis, ou da natureza, como uma realidade primeira, originária e fundamental. Pois eles buscavam compreender o que é primário, fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório. Tales de Mileto (624-546 a.C.) ● Considerado o primeiro filósofo do ocidente; ● Foi filósofo, matemático, astrônomo, político, filho de pais ricos e nobres; ● Acreditava que a água era o elemento que formava todas as coisas; ● Segundo ele, encontramos água em todos os lugares, ao furar o solo, no tronco das árvores, nas nascentes dos rios. ● Se a água está em tudo, então é porque ela forma tudo. Tales de Mileto (624-546 a.C.) ● Tales observou a natureza e os padrões similares; ● Percebeu que a natureza tinha leis que não eram regidas pelos deuses, mas que poderiam ser estudadas e utilizadas em nosso benefício; ● Foi a primeira pessoa na história a prever um eclipse; ● Ele foi também comerciante de sal e de azeite de oliva, ele previu uma boa safra de azeitona, com isso comprou muitas prensas, sua previsão funcionou e ele ganhou um bom dinheiro com isso; ● Com isso provou que o conhecimento teórico tinha um valor prático, tornando a filosofia uma atividade respeitada; ● Tales foi também o pai da geometria, medindo a altura das pirâmides relacionando com o tamanho da sombra projetada. Pré-Socráticos ● Tales de Mileto ● Anaximandro de Mileto ● Heráclito de Éfeso ● Parmênides de Eléia ● Pitágoras de Samos ● Demócrito de Abdera ● Diógenes de Apolônia Sofistas Os sofistas eram mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas e discursos para atrair estudantes e cobravam taxas para oferecer-lhes conhecimento. O grande objetivo de seus ensinamentos era o discurso, com foco em estratégias de argumentação. Eles foram por muito tempo mal vistos pelos historiadores de filosofia, tidos como exploradores do conhecimento ou falsos filósofos, porém os pensamentos que eles desenvolveram agrega muito para a filosofia como um todo, principalmente por questionarem o que é o verdadeiro e admitir a possibilidade de diferentes concepções de verdade, não somente uma única. Protágoras de Abdera Protágoras de Abdera (aprox. 490 a.C.-415 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas da Grécia Antiga. A base de sua filosofia está em sua frase: "o homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são". Para ele, a medida significava o julgamento e as coisas eram os fatos e experiências de cada pessoa. Ele nega a existência de um critério absoluto para julgar os fatos e pessoas, o critério para diferenciação torna-se o homem, cada homem. O homem era resultado do julgamento que faz dos fatos e de suas experiências. Sócrates de Atenas (469-399 a.C.) Sócrates foi o principal filósofo da antiguidade, viveu em Atenas, na Grécia e não deixou nada escrito. Ele não fundou nenhuma escola filosófica, mas debatia suas reflexões em praça pública. Por conta de sua consciência crítica e gerar questionamentos aos cidadãos, foi acusado por não acreditar nos deuses e corromper os jovens. Foi condenado à morte e aceitou sua condenação,estando coerente com seus princípios. Dialética e Maiêutica QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO: -O que é bom? -O que é justiça? -O que é verdade? TESE X ANTÍTESE = SÍNTESE (ideia inicial) (contraponto) (resultado) MAIÊUTICA = Parir ideias. Platão de Atenas (428-348 a.C.) Platão foi filósofo e matemático, fundador da Academia de Atenas, a primeira instituição de ensino superior do ocidente. Sua Academia tinha como objetivo as investigações filosóficas e preparar as pessoas para uma atuação na política baseada na verdade e na justiça. A proposta filosófica da Academia não se tratava numa mera transmissão de conhecimentos estabelecidos, mas um esforço para buscar a verdade, uma investigação aberta, em permanente construção e transformação. Uma filosofia em seu sentido de amor à sabedoria. O mundo das ideias Platão era interessado na metafísica, nas essências, no teórico e no que não pode ser visto, que é basedado na matemática. Ele entendia que haviam dois mundos, o mundo das ideias e o mundo das aparências. Segundo ele, o mundo que vivemos é apenas um mundo aparente, uma falsa realidade que nos oculta o mundo real, que nos impede de conhecer as coisas como realmente são. E o real é o mundo ideal de Platão, onde estão todas as essências verdadeiras, que é acessível apenas por meio da razão. Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) Aristóteles nasceu em Estagira, foi aluno de Platão e tutor de Alexandre, o Grande. Aristóteles é um dos filósofos mais influentes da antiguidade e precursor da filosofia ocidental. Sua obras tratam de variados assuntos, desde a metafísica até a música, governo, física e poesia. Ele defendeu a ideia de que é possível fazer ciência sobre o real e concreto, por meio de definições e conceitos que permanecem inalterados. Aristóteles Segundo Aristóteles, o Universo é um todo ordenado por leis constantes e imutáveis, sendo que essa ordem não rege apenas fenômenos da natureza, mas também os de ordem política, moral ou estética. Ele rejeitou a teoria das ideias de Platão, pois ela não explica o movimento e mudança das coisas. Segundo ele a filosofia é abandonar o senso comum e despertar a consciência crítica, dando lugar ao espanto, sendo este a origem do filosofar. Ato e potência: o ato é o fim a ser atingido pela potência. “Foi por conta do espanto e do assombro que os homens começaram a filosofar e, pelo mesmo motivo, filosofam até hoje” (Aristóteles) Referências ● ABRÃO, Bernadette. História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. ● ARANHA, MARTINS. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. ● BOTELHO, José F. A Odisséia da Filosofia: uma breve história do pensamento ocidental. São Paulo: Abril, 2016. ● CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. ● COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos da Filosofia. Saraiva: São Paulo, 2013. ● DE SOUSA, José Cavalcante. Os Pré-Socráticos. São Paulo: Ática, 1991. ● JAPIASSÚ, MARCONDES. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. ● REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. ● WARBUTON, Nigel. Uma Breve História da Filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2012. ● WATANABE, Lígia Araujo. Platão por mitos e hipóteses. Moderna, 1995. por Bruno Carrasco Psicoterapeuta existencial, educador e arteterapeuta. Graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia e especializado em Psicoterapia Fenomenológico-Existencial, possui formação em Educação Participativa e Arteterapia. Em seu trabalho valoriza de cada pessoa em seu modo de ser singular, colaborando para lidar com suas dificuldades e ampliar suas possibilidades de escolha. Acredita na liberdade de cada um ser como é ou como deseja ser, colaborando para a ampliação e potencialização de sua existência.
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