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DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 2 – Direito Empresarial Prof. Antonio Nóbrega Prezado candidato, prosseguiremos com nossos estudos sobre Direito Empresarial. O tema de hoje é Direito Societário, o qual, devido a sua extensão, será dividido em duas aulas. Nesta primeira etapa, trataremos da teoria geral do Direito Societário, falaremos sobre os sócios, a sociedade limitada e outros tipos societários menores, além de outros temas, como no roteiro abaixo. Manteremos nosso padrão didático de exposição, com teoria e exercícios comentados. Lembramos ao candidato que é importante a leitura da própria legislação. Muitas vezes, a resposta certa de uma questão de concurso é o texto literal de uma norma legal. Na aula de hoje, trabalharemos unicamente com o Código Civil, enquanto que, na próxima aula, o assunto concentrar-se-á na Lei das Sociedades Anônimas. ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 1. Sociedade empresária: teoria geral e conceitualização. 1.1. Terminologia 2. Sociedades personificadas e sociedades não personificadas: 2.1. Personalidade jurídica da sociedade empresarial. 2.2. Sociedade irregular: a sociedade em comum. 2.3. Sociedade em conta de participação. 3. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica e a desconsideração inversa. 4. Regime jurídico dos sócios, diretores e administradores. 4.1. Regime jurídico dos sócios. 4.2. Regime jurídico dos administradores. 5. Classificação das sociedades empresárias: 5.1. Sociedade simples. 5.2. Sociedade limitada. 5.3. Sociedade em nome coletivo. 5.4. Sociedade em comandita simples. 5.5. Sociedade em comandita por ações. 6. Dissolução e extinção das sociedades. 7. Exercícios. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 1. Sociedade empresária: teoria geral e conceitualização O Código Civil, em seu art. 44, dispõe que há cinco tipos de pessoas jurídicas de direito privado: associações, fundações, sociedades, partidos políticos e organizações religiosas. As sociedades privadas são o resultado da união de duas ou mais pessoas para a realização de fins econômicos comuns, com escopo negocial, resultando na criação de um ente de personalidade jurídica própria. Nesta direção, o art. 981 do Código Civil, prevê que: Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. As sociedades podem se dividir em duas espécies no ordenamento jurídico vigente: simples e empresária. A primeira é aquela que explora atividades específicas, como as intelectuais, rurais, pequenos negócios ou que apresente uma estrutura organizacional simplificada, não caracterizando o exercício da atividade empresaria. As sociedades empresárias, conforme arts. 982 e 966 do Código Civil - CC, são aquelas que exercem atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Como vimos na aula passada, o aspecto mais importante deste tipo de sociedade é o desenvolvimento de uma estrutura organizacional empresarial para exercer atividade econômica, ou seja, a produção e/ou circulação de bens e/ou serviços. O argumento parece circular, mas basta lembrarmos da lição anterior e recapitularmos que organização empresarial é sinônimo de organização de fatores de produção. Assim, da mesma forma que um profissional liberal não é um empresário, uma sociedade de profissionais liberais não é uma sociedade empresarial, pois não organiza fatores de produção. Vejamos o que diz o Código Civil: Art. 966, Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 Isto é o que distingue uma sociedade empresária de uma sociedade simples. Não é o lucro, pois como vimos, no art. 981, toda sociedade tem objetivo econômico e seus sócios partilham os resultados — isto é, os lucros. O objetivo econômico é o que distingue uma sociedade de uma associação. O que distingue uma sociedade empresária de uma simples é a organização empresarial, isto é, a organização dos fatores de produção. É muito importante que o prezado candidato tenha isto em mente. As sociedades empresariais podem se subdividir em variados tipos, com regras diferenciadas, considerando-se o grau de responsabilidade dos sócios, a participação dos mesmos na atividade da empresa, a forma de constituição, etc. O regime legal aplicado a estas diferentes modalidades de pessoas jurídicas algumas vezes coincide em determinados pontos, considerando as disposições do Código Civil. Contudo, na maior parte do tempo, notadamente em relação às sociedades anônimas e limitadas, as quais apresentam maior destaque dentro do cenário nacional, devem ser observadas regras específicas, que consideram justamente a natureza do vínculo estabelecido entre os sócios e o modo como a empresa irá desenvolver suas atividades. Com o advento do Código Civil no ano de 2002, a maior parte das normas relativas às sociedades simples e às sociedades empresárias passou a ser encontradas naquele estatuto. Note, inclusive, que a disciplina das sociedades simples (arts. 997 ao 1.038 do CC) se aplica subsidiariamente às sociedades em nome coletivo, comandita simples e limitadas, de acordo com os arts. 1040, 1.046 e 1.053, respectivamente, da já referida lei, e por isso será objeto de nossos estudos. No tocante às sociedades anônimas, o Código Civil foi de certa forma econômico, apresentando somente dois artigos. O art. 1.088 reza que, em tal tipo societário, o “capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.” Uma das principais características que a diferenciam de outros modelos societários é apresentada no texto do artigo supracitado: a responsabilidade do acionista é limitada ao preço que prometeu pagar à sociedade. Adiante falaremos mais deste assunto. O art. 1.089 estatui que a sociedade anônima “rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste código.” Ou seja, há previsão específica para que a regra insculpida ao longo do Código Civil ocorra de forma subsidiária. A lei específica que se refere o artigo supracitado é a Lei 6.404/76, que será mencionada mais a frente. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 1.2. Terminologia Com o objetivo de facilitar a compreensão dos termos que serão utilizados durante esta aula, vamos aprender alguns conceitos relevantes para o estudo do Direito Societário. Capital Social - Para que as sociedades empresárias possam operar, é necessário que disponham de recursos, os quais, em regra, são obtidos junto aos próprios sócios. O capital social é, de forma resumida, o montante do resultado dessa transferência do patrimônio dos sócios para o patrimônio da sociedade. Podemos afirmar que capital social é igual ao patrimônio? A resposta para tal questionamento é negativa. Utilizando a lição do professor José E. Tavares Borba, podemos afirmar que “o capital é um valor formal e estático, enquanto o patrimônio é real e dinâmico. O capital não se modifica no dia-a-dia da empresa — a realidade não o afeta, poisse trata de uma cifra contábil”. Com efeito, pode-se afirmar que quando se iniciam as operações da companhia há alguma equivalência entre o capital social e o patrimônio. Posteriormente, pode haver uma flutuação negativa ou positiva neste patrimônio, mas o capital continuará o mesmo constante no estatuto. Integralização e Subscrição - A subscrição é uma promessa, um compromisso de contribuir com certa quantia para a sociedade. A integralização é a efetiva contribuição prometida pelo acionista para formação do capital social. Tais conceitos serão tratados novamente quando debatermos as responsabilidades dos sócios. Objeto Social – o objeto social indica o tipo de empreendimento que a sociedade irá realizar, demarcando-lhe seu âmbito de atuação. É necessário registrar que, não obstante ser facultado à sociedade deixar de exercer parte das atividades constantes em seu objeto social, a atuação fora daqueles parâmetros poderá gerar consequências jurídicas. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 Neste diapasão, a teoria ultra vires inspirou a regra consignada no inciso III, do parágrafo único do art. 1015 do Código Civil, que prevê que o excesso por parte dos administradores poderá ser oposto a terceiros diante de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. Domicílio – Domicílio é o local onde funciona a administração da sociedade ou aquele que for indicado no estatuto ou contrato social, nos termos do inciso IV, do art. 75 do CC. Sócio – Uma pessoa (pode ser jurídica ou física) que contribui para a formação do capital de uma sociedade e, em razão disto, terá certos deveres e direitos, dentre estes, por exemplo, o direito de participação nos resultados da sociedade. Há dois tipos de sócios. Os sócios investidores são aqueles que participam apenas na formação do capital e não com trabalho. Já os sócios empreendedores são aqueles que trabalham — no sentido amplo, não que tenham um contrato de trabalho — na administração da sociedade. Esta distinção será importante na caracterização de algumas sociedades, como veremos. Sociedades de pessoas e sociedades de capital – As sociedades de pessoas são aquelas cujos sócios tem importância fundamental na sociedade: diz-se haver affectio societatis entre os sócios. Por isso, um sócio não pode alienar suas quotas sem a anuência dos outros sócios. O melhor exemplo de sociedade de pessoas é a sociedade em nome coletivo. Nas sociedades de capital, a pessoa dos sócios não influi na sociedade, mas apenas seus investimentos. Em razão disto, um sócio pode alienar livremente suas ações. As sociedades anônimas são o exemplo clássico deste tipo de sociedades, por isso, não à toa, têm este nome. Sociedades contratuais e sociedades institucionais – As sociedades contratuais são aquelas cujo vínculo entre os sócios é um contrato social. Isto significa que eles possuem uma ampla autonomia para pactuar o que for melhor de acordo com seus interesses. Exemplo de sociedade contratual é uma sociedade limitada. Já uma sociedade institucional, o ato constitutivo é um estatuto social e a autonomia das vontades dos sócios é bem reduzida, pois a interferência do DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 legislador é muito grande. Pode-se dizer que estas sociedades são instituições e o melhor exemplo delas são as sociedades anônimas. Nacionalidade da sociedade – O art. 1.126 dispõe que “é nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração”. Assim, não importa a nacionalidade dos sócios ou a origem do capital. Se a sociedade possuir estas características, será brasileira. Caso contrário, será uma sociedade estrangeira e necessitará de autorização para funcionar no Brasil. Autorização para funcionamento – Embora a Constituição tenha consagrado o regime da livre iniciativa, certas sociedades nacionais, além das estrangeiras, necessitam de autorização do poder executivo para funcionar. São exemplos destas sociedades as empresas financeiras, de meios de comunicação, de transporte aéreo, entre outras. 2. Sociedades personificadas e sociedades não personificadas 2.1. Personalidade jurídica da sociedade empresarial É possível afirmar que a consequência mais relevante da formação de uma sociedade comercial é o nascimento de sua personalidade jurídica, transformando-se em um novo ser, que pode ser titular de direitos e obrigações, com um nome, domicílio e nacionalidade. Além disso, passa a possuir patrimônio próprio, distinto das pessoas que participaram de sua constituição. Ressalte-se que as pessoas jurídicas diferem dos chamados entes despersonalizados (espólio, massa falida etc.). A principal distinção entre estas espécies jurídicas reside no fato de que, enquanto as primeiras têm autorização genérica para a prática dos atos jurídicos, as segundas só podem praticar os atos essenciais previstos em lei para o seu funcionamento. A formação da personalidade jurídica das sociedades ocorre com a inscrição no respectivo registro, nos termos dos arts. 45 e 985 do Código Civil. Assim, a sociedade empresária adquirirá personalidade jurídica após o arquivamento de seus contratos ou atos constitutivos na Junta Comercial. Frise-se que parte da doutrina entende que o encontro da vontade dos sócios já seria suficiente para criação da personalidade jurídica. José Edwaldo Tavares Borba afirma que embora, “segundo o Código Civil, as sociedades só DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 adquiram personalidade com a inscrição no registro próprio (art. 985), na verdade adquirem-na com a sua constituição, tanto que terceiros podem provar a existência da sociedade não inscrita” (art. 987). Data venia ao ilustre doutrinador, esta afirmação não está totalmente correta. Ele está falando de um ente despersonificado, que se chama sociedade em comum e o que os terceiros poderão provar é a existência da sociedade e não a existência da pessoa jurídica, que são conceitos que não se confundem. Provando esta existência, esta sociedade terá tanta personalidade quando um espólio, um condomínio ou uma massa falida. Ela poderá ser parte de um processo, assim como estes outros entes, mas que também não possuem personalidade jurídica. Vejamos o que diz o Código de Processo Civil: Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: [...] VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens [...]. Como se pode ver claramente, o Direito discrimina claramente uma pessoa jurídica — criação da lei — de uma sociedade — um fato social — sem personalidade jurídica. O que o ilustre doutrinador supra parece pretender é posicionar-se de acordo com a teoria realista das pessoas jurídicas, pela qual estas possuem realidade anterior ao Direito e este deve apenas reconhecê-las. A esta teoria opõe-se a teoria da ficção, pela qual as pessoas jurídicas são meras criações intelectuais humanas e, para o mundo jurídico, só adquirem esta personalidade na forma da Lei. Tudo o que o prezado candidato precisa guardar é que o Direito Brasileiro adotou um posicionamento misto em relação a esta teoria: � O Direito reconhece sociedades como produto dos fatos sociais e estas sociedades podem ser partes eu um litígio, tanto ativa quanto passivamente (teoria realista). � O Direito só concedepersonalidade jurídica às sociedades que se constituírem de acordo com as formalidades da Lei (teoria da ficção). DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 Porém, o Direito Brasileiro adota a teoria da ficção, no que concerne os benefícios da atividade empresarial, e uma sociedade não personalizada poderá até atuar, mas será uma sociedade irregular. É o que veremos a seguir. AS PESSOAS JURÍDICAS TÈM AUTORIZAÇÃO GENÉRICA PARA A PRÁTICA DOS ATOS JURÍDICOS, ENQUANTO OS ENTES DESPERSONALIZADOS SÓ PODEM PRATICAR OS ATOS PREVISTOS EM LEI. CONFORME DISPOSIÇÃO DO CÓDIGO CIVIL, A PERSONALIDADE JURÍDICA SE INICIA COM A INSCRIÇÃO NO RESPECTIVO REGISTRO. 2.2. Empresário irregular De acordo com o texto lapidado no art. 986 do Código Civil, “enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples”. Destarte, tais sociedades encontram-se em situação irregular. Adotando a nomenclatura apresentada pelo Código Civil, tais sociedades devem ser chamadas de sociedades em comum. Optamos por tratar deste assunto neste capítulo, justamente pela ligação com a questão da personalização das sociedades. Essa irregularidade gera algumas consequências previstas no ordenamento jurídico, sendo a principal delas a impossibilidade dos sócios se beneficiarem da limitação de responsabilidade, tendo em vista o disposto no art. 990 do Código Civil, que prevê que todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. É relevante notar que aquele sócio que contratou em nome da sociedade em comum fica excluído do benefício previsto no art. 1024 do CC, segundo o qual os bens dos sócios só poderiam ser executados após a execução dos bens da sociedade. Ou seja, aquele que contrata em nome sociedade irregular pode ter seus bens executados antes ou em conjunto com os da sociedade. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 Como vemos no art. 987, terceiros podem provar a existência da sociedade comum por qualquer meio admitido em direito. Já para os sócios, vigora a regra de que, entre si ou com terceiros, a existência da sociedade deve ser provada por escrito. Pode-se destacar que as sociedades em comum também não terão acesso à recuperação judicial, nem terão autorização para requerer falência, nos termos da legislação falimentar. Como podemos ver, a Lei reconhece as sociedades como fato social — teoria da realidade — apenas para beneficiar terceiros. O reconhecimento desta existência apenas força que os sócios desta empresa regularizem sua atividade, de modo que sua personalidade jurídica seja reconhecida e tenha os benefícios concedidos pela Lei — adequando-se a teoria da ficção. 2.3. Sociedades em Conta de Participação O primeiro ponto importante que o prezado candidato deve guardar, ao estudar a sociedade em conta de participação, é que esta, apesar do nome, não é um tipo societário, mas um contrato. Ao contrário de uma sociedade em comum que pode vir a regularizar-se, a sociedade em conta de participação nunca terá personalidade jurídica. O art. 981 do Código Civil prevê que na “sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente Responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios Podem ser demandadas em juízo, mas não podem propor ações Terceiros podem provar sua existência por qualquer meio admitido em direito, já os sócios devem provar por escrito Sociedades em Comum Não terão acesso à recuperação judicial, nem terão autorização para requerer falência DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes”. Com efeito, na sociedade em conta de participação existem dois tipos de sócios: o ostensivo e o oculto. O primeiro, também chamado de operador, é aquele que negocia com terceiros, contratando sob o seu nome e responsabilidade. Já o sócio oculto, conhecido também como participante, é aquele que fornece capital ao sócio ostensivo para aplicação em empreendimentos de interesse comum. Nos contratos celebrados com o sócio ostensivo, não há necessidade de que os terceiros tenham ciência de que o negócio é explorado na forma de conta de participação, já que, diante desses, o único interessado no empreendimento é aquele sócio operador, que contratou em nome próprio. Deste modo, como a sociedade em conta de participação não se revela diante de terceiros, eventuais demandas ajuizadas em face do sócio ostensivo por eventuais descumprimentos contratuais não poderão se estender aos sócios participantes. Os sócios ocultos só respondem aos sócios ostensivos, e, ainda assim, dentro dos contornos delineados no contrato de conta de participação, nos termos da regra positivada no parágrafo único do art. 981 do Código Civil. Complementando o que já foi dito na introdução, ainda que o instrumento de celebração da sociedade em conta de participação tenha sido inscrito no respectivo registro, tal sociedade não adquirirá personalidade jurídica (art. 993). A sociedade em conta de participação não tem patrimônio próprio, já que os recursos do sócio oculto são entregues ao sócio ostensivo e, junto com o patrimônio deste, passam a ser considerados patrimônio especial (art. 994). Saliente-se que tal especialização, de acordo com o §1º do art. 994, só produz efeitos em relação aos sócios. Ou seja, o sócio ostensivo responderá com seu patrimônio perante terceiros. Ocorrendo a falência do sócio ostensivo, ocorrerá a “dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário” (§2º do art. 994). Caso a falência seja do sócio oculto, o “contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido” (§3º do art. 994). Na linha do que foi debatido acima, denota-se que terceiros não serão afetados de modo direto pela falência do sócio oculto. As regras atinentes às sociedades simples aplicam-se, no que couber, às sociedades em conta de participação. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 Alguns autores chamam a sociedade em conta de participação de sociedade secreta, enquanto outros consideram que ela é apenas um contrato especial de investimento, não sendo uma sociedade, por não ter personalidade jurídica. Pelo que já vimos, pensamos ser mais correto considerar que ela é uma sociedade, enquanto fato social, mas, juridicamente, é um contrato e não um tipo societário, pois este requer personalidade jurídica. 3. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica e a desconsideração inversa Candidato, conforme vimos acima, no momento em que uma sociedade adquire personalidade jurídica distinta da dos sócios, passa a ter obrigações e deveres em seu nome, além de possuir patrimônio próprio. Para evitar abusos por parte dos sócios na utilização desta ficção jurídica, foi desenvolvida uma teoria que permite a desconsideração da personalidade jurídica em relação a certos atos, para atingir a responsabilidade, no âmbito patrimonial, dos sócios. É importantenotar que esta situação excepcional, e que ocorrerá somente em situações específicas, não tem como escopo a declaração de nulidade da Dois sócios: oculto e ostensivo Só o sócio ostensivo se obriga perante terceiros Ainda que ocorra registro, tal sociedade não adquira personalidade jurídica Sociedades em Conta de Participação Os recursos do sócio oculto são entregues ao sócio ostensivo e junto com o patrimônio passam a ser considerados patrimônio especial Aplica-se subsidiariamente as regras relativas às sociedades simples DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 personificação da sociedade, mas sim sua ineficácia para determinados atos. Busca-se, desta forma, a preservação do instituto, com a separação do patrimônio da sociedade e dos sócios, medida que, de certa maneira, limita a perda destes últimos e incentiva o investimento em novos negócios. Apesar de não tratar especificamente da desconsideração da personalidade jurídica, o Código Civil, em seu art. 50, apresenta a seguinte norma1: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. O artigo em comento apresenta, assim, duas hipóteses em que estará caracterizado o abuso na utilização do instituto da personalidade jurídica: desvio de finalidade e confusão patrimonial. Destarte, a utilização fraudulenta e abusiva da sociedade — como, por exemplo, no caso do uso de recursos da sociedade para pagamento de despesas particulares dos sócios ou, ainda, realização de empreendimentos estranhos ao objeto social para atender a interesses particulares destes —, gerará a desconsideração de sua personalidade jurídica, possibilitando que o patrimônio dos sócios seja momentaneamente atingido. Ao abordar este tema, Rubens Requião assevera que, ao discutir o assunto, os Tribunais “declaram que não põem dúvida na diferença de personalidade entre a sociedade e os seus sócios, mas no caso específico de que tratam, visam a impedir a consumação de fraudes e abusos de direito cometidos através da personalidade jurídica (...)”. Registre-se que certas hipóteses permitem que os sócios sejam responsabilizados pelas obrigações contraídas pela sociedade, sem que haja necessidade de má-fé ou dolo, como no caso em que há responsabilidade ilimitada, conforme o art. 990 do Código Civil. Neste caso, não há de se falar em desconsideração da personalidade jurídica. 1A desconsideração da personalidade jurídica também é citada em outros diplomas legais, como no art. 28 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), no art. 18 da Lei 8.994/94 e no art. 4º da Lei 9.605/98. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PERMITE QUE, EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, A AUTONOMIA PATRIMONIAL DAS SOCIEDADES SEJA AFASTADA, RESPONSABILIZANDO-SE OS SÓCIOS. Um problema grave é o parágrafo 5º do art. 28 do Código de Defesa do Consumidor: Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Uma boa parcela de autores considera que esta norma põe em risco o princípio da autonomia patrimonial, pois considera que mero prejuízo do credor possa causar a desconsideração da pessoa jurídica. A criação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica nunca teve este objetivo, mas evitar fraudes. Adotar esta postura é praticamente eliminar a limitação da responsabilidade, o que pode causar sérios entraves econômicos ao empreendedorismo de um país. Este raciocínio vem sendo estendido à jurisprudência trabalhista, causando os mesmos problemas. Por fim, há também a chamada teoria da desconsideração inversa. Esta ocorre quando os bens da pessoa jurídica são utilizados para saldar dívidas de um ou mais sócios. Esta teoria é muito utilizada no Direito de Família, quando um dos cônjuges desvia bens pessoais para uma pessoa jurídica, com o intuito de fraudar uma partilha ou prestação de alimentos. Da mesma forma que ocorre com o Direito do Consumidor, esta regra tem que ser utilizada com cautela, pois o objetivo é evitar fraudes e não meros prejuízos. Porém, o Enunciado 283 do CJF acolhe esta teoria: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. 4. Regime jurídico dos sócios, diretores e administradores DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 4.1. Regime jurídico dos sócios O regime jurídico dos sócios é um importante traço diferencial nos variados tipos de sociedades previstos em nossa legislação. Além disso, a espécie de sócio também tem relevância para determinar a extensão de sua responsabilidade. Poderíamos optar por estudar tal tópico junto com cada tipo societário que será debatido em seguida, contudo, o regime jurídico dos sócios é bastante unificado em nosso ordenamento, sendo mais fácil tratá-lo como um assunto integrado, ressalvando as eventuais diferenças. A exceção ocorre nas sociedades por ações, o que será tratado na próxima aula. Como vimos anteriormente, quando a sociedade adquire personalidade jurídica passa a ser sujeito de direitos e obrigações, com patrimônio distinto dos sócios. A sociedade responde ilimitadamente pelas suas obrigações, não sendo possível, em regra, demandar dos sócios valores por ela devidos. Essa separação patrimonial é um importante instrumento de incentivo à exploração de atividades econômicas, já que fornece certa garantia de que o patrimônio do sócio investidor não será dilapidado por dívidas contraídas em nome da sociedade. Todavia, casos há em que, estando a sociedade impossibilitada de satisfazer seus credores, será possível acionar os sócios. Nesta hipótese estaremos diante da responsabilidade ilimitada dos sócios, como no caso das sociedades em comum e nas de nome coletivo. Neste passo, é oportuno notar a regra do art. 1024, que se aplica às sociedades em comum nos termos do art. 990 e às sociedades em nome coletiva de acordo com a letra do art. 1040, determina que “os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. Ou seja, nestes casos, para que os sócios respondam com seu patrimônio por dívidas contraídas pela sociedade, é necessário que ocorra a insolvência desta pessoa jurídica, tendo em vista que se trata de responsabilidade subsidiária. Frise-se, contudo, que o próprio art. 990 apresenta uma hipótese em que não há necessidade do esgotamento do patrimônio social para que os bens do sócio sejam atingidos. Com efeito, no caso de sociedades irregulares, o sócio que contratou pela sociedade fica excluído do benefício de ordem previsto no art. 1.024. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 E como funciona a responsabilidade dos sócios e acionistas das sociedades limitadas e anônimas, principais espécies societárias de nosso ordenamento jurídico? Na realidade,em ambos os casos os sócios respondem limitadamente. Na sociedade limitada, conforme regra estatuída no art. 1.052 do Código Civil, apesar da responsabilidade dos sócios ser restrita ao valor de suas quotas, todos respondem solidariamente pela integralização do capital (lembram-se do conceito de integralização de capital?). Desta forma, pode-se afirmar que o limite de responsabilidade dos sócios em uma sociedade limitada é o total do capital subscrito e não integralizado. Assim, a título exemplificativo, caso três sócios (A, B e C) subscrevam o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para a formação de uma sociedade e o sócio C não integralize este valor, os dois sócios restantes, além de estarem obrigados a integralização de suas respectivas quotas naquele valor, também são solidariamente obrigados pela integralização do capital referente ao sócio que não cumpriu sua promessa. Desta forma, de modo simplificado, caso esta sociedade responda a uma ação judicial e não tenha bens para adimplir com um pagamento, pois somente possui capital social de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), referente ao capital integralizado pelos sócios A e B, o credor poderá demandar de ambos os R$ 30.000,00 (trinta mil reais) restantes não integralizados pelo sócio C. Nas sociedades anônimas o quadro é diferente. Em regra, o acionista responde somente pela sua parte no capital social, ou seja, pela integralização do preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, nos termos do art. 1º da Lei 6.404/76, não tendo responsabilidade pessoal pelas dívidas da sociedade. As sociedades em comanditas simples e as sociedades em comandita por ações apresentam sócios em diferentes condições, em que somente alguns têm responsabilidade ilimitada. No tocante às sociedades em comanditas simples, o art. 1.045 do Código Civil reza que naquela espécie societária “tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota”. Já em relação às sociedades em comanditas por ações, deve-se atentar para a norma consignada no art. 1091, segundo a qual “somente o acionista DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade”. No caso de sociedade simples, os sócios respondem de modo subsidiário no caso de insolvência da sociedade, na proporção em que participaram das perdas, salvo cláusula de responsabilidade solidária, nos termos do art. 1.023. Todavia, considerando que o inciso VIII do art. 997 prevê que o contrato escrito deverá mencionar “se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais”, é possível que a sociedade simples opte pela responsabilidade limitada dos sócios. Porém, para isso, deverá organizar-se como sociedade limitada. Apesar de parecer confuso, isto ficará claro quanto tratarmos de cada espécie societária, em separado. SOCIEDADE LIMITADA: A responsabilidade dos sócios é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital. SOCIEDADES ANÔNIMAS: O acionista responde somente pela integralização do preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. SOCIEDADES EM COMUM E EM NOME COLETIVO: Responsabilidade ilimitada. SOCIEDADES EM COMANDITA SIMPLES E EM COMANDITAS POR AÇÕES: Regime misto de responsabilidade. SOCIEDADES SIMPLES: O contrato deve dispor sobre a responsabilidade dos sócios. Ainda no que diz respeito às responsabilidades dos sócios, é importante notar o disposto no art. 1080 do CC. De acordo com o teor daquele dispositivo DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 legal, “as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram”. Deste modo, utilizando o exemplo apresentado pelo Prof. Fabio Ulhoa, caso o contrato social proíba a sociedade de prestar fiança e os sócios autorizam a concessão de tal garantia, “esses sócios são responsabilizáveis pelas obrigações sociais de fiador. O credor da sociedade pode cobrar dos sócios participantes da deliberação irregular, diretamente, o valor afiançado.” Ressalte-se que, conforme lição do celebrado mestre, “na sanção às irregularidades praticadas na sociedade limitada, a responsabilização do sócio não depende do prévio exaurimento do patrimônio social”. Outra disposição legal que merece nossa atenção é relativa à responsabilidade do sócio que ingressa em sociedade já constituída. Com efeito, conforme o estatuído no art. 1.025, “o sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas sociais anteriores à admissão”. Como este sócio se beneficiará dos negócios e dos investimentos feitos antes de sua admissão, nada mais justo que responda por eventuais débitos contraídos em operações anteriores. Portanto, candidatos, muito cuidado. Caso queiram ingressar como sócio em uma sociedade já constituída, verifiquem o passivo da empresa! Por outro lado, tratando-se da responsabilidade do sócio que se retira da sociedade, vale atentar ao parágrafo único do art. 1003, que dispõe que “até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio”. Desta forma, o sócio que cede sua participação, ficará vinculado juntamente com o cessionário que ingressou na sociedade, pelas obrigações até o momento de sua retirada. Frise-se que esta vinculação ocorre pelo período determinado de dois anos. O art. 1032 também versa, porém de modo mais amplo, sobre a responsabilidade dos sócios nos casos de resolução em relação a um deles. Assim, nos casos de morte, retirada ou exclusão de sócio, este — ou seus herdeiros — ficará responsável pelas obrigações anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade. Isto, na proporção de seus quinhões de herança, pois, conforme a Constituição, ninguém pode herdar mais dívidas do que recebeu de herança. Nas hipóteses de retirada ou exclusão, a lei determina que haja também responsabilidade pelas obrigações posteriores, e pelo mesmo prazo de dois anos, enquanto não se requerer a averbação do ato que determinar a retirada DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 ou exclusão. Perceba que o biênio se refere o período em que a responsabilidade subsistirá. A responsabilidade limitada dos sócios poderia afastar a regra do art. 1.032 — dispositivo que se encontra no capítulo atinente às sociedades simples —, todavia, na esteira das palavras de Rubens Requião, o sócio “pode assumir, mesmo no caso de sociedades de responsabilidade limitada outras obrigações contratuais, de variada gama, ou ter responsabilidades por atos de gestão, por exemplo. Estas obrigações é que estariam contempladas pelo art. 1.032”. Além do dever de subscrever e integralizar o capital, e da responsabilidade que isto acarreta, um sócio não pode substituir-se de suas funções sem a autorização dos demais sócios: Art. 1.002. O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em modificação do contrato social. Ademais, as sociedades que iremos tratar nos tópicos seguintes — sociedade simples, sociedade limitada, sociedade em nome coletivo e sociedade em comandita simples —, não são sociedades de capital, masde pessoas. Como já deixamos claro quando introduzimos a terminologia o Direito Societário, nestas sociedades, a figura do sócio tem relevância na constituição da sociedade, pois há o affectio societatis — afeição de sociedade, em latim. Em razão disto, os sócios não podem alienar livremente suas quotas: Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio Como se vê, a regra é que qualquer alienação de quotas seja aprovada pelos demais sócios, pois estes não têm a obrigação de aceitar um estranho com o qual não possuam affectio societatis. Esta regra é um pouco atenuada nas sociedades limitadas: DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Neste tipo societário, os sócios podem estipular, no contrato social, que a alienação de quotas pode ser feita livremente e, mesmo sem esta estipulação, é preciso haver oposição de pelo menos um quarto do capital social para o veto. As sociedades em comandita simples são consideradas mistas pela doutrina: uma mistura de sociedade de pessoas e de capital. Alguns sócios são apenas investidores, assim, a lógica seria que poderiam ceder livremente suas quotas. Porém, não há nada expresso na lei que permita isto, logo, caso o candidato seja questionado se existe a possibilidade de alienar as quotas livremente, deverá responder que não. Já que os sócios não podem alienar suas quotas livremente, como ninguém pode ser obrigado a ser associado eternamente, conforme a Constituição — art. 5º, XX “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado” —, eles terão o direito de retirar-se da sociedade, caso esta seja por tempo indeterminado. Além disso, um sócio pode falecer e, como os remanescentes podem não ter affectio societatis com os herdeiros, suas quotas deverão ser liquidadas e seus valores repassados aos herdeiros. Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: I - se o contrato dispuser diferentemente; II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 Em ambos os casos, a situação é a mesma: calcula-se o valor da empresa e paga-se ao sócio ou os herdeiros o valor na proporção de suas quotas. Podem um ou mais sócios querer adquirir estas quotas, pagando suprindo o valor ou o capital social da sociedade ser reduzido: Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado. § 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota. § 2o A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. O mesmo ocorrerá quando for excluído judicialmente ou no caso de justa causa, quando o contrato permitir esta possibilidade: Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026[: O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação. Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação]. Quanto aos direitos dos sócios, todo tem o direito à participação nos resultados, sendo vedada qualquer estipulação contrária: DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 21 Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas. Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. As demais prerrogativas dos sócios variam conforme o tipo societário e serão tratados nos tópicos específicos. 4.2. Regime jurídico dos administradores Primeiramente, devemos distinguir os atos que necessitam de deliberação — o aspecto democrático das sociedades — e os atos nos quais uma ou um número reduzido de pessoas decidem o destino da empresa — de forma autocrática. A Lei ou o contrato social pode estipular situações em que seja necessária a deliberação de todos os sócios. Neste aspecto, quanto às sociedades de pessoas, o Código Civil distingue as demais sociedades da limitada. Quanto àquelas, há apenas uma regra: Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um. § 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital. § 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz. § 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto. Quanto às sociedades limitadas, iremos tratar do assunto em tópico específico. O que importa é que todo o sócio tem o direito de participar nas deliberações. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 Porém, devido à necessidade de certas decisões serem tomadas com celeridade, em toda sociedade há uma (ou algumas) figura(s) chamada(s) administrador(es). Estes administradores têm prerrogativas, mas também têm responsabilidades, que veremos agora. Novamente, o Código Civil distingue a administração das limitadas das demais sociedades de pessoas. Porém, nada impede que a regra geral complemente as lacunas das regras específicas. Por exemplo: Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suasfunções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios. É óbvio que o administrador das limitadas deve agir com probidade, embora esta regra esteja estampada no capítulo das sociedades simples, que serve de regra geral para todas as sociedades de pessoas. Porém, lendo os dois institutos, intui-se que cada seção que dispõe sobre administração caminha para lados distintos. A administração das sociedades simples, e que se aplica às sociedades em nome coletivo, tende a uma administração coletiva, enquanto a das sociedades limitadas prevê um número menor de administradores. Comparemos os dois institutos: Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios. Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado. Nas sociedades em comandita simples, como já dito, há sócios empreendedores e sócios investidores. Somente os empreendedores podem praticar atos de gestão: Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário [sócio investidor] praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 Tudo o que foi dito explica muito sobre a natureza destas sociedades: a sociedade em nome coletivo e a sociedade simples são típicas sociedades de pessoas; a sociedade em comandita simples és claramente mista; já a sociedade limitada é um tipo mais maleável, podendo tornar-se mais capitalista ou mais pessoal conforme a vontade dos contratantes. Assim, vamos tratar sobre estes regimes jurídicos dos administradores, ressaltando as diferenças de cada um. Convém recordar que aqueles que ocupam os cargos de administração das sociedades, ao praticarem os atos de gestão da empresa, o fazem em nome e por conta desta. As pessoas jurídicas não têm vontade própria, sendo necessário que atuem por meio de seus administradores. Nos termos da regra prevista no art. 1.015, “no silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir”. A responsabilidade daqueles que conduzem os rumos da sociedade desponta quando são desatendidos os deveres gerais dos administradores, conforme os dispositivos legais relativos ao tema. Em regra, os administradores não deverão ser responsabilizados por atos realizados em nome da sociedade, desde que atuem dentro de suas funções. Deste modo, o art. 1.016 reza que “os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções”. Evidencia-se que, afastando-se dos deveres de cuidado, lealdade e diligência (art. 1.011), e com uma atuação pautada pela imprudência, negligência ou imperícia, o administrador irá responder pessoalmente com seu patrimônio particular, perante a sociedade e terceiros eventualmente prejudicados. Neste passo, devemos recorrer a Lei das S.A. (Lei 6.404/76), que apresenta em seus arts. 153 e 155 regras gerais, que podem ser aplicadas àqueles que administram os mais diversos tipos societários. Mesmo não sendo Lei das S.A. subsidiária de todos os tipos societários, devemos lembrar que, segundo a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (antiga Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro — LICC), “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Ao abordar o dever de diligência, o art. 153 dispõe que o “administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios”. A definição é fluída, sendo recomendável, para seu pleno entendimento, a análise do caso concreto, para que possa se verificar se o administrador pautou sua atuação pelos padrões naturalmente exigíveis daqueles que participam da gestão dos negócios da companhia. Adiante, o art. 155 passa a discorrer sobre o dever de lealdade. Ao discorrer acerca do tema, o já citado mestre Rubens Requião afirma que “se o acionista se prende, por um dever ético, à sociedade, com muito mais força deve o administrador pautar sua atuação dentro de princípios de lealdade para com a empresa. Embora isso esteja implícito na conduta de qualquer pessoa dentro do grupo social em que vive e atua, a lei resolveu reiterar, como regra expressa, o dever de lealdade do administrador”. A lista de condutas que são vedadas pelo art. 155 são as seguintes: 1. usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo; 2. omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia; 3. adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir. Dessa forma, se o administrador atuar com imprudência, negligência e imperícia, caracterizando falta de diligência e lealdade, e, em decorrência deste ato, a sociedade vier a sofrer danos, ele será responsável por eventual ressarcimento. Outrossim, o art. 1.017 do Código Civil determina que “o administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele também responderá.” Percebe-se que a lei permite a aplicação de créditos ou bens sociais em proveito do próprio administrador ou de terceiros, todavia, é necessário consentimento escrito dos sócios. Outra previsão legal que merece destaque é a do §2º do art. 1.013, segundo a qual o administrador responderá por perdas e danos caso realize DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 “operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria”. Quanto às diferenças, por ter uma administração mais coletiva, um administrador de uma sociedade de pessoas — excluída a limitada —, cuja função seja estabelecida no contrato social, não pode ser destituído sem justa causa (art. 1.019). Já, na sociedade limitada, os mecanismos de troca de administradores são muito mais fluidos. Este, inclusive, pode não ser sócio. Sendo assim, cumpre notar esta regra exclusiva do art. 1.061, com redação nova dada pela Lei 12.375/2010: Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização. 5. Classificação das sociedades empresárias Vamos tratar agora das espécies societárias previstas no art. 997 do Código Civil em diante e como são classificadas. Saliente-se, candidato, que serão discutidos somente os pontos principais a respeito de cada modelo societário, já que o aprofundamento neste assunto demandaria um número maior de aulas. Daremos ênfase às sociedades simplese limitadas, a primeira por servir de base a todas as outras e a segunda por ser o principal tipo societário utilizado. Quanto à classificação, muito já foi dito nos tópicos anteriores, principalmente, no tópico terminologia. Apresentaremos, agora, um quadro esquemático, que sintetiza tudo que já foi dito: Classificação Gênero Espécie Quanto à responsabilidade dos sócios Ilimitada Sociedade simples (regra) Sociedade em nome coletivo Limitada Sociedade anônima Sociedade limitada Sociedade simples (organizada como limitada) Mista Sociedades em comandita simples DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 Sociedade em comandita por ações Quanto ao regime de constituição e de dissolução Contratuais Sociedade simples Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples Sociedade limitada Institucionais Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Quanto à composição De pessoas Sociedade simples Sociedade em nome coletivo Sociedade limitada (salvo se determinado o contrário no contrato social) De capital Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Mista Sociedade em comandita simples 5.1. Sociedades Simples Primeiramente, prezado candidato, você deve estar se perguntando: “por que estudar a sociedade simples em um curso de Direito Empresarial, se a sociedade simples não é empresária”. Há duas respostas a esta pergunta: a primeira, mais pragmática é que está no edital; a segunda, mais didática é que este tipo societário é a base de muitos outros. Vejamos o Código Civil: Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que seja omisso, pelas do Capítulo antecedente [sobre sociedade simples]. Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade em nome coletivo [que por sua vez, é complementada pelas normas da sociedade simples], no que forem compatíveis com as deste Capítulo. Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 Por outro lado, sociedade simples não se opõe à sociedade limitada ou à sociedade em nome coletivo ou à sociedade em comandita simples. Sociedade simples opõe-se à sociedade empresarial. Não devemos confundir as coisas. A sociedade simples é uma sociedade civil, com fim econômico sem organização empresarial. Os tipos societários, como limitada, etc. são tipos de organização societária e não de organização empresarial. A sociedade simples pode organizar-se como qualquer um desses tipos. Vejamos o Código Civil: Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. A sociedade simples, não só pode, como deve organizar-se conforme um desses tipos. A melhor forma de organização, como as estatísticas indicam, é a sociedade limitada, graças às vantagens da limitação da responsabilidade. Porém, mesmo que se organize como outro tipo societário, não terá nada a perder, só a ganhar. De qualquer forma, são possíveis quatro tipos de sociedades simples: a sociedade simples pura, a sociedade simples limitada, a sociedade simples em nome coletivo e a sociedade simples em comandita simples. Ela só não poderá organizar-se como sociedade anônima ou sociedade em comandita por ações, pois o Código Civil determina que estes tipos societários são, necessariamente, empresariais. Assim, teríamos um paradoxo: uma sociedade que não pode ser, em hipótese alguma, empresarial, organizando-se como uma sociedade que deve ser, em qualquer hipótese, empresarial. A sociedade simples se dedica às atividades próprias de profissão intelectual, como ciência, literatura ou artes, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (parágrafo único do art. 966). Pela tradição histórica destas profissões — as chamadas profissões liberais —, elas são consideradas atividades que não são atividades de mercância. Embora isto, nos dias de hoje, fuja à realidade, a ideologia ainda se mantém. Eis a razão da distinção. Apresentados estes conceitos preliminares, vamos apontar os principais aspectos da sociedade simples, da forma mais abrangente possível, pois, desta forma, quando estudarmos os demais tipos societários, já teremos estudado bastante do que se aplica a eles, necessitando, apenas, estudar as diferenças. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 Da mesma forma, quando estivermos estudando estes outros tipos societários, estaremos estudando regras que podem ser aplicadas, opcionalmente, às sociedades simples. O art. 997 trata de um importante elemento do Direito Societário, que é o contrato social: Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. O artigo seguinte trata da obrigatoriedade do registro. Vejamos que o contrato deverá ser inscrito Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ao contrário de uma sociedade empresarial, que, como vimos na aula passada, deve requerer suas inscrições à Junta Comercial de seu estado: Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 Atente-se à disposição que determina que o contrato social deve constituir o capital da sociedade simples, imposição inexistente no regime anterior das sociedades civis. Ainda, é possível a admissão de sócio que não participe do capital, em moldes semelhantes às antigas sociedades de capital e indústria. Apesar desta situação jurídica, este sócio de serviço participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas (art. 1.007) e deverá se dedicar inteiramente à sociedade (art. 1006). Conforme o art. 997, I, os sócios da sociedade simples poderão ser pessoas físicas ou jurídicas, mas isto parece ser um grande erro legislativo, pois a participação de pessoas jurídicas neste tipo de sociedade é contra sua própria natureza, pois, nela, os sócios devem ser profissionais e não investidores e uma pessoa jurídica jamais poderá ter participação profissional em uma sociedade. Parece que o legislador quis criar uma regra geral de contratos sociais para todos os tipos societáriose esqueceu-se desta brecha que estava criando. De qualquer forma, caso o candidato seja perguntado se uma pessoa jurídica pode ser sócia de uma sociedade simples, deverá responder que sim, por mais absurdo que possa parecer. Em toda questão ambígua, a melhor opção é sempre ser o mais positivista possível, ou seja, o mais literal. A não ser que seja uma ambiguidade legal que a jurisprudência já haja resolvido e não seja mais questão de conflitos. Porém, são estas brechas legais que permitem que uma sociedade empresarial se personalize como uma sociedade simples, utilizando-se de seus benefícios, o que pode ser descaracterizado, por exemplo, no Direito Falimentar, como veremos em aula própria. Reiterando o que já foi dito, os sócios responderão pelas obrigações sociais de acordo como o teor do contrato social (art. 997, VIII). Esta obrigação poderá ser subsidiária ou solidária, como se pode aduzir da leitura sistemática deste inciso com a leitura dos arts. 1.023 e 1.024 do Código Civil: Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 Isto significa que, por regra, a responsabilidade dos sócios de uma sociedade simples é subsidiária, isto é, esgotados os bens da sociedade, os bens pessoais podem ser executados ilimitadamente. A única forma de uma sociedade simples limitar a responsabilidade dos sócios é organizar-se como uma sociedade limitada, não basta colocar no contrato que os sócios não respondem subsidiariamente pelas obrigações contratadas. A administração das sociedades simples deverá ser exercida por pessoa(s) natural(is) (art. 997, VI), não sendo possível a delegação de poderes (art. 1.018). As alterações no contrato social, que versem sobre matérias previstas no art. 997, dependem de consentimento de todos os sócios; outros temas podem ser decididos por maioria absoluta de votos, se o contrato, ou a lei, não determinar necessidade de deliberação unânime (art. 999). Enfatize-se que a cessão de quota social também depende da aprovação dos demais sócios (art. 1.003). Para que o sócio se retire da sociedade com prazo determinado deverá haver justa causa; caso a sociedade seja sem prazo, poderá se retirar a qualquer tempo (art. 1.029). O sócio, ainda que majoritário, poderá ser expulso da sociedade nos moldes do art. 1.030. Neste caso, deverá haver pedido da maioria dos demais sócios e “falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente”. Ressalte-se que se trata de exclusão judicial. O sócio declarado falido ou que tenha tido suas quotas liquidadas será, de pleno direito, excluído da sociedade (parágrafo único do art. 1.030). O sócio que faltar com suas contribuições previstas no contrato social, além de responder por perdas e danos, também poderá ser excluído da sociedade, neste caso extrajudicialmente (art. 1.004 e respectivo parágrafo único). Repare que é possível que a unipessoalidade temporária, nos termos do inciso IV do art. 1.033. Nesta situação, a sociedade poderá permanecer, durante um período não superior a cento e oitenta dias, com um sócio. Após este lapso, mantendo-se a unipessoalidade, a sociedade será dissolvida. Os demais casos de dissolução encontram-se elencados no mesmo art. 1.033. Como foi possível perceber, candidato, há vários detalhes e regras no regime legal relativo às sociedades simples. O mais relevante neste momento é se recordar que esses normativos aplicam-se, conforme informado acima, a diversas outras espécies societárias. Acredito que não haja necessidade da memorização de todos os dispositivos legais mencionados. Contudo, recomendo uma breve leitura nos pontos sublinhados DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 acima, de modo que no momento da prova, caso seja cobrado conteúdo referente a tais tópicos, o candidato possa se recordar mais facilmente do tema tratado. SOCIEDADES SIMPLES � ATIVIDADES PRÓPRIAS DE PROFISSÃO INTELECTUAL; � NÃO PODE ASSUMIR A FORMA DE SOCIEDADE POR AÇÕES; � AS NORMAS TAMBÉM SE APLICAM ÀS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO, COMANDITA SIMPLES, ÀS SOCIEDADES LIMITADAS (SE O CONTRATO SOCIAL NÃO ELEGER A LEI DAS S.A. COMO DIPLOMA DE REGÊNCIA SUPLETIVA) E À SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO; � CONSTITUÍDAS POR ATO ESCRITO, PARTICULAR OU PÚBLICO; � OS SÓCIOS PODEM SER PESSOAS NATURAIS E JURÍDICAS, MAS A ADMINISTRAÇÃO DEVE SER EXERCIDA POR PESSOAS NATURAIS; � É POSSÍVEL A UNIPESSOALIDADE TEMPORÁRIA E A ADMISSÃO DE SÓCIOS DE SERVIÇO. 4.2. Sociedades Limitadas Anteriormente, as sociedades limitadas eram reguladas pelo Decreto 3.708/19. Após o advento do Código Civil, no ano de 2002, tal modelo societário passou a ser regido por esse diploma legal e poderá ser utilizado tanto pelas sociedades simples como pelas sociedades empresárias. Como já vimos, as situações não reguladas no capítulo próprio das sociedades limitadas no Código Civil, serão regidas supletivamente pelo regime das sociedades simples. Porém, por convenção, no contrato social, poderá ser regida, subsidiariamente, pelo disposto na Lei das S/A, conforme a norma do art. 1.053 e respectivo parágrafo único. De acordo com o que foi debatido e exemplificado no capítulo relativo à responsabilidade dos sócios, na sociedade limitada, apesar da responsabilidade dos sócios ser restrita ao valor de suas quotas, todos respondem solidariamente pela integralização do capital (art. 1.052). Assim, o limite de responsabilidade dos sócios em uma sociedade limitada é o total do capital subscrito e não integralizado. É relevante também apontar a responsabilidade prevista no §1º do art. 1.055 do Código Civil, que determina que todos os sócios respondem solidariamente pela avaliação incorreta feita pelos sócios. Percebe-se que tal disposição legal não atinge aqueles sócios que ingressaram na sociedade em momento posterior à avaliação. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 As quotas das sociedades limitadas constituem frações do capital social e podem ser de valor igual ou não (art. 1.055). Em relação à cessão de quotas nas sociedades limitadas, insta ressaltar que, na esteira da previsão consubstanciada no art. 1.057, caso o contrato social não apresente regra diversa, “o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.” Deste modo, omitindo-se o contrato, a livre transferência de quotas só ocorrerá quando o cessionário for outro sócio. A letra do art. 1.059 também demanda atenção, ao dispor que “os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital.” A administração da sociedade limitada é tratada nos arts. 1.060 a 1.065. Como já vimos, podemos destacar a norma positivada no art. 1.061, que dispõe que permite a previsão contratual de administradores não sócios. Contudo, a designação desses dependerá “de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização”. Nocaso de administrador sócio, nomeado no próprio contrato social ou em alteração contratual, sua destituição dependerá da decisão de dois terços do capital social, salvo disposição contratual diversa. (art. 1.063, §1º). Por outro lado, tratando-se de administrador não sócio ou nomeado em ato separado, é certo que sua destituição poderá ocorrer por vontade da maioria do capital. No tocante ao conselho fiscal (arts. 1.066 a 1.070), órgão que tem como missão principal a fiscalização dos atos dos administradores, sua criação é optativa. Caso instituído, será composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País.” Os arts. 1.071 a 1.080 versam sobre o processo decisório dentro das sociedades limitadas. Preliminarmente, enfatize-se que a maioria é calculada em função do número de quotas e não pelo número de sócios. Destarte, um sócio com 50 quotas, influenciará mais os rumos da sociedade que três sócios com 10 quotas, cada um. O quórum necessário para a aprovação das diversas matérias de interesse das limitadas é bastante simples, bastando a leitura dos arts. 1.071 e 1.076. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 Ressalte-se que não há impedimento para que o contrato social aumente o mínimo necessário para a aprovação de certas questões. O art. 1.077 apresenta importantes regras acerca do direito de recesso. Como na sociedade limitada, os sócios se vinculam à própria duração do empreendimento, a lei prevê algumas hipóteses que permitem a retirada do sócio, haja vista o seu possível desinteresse em se manter na entidade. De acordo com aquele dispositivo normativo, “quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade”. Em relação ao aumento do capital social (art. 1.081), tal providência só poderá ocorrer após sua total integralização. Já a redução do capital da sociedade, poderá ocorrer em duas hipóteses: “I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade” (art. 1.082). O quórum necessário para a aprovação de ambas as providências é de três quartos do capital social. Para que seja possível a todos os sócios manter a sua participação proporcional no capital da sociedade, o §1º do art. 1.081 determina que “até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares”. Busca-se, deste modo, evitar a diluição da participação societária dos sócios com o aumento do capital. Para concluir esta etapa, merece destaque o art. 1.085 que versa sobre uma possibilidade de exclusão extrajudicial do sócio. Assim, “quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa”. Nas palavras de Fabio Ulhoa, “se o expulso é minoritário e há, no contrato social, cláusula que permite a expulsão de sócio por justa causa (...) o sócio ou sócios titulares de mais da metade do capital social, diante de elementos que demonstrem estar o minoritário pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, devem convocar reunião ou assembléia para apreciar a matéria. É condição de validade do ato que seja dada ciência ao acusado da convocação para que ele possa comparecer e, querendo, defender-se”. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 Vale recordar que o art. 1004 apresenta outra possibilidade de exclusão extrajudicial do sócio, enquanto o art. 1.030 nos traz hipótese de exclusão judicial do sócio minoritário remisso. Segue abaixo quadro com algumas das regras mais relevantes no regime legal relativo às sociedades limitadas: SOCIEDADES LIMITADAS � A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS É RESTRITA AO VALOR DE SUAS QUOTAS, MAS TODOS RESPONDEM SOLIDARIAMENTE PELA INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL; �O SÓCIO PODE CEDER SUA QUOTA LIVREMENTE A SÓCIOS, OU A ESTRANHO, SE NÃO HOUVER OPOSIÇÃO DE MAIS DE UM QUARTO DO CAPITAL SOCIAL; � É POSSÍVEL A PREVISÃO CONTRATUAL DE ADMINISTRADORES NÃO SÓCIOS, MAS A DESIGNAÇÃO DESSES DEPENDERÁ DE APROVAÇÃO DA UNANIMIDADE DOS SÓCIOS, ENQUANTO O CAPITAL NÃO ESTIVER INTEGRALIZADO, E DE DOIS TERÇOS, NO MÍNIMO, APÓS A INTEGRALIZAÇÃO; � A INSTITUIÇÃO DO CONSELHO FISCAL É OPTATIVA; � NAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS, A MAIORIA É CALCULADA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE QUOTAS E NÃO PELO NÚMERO DE SÓCIOS; � É POSSÍVEL O SÓCIO RETIRAR-SE DA SOCIEDADE QUANDO HOUVER MODIFICAÇÃO DO CONTRATO, FUSÃO DA SOCIEDADE, INCORPORAÇÃO DE OUTRA, OU DELA POR OUTRA; � A EXPULSÃO DO SÓCIO QUE DESCUMPRE SEUS DEVERES, QUANDO HOUVER PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA, PODE SER FEITA EXTRAJUDICIALMENTE; � O AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL SÓ PODE OCORRER APÓS SUA TOTAL INTEGRALIZAÇÃO. 5.3. Sociedades em Nome Coletivo As principais características das sociedades em nome coletivo já vêm previstas no art. 1.039, que dispõe que somente pessoas físicas podem fazer parte de tal espécie societária e todos os sócios responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Evidencia-se que, diante dessa responsabilidade ilimitada, a sociedade em nome coletivo não é muito utilizada, considerando que não preserva os sócios do risco do empreendimento. É certo que os sócios poderão limitar a responsabilidade entre si, todavia, tal limitação não poderá ser oposta a terceiros e deverá ser feita no ato DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 constitutivo ou unanimemente por convenção posterior (parágrafo único do art. 1.039). O art. 1.042 determina que a administração da sociedade em nome coletivo compete exclusivamente aos sócios. SOMENTE PESSOAS FÍSICAS PODEM FAZER PARTE DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO E TODOS OS SÓCIOS RESPONDERÃO SOLIDÁRIA E ILIMITADAMENTE PELAS OBRIGAÇÕES. 5.4. Sociedades em Comandita Simples Nas sociedades em comandita simples há dois tipos de sócios: comanditados e comanditários. Os primeiros devem ser pessoas físicas e se obrigam solidária e ilimitadamente, enquanto os segundos são simples prestadores de capitais, com a responsabilidade limitada às suas contribuições de capital (art. 1.045). Tal distinção deve estar prevista no ato constitutivo. Justamente por sua condição, o sócio comanditário não pode “praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado” (art. 1.047). A gerência da sociedade caberá, deste modo, a todos os sócios comanditados, ou, dentre esses, àqueles que forem designados no contrato social. Contudo, nada impede que o comanditário, nos moldes do parágrafo único do art. 1.047, seja constituído procurador da sociedade para determinado negócio. É curioso notar que a ausência de uma das categorias de sócio (comanditado e comanditário) por período inferior a cento e oitenta dias não é suficiente para a dissolução da sociedade em comandita simples, de acordo com o teor do inciso II, do art. 1.051. NA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES HÁ O SÓCIO COMANDITADO, PESSOA FÍSICA QUE RESPONDE SOLIDÁRIA E ILIMITADAMENTE PELAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS, E O COMANDITÁRIO, QUE RESPONDE ATÉ O VALOR DE SUAS QUOTAS. DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA Prof.
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