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1 São vários os fatores que podem causar diminuição de produtividade na cultura do milho, dentre eles podemos destacar: pragas, doenças e competição de plantas daninhas. Nas fases iniciais, o milho é muito sensível aos danos das pragas, podendo estas causar intensa desfolha e até mesmo perda de estande na lavoura, resultando em redução significativa de produtividade. Uma boa estratégia de manejo para o controle das pragas do milho passa por quatro fases e assim dividiremos esse artigo: histórico e identificação das pragas; dessecação antecipada e monitoramento para uso de inseticidas; escolha da tecnologia Bt e tratamento de sementes; monitoramento da lavoura implementada. 1) Histórico e identificação das pragas Conforme mostra o gráfico 1, as principais pragas que atacam o milho nas fases iniciais são: corós, larva-arame, percevejos, lagarta-rosca, lagarta-do-trigo, larva-de-diabrótica e lagarta-do- cartucho. Todas essas pragas podem causar perdas de produtividade, entretanto, neste artigo iremos dar maior foco para percevejos e a lagarta-do-cartucho. Percevejo Desde a década de 70, o percevejo era considerado praga secundária do milho, entretanto, ano após ano, vem ganhando cada vez mais importância e hoje já pode ser considerado praga-chave em quase todas as regiões produtoras de milho, tanto de verão como de safrinha. Os casos mais complicados são em áreas que não foram monitoradas ou, então, foram mal dessecadas. Outro grande problema são as áreas vizinhas: áreas de trigo, no caso de lavouras de verão; e áreas de soja, em caso de lavouras de milho safrinha. Quando o produtor descuida no controle do percevejo no trigo ou na soja, a tendência é que eles migrem para a área de milho causando danos muito fortes. Nas figuras 1 e 2 podemos ver o percevejo barriga-verde. Controle de pragas iniciais da cultura do milho COMUNICADO TÉCNICO Edição 15 Fabrício Passini – Gerente de Agronomia Sul Calendário de Pragas e Doenças do Milho PRAGAS Corós Larva-arame Percevejos Lagarta-rosca Lagarta-elasmo Lagarta-do-trigo Larva-de-diabrótica Lagarta-do-cartucho Broca-da-cana Cigarrinha Pulgão Lagarta-da-espiga VE VT R1 R2 R3 R4 R5 R6V1+ V3+ V6+ V9+ Gráfico 1 - Calendário de pragas e doenças da cultura do Milho. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer. Figura 2 - Alta pressão de percevejos injetando toxina na planta. Figura 1 - Percevejo barriga-verde. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer. Os danos podem ser classificados em leves, moderados e severos (figuras 3, 4 e 5). Os danos leves praticamente não causam problema para a planta, já os médios causam diminuição do tamanho da espiga e os severos fazem com que a planta, muitas vezes, nem produza espiga. 2 Lagarta-do-cartucho Há vários anos a lagarta-do-cartucho é considerada a principal praga da cultura do milho, podendo atacar as plantas desde as fases mais iniciais até a fase da espiga. Nas fases iniciais, os danos podem ocorrer com a intensa desfolha, podendo gerar plantas dominadas e com espigas menores. Outro problema nessa fase, conforme podemos Conforme observações de campo abaixo (figura 6 e gráfico 2), os percevejos podem causar prejuízos de até 91% quando o ataque resultar em danos severos. ver na figura 7, é que geralmente em anos secos e quentes, a lagarta- do-cartucho pode apresentar o hábito da lagarta-rosca, causando uma perda intensa de plantas e diminuindo assim a produtividade. Já nas fases mais adiantadas (figura 8), a lagarta-do-cartucho pode furar a espiga causando danos diretos (grãos avariados), bem como abrir a espiga para a entrada de fungos que irão colonizá-la, podendo gerar podridões de grãos e brotamentos. Figura 3 - Danos leves. Figura 6 - Danos causados por percevejos. Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer. Figura 7 - Danos causados pela lagarta-do-cartucho nas fases iniciais do milho. Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer. Figura 8 - Danos causados na espiga pela lagarta-do-cartucho. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer. Gráfico 2 - Danos causados por percevejos. Fonte: Jose Carlos Madaloz - Agrônomo de Campo da DuPont Pioneer. Figura 4 - Danos médios. Figura 5 - Danos severos. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer. 2) Dessecação antecipada e monitoramento para uso de inseticidas Depois de conhecer a área, saber quais são as pragas e quando elas atacam, é chegada a hora de elaborar as estratégias de manejo para o controle efetivo. Toda a estratégia de controle passa por uma atividade básica, em que o monitoramento e nível de ação são muito importantes. Conforme o gráfico 3, é preciso pensar na cultura do milho, seja ela verão ou safrinha, desde a cultura antecessora e não apenas do plantio a colheita. Atuando assim, o controle das pragas acontece em várias fases, diminuindo sistematicamente a sua Lagarta-do-cartucho atacando na base Planta com sintoma do Coração Morto Lagarta-do-cartucho Planta dominada (dano leve) Planta normal Planta perdida (dano severo) 533 451 361 46 0 100 200 300 400 500 600 0 1 2 3 M éd ia d e G rã os /E sp ig a Nível de Dano 91% 32% 15% Redução na produtividade de grãos por espiga 3 Gráfico 3 - Manejo Integrado de Pragas na cultura do Milho. Fonte: Departamento técnico da DuPont Pioneer. população em várias etapas. O resultado disso é a diminuição da pressão de seleção sobre qualquer método de controle. Para o milho verão, a dessecação antecipada é fundamental para um bom estabelecimento da cultura. Basicamente, o monitoramento deve ser feito sempre em duas etapas: entre 20 e 30 dias antes do plantio, deve-se procurar por lagartas e percevejos, e sempre que forem encontrados vivos, recomenda-se o uso de inseticida. Após a dessecação em pré-plantio, a orientação é que o monitoramento seja feito novamente, e encontrando pragas ou plantas daninhas remanescentes, é aconselhado refazer a dessecação usando também inseticidas. Um cuidado especial que deve ser adotado é a rotação, tanto do modo de ação do inseticida, quanto do herbicida. No caso do herbicida, a recomendação é o uso de produtos de contato, já para o caso dos inseticidas cabe uma avaliação do tipo e ínstar da praga. Para lagartas de ínstares maiores, não é recomendado o uso de inseticidas reguladores de crescimento (fisiológicos). Já no milho safrinha, nem sempre o produtor opta pela dessecação antecipada da soja. Entretanto, o monitoramento em pré- colheita da soja é importante, não só para a lagarta-do-cartucho, mas principalmente para os percevejos. Ao encontrar 1 percevejo vivo por metro é aconselhado que o controle seja realizado, já que esta prática entrega para o milho uma população inicial menor de percevejos. 3) Escolha da tecnologia Bt e tratamento de sementes A DuPont Pioneer oferece aos produtores a tecnologia Leptra® de proteção contra insetos, a melhor opção para auxiliar no controle das sete principais lagartas que atacam a cultura do milho. Essa tecnologia é mais uma ferramenta que, associada às Boas Práticas de Manejo (dessecação antecipada, tratamento de sementes, adoção de área de refúgio estruturado efetivo, controle de plantas daninhas e voluntárias, monitoramento de pragas e pulverizações complementares, e rotação de culturas) auxiliará no controle das populações deste inseto. Na safrinha 2016, a DuPont Pioneer passou a oferecer aos agricultores o Tratamento de Sementes Industrial (TSI) com o inseticida Dermacor®, associado aos inseticidas do grupo dos Neonicotinoides (Poncho® ou Cruiser®). A associação destes tratamentos auxilia os produtores na proteção das plantas nos estádios iniciais da cultura, no manejo da resistênciade lagartas à tecnologia Bt, amplia o espectro do controle das pragas, além de trazer maior segurança na aplicação com maior precisão na dose e cobertura das sementes. Conforme mostra o gráfico 4, o uso do Dermacor® proporciona mais segurança para o estabelecimento inicial da lavoura. Trabalhos realizados pela Fundação ABC mostram que a incidência de plantas cortadas por lagarta-do-cartucho foi estatisticamente inferior quando comparada com a testemunha. Olhando a população final no gráfico 5, é possível perceber que neste estudo o uso de Dermacor® acresceu quase 20% o número final de plantas na lavoura. A população final de plantas é o componente mais importante do rendimento e é uma característica específica de cada híbrido. Gráfico 4 - Efeito da aplicação de inseticidas via Tratamento de Sementes Industrial em híbridos de milho Bt e não-Bt sobre a incidência de plantas raspadas, aos 9 dias após a emergência (V3). Safra 2014/2015, campo demonstrativo e experimental de Arapoti/PR, Fundação ABC. 4 Gráfico 6 - % de controle de percevejo com uso de Poncho®. Avaliação realizada em 280 plantas por tratamento de semente, 20 dias após plantio; Scala Fundação ABC 0-3; Trabalho realizado pela Pesquisa Agronômica/PR. (Robson de Paula, José Madaloz) Atenção: Defensivos agrícolas são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual e não permita o contato de menores de idade com defensivos agrícolas. Em caso de dúvidas, contate um engenheiro agrônomo. Gráfico 5 - Efeito da aplicação de inseticidas via Tratamento de Sementes Industrial em híbridos de milho Bt e não-Bt sobre a população final de plantas no momento da colheita. Safra 2014/2015, CDE Tibagi/PR, Fundação ABC. Em relação às plantas raspadas por insetos mastigadores, o uso do TSI (Dermacor® + Poncho®) é uma excelente opção, pois o residual do produto fornece proteção à planta, conforme a pressão da praga, até o estádio V2/V3. Além da proteção, nesse momento de suscetibilidade, o TSI promove o manejo da resistência, uma vez que trabalha com mais um modo de ação, além das proteínas Bt. Outro benefício do uso do TSI é em relação ao controle de percevejos, pois os neonicotinóides são peças fundamentais para o controle dessa praga. O gráfico 6 (abaixo) mostra um resumo de trabalhos realizados pelo departamento de agronomia da DuPont Pioneer no Paraná, onde foram avaliados os tratamentos de sementes nos diferentes níveis de ataque de percevejo (leve, moderado e severo). Percebe-se claramente que, com o uso de Poncho®, obteve- se uma forte redução dos danos leves e moderados causados pelo percevejo. Essa prática torna-se fundamental, já que essa praga pode causar danos de produtividade de 15% quando o dano for leve, 32% quando o dano for moderado e de até 90% quando o dano for severo. 4) Monitoramento da lavoura implementada Depois que a cultura está implementada, o monitoramento da lavoura, principalmente nos estádios iniciais da cultura, é fundamental. Para isso, para cada tecnologia ou praga, diferentes níveis de danos determinam as ações a serem seguidas: Percevejos • Aplicar inseticidas recomendados para o controle quando o nível de dano for atingido (na média 1 percevejo vivo a cada 10 plantas). Lagartas • Área de Refúgio Estruturado Efetivo: aplicar no máximo 2 vezes até o estádio fenológico V6 quando, na média das amostragens, 20% das plantas apresentarem nível 3 da Escala Davis. • Híbridos Leptra®: Sempre que, na média, 4% das plantas estiverem ao nível 3 da Escala Davis, contate o Representante Comercial dos produtos marca Pioneer® ou o distribuidor da sua região e verifique a necessidade de aplicação de inseticidas. • Híbridos não Leptra®: Aplicar sempre que, na média, 10% das plantas estiverem ao nível 3 da Escala Davis. Conclusão A DuPont Pioneer tem o compromisso de entregar aos produtores novas tecnologias que melhorem o controle das pragas, assim como levar informações úteis para prolongar a durabilidade das mesmas. O Manejo Integrado de Pragas permite, através da adoção de diferentes práticas, atacar o problema de forma sistemática, diminuindo as possibilidades de falha de controle que geram perdas de produtividade. A adoção efetiva destas medidas por parte dos produtores resulta em um esforço conjunto na direção do aumento da rentabilidade.