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Súmula 517 STJ

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Súmula 517-STJ – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Súmula 517-STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
Cabimento de honorários advocatícios se não houve pagamento voluntário 
 
Súmula 517-STJ: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou 
não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a 
intimação do advogado da parte executada. 
STJ. Corte Especial. Aprovada em 26/02/2015. 
 
Cumprimento de sentença 
O procedimento para execução de quantia pode ser realizado de duas formas: 
a) execução de quantia fundada em título executivo extrajudicial; 
b) execução de quantia fundada em título executivo judicial (cumprimento de sentença). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
“A” ajuíza uma ação de cobrança contra “B”. 
O juiz julga a sentença procedente, condenando “B” a pagar 1 milhão de reais a “A”. 
 “B” perdeu o prazo para a apelação, de modo que ocorreu o trânsito em julgado. 
 
O que acontece agora? 
“A” terá que ingressar com uma petição em juízo requerendo o cumprimento da sentença. 
 
O início da fase de cumprimento da sentença pode ser feito de ofício pelo juiz? 
Não. O cumprimento da sentença não se efetiva de forma automática, ou seja, logo após o trânsito em 
julgado da decisão. 
Cabe ao credor o exercício de atos para o regular cumprimento da decisão condenatória, especialmente 
requerer ao juízo que dê ciência ao devedor sobre o montante apurado, consoante memória de cálculo 
discriminada e atualizada (STJ REsp 940274/MS). 
Em outras palavras, o início da fase de cumprimento da sentença exige um requerimento do credor. 
 
A partir do requerimento do credor, o que faz o juiz? 
O juiz determina a intimação do devedor para pagar a quantia em um prazo máximo de 15 dias, sob pena do 
valor da condenação ser acrescido de multa de 10%, conforme o art. 475-J do CPC. 
 
Esse prazo de 15 dias, previsto no art. 475-J, é contado a partir de quando? 
A multa de 10% prevista no artigo 475-J depende de intimação prévia do devedor, ainda que na pessoa de 
seu patrono. 
Não basta que o devedor já tenha sido intimado anteriormente da sentença que o condenou. Para 
começar o prazo de 15 dias para pagamento, é necessária nova intimação. 
 
 
 
 
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A intimação para que o devedor pague, nos termos do art. 475-J, precisa ser pessoal (ou seja, para o 
próprio devedor) ou pode ser feita no nome de seu advogado por meio de publicação na imprensa 
oficial? 
Não precisa haver intimação pessoal. A intimação pode ser realizada na pessoa do advogado do devedor, 
por meio da publicação na imprensa oficial. 
 
Essa multa pode ser aplicada em caso de execução provisória ou somente se houver trânsito em 
julgado? 
Essa multa é própria da execução definitiva, de modo que deve ter havido o trânsito em julgado da 
sentença. A execução provisória de sentença não comporta a cominação da multa prevista no art. 475-J do 
CPC (STJ AgRg nos EDcl no REsp 1229705/PR). 
 
Se o devedor condenado é intimado para pagar e não efetua o pagamento no prazo de 15 dias, o que 
acontecerá em seguida? 
1) o montante da condenação será automaticamente acrescido de multa de 10%; 
2) o credor deverá formular petição ao juiz apresentando o demonstrativo do débito atualizado e 
requerendo a expedição de mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor para 
satisfação do crédito. Neste momento, inicia-se a execução forçada do título, diante do não 
cumprimento espontâneo. 
 
Na fase de cumprimento de sentença existe alguma forma de “defesa” do devedor? 
Sim. A defesa típica do devedor executado no cumprimento de sentença é a chamada impugnação. 
 
Há condenação de honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença? Em outras palavras, o 
devedor pode ser condenado a pagar novos honorários advocatícios de sucumbência? 
SIM. É cabível o arbitramento de honorários advocatícios na fase de cumprimento de sentença. 
Os honorários advocatícios fixados na sentença remuneram o trabalho desenvolvido pelo advogado na 
fase de conhecimento. 
Como é necessário que o credor faça um requerimento, por meio de advogado, para que seja dado início à 
fase de cumprimento de sentença, além de acompanhar toda a tramitação, o STJ entendeu que caberá a 
condenação do devedor ao pagamento de novos honorários advocatícios de sucumbência, salvo se ele 
decidir cumprir voluntariamente a obrigação. 
Assim, se o credor iniciar a fase de cumprimento de sentença e o devedor, sendo intimado para pagar em 
15 dias, efetuar o pagamento, não haverá condenação em honorários. 
Por outro lado, se o devedor for intimado para pagar, e não o fizer no prazo, será multado em 10% e ainda 
terá que pagar, ao final, honorários advocatícios de sucumbência ao advogado do credor. 
 
Para que haja condenação em honorários, é necessário que o devedor tenha apresentado impugnação? 
NÃO. São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação. Passou 
o prazo de 15 dias e o devedor não pagou, já incidirão os honorários e mais a multa de 10%. 
Os honorários são devidos depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a 
intimação do advogado da parte executada. 
 
Resumindo: 
 Se o credor inicia o cumprimento de sentença, o devedor é intimado e paga dentro do prazo de 15 
dias, isso é considerado, pelo STJ, como sendo pagamento espontâneo do devedor. 
 Em outras palavras, há pagamento espontâneo do devedor que, intimado a fazê-lo, cumpre a 
determinação dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 475-J do CPC. 
 “Na fase de cumprimento de sentença, o devedor deverá ser intimado, na pessoa de seu advogado, 
mediante publicação na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, a 
 
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partir de quando, caso não o efetue, passará a incidir a multa de 10% (dez por cento) sobre montante 
da condenação (art. 475-J do CPC).” (STJ. Corte Especial. REsp 1.262.933⁄RJ, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 19⁄6⁄2013). 
 Não há que se falar em cobrança de honorários advocatícios quando há cumprimento espontâneo da 
obrigação. Assim, havendo o adimplemento espontâneo do devedor no prazo fixado no art. 475-J do 
CPC, não são devidos honorários advocatícios, uma vez que foi desnecessária a prática de quaisquer 
atos para obrigar o devedor a pagar (STJ. 4ª Turma. REsp 1.264.272/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 15/5/2012). 
 Por outro lado, se o devedor foi intimado e passou o prazo de 15 dias sem que ele pague, a partir daí 
já são cabíveis honorários advocatícios, haja ou não impugnação. 
 São cabíveis honorários advocatícios em fase de cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, 
depois de escoado o prazo para pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do CPC, que somente 
se inicia após a intimação do advogado, com a baixa dos autos e a aposição do "cumpra-se" (STJ. Corte 
Especial. REsp 1134186/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 01/08/2011. Recurso repetitivo). 
 
Súmula 519 do STJ 
O presente enunciado é complementado pela Súmula 519 do STJ, que possui a seguinte redação: 
Súmula 519-STJ: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis 
honorários advocatícios. 
 
Em uma leitura mais rápida, a Súmula 519 parece contradizer a o enunciado 517, mas isso não é verdade. 
Confira os comentários à Súmula 519 para entender melhor. 
 
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