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Informativo 876-STF (13/09/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 876-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
FUNDEF 
 União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA. 
 
DIREITO PENAL 
DIFAMAÇÃO 
 Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo no qual o discurso da vítima seja editado. 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
FUNDEF 
União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA 
 
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. 
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em 
desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, 
mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em 
outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional 
por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de 
complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios 
financeiros de 1998 a 2007. 
Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo devidos danos morais 
coletivos por conta desse repasse a menor. 
STF. Plenário. ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, 
red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 6/9/2017 (Info 876). 
 
FUNDEF 
FUNDEF significa Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do 
Magistério e vigorou de 1997 a 2006. 
O FUNDEF foi instituído pela EC 14/96, regulamentado pela Lei nº 9.424/96, e pelo Decreto nº 2.264/97. 
A EC 14/96, que alterou o art. 60 do ADCT da CF/88, previu o seguinte: 
Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta emenda, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 
212 da Constituição Federal, a manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o 
objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 876-STF (13/09/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
§ 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os estados e seus municípios a ser 
concretizada com parte dos recursos definidos neste artigo, na forma do disposto no art. 211 da 
Constituição Federal, e assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito 
Federal, de um fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e de valorização 
do magistério, de natureza contábil. 
(...) 
§ 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o § 1º, sempre que, em cada 
Estado e no Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. 
(...) 
§ 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, sua 
fiscalização e controle, bem como sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno. 
 
A fim de regulamentar este art. 60 do ADCT, foi editada a Lei nº 9.424/96 (atualmente revogada), criando 
o FUNDEF. 
O FUNDEF era um fundo financeiro de natureza contábil e sem personalidade jurídica, gerido pela União, 
composto por 15% do ICMS e do IPI-exportação arrecadados, assim como o mesmo percentual para 
fundos de participação obrigatórios (FPE e FPM) e ressarcimento da União pela Desoneração de 
Exportações decorrentes do Fundo Kandir. 
Com este fundo, cada Estado e cada Município recebia o equivalente ao número de alunos matriculados 
na sua rede pública do Ensino Fundamental. Além disso, havia um valor mínimo nacional por aluno/ano. 
Não atingido o piso com a aplicação apenas dos recursos estaduais e municipais, a lei determinava o aporte 
de dinheiro da União para efetuar a complementação. 
Se, mesmo sendo aplicados esses percentuais de recursos no Fundo, não se conseguisse alcançar um valor 
mínimo por aluno, então, neste caso, a União deveria complementar os recursos do FUNDEF, ou seja, 
repassar mais dinheiro para a educação dos Estados e Municípios. Isso estava previsto no § 3º do art. 60 
do ADCT e também no art. 6º da Lei nº 9.424/96: 
Art. 6º A União complementará os recursos do Fundo, a que se refere o art. 1º sempre que, no 
âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido 
nacionalmente. 
§ 1º O valor mínimo anual por aluno, ressalvado o disposto no § 4º, será fixado por ato do 
Presidente da República e nunca será inferior à razão entre a previsão da receita total para o Fundo 
e a matrícula total do ensino fundamental no ano anterior, acrescida do total estimado de novas 
matrículas, observado o disposto no art. 2º, § 1º, incisos I e I. 
(...) 
 
O Decreto nº 2.264/97 (atualmente revogado) foi publicado pelo Presidente da República com o objetivo de 
definir esse “Valor Mínimo Nacional por Aluno” (VMNA), nos termos do §1º do art. 6º da Lei nº 9.424/96. 
 
Os critérios definidos no Decreto nº 2.264/97 foram considerados válidos pela jurisprudência? 
NÃO. O Decreto nº 2.264/97 afirmou que o VMNA deveria ser calculado levando-se em conta a receita e 
o número de alunos em cada Estado isoladamente, sob o argumento de que o Fundo é estadual, sem 
intercomunicação. Em outras palavras, o Decreto determinou que a complementação dos valores fosse 
feita com base em coeficientes regionais, e não pela média nacional. 
A jurisprudência, contudo, afirmou que esse parâmetro do Decreto era ilegal considerando que a Lei nº 
9.424/96 exigiu que o critério a ser utilizado levasse em conta a média nacional. 
O STJ, ao apreciar o tema em sede de recurso repetitivo, assim fixou a tese: 
Para fins de complementação pela União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental - FUNDEF (art. 60 do ADCT, redação da EC 14/96), o "valor mínimo anual por aluno" (VMAA), 
de que trata o art. 6º, § 1º da Lei 9.424/96, deve ser calculado levando em conta a média nacional. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1101015/BA, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 26/05/2010. 
 Informativo 
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Informativo 876-STF (13/09/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
Desse modo, o valor da complementação da União ao FUNDEF deveria ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. 
Como a finalidade do Fundef era a superação de desigualdades regionais, não havia sentido em se fixar a 
complementação num patamar abaixo da média nacional. 
Assim, o Decreto nº 2.264/97 extravasou a delegação legal conferida pelo §1º do art. 6º da Lei nº 9.424/96. 
Vale ressaltar que o Decreto nº 2.264/97 foi sucedido por outros que também repetiram a mesma 
metodologia de cálculo. 
 
Ações propostas pelos Estados-membros 
Com base no que foi acima exposto, diversos Estados-membros propuseram ações contra a União 
alegando que o VMNA foi definido de forma incorreta e que a União repassou menos do que deveria, o 
que gerou prejuízos aos Estados. 
 
O pedido contido nessas ações foi acolhido pelo STF? 
SIM. O STF entendeu que os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA deverão ser 
indenizados por conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de 
vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. 
 
Havia ainda um pedidode condenação da União por dano moral coletivo formulado pelo Estado da 
Bahia (um dos prejudicados). Este pedido foi acolhido pelo STF? 
NÃO. O STF rejeitou este pedido sob o argumento de que a frustração pela ausência dos repasses de verbas 
na forma correta está ligada unicamente ao interesse público secundário da Fazenda Pública, não havendo 
ofensa aos direitos de personalidade do povo baiano. 
 
Em suma, o que decidiu o STF: 
O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo 
nacional por aluno extraído da média nacional. 
A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo 
com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação 
constitucional a ações de desenvolvimento e manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados 
prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por 
conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do 
FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. 
Essa indenização abrange apenas os danos materiais, não sendo devidos danos morais coletivos por 
conta desse repasse a menor. 
STF. Plenário. ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. 
p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 6/9/2017 (Info 876). 
 
O FUNDEF ainda existe atualmente? 
NÃO. O FUNDEF acabou com a EC 53/2006, que alterou novamente o art. 60 do ADCT. 
Atualmente vigora o FUNDEB, regulado pela Lei nº 11.494/2007, que impõe à União o dever de 
complementar os recursos do "sempre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito Federal, o valor médio 
ponderado por aluno, calculado na forma do Anexo desta Lei, não alcançar o mínimo definido 
nacionalmente, fixado de forma a que a complementação da União não seja inferior aos valores previstos 
no inciso VII do caput do art. 60 do ADCT". 
 
 
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Informativo 876-STF (13/09/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
DIREITO PENAL 
 
DIFAMAÇÃO 
Difamação pode ser praticada mediante a publicação de vídeo 
no qual o discurso da vítima seja editado 
 
Configura, em tese, difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual 
a frase completa do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal 
de negros e pobres. 
A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o 
objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. 
Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não 
estará protegida pela imunidade parlamentar. 
STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2017 (Info 876). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
Durante a reunião de uma CPI instaurada para apurar a violência contra jovens negros e pobres no Brasil, 
o Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) proferiu a seguinte frase: “tem um imaginário impregnado, 
sobretudo nos agentes das forças de segurança, de que uma pessoa negra e pobre é potencialmente 
perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa branca de classe média. Esse é um imaginário que está 
impregnado na gente”. 
O Deputado Eder Mauro (PSD-PA) publicou, em sua página no Facebook, um vídeo no qual o discurso do 
Deputado Jean Wyllys é editado. No vídeo publicado, a parte inicial e final da frase são cortadas e ouve-se 
apenas: “Uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa 
branca de classe média”. 
Assim, o vídeo editado dá a entender, falsamente, que o Deputado estaria defendendo essa afirmação 
pejorativa contra pessoas negras e pobres. 
Diante disso, o Deputado Federal Jean Wyllys ingressou com queixa-crime contra o Deputado Eder Mauro 
afirmando que o querelado praticou contra ele o crime de difamação (art. 139 do CP): 
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
O STF analisou se deveria receber ou não a queixa-crime. O que decidiu o Supremo? 
A 1ª Turma do STF recebeu a queixa-crime contra o Deputado Eder Mauro. 
O Min. Luiz Fux afirmou que a edição do discurso de Wyllys foi feita com “a clara intenção de difamar”. Ele 
observou que a edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com 
o objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. 
Segundo o Ministro, a edição buscou imputar ao parlamentar do PSOL o crime de racismo, o que poderia 
dar motivação, inclusive, a uma denúncia pelo crime de calúnia. 
No entendimento do relator, ficou constatada a vontade de difamar (animus difamandi), o que leva, nesta 
fase, ao recebimento da queixa. 
Os ministros entenderam, ainda, que a divulgação do vídeo editado não estaria abrangido pela imunidade 
parlamentar. 
STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2017 (Info 876).

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