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Fisiologia Gastrointestinal

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Fisiologia Gastrointestinal 
 
O tubo digestivo fornece ao organismo um suprimento contínuo de água, eletrólitos e nu-
trientes. Para desempenhar essa função, é necessário: 
 o movimento do alimento ao longo do tubo digestivo; 
 a secreção de sucos digestivos e a digestão do alimento; 
 a absorção dos produtos digestivos, da água e dos vários eletrólitos; 
 a circulação do sangue pelos órgãos gastrintestinais para transportar as substâncias 
absorvidas; 
 o controle de todas essas funções pelo sistema nervoso e pelo sistema hormonal. 
O tubo digestório é, pelo princípio da estratificação, organizado em camadas, a saber: 
 a serosa; 
 a camada muscular longitudinal, cujas fibras se dispõem paralelas ao fluxo alimentar, 
longitudinalmente por toda a extensão do tubo; 
 a camada muscular circular, cujas fibras se dispõem ao redor do tubo; 
 a submucosa; 
 a mucosa. 
 Além disso, existe uma camada difusa de fibras musculares lisas, a muscular da mucosa, 
localizada nas camadas mais profundas da mucosa. As funções motoras do intestino são executadas 
pelas diferentes camadas de músculo liso. 
As fibras musculares lisas comunicam-se entre si por junções comunicantes, que permitem 
o movimento com baixa resistência de íons de uma célula para outra. Por conseguinte, os sinais 
elétricos podem passar rapidamente de uma fibra a outra. 
As fibras são organizadas em feixes separados por tecido conjuntivo frouxo, no entanto, 
são vários os pontos em que tais feixes se fundem. Tal organização faz com que cada camada mus-
cular funcione como sincício: todo potencial de ação, desencadeado em qualquer parte do interior 
da massa muscular, dirige-se em geral para todas as direções pelo músculo. 
Atividade elétrica do músculo liso gastrintestinal: 
O músculo liso do TGI apresenta atividade elétrica quase contínua, porém lenta. Essa ati-
vidade tende a apresentar dois tipos básicos de ondas elétricas: 
 Ondas lentas: A maioria das contrações gastrintestinais ocorre de maneira rítmica, 
sendo esse ritmo determinado principalmente pela frequência das denominadas “ondas lentas” 
no potencial de membrana do músculo liso. Essas ondas NÃO são potenciais de ação, e sim 
despolarização e repolarização oscilantes. Acredita-se que as ondas lentas se originem nas cé-
lulas intersticiais de Cajal, de origem mesenquimal, que são abundantes no plexo 
mioentérico. Despolarizações e repolarizações cíclicas ocorrem espontaneamente nessas célu-
las e se propagam rapidamente para o músculo liso adjacente por meio das junções 
comunicantes com baixa resistência. Devido a essa propriedade, é dito que estas células agem 
como marca-passos do musc. liso gastrintestinal. A frequência característica das ondas lentas 
não é influenciada por estímulos neuroendócrinos, embora as atividades neuro-hormonais 
modulem a produção de potenciais de ação e a força das contrações. 
 
+
 
In
te
r
n
a
 -
 
 
_
- 
 Potenciais em ponta: são os verdadeiros potenciais de ação. Ocorrem automati-
camente quando as despolarizações advindas das ondas lentas excedem o limiar (que no caso 
é de -40mV) 
 
Alguns fatores podem afetar e variar a voltagem de membrana das fibras musculares: 
 Fatores que despolarizam a membrana das fibras musculares e as tornam, 
portanto, mais excitáveis: distensão do músculo, estimulação colinérgica, 
estimulação parassimpática (sobretudo vagal), estimulação hormonal de 
hormônios gastrintestinais específicos. 
 Fatores que hiperpolarizam a membrana das fibras musculares e as tornam, 
portanto, menos excitáveis: efeito adrenérgico/noradrenérgico, estimulação 
simpática. 
 
 Relação entre as ondas lentas, os potenciais de ação e a contração: Na musculatura lisa 
gastrintestinal, até as ondas lentas sublimiares produzem contrações fracas. Desse modo, mesmo 
sem a ocorrência dos potenciais de ação, o músculo liso não fica completamente relaxado, mas a-
presenta contrações basais ou contrações tônicas. No entanto, se as ondas lentas deflagrarem um 
potencial em ponta, teremos contrações muito mais fortes, denominadas contrações fásicas. No 
músculo liso, potenciais de ação individuais não são seguidos por contrações separadas; em seu 
lugar, as contrações somam-se em contração prolongada. 
 
Inervação do Trato Gastrointestinal 
 
 O TGI é regulado pelo SNA, que se ramifica em dois componentes: 
 Componente extrínseco: inervação simpática e parassimpática. 
o Parassimpático: Os neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático 
localizam-se nos plexos mioentérico e submucoso, de modo que a estimulação dos ner-
vos parassimpáticos causa aumento geral da atividade de todo o sistema nervoso 
entérico. Por sua vez, isso intensifica a atividade da maioria das funções gastrintestinais, 
porém nem todas, visto que alguns dos neurônios entéricos são inibitórios e, portanto, 
inibem algumas dessas funções. 
o Simpático: a estimulação do sistema nervoso simpático inibe a atividade do 
tubo gastrintestinal, causando efeitos essencialmente opostos aos do sistema parassim-
pático. Exerce seus efeitos de duas maneiras diferentes: (1) em pequeno grau, através de 
efeito direto da norepinefrina sobre o músculo liso, inibindo-o (exceto a muscular da 
mucosa, que ele excita) e (2) em maior grau, através de efeito inibidor da norepinefrina 
sobre os neurônios do sistema nervoso entérico. Por conseguinte, uma forte estimulação 
do sistema simpático pode bloquear por completo o trânsito do alimento pelo tubo gas-
trintestinal. 
 
 Componente intrínseco: 
 
O sistema nervoso entérico, ou intrínseco, pode controlar todas as funções 
do TGI, mesmo na ausência da inervação extrínseca. O sistema nervoso entéri-
co está situado em gânglios nos plexos submucoso e mioentérico. 
 
o Plexo mioentérico: situa-se entre as camadas musculares longitudinal e 
circular, controla principalmente os movimentos gastrintestinais. Quando estimulado, 
seus principais efeitos consistem em: aumento da contração tônica ou "tônus da parede 
intestinal", maior intensidade das contrações rítmicas, ligeiro aumento da frequência 
do ritmo de contração, e maior velocidade de condução das ondas excitatórias ao lon-
go da parede intestinal, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas. 
Possui certa função inibitória, provavelmente mediada pelo VIP (polipeptídeo intesti-
nal vasoativo), útil na inibição de contração de esfíncteres contraídos que impedem o 
movimento do alimento entre os segmentos sucessivos do tubo gastrintestinal. 
 
o Plexo submucoso: controla, sobretudo, a secreção gastrintestinal e o fluxo 
sanguíneo local. Muitos sinais sensitivos originam-se do epitélio gastrintestinal, e, a 
seguir, são integrados no plexo submucoso para ajudar a controlar a secreção intestinal 
local, a absorção local e a contração também local do músculo submucoso, responsá-
vel pelos vários graus de pregueamento da mucosa gástrica. 
 
Peptídeos Gastrointestinais 
Os peptídeos gastrointestinais, incluindo os hormônios, os neurócrinos e os parácrinos, re-
gulam as funções do TGI. 
 Hormônios são peptídeos liberados pelas células endócrinas do TGI. São secreta-
dos na circulação porta, passam pelo fígado e entram na circulação sistêmica. 
Quatro peptídeos gastrintestinais são classificados como hormônios: gastrina, co-
lecistocinina, secretina e peptídeo inibidor gástrico (GIP). 
 
 Parácrinos, semelhantes aos hormônios, são peptídeos secretado pelas células en-
dócrinas do trato gastrointestinal. Contudo , de modo diverso dos hormônios, atuam 
localmente no mesmo tecido que os secreta. Um peptídeo parácrino conhecido é a 
somatostatina, que possui ações inibitórias por todo o TGI. 
 
 Neurócrinos são peptídeos sintetizados em neurôniosdo TGI e liberados após um 
potencial de ação. As substâncias neurócrinas do TGI incluem Ach, norepinefrina, 
o peptídeo intestinal vasoativo (VIP), peptídeo liberador de gastrina, encefalinas. 
Neuropeptídeo Y e substancia P. 
Hormônios Gastrintestinais: 
 Gastrina: 
 Produzida pelas células G do estômago; 
 Estímulo para secreção: pequenos peptídeos e aminoácidos, distensão do estômago e 
estimulação vagal (via peptídeo liberador de gastrina — GRP); 
 ↑ secreção gástrica de H+ e estimula o crescimento da mucosa gástrica 
 Síndrome de Zollinger-Ellison: tumor secretor de gastrina. 
 
 Colecistoquinina (CCK): 
 Produzida pelas células I do duodeno e do jejuno; 
 Estímulo para secreção: pequenos peptídeos e ácidos graxos; 
 ↑secreção da enzima pancreática, 
↑secreção pancreática de HCO3
-
, 
estimula a contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddi, 
estimula o crescimento do pâncreas exócrino e da vesícula biliar, 
inibe o esvaziamento gástrico. 
 
 Secretina: 
 Produzida pelas células S do duodeno e pelas células ECa do pâncreas; 
 Estímulo para secreção: presença de H+ e ácidos graxos no duodeno; 
 ↑ secreção pancreática de HCO3
-
 
↑ secreção biliar de HCO3
-
 
↓ secreção gástrica de H+ 
Inibe o efeito trófico da gastrina sobre a mucosa gástrica. 
 
 Peptídeo Insulinotrópico dependente de Glicose (GIP): 
 Secretado no/pelo duodeno e jejuno; 
 Estímulo para secreção: presença de ácidos graxos, aminoácidos e glicose advinda da 
alimentação (oral); 
 ↑ secreção de insulina pelas células β do pâncreas ↓secreção gástrica de H+. 
 
 Neurócrinos Gastrintestinais: 
 Acetilcolina (ACh): 
 Fonte: neurônios colinérgicos; 
 Ações: contração do músculo liso da parede, relaxamento dos esfíncteres, ↑secreção 
salivar, ↑secreção gástrica, ↑secreção pancreática 
 Norepinefrina (NE): 
 Fonte: neurônios adrenérgicos; 
 Ações: relaxamento do músculo liso da parede, contração de esfíncteres, ↑secreção sa-
livar. 
 Peptídeo Intestinal Vasoativo (VIP): 
 Fonte: neurônios da mucosa e do músculo liso; 
 Ações: relaxamento do músculo liso, ↑secreção intestinal, ↑secreção pancreática. 
 Peptídeo Liberador de Gastrina (GRP): 
 Fonte: neurônios da mucosa gástrica. 
 Ações: ↑secreção de gastrina. 
 Encefalinas (opiáceos): 
 Fonte: neurônios da mucosa e do músculo liso; 
 Ações: contração do músculo liso, ↓secreção intestinal. 
 Neuropeptídeo Y: 
 Fonte: neurônios da mucosa e do músculo liso; 
 Ações: relaxamento do músculo liso, ↓secreção intestinal. 
 Substância P: 
 Fonte: co-secretada com ACh; 
 Ações: contração do músculo liso, ↑secreção salivar. 
 
Parácrinos Gastrintestinais: 
 Somatostatina: 
Secretada pelas células D da mucosa gastrintestinal em resposta à dimi-
nuição do pH luminal. Inibe a secreção de outros hormônios do TGI e a secreção 
adicional de H
+
. 
 Histamina: 
Estimula as células parietais do estomago. A histamina provém dos mas-
tócitos localizados nas proximidades das células parietais. 
A cimetidina é inibidora dos receptores H2 de histamina 
 
Farmacologia do TGI 
 
 Úlcera Gástrica: 
1) Inibidores H2 (cimetidina, ranitidina, nizatidina e famotidina) 
Os antagonistas dos receptores H2 da histamina inibem competitivamente as ações da his-
tamina em todos os receptores H2, porém sua principal aplicação clínica consiste na sua atuação 
como inibidores da secreção de ácido gástrico. Inibem a secreção gástrica estimulada pela histamina 
e pela gastrina e reduzem a secreção ácida estimulada pela acetilcolina. Esses agentes reduzem a 
secreção ácida basal e estimulada por alimentos, além de promoverem a cicatrização das úlceras 
duodenais. 
 
2) Inibidores da bomba de prótons (omeprazol, lanoprazol e pantoprazol) 
Esses fármacos agem através da inibição irreversível da H+/K+-ATPase (bomba de prótons 
– ela é a responsável pela troca do K+ por H+ no processo de formação de HCl), que constitui a 
etapa final na via da secreção ácida. 
 
3) Antiácidos (hidróxido de magnésio, trissilicato de magnésio, gel de hidróxido de a-
lumínio, bicarbonato de sódio e alginatos) 
Os antiácidos atuam ao neutralizar o ácido gástrico, elevando, assim o pH gástrico. Isso só 
tem por efeito inibir a atividade péptica, que praticamente cessa com um valor de pH de 5. 
Os antiácidos de uso comum consistem em sais de magnésio e de alumínio, que formam clo-
retos de magnésio e cloretos de alumínio. Os sais de magnésio causam diarreia, enquanto os sais de 
alumínio provocam constipação, razão pela qual podem ser utilizadas misturas desses dois sais para 
preservação da função intestinal normal. 
Apesar de o bicarbonato de sódio elevar rapidamente o pH para 7, ocorre liberação de dióxi-
do de carbono, causando eructação. O CO2 estimula a secreção de gastrina (o CO2 é encontrado em 
abundância nos refrigerantes) e pode resultar em elevação secundária da secreção ácida. Como o-
corre absorção de algum bicarbonato de sódio no intestino, o uso de grandes doses ou administração 
frequente pode causar alcalose. 
 
4) Drogas que protegem a mucosa (quelato de bismuto, sucralfato e misoprostol) 
O quelato de bismuto é usado em esquema de combinação no tratamento da infecção por H. 
pylori na úlcera péptica. O fármaco possui efeito tóxico contra o bacilo, impede sua aderência à 
mucosa, inibe as enzimas proteolíticas da bactéria, reveste a base da úlcera, adsorve a pepsina, po-
tencializa a síntese local de prostaglandinas e estimula a solução de bicarbonato. 
O misoprostol (Cytotec) inibe a secreção ácida gástrica, tanto basal quanto a que ocorre em 
resposta a alimentos, à histamina, pentagastrina e cafeína através de uma ação direta sobre a célula 
parietal. Mantém o aumento do fluxo sanguíneo da mucosa e aumenta também a secreção de muco 
e de bicarbonato. Pode causar diarreia, cólicas abdominais e contração uterina. 
 
 Vômito: 
O ato de vomitar é um processo complicado e exige atividade coordenada dos músculos res-
piratórios somáticos e abdominais, bem como dos músculos involuntários do trato gastrintestinal. 
Consiste na expulsão abrupta do conteúdo gastrintestinal através do esôfago relaxado, associada a 
contrações sustentadas de diafragma e músculos abdominais, e o aumento da pressão intra-
abdominal. A náusea é a sensação de urgência de vomitar, ocorrendo simultaneamente a perda de 
tônus e peristalse gástricos, contração de duodeno e refluxo de conteúdo intestinal para o estômago. 
A estrutura anatômica integradora do vômito é o centro bulbar do vômito, localizado na 
formação reticular lateral. Esse centro é estimulado por meio de duas vias. 
 
a) Na primeira via, o estímulo provém de outro centro, denominado zona do gatilho 
quimiorreceptora (ZGQ), localizado na área postrema do quarto ventrículo. A zona do ga-
tilho, por sua vez, é estimulada por substâncias endógenas e exógenas que se ligam a 
receptores adrenérgicos, dopaminérgicos e opióides, razão pela qual os antagonistas des-
ses receptores têm efeito antiemético. Estímulos periféricos, tais como alterações em 
aparelho vestibular, e substâncias não-identificadas por receptor específico que desencadei-
am vômitos provavelmente atuam por meio de estimulação dessa zona. 
 
b) A segunda via de estimulação do centro do vômito tem origem em sinais prove-
nientes da faringe, trato gastrintestinal, mediastino e áreas do cérebro relacionadas à 
visão e ao olfato. As vias eferentes incluem os núcleos dorsal do vago e ambíguo, nervo 
frênico, espinhais e viscerais que inervam, respectivamente diafragma, musculatura abdomi-
nal, esôfago e estômago. 
 
Motilidade, mastigação e deglutição 
 
Motilidade é o termo genérico que se refere à contração e ao relaxamentodas paredes e dos 
esfíncteres do TGI. Tritura, mistura, e fragmentação do alimento ingerido, para prepará-lo para a 
digestão e absorção, e, a seguir, o impele ao longo do TGI. 
Os músculos circular e longitudinal têm diferentes funções. Quando o músculo circular se 
contrai, produz o encurtamento de um anel de músculo liso, o que diminui o diâmetro do segmento. 
Quando o músculo longitudinal se contrai, produz o encurtamento na direção longitudinal, o que 
diminui o comprimento do segmento. 
A mastigação e a deglutição são as primeiras etapas do processamento do alimento ingeri-
do, preparando-o para a digestão e a absorção. 
A mastigação tem 3 funções básicas: 
 Misturar o alimento com a saliva, lubrificando-o, para facilitar a deglutição; 
 Reduzir o tamanho das partículas alimentares, o que facilita a deglutição (embora o 
tamanho das partículas deglutidas não tenha efeito sobre o processo digestivo) 
 Mistura os carboidratos ingeridos com a amilase salivar, começando a digestão des-
se tipo alimentar. 
A mastigação tem componentes voluntário e involuntário. O componente involuntário en-
volve reflexos iniciados pelo alimento na boca. A informação sensorial é retransmitida dos 
mecanorreceptores na boca. Para o tronco encefálico, que organiza um padrão de atividade oscila-
tória reflexa para os músculos envolvidos na mastigação. A mastigação voluntária pode sobrepujar 
a involuntária a qualquer tempo. 
A deglutição é iniciada de modo voluntário, e prossegue de maneira involuntária, reflexa, 
controlada pelo centro de deglutição, situado no bulbo. A informação sensorial é detectada por re-
ceptores somatossensoriais situados próximos à faringe e chega ao bulbo por inervação vagal ou do 
n.glossofaríngeo. 
Três fases estão envolvidas na deglutição: 
 Fase oral: inicia-se quando a língua força o bolo alimentar para trás, em direção à 
faringe, que contém alta densidade de receptores somatossensoriais. A ativação 
desses receptores provoca o reflexo involuntário da deglutição no bulbo. 
 Fase faríngea: o propósito desta fase é impelir o bolo alimentar da boca, através da 
faringe, para o esôfago. As etapas são: (1) o palato mole é puxado para cima, crian-
do uma passagem estreita para o alimento se deslocar para a faringe; assim, esse 
alimento não pode refluir para a nasofaringe. (2) a epiglote se move para ocluir a 
porção faríngea anterior, continuada pela traqueia. (3) o esfíncter esofágico superior 
se relaxa, permitindo que o alimento passe da faringe para o esôfago. (4) uma onda 
peristáltica de contração começa na faringe e impulsiona o alimento através do es-
fíncter aberto. A respiração é inibida durante a fase faríngea da deglutição 
 Fase esofágica: controlada, em parte, pelo reflexo da deglutição, e, em parte, pelo 
sistema nervoso entérico. Uma vez tendo o bolo alimentar passado pelo esfíncter 
esofágico superior na fase faríngea, o reflexo da deglutição fecha esse esfíncter, de 
modo a impedir o refluxo do bolo alimentar. Uma onda peristáltica primaria é de-
sencadeada pelo reflexo da deglutição, e, caso o alimento encontre resistência, uma 
onda peristáltica secundária é deflagrada, estimulada pela distensão local persisten-
te das paredes esofágicas, e se propaga adiante. 
 
Quando a onda peristáltica e o bolo alimentar se aproximam do esfíncter esofágico inferior, 
este se abre. A abertura do esficter esofágico inferior é mediada por fibras peptidérgicas no n. vago 
que liberram VIP. Este, relaxa o músculo do esfíncter esofáfico inferior. 
Concomitantemente, a região proximal do estômago sofre um relaxamento, num fenômeno 
denominado relaxamento receptivo (um reflexo vagovagal). Esse relaxamento aumenta o volume 
do estômago proximal e reduz a pressão intragástrica, facilitando o movimento do alimento para 
dentro do estômago. 
Ondas de contração do corpo estomacal favorecem a mistura do alimento com os produtos 
com as enzimas e o conteúdo estomacal. Periodicamente, essas contrações, que se tornam mais vi-
gorosas próximas do piloro, impelem uma pequena parte do conteúdo estomacal para o duodeno. A 
maior parte do conteúdo gástrico, entretanto, é impelida de volta para o estomago, para redução 
adicional das partículas, num processo chamado retropulsão. 
Durante o jejum, contrações gástricas periódicas ocorrem, mediadas pela motilina. Essas 
contrações, chamadas complexos mioelétricos migratórios, a cada 90 minutos, aproximadamente, 
tem como finalidade remover do estomago qualquer resíduo remanescente da refeição anterior. 
Dois fatores importantes diminuem a velocidade do esvaziamento gástrico: a presença de 
lipídeos, que leva à liberação de CCK e retarda o esvaziamento gástrico, assegurando que o alimen-
to seja levado lentamente ao duodeno e promovendo a correta digestão lipídica; e a presença de H
+ 
no duodeno, que desacelera o esvaziamento gástrico e aumenta a secreção pancreática de íons bi-
carbonato, corroborando para o funcionamento adequado das enzimas que agem no duodeno 
(sobretudo as pancreáticas). 
 
 Contrações segmentares (movimentos de mistura): 
As contrações segmentares servem para misturar o quimo e expô-lo às secreções e às 
enzimas pancreáticas. Parte do intestino delgado se contrai, dividindo o quimo e en-
viando-o em ambas as direções, proximal e caudal. Essa parte do intestino, a seguir, 
se relaxa, permitindo que o bolo de quimo, que Fo dividido, volte a se unir. Esse mo-
vimento vaivém serve para misturar o quimo, mas não produz qualquer movimento 
para frente, ao longo do intestino delgado.No intestino grosso, as contrações estão 
associadas a segmentos semelhantes a sacos característicos, chamados haustros. 
 
 Contrações peristálticas: 
As contrações peristálticas servem para impelir oquimo ao longo do intestino delga-
do em direção ao intestino grosso. Ocorre contração em um ponto proximal ao bolo, 
simultaneamente, a porção do intestino caudal do bolo se relaxa. O quimo é, desse 
modo, impulsionado na direção caudal. 
 
 Movimentos de massa: 
Ocorrem no cólon e funcionam para mover o conteúdo do intestino grosso por longas 
distâncias, tais como o cólon transverso para o cólon sigmoide. Ocorrem de uma a 
três vezes ao dia. A absorção de água ocorre no cólon distal, tornando semi-sólido o 
conteúdo fecal do intestino grosso e dificultando seu movimento. Um movimento de 
massa final impele o conteúdo fecal para o reto, onde é armazenado até ocorrer a de-
fecação 
 
 Defecação: 
Quando o reto se enche de fezes, a parede muscular lisa do reto se contrai e o esfinc-
ter anal interno se relaxa pelo reflexo retoesfinctérico. Neste ponto, o impedimento 
é o esfíncter anal externo, que é composto por fibras de músculo estriado e, portanto, 
está submetido ao controle voluntário. No entanto, um enchimento de cerca de 25% 
da capacidade retal impõe a urgência de defecar. Quando é apropriado, o esfíncter 
anal externo é relaxado voluntariamente, o músculo liso do reto se contrai para gerar 
pressão e as fezes são expulsas. A pressão intra-abdominal gerada pela defecação 
pode ser aumentada pela manobra de Valsalva (expirar contra a glote fechada). 
 
 Reflexo Gastrocólico: 
A distensão do estômago pelo alimento aumenta a motilidade do cólon e a frequência 
dos movimentos de massa no intestino grosso. Esse longo arco reflexo tem sei ramo 
aferente no estômago, que é mediado pelo parassimpático. O ramo eferente, que pro-
duz a motilidade do cólon, é mediado pelos hormônios CCK e gastrina 
 
 
 Distúrbios da motilidade gastrintestinal (farmacologia): 
Os fármacos que aumentam os movimentos incluem os purgativos, que aceleram a passa-
gem do alimento através do intestino, e os agentes que aumentam a motilidade do músculo liso 
gastrintestinal,sem causar purgação. 
Os principais agentes que reduzem os movimentos são os antidiarréicos e os antiespasmó-
dicos. 
 
1) Purgativos 
O trânsito do alimento através do intestino pode ser acelerado por vários métodos diferentes: 
- aumentando-se o volume dos resíduos sólidos não absorvíveis com laxativos de bolo fecal; 
- aumentando-se o conteúdo de água com laxativos osmóticos; 
- alterando-se a consistência das fezes com emolientes fecais; 
- aumentando-se a motilidade e a secreção (purgativos estimulantes). 
 
1.1 – laxativos formadores de bolo fecal: 
Os laxativos formadores de bolo fecal incluem a metilcelulose e certas resinas ve-
getais, como por exemplos estercúlia, agar, farelo e casca de ispaghula. Esses agentes 
são polímeros de polissacarídios, que não são degradados pelos processos normais da 
digestão. Atuam em virtude da sua capacidade em reter água na luz intestinal, promo-
vendo assim o peristaltismo. Levam vários dias para exercer ação, mas não apresentam 
efeitos indesejáveis graves. 
 
 
1.2 – laxativos osmóticos: 
Esses agentes mantêm por osmose um volume aumentado de líquido na luz do in-
testino, o que acelera a transferência do conteúdo intestinal através do intestino 
delgado, resultando na chegada de um volume inusitadamente grande no cólon. Isto 
provoca distensão e consequente purgação em cerca de uma hora. Os principais sais 
utilizados são o sulfato de magnésio e o hidróxido de magnésio. São praticamente in-
solúveis; permanecem na luz e retêm a água, aumentando o volume das fezes. 
 
1.3 – emolientes fecais: 
O docusato de sódio é um composto tensoativo, que atua no trato gastrintestinal 
de modo semelhante a um detergente, produzindo fezes de consistência mais mole. 
 
1.4 – purgativos estimulantes 
O sene possui atividade laxativa, visto que contém derivados do antraceno (emo-
dina) em combinação com açúcares, formando glicosídios. A droga passa de modo 
inalterado para o cólon, onde as bactérias hidrolisam a ligação glicosídica, liberando 
os derivados de antracenos livres, que são absorvidos e exercem efeito estimulante di-
reto sobre o plexo mioentérico, resultando em atividade da musculatura lisa e, 
portanto, defecação. 
 
2) Drogas que aumentam a motilidade gastrintestinal: 
 
As drogas que aumentam a motilidade gastrintestinal são a domperidona (cujo mecanismo de a-
ção é desconhecido), a metoclopramida que exerce um efeito estimulante local significativo sobre 
a motilidade gástrica, causando acentuada aceleração do esvaziamento gástrico, sem estimulação 
concomitante da secreção ácida gástrica. Ela mostra-se útil no tratamento do refluxo gastroesofági-
co e em distúrbio do esvaziamento gástrico, porém é ineficaz no íleo paralítico. 
A cisaprida estimula a liberação de acetilcolina no plexo mioentérico, no trato gastrintestinal 
superior. Isto eleva a pressão do esfíncter esofágico e aumenta a motilidade intestinal. A cisaprida é 
utilizada na esofagite de refluxo e nos distúrbios do esvaziamento gástrico. Não exerce ação antie-
mética. 
 
3) Agentes antidiarréicos: 
A diarréia refere-se à eliminação freqüente de fezes líquidas. Existem várias causas, incluindo 
agentes infecciosos, toxinas, ansiedade, drogas, etc. A diarréia envolve tanto o aumento da motili-
dade do trato gastrintestinal, juntamente com aumento da secreção, quanto a redução da absorção de 
líquidos e conseqüente perda de eletrólitos (Na+) e água. 
Existem três abordagens para o tratamento da diarreia aguda grave: 
- manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico; 
- uso de agentes antiinfecciosos; 
- usos de agentes antidiarréicos não antimicrobianos. 
 
A manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico através de reidratação oral constitui a primeira prio-
ridade. Muitos casos não necessitam de nenhum outro tipo de tratamento. No íleo, assim como em 
certas partes do néfron, ocorre o co-transporte de Na
+
 e de glicose através da célula epitelial; por 
conseguinte, a glicose potencializa a absorção de sódio e, dessa maneira, a captação de água. O soro 
caseiro é muito útil nesse sentido. É composto de uma pitada de sal e três pitadas de açúcar em um 
copo de água filtrada e fervida, sendo administrado à vontade, a cada 20 minutos, e após cada eva-
cuação líquida. 
A administração de agentes antiinfecciosos não é geralmente necessária na gastroenterite sim-
ples, visto que as infecções são, em sua maioria, de origem viral, e as que são de origem bacteriana 
geralmente sofrem resolução sem qualquer terapia antibacteriana. Os casos graves podem exigir o 
uso de eritromicina ou ciprofloxacina. A quimioterapia pode ser necessária em alguns tipos de ente-
rite (febre tifóide, disenteria amebiana e cólera). 
A diarréia do viajante é muitas vezes causada pela Escherichia coli, produtora de enterotoxinas, 
e outros microrganismos. As infecções são, em sua maioria, autolimitadas, exigindo somente a re-
posição oral de líquidos e sais. 
Os agentes antidiarréicos não microbianos incluem agentes antimotilidade (opiáceos e antagonis-
tas dos receptores muscarínicos), os adsorventes (caulim, pectina, greda, carvão ativado, 
metilcelulose e salicatos de magnésio e alumínio). Os adsorventes atuam, provavelmente, ao adsor-
ver microrganismos e toxinas, ao alterar a flora intestinal ou ao revestir e proteger a mucosa 
intestinal. 
Os principais opiáceos utilizados na diarréia são a codeína, o difenoxilato e a loperamida. 
 
4) Agentes antiespasmódicos – Antagonistas muscarínicos: 
 
As drogas que reduzem o espasmo no intestino são importantes na síndrome do cólon irritável e 
na doença diverticular. Nesse sentido, os antagonistas muscarínicos - atropina, propantelina e 
diciclomina – diminuem o espasmo ao inibir a atividade parassimpática através do bloqueio dos 
receptores muscarínicos. Os efeitos indesejáveis desses fármacos são boca seca, visão embaçada, 
pele seca, taquicardia e dificuldade de urinar, devidos à inibição parassimpática de outros tecidos. 
São menos comuns e menos pronunciados com a diciclomina. A mebeverina, um derivado da re-
serpina, exerce ação relaxante direta sobre o músculo liso gastrintestinal. Seus efeitos indesejáveis 
são poucos. 
 
5) Drogas que afetam o sistema biliar: 
A condição patológica mais comum do trato biliar consiste em colelitíase induzida por coleste-
rol, isto é, formação de cálculos biliares de colesterol. As drogas que dissolvem os cálculos biliares 
são o ácido quenodesoxicólico (CDCA) e o ácido ursodesoxicólico (UDCA). Esses agentes também 
reduzem a síntese hepática e a secreção de colesterol. A diarreia constitui o principal efeito indese-
jável. 
A dor provocada pela passagem de cálculos biliares através do ducto biliar (cólica biliar) pode 
ser muito intensa, exigindo alívio imediato. A morfina alivia a dor, porém é preferível a utilização 
de buprenorfina. A atropina é largamente utilizada para aliviar os espasmos, em virtude de sua 
ação antiespasmódica. 
 
 
Secreções 
 
 Saliva: 
 
A saliva é uma solução hipotônica composta por água, eletrólitos, α-amilase, lípase lingual, 
calicreína e muco. É produzida principalmente por três glândulas — parótidas, submandibulares e 
sublinguais—, aos pares, cada uma com seu perfil de secreção. 
Sendo hipotônica, conclui-se que a saliva não é um ultra-filtrado plasmático. Células acina-
res secretam a saliva inicial, de osmolaridade semelhante àquela do plasma, com concentrações de 
Na
+
, K
+
, Cl
-
 e HCO3
-
. Células ductais modificam esta saliva, reabsorvendo o NA
+
 e Cl
-
, ao passo 
que secretam K
+
 e HCO3
-
. Somado a esse mecanismo, e ao fato de a secreção ser menos efetiva que 
reabsorçao, as células ductais são impermeáveis à água, garantindoa hipotonicidade salivar em re-
lação ao plasma. 
A amilase promove um papel, ainda que reduzido, na digestão inicial de carboidratos. A 
principal função desta amilase e da lípase lingual é a limpeza de resíduos da cavidade oral, e, no 
caso da lípase lingual, retirar substâncias geusigênicas da superfície dos botões gustativos. A cali-
creína está envolvida na formação de bradicinina, um vasodilatador. Este é fundamental para 
aumentar o fluxo sanguíneo na glândula durante os períodos de atividade salivar aumentada. 
Outras funções e componentes da saliva: diluição e tamponamento da cavidade oral, gusta-
ção, regulação da temperatura, limpeza, fonação, ação bactericida e bacteriostática, cicatrizante, 
incorporação de fosfato e flúor, secreção de imunoglobulinas (IgA). 
A intensidade da secreção é aumentada tanto pela eferência simpática quanto parassimpáti-
ca. 
A salivação também pode ser estimulada ou inibida por impulsos que chegam aos núcleos 
salivares provenientes de centros superiores do sistema nervoso central. Por exemplo, quando uma 
pessoa cheira ou come seus alimentos favoritos, a salivação é maior do que quando cheira ou come 
alimentos de que não gosta. A área do apetite do cérebro, que regula parcialmente esses efeitos, 
localiza-se muito próximo dos centros parassimpáticos do hipotálamo anterior e funciona, em gran-
de parte, em resposta a sinais provenientes das áreas do paladar e do olfato no córtex cerebral ou na 
amígdala. 
A salivação também ocorre em resposta a reflexos que se originam no estômago e na por-
ção superior do intestino – em particular quando são deglutidos alimentos muito irritantes, ou 
quando a pessoa sente náuseas com decorrência de alguma anormalidade gastrintestinal. Presumi-
velmente, a saliva deglutida ajuda a remover o fator irritante no tubo gastrintestinal ao diluir ou 
neutralizar as substâncias irritantes. 
 
 Secreção esofágica: 
 
As secreções esofágicas são de caráter totalmente mucóide e proporcionam, sobretudo, a 
lubrificação para a deglutição. A porção principal do esôfago é revestida por numerosas glândulas 
mucosas simples; entretanto, em sua extremidade gástrica e, em menor grau, na porção inicial do 
esôfago, existem muitas glândulas mucosas compostas. O muco secretado pelas glândulas compos-
tas na porção superior do esôfago evita a escoriação da mucosa pelos alimentos que aí chegam, 
enquanto as glândulas compostas próximas à junção gastroesofágica protegem a parede do esôfago 
da digestão pelos sucos gástricos que refluem para o esôfago inferior. Apesar dessa proteção, pode 
ocorrer, algumas vezes, úlcera péptica na extremidade gástrica do esôfago. 
 
 Secreção gástrica: 
 
É composta por uma mistura de substâncias, a saber: 
 Muco; 
 HCl, secretado pelas células parietais/oxínticas; 
 Pepsinogênio, secretado pelas células principais/zimogênicas; 
 Fator intrínseco, também secretado pelas células parietais. 
O HCl e o pepsinogênio iniciam o processo de digestão de proteínas, sendo o HCl funda-
mental para a conversão do pepsinogênio em pepsina, sua forma ativa. 
O fator intrínseco é necessário para a absorção da vitamina B12 no íleo, e é o único com-
ponente essencial do suco gástrico. 
O muco protege a mucosa gástrica da ação corrosiva da HCl e lubrifica os conteúdos gás-
tricos. 
 O antro do estômago contém as glândulas pilóricas, compostas por células G, secre-
toras de gastrina (a qual liberam na circulação) e as células mucosas. 
 As células mucosas do colo secretam muco, bicarbonato e pepsinogênio. O muco e 
o bicarbonato têm efeitos protetor e neutralizante sobre a mucosa gástrica. 
 A ACh aumenta a secreção de H+ pelas células parietais. A atropina inibe os recepto-
res para ACh (ditos muscarínicos). 
 A secreção gástrica de HCl é dividida em tres fases: 
o A fase cefálica é responsável por 30% do total acido secretado. Os Es-
tímulos para secreção do HCl na fase cefálica são o olfato e o paladar, a 
mastigação, a deglutição e os reflexos condicionados na antecipação do 
alimento. 
o A fase gástrica é responsável por aproximadamente 60% do HCL secre-
tado total em resposta à refeição. Os estímulos para a secreção ácida 
nessa fase são a distensão do estômago e a presença de produtos de de-
gradação das proteínas, aminoácidos e pequenos peptídeos. O álcool e a 
cafeína também estimulam a secreção gástrica de HCl. 
o A fase intestinal é responsável por apenas 10% da secreção de HCl e é 
mediada pelos produtos da digestão proteica. 
 
 O fator intrínseco é fundamental para a absorção da vitamina B12 no íleo, por-
tanto, sua falta causa a anemia perniciosa. 
 
 
 Secreção pancreática: 
 
Esta secreção possui um componente aquoso e um componente enzimático: o componente 
aquoso se constitui por íons bicarbonato, ao passo que a porção enzimática se constitui por protea-
ses, lípases e enzimas atuantes na digestão de carboidratos. 
A amilase e as lípases pancreáticas são secretadas como enzimas ativas. As proteases pas-
sam por ativação no duodeno. 
Algumas das enzimas pancreáticas secretadas são: amilase, tripsina, quimotripsina, carbo-
xipeptidase, elastase, lípase-colipase, fosfolipase, colesterol-éster hidrolase. 
O perfil de secreção pancreática é fundamental para a sua funcionalidade típica. Enquanto 
as enzimas digestivas secretadas, trabalham na clivagem de carboidratos, proteínas e lipídeos, a 
porção aquosa esse encarrega de neutralizar o pH ácido quimo, por vezes até alcalinizando-o. Esta 
alcalinização é especialmente efetiva, já que é o pH ótimo para várias enzimas locais. 
Como na secreção gástrica, a secreção pancreática é estimulada em três fases: uma cefáli-
ca, iniciada por estímulos olfatórios e gustativos, acém dos efeitos condicionados; uma gástrica, 
iniciada pela distensão estomacal; e outra intestinal, mais importante para o estímulo da secreção 
pancreática (cerca de 80%). 
Alguns detalhes acerca da fase intestinal devem ser observados: 
 Células acinares são estimuladas pela CCK, secretada pelas células I, sensibilizadas 
pela presença de aminoácidos, pequenos peptídeos e ácidos graxos no lúmen intes-
tinal. A ACh vagal também é importante nessa via de estimulação, uma vez que 
potencializa os efeitos da CCK. 
 Células ductais (produtoras e secretoras de sódio, bicarbonato e água) são estimu-
ladas pela CCK, ACh e pela secretina. Este último hormônio gastrintestinal, 
secretado pelas células S do duodeno, é estimulante principalmente da secreção a-
quosa, rica em bicarbonato, e tem seus efeitos potencializados pela CCK e pela 
ACh. 
 
 Secreção biliar: 
 
Indispensável para a digestão e a absorção de lipídeos pelo intestino delgado, os quais são 
insolúveis em água, a bile, produzida e secretada pelo fígado, emulsifica os lipídeos, preparando-os 
para a digestão e, a seguir, solubilizam os produtos da digestão em micelas. 
Quando o quimo atinge o intestino delgado, é secretada a CCK. Esta age em ações coorde-
nadas sobre o sistema biliar, estimulando a contração da vesícula biliar e o relaxamento do esfíncter 
de Oddi, promovendo o efluxo de bile da vesícula para o lúmen duodenal. 
Quando a absorção de lipídeos é completada, os sais biliares são recirculados ao fígado, via 
sistema porta entero-hepático. Os sais biliares são reabsorvidos pelos hepatócito, o que garane uma 
economia de energia. 
A parte orgânica da bile é constituída por sais biliares (50%), pigmentos biliares (2%), co-
lesterol (4%) e os fosfolipídeos (40%). A bile também contém eletrólitos e água. 
 Sais biliares (50%): ácidos cólico, quenodesoxicólico, desoxicólico ou litocólico 
combinados à glicina ou taurina. São anfipáticos, solubilizam lipídeos, emulsifican-
do-os e criando gotículas e micelas. Bilirrubina: resulta do metabolismo da hemoglobina e é excretada como urobilina ou 
eliminada nas fezes como estercobilina. 
 Fosfolipídios e o colesterol estão inclusas nas micelas. 
 Íons e água são naturalmente secretados. 
 
 
Digestão e Absorção 
 
Todos os mecanismos vistos até agora compõem o processo de digestão. A digestão é a 
degradação química dos alimentos em moléculas absorvíveis. Uma vez realizada, ocorre a absorção, 
movimento dos nutrientes, água e eletrólitos do lúmen intestinal para o sangue. A absorção ocorre 
em duas vias, uma celular, na qual os transportadores das membranas apical e basolateral das célu-
las intestinais (absortivas) são responsáveis pelos processos absortivos; e uma paracelular, na qual 
as substancias se movem através das junções comunicantes entre as células epiteliais através dos 
espaços intercelulares laterais, e, daí, para o sangue. 
A superfície absortiva é aumentada por 3 formas: 
 
 Dobras de Kerkring, envolvendo mucosa e submucosa, aumentam a área de 
superfície em cerca de 3x. 
 Projeções de mucosa, denominadas vilosidades, aumentam em cera de 10x. 
 Microvilosidades, projeções celulares, aumentam em cerca de 20x a área absor-
tiva. 
 
 
 Carboidratos: 
O transporte intestinal de carboidratos é restrito aos monossacarídeos, o que significa 
que todos os carboidratos e dissacarídeos precisam ser digeridos para serem absorvidos. 
Os carboidratos complexos que conseguimos digerir são o amido e o glicogênio. A en-
zima amilase é uma enzima que quebra longos polímeros de glicose em cadeia menores de glicose 
e maltose. A maltose e outros dissacarídeos são clivados por enzimas da borda em escova conhe-
cidas como dissacaridases (maltase, sacarase e lactase). 
- Lactose → Lactase → Glicose + Galactose 
- Trealose e maltose → Trealase e Maltase → Glicose + Glicose 
- Sacarose → Sacarase → Glicose 
Glicose e galactose são absorvidas por transporte ativo secundário, sem o gasto de ATP, 
mas promovido pelo gradiente de Na
+
, e chegam ao sangue por difusão facilitada. 
A frutose é absorvida e posta na circulação por difusão facilitada, não havendo, portan-
to, gasto de energia. 
600x 
 A intolerância à lactose, causada pela ausência da lactase, provoca diarreia, na 
medida em que, por ser higroscópica, isto é, reter água em volta de si, leva à um 
acúmulo de água no lúmen intestinal, num tipo de diarreia denominado diarreia 
osmótica. 
 
 Proteínas: 
As proteínas alimentares são digeridas a formas absorvíveis (aminoácidos, dipeptídeos e 
tripeptídeos) por proteases no estômago e no intestino delgado, e, a seguir, absorvidas pelo sangue. 
A digestão das proteínas começa no estômago, com a ação da pepsina, e termina no in-
testino delgado, com as proteases pancreáticas e as da borda em escova. Endopeptidases (tais como 
a tripsina, quimotripsina e a elastase) clivam as ligações internas das proteínas, e as exopeptidases 
(carboxipeptidades A e B) hidrolisam um a.a. por vez, das extremidades C-terminais das proteínas e 
dos peptídeos. 
 A pepsina não é essencial para digestão normal das proteínas, uma vez que ou-
tras enzimas pancreáticas se encarregam da digestão proteica. 
 
A enterocinase da borda em escova converte o tripsinogênio em tripsina, e esta ati-
va todos os zimogênios inativos à sua forma ativa, inclusive o tripsinogênio, da qual se origina. 
 
O transporte dos aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos digeridos na célula se dá por 
co-transporte com íons Na
+
.
 
 
 Enteropatia glúten-induzida: O glúten é uma proteína composta pela mistura de cadeias 
longas de gluidina e glutenina. A hipersensibilidade à esta proteína leva à uma resposta auto-
imune exacerbada, que culmina na atrofia da mucosa do intestino delgado. 
 
 
 Lipídios: 
Inclui os triglicerídeos, o colesterol e fosfolipideos. 
A digestão inicia-se no estomago, e termina no intestino delgado. A função da digestão 
estomacal de lipídeos é desnatar e misturar os mesmos, aumentando a área de superfície das gotícu-
las e expondo-as, dessa forma, à ação dos emulsificantes biliares, posteriormente. Os produtos 
finais da digestão lipídica são monoglicerídeos, ácidos graxos, colesterol, lisolecitina e glicerol. 
A absorção de lipídeos ocorre em uma série de etapas: 
1- Os produtos da digestão, colesterol, monoglicerídeos, lisolecitina e ácidos gra-
xos, são solubilizados em micelas mistas. 
2- As micelas se difundem para a membrana apical das células intestinais. Lipídeos 
são liberados da micela para o meio intracelular, no entanto, a micela em si não 
penetra na célula. Sais biliares não penetram na célula e serão reabsorvidos no 
íleo. 
3- Nas células, os produtos da digestão lipídica serão reesterificados com os ácidos 
graxos livres no REL, formando os lipídios ingeridos originais, TAG, ésteres de 
colesterol e fosfolípides. 
4- Lipídeos reesterificados são empacotados em com apoproteínas em partículas 
transportadoras chamadas quilomícrons. 
5- Os quilomícrons são empacotados em vesículas secretoras do Golgi. Essas vesí-
culas migram para as membranas basolaterais onde ocorre a exocitose dos 
quilomícrons. 
 O mau funcionamento de qualquer uma destas etapas implica na ocorrência de esteator-
réia (lipídios sendo excretados nas fezes). 
 
 A absorção ocorre com maior intensidade ao longo do intestino delgado: 
 O duodeno absorve principalmente vitaminas, uma grande parte da água ingerida e se-
cretada, e produtos da hidrólise; 
 O jejuno absorve Na+ e produtos da hidrólise; 
 O íleo absorve o que há de restante do bolo alimentar, e é especifico para absorção de 
sais biliares, da vitamina B12 (conjugada com o fator intrínseco). 
 O intestino grosso absorve água e alguns ácidos graxos voláteis.

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