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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE RECURSOS PESQUEIROS RAMILLY PAMELA VITOR MARTINS ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE TILÁPIAS (Oreochromis niloticus) EM CATIVEIRO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Macau/RN 2017 RAMILLY PAMELA VITOR MARTINS ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE TILÁPIAS (Oreochromis niloticus) EM CATIVEIRO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Recursos Pesqueiros do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFRN. Sob a orientação da Professora Dra. Suzete Roberta da Silva. Macau/RN 2017 DEDICATÓRIA A Deus, por ser meu tudo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, meu Abba, pois nos momentos de fragilidade Ele foi minha força. Aos meus pais, Ricardina Medeiros e Edivan Barreto, que sempre me apoiaram e estiverem presentes na minha vida. Amo muito vocês, sou grata pela família abençoada que temos. Aos meus amigos que de maneira direta ou indireta me ajudaram. Aos de perto e aos de longe. Amo todos. Obrigada líderes espirituais, vocês não sabem o quanto me ajudaram no processo de constante evolução e amor. Em especial a minha líder de célula Raquel Gsquiwaze, que amo muito, e também aos meus pastores Valter Santana e Jaqueline Garcia... Vocês são 12! A minha turma concluinte: TPA. Foram anos juntos de aprendizado e carinho. Vou sentir saudade de cada um, de todos os momentos vividos! A minha orientadora, Suzete Roberta, que não mediu esforços para me ajudar neste trabalho. Sempre esteve disposta e atenciosa, tirando todas minhas dúvidas e dando muitas dicas! Sou grata. A todos os professores que passaram por mim nessa longa e árdua jornada, mas recompensadora, do IFRN. Me ajudaram e me ensinaram muito! Só desejo mais sucesso em suas vidas. A todos que, de uma forma ou de outra, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho. “Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.” Colossenses 2:2-3 RESUMO O entendimento acerca da relação entre a nutrição e saúde de peixes ganha bastante impulso, principalmente pelo aprimoramento e descobertas de determinadas tecnologias, visando adequar os dados obtidos em pesquisas com as condições de produção. A Tilápia (Orechromis niloticus) é uma das espécies mais estudadas do país e, com o passar do tempo, os avanços tecnológicos se tornaram notáveis quanto à especificação das exigências nutricionais a respeito desta espécie de peixe. Contudo, ainda se faz necessário explanar algumas características importantes para se obter alta produtividade, tal como elaboração de dietas que sejam viáveis economicamente. Embora a importância da nutrição para a manutenção da salubridade dos peixes seja evidente, os questionamentos, ainda, superam os resultados conclusivos nesta linha de pesquisa. Além de nutrir o animal para máximo desempenho, é preciso nutrir também seu sistema de defesa. Foi-se então necessárias análises mais profundas acerca do seu manejo alimentar, que resultam assim na melhoria de crescimento do animal e rendimento econômico do negócio. Desta forma, este trabalho apresenta uma breve revisão sobre as exigências nutricionais de Tilápias determinadas no estado do Rio Grande do Norte, onde analisou-se não somente à nutrição, mas sim a inter-relação nutrição e saúde do peixe. Além do ganho de peso e conversão alimentar, por exemplo. Ademais, foi avaliado também os aspectos quantitativos e qualitativos da produção, além da viabilidade econômica, concluindo que as tilápias podem ser produzidas a um baixo custo desde que sejam alimentadas corretamente nas várias fases de cultivo (de preferência com alimento natural) e obedecendo sempre suas exigências nutricionais. Palavras-Chave: Nutrição; Tilápia; Cultivo. ABSTRACT This paper presents a brief review on nutritional requirements of Tilapias determined in the State of Rio Grande do Norte. The inspection about the relationship between nutrition and fish health gains enough momentum, mainly due to the improvement and discovery of certain technologies, aiming to adapt the data obtained in research with production conditions. Being the one of the most studied species Tilapia in the country, with the passage of time, these advances have become notable as the nutritional requirements specification about this fish. However, it is necessary to explain some important features to achieve high productivity, such as elaborate diets that are viable economically. Although the importance of nutrition for maintenance of wholesomeness of fish is clear, the questions also outweigh the conclusive results in this line of research. In addition to nourishing the animal for maximum performance, it is necessary to nourish his defense system. Was then required deeper analysis about your food handling, resulting thus in improving growth and yield. In this way, this work analyzes not only to nutrition, but the interrelation nutrition and health of the fish. In addition to the weight gain and feed conversion, for example. Furthermore, it was evaluated also the quantitative and qualitative aspects of the production, in addition to the economic viability, concluding that the tilapias can be produced at a low cost, provided they are properly fed at various stages of cultivation (preferably with natural food) and always obeying their nutritional requirements. Key words: Nutrition; Tilápia; Production. SUMÁRIO 1 HIPÓTESE ....................................................................................................... 10 2 OBJETIVO ....................................................................................................... 10 3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 4 METODOLOGIA .............................................................................................. 12 5 TIPOS DE ALIMENTAÇÃO ............................................................................. 14 5.1 Alimento natural x alimento artificial ............................................................ 14 5.1.1 Alimento natural ............................................................................................... 15 5.1.2 Alimento artificial .............................................................................................. 16 6 NUTRIÇÃO EM CATIVEIRO ............................................................................ 20 6.1 Históricos de processos em cativeiro .......................................................... 20 6.2 Tipos de sistema ............................................................................................22 6.3 Viveiros escavados x tanques-rede .............................................................. 23 6.4 Cultivo em sistema de bioflocos ................................................................... 24 6.5 Nutrientes ........................................................................................................ 26 7 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS ........................................................................ 26 7.1 Aspectos históricos do desenvolvimento da piscicultura ......................... 26 7.2 Cultivo sem exigências nutricionais x cultivo com exigências nutricionais .................................................................................................................................. 27 7.3 Requisições nutricionais ............................................................................... 28 8 MANEJO ALIMENTAR .................................................................................... 30 8.1 Produtividade e rentabilidade ....................................................................... 30 8.2 Disponibilidade da ração ............................................................................... 32 8.3 Cuidados importantes que se deve ter durante o manejo .......................... 33 8.3.1 Comportamento anormal do peixe ................................................................... 33 8.3.2 Consumo da ração ........................................................................................... 34 8.3.3 Aspecto externo do cardume ............................................................................ 34 8.3.4 Monitoramento da mortalidade ......................................................................... 34 9 CONCLUSÃO .................................................................................................. 36 10 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37 10 1 HIPÓTESE Como aprimorar a alimentação e nutrição da Tilápia a fim de aumentar sua produtividade no campo econômico? 2 OBJETIVO Analisar devidamente os processos de fornecimento e consumo da alimentação desta espécie, bem como explanar suas exigências necessárias, proporcionando assim melhorias no que diz respeito à qualidade do manejo alimentar. 11 3 INTRODUÇÃO A nutrição e alimentação dos peixes têm sido, cada vez mais, importantes para o cultivo na piscicultura ao redor do mundo todo. Hoje em dia é possível ver grandes avanços com relação ao desempenho nesta área, já que, a relevância para estes aspectos é responsável por boa parte da produtividade dos organismos aquáticos e fator primordial para a economia também. A Tilápia é hoje uma das espécies mais fornecidas na piscicultura e um produto comum de se encontrar nas diversas redes de supermercados em vários lugares. Por isso, é interessante discutir os aspectos de manejo nutricional e alimentar na produção, evidenciando estratégias de refeição que possam ser de eficiência para a melhoria da execução nos cultivos (KUBITZA, 2007). O Brasil oferece um território fluvial abrangente e, principalmente, boas condições climáticas para se alcançar rentáveis produções – inclusive para criação de Tilápias. No entanto, esse desenvolvimento ainda é despretensioso, já que faltam informações sobre as espécies em seu potencial zootécnico, principalmente no estado do Rio Grande do Norte (AFONSO, 1999). Na região semiárida potiguar, ainda que esses pontos sejam inconsistentes, vemos um grande nível de potencial tanto na parte hídrica quanto psíquica. Essa criação vem se destacando como uma prática adequada para ministrar as oportunidades dos produtores familiares de alguns territórios (BEZERRA, 2004). Com isso, tudo implica que uma nutrição bem equilibrada pode ajudar o peixe a desenvolver todo seu potencial genético, e assim, melhorar sua resistência ao prevenir doenças variadas. No entanto, para se obter uma potencialização no desempenho, é necessário focalizar diretamente na concentração dos nutrientes em suas dietas, seus comportamentos em cativeiro, sistemas de cultivos adotados, produtividade natural, condições climáticas, etc., tudo para que os peixes utilizem a energia da alimentação na manutenção do metabolismo, locomoção, reprodução e, consequentemente, crescimento na produtividade (COSTA, 2010). 12 4 METODOLOGIA A área de estudo desta pesquisa está localizada na região do Rio Grande do Norte, no Nordeste brasileiro, tendo por limites o Oceano Atlântico a norte e a leste, a Paraíba a sul, e o Ceará a oeste. O estado abrange uma área de 52 811,126 km² equivalente a 3,42% da área do Nordeste e 0,62% da superfície do Brasil, tendo 3,409 milhões de habitantes e coordenadas de 5.74° S 36.55° O (IBGE 2014). Figura 01: Mapa do estado do Rio Grande do Norte. O presente trabalho tratou de algumas determinações básicas sobre a nutrição e métodos de comando alimentar no ramo da tilapicultura do Rio Grande do Norte, abordando alguns avanços científicos que melhoram o funcionamento do setor de produção, a respeito das formulações dos diferentes tipos de alimentos, tal como sua influência na cultivação para peixes de água doce. A pesquisa foi embasada em alguns artigos científicos que visam como métodos de estudo a própria Tilápia (Oreochromis niloticus) sendo uma espécie de grande relevância no mercado econômico do estado. A ideia central foi retratar a precisão de condições nutricionais em dietas, determinando o nível mínimo de nutrientes e garantindo o máximo desempenho desta espécie. 13 De início realizou-se um levantamento bibliográfico em obras especializadas tanto da nutrição e alimentação como também de peixes cultivados em água doce, textos técnicos e coletâneas de dados estatísticos que abordam o tema. Para alcançar estes e outros requisitos, foi importante estudar profundamente alguns fatores como o hábito alimentar dos peixes, requerimento nutricional e manejo alimentar, tudo, respeitavelmente, de acordo com o sistema de criação a ser usado. Esta resposta foi considerada importante mediante a relação de custo- benefício na composição de alimentos, uma vez que alguns ingredientes foram considerados fatores economicamente limitantes nas formulações. 14 5 TIPOS DE ALIMENTAÇÃO 5.1 Alimento natural x alimento artificial Pode-se afirmar que o processo de elaboração da alimentação de peixes é uma atividade considerada milenar. Entretanto, nos primórdios, os estudos que eram feitos destinavam-se apenas a substituição da ração, farinha de peixe e/ou carne e farinha de krill, por subprodutos de abatedouros avícolas, como penas e vísceras, farelo de soja e leveduras. O avanço nesta área se sucedeu somente nas últimas décadas, com o fornecimento e aprimoramento de dietas mais específicas para diversos tipos de animais aquáticos. Ademais, há aproximadamente 25 anos, o Japão iniciou estes procedimentos com a carpa comum e enguia, bem como alguns países da Europa e Estados Unidos com o bagre do canal e salmão (PEZZATO; BARROS, 2005). No que diz respeito ao Brasil, os estudos datados sobre aspectos nutricionais dos peixes (além dos tipos de alimentos fornecidos) foram registrados somente nos anos 80. Os primeiros cultivos aproveitavam as sobras agrícolas para alimentá-los. A invençãode usar rações surge somente depois, com a capacidade de integrar os alimentos derivados de aves e suínos. Mesmo assim, estas rações se apresentavam de maneira ineficiente quanto ao fornecimento de organismos aquáticos, além de não possuírem um balanceamento adequado de nutrientes para os peixes. Tudo isso implicou em baixa eficiência de ingestão alimentar, alto aporte de nutrientes na água e dissipação de vitaminas e minerais. Consequentemente, veio então a peletização das rações e com isso alguns problemas foram sanados, como por exemplo, a perda de muitas das rações fareladas. Além do mais, este procedimento resultou em melhoria na digestibilidade e aumento na eficiência de ingestão dos alimentos dos peixes. Foi por volta deste período que se deu o surgimento das primeiras rações específicas/formuladas (CASTAGNOLLI, 2005). O Rio Grande do Norte, por sua vez, possui excelentes condições climáticas para a tilapicultura (em tanques escavados, principalmente). Sobre a alimentação de algumas espécies de peixes no estado, algumas análises foram feitas por Da Silva et al., (2012) destacando alguns estudos realizados na região semiárida do nordeste 15 brasileiro, mais especificamente na lagoa do Piató, em Assú, sobre a espécie Astyanax lacustris. Ademais, Morais-Segundo, (2013) também relata variações espaciais e temporais da estrutura trófica da ictiofauna da barragem de Santa Cruz, Apodi. O desempenho zootécnico de organismos aquáticos como um todo tem se destacado bastante nos últimos tempos, principalmente na área de nutrição e alimentação de peixes de água doce (como é o caso da tilápia). Geralmente, a manutenção do metabolismo, deslocamento, reprodução e transformação da proteína são mecanismos exercidos pelo peixe proveniente da energia do alimento que é consumido (TEIXEIRA et al., 2009). Alguns fatores determinantes no cultivo são inteiramente vinculados com o tipo de sistema de produção bem como a alimentação utilizada pelo peixe, segundo (ZUANON et al. 2011). Os peixes consomem um único tipo de alimento em sua grande parte, entretanto, podem facilmente troca-lo por outro inteiramente distinto quando o primeiro se tornar insuficiente. Em alguns casos, ainda, ao longo de suas vidas, eles também podem mudar completamente seus hábitos alimentares – isso ocorre, principalmente, entre espécies onívoras como é o caso da tilápia –. Por isso, muitos componentes podem ser aplicados na elaboração da dieta completa do peixe, todavia, a autenticação para a elaboração que tenha um baixo custo só será consentida por meio de um conhecimento geral da composição química e, principalmente, do valor nutricional dos ingredientes ali presentes (RIBEIRO et al., 2012). 5.1.1 Alimento natural O alimento natural é uma ótima alternativa para enriquecer a alimentação de peixes cultivados em cativeiro. Esse nutrimento orgânico pode ser gerado por meio da fertilização que ocorre nos tanques com o adubo orgânico e também químico. O plâncton, ali presente, compõe um dos itens primordiais na dieta da maioria dos alevinos e de outras espécies de peixes filtradores. Já o zooplâncton, por sua vez, junta todo seu estoque energético dominantemente de lipídeos. Ademais, a comida ingerida pelo peixe e sua aptidão filtradora estão interligadas com a sua constituição em ácidos graxos da carcaça (RIBEIRO et al., 2012). 16 Em uma análise feita por (SCHROEDER, 1983) em viveiros com baixa renovação de água – inclusive com oferecimento de ração suplementar –, a ingestão de alimentos naturais resultou no crescimento da maioria das tilápias (em torno de 50 a 70%). Por esta razão, se comparar o cultivo intensivo em tanques-rede e raceways aos viveiros de baixa renovação de água, o último leva vantagem por haver menos custo na produção de tilápias (KUBITZA, 1999). A maioria das tilápias aproveitam de maneira bastante eficaz/rentável o fito e o zooplâncton presentes no ambiente. Alguns vegetais e animais aquáticos como algas, plantas, frutos, sementes, crustáceos, larvas, ninfas de insetos, vermes, moluscos, anfíbios, etc., servem de alimento natural para elas e outros demais peixes. Em razão disto, alguns estudos revelem que, no que diz respeito ao crescimento, não se faz necessário à introdução de rações com enriquecimento vitamínico utilizadas na criação se, todavia, há uma boa incidência de alimentos naturais ali presente. A suplementação vitamínica completa só é destinada, primeiramente, as rações das pós-larvas e ao cultivo em sistemas mais intensivos. A suplementação também pode ser sucedida em rações usadas em tempo frio (período de inverno) além de no tratamento de peixes doentes ou sob demasiado estresse (KUBITZA, 2000). 5.1.2 Alimento artificial Os alimentos artificiais ou rações balanceadas (como são mais conhecidas) são alimentos processados por procedimento de peletização, extrusão e floculação (MORO; RODRIGUES, 2015). Seguindo a fase de crescimento de cada peixe, é importante que a ração possua uma quantidade exata de proteína, energia e componentes de alta digestibilidade (diminuindo assim a carência de ração e a quantidade de fezes excretado por ele, resultando em melhoria do funcionamento e desempenho físico). Isso minimiza a eutrofização do ambiente. Além do mais, fatores como estabilidade na água, granulometria e tamanho, são características físicas que a ração deve ter (NASCIMENTO & OLIVEIRA, 2010). Todos os dias é recomendável que o alimento artificial seja aplicado a uma quantidade entre 3 à 5% de biomassa (fracionado em duas refeições), durante um período de cinco dias por semana, especificamente. É importante que se estipule um 17 local e uma hora regularmente, de preferência no período da manhã e final de tarde. Ademais, os peixes de viveiro – que são capturados através de rede e/ou tarrafa –, normalmente tem a quantidade de alimento calculada por meio de uma biometria mensal de amostra, segundo (VIEIRA, 2015). Quanto maior houver umidade no local da conservação de rações, maior será o risco de contaminação por microrganismos e insetos, acarretando assim uma série de problemas causados pela perda das propriedades nutricionais. Isto ocorre em detrimento da alta incidência de raios solares que prejudica vários de seus componentes. Em vista disso, estocar a ração de maneira adequada é de suma importância para mantê-las conservadas com sua qualidade nutricional. O procedimento mais recomendável é armazená-las em temperatura ambiente ou, ainda, sob sistema de refrigeração (este, por sua vez, garante um período maior de preservação) (RIBEIRO et al., 2012). Uma análise feita por Ribeiro, et al. (2012), aponta que existem cerca de 13 ingredientes usados nas formulações de rações comerciais, dentre eles: Farelo de soja; farelo de algodão; farinha de peixe; farinha de carne e ossos; farinha de sangue (como fontes de proteína); milho; sorgo; farelo de arroz e óleos (como fontes energéticas); suplementos minerais e vitamínicos; sal e substâncias antioxidantes. Farelada: Os componentes passam por um processo de moído e mistura, acarretando tanto problemas ao peixe quanto a qualidade da água do cultivo. Além disso, é descomunal a perda de nutrientes que se há, por isso, sua utilização não é recomendada (KUBITZA, 2000). Peletizada: Apresenta alguns fatores negativos mediante a extrusada, como por exemplo, menor digestibilidade, estabilidade, eficiência alimentar e retorno econômico. No entanto, esta restringe a ausência de nutrientes na água, podendo extinguir alguns compostos tóxicos, minimizar a seleção de alimento pelos peixes e, ainda, reduzir o volume no transportee armazenamento da ração. Sua estabilidade na superfície assegura sua qualidade, pois dura em torno de aproximadamente 15 minutos. Atualmente, a ração peletizada tem o 13º custo de produção mais transcendente – quando comparada à ração farelada –, porém, para o cultivo em cativeiro, ainda sim, é pouco recomendada (devido à baixa flutuabilidade e alto nível de desperdício) (KUBITZA, 2000). Extrusada: Para a piscicultura, este é o tipo de ração mais indicada. O manejo alimentar é feito de forma simples, sem muitas implicações, pois sua estabilidade na 18 superfície da água dura cerca de cerca de 12 horas seguidas. Este tipo de ração concede maior digestibilidade e aproveitamento ao peixe. Isto proporciona melhor observação do consumo e permite minimizar as perdas de ração além de ajuste na taxa de alimentação. A extrusão é baseada num processo de cozimento em temperaturas elevadas, pressão e umidade controlada. Estas são mais utilizadas em tanques-rede (KUBITZA, 2000). Ração suplementar: É a ração utilizada para a engorda dos animais. Se por alguma razão no viveiro houver baixa renovação de água, é possível que de maneira eficiente e habitual se utilize rações suplementares (que tem baixo valor nutricional), para que a produção seja realizada com sucesso. Na maioria dos casos, estas rações não fornecem um balanço exato de aminoácidos essenciais e, ainda, expressam níveis menores de proteína – cerca de 22 a 24% no total – além de terem maior relação energia/proteína e terem uma parcial suplementação com premix vitamínico e mineral (isto é, quanto oferecem suplementação, pois na maioria dos casos não oferecem) (KUBITZA, 2000). Ração complementar: É utilizada para complementar as exigências básicas do organismo do peixe. O êxito no cultivo de tilápias em cativeiro está diretamente ligado ao emprego das rações completas. Estas, ainda, devem conter todos os nutrientes necessários em quantidades de maneira equilibrada que supram as exigências do peixe, resultando no crescimento, saúde e reprodução do mesmo. Além do mais, estas rações são extremamente importantes para viveiros que tem sua biomassa ultrapassada a 6.000 kg/ha. Sem embargo, são rações que devem ser aplicadas em sistemas de produção onde a disponibilidade ou o acesso ao alimento natural é limitado (KUBITZA, 2000). Visando o desempenho produtivo do peixe, a maioria dos nutricionistas destinam-se a substituição de fontes proteicas e energéticas de origem animal do peixe, com dedicação e atenção as análises. Esse processo de troca é aplicado, principalmente, nas farinhas e óleos, que são prontamente substituídos por fontes de origem vegetal. A soja, o girassol, o algodão, etc., (subprodutos do processamento de sementes de plantas oleaginosas) também são substituídos; bem como o trigo, o arroz, o milho, a mandioca e muitas outras amiláceas. Além do mais, há também um aproveitamento de subprodutos industriais, como é o caso dos resíduos de cervejaria, leveduras, polpa de frutos e sementes, etc., como aponta (KUBITZA, 1999). 19 Para minimizar os custos da ração, muitos estudos têm sido feitos em todo o Brasil por vários pesquisadores. Muitos resultados significativos já foram obtidos, no entanto, as despesas gastadas com a alimentação ainda são fatores dificultosos enfrentados pela piscicultura, inviabilizando, assim, uma melhoria no desenvolvimento da cadeia do pescado. Neste ponto de vista, uma das espécies que mais se destacam no cultivo é a Oreochromis niloticus – mais conhecida como tilápia – justamente por ser portadora de uma proteína de excelente qualidade, rentável, de fácil cultivo e representante de um elevado recurso sustentável (HALWART et al., 2003). Contudo, uma das alternativas para a produção anual, contínua e com qualidade, pode ser o uso de sistemas que compatibilize o rendimento do alimento natural acessível com rações granuladas suplementares, isso tudo, claro, a um custo singular, com volumes suficientes para o mercado tanto interno quanto externo. Geralmente, em ambientes naturais, as tilápias equilibram suas dietas e escolhem os alimentos que suprem suas exigências nutricionais e preferências alimentares, por isso, dificilmente sinais de deficiência nutricional são detectados mediante estas condições (KUBITZA, 1999). Segundo Kubitza (1999) estudos feitos em Israel (Gur 1997), após uma devida observação no crescimento dos peixes, o enriquecimento vitamínico em rações aplicadas no cultivo de tilápias (em viveiros que possuem disponibilidade de alimentos naturais), não é necessário. Porém, a suplementação vitamínica destas rações resulta em melhoria a sobrevivência dos animais. Referente ao cultivo em cativeiro, muito se tem estudado a cerca de qual tipo de alimentação é mais recomendável. Dessa forma, análises feitas por (BACARIN, 2002) apontam que a alimentação natural obtém mais vantagens à produção de tilápias (principalmente em tanques escavados). Viveiros povoados com alevinos machos de tilápia, sexualmente revertidos, com peso médio de 13,35 ± 0,59g, na densidade de 1,7 peixes/m2, foram divididos em quatro tratamentos: alimento natural, ração peletizada, ração extrusada e ração farelada. As rações experimentais de mesma formulação (30% de proteína bruta e 3.000kcal de energia digestível), foram fornecidas duas vezes ao dia. Nos viveiros adubados foi aplicado esterco de galinha poedeira, a cada 20 dias. Os tratamentos arraçoados apresentaram os maiores custos com alimentação e mão de obra, sendo o tratamento com ração farelada responsável pelo maior valor (R$1,41/kg) e o 20 tratamento com ração peletizada o menor (R$1,29). Os menores custos com alimentação e mão de obra foram obtidos no tratamento alimento natural (R$0,57/kg). O uso de ração nos sistemas de criação contribuiu para o aumento dos custos operacionais totais (SCHALCH, 2013). A partir desta análise feita nos dois primeiros meses de criação, os peixes que tiveram um tratamento por meio de alimento natural acabaram apresentando maior desempenho produtivo quando comparados aos demais tratamentos. O que significa que, por não receber ração neste período de peso médio entre 79,93g, o alimento natural teve uma função primordial no crescimento da tilápia, destacando-a em sua performance geral. No entanto, conforme uma observação feita pelos autores, nos viveiros que eram somente adubados, as tilápias tiveram um percentual de crescimento menor comparadas aos outros peixes que foram alimentados com ração. Tanto a ração como o adubo orgânico provocaram taxas de crescimento semelhantes durante os 28 primeiros dias de criação. Contudo, de acordo com BROWN et al. (2000), os alevinos de até 0,11g não precisam ser alimentados com ração, por, pelo menos, 75 dias (BACARIN, 2002). Portanto, de acordo com, (KUBITZA, 2000), mesmo com a distribuição de ração suplementar no cultivo, as tilápias preferiram o consumo de alimentos naturais, o que acarretou em torno de 50% a 70% do seu crescimento, isto é, em viveiros com baixa renovação de água. Por esta razão, o cultivo em viveiros de baixa renovação de água tem menos custo do que em cultivo intensivo de tanques-rede e/ou raceways. 6 NUTRIÇÃO EM CATIVEIRO 6.1 Históricos de processos em cativeiro A piscicultura é uma prática adotada para a criação de peixes em cativeiro que atualmente reflete de maneira perspicaz no que diz respeito ao contexto mundial e histórico. Essa atividade que é utilizada há milhares de anos, principalmente pelos antigos egípcios, e hoje em dia resulta em alternativas viáveis que garantem a segurança alimentar da população mundial e principalmentedas futuras gerações – ao contrário das atividades extrativistas que extraem e retiram recursos naturais com 21 finalidades lucrativas e substanciais. A piscicultura visa, sobretudo, o favorecimento do desenvolvimento sustentável, proporcionando assim o aumento da produção de proteína animal e, principalmente, a conservação dos recursos pesqueiros e sua biodiversidade (KANASHIRO, 2014). Desde a Idade Antiga, muito tempo antes de Cristo (cerca de dois mil anos), já se havia a prática da criação em cativeiro de tilápias. O cultivo era feito em tanques para o próprio consumo dos povos; mas foi só por volta do século XX que essa atividade começou a se desenvolver. Atualmente, a maior potência de tilapicultura do mundo é a China, graças a sua forte exploração que vem sendo fortificada desde os anos de 1970 (FIGUEIREDO; VALENTE, 2008). No Brasil, a tilápia foi inicialmente implementada no Nordeste. Houve uma introdução em caráter experimental por meio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para essa prática se fortificar no mercado. A estratégia utilizada foi de efetivar na região do Nordeste um programa de produção de alevinos de tilápias, com o principal intuito de ocupar os reservatórios públicos. O Sudeste, por sua vez, também teve seu papel significativo nessa implementação. Por meio de companhias hidrelétricas, as cidades de São Paulo e Minas Gerais passaram a produzir uma quantidade considerável de alevinos para a venda, compartilhamento e, sobretudo, povoamento de peixes (FIGUEIREDO; VALENTE, 2008). Contudo, a criação racional se desenvolveu somente no Paraná, começando em tanques escavados, e, posteriormente, partindo para os tanques-rede na fase seguinte (SUSSEL, 2010). Mesmo o território brasileiro tendo um potencial hídrico riquíssimo, foi só por volta dos anos de 1930 que, de fato, começou-se a praticar experiências com peixes para se alcançar as desovas de determinadas espécies originárias. Na década de 80, os empreendimentos em caráter comercial daquela época tinham poucos recursos e conhecimentos técnicos a respeito do manejo, acarretando assim em pesquisas limitadas, baixa qualidade genética de alevinos e, principalmente, em insuficiência de rações apropriadas que deveriam obedecer às exigências nutricionais. No entanto, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no início, a atividade foi se expandindo e tornou-se uma boa geração de renda para o mercado tanto interno quanto externo. Hoje em dia a criação de peixes (principalmente de tilápias) tem obtido um grande crescimento no que diz respeito à linha mundial (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2007). 22 Já no Nordeste, foi só por meados dos anos 1990 que o cultivo comercial começou a se estender. Atualmente, há vários estados nordestinos que efetuam a tilapicultura, porém os dois polos de produção que mais se destacam são: Bahia (com o rio São Francisco) e o Ceará. Em todos o sistema de cultivo mais predominante é o tanque-rede (SUSSEL, 2010). No que diz respeito ao Rio Grande do Norte, a tilapicultura enfrenta dificuldades para se expandir, pois estudos apontam que o teor de fósforo em alguns açudes está acima do limite permitido. No entanto, apesar dos entraves, atualmente existem projetos que incentivam a tilapicultura no estado, como por exemplo a Cartilha Criação de Tilápias em Tanques Escavados, que reforça a atividade como uma oportunidade de negócio para produtores rurais e traz informações técnicas fundamentais para estruturar tanques escavados em uma propriedade (SEBRAE, 2014). 6.2 Tipos de sistema Várias condições podem estabelecer que tipo específico de sistema deve ser utilizado no processo de produção/criação do peixe, uma vez que, torna-se difícil determinar somente um método que seja inteiramente eficiente. A elaboração estrutural vai depender diretamente da espécie a ser cultivada, do clima e principalmente da quantidade de água disponível. No caso da tilápia, as criações em lagoas, açudes e represas são as que mais tem se destacado. Essa espécie oriunda do Egito se adaptou muito bem às águas brasileiras; podem ser facilmente alimentadas e são resistentes a doenças, além de serem muito boas reprodutoras. Se tratando de cultivo, a tilápia tolera bem as variações de temperatura e água com pouco oxigênio dissolvido. Criadas sozinhas no tanque, podem alcançar produtividade de cinco toneladas por hectare ao ano. O sistema mais utilizado é o chamado de bifásico. Como o próprio nome já diz, este se refere a duas fases que são ocorridas ali no cultivo. A primeira, por sua vez, é chamada de pré-engorda, onde as tilápias estão na fase de alevinos, com peso médio de 1,0 grama e estocadas por cerca de 60 dias nos tanques-rede de alevinagem até obterem o peso que varia normalmente entre 20 e 30 gramas. Após atingirem então o peso almejado, estas são repassadas a segunda fase nos tanques-rede de engorda, permanecendo ali por cerca de 120 dias até totalizar o peso comercial que varia 23 entre 600 a 850 gramas. O ciclo total de engorda da tilápia acontece em mais ou menos 180 dias (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2007). Outro sistema muito comum e aplicado é o trifásico, tendo como única diferença quanto ao sistema anterior, sua fase de pré-engorda que é dividida em duas. Os alevinos de 1,0 grama de peso médio devem ser estocados em tanques- rede com malha de 5 mm, necessitando ficar ali, no mínimo, 21 dias para só então totalizar um peso médio de 10 gramas. Depois desta etapa, o lote de alevinos deve passar por jejum de 24 horas e, posteriormente, ser transferido para tanque-rede, com malha de 8 mm. O tempo estimado de permanência no tanque de 8 mm é de 30 a 40 dias, podendo prontamente ser iniciada a retirada dos juvenis (somente aqueles acima de 20g) para a estocagem nas gaiolas de engorda, classificando-os em pequenos, médios e grandes. Os demais podem voltar normalmente para um tanque-rede com malha de 8 mm, que esteja devidamente higienizado, para então alcançar o peso adequado no início da fase de engorda, que dependendo da exigência de padronização dos exemplares por parte dos compradores, pode ser dividida em duas ou mais etapas de cultivo, permitindo uma melhor classificação por tamanho (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2007). 6.3 Viveiros escavados x tanques-rede Nos tanques de terra existem alguns complicadores no que diz respeito à estratégia alimentar. Há produtores que ultrapassam as taxas de alimentação por causa da baixa estocagem (em detrimento da relação de densidade do plâncton e biomassa), não permitindo, assim, maior aproveitamento do alimento natural no cativeiro. Já outros produtores utilizam densidades elevadas e acabam investindo em aeração, dispondo da renovação de água, entretando, usam rações baratas de baixa densidade nutricional que acabam resultando em pior conversão alimentar, menores taxas de crescimento e maior acúmulo de gordura visceral. Se tratando dos tanques de terra, muitos tilapicultores tem dificuldade em determinar e conservar uma densidade de plâncton adequada e elaborar um manejo nutricional/alimentar eficaz. Na maioria das vezes os peixes são alimentados em excesso e findam em inatividade, prejudicando assim o aproveitamento do alimento natural. Sem embargo, nos cultivos de tilápia em tanques-rede o manejo nutricional é um pouco mais uniforme, pois não há muita margem para experimentações. Todavia, nenhum 24 desses fatores impedem que cada produtor busque e experimente estratégias de alimentação que melhor sirvam às características do seu empreendimento, sem, obviamente, comprometer o progresso dos peixes (KUBITZA, 2006).No que se refere ao cultivo de peixes em tanques-rede, podemos ressaltar algumas vantagens: O controle e monitoramento dos peixes se torna mais fácil, acessível; a utilização de ambientes de grandes lagos e barragens torna-se mais apropriada, em decorrência aos processos de erosão e assoreamento de rios e lagos que são causados pela movimentações de terras e desmatamento; há maior aproveitamento do cultivo; há maior monitoramento contra predadores; melhor controle no processo de despesca; a produção tende a ter maior capacidade de expansão graças à facilidade; a montagem da infra-estrutura acaba sendo mais rápida e descomplicada; há um menor custo de implantação quanto aos sistemas de cultivo intensivo em viveiros escavados e raceway. Porém, como todo cultivo, há também suas desvantagens como: A ração é o único alimento que pode ser fornecido; há menor possibilidade de correção dos parâmetros químicos e físicos da água (NOGUEIRA; RODRIGUES, 2007). 6.4 Cultivo em sistemas de bioflocos As práticas de manejo adequadas resultam numa melhoria significativa na produtividade do peixe. Mas além disso, fatores externos também devem ser levados em consideração, como por exemplo, precauções para a atividade aquícola não se tornar uma fonte de impacto ao meio ambiente. Por este motivo, a implantação de sistemas de produção sustentável tem se destacado, pois além de ressaltar os sistemas de cultivos fechados, também minimiza os possíveis danos ambientais (COLT et al., 2006). Sendo assim, um dos sistemas que mais tem se destacado ultimamente por ser considerado como uma técnica mais sustentável, mediante aos outros, é o bioflocos – pois não há trocas de água – de acordo com (AVNIMELECH, 2007; AZIM; LITTLE, 2008; CRAB et al., 2009). O principal intuito dessa técnica de bioflocos é precisamente estimular o crescimento de bactérias heterotróficas por meio de uma reciclagem de nutrientes através de uma alta ligação carbono/nitrogênio na água, em detrimento da conversão da amônia em biomassa microbiana, a qual suplementa a alimentação dos vários dos organismos cultivados. (AVNIMELECH, 1999; 2007). 25 Bioflocos são partículas orgânicas em suspensão na água ou aderidas às paredes dos tanques de produção. Estas partículas englobam material orgânico parti-culado, sobre o qual se desenvolvem microalgas, organismos microscópicos diversos (protozoários, rotíferos, fungos, oligoquetos), dentre outros microorganismos, em especial uma grande diversidade de bactérias heterotróficas. A criação de peixes em sistemas com bioflocos é uma derivação dos sistemas com recirculação de água, na qual não se utiliza filtros mecânicos, nem filtros bio-lógicos convencionais. Os resíduos orgânicos gerados na produção (as fezes, o muco dos peixes e as sobras de ração) são desintegrados e mantidos em suspensão dentro dos próprios tanques, servindo como substrato ao desenvolvimento das bactérias heterotróficas. Estas bactérias se encarregam da depuração da qualidade da água, utilizando compostos nitrogenados potencialmente tóxicos aos peixes (como a amônia, o nitrito e o nitrato) para a síntese de proteína e biomassa microbiana, que enriquecem os bioflocos (KUBITZA, 2011). De acordo com AVNIMELECH 2007, os estudos majoritariamente devem ser lançados numa análise de funções dos flocos microbianos pelos organismos cultivados, resultando assim em sistemas que são fundamentados na tecnologia adequada em manutenção da qualidade de água no bioflocos. Ele ainda afirma que as tilápias são excelentes no que diz respeito a adaptação a este tipo de sistema, pois sua capacidade de se alimentar por filtração garante um melhor absorvimento mediante a suspensão da água. Além do mais, por serem peixes robustos e de crescimento acelerado, são propícias a métodos adensados. Alguns sistemas de produção intensivos na produção de tilápias, principalmente os que utilizam a tecnologia de bioflocos, tem tido como finalidade optar por opções mais sustentáveis (MILSTEIN et al., 2001). O sistema de bioflocos apresenta diversas vantagens, como por exemplo, a produção de proteína microbiana de ótima qualidade na unidade de cultivo, que é, sem dúvidas, um alimento suplementar excelente para os organismos ali cultivados. Por esta razão, essa tecnologia possibilita que a qualidade da água esteja totalmente adequada para o desenvolvimento dos peixes, tornando-se assim uma boa alternativa de cultivo. (AVNIMELECH, 1999; BURFORD et al., 2004; AVNIMELECH, 2006; EBELING et al., 2006; WASIELESKY et al., 2006; AVNIMELECH, 2007; DE SCHRYVER et al., 2008) 26 6.5 Nutrientes Os alimentos que são fornecidos no cativeiro devem ter as quantidades de nutrientes necessárias para garantir os processos metabólicos e fisiológicos do peixe, proporcionando um desenvolvimento progressivo na saúde e em seu crescimento. Muitos fatores contribuem para saber a quantidade exata de ração que deve ser aplicada em um tanque, dentre eles: taxa de renovação da água, exigência da espécie, densidade de estocagem e biomassa final. Para evitar a mortalidade, é necessário respeitar os limites de arraçoamentos (KUBITZA, 2004). Dependendo da espécie a ser cultivada e suas particularidades, um peixe pode necessitar em torno de 44 nutrientes indispensáveis – que incluem água, aminoácidos essenciais, energia, ácidos graxos essenciais, vitaminas, minerais, carotenoides, entre outros (KUBITZA, 1999). 7 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS 7.1 Aspectos históricos do desenvolvimento da piscicultura A ciência que envolve a nutrição de peixes obteve um grande avanço por volta dos anos 1960 com a chegada de algumas fazendas no país. No Nordeste, essa atenção voltada para a nutrição foi só por meados da década de 70, quando o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas iniciou um programa de pesquisa tendo em vista alguns pontos importantes como: O levantamento quali- quantitativo de ingredientes para rações produzidos na região; a elaboração de rações balanceadas, peletizadas ou não; testes com diversos ingredientes (tortas, farelos, grãos e outros produtos e subprodutos agrícolas e da agroindústria) usados como ração suplementar para peixes criados em tanques e viveiros, interessando conversão alimentar e crescimento, quase sempre; e testes com rações balanceadas em cultivos de peixes em gaiolas, tanques e viveiros. Ao pesquisar mais afundo a respeito dos alimentos utilizados para peixes no Rio Grande do Norte, é possível encontrar registros em artigos científicos que tratam com precisão o assunto, como é o caso de Magalhães et al. (1990) que é bastante conhecido por abordar a alimentação de peixes como o Serrasalmus brandtii do rio Piranhas/Açu. Também existem outros artigos recorrentes que abordam bastante esse assunto, 27 como é o caso de Gurgel et al. (1991), o qual os autores fazem uma observação mais fundamentava com informações qualitativas e quantitativas sobre os alimentos ingeridos do Arius luniscutis do rio Potengi/Natal. As exigências nutricionais dos peixes sujeitam-se a diversos fatores contribuintes. Alguns se destacam pela sua eficiência, mas dependendo da situação, podem variar de acordo ao meio em que vivem, principalmente as condições ambientais. Essas e outras condições nutricionais dependem propriamente da espécie, do sistema de cultivo a ser utilizado e da sua fase de desenvolvimento. Em tanques-rede, por exemplo, como os peixes são sujeitados a uma maior pressão de produção e estresse, a disponibilidade de alimento acaba sendo restringida. Por isso, é recomendável que as rações sejam mais concentradas em proteínas (cerca de 32 a maisou menos 40%) e que também recebam energia digestível e um enriquecimento mineral/vitamínico superior (JORGE, 2013). Assim como os outros peixes, as tilápias também precisam de vários nutrientes para que seu crescimento, sua reprodução e saúde sejam aprimorados. Dentre eles podemos destacar alguns como: Aminoácidos (extremamente importantes para a formação e regeneração dos tecidos e proteínas); energia (excelente para manutenção do metabolismo básico e, consequentemente, obter um bom crescimento); ácidos graxos (componentes fundamentais das membranas celulares além de fonte energética); minerais (importantes para a formação de ossos e dentes; e por fim as vitaminas (ativadores enzimáticos em diferentes processos metabólicos) (KUBITZA, 1999). 7.2 Cultivo sem exigências nutricionais x cultivo com exigências nutricionais Alguns fatores acarretam no pouco desenvolvimento da piscicultura, como por exemplo, a incompetência na verificação e diagnóstico de sinais específicos dos problemas nutricionais apresentados e, igualmente, a carência de preparo técnico para o correto manejo alimentar das fazendas de criação de peixes. Por esta razão, é incorreto afirmar que os alimentos baratos limitam o custo de produção e fazem progredir a receita líquida por área de cultivo (ROUBACH et al., 2002). É importante ressaltar que, no ambiente o qual as tilápias são cultivadas, os patógenos e parasitos coexistem entre elas. Tanto doenças quanto esses 28 organismos variados podem ser prontamente identificados no cultivo, se, por ventura, não houver as exigências necessárias para a saúde do peixe. Tanto o manuseio rústico, quanto a manutenção desapropriada de qualidade da água, densidades de estocagem imoderada, etc., são resultados gerados pela má nutrição e outros determinantes que ampliam a incidência de problemas com doenças diversificadas (KUBITZA, 2000). Sendo assim, o cultivo que adota uma avaliação nutricional sistemática, tende a obter maior controle do valor nutritivo dos alimentos e das necessidades nutricionais do peixe – em função do sistema intensivo de cultivo, procurando nutrir os peixes de forma que suportem o rápido crescimento e o estresse a que estão constantemente expostos, minimizando, assim, as possíveis perdas – obtendo maior produtividade (KUBITZA, 2000). Para satisfazer às requisições nutricionais dos peixes em todas as suas fases de desenvolvimento (alevinagem, crescimento e engorda), a ração deve ser completa no que diz respeito ao sistema de produção e nível de manejo aplicado pelo criador. Portanto, consideramos que a biodisponibilidade de nutrientes – que progride a integração dos peixes – é expandida através do ajuste específico de exigências nutricionais e, também, o emprego de técnicas avançadas de cocção e expansão na fabricação das rações (KIANG, 1998). 7.3 Requisições nutricionais As requisições nutricionais dos animais são semelhantes aos dos animais terrestres. Ambos carecem de proteína/aminoácidos, ácidos graxos, minerais, vitaminas e fontes energéticas. Mas, no caso dos peixes, independentemente de como esses nutrientes serão aplicados (seja por meio de rações especializadas ou de organismos aquáticos) eles podem variar segundo o sistema e as condições de cultivo (ROUBACH et al., 2002). De acordo com Santos et al., (2013), segundo as características anatômicas e morfológicas do sistema digestório, e, principalmente, dos hábitos e comportamentos alimentares do peixe, é possível verificar as exigências nutricionais necessárias. A frequência de arraçoamento tem que estar devidamente propícia, pois é a partir daí que se pode determinar o melhor desempenho produtivo. O sistema mais adequado para uma produção anual constante de tilápias com 29 qualidade é o que compatibiliza o aproveitamento do alimento natural acessível com rações granuladas suplementares. Assim, com um custo singular, essa opção pode resultar em volumes satisfatórios para o mercado interno e externo. A aplicação de alimentos apropriados, em dosagem e em aptidão, é essencial para o êxito da piscicultura. Para os peixes, sendo comparados às demais espécies de animais, o negócio torna-se ainda mais caro pois as exigências de nutrientes como a proteína, por exemplo, necessita de um fornecimento de ração com altos teores protéicos (SANTOS et al., 2013). Segundo Cyrino et al., 2002, as exigências em aminoácidos essenciais pelos peixes como a arginina, histidina, isoleucina, leucina, metionina, fenilanina, treonina, triptofano e valina, são similares a dos demais animais. No entanto, a falta desses aminoácidos fundamentais na dieta dos peixes acaba provocando uma série de problemas, como a redução na eficiência do uso de proteína, retardamento no crescimento, diminuição do ganho de peso e eficiência alimentar, redução da resistência a doenças pelo comprometimento dos mecanismos de resposta imunológica, entre outros. Geralmente, a maioria das rações empregadas contém um alto teor de proteína, aumentando então a atuação de fontes proteicas que concedem a maior parcela do custo da ração (FURUYA et al., 2000). De acordo com Teixeira et al. (2004), o melhor seria que as dietas fossem formuladas mediante uma certa proporcionalidade entre a taxa de fonte de proteína e aminoácidos, resultado assim no balanço com porcentagem mínima. No entanto, é necessário analisar a fase a ser alimentada. Os carboidratos e gorduras são bem empregados pela tilápia, o que significa ser possível economizar a proteína das rações para o proveito no crescimento. Conhecer a energia digestível dos alimentos é fundamental na formulação de rações suplementares e completas. O balanço entre a energia digestível e a proteína nas rações é importante para maximizar a eficiência alimentar e o crescimento dos peixes (KUBITZA, 2011). Uma vez criadas em viveiros e alimentando-se de alimentos naturais, habitualmente, as tilápias conseguem absorver uma boa parcela de vitaminas e minerais que suprem suas necessidades. Todavia, após haver uma intensificação de nutrientes no cultivo, consequentemente se há um aumento de vitaminas e minerais 30 nas rações, acarretando bom rendimento. Isso ocorre principalmente em tanques- rede e raceway (OLIVEIRA, 2007). Como o alimento natural nos sistemas de cultivo é restringido, é importante que as exigências nutricionais sejam totalmente compensadas. A tilápia, por sua vez, expressa maior necessidade de vitaminas, riboflavina, ácido pantotênico, ácido ascórbico e vitamina E (CYRINO et al., 2004). 8 MANEJO ALIMENTAR 8.1 Produtividade e rentabilidade Pode-se afirmar que o manejo alimentar deve ser desenvolvido mediante uma análise dos hábitos naturais do peixe, seu sistema a ser cultivado, sua produtividade, as condições climáticas do ambiente, o manuseio da comida, etc. É de fundamental importância que o manejo possa contribuir com o melhoramento da conversão alimentar e a apropriação dos nutrientes do peixe, pois, isso faz com que haja uma redução de desperdício da ração e, ainda, diminuição de impactos desfavoráveis das sobras deste alimento na qualidade da água (RABE E BROWN 2000; FURUYA, 2001; DIAS-KOBERSTEIN et al., 2004; LUIZ E PORTELLA 2005 e LARA, 2006). Tanto a reprodução, sobrevivência, saúde e crescimento do peixe são determinados a partir das condições de qualidade da água, podendo interferir ou não no êxito do sistema de cultivo (SCHIMITTOU, 1993; KUBITZA, 1998). Os critérios a serem adotados para se obter uma boa qualidade da água vão definir diretamente os níveis de nutrientes, turbidez, oscilação da biomassa de organismos bentônicos,do pH e redução da concentração de oxigênio dissolvido na água (CORNEL; WHORISKEY, 1993). A alimentação instintiva contribui positivamente ao manejo alimentar, de acordo com Oliveira (2007). O desempenho produtivo depende da taxa de arraçoamento, bem como a regularidade e o horário de suprimento a dieta. A expansão da produtividade em um contexto mais amplo – como, por exemplo, o melhoramento da eficiência alimentar, maior uniformidade do lote, diminuição de resíduos e melhor capacitação da mão de obra, são, sem dúvidas, finalidades da automatização do manejo alimentar (OLIVEIRA, 2010). 31 Existem algumas técnicas que devem ser usadas para que o manuseamento seja feito com eficiência. A ração, por exemplo, pode ser fornecida em altas frequências com a utilização de alimentadores automáticos. Isso permite um maior rendimento aos peixes, fornecendo assim menores quantidades de comida mais vezes ao dia e/ou noite (SOUSA et al., 2012). O fracionamento da porção diária de ração ofertada ao peixe acarreta diretamente na eficácia alimentar (RODEHUTSCORD et al. 2000). A constância de alimentos oferecidos em horários definidos pode estimular o peixe a continuamente procurar suas refeições nos períodos pré-determinados. Isso contribui para o progresso da conversão alimentar e do crescimento do peixe (CARNEIRO; MIKOS 2005). Verifica-se que o conseguimento de alimentos que atendam os requerimentos nutricionais essenciais do peixe resulta na alta produtividade e rentabilidade (CASTRO, SOUZA; BARROS, 2002). O peixe que mais consome e alcança a máxima capacidade, é o mesmo peixe que mais cresce e se desenvolve, no entanto, como consequência, leva uma insatisfatória conversão alimentar. Em contrapartida, os peixes acabam ficando maiores e o consumo de ração se torna considerável (exemplo disso são as tilápias acima de 150g a 200g). Por estes fins, é importante que o produtor priorize a conversão alimentar em detrimento do crescimento, restringindo a alimentação dos peixes a, no máximo, 80/90% de consumo (KUBITZA, 2006). Segundo Tachibana e Castagnoli (2003), é fundamental que haja o reconhecimento de requerimentos nutricionais no cultivo de todo e qualquer organismo aquático. Contudo, a um baixo custo, as tilápias podem ser prontamente produzidas. Porém, é importante adotar estratégias minimamente apropriadas ao manejo nutricional, alimentando elas nas várias fases do cultivo, e, sobretudo, averiguando seu progresso no aproveitamento de alimentos naturais, assim como cita Santos et al. (2013). 8.2 Disponibilidade da ração É importante ressaltar que a quantidade de ração a ser oferecida ao peixe deve ser de acordo com sua idade, espécie, temperatura da água, teor de oxigênio, 32 fase de crescimento e, ainda, condição da saúde do peixe. O recomendável é que a ração seja ofertada com intervalos de, aproximadamente, 7 a 14 dias, porém, mesmo assim, este processo pode estressar os peixes, resultando em menos consumo pelos mesmos. Ademais, é fundamental que o alimento seja partilhado com mais ou menos a mesma quantidade por todo o cultivo. Na fase inicial de desenvolvimento, recomenda-se o uso de uma ração moída, em razão do tamanho da boca do peixe. Existem algumas maneiras de quantificar a ração oferecida aos animais que são previamentes baseadas pela biomassa. Isto se dá pelo número considerado de peixes que habitam no tanque multiplicado pelo seu peso médio, processo feito por meio de avaliações períodicas (RIBEIRO et al., 2012). Um dos fatores essenciais para determinar o nível de proteína e dos grânulos da ração do peixe é a sua idade. A necessidade de proteína é maior em sua fase inicial, no entando, o tamanho da ração deve ser menor, pois esta deve ser apropriada ao tamanho da boca do peixe, assegurando, desta forma, uma melhoria na ingestão do alimento sem nenhum desperdício (LIMA et al., 2013). É importante ressaltar alguns fatores importantíssimos na fase de vida dos peixes. A quantidade de vezes que eles serão alimentados depende da temperatura do ambiente, da espécie a ser cultivada, do tamanho atingido, da qualidade da água do tanque e, principalmente, da sua idade. Primeiramente, não é indicado alimentar os alevinos com ração durante o período em que nadam em cardume. Isto ocorre pelo simples fato deles não verem e perceberem o alimento presente na água, acarretando assim um desperdício considerável da ração, bem como poluição no tanque. Entretanto, depois que se passa um período de tempo onde eles chegam a alcançar em torno de 7 cm, os peixes passam a ter essa detecção na água, começando então a procurar por presas individuais. Somente neste momento que é recomendável o início do treinamento alimentar. No entanto, isto deve ser feito com cuidado, pois a ração deve ser hidratada para somente depois ser fornecida. Este processo é feito por meio do escorrimento do excesso de água do zooplâncton vivo, misturando em seguida com a ração. No início do processo, a mistura deve conter 50% de zooplâncton e 50% de ração, e a quantidade de plâncton deve ser, gradualmente, reduzida. Todo esse procedimento deve ser feito com análise contínua da reação dos peixes, ofertando sempre dosagens gradativamente maiores. Alguns peixes demoram mais a aceitar a ração, por isso, os tratos devem ser intercalados com zooplâncton puro, pelo menos durante os primeiros dias. A 33 primeira alimentação do dia deve ser com a mistura (já que a fome estimula o consumo) e deve ser oferecida a cada duas horas. E assim, sucessivamente, após 10 dias os peixes já terão atingido 9 cm e comerão, exclusivamente, ração. (RIBEIRO et al., 2012). Após o treinamento, os alevinos de 8 a 10 cm devem ser tratados 4 a 5 vezes por dia e chegam a consumir 5% a 6% do seu peso. Quando atingem os 10 cm, estão aptos para entrar na engorda. Peixes de 10 cm consomem pellets de 1 mm e a transição para pellets de 2 mm pode ser feita com peixes acima de 12 cm (HALVERSON, 2013). A ração pode ser oferecida através de duas maneiras: tanto manualmente quanto pela utilização de comedouros. O primeiro, por sua vez, permite que todo o processo seja visto no tanque, podendo se fazer um diagnóstico ali mesmo de possíveis problemas na saúde do peixe. No entanto, se a demanda for grande, este requisita maior trabalho quando comparado ao outro sistema. A alimentação em comedouros é diferenciada, sendo capaz de ser em cochos ou mecanizada. A em cochos é mais utilizada em sistemas tradicionais, no fornecimento de ração farelada. Já a mecanizada lança o alimento por meio de um equipamento acoplado a um trator. Essa técnica limita o contato entre o tratador e os peixes, todavia, acaba fornecendo uma alimentação mais rápida e eficaz em territórios maiores. Também existem os comedouros automáticos que distribuem a ração ocasionalmente no tanque, porém, do mesmo modo, estes limitam o acesso à pessoa responsável por tratar, mas já estão disponíveis no mercado para a avaliação de custo/benefício (RIBEIRO et al., 2012). 8.3 Cuidados importantes que se deve ter durante o manejo 8.3.1 Comportamento anormal do peixe Um peixe saudável é ativo e nada com perspicácia, se alimentando corretamente, e, principalmente, respondendo aos estímulos externos. Em razão disto, (BARBOSA, MOURA; SANTOS, 2010) cita que as anormalidades do cultivo só serão detectadas por meio de uma ponderada análise na conduta do peixe – tendo em vista que alguns fatores indicam sua irregularidade, como mudanças na atividade natatória, por exemplo –. Portanto, medidas devem ser tomadas para a 34 melhoria da saúde do peixe, se possível,consultando efetivamente um especialista/técnico. 8.3.2 Consumo da ração Ainda de acordo com Barbosa et al. (2010), se os peixes estão com problemas ou o cálculo de arraçoamento superestimado, pode ser resultado das sobras de ração. Por isso, é importante alcançar um ponto em que o consumo seja total, diminuindo progressivamente a quantidade de ração a ser ofertada. 8.3.3 Aspecto externo do cardume É necessário fazer uma constante análise acerca da fisionomia do peixe, verificando se o mesmo apresenta deformidades ou necroses na estrutura física, como diz Barbosa et al. (2010). Esse processo é primordial, pois destaca o aparecimento de doenças no cardume, e, desde já, viabiliza uma possível consulta ao especialista. 8.3.4 Monitoramento da mortalidade A cada biometria, esse procedimento possibilita um ajuste na porção da ração, facilitando assim o cálculo da taxa de sobrevivência. Por esta razão, segundo (KUBITZA, 1999), se no cultivo houver uma nutrição satisfatória e um bom manejo alimentar, esses fatores podem acarretar em bons resultados, como por exemplo: Rendimento e crescimento dos peixes; aumento do nível de safras anuais; eficácia alimentar do peixe com melhoria, resultando em um custo de produção mais baixo; diminuição do impacto causado por poluentes da piscicultura intensiva, aumentando assim o progresso na produção por área; boa saúde e mais tolerância a doenças e parasitoses; condescendência do peixe ao processo de manuseio/transporte vivo; desempenho produtivo maior, e, semelhantemente, a qualidade das pós-larvas e alevinos; otimização e maximização da produção as receitas da piscicultura, etc. 35 36 9 CONCLUSÃO Concluímos que, de um modo geral, a tilápia expressa maior necessidade de vitamina, riboflavina, ácido pantotênico e ácido ascórbico. A comida natural tem mais vantagens do que a artificial, porém, o uso da ração também é eficiente quando esta é concentrada em proteínas que recebem energia digestível e tem um enriquecimento mineral e vitamínico muito bom. Assim, a um baixo custo, as tilápias podem ser prontamente produzidas. Porém, é importante adotar estratégias apropriadas ao manejo nutricional, alimentando-as corretamente nas várias fases do cultivo, e, sobretudo, averiguando seu progresso no aproveitamento dos alimentos. 37 REFERÊNCIAS AFONSO. P. 1999. NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE TILÁPIAS - PARTE 1. Panorama da Aquicultura. 43 p. ANDRADE, Caniggia Lacerda et al. Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo. Nutritime: Revista Eletrônica, Viçosa, v. 12, n. 6, p.4464-4469, nov./dez. 2015. BARBOSA, Ana Célia Araújo; MOURA, Ezequias Viana de; SANTOS, Rafson Varela dos. Cultivo de tilápias em gaiolas. Emparn: Circuito de Tecnologias Adaptadas para a Agricultura Familiar, Natal, v. 17, n. 7, p.7-33, 2010. 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