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Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento *Conteúdo destinado a profissionais da área da saúde www.seucardio.com.br Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Índice 3 Orientações sobre a operabilidade em lesões com shunt ........................................ 22 Principais Cardiopatias Congênitas............................................................................... 5 Referências Bibliográficas .............................................................................................. 23 Introdução........................................................................................................................ 4 1 Comunicação Interatrial (CIA) ................................................................................... 6 2 Comunicação Interventricular (CIV) ..........................................................................7 3 Persistência do Canal Arterial (PCA)......................................................................... 9 4 Defeitos do septo atrioventricular (DSAV) ..............................................................11 5 Coarctação de Aorta (CoAo) ...................................................................................... 12 6 Estenose Aórtica (EAo) ............................................................................................... 13 7 Estenose Valvular Pulmonar...................................................................................... 14 8 Tetralogia de Fallot (T4F) ........................................................................................... 15 9 Patologias semelhante à T4F com correção biventricular possível ..................... 16 10 Patologias semelhantes à T4F com correção biventricular não possível .......... 17 11 Transposição de Grandes Arterias (TGA) .............................................................. 18 12 Drenagem venosa anômala de veias pulmonares (DVAVP) ............................... 19 13 Truncus Arteriosus ................................................................................................... 20 Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Introdução 4 As Cardiopatias Congênitas são de�nidas como anormalidades na estrutura, e/ou na função cardiocirculatória presentes antes mesmo do nascimento, apesar de algumas serem diagnosti- cadas tardiamente. A doença atinge aproximadamente 1% das crianças nascidas vivas. As anormalidades na formação da estrutura cardíaca alteram a anatomia normal do coração, podendo estar relacionadas às vál- vulas, paredes internas ou mesmo artérias do coração. A maioria das cardiopatias congênitas são diagnosticadas e tratadas ainda na infância, ou até mesmo logo após o nascimento. No entanto, há casos em que a doença é identificada apenas na vida adulta, po- dendo também ser tratada nessa fase. Apesar dos avanços no tra- tamento, ainda existem defeitos congênitos que são incompatí- veis com a vida e levam ao óbito. Dentre as causas mais comuns destacam-se os medicamentos, a radiação, algumas patologias como a rubéola e o vírus Cosakie B e intenções de abortos. Fatores genéticos, fatores maternos, que incluem as doenças crônicas como a diabetes ou a fenilcetonúria mal controladas, consumo de álcool, exposição a toxinas ambien- tais e infecções também podem aumentar, consideravelmente, a probabilidade de uma anomalia cardíaca. As crianças com cardiopatias congênitas apresentam sintomas como pele de coloração roxeada, choro constante e/ou cansaço ao mamar. Geralmente os sinais despertam a atenção durante a consulta com o pediatra, que tem condições de identificar proble- mas como sopro ou frequência cardíaca alterada. Nestes casos, o profissional indica o acompanhamento com um cardiopediatra. Após o diagnóstico clínico, a solicitação de exames físicos e com- plementares como eletrocardiograma, RX de tórax e ecocardio- grama o cardiopediatra é necessária para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de cardiopatia congênita, além de indicar a conduta de tratamento. Em casos específicos, pode ser avaliada a realização de cateterismo como exame complementar para o diagnóstico antes da definição do tipo de tratamento necessário. Boa leitura! Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 5 Cardiopatias Acianóticas São mais frequentes que as cianóticas. Entre as manifestações clínicas estão: Comunicação Interventricular (CIV), Comunicação Interatrial (CIA), Persistência do Canal Arterial (PCA) e Coarctação de Aorta (CoAo). Cardiopatias Cianóticas A característica mais evidente de cardiopatia cianótica é a tonali- dade azulada nos lábios e pele, um sinal claro de que não há oxi- gênio suficiente no sangue. Muitos casos são leves e podem ser tratados com cirurgia e medicamentos. Problemas mais graves podem necessitar de um transplante de coração para evitar complicações fatais. A forma mais comum da doença é conhecida como tetralogia de Fallot. Nas cardiopatias não corrigidas, o aumento do volume sanguíneo e o consequente aumento do retorno venoso, associados à diminuição da resis- tência vascular periférica, provocam um aumento do shunt D-E, com o aumento também da cianose. Entre as manifestações clínicas estão: Tetralogia de Fallot, a Transposição das Grandes Artérias e a Atresia Tricúspide, Ano- malia de Ebstein e defeitos do septo atrioventricular (DSAV). Os defeitos cardíacos congênitos podem provocar ou não cianose (sinal ou sintoma marcado pela coloração azul-arroxeada da pele, leitos ungueais ou das mucosas), sendo classificados em cianóticos e acianóticos. Dessa classificação, compreende-se melhor as diversas manifestações clínicas, que vão desde um sopro assintomático até quadros de insuficiência cardíaca biventricular importante. Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 6 Etapas do diagnóstico: Exame físico, ECG, radiografia de tórax, ecocardiograma transtorácico e, em casos selecionados, transesofágico. Fechamento espontâneo: não é frequente em defeitos maio- res que 8mm ao nascimento e depois dos 2 anos de idade. Rara- mente o defeito aumenta durante o seguimento clínico. Foramen oval patente: Detectado através do ecocardiogra- ma, é considerado um defeito pequeno na região da fossa ovale com um flap, sem evidência de sobrecarga volumétrica direita. É um achado normal nos neonatos. Indicação de fechamento: CIA com sobrecarga volumétrica direita. Indicação ideal para fechamento: ∙ Criança assintomática: 2–4 anos. Para o tipo seio venoso a cirurgia pode postergar-se ate os 4-5 anos. ∙ Criança sintomática na infância (insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar severa): vista em 8-10% dos casos, e indicada o fechamento precoce. ∙ Criança diagnosticada: após a idade ideal, é indicado o fechamento eletivo independente da idade, entanto se apresente com sobrecarga volumétrica direita e a resistência vascular pul- monar esteja em níveis de operabilidade. Método de fechamento: ∙ Cirúrgico: com sutura de um patch no defeito com o uso de circulação extracorpórea. ∙ Endovascular: com uso de um dispositivo colocado por cate- terismo em pacientes com peso acima de 10kg e presença de de- feito central. 1. Comunicação Interatrial, (CIA) diferente do tipo ostium primum Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 7 Etapas do Diagnóstico: Exame físico, ECG, radiografia de tórax e ecocardiograma. Tamanho do CIV: ∙ Grande (não restritivo): diâmetro do defeito é igual ao do orifício aórtico, pressão no ventrículo direito em valores sistémi- cos, e o valor do shunt esquerda a direita dependente daresis- tência vascular pulmonar. ∙ Moderado (restritivo): diâmetro menor que o orifício aórti- co, com pressão ventricular direita metade a dois terços da sistê- mica, e shunt esquerda a direita maior a 2:1. ∙ Pequeno (restritivo): diâmetro do defeito menor a um terço do orifício aórtico, pressão ventricular direita normal, e shunt es- querda a direita menor a 2:1. Localização do defeito: ∙ Tipo I: Subarterial (via de saída, subpulmonar, supracristal o infundibular) ∙ Tipo II: Perimembranoso (subáortico) ∙ Tipo III: Via de entrada ∙ Tipo IV: Muscular Historia Natural: Cerca de 10% das crianças dos CIV não res- tritivos morrem no primeiro ano de vida, principalmente devido à insuficiência cardíaca. Fechamento espontâneo: é incomum em CIVs grandes. Já em 30-40% casos dos moderados e pequenos (restritivos) fecham espontaneamente, na fase dos 3-5 anos. A diminuição do tama- nho do defeito é observado em 25% das crianças. 2. Comunicação Interventricular (CIV) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento 8 Indicação ideal para fechamento: ∙ CIVs grandes com insuficiência cardíaca congestiva: assim que possível. ∙ CIVs grandes com hipertensão pulmonar severa: 3-6 meses. ∙ CIVs moderadas com pressão sistólica pulmonar 50-60% do valor sistêmico: entre 1-2 anos de vida, ou antes se apresenta um episodio de risco de vida, infecções do trato respi- ratório baixo ou déficit de crescimento ponderal. ∙ CIVs pequenos com pressão pulmonar arterial normal, e shunt de esquerda a direita maior a 1.5:1: fechamento entre os 2-4 anos. ∙ CIVs pequenos de via de saída (<3mm) sem prolapso da valva aórtica: avaliação anual ou bianual procurando o apareci- mento de prolapso valvar aórtico. ∙ CIVs pequenos de via de saída com prolapso da valva aórtica sem regurgitação: fechamento no 2-3 anos de vida independente do tamanho e da magnitude do shunt esquerda a direita. ∙ CIVs pequenos de via de saída com qualquer grau de re- gurgitação valvar aórtica: indicação de cirurgia assim que de- tectada a insuficiência aórtica. ∙ CIVs pequenas perimembranosas com prolapso aórtico com pequena o nenhuma regurgitação aórtica: recomenda-- se a avaliação anual ou bianual para detecção do aumento do grau de regurgitação. ∙ CIVs pequenas com prolapso de cúspide valvar aórtica com regurgitação aórtica maior a leve: indicação de cirurgia assim que diagnosticada a insuficiência aórtica. ∙ CIVs pequenas com um ou mais de um episodio de en- docardite infecciosa: recomenda-se o fechamento precoce do defeito. Método de Fechamento: ∙ Cirúrgico: com uso de patch assistido com circulação extra- corpórea. ∙ Endovascular: com dispositivos para CIVs musculares em crianças com peso maior a 15kg, e em alguns defeitos perimem- branosos selecionados. ∙ Bandagem pulmonar: é indicado para CIVs múltiplos ou muito grandes, configurando quase um ventrículo único; crianças de baixo peso (<2kg), e aquelas com comorbidades associadas tais como infecção torácica. Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 9 Etapas do diagnóstico: exame físico, ECG, radiografia de tórax e ecocardiograma. Tamanho do PCA: ∙ PCA grande: associado à sobrecarga volumétrica cardíaca esquerda significativa, insuficiência cardíaca congestiva e hiper- tensão arterial pulmonar severa. Apresenta sopro contínuo e ra- ramente alto. ∙ PCA moderado: presente algum grau de sobrecarga cardí- aca esquerda, hipertensão arterial pulmonar leve a moderada, ausência ou leve insuficiência cardíaca congestiva. Apresenta sopro continuo. ∙ PCA pequeno: sobrecarga cardíaca esquerda mínima ou ausente, sem hipertensão pulmonar ou insuficiência cardíaca. Sopro continuo ou só sistólico. ∙ PCA silencioso: ausência de sopro e hipertensão pulmo- nar. Diagnosticado somente pelo ecocardiograma. Fechamento espontâneo: PCAs pequenos em crianças a termo podem fechar próximo ao terceiro mês de vida. As PCAs grandes raramente fecham. Indicação ideal para fechamento: ∙ PCAs grandes ou moderados, com insuficiência cardía- ca congestiva, e hipertensão pulmonar: fechamento precoce no período entre o terceiro e sexto mês de vida. ∙ PCAs moderados, sem insuficiência cardíaca congesti- va: 6 meses–1 ano. Caso apresente déficit de crescimento, o fechamento pode ser antecipado. ∙ PCAs pequenos: 12-18 meses de vida. ∙ PCAs silenciosos: fechamento não recomendado. 3. Persistência do Canal Arterial (PCA) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento 10 Método de fechamento: Deve ser individualizado. ∙ Cirúrgico: em menores de 6 meses de vida, em maiores de 6 meses de vida pode ser cirúrgico ou por dispositivo endovascu- lar. ∙ Endovascular: em menores de 6 meses em casos selecio- nados. Medicamentos como Indometacina/ Ibuprofeno não devem ser usados em crianças a termo. ∙ PCA em neonato prematuro: a intervenção é indicada quando há presença de sinais de insuficiência cardíaca (PCAs pe- quenos costumam fechar espontaneamente) e o uso dos medi- camentos Indometacina ou Ibuprofeno é indicado, se não houver contraindicação. A intervenção cirúrgica é uma opção se as drogas falham ou estiverem contraindicadas. Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 11 Etapas do diagnóstico: Exame físico, ECG (QRS com desvio a esquerda), radiografia de tórax e ecocardiograma. Tipos: ∙ Total: CIA primum, CIV de via de entrada (não restritivo), shunt esquerda à direita importante, hipertensão arterial pulmo- nar. Presença de insuficiência cardíaca congestiva frequente. ∙ Parcial: CIA primum com ou sem CIV de via de entrada. Ra- ramente apresenta insuficiência cardíaca ou hipertensão arterial pulmonar. ∙ Ambos tipos: podem estar associados com um grau variá- vel de regurgitação atrioventricular ou a Síndrome de Down. Estas crianças podem desenvolver hipertensão arterial pulmo- nar. Indicação ideal para correção: ∙ DSAV Total com insuficiência cardíaca congestiva des- controlada: indicação de cirurgia - assim que possível-, correção total ou bandagem da arterial pulmonar dependendo do proto- colo cirúrgico da instituição. ∙ DSAV Total com insuficiência cardíaca controlada: cor- reção total aos 3-6 meses de vida. A bandagem pulmonar é indi- cada somente se o risco do uso de circulação extracorpórea é considerado alto. ∙ DSAV Parcial estável: indicação de cirurgia aos 2-3 anos de vida. Observação: a associação de regurgitação atrioventricular pode antecipar a correção cirúrgica. 4. Defeitos do septo atrioventricular (DSAV) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 12 Etapas do diagnóstico: Exame do pulso femoral (pode ser re- gular em neonatos com PCA), pressão arterial em membros su- periores e inferiores, radiografia de tórax, ecocardiograma. Em casos específicos, exames como angiotomografia ou ressonância magnética nuclear podem ser necessários. Indicação ideal para intervenção: ∙ Crianças com disfunção ventricular esquerda ou insufi- ciência cardíaca esquerda, ou hipertensão arterial severa nos membros superiores (para a idade): Intervenção imediata. ∙ Crianças com função ventricular esquerda normal, sem insuficiência cardíaca, e com hipertensão arterial leve nos membros superiores: Intervenção depois dos 3-6 meses de vida. ∙ Crianças sem hipertensão, sem insuficiência cardíaca, com função ventricular normal: Intervenção com 1-2 anos de vida. Observação: a intervenção não esta indicada se o gradiente no segmento coarctado é menor a 20mmHg em presença de função ventricular normal. Método de Intervenção: ∙ Dilatação por balão ou cirurgia: para crianças maioresa 6 meses de vida. ∙ Cirurgia reparativa: em crianças maiores a 6 meses de vida. ∙ Dilatação por balão com implante de stent: pode ser considerada em crianças maiores a 10 anos se necessário. 5. Coarctação de Aorta (CoAo) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 13 Etapas do diagnóstico: Exame físico, ECG, ecocardiograma. Indicação para intervenção: EAo Valvular Para infantes e crianças maiores: ∙ Com disfunção ventricular esquerda: recomenda-se intervenção imediata com dilatação por balão, independente do gradiente valvar. ∙ Função ventricular normal: é indicada a dilatação por balão se apresentar: ∙ Gradiente pico >80mmHg e gradiente médio de 50mmHg pelo ecodoppler; ∙ Se apresentar mudanças no ST-T no ECG com gradiente pico >50mmHg; ∙ Se apresentar sintomas de estenose aórtica com gradiente pico >50mmHg. Observação: Caso haja dúvida sobre a severidade ou sintomas, há a possibilidade de de indicação de teste de esforço em crian- ças maiores selecionadas. ∙ Para neonatos: recomenda-se a dilatação por balão se sintomáticos, presença de disfunção ventricular esquerda, ou hipoplasia ventricular esquerda leve, ou gradiente pico >75mmHg. Indicação para intervenção: EAo subvalvar por membrana subaórtica ∙ Cirurgia: se o gradiente pico >64mmHg; ou regurgitação aórtica maior que leve. 6. Estenose Aórtica (EAo) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 14 Etapas do diagnóstico: Exame físico, ECG, ecocardiograma. Indicação para intervenção: ∙ Disfunção ventricular direita: recomenda-se intervenção imediata, independente do gradiente. ∙ Função ventricular normal: recomenda-se dilatação por balão se o gradiente pico >60mmHg. ∙ Em neonatos: a dilatação por balão está indicada nos casos de disfunção ventricular direita, hipoplasia ou presença de hipóxia. 7. Estenose Valvular Pulmonar Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 15 Etapas do diagnóstico: exame físico, ECG e ecocardiograma. Em casos específicos, podem ser necessários exames como cate- terismo cardíaco, angiotomografia e/ou ressonância magnética. Tratamento médico: ∙ Manter Hb >14 g/dL (com uso de aporte oral ou transfusão sanguínea). ∙ Uso de beta bloqueador nas doses mais altas toleráveis (usualmente 1-4 mg/kg/d divididos em 2 ou 3 doses). 8. Tetralogia de Fallot (T4F) Indicação de Cirurgia: Todos os pacientes precisam correção cirúrgica. ∙ Estáveis, com cianose mínima: correção total no período de 1-2 anos de vida, ou antes dependendo dos protocolos da ins- tituição. ∙ Cianose significativa (SaO2 <70%) ou historia dispneia com hipóxia a pesar do tratamento. ∙ Menores de 3 meses de idade: shunt sistêmico-pulmo- nar. ∙ Acima de 3 meses de idade: shunt sistêmico-pulmonar ou cirurgia corretiva, dependendo da anatomia e do protocolo da instituição. ∙ CIV com atresia pulmonar, artérias pulmonares ade- quadas: correção no período entre 3-4 anos. Se necessário um conduto do ventrículo direito para o tronco pulmonar. Recomen- da-se o shunt sistêmico-pulmonar na presença de sintomas pre- coces. O reparo sem conduto ventrículo direito ao tronco pulmo- nar não é possível. Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 16 Indicação de cirurgia: ∙ Para crianças estáveis com leve cianose: correção no pe- ríodo entre 1-2 anos de vida, nos casos em que não há necessida- de de conduto; e quando for necessário o conduto, a correção é indicada no período entre 3-4 anos. Recomenda-se a realização do shunt sistêmico-pulmonar se a criança apresenta precoce- mente cianose (SaO2<70%). 9. Patologias semelhante à T4F com correção biventricular possível (Dupla via de saída do ventrículo direito (DVSVD), Transposição de grandes artérias (TGA), e outras com derivação do ventrículo direito possível) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 17 Indicação da cirurgia: ∙ Estável, cianose leve: Fontan (Anastomose cavopulmonar total) aos 3-4 anos. ∙ Estável, cianose leve: Glenn (Anastomose cavopulmonar parcial) no primeiro ano de vida seguido por Fontan aos 3-4 anos. ∙ Cianose significativa (SaO2 <70%) e menor de 6 meses: Shunt sistêmico pulmonar, seguido por Glenn no período entre 9 meses a 1 ano de idade e Fontan aos 3-4 anos. ∙ Cianose significativa (SaO2 <70%) e maior de 6 meses: Glenn bidirecional seguido de Fontan aos 3-4 anos. 10. Patologias semelhantes à T4F com correção biventricular não possível (atresia tricúspide, DVSVD/TGA com ventrículo direito não derivável) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 18 Etapas do diagnóstico: exame físico, radiografia de tórax, eco- cardiograma. Atrioseptostomia por balão: Indicada (se CIA é restritiva) em: TGA com septo interventricular íntegro; TGA com CIV e/ou PCA se a cirurgia deve ser postergada por umas semanas. Indicação da Cirurgia: ∙ TGA com septo interventricular íntegro: ∙ Se idade <3-4 semanas: Cirurgia de Jatene (switch arte- rial) imediatamente. ∙ Se idade >3-4 semanas: Determinar via ecocardiograma o preparo do ventrículo esquerdo: Se o ventrículo es- querdo estiver despreparado, realizar um switch arterial em dois estágios (com preparo rápido ventricular); se o ventrículo esquerdo estiver preparado realizar o switch arterial direto. ∙ TGA com CIV: Cirurgia de Jatene aos 3 meses de idade. 11. Transposição de Grandes Arterias (TGA) Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 19 Etapas do diagnóstico: exame físico, radiografia de tórax, ECG, ecocardiograma. Em casos específicos, pode haver a neces- sidade de cateterismo e angiotomografia. Tipos de DVAVP ∙ Tipo I: Supracardíaca (a veia inominada o veia cava supe- rior) ∙ Tipo II: Intracardíaca (ao seio coronário o átrio direito) ∙ Tipo III: Infradiafragmática (a veia porta ou veia cava infe- rior) ∙ Tipo IV: Drenagem em dois ou mais níveis. Observação: cada tipo pode ser obstrutivo ou não obstrutivo, sendo o Tipo III quase sempre obstrutivo. 12. Drenagem venosa anômala de veias pulmonares (DVAVP) Indicação da cirurgia: ∙ Tipo Obstrutivo: cirurgia de emergência ∙ Tipo não obstrutivo: assim que possível, após o período neonatal se a criança estiver estável clinicamente. ∙ Casos diagnosticados após 2 anos de idade: cirurgia ele- tiva quando diagnosticado, entanto a resistência vascular pulmo- nar permita a cirurgia. Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Principais Cardiopatias Congênitas 20 Etapas do diagnóstico: exame físico, radiografia de tórax, eco- cardiograma. Indicação da cirurgia: ∙ Cirurgia corretiva total: com uso de conduto ventrículo direito a artéria pulmonar. ∙ Se insuficiência cardíaca descontrolada apesar do tratamento medicamentoso: cirurgia assim que possível. ∙ Se estável, insuficiência cardíaca controlada: as 6-12 semanas de vida. ∙ Bandagem da artéria pulmonar: se a correção total não é possível. 13. Truncus Arteriosus Indicação de cirurgia: ∙ Para crianças estáveis com leve cianose: correção no pe- ríodo entre 1-2 anos de vida, nos casos em que não há necessida- de de conduto; e quando for necessário o conduto, a correção é indicada no período entre 3-4 anos. Recomenda-se a realização do shunt sistêmico-pulmonar se a criança apresenta precoce- mente cianose (SaO2<70%). Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Orientações sobre a operabilidade em lesões com shunt (CIA, CIV, PCA, DSAV) 21 Idade: em geralcrianças com shunt e abaixo dos 2 anos são operáveis, incluindo as que apresentam hipertensão pulmonar severa. Exame físico: cardiomegalia, insuficiência cardíaca congestiva, presença de terceira bulha e sopro médio-diastólico são indicati- vos de shunt importante esquerda à direita. Tipo de defeito: crianças com CIAs raramente desenvolvem Eisenmenger. A presença de hipertensão pulmonar pode ter outras causas. Radiografia de tórax: a cardiomegalia com congestão pulmo- nar favorece operabilidade. ECG: a presença de sobrecarga volumétrica do ventrículo es- querdo pode indicar shunt importante esquerda à direita em casos de CIV e PCA. Ecocardiograma: a dilatação do átrio esquerdo e ventrículo es- querdo sugere shunt significativo de esquerda a direita em CIV e PCA. Pressão arterial pulmonar sub-sistêmica descarta a síndro- me de Eisenmenger nas CIVs e PCAs. Avaliação clínica Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Orientações sobre a operabilidade em lesões com shunt (CIA, CIV, PCA, DSAV) 22 Cateterismo cardíaco: os cálculos de resistência vascular pul- monar (RVP) e do cociente da RVP dividido pela resistência vascu- lar sistêmica (RVS), não devem ser tomados isoladamente. Testes de vasodilatação com oxigênio 100% e oxido nítrico não tem de- mostrado valor preditivo suficiente para serem considerados na decisão da indicação cirúrgica. Independente destas limitações, o valor do IRVP (RVP indexado a superfície corpórea) menor que 6 unidades Wood, e o quociente RVP/RVS menor que 0,25 colocam a criança em condição de operável. IRVP acima de 10 unidades Wood e RVP/RVS maior a 0,5 determinam inoperabilidade. Observação: a decisão de operabilidade das crianças com valo- res entre estas duas opções é difícil e deve ser tomada correlacio- nando os dados clínicos, geralmente em centros de referência. Biópsia pulmonar: a relação entre o IRVP e o estágio da doença vascular pulmonar na biópsia pulmonar não é linear. Existe uma grande variabilidade nos resultados. Desta forma, alguns pacientes operáveis tem mostrado danos avançados em biópsias pulmonares, o que diminuir a indicação cirúrgica da biópsia nesses casos. Observação: Na dúvida, pacientes com IRVP marcadamente elevados não devem ser enviados para cirurgia pois o prognósti- co destes pacientes é pior que os dos pacientes com Síndrome de Eisenmenger. Avaliação clínica Cardiopatias Congênitas: Orientações e Condutas de Tratamento Referências Bibliográficas 23 ∙ Croti UA, Mattos S, Pinto VC, Aiello VD. Cardiologia e cirurgia cardiovascular pediátrica. São Paulo: Roca, 2008. ∙ Helgason H, Jonsdottir G. Spontaneous closure of atrial septal defects. Pediatr Cardiol 1999; 20: 195- 199. ∙ Jonas RA. Comprenhensive Surgical Management of Congenital Heart Disease. Boca Raton: CRC Press, 2014. ∙ Castañeda J, Mayer H. Cardiac Surgery of the Neonate and Infant. Philadelphia: W.B. Saunders, 1994. ∙ McMahon CJ, Feltes TF, Fraley JK, Bricker JT, Grifka RG, Tortoriello TA, et al. Natural history of growth of secundum atrial septal defects and implications for transcatheter closure. Heart 2002; 87: 256-259. ∙ Kaiser LR, Kron IL, Spray TL. Mastery of Cardiothoracic Surgery. Philadelphia: Lippincott, Williams & Wilkins, 2007. ∙ Jacobs JP, Burke RP, Quintessenza JA, Mavroudis C. Congenital heart surgery and database project: ventricular septal defect. 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