Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Crioterapia Capítulo V 66 CRIOTERAPIA A crioterapia tem o objetivo de resfriar um tecido biológico. O resfriamento tecidual pode ocorrer por: condução, convecção ou evaporação. Dependendo do recurso utilizado, pode ocorrer resfriamento com maior ou menor mais intensidade; com maior ou menor profundidade. Por exemplo, recursos que objetivam o resfriamento por evaporação atingem apenas tecido epitelial (superficial). Para tecido mais profundos, deve-se utilizar outras técnicas como a condução e convecção (levar em consideração a profundidade do alvo terapêutico). A quantidade de calor que o tecido perde depende: Da diferença de temperatura entre os corpos (recurso e tecido); Do tempo de exposição da mesma região, sendo, área pequena e superficial: 5 a 10 minutos e área grande e profunda: 20 a 30 minutos. Das características dos tecidos; Da forma de aplicação. Técnicas Utilizadas Na Crioterapia: Imersão Em Água Gelada: indicada para extremidades. A água deve ter temperatura entre 12 e 18°C, promovendo resfriamento por convecção de alta intensidade. ATENÇÃO: cuidado com a temperatura da água, pois as extremidades, normalmente, têm pouco tecido adiposo, fazendo com que o resfriamento seja mais rápido e, às vezes, desconfortável. Geralmente, o tempo de tratamento é de 15 a 20 minutos, dependendo do tamanho e da profundidade da estrutura a ser tratada. Crioterapia Capítulo V 67 Técnica Banho De Contraste: imersão em água quente (45 a 55°C) seguida por imersão em água gelada (12 a 18 °C). Submete o seguimento (extremidade) a essa técnica para auxiliar na redução de edema, por exemplo, no pós-entorse de tornozelo. Existem duas formas de fazer relatadas na literatura: A primeira varia de 3:1: três minutos em imersão de água quente, seguida por um minuto de imersão em água fria. A segunda faz com proporção 5:3: cinco minutos em imersão de água quente, seguida por três minutos de imersão em água fria. Sempre inicia-se a técnica em água quente seguida pela água fria. Repete essa sequência de três a cinco vezes, finalizando com água quente ou fria, dependendo da próxima etapa do tratamento. Se o paciente finalizou o tratamento e vai para casa, termina com a imersão fria, realizando um enfaixamento compressivo para evitar o edema. Caso for manipular a área, termina com a imersão quente, pois facilita ainda mais a drenagem do edema. A escolha da proporção depende do tamanho do edema, do tamanho da região atingida, tipo de tecido e da sensibilidade do paciente. Compressas De Gelo: podem ser feitas com gelo triturado, compressas caseiras ou compressas comerciais (em gel). A melhor opção é o gelo triturado, pois mantém a compressa por completo à 0°C, fazendo o tecido variar para uma temperatura adequada para fins terapêuticos. Nunca deve colocar a compressa em contato direto com a pele do paciente. A proteção da pele pode ser feita com o óleo mineral ou com uma faixa de crepom. O ideal é colocar uma toalha ou um tecido úmido (única camada) para facilitar a condução e não lesar o paciente. Crioterapia Capítulo V 68 A compressa deve envolver por completo a área a ser resfriada, ser isolada do ambiente utilizando toalhas ou qualquer outra coisa que tenha pelo menos 3 cm de espessura sobre a compressa. A fixação é importante para maximizar o contato do recurso com a área a ser tratada. As aplicações duram normalmente 20 minutos, podendo estender até 30 minutos, caso a área seja grande e profunda (por ter um tempo maior de aplicação é necessário trocar as compressas). O resfriamento com compressas na pele e tecido subcutâneo é bem rápido, porém é mais lento nos tecidos profundos. Massagem Com Gelo: é indicada para áreas pequenas como trigger point, pequeno ventre muscular e cicatriz com aderência. A temperatura da pele atinge cerca de 15ºC. Existem duas técnicas distintas: A primeira é a técnica de Cyriax na qual faz uma massagem com gelo sobre a região a ser trabalhada, muito indicada para tratar aderências e cicatrizes. A segunda é a crioestimulação usada principalmente na neurologia para estimular músculos que tem deficiência de contração (músculos paralisados com a inervação ainda preservada). Spray: jamais deve ser posicionado muito próximo a região, nem incidir sobre o alvo com um ângulo de 90°, pois estimula as fibras de dor. O ideal é posicionar o spray com uma angulação de aproximadamente 30° e a uma distância de 45 centímetros da área de tratamento. Normalmente, realiza-se de três a cinco jatos curtos com o spray na região de tratamento. Crioterapia Capítulo V 69 Protocolo PRICE: Utilização conjunta de uma técnica de crioterapia acrescida de algumas recomendações: OSICIONAMENTO adequado para proteger a estrutura lesionada (minimizando o stress na estrutura de tratamento). EPOUSO relativo (24 a 48 horas pós-trauma). Restringindo o exercício físico e descarga de peso. MOBILIZAÇÃO. OMPRESSÃO. LEVAÇÃO do segmento. ICE (gelo): utiliza de compressas de gelo triturado ou bolsas de gelo. É uma técnica de crioterapia muito utilizada no pós-trauma imediato com o objetivo de controlar os sinais e sintomas inflamatórios, principalmente em relação à formação do edema e à dor do paciente. Técnica De Criocinética: envolve a utilização de uma técnica de crioterapia associada ao movimento. Como a crioterapia é um potente recurso analgésico (modula a dor pela teoria das comportas), evita que a dor iniba o movimento. Utiliza, portanto, da crioterapia antes do exercício muscular com a intenção de Compressão e elevação auxiliam na contensão do edema. Crioterapia Capítulo V 70 diminuir a dor e favorecer o movimento. É uma técnica que pode trazer resultados positivos ou negativos, tanto nas articulações quanto nos músculos. Indicações da crioterapia: Estão diretamente relacionadas aos efeitos fisiológicos promovidos pela queda da temperatura: Pós-traumas musculoesqueléticos (principalmente agudos), associado ou não ao protocolo PRICE; Pós-operatório principalmente para controlar a formação do edema e o quadro álgico. CRIOTERAPIA NÃO REDUZ EDEMA JÁ INSTALADO, APENAS EVITA A FORMAÇÃO E CONTROLA A EVOLUÇÃO. NÃO FAVORECE NENHUMA ALTERAÇÃO FISIOLÓGICA QUE POSSIBILITE A REABSORÇÃO DO EDEMA. A crioterapia reduz a permeabilidade da membrana e o fluxo sanguíneo, impossibilitando a redução de um edema já instalado. Porém, funciona muito bem para controlar sua formação. Quando é possível atuar com a crioterapia dentro de até 2 horas pós-trauma controla efetivamente a formação do edema. A crioterapia é um recurso inibitório, seu uso prolongado pode retardar o processo de cicatrização tecidual. Facilitar ou manter o ganho de flexibilidade; Aumentar o limiar de dor; Crioterapia Capítulo V 71 Promove relaxamento do músculo a ser alongado; Diminuir (relaxar) os triggers points associados à dor miofascial ou à fibromialgia; Quebra do ciclo dor-espasmo-dor; Redução da espasticidade muscular. Contraindicações: Alergia ao frio; Crioglobulinemia; Aterosclerose; Vasoespasmo (fenômeno de Raynaud); Regiões de circulação comprometida; Sobre áreas de feridas abertas; Alteração da sensibilidade cutânea. Cautelas: Doenças cardíacas e hipertensão não controlados; Pacientes com resistênciapsicológica ao gelo; Paciente com deficiência mental que não consegue dar um feedback concreto. Crioterapia Capítulo V 72 Informações Importantes! É esperado que após uso de um recurso termoterápico a pele fique com um vermelho homogêneo, sendo mais rosado para a crioterapia e mais vivo para a termoterapia. A crioterapia junto com a eletroterapia é uma ótima opção para o edema residual (não ao mesmo tempo). Primeiramente, realiza-se a eletroterapia para reduzir o edema e, posteriormente, a crioterapia (protocolo PRICE), mantendo a redução conquistada na sessão, finalizando o tratamento com enfaixamento compressivo. O tratamento fisioterápico começa na clínica, mas se estende para as orientações e cuidados domiciliares, onde o paciente se compromete a segui-las para o sucesso do tratamento. Precauções quanto ao uso: Evitar aplicações prolongadas por risco de lesão. Tomar cuidado com os nervos que são muito superficiais que em contato com a crioterapia podem sofrer neuropraxia; Riscos de queimadura.
Compartilhar