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Crioterapia: Resfriamento Terapêutico

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Crioterapia Capítulo V 
 
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CRIOTERAPIA 
A crioterapia tem o objetivo de resfriar um tecido biológico. O resfriamento 
tecidual pode ocorrer por: condução, convecção ou evaporação. 
Dependendo do recurso utilizado, pode ocorrer resfriamento com maior ou 
menor mais intensidade; com maior ou menor profundidade. Por exemplo, recursos que 
objetivam o resfriamento por evaporação atingem apenas tecido epitelial (superficial). 
Para tecido mais profundos, deve-se utilizar outras técnicas como a condução e 
convecção (levar em consideração a profundidade do alvo terapêutico). 
 
A quantidade de calor que o tecido perde depende: 
 Da diferença de temperatura entre os corpos (recurso e tecido); 
 Do tempo de exposição da mesma região, sendo, área pequena e 
superficial: 5 a 10 minutos e área grande e profunda: 20 a 30 minutos. 
 Das características dos tecidos; 
 Da forma de aplicação. 
 
 Técnicas Utilizadas Na Crioterapia: 
 
 Imersão Em Água Gelada: indicada para extremidades. A água deve ter 
temperatura entre 12 e 18°C, promovendo resfriamento por convecção de alta 
intensidade. ATENÇÃO: cuidado com a temperatura da água, pois as 
extremidades, normalmente, têm pouco tecido adiposo, fazendo com que o 
resfriamento seja mais rápido e, às vezes, desconfortável. Geralmente, o tempo 
de tratamento é de 15 a 20 minutos, dependendo do tamanho e da profundidade 
da estrutura a ser tratada. 
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 Técnica Banho De Contraste: imersão em água quente (45 a 55°C) seguida por 
imersão em água gelada (12 a 18 °C). Submete o seguimento (extremidade) a 
essa técnica para auxiliar na redução de edema, por exemplo, no pós-entorse de 
tornozelo. 
 Existem duas formas de fazer relatadas na literatura: 
A primeira varia de 3:1: três minutos em imersão de água quente, seguida por 
um minuto de imersão em água fria. 
 A segunda faz com proporção 5:3: cinco minutos em imersão de água quente, 
seguida por três minutos de imersão em água fria. Sempre inicia-se a técnica em 
água quente seguida pela água fria. Repete essa sequência de três a cinco vezes, 
finalizando com água quente ou fria, dependendo da próxima etapa do 
tratamento. 
Se o paciente finalizou o tratamento e vai para casa, termina com a imersão fria, 
realizando um enfaixamento compressivo para evitar o edema. Caso for 
manipular a área, termina com a imersão quente, pois facilita ainda mais a 
drenagem do edema. 
A escolha da proporção depende do tamanho do edema, do tamanho da região 
atingida, tipo de tecido e da sensibilidade do paciente. 
 
 Compressas De Gelo: podem ser feitas com gelo triturado, compressas caseiras 
ou compressas comerciais (em gel). A melhor opção é o gelo triturado, pois 
mantém a compressa por completo à 0°C, fazendo o tecido variar para uma 
temperatura adequada para fins terapêuticos. 
Nunca deve colocar a compressa em contato direto 
com a pele do paciente. A proteção da pele pode ser feita 
com o óleo mineral ou com uma faixa de crepom. O 
ideal é colocar uma toalha ou um tecido úmido (única 
camada) para facilitar a condução e não lesar o 
paciente. 
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A compressa deve envolver por completo a área a ser resfriada, ser isolada do 
ambiente utilizando toalhas ou qualquer outra coisa que tenha pelo menos 3 cm 
de espessura sobre a compressa. A fixação é importante para maximizar o 
contato do recurso com a área a ser tratada. 
As aplicações duram normalmente 20 minutos, podendo estender até 30 
minutos, caso a área seja grande e profunda (por ter um tempo maior de 
aplicação é necessário trocar as compressas). O resfriamento com compressas na 
pele e tecido subcutâneo é bem rápido, porém é mais lento nos tecidos 
profundos. 
 
 Massagem Com Gelo: é indicada para áreas pequenas como trigger point, 
pequeno ventre muscular e cicatriz com aderência. A temperatura da pele atinge 
cerca de 15ºC. Existem duas técnicas distintas: 
A primeira é a técnica de Cyriax na qual faz uma massagem com gelo sobre a 
região a ser trabalhada, muito indicada para tratar aderências e cicatrizes. 
A segunda é a crioestimulação usada principalmente na neurologia para 
estimular músculos que tem deficiência de contração (músculos paralisados com 
a inervação ainda preservada). 
 
 Spray: jamais deve ser posicionado muito próximo a região, nem incidir sobre o 
alvo com um ângulo de 90°, pois estimula as fibras de dor. O ideal é posicionar 
o spray com uma angulação de aproximadamente 30° e a uma distância de 45 
centímetros da área de tratamento. Normalmente, realiza-se de três a cinco jatos 
curtos com o spray na região de tratamento. 
 
 
 
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 Protocolo PRICE: 
Utilização conjunta de uma técnica de crioterapia acrescida de algumas 
recomendações: 
 OSICIONAMENTO adequado para proteger a estrutura lesionada 
(minimizando o stress na estrutura de tratamento). 
EPOUSO relativo (24 a 48 horas pós-trauma). Restringindo o 
exercício físico e descarga de peso. 
 
 MOBILIZAÇÃO. 
 
 OMPRESSÃO. 
 
 LEVAÇÃO do segmento. 
 
 ICE (gelo): utiliza de compressas de gelo triturado ou bolsas de gelo. 
 
É uma técnica de crioterapia muito utilizada no pós-trauma imediato com o 
objetivo de controlar os sinais e sintomas inflamatórios, principalmente em 
relação à formação do edema e à dor do paciente. 
 
 Técnica De Criocinética: envolve a utilização de uma técnica de crioterapia 
associada ao movimento. Como a crioterapia é um potente recurso analgésico 
(modula a dor pela teoria das comportas), evita que a dor iniba o movimento. 
Utiliza, portanto, da crioterapia antes do exercício muscular com a intenção de 
 
Compressão e elevação 
auxiliam na contensão 
do edema. 
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diminuir a dor e favorecer o movimento. É uma técnica que pode trazer 
resultados positivos ou negativos, tanto nas articulações quanto nos músculos. 
 
 Indicações da crioterapia: 
 Estão diretamente relacionadas aos efeitos fisiológicos promovidos pela queda 
da temperatura: 
 Pós-traumas musculoesqueléticos (principalmente agudos), associado ou não ao 
protocolo PRICE; 
 Pós-operatório principalmente para controlar a formação do edema e o quadro 
álgico. 
 
 CRIOTERAPIA NÃO REDUZ EDEMA JÁ INSTALADO, APENAS 
EVITA A FORMAÇÃO E CONTROLA A EVOLUÇÃO. NÃO FAVORECE 
NENHUMA ALTERAÇÃO FISIOLÓGICA QUE POSSIBILITE A 
REABSORÇÃO DO EDEMA. 
 A crioterapia reduz a permeabilidade da membrana e o fluxo sanguíneo, 
impossibilitando a redução de um edema já instalado. Porém, funciona muito bem 
para controlar sua formação. Quando é possível atuar com a crioterapia dentro de 
até 2 horas pós-trauma controla efetivamente a formação do edema. 
 
A crioterapia é um recurso inibitório, seu uso prolongado 
pode retardar o processo de cicatrização tecidual. 
 
 Facilitar ou manter o ganho de flexibilidade; 
 Aumentar o limiar de dor; 
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 Promove relaxamento do músculo a ser alongado; 
 Diminuir (relaxar) os triggers points associados à dor miofascial ou à 
fibromialgia; 
 Quebra do ciclo dor-espasmo-dor; 
 Redução da espasticidade muscular. 
 
 Contraindicações: 
 Alergia ao frio; 
 Crioglobulinemia; 
 Aterosclerose; 
 Vasoespasmo (fenômeno de Raynaud); 
 Regiões de circulação comprometida; 
 Sobre áreas de feridas abertas; 
 Alteração da sensibilidade cutânea. 
 
 Cautelas: 
 Doenças cardíacas e hipertensão não controlados; 
 Pacientes com resistênciapsicológica ao gelo; 
 Paciente com deficiência mental que não consegue dar um feedback concreto. 
 
 
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Informações Importantes! 
 É esperado que após uso de um recurso termoterápico a pele fique com um 
vermelho homogêneo, sendo mais rosado para a crioterapia e mais vivo para a 
termoterapia. 
 A crioterapia junto com a eletroterapia é uma ótima opção para o edema residual 
(não ao mesmo tempo). Primeiramente, realiza-se a eletroterapia para reduzir o edema 
e, posteriormente, a crioterapia (protocolo PRICE), mantendo a redução conquistada na 
sessão, finalizando o tratamento com enfaixamento compressivo. 
 O tratamento fisioterápico começa na clínica, mas se estende para as orientações 
e cuidados domiciliares, onde o paciente se compromete a segui-las para o sucesso do 
tratamento. 
 
 Precauções quanto ao uso: 
 Evitar aplicações prolongadas por risco de lesão. 
 Tomar cuidado com os nervos que são muito superficiais que em contato com a 
crioterapia podem sofrer neuropraxia; 
 Riscos de queimadura.

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