Buscar

Direito Civil Invalidade do Negócio Jurídico

Prévia do material em texto

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
A expressão “invalidade" abrange a nulidade e anulabilidade do negócio jurídico. Empregada para 
designar o negócio jurídico que não produz os efeitos desejados pelas partes, o qual pode ser 
classificado pela forma retro mencionada conforme o grau de imperfeição verificado. 
Negócio inexistente e negócio ineficaz: 
• Negócio inexistente: é falta de algum elemento estrutural do negócio jurídico, como por 
exemplo, quando não houver manifestação ou declaração de vontade. 
• Negócio nulo (nulidade absoluta): é o negócio jurídico praticado como ofensa a preceitos de 
ordem pública, é a falta de elemento substancial ao ato jurídico (art. 166 e 167, do CC). 
• O negócio anulável (nulidade relativa): é o negócio jurídico que ofende o interesse particular 
de pessoa que o legislador buscou proteger. O negócio anulável pode se tornar válido se 
suprida a deficiência (art. 171, CC) 
1. CLASSIFICAÇÃO: 
A. Nulidade Absoluta (nulo): 
Em sentido amplo, a nulidade é conceituada pela doutrina como sendo a sanção 
imposta pela lei que determina a privação dos efeitos jurídicos do ato negocial, 
praticado em desobediência ao que ela prescreve. Na nulidade absoluta, o negócio 
jurídico não produz efeitos pela ausência dos requisitos para o seu plano de 
validade (art. 104, CC). 
O Código Civil prevê as hipóteses de nulidade absoluta: 
“Art.166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua 
validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar 
sanção. 
EFEITO CONSEQUÊNCIA
INEXISTENTE NULO
INVALIDO ANULÁVEL
INEFICAZ INEFICAZ
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se 
válido for na substância e na forma. 
§1º. Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§2º. Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do 
negócio jurídico simulado.” 
2. EFEITOS: 
Os efeitos da nulidade absoluta: quando há nulidade absoluta, deve ser proposta uma ação 
declamatória de nulidade que segue em regras geral, o rito ordinário. Essa ação diante de sua 
natureza predominantemente declamatória, é imprescritível. 
As nulidades absolutas, por envolver ordem pública, podem ser alegadas por qualquer interessado 
ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Também por envolver interesse de todos, as 
nulidades absolutas devem ser pronunciadas pelo juiz quando conhecer do negócio jurídico ou de 
seus efeitos (art. 168, CC). Por este mesmo dispositivo, verifica-se que nulidade absoluta não pode 
ser suprida pelo magistrado, mesmo que a pedido da parte interessada. 
O art. 169 prevê que: 
“O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.” 
Já o art. 170 do C.C, permite a conversão do negócio jurídico em outro de natureza diferente: 
“Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a 
que visam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.” 
Desta forma, se o sujeito celebrar contrato de compra e venda de imóvel acima de 30 salários 
mínimos, por instrumento particular, este será convertido em promessa de compra e venda no qual é 
prescrito a forma particular de instrumento. 
B. Nulidade relativa (anulabilidade). 
Envolve preceitos de ordem privada, de interesse das partes, o que altera totalmente 
seu tratamento legal, se confrontada com a nulidade absoluta. 
As hipóteses de nulidade relativa estão descritas no art. 171, do CC: 
“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude 
contra credores.” 
Nos casos de anulabilidade, o seu reconhecimento deverá ser preiteado por meio da 
denominada ação anulatória, que também regue o rito ordinário, em geral. Tal ação 
tem natureza desconstitutiva, razão pela qual deve ser aplicado os prazos 
decadenciais, previstos nos artigos 178 a 179, do CC. 
“Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do 
negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ele cessar; 
II- no caso de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia 
em que se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer 
prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da 
conclusão do ato.” 
- De acordo com o art. 172, do Código Civil, o negócio jurídico anulável pode ser confirmado 
pelas partes, salvo direitos de terceiros. Trata-se da convalidação livre da anulabilidade, a 
qual pode ser feita até por meio tácito. 
- Uma vez confirmado o negócio jurídico, essa é irrevogável, extinguindo-se todas as ações e 
exceções de que contra ele dispusesse o devedor. Não caberá mais, portanto, qualquer 
requerimento posterior de anulabilidade do negócio anterior. 
- Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se 
este der posteriormente. Esse artigo faz com que o negócio jurídico celebrado por menor 
púbere sem autorização do pai ou do tutor, seja validado se a autorização ocorrer 
posteriormente. 
- Também quando menor púbere (16 a 18 anos incompletos) não pode o mesmo valer-se da 
própria torpeza, beneficiando-se de ato malicioso. Não pode, portanto, para eximir-se de 
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra 
parte, ou se no ato de celebração, declarou maior. O negócio jurídico reputa-se válido e gera 
efeitos, afastando qualquer anulabilidade (art. 180, do CC). 
- Completando este dispositivo, prevê o art. 181 que: 
“ Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não 
provar que reverteu em proveito dele a importância paga”. 
Diante da vedação do enriquecimento sem causa, reconhece-se a possibilidade da pessoa 
reaver o dinheiro pago, se provar que o menor se beneficiou. 
NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA
O ato nulo atinge interesse público O ato anulável atinge interesse particular
Opera-se de pleno direito Não se opera de pleno direito
Não admite confirmação Admite confirmação expressa ou tácita
Pode ser arguida pelas partes, por terceiros 
interessados, pelo Ministério Público ou até 
mesmo pronunciada de ofício pelo juiz.
Somente pode ser arguida pelos interessados
Ação declamatória de nulidade é decidida por 
sentença de natureza declaratória, a qual possui 
efeito ex tunc.
Ação anulatória é decidida por sentença 
desconstitutiva com efeitos ex nunc
Pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se 
sujeitando a prazo prescricional ou decadencial
A anualabilidade somente pode ser arguida, pela 
via judicial, em prazos decadências de quatro 
ou dois anos.

Continue navegando