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Resumo de civil I - 2014

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RESUMO DE DIREITO CIVIL I
 1 – Princípios do Direito Civil
Princípio da Sociabilidade: De acordo com esse princípio, o exercício dos direitos individuais, bem como a utilização do patrimônio devem ser feitos em consonância ao interesse da coletividade, sob PENA daquele contrato ser revisto ou a propriedade sofrer uma restrição judicial caso sua utilização não siga a ideia da função social.
Princípio da Eticidade: De acordo com esse princípio, a pessoa natural ao praticar determinadas condutas na defesa de seu patrimônio, ou das suas garantias individuais, deverá agir de forma a atender a boa-fé, uma vez que a não obediência a esse princípio traz inúmeras conseqüências: desde o cumprimento compulsório do contrato até eventual pedido de indenização contra aquele que age de má-fé.
Princípio da Operabilidade: De acordo com esse princípio, o legislador optou por normas de conteúdo vago, indeterminado, o que acaba conferindo uma maior longevidade à norma, caso contrário esta ficaria engessada, devido a grande riqueza de definições ou de hipótese a referida norma, conferindo assim pouca flexibilidade ao operador do direito que não podia trazer situações fáticas que surgiram depois da edição da norma.
2 – O início da pessoa natural 
Os requisitos para o reconhecimento da personalidade humana são nascimento e vida. 
Nascido é o feto separado do corpo da mãe, comprovado o nascimento com vida pela presença de ar nos pulmões. Entretanto, há doutrinadores que consideram que é possível provar com o choro da criança ou por certos movimentos que ela tenha feito, ou até mesmo que o critério para determinar o nascimento com vida se dá pelo corte do cordão umbilical. 
3 – O tratamento jurídico do nascituro 
Teoria natalista: a personalidade civil somente é adquirida pelo nascimento com vida, onde o nascituro não se reconheceria direitos. 
Teoria condicionalista: está a personalidade civil submetida ao eventual nascimento com vida. 
Teoria concepcionista: a ordem jurídica reconhece a personalidade jurídica do nascituro uma vez que há diversas regras à seu respeito e proteção, conferindo-lhe personalidade concreta e não condicionada ao seu nascimento com vida. A dignidade da pessoa humana, que reveste todo o ordenamento brasileiro, é estendido a todos os seres humanos, sejam nascidos ou que estão em desenvolvimento no útero materno. Perceber essa assertiva significa, em plano principal, respeitar o ser humano em toda a sua plenitude. 
Nascituro é aquele que já foi concebido e está no ventre materno, o concepturo é o filho que alguém ainda vai conceber. 
Vem se pregando a possibilidade de responsabilizar a gestante por danos impostos ao seu filho durante o período gestacional, por comportamentos culposos. Nesse casso, justifica-se uma relativização da liberdade comportamental da mulher. 
4 – Capacidade de direito + capacidade de fato = capacidade civil plena 
A capacidade jurídica é dividida em capacidade de direito (também dita de gozo), reconhecida indistintamente a toda e qualquer titular de personalidade, seja pessoa natural ou jurídica; e capacidade de fato (ou de exercício), que é a aptidão para praticar pessoalmente, por si mesmo, os atos da vida civil. 
5 – Capacidade jurídica e legitimação 
É possível afirmar que a legitimação é uma espécie de capacidade jurídica específica para certas situações. Ou seja, um requisito específico (legalmente exigido) para a prática de certos atos específicos. Vale dizer, ainda que capacidade plenamente, a pessoa poderá não estar habilitada para a prática de determinados atos da vida civil, para quais a norma jurídica estabeleça requisitos específicos. 
6 - Absolutamente incapazes 
São reputados absolutamente incapazes aqueles que não possuem qualquer capacidade de agir, sendo irrelevante, do ponto de vista jurídico, a sua manifestação de vontade. Exatamente por isso, precisam estar REPRESENTADOS por terceira pessoa. O representante legal, então, praticará os atos da vida civil em nome do representado. A incapacidade absoluta veda, portanto, o exercício das situações jurídicas pessoalmente pelo titular. 
Bem por isso, a prática de um ato pelo incapaz, sem a necessária representação ou assistência, implica em invalidade, absoluta ou relativa, a depender do tipo de incapacidade: os atos praticados pelo absolutamente incapaz serão NULOS, não produzindo qualquer efeito jurídico. 
São eles os menores de 16 anos, os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos, e os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
Eventualmente, porém, os atos praticados pelos menores de 16 anos podem surtir efeitos jurídicos, quando disserem respeito à concretização de situações jurídicas existenciais, se o incapaz demonstra discernimento suficiente para isso. 
7 – Relativamente incapazes 
No que tange ao relativamente incapaz, o sistema jurídico não ignora a sua vontade. Ao revés. Leva em conta a sua manifestação volitiva, desde que regularmente assistido. Assim, os atos praticados pelo relativamente incapaz exigem não apenas a presença do assistente, mas por igual, a sua própria intervenção, como condição de validade. 
São eles: o maior de 16 e menor de 18 anos de idade, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo e o pródigo.
Os atos jurídicos praticados pelos relativamente incapazes são PASSÍVEIS DE ANULAÇÃO, produzindo efeitos até que lhes sobrevenha decisão judicial. 
8 – Interdição
A ação de interdição serve para retirar a capacidade civil plena daquele que presumia tê-la. Tal ação deverá ser proposta pelos pais, familiares, tutores e na falta de parentes poderá ser proposta pelo Ministério Público. Sendo proposta a ação, o juiz convocará uma entrevista com o incapaz e nomeará um curador especial, partindo da premissa que há um conflito entre o interditado e aquele que fez seu pedido de interdição por não querer ser interditado. Seguindo com o processo o juiz fará o pedido de um laudo pedido e ao final tomará a decisão se a pessoa é capaz, absolutamente ou relativamente incapaz. Nos dois últimos casos a decisão deverá ser levada a registro junto ao RCPN adquirindo assim eficácia ERGA OMNES. A partir de então todos os atos realizados pelo interditado serão invalidados, desde que não esteja representado. O curador tem a função de zelar pela integridade física e do patrimônio, sabendo que essa função é exercida em princípio pelo cônjuge que possui interesse direto na conservação do patrimônio que lhe é comum.
Embora não haja previsão legal, só depois de decretada a interdição é que se recusa a capacidade de exercício, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa interditada, ainda que a outra pessoa não saiba da interdição. Isto porque há uma presunção da publicidade da sentença de interdição e conhecimento geral. Se o ato praticado pelo enfermo mental foi antes de sua interdição, em regra não se anula o negócio. No entanto,a jurisprudência e a doutrina admitem a produção retroativa dos efeitos da interdição em hipóteses especiais sendo necessários os seguintes requisitos: a) prova da incapacidade no momento do ato; b) prejuízo ao incapaz; c) má-fé da outra parte. Ou seja, a doutrina costuma afirmar que a sentença de interdição é meramente declaratória (e não constitutiva), pois ela não que cria a incapacidade (que advém da alienação mental), apenas declara algo que já existe (a doença mental). O Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou a respeito: “Não depende de prévia interdição o reconhecimento da nulidade, se a incapacidade, além de notória era conhecida da outra parte”. Da mesma forma o Superior Tribunal de Justiça (STJ): “A capacidade, além de elemento essencial, é condição de validade do negócio jurídico, pelo que comprovada a incapacidade do agente, no momento da realização do negócio jurídico, tem-se por viciado o consentimento dado e, consequentemente,nulo o ato jurídico realizado, mesmo que anterior a sentença de interdição”; “Para resguardo da boa-fé de terceiros e segurança do comércio jurídico, o reconhecimento de nulidade dos atos praticados anteriormente à sentença de interdição reclama prova inequívoca, robusta e convincente da incapacidade do contratante”.
9 – Legitimidade
Importante se faz diferenciar capacidade de Legitimidade. A primeira permite que o indivíduo exercite direitos e contraia obrigações na esfera civil, enquanto a segunda caracteriza o agente limitador da capacidade genérica, trazendo especificações. Alguns atos legítimos, em determinadas circunstancias, podem ser ilegítimos por não cumprirem certo dispositivo legal. Por exemplo, o Código Civil permite que um homem e uma mulher contraiam matrimônio. No entanto, no seu art. 1.517, estabelece que o homem e a mulher de 16 anos não poderão casar-se sem a autorização de ambos os pais ou representantes legais. Sendo assim, um homem, ou uma mulher, que conte com 16 anos e queira casar-se, não terá legitimidade para fazê-lo sem autorização, o que não significa que não existe capacidade para o casamento, uma vez que homens e mulheres podem contrair matrimônio. Ensina Silvio de Salvo Venosa que “a legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade pra estabelecê-la. A legitimação é uma forma especifica de capacidade para determinados atos da vida civil (...). A legitimidade é um plus que se agrega à capacidade em determinadas situações.” (11, p.95) 
10 – Emancipação
Emancipação significa a aquisição da plena capacidade civil antes da idade determinada pela lei, ou seja, 18 anos de idade. São três as formas de emancipação: legal, judicial e voluntária. Ressalte-se que a emancipação é ato irrevogável, salvo se considerado nulo, e os pais podem, inclusive, ser responsabilizados solidariamente por danos que causarem em decorrência da emancipação do filho. A regra estabelecida no art. 5º do Código Civil é que a menoridade cessa aos 18 anos de idade completos, ou seja, a partir dessa idade a pessoa é considerada capaz de gerenciar, por si só, os atos da vida civil que pratica. 
Características:
- É definitiva
- É irretratável
- É irrevogável.
- É ato formal e solene
Voluntária: É a concedida pelos pais, sendo que o benefício deve ser concedido por ambos os pais, ou por um deles na falta do outro. A emancipação voluntária não possui o efeito de isentar os pais da obrigação de indenizar as vítimas dos atos ilícitos praticados pelo menor emancipado, para evitar emancipações maliciosas. Forma: instrumento público, independentemente de homologação judicial, registrada no RCPN.
Judicial: É a deferida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou 16 anos. Forma: Por meio de sentença e registrada no RPCN.
Legal: De acordo com o art. 5º 
“II — pelo casamento;
III — pelo exercido de emprego público efetiva;
IV - pela colação de grau em ano de ensino superior;
V -pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. “
A emancipação legal independe de registro e produzirá efeitos desde logo, isto é, a partir do ato ou fato que a provocou.
A. Casamento
- O casamento válido produz o efeito de emancipar o menor.
- Caso a sociedade conjugal venha a se dissolver, seja pelo divórcio ou pela morte de um dos cônjuges, não retornará 
o menor à condição de incapaz.
- O casamento nulo não produz nenhum efeito, portanto, não emancipa o menor, salvo se este contraiu de boa-fé.
- Idade núbil: 16 anos completos, com autorização de ambos os pais enquanto não atingida a maioridade civil.
Obs.: Excepcionalmente o menor de 16 anos pode contrair matrimônio, no caso de gravidez. Para que isso aconteça deverá o interessado junto a seus pais ajuizar ação conhecida como SUPRIMENTO DE IDADE PARA O CASAMENTO permitindo o juiz que o matrimônio se concretize.
B. Emprego Público Efetivo
- É necessário que haja nomeação de forma definitiva.
- Afastam-se as hipóteses de serviços temporários ou de cargos comissionados.
Crítica: dificilmente a lei admite o provimento efetivo em cargo ou emprego público antes dos 18 anos.
C. Colação de grau em curso de ensino superior
- O curso superior tem que ser reconhecido pelo MEC.
- Crítica: não ocorre com facilidade na prática.
D. Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
-O menor deve possuir 16 anos completos;
- Precisa ter economia própria em virtude do estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência da relação de emprego;
- Economia própria = receber um salário mínimo;
- Artigo 492, CC: “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
Pleno gozo da capacidade civil = capacidade de direito ou gozo + capacidade de exercício ou fato
- Relação de emprego
CF e CLT – Idade mínima para trabalhar = 16 anos
É permitido o trabalho a partir de 14 anos na condição de aprendiz.
439, CLT- “É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento de salário.”
Entretanto, na rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 anos dar, sem assistência de seus responsáveis legais, a quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida.
Portaria MTE/SRT 01 de 25 de maio de 2006, da Secretaria de Relações de Trabalho: “Não é necessária a assistência por responsável legal, na homologação da rescisão contratual, ao empregado adolescente que comprove ter sido emancipado”.
11 - Morte
Quando um indivíduo morre, termina sua personalidade e cessa sua capacidade. No entanto, não cessam seus direitos, que produzem efeitos mesmo após a morte. Alguns direitos podem, inclusive, ser transmitidos a seus herdeiros, como o direito à imagem, ao moral e à honra referidos ao próprio falecido (vide questões n. 77 e 79). Além disso, a vontade do falecido sobrevive com o testamento, e ao cadáver é devido respeito. Os mili-tares podem, até mesmo, ser promovidos após sua morte e aquinhoados com medalhas e condecorações. A falência pode ser decretada mesmo estando morto o empresário ou comerciante. Existem casos em que a morte enseja indenizações e, ainda, a possibilidade de reabilitar a memória do morto. Para que o óbito seja verídico é necessário a apresentação de laudo médico ou duas testemunhas atestando que viram o corpo.
12 – Comoriência
A palavra comoriência deriva do verbo latim “commori”, que significa 'morrer com". Conforme determina o art. 8° do Código Civil, "se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos". Ressalte-se que a morte deve ter ocorrido na mesma ocasião, mas não se exige que seja no mesmo local. Ou seja, se as mortes aconteceram em locais diferentes, mas em igual momento, poderá haver comoriência, basta que não seja possível determinar qual pessoa morreu antes da outra. Só surge a dúvida se mediante prova pericial, ou por circunstâncias externas, não for possível apurar qual o falecimento precedeu ao outro, pois, se pelo exame do cadáver descobrir-se que um deles se encontra em tal estado de decomposição que naturalmente o óbito ocorreu de há muito, enquanto o outro revela-se recente, não se pode falar em comorientes. (25. P37) Se os comorientes são parentes uns dos outros, um não sucederá ao outro, ou seja, não haverá transferência de bens, sendo chamados seus herdeiros à sucessão.
13 – Morte presumida
Há casos em que não foi possível encontrar o cadáver para exame, nem há testemunhas que presenciaram ou constataram a morte, mas é extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. Nesses casos, não há certeza da morte, se houver um conjunto de circunstâncias que indiretamente induzam a certeza, a leiautoriza ao juiz a declaração da morte presumida.
14 – Morte Presumida sem ausência
A declaração judicial de morte presumida é somente admitida em casos excepcionais. O Código Civil de 2002 autoriza ao juiz a declaração de morte presumida quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. Outra hipótese, em que se autoriza a declaração de morte presumida é quando alguém, desaparecido em campanha (ação militar) ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Deve entrar com Ação de Justificação de Óbito. 
15 – Morte Presumida com ausência 
Na morte presumida com ausência, é o tipo de morte onde se tem a certeza do desaparecimento acompanhada da possibilidade do óbito. Sendo necessária assim, que o indivíduo passe por duas ou três fases até conseguir o reconhecimento do óbito e consequentemente a certidão de óbito.
Fases:
Declaração de ausência	
Requisitos
A pessoa sumiu de seu domicílio sem deixar rastros, vestígios ou avisos.
A pessoa sumida tem que ter deixado um patrimônio.
Tem por objetivo a manutenção dos bens do ausente para que não se depreciem/deteriorem, e que caso o ausente retorne possa recuperar seu(s) bem(ns) da forma mais conservada possível. A declaração de ausência só poderá ser pedida, caso o ausente não tenha deixado nenhum procurador com poderes específicos para administrar seus bens, pois caso tenha deixado, entende-se que o desaparecimento foi premeditado. Caso o magistrado se convença do desaparecimento, nomeará seu CURADOR para administrar seu patrimônio até seu retorno, que deve ser o cônjuge, aos pais, aos descendentes mais próximos, aos descendentes mais remotos, respectivamente nessa ordem, caso não exista nenhum desses o juiz nomeará um curador. A sentença de ausência também será registrada junto ao RCPN, porém o ausente não é nem absolutamente nem relativamente incapaz, simplesmente não está em seu domicílio para praticar os atos da vida civil.
Pode ser que quem tenha dado abertura no processo de ausência (ou seja, na primeira fase) tenha sido o colateral. No decorrer do tempo, ele percebeu que o processo era longo e que daria muito trabalho. Foi dada a sentença declaratória de ausência. Chegou o momento de começar aquele prazo dos 30 dias, e o colateral deve se apresentar novamente, já que o processo não seguirá automaticamente, como vimos antes. O colateral é herdeiro legítimo. Ele pensa: “estou cansado, é muita responsabilidade. Não vou aparecer naquele prazo de 30 dias para dar abertura à segunda fase.” Se isso acontecer, o art. 28 § 1º diz que quem abrirá a segunda fase será o MP. Então, se não aparecer nenhum legitimado do art. 27, ou estes desistiram, o que temos que ter em mente é que o processo de ausência nunca irá parar. Por que? Porque o MP sempre estará na retaguarda como legitimado extraordinário. Se caminhar todo o processo de ausência e ninguém se apresentar, nem mesmo o próprio ausente, esse patrimônio será recolhido pela Fazenda Publica. Logo, nem mesmo o Estado tem interesse na interrupção do processo.
Sucessão provisória
O processo se dá após um ano de arrecadação de bens ou três anos se o ausente tiver nomeado procurador. Na sucessão provisória, inicia-se o processo de entrega do patrimônio do ausente, sendo a sucessão provisória de caráter OBRIGATÓRIO. O Código Civil elenca quais pessoas podem pedir a abertura da sucessão provisória do ausente. Consideram-se interessados para tal o cônjuge não separado judicialmente, os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários, os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte e os credores de obrigações vencidas e não pagas. “O companheiro ou companheira, durante a vigência da união estável poderá requerer a abertura da sucessão provisória, em virtude da sua condição de herdeiro” (Silvio Rodrigues, 2006, p. 80). “É necessário assegurar ao parceiro da união homoafetiva igual direito” (Maria Berenice, 2008, p. 491).
O §1º do art. 28 do Código Civil determina que se após o prazo de um ou três anos, conforme o caso, não houver interessados na sucessão provisória, ou também, se mesmo havendo interessados, nenhum deles a requerer, cabe ao Ministério Público requerê-la ao juiz competente. Se entre os herdeiros houver interdito ou menor, também competirá ao Ministério Público o requerimento da abertura da sucessão provisória (DINIZ, 2008. p. 74). Assim, vemos que a legitimidade do Ministério Público é subsidiária, em relação aos outros interessados.
A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeitos depois de 180 dias de publicada pela imprensa. “Trata-se de um prazo suplementar concedido ao ausente, que talvez agora, ao ter ciência das conseqüências mais amplas de seu silêncio, resolva aparecer” (Silvio Rodrigues, 2006, p. 80). Depois desse prazo, quando passará em julgado, é possível proceder à abertura de testamento, se houver, e ao inventário e à partilha de bens, como se morto estivesse o ausente.
Alienação de Bens
A primeira providencia prática, poderá estar presente na possibilidade de alienação de bens
do ausente podendo-se afirmar que o produto dessa venda deverá ser depositado em juízo até que o
ausente reapareça, ou até que se chegue a sucessão definitiva. Só se permite a alienação onerosa com ordem judicial, para evitar que o bem deprecie, ou porque não há como mantê-lo.
Imissão na posse
Após declarada a sucessão provisória poderão os herdeiros (descendentes, ascendentes,
cônjuge e/ou companheiro (a)) requerer a imissão na posse dos bens do ausente, sem nenhum ônus
ao herdeiro. Caso o desaparecido só possua irmãos, sobrinhos, tios e primos nessa ordem, esses
herdeiros necessitarão prestar caução (garantia), para que possam receber os bens. No caso de
destruição do bem caucionado, a caução servirá como restituição do dano, caso o desaparecido
volte.
Exceção: há pessoas que entram na posse dos bens do ausente mas não precisam oferecer garantias. É o cônjuge, o ascendente e o descendente. Cuidado: colateral não é citado na exceção. O irmão, apesar de ser uma pessoa próxima, precisará oferecer garantias. Tios, primos e credores também têm que oferecer.
Percepção dos frutos
O terceiro efeito prático da sucessão provisória é a possibilidade de percepção dos frutos, ou
seja, é possível que os herdeiros tenham rendimentos com os bens do ausente, podendo por exemplo
alugá-lo ou arrendá-lo.
 Recebimento dos frutos:
1. Filhos, pais, irmãos, cônjuges (ou companheiro): Recebem os frutos em sua integralidade,
mesmo aqueles recebidos na fase da declaração de ausência.
2. Demais herdeiros: Recebem 50% dos rendimentos e depositam o restante em juízo para a
eventualidade do ausente reaparecer.
Exceção: cônjuge, ascendente e descendente recolhem os frutos e rendimentos em 100%. As vezes, quem está na posse dos bens do ausente não é nenhum desses. Esse alguém pode ser um colateral. Se não houver ninguém mesmo, então um credor pode entrar na posse. Nesse caso, eles poderão recolher 50% dos rendimentos. Os outros 50% serão depositados em juízo, numa conta determinada pelo juiz. Vamos entender esse deposito judicial. O juiz determinará uma conta para o colateral ou credor depositar. Todo ano o colateral ou credor deverá prestar contas ao judiciário dos depósitos mensais.
Quem entra na posse dos bens do ausente terá os bônus, mas também os ônus. Digamos que haja vários sucessores. O juiz fez a divisão, e cada um tomou a posse de um bem. O Código Civil diz que esse(s) sucessor(Estado) virará(ão) representante(s) processual(is) do ausente; ele(s) figurará(ão) como autor(es) ou réu(s) do ausente. Olhe o perigo. O ausente, antes de sumir, pode ter xingado alguém, o que pode ter motivado a pessoa ofendida a entrar com um processo indenizatório. Entretanto, o sujeito sumiu. O processo de indenização não irá parar; ele correrá contra quem estiver na posse do ausente. O judiciário não pára por ter o sujeito se ausentado. 
O mesmo acontece se publicarem algo em nomedo ausente: se os sucessores estão na posse de seus bens, eles também poderão entrar com uma ação em nome dele. Então, usaremos o comportamento do Direito de Sucessões. Os encargos, no caso do processo indenizatório pelo xingamento, terão limite igual ao que o sucessor receberia na concretização da sucessão.
Exemplificando com números: o ausente foi condenado num processo de indenização a pagar R$ 100,00. Você, que está tocando o processo de ausência, tem a posse, o que significa que você é o representante processual do ausente. Você teria direito ao patrimônio do ausente de R$ 150,00. Quanto você pagará nessa indenização? R$ 100,00. Mas, e se for o contrario, a indenização tiver valor de R$ 150,00, mas só lhe couberam R$ 100,00 de herança: quanto você pagará? R$ 100,00 também. Só se paga o que se teria direito como resultado do processo de ausência. Então, no ato da  condenação do ausente, você deverá pedir ao juiz a parte que lhe cabe para que você possa pagar a indenização.
Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, ele perderá, em favor dos sucessores provisórios, a parte que lhe caberia nos frutos e rendimentos. Apenas terá direito ao patrimônio original. Maria Helena Diniz interpreta essa regra como uma sanção ao ausente. Portanto, o ausente, caso regresse, terá de demonstrar que sua ausência foi involuntária ou justificada, para que receba, além de seu patrimônio original, ou das garantias prestadas, também metade dos frutos e rendimentos capitalizados pelos sucessores provisórios que o deviam. Caso não consiga demonstrar a involuntariedade ou justificativa plausível, perderá, em favor dos sucessores, também a metade capitalizada dos frutos e rendimentos.
Em relação ao cônjuge, aos ascendentes e aos descendentes, é claro que o ausente aparecido não tem direito aos frutos e rendimentos, pois direitos daqueles. Entretanto, em se tratando do patrimônio original, e como aqueles não necessitam de prestar garantias para entrarem na posse dos bens do ausente, entendemos que o ausente só terá direito aos bens no estado em que se acharem, aos sub-rogados em seu lugar, ou ao preço que aqueles houverem recebido pelos bens alienados, e sem direito a indenização, por analogia ao art. 39 do Código Civil, aplicável ao ausente que aparecer após a abertura da sucessão definitiva.
E ficar comprovado que o ausente, ao sumir, estava de boa-fé, ele terá direito ao que, ao voltar na segunda fase? São três direitos:
Reaver a posse. Posse é detenção, não propriedade, que ainda é dele (do ausente), já que a escritura pública ainda está em seu nome.
Exigir o estado de conservação. Lembrem-se que ele só pode exigir se existirem garantias. Quem tem que oferecer garantias são somente os colaterais e os credores.
50% dos frutos e rendimentos.
Vejamos, então, os direitos do ausente de má-fé ao regressa. Se Tio Patinhas é ausente de má-fé e o processo está na segunda fase, ele continua com a propriedade de seus bens. Quando voltar, terá os direitos:
De reaver a posse;
Também terá direito a exigir o estado de conservação;
Mas perderá sua parte nos frutos e rendimentos. No caso, os depósitos judiciais voltarão para os colaterais ou credores que haviam depositado.
Sucessão Definitiva
A abertura do processo se dará dez anos após o trânsito em julgado da sentença que decretou a sucessão provisória, nesse momento o juiz determinará que se lavre a certidão de óbito, o levantamento das cauções prestadas, podendo os herdeiros a partir de então dar destinação ao patrimônio. Mas caso o ausente retorne em dez anos após a abertura da sucessão definitiva, a propriedade ou o valor do(s) bem(ns) devem retornar ao ausente, sem contar bem feitorias, apenas os valores e bens originais. Outra hipótese legal em que se considera a grande probabilidade do não retorno do ausente é quando ele possui oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Nesse ponto, considera-se “a medida de vida da pessoa, mesmo que não tenha havido anteriormente sucessão provisória” (DINIZ, 2008, p. 80). Nessa hipótese, a lei autoriza que se abra a sucessão definitiva. Em qualquer caso, se a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva, o juiz também declarará a morte presumida do ausente.
Nesse momento, os sucessores que capitalizaram metade dos frutos e rendimentos terão direito a resgatá-los, e poderão utilizá-los como queiram. E a partir de então, todos os sucessores terão direito a todos os frutos e rendimentos dos bens gerados pelo respectivo quinhão. Com a sucessão definitiva, os sucessores poderão utilizar os bens como bem entendam, não mais havendo restrição para alienar ou hipotecar tais bens.
“Pode-se dizer que tal sucessão é quase definitiva, pois a lei ainda admite a hipótese, agora remotíssima, do retorno do ausente” (Silvio Rodrigues, 2006, p. 82). O Código Civil garante ao ausente que regressar nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou qualquer de seus herdeiros necessários, o direito aos bens existentes no estado em que se acharem, aos sub-rogados em seu lugar, ou ao preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Terá o mesmo direito o ascendente ou descendente do ausente, que aparecer até dez anos após a abertura da sucessão definitiva.
Após esse prazo de dez anos da abertura da sucessão definitiva, se o ausente regressar, surge a dúvida sobre a que direitos terá, pois o Código Civil é omisso, e somente prevê o caso de o ausente regressar durante os dez anos após a sentença que abrir a sucessão definitiva. Se o ausente, ou qualquer de seus herdeiros necessários, que regressar depois desse prazo, não mais terá direito a nada, como é o entendimento de Maria Berenice Dias e Arnaldo Rizzardo, pois o prazo de dez anos a que se refere o art. 39 do Código Civil é decadencial. 
16 – Domicílio
Residência: Lugar onde a pessoa fixa sua morada, com ou sem a intenção de nela permanecer para sempre.
Ânimo Definitivo: Local onde a pessoa tem a intenção de permanecer, revelado através de sinais exteriores tais como: local onde se estabelece a família e onde o indivíduo recebe todas suas correspondências.
Moradia: sinônimo de estadia. Moradia é algo rápido, fugaz. Não encontramos, na moradia, requisitos da permanência.
Residência: é sinônimo de habitação. Na residência, o sujeito não mora de forma rápida; ele tem uma certa permanência no local. Detalhe: apesar de termos a permanência, não se tem a vontade de continuar naquele local.
Domicílio: é a residência com o ânimo definitivo de nela permanecer. Basta desmembrar os elementos objetivo e subjetivo. Há permanência, representada pela residência, somada ao requisito de querer continuar naquele local.
Vamos Resumir:
Moradia: estadia. É rápido e não exige a permanência do sujeito.
Residência: habitação. Não é rápida; há certa permanência.
Domicílio: há a permanência e demonstra-se a vontade de permanecer.
O domicílio é o lugar onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo. Se, porém a pessoa natural tiver diversas residências, onde viva alternadamente, considera-se seu domicílio qualquer delas. É também domicílio da pessoa natural, quanto as relações profissionais, o lugar onde está é exercida, caso a pessoa exerça profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.  O domicílio é qualquer dos lugares onde a pessoa exerça atividade. O Código é muito claro: o local de trabalho é local de domicílio para com as relações que tem-se para com aquele trabalho. Exemplo: a professora mesma tem quatro domicílios: a casa dela, as duas faculdades onde dá aula e seu escritório. Se ela tiver uma divergência com um aluno da de uma das faculdades, ela não poderá ser citada na outra. A citação, caso o oficial de justiça deseje fazer num dos domicílios profissionais da professora, deverá ocorrer somente naquele que tiver correspondência com a situação. É claro que ela tambémpoderá ser citada em casa, pois não é domicílio profissional. Note que não estamos falando de domicílio de servidor público. Em princípio toda e qualquer pessoa pode escolher seu domicílio, que é portanto voluntário e se aplica a todas as relações jurídicas que o indivíduo é titular. Muito embora o domicílio seja de livre escolha da pessoa natural é perfeitamente modificável e transferível, na forma do artigo 74 parágrafo único.
Consideraremos como domicílio da pessoa que não tenha permanência o lugar onde for encontrada. É muito citado pela doutrina para pessoas nômades, como os artistas de circo. Ciganos não têm residência. Ficará ele sem citação? Negativo. Ele poderá ser citado no meio da rua. Essa regra poderá ser aplicada para qualquer um de nós: aquele indivíduo difícil de encontrar será encontrado pelo oficial qualquer jeito. Nesse caso, onde o oficial abordar o sujeito, a citação ocorrerá ali mesmo.
17 – Tipos de domicílio
Legal ou Necessário: decorre da lei, em atenção à condição especial de determinadas pessoas. Assim, temos: (art. 76, CC)
domicílio do incapaz: é o do seu representante ou assistente;
domicílio do servidor público: é o lugar em que exerce permanentemente as suas funções;
domicílio do militar: é o lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado;
domicílio do marítimo: é o lugar onde o navio estiver matriculado;
domicílio do preso: é o lugar em que cumpre a sentença.
O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve (art. 77, CC).
De Eleição: decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art. 78, CC e art. 111, CPC). A eleição de foro só pode ser invocada nas relações jurídicas em que prevaleça o princípio da igualdade dos contratantes e de sua correspondente autonomia de vontade. O objetivo do foro de eleição é o de afastar o domicílio geral de um ou ambos os contratantes se prestando apenas a reger aquela situação jurídica. Caso o foro de eleição, seja feito em uma relação de consumo, por um contrato de adesão (contrato esse que uma das partes faz todas as cláusulas), e o consumidor é colocado em extrema desvantagem já que o seu acesso à justiça fica inviabilizado, a cláusula é nula, valendo por consequência o domicílio geral do consumidor.
18 – Domicílio da Pessoa Jurídica
O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, isto quando os seus estatutos não constarem eleição de domicílio especial. O parágrafo 1º do mesmo artigo estabelece que se houver mais de um estabelecimento relativo a mesma pessoa jurídica, em lugares diferentes, cada qual será considerado domicílio para os atos nele praticados. Caso a pessoa jurídica só tenha sede no estrangeiro, em se tratando de obrigação contraída por agência sua, levar-se-á em consideração o estabelecimento, no Brasil, a que ela corresponda, como emana do parágrafo 2º do já citado art. 75, CC. Dispõe a Súmula 363, do STF: "A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou do estabelecimento, em que se praticou o ato".
O Código de Processo Civil, em seu art. 88, I e parágrafo único, também disciplina a matéria, dispondo:
"Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
Parágrafo único. Para o fim do disposto no n° I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal".
19 – Pessoa Jurídica
É a entidade formada por pessoas naturais ou outras pessoas jurídicas à qual a lei empresta personalidade jurídica, reconhecendo-a como sujeito de direitos e obrigações, podendo até mesmo ser vítima de dano moral.
 Classificação das pessoas jurídicas:
I) Quanto à nacionalidade:
Nacionais: atuam dentro do território nacional.
Estrangeiras: atuam fora do território nacional.
II) Quanto à orbita de atuação:
Pessoas Jurídicas de Direito PÚBLICO:
Interno: União, Estados, Municípios, etc.
Externo: Mercosul, ONU, Unesco, etc.
Pessoas Jurídicas de Direito PRIVADO: Associações, Sociedades, Fundações, Organizações Religiosas, Partidos Políticos.
20 – Pessoa Jurídica de Direito Privado
ATO CONSTITUTIVO + REGISTRO = AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE
A PJ de direito privado necessita inicialmente de um Ato Constitutivo, que delimita os principais requisitos necessários ao funcionamento daquela PJ tais como será administrada, qual sua sede, quais são seus objetivos e tudo mais que seja relevante para que a PJ funcione regularmente. Além do ato constitutivo, a PJ também precisará conter o registro dele junto ao órgão competente. A partir do momento em que o registro é realizado a PJ adquire personalidade e está livre para contrair direitos e obrigações com quem quiser. No que diz respeito a PJ de direito privado o registro é essencial à aquisição da personalidade passando a PJ a exercer sua capacidade de direito limitado aos objetivos traçados no ato constitutivo.
Corporações
Possuem como característica a reunião de pessoas para o desempenho de uma determinada atividade. Classificam-se em Associações e Sociedades.
Associações:
 Configura-se como sociedade um conjunto de pessoas físicas que se unem para a prática de determinada atividade, visando a obtenção de lucros que deverão ser revertidos em benefício da finalidade associativa. Nas associações, os associados estão previamente combinados perseguindo uma atividade não econômica. São exemplos de associações os clubes, as associações de classe, as associações de moradores e etc.
Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Os objetivos das associações são: altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes, religiosos, educativos, culturais, políticos, esportivos ou recreativos. O ato constitutivo das associações é o estatuto. E, este deve atender aos requisitos do artigo 54 do Código Civil (a denominação, os fins e a sede da associação; os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; os direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos para sua manutenção, etc).
A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. O associado pode retirar-se a qualquer tempo, sem necessidade de justificar o pedido. os ssociados devem ter iguais direitos, mas o estatuto pode instituir categorias com vantagens especiais. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 
Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
Sociedades
Celebram contrato de sociedade, as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados, sua finalidade é lucrativa. E quanto a forma do instrumento de constituição, a Sociedade e Associação pode ser por instrumento particular ou público. 
 Sociedade de Fato → Não possui o registro nem o ato constitutivo. A PJ funciona na total INFORMALIDADE.
Sociedade Irregular→ Possui o registro e/ou o ato constitutivo. A pessoa possui ambos, porém o registro não revela a situação fática atual do funcionamento da PJ. Nesse caso se a PJ não cumprir o pagamento de suas dividias, seu(s) dono(s) responderão com seu patrimônio pessoal, caso seu patrimônio não seja suficiente, os demais membros da PJ também responderão com seus patrimônios, arcando por não terprocedido a legalização da PJ de direito privado.
As Fundações
As fundações podem ser públicas ou particulares.
- Fundações públicas: são instituídas pelo Estado, pertencendo os seus bens ao patrimônio público, com destinação especial, regendo-se por normas próprias de direito administrativo.
- Fundações particulares: são estudadas pelo Código Civil, nos artigos 62 aos 69.
Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. O fim é estabelecido pelo instituidor e não pode ser lucrativo, mas social, de interesse público, ou seja, os fins podem ser religiosos, morais, culturais ou de assistência
A constituição da fundação se desdobra em 04 fases:
01) Ato de dotação ou de instituição;
02) Elaboração do estatuto;
03) Aprovação do estatuto;
04) Registro.
 - Ato de dotação ou de instituição:
 Compreende a reserva ou a destinação de bens livres, com a indicação dos fins a que se destinam e a maneira de administrá-los. A dotação ou instituição pode ser feita por ato inter vivos (escritura pública) ou causa mortis (testamento). O patrimônio da fundação pode ser constituído por diversas espécies de bens (imóveis, móveis, créditos, etc.). Feita a dotação por escritura pública, deve o instituidor transferir-lhe a propriedade ou outro direito real, sobre eles, sob pena de serem registrados em nome dela por mandado judicial.
- Elaboração do estatuto
O próprio instituidor pode elaborar o estatuto. Tem-se, aqui, a modalidade de formação direta. Ou o instituidor pode designar a elaboração do estatuto a uma terceira pessoa. Ao designar tal incumbência à terceira pessoa pode estabelecer prazo para cumprimento do encargo ou não. Se dentro do prazo assinalado pelo instituidor, a terceira pessoa não elabora o estatuto, tal incumbência cabe ao Ministério Público. E, quando não assinala prazo, se o terceiro não cumpre a tarefa em 180 dias, tal incumbência cabe ao Ministério Público. Ao elaborar o estatuto deve submetê-lo à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz, que consiste a próxima fase.
- Aprovação do estatuto
O Ministério Público estadual é a autoridade competente para a aprovação do estatuto. O Ministério Público verificará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes ao fim a que ela se destina. Em 15 dias, o Ministério Público aprovará o estatuto e indicará as modificações que entender necessárias ou lhe denegará a aprovação. O interessado pode requerer ao juiz o suprimento da aprovação. O juiz antes de suprir a aprovação, poderá também fazer modificações no estatuto, a fim de adaptá-la aos fins pretendidos pelo instituidor. Quando o estatuto é elaborado pelo órgão do Ministério Público, cabe ao juiz a aprovação do estatuto.
- Registro
As fundações devem ser registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. O registro é indispensável, pois só com ele começa a fundação a ter existência legal.
O que mantém a fundação, portanto, é a própria fundação, que é administrada pelo corpo gestor para que não acabe.  Ela não produz lucro, mas se sustenta com sua gestão. Sua finalidade é não econômica diretamente, mas pode gerar lucro eventualmente, e o lucro acaba sendo revertido para a própria atividade. Ou seja, apesar do lucro ter sido gerado, tem finalidade cultural, religiosa, educacional e etc. Mas essa fundação não se incorpora ao patrimônio de ninguém, ela pode aumentar, adquirindo mais bens, mas todos são destinados à sua finalidade inicial. Tem-se o benefício indireto delas, mas elas não foram criadas para tal. A fundação também pode incorporar patrimônio através de doação, mas tratando-se de afetação de bens, a inalienabilidade da fundação, aparece, ou seja, ela não pode ser vendida, alienada, salvo ordem judicial.
Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Torna-se um ente despersonalizado. 
21 – Entes despersonalizados 
São ENTES DESPERSONALIZADOS:
• Condomínio do Edifício ou Edilício – Inciso IX
• Massa falida da empresa – Inciso III
• Espólio – Inciso V
• Herança Jacente e Vacante – Inciso IV
• Família – Inciso VII
Em determinadas hipóteses é possível identificar uma reunião de pessoas ou um conjunto de relações jurídicas que tem por objetivo regular assuntos internos, que não possuem interesse de ter vínculos jurídicos com a coletividade. Muito embora os entes despersonalizados estejam sem personalidade, possuem o que a doutrina chama de CAPACIDADE PROCESSUAL, podendo agir como autor ou réu em determinada ação na defesa do ente despersonalizado, através de seu representante.
22 – Desconsideração da Pessoa Jurídica
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” 
Permite ao poder judiciário atingir e vincular os bens particulares dos sócios das pessoas jurídicas ao pagamento das dívidas pertencentes a sociedade, sem a perda da personalidade da PJ. Pode ocorrer na hipótese em que haja abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Nas relações civis os parâmetros são interpretados restritivamente, podendo ser aplicada somente se comprovada a prática irregular. Seus efeitos atingem os sócios e administradores. Sendo certo que apenas o membro que praticou o ato abusivo terá seu patrimônio afetado. (Teoria Maior Objetiva).
23 – Teoria Maior e Menor da Desconsideração
TEORIA MAIOR: O STJ entende que é a regra de nosso sistema. Para a desconsideração, além do inadimplemento é necessário comprovar a FRAUDE/ABUSO cometidos pelos sócios. 
Podemos observar ainda que, pela teoria maior, necessita ser o ato praticado eivado de dolo, ou seja, é necessário que o sócio aja com vontade de fraudar credores ou terceiros com o uso indevido da personalidade jurídica da sociedade, caso em que a desconsideração alcançará somente o patrimônio do sócio que praticou a conduta ilícita ou o que dela se beneficiou. No caso de confusão patrimonial há necessidade de comprovação, no campo dos fatos, que foi ferida a separação do patrimônio da pessoa jurídica e seus integrantes apreciando-se, nos dois casos, provas da ocorrência do ato que desvirtua a finalidade da pessoa jurídica e sua autonomia.
TEORIA MENOR: A mera insolvência da pessoa jurídica permite a desconsideração de sua personalidade. Esta teoria é aplicada de forma restrita, pois atinge somente o DIREITO DO CONSUMIDOR e o DIREITO AMBIENTAL.
24 – Desconsideração Inversa
Permite ao poder judiciário atingir e vincular os bens da pessoa jurídica ao pagamento das dívidas pertencentes aos sócios e poderá ser aplicada sempre que os sócios tenham se utilizado da PJ para ocultar bens e direitos.
25 - Extinção da Pessoa Jurídica
A PJ de direito privado se extingue de forma recorrente e normal procedendo a baixa do ato constitutivo junto ao órgão competente que variará de acordo com a espécie da PJ. Dentre as extinções anormais devem ser destacadas:
• Falência → quando o juiz decreta a insuficiência patrimonial da PJ.
• Cassação do ato administrativo que levou a criação da PJ → Bancos e outra atividade afins.
26 – Responsabilidade Civil da PJ
As PJs de direito privado, respondem subjetivamente sobre os atos de seus funcionários ou representantes, podendo a vítima propor ação indenizatória tanto em face da PJ quanto do funcionário.Caso a vítima ajuíze ação contra a PJ e ganhe, a PJ poderá ajuizar a chamada AÇÃO REGRESSIVA para obter de volta o que pagou, desde que prove o dolo ou a culpa do funcionário.
São as pessoas do art. 44. Estamos preocupados com o dano causados por associações privadas. Como fica a responsabilidade? Quando falamos em pessoa jurídica de direito privado, a regra é a responsabilidade civil subjetiva. Isso significa que caberá ao autor trazer a prova. É possível ser atropelado pelo carro da associação, ou então um tijolo do prédio onde ela funciona pode cair na cabeça de um transeunte. Quando não temos vinculo contratual com a associação, dizemos que há uma responsabilidade extra-contratual ou aquiliana (essa palavra vem do Direito Romano, em homenagem a um pretor). Entretanto, pode ser que a associação cause dano à pessoa depois de ela ter feito um contrato ou negociação com a pessoa jurídica de direito privado. Isso significa que existe uma relação prévia e, se ela não pagar, haverá responsabilidade jurídica contratual.
Observação: a regra é que a pessoa jurídica de direito privado responda de forma subjetiva. Então, cabe ao autor o ônus da prova. Há exceções, no entanto.
Concessão e permissão de serviço público;
Consumidor conta empresa. A responsabilidade será objetiva;
Vítimas de atos de poluição. Caberá à empresa o ônus da prova. É caso de dano ambiental, e, mesmo sendo pessoa jurídica de direito privado, a responsabilidade será objetiva.
A responsabilidade civil da PJ de direito publico pelos atos de seus funcionários, é objetiva, ou seja, para a vítima obter sucesso em sua ação indenizatória ela não precisará juntar provas para confirmar o dolo ou culpa do funcionário, e poderá direcionar a ação tanto contra a PJ quanto ao funcionário. A responsabilidade da empresa é objetiva, já a do funcionário é subjetiva, ou seja, a vítima precisará juntar provas ao processo para caracterizar a conduta dolosa ou culposa do funcionário. Caso a vítima ajuíze ação contra a PJ e ganhe, a PJ poderá ajuizar a chamada AÇÃO REGRESSIVA para obter de volta o que pagou, desde que prove o dolo ou a culpa do funcionário. A PJ de direito privado prestadora de serviços públicos responde igualmente a PJ de direito Publico Interno.
Se uma pessoa jurídica de direito público interno causar um dano, como será a responsabilidade? A empresa de ônibus é uma empresa pública ou privada? Privada. Mas recebe uma concessão de serviço público. Um serviço que o Estado por vezes não consegue prestar ele concede a um ente particular para que este o faça. Mas, na hora em que uma empresa recebe a concessão do serviço público, ela fica equiparada a uma pessoa jurídica de direito público e entra na regra do art. 43.
Quando falamos em responsabilidade civil do Estado, houve uma evolução em nosso Direito. Estado pode se referir à União, estados, DF, etc. Antigamente, caso ele causasse dano a alguém, ele nunca seria responsabilizado. Chegamos, com o tempo, à teoria do risco administrativo. A idéia é: o Estado responde sim, mas há situações em que haverá excludentes, quais sejam:
Força maior
Caso fortuito
Culpa exclusiva da vítima
Culpa de terceiro
Força maior: digamos que entramos num ônibus. Na hora em que pomos o pé nele, estamos, tecnicamente, assinando um contrato de transporte. Se ele bater e alguém se machucar, se o motorista não teve responsabilidade, o que ocorrerá: No Direito Civil, quando há um imprevisto ligado à Natureza, chamaremos isso de força maior. É conceito de Direito Civil, logo vamos entender por que frisar isso. Então, a pessoa que se feriu entrará com uma ação. O Estado se defenderá dizendo que foi um fato provocado por fenômeno da Natureza.
Caso fortuito: o contrato de transporte está efetivado ao o indivíduo entrar no ônibus. Mas ele bateu porque o motorista passou mal de algo que nunca teve antes. A imprevisibilidade agora, no caso fortuito, não é ligada à Natureza, mas ao homem. Esse é o conceito do Direito Civil. Por que falamos nisso? Porque o conceito no Direito Administrativo é invertido. Então, MUITO cuidado: lá no Direito Administrativo, caso fortuito é aquele ligado à Natureza, enquanto força maior é o conceito ligado ao imprevisto associado ao homem.
E como tem ocorrido nas provas de concursos? Para não causar nenhuma anulação de questão, os concursos têm mantido o termo imprevisibilidade. Então, ela pode ser ligada tanto à Natureza quanto ao homem.
Culpa exclusiva da vítima: auto-explicativo.
Se um desafortunado quiser se suicidar, e decide entrar num ônibus, desconcentrar o motorista para que este perca o controle e bata, matando e/ou ferindo os passageiros, tanto o Estado quanto o louco respondem. É caso de culpa concorrente. Na prática é difícil apurar as culpas.
Culpa de terceiro: um suicida quer se matar, e se joga na frente do ônibus. Acaba o dever de indenizar do Estado.
Quando falamos em responsabilidade da pessoa jurídica de direito público interno, o tipo é a responsabilidade objetiva. O ônus da prova será invertido. Veja isso: ao processar alguém, quem deve trazer as provas ao processo? O autor. Ele quem traz as testemunhas, os elementos documentais, etc. Essa é a regra do nosso Direito. No caso de responsabilidade objetiva, o ônus se inverte, então a responsabilidade de trazer os elementos probatórios será do réu. Nessa história, a vítima é considerada a parte mais fraca. Por isso o comportamento do Código será de inverter o ônus da prova. O Estado, como réu, tem mais capacidade de trazer os elementos probatórios. Sendo ele mais forte que a vítima, caberá a ele, Estado (réu), apresentar as provas.
Digamos que alguém tenha se machucado no ônibus: citamos o fato e explicamos que existe um nexo de causalidade entre o fato e a conseqüência. O autor descreve que estava lá naquele dia, em que ocorreu um acidente, e, estando lá, acabou me ferindo. Caberá ao réu fazer a pericia. No próprio art. 43, cita-se o direito regressivo ou direito de regresso: significa que o Estado tem o direito de, depois de ser processado e condenado a indenizar a vítima, entrar com uma ação contra o agente que estava a seu serviço que concorrera para causar o acidente. Logo, a vítima está processando o Estado. Ele paga a indenização. Ao fazê-lo, o Estado vai contra o motorista. São dois processos distintos. O primeiro é vítima x Estado, com responsabilidade objetiva, e o segundo, Estado x o agente dele (motorista). Este segundo processo será chamado de direito de regresso. A responsabilidade será subjetiva. Ao autor caberá a responsabilidade de trazer a prova para o processo.
Detalhes processuais: entramos no ônibus, que é concessão de serviço público, mas quem causou o acidente foi o agente do Estado. Podemos ter, como sujeito passivo no processo, a figura de dois réus? Não há proibição quanto a isso. A doutrina entende que é uma faculdade do indivíduo querer processar somente o Estado ou ambos, afinal trata-se de seu Direito subjetivo. Olitisconsórcio (consórcio litigioso)  nesse caso, é um litisconsórcio facultativo. Entretanto, raciocine: seria mesmo bom que o acidentado, como vítima, processe os dois, o Estado e seu agente, de uma vez só? Não, o processo vai parar a todo momento, por causa da responsabilidade objetiva do estado contra a responsabilidade subjetiva dos indivíduos.
27 – Dano Moral da PJ
A PJ de direito privado, de acordo com o Art. 52 do CC e a súmula 227 do STJ, possui direito a dano moral. A PJ de direito privado possui a honra objetiva e sua ofensa gera dano moral na forma dos dispositivos supracitados.
28 – Dano Material da PJ
O dano material reflete diretamente sobre as finanças da PJ de direito privado, que pode ser subdividido em:
→ Dano emergente: Aquele dano que provoca a real diminuição do patrimônio da PJ. Ex: Perda de contratos, que já estavam em curso.
→ Lucro Cessante: É o lucro que se deixou de ganhar, diminuindo, assim, o potencial de patrimônio. Ex: Perda de contratos futuros.
30 – Direitos da Personalidade
Compreende os direitospróprios da pessoa, tanto físicos, como morais, a vida, o nome, a imagem, a higidez física, a intimidade, a honra, a intelectualidade, entre outros. Os direitos da personalidade são:
• Absolutos → Oponíveis Erga omnes, são inerentes a própria condição de ser humano
• Inatos → Inerente a condição do ser humano.
• Vitalícios → Acompanham por toda vida.
• Intransmissíveis → Não podem ser alienados.
• Indisponíveis → Não podem ser vendidos.
• Irrenunciáveis → Não se pode abrir mão.
• Imprescritíveis → Não prescrevem, não deixam de ter efeito.
• Impenhoráveis → Não podem ser penhorados.
• Ilimitados → Não podem ser limitados.
Os direitos da personalidade poderão ser evocados mesmo após a morte do ofendido por seu cônjuge, parentes diretos ou até o 4º grau.
Os direitos da personalidade são absolutos. Ou seja, qualquer pessoa terá a proteção daquele direito. Cuidado com os livros que usam a expressão "relativamente disponível". Há exceções. Lembre-se que "dispor" quer dizer "abrir mão”. A voz também é considerada direito da personalidade. A doutrina diz que a voz é independente do corpo humano. A voz faz com que sejamos reconhecidos. Exemplos de direitos disponíveis: imagem e voz, (com fins comerciais). A honra não pode ser disposta. Nem a privacidade. Caso do BBB, que é exceção: há contrato para haver venda da honra, imagem e privacidade.¹ Isso é um contrato, mas em tese isso não poderia ser feito. Só se pode abrir mão da imagem e a voz, também o direito autoral é relativamente disponível. Nome civil: não há finalidade comercial alguma. O direito da personalidade para proteção do corpo e da voz é diferente.
Extrapatrimoniais: a doutrina diz que os direitos da personalidade são extrapatrimoniais, ou seja, consigo estipular um valor exato da minha integridade física, honra ou imagem? Não. Então, extrapatrimonial quer dizer "que não pode ser tarifado, precisamente taxado". Isso não prejudica a indenização, que é estimada.
Os direitos da personalidade se relacionam, como o nome diz, à pessoa. Eles são intransmissíveis, por isso são chamados personalíssimos. Sua honra, sua imagem e seu nome são seus e somente seus. Somente a legitimação processual pode ser passada aos herdeiros ou cônjuge, mas não os direitos. Uma coisa é ter o direito, outra coisa é ter a legitimação processual.
Mais uma característica: a imprescritibilidade. Cuidado com essa característica, que dá confusão: a doutrina tem a mania de falar que o direito da personalidade é imprescritível. Há dois sentidos para essa palavra: o da doutrina e o do legislador. A doutrina diz: podem passar os anos que forem que os direitos da personalidade estarão protegidos. Para o legislador, esse termo quer dizer outra coisa: significa que podemos entrar com uma ação a qualquer tempo (bem diferente, portanto). Cuidado. Caso o direito da personalidade seja lesionado, não significa que cabe processo a qualquer momento. Abrir-se-á um prazo prescricional. Caso o direito da personalidade seja lesionado, a ação deve ser iniciada dentro do prazo de três anos. Caso venham a lesionar ou ameaçar um indivíduo, há a prescrição da responsabilidade civil.
Resumindo, as características citadas dos direitos da personalidade são: caráter vitalício, extrapatrimonialiade, caráter absoluto, disponibilidade relativa, intransmissibilidade, imprescritibilidade de acordo com a doutrina e imprescritibilidade de acordo com o legislador.
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos.
Ao falarmos em “dano estético” estamos querendo significar a lesão à beleza física, ou seja, à harmonia das formas físicas de alguém” (MAGALHÃES, 1980).  Porém, em virtude da diferença existente do que se pode conceituar como “belo”, o dano estético deve-se direcionar para a modificação física sofrida pela pessoa em relação ao seu estado anterior, ou seja, o dano estético esta ligado às deformidades físicas, porém se este atingir a esfera patrimonial da vítima (ex: despesas médicas, perda da capacidade laborativa), deverá ser considerado como dano material. 
A Lei 9434/97 que trata dos transplantes de órgãos consagra exceções a ideia de irrenunciabilidade da integridade física. Assim, em vida poderá a pessoa natural abrir mão de sua integridade física doando órgãos duplos ou que regeneram às pessoas previamente indicadas pelo doador. Quanto ao transplante de órgãos para depois da morte, não há como se escolher a pessoa do beneficiado, devendo a pessoa em vida determinar se quer ou não ter seus órgãos doados. Se a pessoa durante sua vida não tiver manifestado a sua vontade, por ocasião do seu falecimento os familiares poderão optar em seu nome. 
Os tecidos a doar deverão ser com regeneração. A idéia é que doação será feita, mas ela não deverá afetar a integridade física do indivíduo.
Órgão duplo: entende-se que a integridade física não é afetada.
Autorização do doador: preferencialmente por escrito. Detalhe: além desse "preferencialmente por escrito" a lei exige a presença de testemunhas assinando, em número de duas. Para não gerar ensejo a pedido de indenização, logicamente o hospital faz tudo por escrito. Pergunta: eu estava pronto para assinar um contrato, mas parece que não é mais necessário que haja testemunhas, e agora?" Resposta: o novo Código dispensa a exigência de testemunhas nas negociações. A doação de órgãos é exceção. Pode-se voltar atrás na decisão a qualquer momento até a realização efetiva da doação. Não se cria direito adquirido para quem receberá os órgãos; só se cria uma expectativa de direitos.
Legitimados a receber os órgãos:
Cônjuge;
Parentes até quarto grau;
Terceiros.
Regras para a doação: se for cônjuge ou parente de quarto grau, é permitida a doação sem autorização judicial. Se for feita a doação para terceiros, então será necessária autorização judicial, salvo se for medula óssea. Autorização judicial tem por objetivo a fiscalização contra venda de órgãos. O Ministério Público fiscalizará todo o procedimento da doação. O hospital é obrigado a notificar o MP no ato da realização. Isso também é exatamente para coibir a venda de órgãos, já que a doação deve ser sempre gratuita. A medula óssea não precisa de autorização por causa da dificuldade de se achar doadores compatíveis.
Em caso de urgência, a vida é mais importante que a integridade física. Então não será necessária a papelada antes da cirurgia, mas depois.
Gestante: só pode doar medula óssea. A idéia é que, caso ela faça outro tipo de doação, ela estará afetando a integridade física dela e da criança. Mas a lei não dispõe sobre ela receber doações, então não há restrições.
Auto-transplante: é necessária a assinatura da pessoa mesmo neste caso. O consentimento deve estar presente, figurando a pessoa do doador e do receptor, ainda que seja a mesma. Como já visto antes, a autorização deve vir preferencialmente por escrito.
O incapaz: a lei de transplantes não diz: "o incapaz emancipado". Portanto, não importa se o incapaz é emancipado ou não. Todos abaixo de 18 anos estão sujeitos a uma regra especial. O incapaz pode figurar como doador e como receptor. Caso seja doador, ambos os pais terão que autorizar, ou o representante legal. No recebimento, basta um dos pais.
Fala do transplante post-mortem. O transplante ou doação do corpo inteiro podem ser feitos com objetivo científico ou altruístico. Quem quiser se tornar cadáver de faculdade de medicina deverá fazer um instrumento público em cartório.
O termo altruístico é a doação normal, com cunho não-científico, obviamente gratuita.
Tanto o transplante em vida quanto o transplante depois da morte é gratuito. O documento revogando o caráter de doador pode ser feito a qualquer momento até a morte. Se houver múltiplos documentos, então toma-se o mais recente, seguindo o raciocínio do parágrafo único.
A doação também pode ocorrer em caso de morte encefálicaatestada por dois médicos que não sejam da equipe do transplante.
No momento da morte, dever-se-á pedir a autorização do cônjuge ou algum parente até segundo grau. Se o filho negar a autorização, o candidato a receptor ficará sem o órgão. Portanto, na prática, fica sem efeito a manifestação de vontade do morto. O legislador fez isso para gerar segurança jurídica e também para evitar a venda de órgãos.
Incapaz: não interessa a emancipação. Os dois pais terão que dar autorização.
Pessoas não identificadas: o cadáver só poderá ser usado para fins científicos. Seus corpos não poderão ser doados em caráter altruístico.
No que diz respeito à cirurgia de mudança de sexo, transgenitalização, não há que se falar em ofensa ao art. 13, nem mesmo em renúncia a sua integridade física. Considerando que o individuo que realiza esse procedimento tem apoio médico e psicológico, deixa claro que o tipo físico do individuo não se adequa a sua condição mental, sendo a cirurgia a melhor maneira de atender a dignidade daquela pessoa e uma vez realizada permitirá também a mudança do nome junto ao registro de nascimento. 
O direito à imagem também pode ser objeto de renúncia, porém não é o direito abstrato à imagem que o individuo abre mão, mas sim admite-se a cessão do uso da imagem. A doutrina identifica a presença de três espécies de imagem: a imagem voz, a imagem-retrato, que está ligada a fisionomia, e por fim a imagem atributo, também conhecida como imagem moral, que implica em reconhecer as qualidades que levam aquele indivíduo a ser reconhecido socialmente. A cessão do uso da imagem se submete a dois requisitos, quais sejam: deve ser feita com caráter temporário e para que se cumpra uma finalidade específica. Normalmente a ofensa à imagem em um de seus três aspectos gera dano moral quando aquela divulgação traz alguma ofensa à honra objetiva ou subjetiva. Atualmente com base no art. 5º, V e X da CF tem-se admitido indenização por dano a imagem, que será concedida independentemente de qualquer ofensa a outro direito da personalidade, sendo assim oriunda da simples divulgação não autorizada da imagem. As pessoas públicas como políticos, artistas, atletas, em sua vida pública, bem como ao frequentar lugares públicos, não podem requerer dano a imagem considerando a publicidade de seus cargos ou funções. Em sua intimidade poderão requerer o dano à imagem. Quanto às pessoas comuns a jurisprudência acaba sendo mais benevolente no sentido de conceder o dano à imagem. Porém, não é qualquer exploração não autorizada que confere esse direito. A jurisprudência tem fixado certas limitações para conceder dano à imagem. Assim, se o indivíduo se encontra em local de agrupamento de pessoas como o Maracanã, comícios, se no momento da captação da imagem tem consciência de que está sendo fotografado, filmado, não há como se pretender uma indenização por dano a imagem. 
31 – Conflito de direitos da personalidade
É comum, na análise do caso concreto, que dois ou mais direitos da personalidade entrem em conflito, em rota de colisão, devendo o magistrado proteger um desses direitos em sacrifício do outro e vice-versa. Uma questão que bem revela esse conflito é a da religião que não admite transfusão de sangue humano, mesmo diante da possibilidade da morte. A solução nessa situação específica dada pela jurisprudência é no sentido que a opção pela não realização da transfusão é admitida, preenchidos alguns requisitos, quais sejam: a pessoa que fizer a opção deve possuir capacidade civil plena, manifestar sua vontade de forma inequívoca e formalizada, e por fim, a opção deve dizer respeito à circunstância do próprio declarante. Assim, o incapaz não poderá fazer essa escolha, considerando a inexistência da capacidade civil plena, estando o judiciário obrigado a interferir determinando a realização da transfusão. 
Outra hipótese de colisão entre dois direitos da personalidade é de um lado o direito a liberdade de manifestação e de imprensa e de outro o direito a intimidade, a vida privada. No conflito, muito embora o art. 20 tente oferecer alguma solução para a questão, o fato é que a divulgação é essencial ao interesse público, a formação da opinião pública, servindo de exemplo aquelas situações em que os fatos dizem respeito a vida privada do individuo, porém aquela divulgação vai de encontro à imagem atributo que o indivíduo ostenta perante a coletividade. É perfeitamente possível, por exemplo, que um político tenha divulgado na mídia informações que digam respeito a desvio de verba pública mesmo que não tenham havido qualquer autorização considerando que se espera do mesmo uma adequada utilização daquela verba. 
 32 – Direito ao nome
→ Nome: Designação empregada na identificação de pessoas físicas.
→ Prenome: Nome proprio que individualiza a pessoa; de batismo; O que antecede o nome
de família (PATRONÍMICO)
→ Patronímico: Nome de família, nome que vem após o primeiro nome.
Facultativamente, o nome ainda pode conter o agnome (distintivo que se acrescenta ao nome), o cognome (apelido ou alcunha), o pseudônimo ou codinome (nome escolhido pela própria pessoa e que terá a mesma proteção do nome, desde que a atividade seja lícita), e os axiônimos (títulos de nobreza, acadêmicos, etc.), entre outros.
O nome é nítido direito da personalidade vigorando em relação a ela regra a imutabilidade. Porém, tal como a imagem fica evidente em relação a ele a ideia de irrenunciabilidade relativa considerando que nas hipóteses previstas em lei é possível a mudança do prenome. Os prenomes que exponham a pessoa ao ridículo se quer devem ser registrados pelo oficial do RCPN, sendo essa avaliação subjetiva. Se a família insistir no registro caberá ao magistrado no caso concreto determinar a família a escolha de outro prenome ou permitir o registro daquele mesmo, hipótese em que caso o indivíduo tenha interesse em mudar o seu prenome poderá fazê-lo até os 19 anos na forma do art. 56 da lei de registros públicos.
Na adoção é possível, não obrigatório, que se promova a modificação do prenome da mesma forma que no processo de naturalização o estrangeiro que se tornem brasileiro poderá se quer a mudança do prenome. A lei de registros públicos prevê a possibilidade de mudança quando a pessoa participa do programa de proteção a testemunha bem como pretende a mudança para substituir o seu prenome por apelidos públicos notórios como artistas que possuem em seu registro um nome, mas são socialmente conhecidos por outro. 
O pronome também pode ser modificado por erro de grafia. As hipóteses de alteração de sobrenome são basicamente as mesmas, ou seja, por erro de grafia ou porque a pessoa faz parte do programa de proteção a testemunha, sendo certo que na adoção a mudança de sobrenome é obrigatória. Nos casos de apelidos públicos e nos de exposição da pessoa ao ridículo, muito embora o ordenamento só traga a possibilidade de alteração do prenome, a jurisprudência admite também a do sobrenome.
 A hipótese mais recorrente da alteração de sobrenome é o casamento, que na forma do art. 1565 pg 1° do CC admite apenas a colocação do sobrenome, o acréscimo. A jurisprudência de forma pacífica admite a suprimento de um dos sobrenomes para acrescentar o do cônjuge, desde que isso não importe em prejuízo à sua identidade materna ou paterna, nem provoque prejuízo a terceiro. Em se tratando de acréscimo com substituição oriunda do casamento, a retirada compulsória do sobrenome é extremamente difícil de ser decretada considerando que se trata de direito da personalidade e, portanto em regra irrenunciável salvo pela própria manifestação de vontade.
33 –Bens: Teoria do Patrimônio Mínimo
A CF de 1988 estabeleceu como Princípio dos Princípios o da Dignidade Humana prevendo-se assim uma releitura do Direito Civil, e a partir daí em matéria de bens foi desenvolvida a Teoria do Patrimônio Mínimo. Trata-se de um movimento doutrinário que tem por objetivo estimular a elaboração de normas, bem como a sua interpretação, objetivando assegurarao devedor um conjunto de meios necessários, de bens, que assegurem ao mesmo um mínimo necessário ao atendimento de suas necessidades básicas, vitais. A ideia do patrimônio mínimo é a proteção do mínimo existencial, não só como forma de assegurar dignidade ao devedor, bem como possibilitar que possa se reerguer financeiramente, pagando suas dividas. São exemplos dessa teoria a proibição de doação universal prevista no art. 548, bem como a impenhorabilidade dos bens traçados no art. 649/CPC.
Lei 8009/90 – bem de família legal
A expressão máxima da Teoria do Patrimônio Mínimo é a lei 8009/90, que assegura ao devedor que dê proteção ao seu único imóvel residencial que se presta a atender suas necessidades vitais e, portanto, não poderá ser penhorado para pagamento das dívidas. Pode se valer da lei 8009/90 o casal ou qualquer entidade familiar, tal como a mulher divorciada que vive com seus filhos, ou três irmãos solteiros que vivam no mesmo bem. A proteção se estende aos bens móveis que usualmente são encontrados em uma casa de classe média. Os veículos de transporte são em princípio penhoráveis, salvo se o veiculo comprovadamente é utilizado pelo devedor para o uso profissional. Assim, se o sacoleiro faz prova de sua profissão, o seu veículo não poderá ser penhorado para pagamento de suas dívidas.
Art. 5º pg único da lei 8009/90
Art. 3º, I e VI da lei 8009/90
Na hipótese do devedor possuir mais de um imóvel, a impenhorabilidade não recairá sobre o domicílio do devedor, mas sim sobre a residência que possua menor valor. Imaginando que o devedor possua uma casa de praia avaliada em 500 mil reais e um imóvel domiciliar avaliado em 1 milhão de reais, por exemplo, o imóvel de mais valor será utilizado para pagamento das dividas, ficando resguardado apenas o imóvel residencial menos valioso. O art. 3º da referida norma prevê situações onde o devedor, se ficar devendo pelas dívidas ali previstas, perderá todos os seus bens para o pagamento das mesmas. Ao prever das hipóteses em que o devedor pode ser colocado à míngua, se valeu de uma ponderação de valores, assegurando que determinados créditos devam ser pagos mesmo que isso importe na perda do único imóvel residencial do devedor para o pagamento. A dívida de alimentos, a dívida trabalhista de trabalhador da própria residência bem como a indenização proveniente de sentença penal condenatória são exemplos disso. 
34 – Bens
Corpóreos ou incorpóreos 
O nosso Código Civil não faz distinção entre bens corpóreos ou incorpóreos, como os romanos faziam, contudo essa definição é plausível. 
• Corpóreos (materiais ou tangíveis) - são os bens que possuem existência física, tais como casas, animais, joias. 
• Incorpóreos (imateriais ou intangíveis) - são os bens que possuem uma existência abstrata, porém possuem valor econômico, tais como marcas, patentes, direito autoral, fundo de comércio.
Imóveis e móveis
Imóveis 
Os bens imóveis são, em regra, os bens que não podem ser transportados ou removidos de um lugar para o outro sem perder a sua característica, integridade ou diminuir-lhe o valor. Dessa ordem, os bens imóveis são divididos: 
■ por sua própria natureza - compreendem o solo, o subsolo e o espaço aéreo sobrejacente, sendo que o proprietário do solo é também o dono do subsolo para efeito de construção. Atenção: a CF limita a propriedade, determinando que os recursos minerais e hídricos constituem propriedade distinta do solo para efeito de exploração e aproveitamento, pertencendo ao domínio da União (CF, art. 20);
■ por acessão natural - os bens que pertencem ao solo em virtude de sua natureza, como as árvores e todos os seus frutos, ainda que plantadas pelo homem; porém, se a árvore for destinada para corte, será classificada como bem móvel, assim como as plantadas em vasos; as árvores para corte podem ser negociadas sem a necessidade de escritura pública, pois não são consideradas bens imóveis, ainda que agregadas ao solo até o corte;
 ■ por acessão artificial ou industrial - qualquer coisa que o homem incorporar ao solo de forma permanente e cuja remoção acarrete a destruição do bem, tais como edificações e plantas, não perdendo a característica de imóveis, por exemplo, as casas que forem removidas na sua integridade para outro local, nem mesmo os materiais que temporariamente forem desagregados da casa para logo serem recolocados, como telhado (CC, art. 81); 
■ por determinação legal - alguns bens são considerados imóveis pela lei para que recebam maior proteção jurídica. São exemplos os direitos reais sobre imóveis, e as ações que os asseguram, e o direito à sucessão aberta.Também são considerados pela legislação como bens imóveis os navios e as aeronaves, dessa forma, sua transmissão se dá por escritura pública, devem sofrer registro especial e admite-se hipoteca; 
■ por acessão intelectual - são os bens móveis que o proprietário imobiliza como ato de sua vontade, mantendo-os intencionalmente agregados aos bens imóveis para exploração industrial, aformoseamento ou comodidade, como equipamentos, maquinários, ferramentas e objetos de decoração (tratores, veículos, animais, aparelhos de ar-condicionado etc.). Cuidado: o atual Código Civil não traz mais essa classificação, qualificando esses bens como pertences.
Móveis
Também são classificados os bens móveis: 
■ por sua natureza - os bens que podem ser removidos ou transportados sem perderem a sua característica ou sofrerem danos: sendo ainda classificados em móveis por força própria, como os móveis semoventes (animais em geral), ou móveis por força alheia, como os móveis propriamente ditos (carros, joias, cadeiras etc.). 
■ por antecipação - são os bens que originariamente são imóveis, pois são incorporados ao solo, como as árvores, mas que a vontade humana e por uma finalidade econômica tem intenção de converter em móvel, como as árvores de corte; 
■ por determinação legal - os bens cuja característica de móvel a legislação determina. São exemplos: as energias que tenham valor econômico (elétrica, gás etc.); os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações (direitos autorais, propriedade industrial, patentes, marcas, cotas e ações de sociedades).
Fungíveis e infugíveis
O CC apenas define os bens fungíveis, mas consequentemente se tem a definição dos infungiveis. 
■ Bens fungíveis: 
Art. 85. São fungiveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplos: dinheiro, saca de café etc. 
■ Bens infungíveis: são os bens que são "únicos", não podendo ser substi-tuídos por outro de mesmo gênero, qualidade ou quantidade, mesmo que de maior valor (CC, art. 313). 
Exemplos: imóveis, carros, selos ou livros raros etc. Todos os imóveis são infungives e, em regra, a maioria dos bens móveis é fungivel. Uma obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível dependendo da atuação, se for personalíssima ou não, como pintar um quadro ou uma casa. 
A consequência direta do enquadramento dos bens em fungivel ou in-fungível recai, principalmente, nas relações jurídicas com os bens. 
■ Mútuo - contrato de empréstimo apenas de coisas fungíveis. 
■ Comodato - contrato gratuito de empréstimo apenas de coisas fungíveis.
Bens consumíveis e inconsumíveis 
Os bens consumíveis são aqueles cujo único uso acarreta a sua destruição, como gasolina, charutos, alimentos etc. Há também os bens que são consumíveis conforme a destinação, tais como objetos postos à venda em uma loja, quando adquiridos pelo cliente, em relação à loja são consumíveis, ainda que se destinem ao uso prolongado. CC, Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
 Inconsumíveis são os bens que permitem reiterados usos sem serem destruídos — casas, veículos, vestuário. Contudo, se um alimento, que essencialmente é consumível, for emprestado para

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