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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ EAD – EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Rejane de Brito G. Ferreira Silvânia Ivo da Silva A CONTRIBUIÇÃO DO RECREIO PARA O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZADO DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL I Ubatuba – SP 2017 REJANE DE BRITO G. FERREIRA SILVÂNIA IVO DA SILVA A CONTRIBUIÇÃO DO RECREIO PARA O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZADO DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL I Trabalho de Conclusão de curso de graduação apresentado ao Núcleo de Educação a Distância da Universidade de Taubaté como parte dos requisitos para colação de grau no Curso de Licenciatura em Pedagogia. Orientação: Prof. Fábio Siqueira Campana Ubatuba– SP 2017 REJANE DE BRITO G. FERREIRA SILVÂNIA IVO DA SILVA A CONTRIBUIÇÃO DO RECREIO PARA O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZADO DO ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL I Trabalho de Conclusão de curso de graduação apresentado ao Núcleo de Educação a Distância da Universidade de Taubaté como parte dos requisitos para colação de grau no Curso de Licenciatura em Pedagogia. Data: _______________________________ Resultado: ___________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. ____________________________________ Universidade de Taubaté Assinatura Prof. ____________________________________ Universidade de Taubaté Assinatura Prof. ____________________________________ Assinatura Dedico este trabalho à minha família e especialmente à minha filha Rayssa Santos. Rejane de Brito Generoso Ferreira Dedico este trabalho à minha mãe, Maria Porfírio da Silva, que, mesmo sem saber ler e escrever, sempre me incentivou. Silvania Ivo da Silva AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, à minha família, à Professora Rosichler Maria B. de Prado Campana e ao Orientador Professor Fábio Siqueira Campana. Um agradecimento mais do que especial à amiga de estudos e trabalho Silvânia Ivo da Silva. Rejane de Brito Generoso Ferreira Agradeço a Deus, à Professora Rosichler Maria B. de Prado Campana e ao Orientador Professor Fábio Siqueira Campana. Agradeço, também, a meu marido Filadelfo Rofino Um agradecimento mais do que especial à amiga de estudos e trabalho Rejane de Brito Generoso Ferreira, pela paciência e incentivo. Silvânia Ivo da Silva Nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar. Oliver Wendell Holmes RESUMO A motivação para este estudo foi a observação e a escuta diária de crianças durante o recreio em uma escola de Ensino Fundamental I, indicando que brincar auxiliaria seu aprendizado e desenvolvimento, além de trazer alegria, prazer, tranquilidade e ânimo. Daí surgiu a necessidade de se questionar a real contribuição desse horário para o processo ensino/aprendizagem, por meio da análise de suas variadas dimensões. Compartilharam-se, no Capítulo 2, reflexões e preocupações sobre recreio e recreação. Essa questão vem aparecendo em alguns Projetos Políticos Pedagógicos, como integrante do efetivo fazer pedagógico, mas ainda se produz relativamente pouco sobre o tema. Por isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e qualitativa que, no Capítulo 3, delineou algumas considerações sobre o lúdico, em conceitos principalmente de Piaget, Vygotsky e Gardner. Em uma abordagem dialética e hipotético-dedutiva, buscou-se ligar, no Capítulo 4, brincadeiras e jogos aos diversos teóricos, o que resultou, no Capítulo 5, em algumas propostas para um recreio mais diversificado e estimulante. Com isso se evidenciou que esse horário, com diferentes jogos e brincadeiras, é excelente ferramenta pedagógica e colabora, realmente, para o processo ensino/aprendizagem e para a melhoria da rotina escolar, trabalhando os aspectos tanto cognitivos como físicos, afetivos e sociais. Palavras-chave: Recreio. Jogos. Brincadeiras. Processo ensino/aprendizagem. ABSTRACT THE CONTRIBUTION OF RECREATION FOR THE DEVELOPMENT AND LEARNING OF STUDENTS The motivation for this study was the daily observation and listening of children during the recreation break in a Primary School I, indicating that playing could help their learning and development, as well as bring them joy, pleasure, tranquility and liveliness. Therefore it appeared the need to question the real contribution of these moments to the teaching/learning process, through the analysis of its various dimensions. In Chapter 2, reflections and concerns about break and recreation were shared. This issue appears in some Political Pedagogical Projects as part of effective pedagogical practice, but relatively little is still being written on the subject. Therefore, a bibliographical and qualitative research was carried out, in Chapter 3, which delineated some considerations about playing, according to concepts mainly of Piaget, Vygotsky and Gardner. In a dialectical and hypothetical-deductive approach, in Chapter 4 it was tried to connect games and plays to various theorists, resulting, in Chapter 5, in some proposals for a more diversified and stimulating recreation break. It was evident that these moments, with different games and plays, are an excellent pedagogical tool and actually contributes to the teaching/learning process and to improving the school routine, working with cognitive, physical, emotional and social aspects. Keywords: Recreational break. Games. Plays. Teaching / learning process. LISTA DE QUADROS Quadro 1 – As múltiplas inteligências 27 Quadro 2 – Idade aproximada para a „perda‟ de brilho das múltiplas inteligências 30 Quadro 3 – Jogos de regras para crianças de 6 a 9 anos 33 Quadro 4 – Jogos de regras para crianças de 9 a 12 anos 33 Quadro 5 – Jogos, brincadeiras e as múltiplas inteligências 34 Quadro 6 – O recreio „clássico‟ 37 Quadro 7 – Planejamento semanal – Período da Manhã (3º, 4º e 5º anos) 38 Quadro 8 – Planejamento semanal – Período da Tarde (1º e 2º anos) 39 Quadro 9 – O que as brincadeiras desenvolvem quando as crianças brincam 45 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 1.1 PROBLEMA 11 1.2 OBJETIVOS 11 1.2.1 Objetivo Geral 11 1.2.2 Objetivos Específicos 11 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 11 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 11 1.5 METODOLOGIA 12 1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 13 2 REFLEXÕES E PREOCUPAÇÕES SOBRE RECREIO E RECREAÇÃO 14 3 O LÚDICO NA TEORIA DE PIAGET, VYGOTSKY E GARDNER 22 3.1 PIAGET E VYGOTSKY 22 3.2 AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS 26 4 CLASSIFICAÇÃO DE BRINCADEIRAS E JOGOS POR IDADE E INTELIGÊNCIAS 32 4.1 CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS POR IDADE 32 4.2 CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS POR TIPO DE INTELIGÊNCIA 34 5 UM RECREIO MAIS DIVERSIFICADO E ESTIMULANTE : SUGESTÕES 36 5.1 ORGANIZAÇÃO DO RECREIO HOJE 36 5.2 ORGANIZAÇÃO E ATIVIDADES RECOMENDADAS 37 6 CONSIDERACÕES FINAIS 41 REFERÊNCIAS 43 APÊNDICE A – O que as brincadeiras desenvolvem quando as crianças brincam 45 APÊNDICE B – Algumas regras e orientações para as brincadeirasdeste estudo 46 ANEXO A – Fotos das Autoras em momentos de recreio 53 10 1 INTRODUÇÃO Décadas atrás, as crianças tinham a oportunidade de brincar livremente nas ruas, sem grandes preocupações com o trânsito, então tranquilo, ou com violência e drogas, praticamente inexistentes entre as pessoas comuns do povo simples das calmas cidades. Os adultos, mães principalmente, cuidavam diuturnamente dos filhos, nas casas com quintais ou nas ruas e calçadas onde as crianças se reuniam para brincar, contar e ouvir histórias. O cenário hoje é quase o contrário desse pacato passado. A tecnologia, por sua vez, avançou tanto que já domina os lares e as famílias, muitas vezes quase incomunicáveis a não ser por meio de seus aparelhos, internet e dispositivos os mais diversos. Tudo isso foi, pouco a pouco, retirando da infância o espaço e o tempo de brincar, mudando radicalmente gostos e costumes, o que tem empobrecido o desenvolvimento psicomotor esperado das crianças, bem como sua socialização. Nesse contexto é que a escola passa a ter papel fundamental, principalmente oferecendo meios para a criança ir à busca de sua autonomia, criatividade, motricidade, sociabilidade, além de se responsabilizar pelo total restante de sua educação, conhecimento e cultura. Na sala de aula, porém, as crianças passam horas sentadas, seguindo normas e combinados, ouvindo, lendo e escrevendo, até que, num dado momento, é hora do recreio, o horário em que são libertas das amarras, da seriedade, do uso pré-determinado de sua mente e podem ser quem realmente são: só crianças, em seu momento de brincar, correr, conversar e socializar-se. Para elas talvez seja, realmente, a hora mais significativa dentro da escola, Muitos estudiosos, como Piaget, Vygotsky e Gardner – pesquisados para este trabalho –, tratam do desenvolvimento da criança e de jogos e brincadeiras, porque o tema é relevante e precisa estar sempre em discussão. Tendo em vista essas considerações é que se propõe este estudo, com vistas a trazer para a reflexão e para a prática escolar diária algumas contribuições sobre o 11 recreio, horário que não é mera distração, desperdício do tempo de ensinar e aprender, mas um verdadeiro laboratório de experiências de vida para a criança. 1.1 PROBLEMA A pergunta que se impõe, então, é: de que forma o recreio contribui para o processo de ensino/aprendizagem do Ensino Fundamental I? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Analisar as variadas dimensões do recreio escolar, com a finalidade de melhor compreender sua contribuição para o desenvolvimento e aprendizado do aluno do Ensino Fundamental I. 1.2.2 Objetivos Específicos Compartilhar reflexões e preocupações sobre recreio e recreação; Elaborar algumas considerações sobre o lúdico, com base em estudos de Piaget, Vygotsky e Gardner; Classificar brincadeiras e jogos por idade e inteligências; Apontar sugestões para um recreio mais diversificado e estimulante. 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO É importante enfatizar que a discussão proposta neste estudo diz respeito ao recreio de escolas de Ensino Fundamental I, com alunos entre seis e dez anos de idade, período que marca a transição da infância para a adolescência, quando a criança experimenta, talvez, seus últimos anos de total liberdade para brincar. 12 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO Muitos estudos abordam o brincar, o jogo e outras manifestações do lúdico, porém se produz relativamente pouco sobre o recreio escolar propriamente dito. No entanto, esse momento/espaço é crucial para a escola, principalmente na entrada do aluno no ensino fundamental, pois é quando tem início o que, em nossa cultura, costuma-se chamar realmente de „escola‟, já que ainda se encara a pré- escola como a fase do „apenas brincar‟. O recreio escolar, bem estruturado, pode se transformar em excelente ferramenta de trabalho da escola, trazendo benefícios tanto aos alunos, como aos professores e funcionários, satisfazendo a grande necessidade que todos têm de encontrar uma pausa significativa em seu trabalho ou estudo. O recreio pode proporcionar diferentes tipos de estímulos para a construção da autonomia, assim como ativa a criatividade, melhora a socialização, auxilia no desenvolvimento das inteligências múltiplas, entre outras vantagens, além de criar um ambiente excelente na escola, que, com isso, terá mais tranquilidade para levar adiante seus diversos projetos pedagógicos. Tanto é assim, que, mais modernamente, o recreio, por seu incontestável potencial educativo, passou a fazer parte do Projeto Político Pedagógico de muitas escolas, ou seja, é uma das bases em que se alicerça o processo ensino/aprendizagem. 1.5 METODOLOGIA Esta pesquisa é eminentemente bibliográfica – partindo da leitura e compreensão de publicações sobre o tema – e qualitativa ao aprofundar o estudo das partes de interesse ao assunto abordado, questionando seu significado, suas práticas e diversas opiniões. Traz, ainda, um misto de abordagem dialética e hipotético-dedutiva, na medida em que busca discutir o estudo realizado com a realidade, levantando hipóteses e tirando conclusões, tendo como base também o conhecimento pessoal 13 adquirido em efetiva prática na função de Monitor de Alunos da Rede Municipal de Educação do Município de Ubatuba/SP. 1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Para alcançar seus objetivos, após introduzir-se o tema no Capítulo 1, Introdução, dá-se início ao estudo propriamente dito compartilhando-se, no Capítulo 2, reflexões sobre recreio e recreação, além de preocupações diversas com relação ao recreio. No Capítulo 3 são elaboradas algumas considerações sobre o lúdico, tendo em vista os estudos de Piaget, Vygotsky e Gardner; Com base no estudo do capítulo anterior, aproveita-se o Capítulo 4 para classificar brincadeiras e jogos por idade e por inteligências. O Capítulo 5 finaliza o estudo, apontando propostas para um recreio mais diversificado e estimulante, quando se pode unir a teoria e a prática do dia a dia escolar. 14 2. REFLEXÕES E PREOCUPAÇÕES SOBRE RECREIO E RECREAÇÃO Ao se propor o estudo do tema recreio, é necessário que se tenha bom conhecimento de seu significado para a escola e, principalmente, para o aluno, além de se levar em consideração o uso incorreto desse período de tempo, o entendimento simplista de que é apenas o momento de se „soltar‟ o aluno em um espaço para „descansar‟ da sala de aula. A palavra recreio, conforme o Miniaurélio, significa: “1. Divertimento, prazer, [...]. 3. Lugar de recreio 4. Período para se recrear, esp. em escolas, tendo como sinônimo para os três primeiros sentidos a palavra recreação”. (FERREIRA,. 2008, p.688) As escolas utilizam essa palavra mais no quarto sentido acima citado, caracterizando-a como um período entre aulas, que serve para que os alunos descansem, relaxem, comam, conversem, brinquem e joguem Tudo isso se caracteriza, também, como recreação que, por sua vez, vem, conforme o Novo Dicionário Aurélio, de recrear, que significa “1. proporcionar recreio a, divertir. 2. Causar prazer a, alegrar. 3.sentir prazer ou satisfação. 4. Divertir-se, folgar, brincar.” (FERREIRA, 1975, p.1199) Recreio, então, é a recreação que acontece em um intervalo entre aulas. É a quebra da rotina, alguns minutos ansiosamente aguardados por todos os alunos, de qualquer idade e curso e que, para os menores, parece ser a parte mais importante da aula, a razão mesma para se gostar imensamente da escola, porque nesses momentos é queas crianças se encontram e se relacionam e fazem tudo o que têm vontade, autonomamente e com baixa supervisão. É o lúdico na sua mais perfeita expressão, como mostra Neuenfeldt (2005): O lúdico é um meio através do qual alcançamos o objetivo de prazer; é espontâneo, diferindo de toda atividade obrigatória, pertencendo à dimensão do sonho, da magia e da sensibilidade; é baseado na atualidade, privilegiando a criatividade, a inventividade e a imaginação por sua ligação com o prazer. Reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância, permitindo que as crianças 15 sejam crianças e vivam como crianças, descobrindo a linguagem dos nossos desejos e a corporeidade. (NEUENFELDT, 2005, p.52) Modernamente o recreio é bastante debatido nas escolas, e algumas dessas discussões se baseiam na premissa de que ele deve ser parte do fazer pedagógico, deixando de ser apenas um horário/espaço que os alunos utilizam sem direcionamento ou supervisão. Muitos autores defendem esse importante papel do recreio nas escolas, como Machado (2003, p.37), para quem “brincar é também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para verdadeiros processos cognitivos”. Oliveira (2004, p.15) concorda com essa defesa, esclarecendo que “o brincar abre caminho e embasa o processo de ensino/aprendizagem favorecendo a construção da reflexão da autonomia e da criatividade”. Prates (2010) segue na mesma linha afirmando que O recreio escolar deve ser um espaço que desenvolva atividades lúdicas que favoreçam a criação de situações que mexam com o imaginário do aluno. São essas ações que vão facilitar o desenvolvimento da aprendizagem da linguagem oral e escrita. (PRATES, 2010, p.28) E Ronca (1989, p. 27) enumera, especificando mais alguns aprendizados: “O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora sequência lógica, desenvolve o psicomotor e a afetividade, e amplia conceitos das várias ciências” É ainda Ronca (1989) quem aprofunda: O lúdico permite que a criança explore a relação do corpo com o espaço, provoca possibilidades de deslocamento e velocidade, ou cria condições mentais para sair de enrascadas, e ela vai, então, assimilando e gostando tanto, que tal movimento a faz buscar viver diferentes atividades fundamentais, não só no processo de desenvolvimento de sua personalidade e de seu caráter, como também ao longo da construção de seu organismo cognitivo. (RONCA, 1989, p. 27) 16 Outro ponto muito atual é a discussão sobre a tecnologia e o uso de aparelhos como tablets e smartphones durante a aula e o recreio. Embora haja pontos absolutamente positivos a respeito, inclusive com relação a brincadeiras e jogos excelentes para o desenvolvimento cognitivo e motor, há também grande preocupação por parte de pais, educadores, médicos, psicólogos e de todos que têm contato com crianças, tendo em vista que muitas ficam cativas de suas inúmeras possibilidades. Se não houver essa preocupação, sem orientação e supervisão, as crianças ficarão muito à mercê do que é publicado na internet, principalmente nas redes sociais, podendo apreender noções totalmente errôneas da vida e do mundo, além de poderem tornar-se vítimas do bullying cibernético ou reféns de pessoas mal intencionadas. Durante o recreio, porém, surge um precioso tempo para o lúdico, a imaginação, a brincadeira, a criatividade, a fantasia, o papo jogado fora, as combinações de encontro para outros jogos e atividades, tudo pura socialização frente a frente, cara a cara, de verdade e não virtual como é quase tudo modernamente. É uma dimensão tão rica que abarca o mundo e toda a humanidade, como descreve Batista, citada por Ostetto (2008) [...] experiências, descobertas, exploração dos sentidos, dos significados, das cores, da água, do ar, da terra, do fogo; dos desejos de tocar, mexer, desmanchar o que já estava feito; de fazer e refazer muitas e muitas vezes uma mesma coisa; de significar e ressignificar o mundo à sua moda; de correr, pular, contar e recontar o mesmo conto; de ler, escrever, cantar, dançar e pintar ao mesmo tempo; de chorar e rir num curto espaço de tempo; de viver diferentes papéis: de mãe, pai, filho, avô, avó, médico, de criar e recriar o mundo de fantasia e imaginação; de pintar a realidade; desenhar o mundo; desejar, brincar de faz-de-conta, transformar uma caixa de papelão num tesouro, uma árvore numa floresta, um pneu num carro, um cabo de vassoura num cavalo, uma mesa numa casinha; de conversar sozinhas sem se importar com o mundo à volta delas, de viver no faz-de-conta a vida dos adultos. (BATISTA, 1998, apud OSTETTO, 2008, p. 61), Esse período riquíssimo traz valiosa contribuição para o aluno, pois, como confirma Melo (2011, p.10), “a recreação pode ser compreendida para além do 17 divertimento, uma vez que ela se constitui num momento privilegiado para a construção coletiva de novos conhecimentos e atitudes”. A mesma Autora detalha sua afirmação: Sem deixar de lado seu objetivo básico de diversão, a recreação também é capaz de favorecer o desenvolvimento pessoal e social por meio das diferentes vivências que oportuniza, as quais podem estimular, entre outras coisas, o aguçamento da sensibilidade, as oportunidades de interação social e o desenvolvimento de sentimentos de solidariedade. (MELO, 2011, p.10) Esse horário se caracteriza, então, como excelente auxiliar no processo ensino/aprendizagem, e os momentos de recreio, embora de curtíssima duração – em média quinze a vinte minutos –, contêm atividades essenciais para o desenvolvimento de habilidades sociais e outras, assim como para o estímulo das múltiplas inteligências, que serão comentadas no decorrer deste trabalho, para o que colaboram todas as brincadeiras e jogos, bem como o olhar de professores e funcionários, propondo constantes desafios aos alunos. No entanto, nem só de paz vive o recreio. As crianças, brincando, muitas vezes acabam por brigar, e esses embates também lhes rendem aprendizado, em atitudes que, de outra forma, talvez nem fossem vividas por muitos seres humanos. Oliveira, Solé e Fortuna (2010) apontam que: A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento humano que até mesmo quando ocorrem brigas ela contribui para o crescimento e a aprendizagem. Negociar perspectivas, convencer o opositor, conquistar adesões para uma causa, descer, abrir mão, lutar por um ponto de vista, tudo isso ensina a viver. (OLIVEIRA, SOLÉ E FORTUNA, 2010, p. 119) Por todas essas razões é que a discussão sobre o recreio se impõe há algum tempo e se faz cada vez mais importante. Assim, há muito que o recreio é considerado como trabalho escolar, como fazer pedagógico: O fato do recreio ser considerado “efetivo trabalho escolar” não é um entendimento novo. Já foi adotado quando da implantação da Lei 5.692/71 e o CFE, no Parecer 792/73, de 5-6-73, concluiu: „o recreio 18 faz parte da atividade educativa e, como tal, se inclui no tempo de trabalho escolar efetivo... (BRASIL, 2003) Quando aparecem dúvidas e problemas relacionados ao recreio, sempre se reafirma sua importância, como demonstra a Relatora Sylvia Figueiredo Gouvêa, no processo número 23001000204200214 do Parecer N.º: CEB 02/2003, aprovado em 19/02/2003, ao citar documento da Escola Plural, MG, que afirma ser [...] fundamental considerar-se em todo o processo, a prática social dos sujeitos nele envolvidos, pois não é possível conceber o processo de ensino/aprendizagem apenas como uma atividade intelectual. Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomandoatitudes diante de fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada. (BRASIL, 2003) e opinar, mais adiante, que As atividades livres ou dirigidas, durante o período de recreio, possuem um enorme potencial educativo e devem ser consideradas pela escola na elaboração da sua Proposta Pedagógica. Os momentos de recreio livre são fundamentais para a expansão da criatividade, para o cultivo da intimidade dos alunos [...] (BRASIL, 2003) Tendo em mente tudo o que até aqui foi estudado, é incompreensível que alguns professores se utilizem da supressão do recreio, como penalidade para questões comportamentais ou quaisquer outros problemas que o professor tenha em sala. O recreio é um direito do aluno, e, como tal, não deve ser utilizado para outras finalidades, menos ainda como castigo, punição. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) preconiza: Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: [...] IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; [...] (BRASIL, 2002, p.37- 38) Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para 19 programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude. (BRASIL, 2002, p.50) Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. (BRASIL, 2002 p.53) É necessário que se reflita muito sobre essa questão, pois atitudes impensadas do educador podem levar, principalmente ao aluno pequeno, a ideia de injustiça, porque talvez ele não perceba completamente sua falta; a noção de crueldade, porque é disso que se trata, quando se retira da criança seu direito de brincar; o sentimento de opressão, porque não há como responder a esse ato adulto; a impotência, porque não há como negociar com quem quer lhe infligir um castigo; além da grande tristeza que fica a cada vez que se perde uma oportunidade grandiosa (pois é isso que o recreio significa para os pequeninos!) de brincar com os amigos. Pergunta-se se essa é a única forma de mostrar ao aluno seu erro, de dizer a ele o que deve ou não fazer durante a aula. O educador precisa, portanto, buscar inovações pedagógicas que o auxiliem nessas ocasiões, de forma a respeitar sempre seu aluno, como o ser único e especial que ele é. Em outra direção, Kishimoto (1994, p.15) informa que brincar é “manifestação espontânea da cultura popular” e que “o jogo tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social”. Então aqui a questão é: que direito julgam ter alguns profissionais de, ainda que por momentos, impedir que a criança possa fazer parte dessa cultura ou de conviver da melhor forma possível com seus pares? Tal atitude não forma, não ajuda, não desenvolve; tal castigo apenas mostra a fraqueza do educador perante um problema que ele não sabe como resolver, diante de uma situação que ele não tem como minimizar. O papel do profissional da educação deve ser o de conduzir os alunos ao seu melhor desenvolvimento integral, e isso passa necessariamente pelo brincar, pelo recreio. 20 É muito sério, portanto, o papel do adulto de entender com amplitude que os jogos e brincadeiras se dão em situação de convivência social, o que ajuda as crianças a estabelecerem regras, levantarem hipóteses e chegarem a conclusões, firmarem-se em seus passos iniciais para seguirem na busca do próprio sentido da vida, o que se inicia já na infância, com a observação de bons modelos e parâmetros significativos. Outra preocupação é a própria escola, que muitas vezes não dispõe de pessoal devidamente capacitado, mas, ainda assim, aceita um recreio totalmente solto, sem orientação nem planejamento, em que as crianças correm riscos físicos, além de não avançarem mais com suas brincadeiras do que o fariam em casa ou na rua. A Relatora Sylvia Figueiredo Gouvêa (BRASIL, 2003), no já mencionado Parecer N.º: CEB 02/2003, aprovado em 19/02/2003, confirma que “A Escola, ao fazer constar na Carga Horária o tempo reservado para o recreio, o fará dentro de um planejamento global e sempre coerente com sua Proposta Pedagógica”. Então é a escola e seu Projeto Político Pedagógico que devem dar condições para um recreio totalmente relacionado à proposta pedagógica, contando com a participação também do corpo docente. Se assim não for, não se pode considerar o tempo de recreio como carga horária de ensino, conforme continua o parecer: Não poderá ser considerado o tempo do recreio no cômputo da Carga Horária do Ensino Fundamental e Médio sem o controle da frequência. E, a frequência deve ser de responsabilidade do corpo docente. Portanto, sem a participação do corpo docente não haverá o cômputo do tempo reservado para o recreio na Carga Horária do ano letivo dessas etapas da Educação Básica. (BRASIL, 2003) Deve-se considerar, então, como errôneo o emprego do recreio apenas como período de descanso dos professores, pois seria de muita valia a observação dos alunos nesses momentos, para se utilizar muitos de seus aspectos e ocorrências na própria sala de aula. Essa possibilidade é também apontada no citado Parecer N.º: CEB 02/2003, na relatoria da Conselheira Sylvia Figueiredo Gouvêa, que esclarece: 21 Os momentos de recreio livre são fundamentais para a expansão da criatividade, para o cultivo da intimidade dos alunos, mas, de longe, o professor deve estar observando, anotando, pensando até em como aproveitar algo que aconteceu durante esses momentos para ser usado na contextualização de um conteúdo que vai trabalhar na próxima aula. (BRASIL, 2003) Essa observação é fundamental porque, durante o recreio, as crianças mostram como veem e constroem seu mundo, ou seja, tudo o que os rodeia, todos os partícipes de sua convivência, além de expressar como gostariam que tudo fosse, qual é seu ideal de vida, de família, de amigos. Também brincando as crianças explicitam seus problemas, o que as atormenta – e que não conseguem verbalizar –, suas preocupações, seus complexos, suas dores e emoções. A escola precisa, portanto, estruturar-se para atender tanto aos alunos, em todos os seus direitos, como aos professores, em seus deveres e necessidades. E essa estrutura passa, ainda, pela questão do espaço e da aquisição dos equipamentos necessários. Resumindo, ao fazer do recreio parte de seu Projeto Político Pedagógico, a escola necessita pensar pelo menos em espaço adequado, pessoal capacitado, equipamento diversificado planejamento pedagógico e, talvez, dois horários (para que um deles possibilite também o intervalo de descanso dos professores). Por último, mas também de grande importância, está a preocupação com aquelas crianças que não brincam por diversas razões: algumas por constrangimento frente a um grupo intimidador, outras por falta de vontade, mais algumas porque preferem atividades calmas como desenhar, pintar, talvez esculpir, se tiver material adequado, outras ainda por problemas com seu próprio corpo, com sua timidez, seus medos, enfim aquelas crianças que estão sempre se escondendo pelos cantos ou tentando passar despercebidas, aguardando ansiosamente o recomeço da aula para se saberem protegidas pelo professor. Também essas crianças precisam ser contempladas por um recreio planejado, acolhedor, que dê oportunidades a todos e que a todos contemple comdiversão, carinho, material e equipamento tão diverso que todos possam ter pelo menos alguma coisa a fazer nesse horário. 22 3. O LÚDICO NA TEORIA DE PIAGET, VYGOTSKY E GARDNER Diz-se que o trabalho das crianças é brincar, porque muita coisa acontece quando estão brincando; e elas se concentram e dão tanta atenção às brincadeiras e aos jogos, que a observação desses momentos pode mostrar aos educadores como cada uma aprende de forma absolutamente diferente, além de ser única, rica em criatividade, cheia de possibilidades e de vida. Muitos estudiosos, por isso, têm demonstrado que o lúdico pode auxiliar na educação de crianças, podendo amenizar problemas e diminuir tensões, mas também estimulando e desafiando seu desenvolvimento intelectual. Esta pesquisa busca apoio em três deles, Jean Piaget, Lev Vygotsky e Howard Gardner, diferentes em sua visão, mas de acordo quanto ao principal, ou seja, mostrar de que forma o lúdico pode contribuir para o aprendizado da criança, traduzindo-se em atividades que serão essenciais ao desenvolvimento integral do ser humano. 3.1 PIAGET E VYGOTSKY Jean Piaget e Lev Vygotsky apresentaram diferenças com relação ao brincar, mas ambos ressaltaram sua grandiosa importância no desenvolvimento das crianças. Melo (2011, p.17), em seu estudo A Criança, a Arte e o Lúdico ensina que “Jean Piaget e Lev Vygotsky apontam o lúdico como uma atividade fundamental para o desenvolvimento cognitivo das crianças e também para a constituição de sua identidade cultural e de sua personalidade” Piaget descreve três tipos de brincar, que correspondem às fases do desenvolvimento infantil: os jogos de exercício, os jogos simbólicos e os jogos de regras. 23 Os jogos de exercício ocorrem durante o estágio Sensório-Motor, do nascimento até os dois anos, quando aprender significa agir, e todo o desenvolvimento – intelectual, afetivo e social – decorre da evolução motora da criança, ou, como considera Melo (2011): Tais jogos se caracterizam pelo fato das crianças os executarem simplesmente pelo prazer que encontram na própria atividade, sem qualquer objetivo de adaptação. Não incluem a intervenção de símbolos, nem de regras. De maneira geral, eles se limitam a reproduzir uma conduta adaptada pelo prazer que se tem em repetir tal comportamento. (MELO, 2011. p.18) Os jogos de exercício, para Piaget (PIAGET, 1978, apud MELO, 2011, p.18), são jogos que “consistem em movimentos pelo movimento ou manipulações pela manipulação”. A seguir a criança passa para a fase dos jogos simbólicos, que permanecerá até os seis, sete anos. É a idade mágica, do faz-de-conta, dos super-heróis, da boneca e da casinha, do objeto que „vira‟ qualquer coisa que se deseje. Por meio dos jogos simbólicos, a criança vai entendendo o mundo, a partir de sua casa e família, passando para a escola e a rua, até chegar ao entendimento maior de seu espaço e sociedade. Além disso, goza de uma liberdade imensa, pois nesses momentos a realidade inexiste, nada prende seu pensamento, nada apresenta obstáculos à sua imaginação, ou, no dizer de Piaget (PIAGET, 1978, apud MELO, 2011, p.19), “assimila livremente todas as coisas a todas as coisas e todas as coisas ao eu”. À medida que a criança vai expandindo seu mundo, se socializando, fazendo amigos, ela vai percebendo e criando regras. Qualquer brincadeira, ainda que seja de faz-de-conta, começa a ter combinações, acertos, entendimentos, ajustes, mesmo à última hora. Daí para a compreensão e adoção de regras é apenas um próximo passo. Esse aprendizado parece pequeno, mas mostra o entendimento que a criança vai adquirindo quanto à sociedade, ao mundo. As regras de jogos seculares são 24 adotadas e dão parâmetro para criação de novas e para a extensão delas para o cotidiano de cada um. Assim, pode-se concordar que cada estágio vai acrescentando saberes à criança, que, como se entende em Brasil (1998), vai explorando: [...] o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. (BRASIL, 1998, p. 28). É a construção do conhecimento como informada pela teoria construtivista de Piaget, em que o educador, não importa se em família, escola ou qualquer outro ambiente, é apenas um mediador, um facilitador que desafia e estimula o educando, dando-lhe meios para chegar a seu próximo estágio, sempre respeitando seu conhecimento prévio e seu nível de maturidade. Finalmente, há de se lembrar que Piaget subverteu grandemente a questão da aprendizagem, quando disseminou a ideia de que o erro não é um mal, mas um indício de que se está no caminho do acerto, do conhecimento. E como exercitar da melhor forma o erro do que em uma brincadeira, em um jogo, em qualquer situação lúdica, quando não há reprovação, repreensão, julgamento? Outra grande fonte de estudo sobre a íntima relação entre o lúdico e a aprendizagem é Lev Vygotsky. Melo (2011), citando Vygotsky, esclarece que essa íntima relação se deve à necessidade que as crianças têm de verem satisfeitos seus desejos e necessidades: Para Vygotsky (1998), o brinquedo surge dessas necessidades e desejos não realizados de imediato. A partir do momento em que a criança começa a experimentar tendências não realizáveis, ela cria os brinquedos como forma de resolver a tensão gerada pela não realização de seu desejo. Brincando, ela se envolve em um mundo ilusório e imaginário onde seus anseios podem ser realizados no momento em que quiser. Esse mundo é que Vygotsky chama de brincadeira, em que entra em cena a imaginação. Mas o brinquedo 25 que comporta uma situação imaginária, também comporta regras e normas de comportamento. (VYGOTSKY, 1998, apud MELO, 2011, p.20) Ainda à luz de Vygotsky (1998, apud MELO, 2011 p.20), Melo ensina que “é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos”. Brincando, portanto, a criança vai resolvendo suas necessidades, atendendo seus desejos e realizando o que Vygotsky definiu como Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que diz respeito ao caminho que leva do estágio de desenvolvimento atual – o que a criança já sabe, já consegue fazer sem ajuda – às possibilidades potenciais, ao próximo ou próximos níveis que a criança vai alcançar com a ajuda ou assistência de alguém, seja de um colega de qualquer idade ou de um adulto. Daí a razão de jogos, brinquedos e brincadeiras serem tão importantes, pois ajudam a criança a percorrer esse caminho, auxiliando, assim, no seu desenvolvimento, bem como no processo ensino/aprendizagem. Ou, como confirma Melo (2011), ainda citando Vygotsky: Durante a brincadeira, a criança se solta e se permite ir além do seu comportamento habitual. Ela ensaia comportamentos e papéis, projeta-se nas atividades dos adultos, toma atitudes, valores, hábitos e situações para os quais ainda não está preparada. (VYGOTSKY, 1998, apud MELO, 2011 p.20) Fica, assim, bem enfatizado o caráter sócio-interacionista preconizado por Vygotsky, pois a criança se desenvolve com o auxíliode estímulos que lhe são propiciados por colegas, familiares, educadores, escola, bairro, enfim, o meio e a sociedade de sua convivência. Esclarecendo ainda mais a Zona de Desenvolvimento Proximal, Vygotsky (1998) aponta a brincadeira como sua grande estimuladora: No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual da sua idade, além de seu comportamento 26 diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que na realidade. Como foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ela mesma, grande fonte de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 1998, p. 134-135). Além disso, Vygotsky (1989, p.84) observa que as crianças “formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade”, o que demonstra que a brincadeira é fundamental tanto como ensino/aprendizagem, quanto como elemento liberador de tensões, fazendo, então, do recreio um momento mais do que importante, essencial mesmo para a formação integral da criança. Vygotsky, diferentemente de Piaget, marca o início do lúdico perto dos três anos de idade da criança e considera o imaginário e as regras como eixos importantes para o brincar. Melo (2011) explica isso, dizendo: Para Vygotsky, o ato lúdico começa por volta dos dois a três anos de idade, quando a criança, através dos jogos de papéis, cria uma situação imaginária incorporando elementos do contexto cultural, adquiridos por meio da interação e da comunicação. Ele identifica dois elementos importantes na brincadeira infantil: a situação imaginária e a de regras onde a criança, por meio da atividade livre, satisfaz seus desejos imediatos e internaliza as regras sociais. (MELO, 2011, p.27) Diante apenas de tão poucas observações, já se pode perceber a contribuição dos estudos desses autores, e certamente de muitos outros, no sentido de entender as fases pelas quais passam as crianças em idade escolar, de verificar como as atividades lúdicas auxiliam o professor em sua prática diária, deixando-a, inclusive, mais alegre, relaxante e desafiadora, e de como todo o processo ensino/aprendizagem pode ser muito bem sucedido, quando os educadores atentam para esses estudos, aplicam-nos e refletem continuamente sobre sua prática pedagógica. 27 3.2 AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS A experiência tem mostrado que, diferentemente de tempos passados, hoje se tem bem nítida a noção de que o estímulo é o que garante que todos aprendam. Verificou-se, ao longo do tempo, que não há dificuldade, síndrome, deficiência, transtorno, necessidade especial que não possa ser estimulada, levando seus portadores a patamares cognitivos e físicos anteriormente inimagináveis. Adquirindo esse conhecimento, foi possível se progredir muito com relação à inteligência, antes tratada como atributo, „dom‟ de alguns, mas não uma possibilidade para todos. Nessa linha de pensamento, ao propor a teoria das múltiplas inteligências, o psicólogo Howard Gardner revolucionou os estudos sobre o desenvolvimento cognitivo, porque derrubou a própria noção de inteligência, antes submetida a testes padronizados e a medidas que ditavam determinados padrões. A partir dos estudos de Gardner, descortinou-se um panorama totalmente diferente, mais coerente com a individualidade de cada um, abraçando diferentes características para variadas inteligências, o que dá maiores oportunidades a cada pessoa, que passa a se sentir mais valorizada quanto a seu desenvolvimento intelectual. Inicialmente Gardner propôs a existência de sete inteligências, como se pode verificar no Quadro 01: INTELIGÊNCIA CARACTERÍSTICAS Linguística Seu portador demonstra facilidade com relação à língua falada e escrita e pode, mais facilmente, aprender línguas estrangeiras. Interessa muito, por exemplo, a quem trabalha com comunicação, a quem deseja ser escritor, um bom pensador, poeta. Lógico-matemática A facilidade para quem a possui refere-se à logica e à matemática, conseguindo, com facilidade, resolver problemas, efetuar cálculos, reconhecer padrões e categorias, utilizar raciocínio dedutivo, além de fazer as necessárias relações matemáticas. É especialmente importante para quem planeja ser cientista. 28 Espacial O espaço, imagens, o mundo visual são as ferramentas mentais de quem possui essa inteligência. Pintores, escultores precisam ter essa inteligência. Também arquitetos e publicitários, entre outros. Corporal-cinestésica Utiliza o corpo para se expressar. Seu portador se destaca em atividades motoras. Essa inteligência dá ao mundo seus esportistas, dançarinos, atletas, artistas plásticos e atores, entre outros. Musical Seu portador tem habilidade com os sons, com ritmo e melodia, expressando-se melhor musicalmente. Todos os grandes compositores tinham e têm essa inteligência, assim como os melhores intérpretes, tanto cantores como instrumentistas. Intrapessoal Refere-se à pessoa que tem ótima percepção de si mesma: conhece-se e a seus sentimentos e tem boa autoestima. Interpessoal Existe na pessoa que tem mais facilidade para entender o outro, demonstra empatia e tem bom relacionamento humano. Quadro 01 – As Múltiplas Inteligências, Fonte: Adaptado de Melo, 2011 Mais recentemente Gardner descreveu a inteligência naturalista ou biológica, que permite a seu portador atentar para as questões que envolvem os variados aspectos da natureza, tendo maior compreensão ambiental e estreito relacionamento com a paisagem natural, plantas e animais. Há, ainda, o estudo de uma inteligência existencial ou espiritual, que possibilita a ligação do humano com o sagrado em cada um de nós, além de reflexões sobre a própria condição humana, com toda a abrangência que isso requer. Esse estudo ainda não foi descrito por Gardner como uma inteligência. Por fim há, também, a sugestão de união das inteligências intra- e interpessoal apenas como „inteligência pessoal‟, incluindo as duas classificações. Melo (2011) explica que todos podem ter todos os tipos de inteligência, conforme se depreende de Gardner: [...] somos uma espécie que evoluiu para pensar linguisticamente, conceber em termos espaciais, analisar de modos musicais, calcular com instrumentos lógico-matemáticos, resolver problemas usando todo o nosso corpo ou partes dele, compreender outros indivíduos e a nós mesmos (GARDNER, 2001, apud Melo, 2011, p.24). 29 Em geral, algumas são mais desenvolvidas do que outras, como continua Melo (2011): A diferença está, entretanto, no fato de que as inteligências se apresentam em graus variados em cada um de nós. Além disso, nós ainda as combinamos e as usamos de maneira particular. Assim como somos fisicamente diferentes, nossas mentes se diferem por meio das relações que são estabelecidas entre as oito formas de inteligência, proporcionando-nos capacidades, habilidades e talentos mentais distintos, que nos singularizam. (MELO, 2011, p.24). Daí cada pessoa gostar, entender, dedicar-se mais a um tipo de estudo, conhecimento e, às vezes, ter dificuldades com outro. É clássica a informação de que o aluno que gosta de matemática, não é bom em língua portuguesa, e vice- versa. Também se sabe que nem todas as pessoas apresentam „talento‟ para música, ou para futebol, nem todos gostam de cuidar de plantas, ou entendem um quadro de arte moderna. Isso ocorre porque a evolução de cada inteligência difere por pessoa e cada um usa suas diversas inteligências de forma diferente, em diversascombinações, o que diferencia um indivíduo do outro, dando-lhe peculiaridades que, na escola, precisam ser respeitadas. Por essa razão os educadores necessitam de cada vez mais atenção e estudo, para saber como fazer cada aluno de sua sala, sendo um diferente do outro, aproveitar suas habilidades, seus talentos, suas múltiplas inteligências, como confirmam as palavras de Melo: A partir do momento em que a escola passa a levar em conta a existência das múltiplas inteligências, a educação pode ser mais efetiva, pois ao valorizar a individualidade de cada aluno em seu modo de aprender, ela torna o currículo mais acessível para uma maior quantidade deles. Além disso, a educação com base nas múltiplas inteligências também é capaz de desenvolver talentos à medida que dá oportunidades para as crianças descobrirem seus interesses e capacidades peculiares. (MELO 2011, p.25). Tendo esses conhecimentos em mente, fica fácil perceber a razão da enorme variedade de brincadeiras e jogos que ocorrem em tão somente quinze ou vinte minutos de recreio. Cada aluno, cada grupo de crianças se organiza de forma 30 diferente e „se recreia‟ com uma determinada atividade lúdica, às vezes todos os dias, às vezes por minutos. E uma única atividade pode utilizar mais do que uma inteligência, mesclando-as para uma mesma finalidade. Isso significa, ainda, que o ambiente, assim como o meio sociocultural do aluno vai moldando suas inteligências e potencializando seu desenvolvimento integral. Tendo-se em mente a quantidade de jogos e brincadeiras existentes, mais aqueles que as crianças vão inventando na hora, acrescidos das propostas dos educadores, pode-se imaginar o quanto das diversas inteligências é acessado em cada período de recreio. Acresça-se que no recreio também há a possibilidade de, livremente, mudar de atividade, vale dizer de „inteligências‟, sem que ninguém questione, sem impedimentos de qualquer ordem. Essa autonomia auxilia muito, porque as múltiplas inteligências apresentam como que uma „janela‟ para surgir e se desenvolver, como esclarece Antunes (2002): As inteligências em um ser humano são mais ou menos como janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos, sem pressa, e para cada etapa dessa abertura existem múltiplos estímulos. Não se fecham presumivelmente até os 72 anos de idade, mas próximo à puberdade perdem algum brilho. Essa perda não significa desinteresse, apenas ocorre a consolidação do que se aprendeu em período de maior abertura. (ANTUNES, 2002, p.18) Na fase do Ensino Fundamental I localiza-se o auge da „abertura‟ dessas janelas, como se pode perceber com a ajuda do Quadro 2, que mostra a idade aproximada para a „perda‟ de brilho das múltiplas inteligências: INTELIGÊNCIA Idade Aproximada para a „Perda‟ de Brilho LINGUÍSTICA 10 anos. MUSICAL 10 a 11 anos. LÓGICO-MATEMÁTICA 10 anos CINESTÉSICO-CORPORAL 12 anos. 31 NATURALISTA 14 anos. INTER/INTRA PESSOAL 17 a 18 anos ESPACIAL 10 anos Quadro 02 – Idade Aproximada para a „Perda‟ de Brilho das Múltiplas Inteligências Fonte: Adaptado de Antunes, 2002 Não há como não deduzir, assim, que a teoria de Gardner é muito importante para os educadores, para as escolas, para a Educação como um todo, como lembra Melo (2011): Em sintonia com as ideias de Howard Gardner, a educação escolar também passa a assumir a responsabilidade de mobilizar estímulos para que as crianças possam desenvolver amplamente o seu potencial de crescimento cognitivo, dando-lhes oportunidades para explorar e avançar nas oito formas de inteligência. Esses estímulos podem tanto partir de um ambiente sensorialmente enriquecedor que permite o contato das crianças com cores diversas, músicas, objetos e sensações; como também podem ser traduzidos em atividades, jogos e brincadeiras orientados ao contato e à exploração das variadas habilidades que as múltiplas inteligências abrangem. (MELO 2011, p.25) As múltiplas inteligências são mais uma teoria que faz avançar o processo ensino/aprendizagem. Às vezes pode-se pensar que esse ou aquele autor está em moda e, por isso, há a obrigação de estudá-lo, o que implica em mudar toda a rotina de sala de aula, da escola, em alterar o já complexo fazer pedagógico. No entanto, cada um desses teóricos vai ajudando e facilitando a prática diária do professor e do educador em geral em todos os ambientes da escola. A Educação no Brasil, principalmente a pública, costuma ser conservadora e demora mais para utilizar, de fato, as novas teorias. Há escolas (ou professores), por exemplo, que sequer chegaram ao escolanovismo ou ao construtivismo. Daí a importância de cada estudo, de cada trabalho como este, que, aos poucos, irá modificando o cenário da Educação, ao mesmo tempo em que melhorará o ainda árduo processo de ensino/aprendizagem no Brasil. 32 4. CLASSIFICAÇÃO DE BRINCADEIRAS E JOGOS POR IDADE E INTELIGÊNCIAS A única maneira de se verificar a real validade de uma teoria é aplicando-a a um objeto de estudo. As teorias utilizadas neste estudo vêm sendo testadas há muito tempo e pode-se afirmar que todas foram absolutamente convalidadas, abandonando o plano teórico, do estudo, para firmar-se como verdade. Tanto é assim, que seus resultados são aplicados por todos e em todos os lugares, mesmo sem o conhecimento da teoria. No campo mesmo da educação, do ensino fundamental mais especificamente – objeto deste estudo – utilizam-se as brincadeiras e os jogos, sem nem mesmo se saber que seus procedimentos e benéficos efeitos foram exaustivamente estudados por diversos teóricos, em diversas épocas. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS POR IDADE Os estudiosos, hoje, têm uma visão parecida com relação aos benefícios dos jogos e brincadeiras, diferenciando, algumas vezes, na questão da idade apropriada para cada atividade. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, essa diferença de idade se amplia, tendo em vista que as crianças brincam com um celular, por exemplo, desde bebês. Há sempre de se considerar, ainda, as diferenças individuais, que fazem que cada criança cresça e se desenvolva dentro de seu ritmo, o que está sendo cada vez mais respeitado, mediante todos os estudos modernos relativos à educação. Nos quadros abaixo, serão apresentados jogos e brincadeiras pertinentes à idade do Ensino Fundamental I (Quadros 3 e 4) e às múltiplas inteligências (Quadro 5), com preferência para o que pode ser utilizado durante o período de recreio escolar. Note-se que nesses quadros, além da descrição da atividade/habilidade principal, apresentam-se, também, algumas brincadeiras que pais, educadores ou 33 outros colegas podem ir introduzindo, caracterizando o estímulo a ser dado para que a criança avance daquilo que já sabe fazer sozinha para a próxima etapa. Idade Atividade principal Brinquedos apropriados Brincadeiras que podem ser introduzidas 6 a 9 anos Aprender estratégias de jogo Jogos de tabuleiro Bolinhas de gude, pipas Futebol de botão e pebolim Jogos de alfabetização Jogos corporais ao ar livre Fazer brincadeiras de faz-de-conta Construir brinquedos Fazer jogos competitivos (o adulto pode, mesmo, ganhar alguns deles) Improvisar personagens e situações imaginárias Representar obras teatrais e de fantoches Fazer atividades esportivas ao ar livre Contar piadas e adivinhações Encenar situações profissionais Bonecas/bonecos para brincar de profissões Telefones e celulares de brinquedo Tablets e computadores de brinquedo Jogos de construçãoMovimentar-se com confiança nos espaços Patins, skates, tênis de rodinhas Imaginar mundos fantásticos Livros Fantasias Brinquedos de armar Brincar de super-herói Casas de boneca Cidades em miniatura com personagens e veículos Recorte e cole Argila ou massinha para modelar Pequenas encenações Quadro 3 – Jogos de regras para crianças de 6 a 9 anos Fonte: Adaptado de Guia dos brinquedos e do brincar Idade Atividade principal Brinquedos apropriados Brincadeiras que podem ser introduzidas 9 a 12 anos Desenvolver habilidades específicas Brinquedos de armar Artesanato Brinquedos imitando asseio corporal e da casa Jogos de construção Quebra-cabeças Fazer jogos e atividades de habilidade Ser árbitro de partidas Fazer jogos de adivinhações e de inteligência Fazer brincadeiras cooperativas Desenvolver atividades sociais (cooperação, competição, estratégia) Jogos de tabuleiro e de cartas Jogos de dama e xadrez Pingue-pongue Bolinhas de gude Pebolim e futebol de botão 34 Brincadeiras e jogos esportivos Jogos cooperativos Propor brincadeiras fantásticas Fazer atividades de exploração Fazer jogos corporais ou esportivos Criar mundos imaginários Fantoches e marionetes Equipamentos para desenho Fantasias Explorar objetos e lugares Lupas e ímãs Testar habilidades físicas Pernas de pau Balanços Tênis de rodinhas e skate Jogos corporais ao ar livre Quadro 4 – Jogos de regras para crianças de 9 a 12 anos Fonte: Adaptado de Guia dos brinquedos e do brincar 4.2 CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS POR TIPO DE INTELIGÊNCIA São tantas as brincadeiras e jogos à disposição em livros, apostilas, folhetos, guias e na internet, que é difícil elaborar uma relação mínima, que contemple os vários aspectos do lúdico como ferramenta auxiliar do processo ensino/aprendizagem. No Quadro 5, a seguir, procura-se elencar aquelas atividades que são mais conhecidas, que os educadores utilizam normalmente no recreio, relacionando-as com as múltiplas inteligências. Inteligência Jogos e brincadeiras Linguística Contação de histórias Leitura de gibis e livros de contos Teatrinho Telefone sem fio Jogos de tabuleiro (alfabetização) Lógico-matemática Jogos de tabuleiro Quebra-cabeças Dominó Blocos lógicos Espacial Desenho (várias brincadeiras) Pintura Escultura com massinha e outros materiais Jogo da memória Damas Brincadeira de corda (passar por cima ou por baixo; distância) Rabo no burro Caça ao tesouro 35 Pescaria Boliches diversos Corporal-cinestésica Futebol Queimada Pular corda/elástico Amarelinha Peteca Pipa Trilhas e circuitos Chutes a gol Arremesso de bolas (Boca do Palhaço e outras) Modelando com massa ou argila Confecção de colar/pulseira com pedaços de canudinhos Pega-varetas Mímica Musical Utilizar instrumentos musicais simples Cantar e dançar Show de talentos Brincadeiras de roda Intrapessoal Leitura Desenho e pintura Interpessoal Casinha Lenço atrás e outras brincadeiras de roda Passa anel Atividades em gincana (corrida de sacos; corrida de equilíbrio da bola na colher, mão ou boca; briga de galo com os alunos de cócoras) Naturalista Confecção de flores de papel Mímica: quem sou eu? (animais) Caça ao tesouro com pistas indicando pontos da paisagem O que o mestre mandar (tarefas como aventuras imaginárias: remar em rios e corredeiras, subir montanhas, salvar animais, entre outras) Coleções naturais Maquetes de paisagens naturais, incluindo tocas Modelagem de plantas, animais e pegadas Brincadeira de estátua (só valem plantas e animais) Teatrinho dos bichos e plantas Quadro 5 – jogos e brincadeiras e as múltiplas inteligências Fonte: Adaptado de Antunes, 2002 36 5. UM RECREIO MAIS DIVERSIFICADO E ESTIMULANTE: SUGESTÕES O recreio, sendo o descanso, a pausa, é também uma possibilidade de preparar o aluno para a segunda etapa de seu dia escolar, revigorando suas forças, acalmando suas preocupações com o estudo, limpando sua mente para novas aquisições, para a aprendizagem que se segue até o final do período escolar. Se o educador brinca com as crianças, mesmo na sala de aula, elas também aprendem que são amadas, cuidadas e protegidas, enquanto que o adulto percebe que é muito bom estar com elas. Esses momentos ajudam a promover a confiança e autoestima de que elas precisam para construir relacionamentos positivos e afetuosos ao longo de toda a vida. Percebe-se, no entanto, que a criança compreende perfeitamente a diferença do papel que assume ao brincar em casa, com amigos na rua ou na escola, com seus educadores. Para cada ocasião há um comportamento, uma atitude diferente, e a criança, na maioria das vezes, começa a perceber isso rapidamente, logo que vai para a escola ou a uma igreja, por exemplo. Assim sendo, é desejável que a escola utilize essa informação para organizar seu recreio e possa, realmente, torná-lo um horário de atividade diferenciada, que leve o aluno a perceber que precisa agir de maneira diversa da que usa em casa e na rua. Nesse sentido, este estudo e a real prática no trabalho se reúnem para sugerir jogos e brincadeiras que auxiliem na montagem de um recreio que sirva como subsídio aos educadores que se preocupam com o desenvolvimento integral de seus educandos para que, aos poucos, o ideal seja alcançado com o trabalho consciente dos envolvidos. 5.1 ORGANIZAÇÃO DO RECREIO HOJE Em quase todas as escolas, com algumas variações, é claro, o recreio tem se limitado a brincadeiras e esportes de quadra, além do parquinho e uma ou outra 37 atividade mais calma. No Quadro 6, exemplifica-se o que se passa a nomear como “recreio clássico”, como hoje normalmente se projeta: Proposta Número máximo de participantes Materiais necessários e organização do espaço físico Pintura 16 4 mesas com 4 cadeiras Jogos de tabuleiro 20 5 mesas com 4 cadeiras cada Casinha 15 02 jogos com geladeira, fogão, armário, pia, mesa e 4 cadeiras Pebolim 20 2 mesas de pebolim (4 por vez: ao fazer 3 gols, há troca de parceiro) Futebol 22 Campo, 1 bolas Futebol de salão 14 Quadras, 1 bola Queimada 12 Quadra pequena, 1 bola Elástico 12 2 elásticos (3 crianças por vez com cada elástico) Corda 12 1 corda pequena e 1 grande Taco 8 4 (revezamento) Balanços 10 6 balanços Escorregador 8 1 escorregador Gangorra 8 2 Amarelinha Variável Qualquer espaço, giz Pega-pega Variável nenhum Total de crianças: cerca de 180 Quadro 6 – Recreio clássico (Dados das Autoras) 5.2 ORGANIZAÇÃO E ATIVIDADES RECOMENDADAS Propõem-se, a seguir, atividades e modos de organização para que o recreio traga maior contribuição ao processo ensino/aprendizagem, diminuição da agressividade, melhora de comportamento e atitude, e estímulo à autonomia e à solidariedade, por meio da ludicidade, companheirismo, criatividade, fantasia, tranquilidade, prazer e alegria. É verdade que algumas atividades, embora lúdicas, não são destinadas, em principio, para o horário do recreio, como as de aquisição de linguagem – cartas enigmáticas, cruzadinhas e caça-palavras –, mas basta propor uma competição com elas e se poderá ter toda uma turma interessada em treinar e participar desse campeonato. Então a proposta para um recreio mais diversificado e estimulante baseia-se em uma organização diferente e introdução de novas atividades, sempre de acordo 38 com as possibilidades e características própriasde cada escola, de cada grupo de alunos. Acredita-se, ainda, que o recreio possa ser realizado em dois momentos, um mais livre e outro mais dirigido, ou que tenha sua duração estendida, a fim de poder dar mais tranquilidade e autonomia aos alunos. A princípio poderá ser necessário aumentar o número de pessoas para organizar o recreio, que poderão ser professores e até alunos que já conheçam as atividades. Espera-se que, com o tempo, os próprios alunos consigam se organizar mediante cartazes explicativos. Uma grande possibilidade é que os alunos possam ir organizando seus recreios, ajudando monitores e professores e deixando esse horário com sua „própria cara‟. Quanto à organização em si, a proposta inicial é de criar-se um calendário diferenciado, com novas atividades em dias alternados, mantendo-se, no começo, o recreio “clássico” como a possibilidade nos outros dias. Mantém-se esse recreio, por exemplo, em dois dias da semana, talvez sendo um na sexta-feira, para que todos brinquem com total liberdade e baixa supervisão. Com o tempo, será mais uma questão de se alternarem as atividades, mantendo-se a organização em cartazes como mostram os Quadros 7 e 8. O planejamento será feito semanalmente: as brincadeiras diferenciadas ocorrerão, por exemplo, nas segundas, terças, e quartas-feiras, para que nas quintas-feiras fiquem os campeonatos e a confecção de brinquedos para os que deles não quiserem participar; as sextas-feiras poderão ser dedicadas ao show de talentos, com parquinho para os que dele não quiserem participar. Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Jogos de perseguir procurar e pegar: Corre cutia Jogos de perseguir procurar e pegar: Caça ao tesouro Jogos de perseguir procurar e pegar: Polícia e ladrão Campeonatos (Duração: 2 recreios) *1ª sem.: pebolim *2ª sem.: futebol *3ª sem.: minitorneio de damas Show de talentos: Apresentações de dança teatro, música poesia 39 Jogos de correr: Corrida Jogos de correr: Corrida com obstáculos Jogos de correr: Menino pega menina Parque Brincadeiras de pular: Corda Brincadeiras de pular: Elástico Brincadeiras de pular: Amarelinha Jogos de brinquedos construídos: Pipa; perna de pau; garrafa pet; confecção de colar de canudinhos Jogos de agilidade e destreza: Dança das cadeiras Jogos de agilidade e destreza: Estátua Jogos de agilidade e destreza: Morto- vivo Força: Cabo de guerra Força: Boliche Força: Boca do palhaço Salão de pescaria Jogos de adivinhar: Forca Jogos de adivinhar: Passar o anel Jogos de adivinhar: Lencinho na mão Jogos de representação: Mímica Faz de conta: Casinha Brincadeiras de roda: Ciranda Quadro 7 – Planejamento Semanal – Período da Manhã (3°, 4° e 5° anos) Criação das Autoras Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Faz de conta: casinha Montagem do mural de origami Jogos de brinquedos construídos: Confecção de brinquedos Campeonatos de pebolim (duração de 2 recreios) Show de talentos: Teatro, dança, música, poesia. Pé de livros Peteca Salão de pescaria Brincadeira de roda: Ciranda Quebra -cabeça Jogo de boliche Parque: balanços, gangorras, escorregadores. Parque: balanços, gangorras, escorregadores. Boca do palhaço Caça ao tesouro Elástico Desenhar e colorir; Fazer mural com os desenhos Jogos de agilidade e destreza: Dança das cadeiras Jogos de agilidade e destreza: Estatua 40 Jogos de adivinhar: Forca Jogos de adivinhar: Forca; Passar o anel Campeonato de futebol (duração de dois recreios) Quadro 8 – Planejamento Semanal – Período da Tarde (1° e 2° anos) Criação das Autoras Uma descrição mais detalhada dessas atividades pode ser encontrada no APÊNDICE A Mais algumas sugestões podem ainda ser registradas, no que tange a um „novo‟ recreio, como descritas abaixo: Deve-se organizar o recreio de forma a favorecer sempre o desenvolvimento físico-motor, cognitivo, afetivo, do senso moral, social e linguagem e apresentar sempre a maior variedade possível de jogos e brincadeiras, para não se tornarem rotina. As brincadeiras devem ser escolhidas pelos alunos, com a maior autonomia possível, e os monitores estarão sempre supervisionando, mediando conflitos e fazendo as necessárias recomendações. No caso da escola optar por um recreio dirigido, o professor de Educação Física poderia ser convidado a se responsabilizar por ele, e esse horário poderia fazer parte de sua carga horária. O horário de recreio poderia, também, ter dirigentes em revezamento, e os próprios professores poderiam assumir essa organização, também incluindo esse tempo em sua carga horária, ou descontando-o de algumas outras atividades. A Secretaria de Educação e as escolas deveriam estudar juntas as possibilidades de harmonizar esse horário da melhor forma possível, fornecendo material adequado e treinando professores, monitores, inspetores, agentes educacionais, com o mesmo empenho que utilizam para a capacitação didático- pedagógica dos professores em sala de aula. Se todos entendessem a real dimensão desse horário, com certeza colaborariam no sentido de se mobilizar melhor para oferecer esse ganho aos alunos. Dependendo do projeto escolar, podem ser instituídos „grupos de responsabilidade‟ entre os alunos, para ajuda no recreio, como monitores em 41 algumas atividades, como observadores para mediação em discussões e brigas ou como oficineiros na construção de brinquedos de sucata, por exemplo. Os pais poderiam também participar de ou promover oficinas para confecção de brinquedos/equipamentos para enriquecimento do horário de recreio. 42 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa apontou que na escola há muita interação entre todos os seus participantes, alunos, famílias, funcionários, professores e gestores, o que significa que o processo ensino/aprendizagem não vive apenas de atividade intelectual, mas de uma verdadeira prática social em que todos se envolvem, inclusive a comunidade do entorno e, ao final, toda a sociedade, já que a escola não cabe apenas em seus prédios, mas espalha seus reflexos e contribuições pela cidade toda, em diferentes graus. Mostrou também que o recreio poderia até ter sua duração estendida, porque, além de excelente ferramenta pedagógica no processo ensino/aprendizagem, pode ser um auxiliar imprescindível para a melhoria da rotina escolar e do comportamento social dos alunos, para ajudar educadores a compreender melhor o aluno, até para fazer uma abordagem e mediar algum conflito, diminuindo sensivelmente sua agressividade e suavizando a questão do bullying, pois aprofunda o trabalho com o companheirismo, a solidariedade e o respeito, essenciais para uma boa convivência. Ressaltou, no entanto, que várias preocupações precisam ser levadas em consideração, como a supressão do recreio como penalidade, a falta de planejamento, material e pessoal adequados, assim como a falta de atenção para com crianças que não participam ativamente das brincadeiras. Por tudo isso, ressaltou-se que o recreio deve ser parte integrante do Projeto Político Pedagógico da escola, mas de um projeto que tem de „sair da gaveta‟, deixar de ser só mais um documento que se elabora com a única finalidade de se preencher uma obrigatoriedade burocrática, sem resultar deuma real discussão com todos os seus protagonistas, sem levar a medidas, providências e atitudes que realmente melhorem o processo ensino/aprendizagem e, com ele, o desenvolvimento integral do aluno. Além disso, este trabalho trouxe sugestões para um recreio mais diversificado e estimulante, propondo uma série de brincadeiras, jogos, campeonatos e concursos que podem fazer a diferença nesse horário, tornando-o mais atraente e mais 43 condizente com os estudos teóricos que são anualmente feitos pelos educadores, mas, às vezes, mal aproveitados. Considera-se, com isso, que os objetivos propostos foram atingidos e que muitos educadores podem se beneficiar deste estudo para refletir sobre seu trabalho durante o recreio, enquanto que as escolas podem tomá-lo como um alerta para a melhoria desse horário. O mais importante, porém, é que esta pesquisa mostrou que um bom recreio é uma oportunidade sem igual para auxiliar no desenvolvimento do aluno e melhorar o ambiente escolar, contribuindo significativamente para a tranquilidade e harmonia da escola. 44 REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002 BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer N.º: CEB 02/2003, sobre o recreio como atividade escolar. Aprovado em: 19.02.2003. ______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Edição do CONDECA – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente. São Paulo, 2002. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. FERREIRA, A. B. de Holanda. Miniaurélio, 7ª Ed., Curitiba: Positivo; 2008. FERREIRA, A. B. de Holanda. Novo Dicionário Aurélio, 1ª Ed., 15ª Impressão, Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1975. FRIEDMAN, A. Brincar: crescer e aprender - O resgate do jogo infantil. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 1996. Guia dos brinquedos e do brincar – Centro de Apoio Operacional da ABRINQ (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos). Brochura, em parte disponível em www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/abrinq/guia_do_brincar. pdf KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994. MACHADO, M. M. O brinquedo-sucata e a criança. São Paulo: Loyola, 2003. MELO, S. F. de. A Criança, a Arte e o Lúdico. Taubaté, SP: UNITAU, 2011. NEUENFELDT, D. J. (org.) Recreio Escolar: espaço para “recrear” ou necessidade de “recriar” este espaço? Lajeado: UNIVATES, 2005. OLIVEIRA, V. B. et al. O Brincar e a criança do nascimento aos seis anos 5ª ed., Petrópolis, RJ: Vozes. 2004. OLIVEIRA, V.B.; BORJA SOLÉ, M.; FORTUNA, T.R. Brincar com o outro. Caminho de saúde e bem-estar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 45 OSTETTO, L.E. (org.) Educação Infantil: Saberes e fazeres da formação de professores. Campinas, SP: Papirus, Coleção Ágere, 2008. PRATES, VERA T. S. Recreio, que espaço é esse? Trabalho de conclusão de Graduação. Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em http://hdl.handle.net/10183/39533, acesso em 28/08/2017. RONCA, P.A.C. A aula operatória e a construção do conhecimento. São Paulo: Edisplan, 1989. VYGOTSKY, L.S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 46 APÊNDICES APÊNDICE A – O que as brincadeiras desenvolvem quando as crianças brincam Tipo Brincadeiras Jogos de perseguir procurar e pegar Corre cutia, caça ao tesouro, polícia e ladrão Jogos de correr Corrida Corrida com obstáculos Jogos de pular Pular Corda Jogos de agilidade e destreza Dança das cadeiras Estátua Força Cabo de guerra Jogos de adivinhar Passar o anel Forca Jogos de representação Mímica Faz de conta Casinha Jogos de brinquedos construídos Pipa Confecções de colar de canudinho Brinquedos de sucatas Perna de pau Brincadeiras de roda Roda Ciranda Dança Circular Atividades competitivas Pebolim Futebol Dama Atividades de gincana Show de talentos (Organização de inscrições durante a semana, vagas limitadas ao tempo disponível) Teatro Dança Música Poesia Quadro 9 - O que as brincadeiras desenvolvem quando as crianças brincam Fonte: Adaptado de Friedman, 1996 47 APÊNDICE B – Algumas regras e orientações conforme Friedman Jogos de perseguir, procurar e pegar (p.87): Exigem desempenho físico. Devem ser jogados em lugares amplos e podem ser realizados em equipe. Mostram a existência da oposição, do ganhar e perder. Na maioria das vezes não exigem material. Lenço-Atrás (Pag. 90, 91) Também conhecido como: corre-cutia, lencinho branco, lenço na mão. Números de participantes: Três ou mais. Regra tradicional: Jogadores em círculo. Uma criança fica fora do círculo, com um lenço, bola de papel, pedra ou outro objeto. Essa criança corre ao redor do círculo e solta o objeto atrás de uma das outras crianças. Quem está sentado fica de olhos fechados, cantando. Assim que percebe que o objeto está atrás de si, a criança deve pegá-lo e tentar capturar quem o lançou anteriormente. Essa criança senta-se no lugar da outra, que passa a correr ao redor do círculo. Todos cantam novamente: Corre cutia, na casa da tia. Corre cipó, na casa da vó. Lencinho branco caiu no chão, Moça bonita do meu coração Posso jogar? – Pode! (Fonte: Nicanor Miranda e Magalhães Navarro) ÁREAS DESENVOLVIDAS Afetiva: Paciência e tensão de esperar a vez. Físico-motora: Coordenação: andar ou correr em volta do círculo, sempre para o mesmo lado. Linguagem: Enriquecimento, ritmo, atenção. Compreensão de regras: muito bom para dar noções de regras a crianças pequenas. 48 Social: Promover o entrosamento. Cognitiva: Estímulo à descontração; olhar a situação do ponto de vista do outro para fazer o que o oponente não espera. Jogos de correr ou pular (p. 91): Pedem o movimento de sair do lugar, percorrer uma determinada distância ou sair do chão. Na maioria das vezes não exigem material. Corrida com um só pé (p. 92): Movimentos de ida e volta, com desafios diversos durante o percurso. Número de participantes: Três ou mais. Regra tradicional: Todos os participantes correm, saltando em um só pé. (Fonte: Magalhães Navarro) ÁREAS DESENVOLVIDAS Físico-motora: Corrida, equilíbrio, força. Social: Competição. Cognitiva: Noção espacial – melhor percurso para correr em um só pé; percurso mais curto (na diagonal, reto etc.). Jogos de pular (p.93): Para subir, descer, tirar os pés do chão. Corda (p. 94, 95) Número de participantes: Um (que segura e pula ao mesmo tempo), ou três ou mais (dois para segurar e bater a corda, e um ou mais pulando). Formas tradicionais de se pular corda: Comum - A corda gira e a criança pula. Foguinho – Giro bem rápido da corda. 49 Corda dupla – Duas cordas giradas ao mesmo tempo. Pula-se cada corda rapidamente. Crianças vão entrando e cantando a parlenda do „batalhão-lhão-lhão, ou outra. Corda de cerca de cinco metros – Podem brincar muitas crianças, que podem cantarolar parlendas, como „suco gelado‟ e outras, que pedem contagem ou recitação do alfabeto. Quando se erra, dá-se a vez ao próximo da fila. (Fonte: Dorvalino Koch). ÁREAS DESENVOLVIDAS Físico-motora: Aptidões de pular, resistência, coordenação, controle visomotor. Social: Competição e desafio. Linguagem: Enriquecimento, ritmo, atenção. Cognitiva:
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