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7-AUTOIMUNIDADE

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Beck, ST Imunologia Clínica 
 63
AAUUTTOOIIMMUUNNIIDDAADDEE 
 
 
 
Auto-imunidade é a resposta imune formada contra antígenos próprios. Estas respostas 
podem ocorrer sem presença de doença. Doença auto-imune é a presença de dano 
tecidual, ou alteração de uma função fisiológica devido à resposta auto-imune. 
 As respostas auto-imunes são muito semelhantes às respostas imunes aos 
antígenos não-próprios. O desenvolvimento das células T no timo desempenha o papel 
principal na eliminação de células capazes de reconhecer os peptídeos provenientes de 
autoproteínas. Este processo de educação tímica é apenas parcialmente bem-sucedido, 
porque, até em pessoas sadias, podem ser detectadas células T auto-reativas. Existe um 
segundo nível de controle sobre essas células potencialmente auto-reativas: este nível é 
conhecido como tolerância periférica. 
 Esta tolerância periférica pode ocorrer devido a “ignorância imunológica”. Esta ocorre 
devido ao antígeno estar seqüestrado em um órgão avascular tal como o humor vítreo do 
olho quando íntegro. 
 Mecanismos como anergia celular também evita a ativação indevida das células. A 
expressão de moléculas co-estimuladoras, necessárias para a ativação celular, é 
rigorosamente controlada. 
 A quebra da tolerância periférica por inflamação ou lesão tecidual pode então levar 
ao desenvolvimento de auto imunidade, uma vez que poderá ocorrer acesso impróprio de 
auto antígenos às células apresentadoras de antígenos, ou expressão imprópria de 
moléculas co-estimuladoras. 
 De uma outra forma, a semelhança estrutural entre autoproteínas e os 
microrganismos pode também provocar uma resposta auto-imune. Este processo é 
conhecido como mimetismo molecular. 
 A interação dos fatores genética com os ambientais é criticamente importante no 
mecanismo causal da doença imune. Muitas das mais fortes e mais bem caracterizadas 
associações entre genes de auto-imunidade envolvem diferentes variantes ou alelos do 
Complexo de Histocompatibilidade Principal (CHP). 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 64
Doenças auto-imunes comuns X associações ao HLA 
Doença Associação HLA 
Artrite reumatóide DR4+DR1 
Diabete mélito 
Insulino dependente 
DR3+DR4 
Doença auto-imune específica de 
órgão 
Tireóide 
Anemia perniciosa 
Miastenias grave 
DR3 (em associação ao haplótipo 
A1, B8, DR3) 
 
 Os fatores ambientais identificados como possíveis desencadeantes da auto-
imunidade incluem hormônios, infecção, drogas terapêuticas e outros agentes miscelâneos, 
tais como a radiação ultravioleta. 
 As drogas podem induzir uma variedade de respostas imunes patológicas, e é 
importante distinguir entre uma resposta imunológica a droga, na sua forma nativa ou em 
combinação com molécula do hospedeiro, e um verdadeiro processo auto-imune induzido 
pela droga. A hipersensibilidade a droga, é reversível pela suspensão da droga, enquanto 
que o processo auto-imune, poderá progredir independente da supressão da droga e requer 
alguma forma de tratamento supressivo. 
 
Síndromes desencadeadas por drogas terapêuticas 
Síndrome Droga 
Hepatite crônica Halotano (anestésico geral) 
Anemia hemolítica Metildopa (anti-hipertensivo) 
Miastenias grave D-penicilamina 
Lupus sistêmico Hidralazina, Procainamida, Minociclina 
Glomerulonefrite D-penicilamina 
 
Os mecanismos da auto-imunidade induzida por drogas são pouco conhecidos, porém 
deverão incluir processos comparáveis ao mimetismo molecular. 
 A radiação ultravioleta pode aumentar a expressão de antígenos no lupus, como os 
antígenos La e Ro, provocando a fotossensibilidade. Auto anticorpos se ligam a estes 
antígenos, determinando dano tecidual. 
 A lesão tecidual na doença auto-imune é mediada por anticorpos (hipersensibilidade 
tipos II e III), ou pela ativação das células T CD4+ dos macrófagos ou pelas células T 
citotóxicas (hipersensibilidade tipo IV), podendo haver superposição dos mecanismos. 
 Os auto-anticorpos podem também causar doença pela ligação aos sítios funcionais 
dos antígenos próprios, tais como os receptores de hormônios, receptores dos 
neurotransmissores, e as proteínas plasmáticas. 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 65
DOENÇAS AUTO-IMUNES: 
 
 As doenças auto-imunes cursam com um desequilíbrio da homeostase imunológica, 
com alterações das respostas mediadas por células e por anticorpos. Auto-anticorpos 
dirigidos contra os componentes celulares, especialmente contra os constituintes nucleares, 
são comuns nesta patologia. São classificadas quanto à localização das agressões como: 
 
Órgão específicas: o envolvimento clínico e imunológico tem lugar em um único órgão: 
tireoidite de Hashimoto, anemia perniciosa, doença de Graves, vitiligo (auto antígeno é o 
citoplasma de melanócitos). 
 
Intermediárias: importante acometimento de um órgão ao lado de manifestações em 
outros territórios com diversos anticorpos envolvidos: miastenias gravis (auto-antígeno é o 
receptor de acetilcolina), hepatite crônica ativa. 
 
Sistêmicas: múltiplos anticorpos conta múltiplos órgãos, anarquia do sistema imune: lúpus 
eritematoso sistêmico, dermatomiosite, esclerodermia, artrite reumatóide, doença mista do 
tecido conjuntivo. 
 
Doenças autoimune sistêmicas mais comuns: 
 
ARTRITE REUMATÓIDE 
 
 A artrite reumatóide é uma doença destrutiva, envolvendo primariamente as 
articulações das extremidades, particularmente dos dedos. Com o progresso da doença, um 
maior número das grandes articulações será afetado. A artrite reumatóide se caracteriza 
pela destruição da cartilagem articular e pela inflamação do sinóvio, com um quadro 
morfológico sugestivo de uma resposta imune local. Linfócitos T CD4+, linfócitos B ativados 
e plasmócitos são encontrados no sinóvio inflamado; e, nos casos severos, podem estar 
presentes folículos linfóides bem formados com centros germinativos. Numerosas citocinas 
como a interleucina 1, FNT, e IFNγ, foram detectados no fluido sinovial (articular). Acredita-
se que as citocinas ativem as células sinoviais residentes para a produção de enzimas 
hidrolíticas, como a colagenase, que promovem a destruição da cartilagem, ligamentos, e 
tendões das articulações. Muitas das citocinas que supostamente desempenham um papel 
na iniciação da destruição articular, são provavelmente produzidas em decorrência da 
ativação local de linfócitos T e macrófagos. Desconhece-se a especificidade dos linfócitos T 
que podem causar artrite, e a natureza do(s) antigeno(s) iniciadores. São complicações 
sistêmicas da artrite reumatóide a vasculite, presumivelmente causada por complexos 
imunes, e lesão pulmonar. 
 
Lupus Eritematoso Sistêmico 
 
 É uma doença multissistêmica que afeta tipicamente mulheres jovens. É 
caracterizada pela presença de auto-anticorpos para os antígenos nucleares. O sintoma de 
apresentação mais comum é a artrite ou a artralgia. Quase todos os pacientes finalmente 
têm problemas articulares e lesões de pele, enquanto cerca de metade ou dois terços têm, 
em alguma época, envolvimento pulmonar, renal nervoso ou sangüíneo. Dentre os 
pacientes com LES, até 60% têm episódios neuropsiquiátricos em algum momento. A 
maioria dos pacientes manifesta apenas sintomas leves e flutuantes. Não é rara a trombose 
cerebral associada a anticorpos contra fatores da coagulação e fosfolipídios. 
 A etiologia do LES é só parcialmente conhecida, tendo envolvimento tanto de causas 
genéticas e ambientais. É cerca de 10 vezes mais comum em mulheres do que em homens 
e tende a se apresentar entre a menarca e a menopausa. É uma doença em grande parte 
mediada por anticorpos com hipersensibilidade, tanto do tipo II como do tipo III. Em muitos 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 66
pacientes, o dano tecidual é devido à deposição de complexos de ds-DNA com anticorpos 
anti - DNA, embora os complexos compostos de outros antígenos nuclearese 
citoplasmáticos sejam também considerados importantes. 
 A deficiência hereditária de componentes da via clássica do complemento (C1, 
C4,C2) é associada a um risco aumentado de manifestar LES. 
Além da doença sistêmica severa, o lupus pode se apresentar como uma forma puramente 
cutânea, benigna e crônica, designada lupus eritematoso discóide (LED), onde apenas 25% 
dos pacientes apresentam anticorpos antinucleares, e estes nunca são anti-ds DNA. A 
prevalência da transformação de LED em LES é cerca de 10% ou menos. Já o Lupus 
Eritematoso Cutâneo subagudo é menos persistente, mais disseminado, com raro 
envolvimento renal ou do SNC. Caracterizam-se por apresentarem anticorpos para o 
antígeno citoplasmático Ro (SS-A). 
 Em estudo publicado em Janeiro de 2003 pesquisadores demonstraram que 
talidomida parece ser um método efetivo para tratar manifestações cutâneas de Lúpus 
Eritematoso Sistêmico (LES), por ser um agente anti-inflamatório e imunomodulador que 
inibe a produção do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a). (Arch Dermatol 2003;139:50-54) 
Diagnóstico laboratorial 
 
 A maioria, embora nem todos os pacientes com LES têm anticopos antinucleares 
(FAN), incluindo anticorpos para DNA de dupla fita (ds DNA). Um FAN negativo não exclui a 
suspeita de LES, embora a presença de anticorpos dsDNA positivo deva apóia-la 
fortemente. Os anticorpos para outros antígenos nucleares extraíveis detectados por 
métodos não fluorescentes estão também muitas vezes presentes. Deve ser pesquisado 
ainda anticorpos antifosfolipídios, níveis séricos de IgG e componentes do complemento. 
 
Lúpus eritematoso sistêmico não tratado 
Dados laboratoriais 
 
Imunologia % Hematologia % 
 
Ds DNA 70-85 Elevação do VHS 60 
FAN (títulos >1/320) 95 Leucopenia 45 
Baixos níveis de C3 C4 (soro) 60 Coombs direto 
positivo 
40 
Anticorpos Anticoagulante lupus 10-20 
Sm 30 
RNP 35 
Ro 30 
La 15 
Elevação de IgG sérica 65 
Ac anti fosfolípide 30-40 
Fator reumatóide (título baixo) 30 
Proteína C reativa normal 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 67
Doença Mista do tecido conjuntivo: 
 
 É uma síndrome que apresenta como sinais clínicos artrite, polimiosite, fibrose 
pulmonar e alterações esclerodermóides na pele. O principal achado sorológico é o de um 
elevado título de anticorpos contra o antígeno nuclear extraível, a ribonucleoproteína (RNP). 
A presença deste anticorpo sem outros auto-anticorpos do “lupus” (tais como o anti-Sm) 
correlaciona-se com o prognóstico clínico. Existe em geral positividade de FAN que mostra 
um tipo salpicado, porém estão ausentes os anticorpos para ds DNA e os níveis de C3 e C4 
são normais. 
 
ORGÃO ESPECÍFICAS: 
 
Espondilite anquilosante 
 
 É um estado inflamatório crônico da coluna e das articulações sacroilíacas. É uma 
doença progressiva, na qual a restrição dos movimentos é devida a uma ossificação 
intervertebral dos ligamentos. Esta doença afeta principalmente homens entre as idades de 
15 a 30 anos. A associação entre HLA B27 e a EA é muito forte: mais de 95% dos 
indivíduos afetados são positivos para este antígeno. Em população branca normal, a 
freqüência de HLA –B27 é de 3-10%, tornando o teste positivo menos útil em pacientes nos 
quais se suspeita da doença. 
 
Miastenias Gravis 
A miastenias gravis é uma doença pouco comum, caracterizada por debilidade e 
fadiga dos músculos voluntários. A fraqueza resulta de uma perturbação da transmissão 
dos impulsos do nervo para o músculo nas junções neuromusculares. A neurotransmissão é 
perturbada por anticorpos contra os receptores da acetilcolina na membrana pós sináptica 
do músculo. Estes anticorpos reduzem o número de receptores pela lise mediada pelo 
complemento e interiorização acelerada, e alguns podem agir bloqueando os receptores. A 
demonstração desses anticorpos é importante para o diagnóstico da miastenia; quase 90% 
dos pacientes com miastenia sistêmica têm este anticorpo. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 68
DOENÇA DA TIREÓIDE. 
 
Auto Anticorpos Anti-Tireoideanos 
 
 Sob a denominação de Disfunção Auto-Imune da Tireóide (DAIT), podemos incluir a 
doença de Graves, a tireoidite auto-imune, sob a forma da doença de Hashimoto 
(acompanhada de bócio ou sob a forma atrófica, as tireoidites transitórias pós parto, a 
doença de Graves pós parto , e a insuficiência tireoidiana, todas de caráter auto-imune, com 
a presença de linfócitos T citotóxicos e linfócitos B produtores de auto-anticorpos dirigidos 
contra as três moléculas sabidamente específicas da tireóide e envolvidas na DAIT: 
- anti-Tireoglobulina (TgAb) 
- anti-peroxidase Tireoidiana (TPOAb) 
- anti-Receptor de TSH (TSHAb ou TRAb), sendo que o TRAb podendo ser estimulador ou 
inibidor do receptor de TSH. 
 
 A DAIT pode estar associado com outras doenças autoimunes, como a Miastenia 
gravis, doença do tecido conectivo; pacientes diabéticos insulino dependentes, onde 
anticorpos antitireoideanos presentes levam a um risco aumentado de DAIT. 
 Dentre 1.000 mulheres grávidas, duas são tireotóxicas; ocasionalmente essas 
gestações resultam em doença de Graves neonatal. Isto devido a transmissão placentária 
da IgG estimulante da tireóide da mãe para o feto. Nos pacientes com doença de Graves ou 
com tireoidite de Hashimoto, os níveis de anticorpos tireoideanos tendem a cair durante a 
gravidez e depois se elevam. Muitas gestantes sem doença tireoideana declarada 
manifestam flutuações dos anticorpos tireoideanos, com distúrbios transitórios da função da 
glâncula – tireoidite pós –parto. 
 
Tireotoxicose: 
A tireotoxicose mais comum é devida à doença de Graves. Anticorpos IgG contra 
receptor do TSH á superfície das células tireoideanas humanas, estimulam as células da 
tireóide, levando a liberação excessiva de hormônios T3 e T4. A base genética da doença 
de Graves permanece obscura. O grau de tireotoxicose na doença de Graves não está 
relacionado ao tamanho do bócio, de fato, 10% dos pacientes não tem aumento da tireóide. 
A presença de imunoglobulina estimulante do crescimento da tireóide (TGI), se 
correlacionam mais com o tamanho do bócio do que com a superprodução de T3,T4, ao 
contrário das imunoglobulinas estimulantes da tireóide , que provocam hipertireoidismo. 
 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 69
Tireoidite de Hashimoto: 
 Pacientes com predisposição genética a doenças tireoideanas auto-imunes 
comumente desenvolvem auto-anticorpos anit-tireoideanos contra os antígenos da tireóide 
tais como tireoperoxidase (TPO, ou antígeno microssomal) , receptores de TSH e 
tireoglobulinas. Os anticorpos anti-receptores de TSH estão associados com o 
hipertireoidismo de Graves (tireotoxicose auto-imune), e anticorpos anti TPO (previamente 
referidos como anticorpos anti-microssomais) estão associados a doença de Hashimoto, na 
qual o processo auto-imune gradualmente destrói o tecido da tireóide eventualmente 
resultando no hipotireoidismo primário. 
 Títulos elevados de anticorpos anti - tireoglobulina são encontrados em 55% dos 
pacientes com tireoidite de Hashimoto e em 25% dos pacientes com doença de Graves. 
Eles aparecem menos freqüentemente nos pacientes com carcinomas da tiróide e noutras 
doenças auto-imunes não tireoideanas. Em pacientes que tiveram ablação da tireóide, 
espera-se que com o cessar do estímulo antigênico, o nível deste anticorpo decaia. Caso as 
concentrações de anticorpos anti-Tg permaneçam alterados ou exibam um aumento, indica 
mau prognóstico, servindo então como marcador do câncer tireoideano diferenciado. 
 Anticorpos anti-TPO são formados em resposta ao antígeno encontrado no 
citoplasma das células foliculares da tireóide, estando bastante relacionados com a 
atividade da doença auto-imune. São observados em 95% dos pacientes com tireoidite de 
Hashimoto, 90% dos pacientes com mixedema idiopáticoe em 80% dos pacientes com 
doença de Graves. Em 72% dos pacientes com positividade para anticorpos anti-TPO, há 
manifestação de algum grau de disfunção tiroideana com pelo menos um estado de 
hipotireoidismo compensado, com valores altos de TSH 
 Títulos baixos de anticorpos anti-TPO são encontrados em alguns casos de 
carcinomas papilares, tireoidite subaguda, bem como nos pacientes sem evidência clínica 
de doença tireoideana. Não se sabe se a presença destes anticorpos em títulos baixos é um 
fator de risco para o desenvolvimento de hipotireoidismo. 
 A pesquisa de anti-TPO no primeiro trimestre da gravidez, pode ser um índice de 
prognóstico obstétrico, uma vez que a estrita monitoração das grávidas com TPOAb 
positivo, ou mesmo o tratamento destas pacientes, se necessário, pode evitar ou atenuar o 
aparecimento de Disfunção Tireoideana pós parto (DTPP), aborto espontâneo, parto 
prematuro, etc. 
 Outros anticorpos usados na clínica são os anticorpos anti-receptores de TSH 
(TRAb), que podem se ligar a diferentes epitopos, apresentando atividade estimuladora ou 
inibidora das funções tireoideanas.Níveis altos de TRAb no terceiro trimestre da gravidez 
podem desencadear a doença de Graves fetal ou neonatal, por transferência passiva destes 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 70
anticorpos ao feto pela placenta. 
 
EVENTOS QUE OCORRREM NA EXPRESSÃO DA DOENÇA DE HASHIMOTO. 
 
a) Linfócitos T citotóxicos ligam-se diretamente às células tireoideanas. 
b) Anticorpos IgG-específicos para os componentes da superfície celular tireoideana estão 
eles próprios ligados por células matadora ( NK) 
c) Anticorpos anti-TPO ligam-se ás células da tireóide e fixam complemento. 
d) Conseqüência: LISE CELULAR COM DESTRUIÇÃO DO TECIDO TIEREOIDEANO. 
 
 
 
 CÉLULA KILLER 
LINFÓCITO T CITOTÓXICO 
 
 
 
 
 
TPO e outros antígenos 
 
 anticorpos anti - TPO 
 
 célula da tireoide 
 anticorpos IgG 
 Complemento 
 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 71
 
 
EFEITOS DOS ANTICORPOS ANTI-RECEPTORES DE TIROTROPINA NAS CÉLULAS 
TIREOIDEANAS 
 A TSH B 
 
 Imunoglobulina do anticorpo estimulador 
 Receptor ligante da tireóide (TS ac) 
 do TSH 
 
 
Receptor do 
 TSH 
 
 
Promove a produção 
Desregulada do hormônio 
 da Tireóide 
 
 célula da Tireóide 
 
A) As imunoglobulinas inibitórias do receptor ligante de TSH, ligam-se ao receptor de TSH 
na superfície celular da tireóide, bloqueando a ligação do TSH e, portanto, inibindo o 
crescimento das células tireoideanas e a produção dos hormônios tireoideanos resultando 
na atrofia da tireóide; 
 
B) Anticorpos estimuladores da tireóide (TS Ac) ligam-se aos receptores de TSH 
mimetizando os efeitos do TSH, mas não estão sujeitos ao mecanismo de “feedback” 
negativo que governa os níveis de TSH. Resultando numa produção descontrolada de 
hormônios tireoideanos que caracterizam a doença de Graves (hipertireoidismo) 
 
PREVALÊNCIA ESTIMADA DOS AAT: 
GRUPO TSH Ac(%) TG - Ac (%) TPO-Ac (%) 
População geral 0 5-20 8-27 
Doença de Graves 80-95 50-70 50-80 
Tireoidite autoimune 10-20 80-90 90-100 
parentes de pacientes DAIT 0 40-50 40-50 
Grávidas 0 14 14 
Hipotireoidismo 14 54-94 94-100 
 
OBS : O encontro de altos títulos de AAT indica a presença de tireoidite autoimune com 
infiltração linfocitária do tecido tireoidiano, que pode não ser a causa primária da patologia 
tireoidiana, mas podem indicar precocemente uma possível evolução para DAIT 
 A DAIT pode estar associada com outras doenças autoimunes, como a Miastenia 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 72
gravis, doença do tecido conectivo; pacientes diabéticos insulino dependentes, com AAT 
presentes, tem um risco aumentado para o desenvolvimento de DAIT 
 
Mixidema: 
 Forma severa de hipotireoidismo onde estão presentes tanto anticorpos que 
bloqueiam o crescimento quanto o metabolismo da glândula. 
 
 
 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 73
 
DIABETES AUTO-IMUNE 
 
Diabetes melito tipo 1 
 
No diabetes tipo 1 ocorre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por 
processo auto-imune (forma auto-imune; tipo 1A) ou menos comumente de causa 
desconhecida (forma idiopática; tipo 1B) Na forma auto-imune há um processo de insulite e 
estão presentes auto-anticorpos circulantes (anticorpos anti-descarboxilase do ácido 
glutâmico,.anti-ilhotas e anti-insulina). De uma forma geral, a instalação do quadro de 
diabetes tipo 1 auto-imune é relativamente abrupta e muitas vezes o indivíduo pode 
identificar a data de início dos sintomas. A partir da década de 80, foi descrita a ocorrência 
de diabetes de origem auto-imune de instalação insidiosa, denominado de LADA (Latent 
Autoimmune Diabetes in Adults). A idade média dos pacientes com LADA é em torno dos 50 
anos e por isto estes pacientes são inicialmente classificados de forma errônea como tipo 2 
. 
 O LADA compartilha com o diabetes tipo 1 a evidência de auto-imunidade e falência 
de secreção de insulina pelas células beta e com o diabetes tipo 2, a idade de instalação e a 
presença de resistência insulínica Por estas razões, existe a sugestão de que poderia ser 
considerado um tipo distinto de diabetes. Nos casos de diabetes tipo 1 de origem auto-
imune, pode haver a associação com outras doenças auto-imunes, como a tireoidite de 
Hashimoto, a doença de Addison e a miastenia gravis entre outras. 
Dados epidemiológicos demonstram que esse tipo de DM, denominado diabetes 
autoimune latente do adulto (LADA), é responsável por 10% de todos os casos de DM. 
LADA também difere na menor freqüência de autoanticorpos contra antígenos pancreáticos, 
tais como anticorpos anti-insulina (IAA), anti-ilhota de Langerhans (ICA) e anti-tirosina-
fosfatase (anti-IA2). Por outro lado o anticorpo mais prevalente no LADA é o 
antidecarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD) 
Cinqüenta por cento dos pacientes adultos anti-GAD positivos ao diagnóstico 
manifestam nítida deficiência insulínica após 10 anos, comparados a apenas 3% dos 
pacientes anti-GAD negativos . 
Até o presente não está claro se LADA é uma variante de DM1 ou outra patologia 
com identidade própria. A definição clínica de LADA é importante porque compreende 
relevante número de casos de diabetes autoimune na idade adulta que poderia ser 
beneficiado por terapias de imunomodulação ou tratamento precoce insulínico, preservando 
as células residuais funcionantes. A secreção insulínica, mesmo reduzida, contribui para 
controle glicêmico mais estável, prevenindo complicações futuras Entretanto existem 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 74
poucas referências considerando a prevalência de anticorpos em diabéticos no nosso meio . 
 
Diabetes melito tipo 2 
 
A etiologia específica deste tipo de diabetes ainda não está claramente estabelecida 
como no diabetes tipo 1. A destruição auto-imune do pâncreas não está envolvida. 
 
Os testes imunológicos não têm nenhuma função no diagnóstico, mas sim no 
PROGNÓSTICO, da diabete melitus. 
 
HEPATITE AUTO IMUNE: 
 
É uma doença inflamatória crônica do fígado de etiologia desconhecida devido a 
uma auto agressão inflamatória aos hepatócitos e ductos biliares (GISH, 2001*). A hepatite 
Auto-Imune clássica acomete geralmente mulheres, apresentando alta concentração de 
transaminases, hipergamaglobulinemia, amenorréia, artralgias e auto-anticorpos circulantes. 
Não existe um exame específico para Hepatite Auto-Imune. 
Principais auto-anticorpos presentes: 
FAN reagente; Anticorpo Anti-musculo Liso (AML) em títulos (> 1/320, geralmente 
sugerem presença de anticorpos anti-actina, que é o marcador mais específico da Hepatite 
auto-imune. Na ausência destes marcadores os anticorpos anti-microssomo de fígado e rim(anti-LKM) podem estar presentes. 
• Gish RG, Mason, A; autoimmune Liver Disease. Clinics in liver Disease, 2001; 5: 
287-314. 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 75
Diagnóstico 
 
 Critérios sugeridos pelo International Autoimmune Hepatitis Group: 
 
 -Níveis séricos normais de alfa-1-antitripsina, e ceruloplasmina. 
 -soronegatividade para IgM (hepatites virais) 
 -Soronegatividade para CMV e EBV. – sem exposição parenteral. 
 -Baixa ingestão de álcool. 
 -Ausência de uso recente de drogas hepatotóxicas. 
 -Qualquer anormalidade nos níveis de aminotransferases 
 -gamaglobulina sérica , IgG, >1.5% normal. 
 -ANA, anti-músculo liso ou LKM1 >1:80 em adultos e >1:20 em crianças. 
 -biopsia hepática para descartar outras lesões. 
 Diagnóstico precoce é mandatário para instituição de tratamento rápido. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 76
 
 
 
 
AAM= anticorpo anti mitocondria 
AML = anticorpo anti musculo liso 
P- Anca = anticorpo anti citoplasma de neutrofilo 
 
 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 77
 
PESQUISA DE AUTO-ANTICORPOS: (AULA PRÁTICA) 
 
 
IMPORTANTE: 
 
AUTOIMUNIDADE É DIFERENTE DE DOENÇA AUTO IMUNE 
Auto anticorpos são imunoglobulinas normais, que podem fazer parte do repertório do 
sistema imune de pessoas saudáveis. Tem significado patológico apenas quando existe 
doença presente, acompanhada de parâmetros não apenas laboratoriais, mas também 
clínicos ,histológicos e radiológicos. 
 
 
 Os primeiros auto-anticorpos foram descritos associados a doenças reumáticas 
auto-imunes. Muitas das doenças reumáticas são conseqüência de doenças auto-imunes 
sistêmicas. 
 A descrição das doenças reumática iniciou-se com Hipócrates (480 a.c.) 
 Nos séculos XVIII e XIX foi publicada a coexistência de reumatismo e cardiopatia, 
mas somente em nosso século a reumatologia mostrou um progresso estupendo graças ao 
desenvolvimento da imunologia. Em 1942, na monografia “Doenças Difusas do Colágeno”, 
sob a denominação de Colagenoses, os autores reuniram um grupo de doenças (lupos 
eritematoso sistêmico, artrite reumátoide, poliartrite nodosa, esclerose sistêmica progressiva 
(esclerodermia), febre reumática e dermatomiosite) de exteriorização clínica variável, mas 
com um denominador comum que era a alteração sistêmica do tecido conjuntivo que 
adquiria atributos morfo-tintoriais semelhantes à fibrina e denominada degeneração 
fibrinoide. 
 A partir deste trabalho, começou a ser conhecido a relação entre a presença desta 
substância fibrinoide e aparecimento de hipergamaglobulinemia, relacionada com estímulo 
antigênico e aparecimento de anticorpos que reagem contra proteínas do próprio organismo 
(anticorpo anti-nuclear, fator reumatóide) . 
 Waaler em 1940 e Rose em 1948 observaram que os soros dos pacientes com 
artrite reumatóide aglutinavam hemácias de carneiro sensibilizadas com anticorpos de 
coelho. O “fator” presente no soro dos pacientes com artrite reumatóide foi denominado 
fator reumatóide e o termo se mantém até hoje mesmo sabendo-se que são anticorpos 
específicos contra antígenos situados na porção Fc da imunoglobulina humana e animal, e 
de não serem patognomônicos desta doença. Fatores reumatóides podem ser encontrados 
em outras doenças imunológicas, infecções e neoplasias. 
 Em 1948, Hargraves descobriu a Célula LE, ao estudar a medula ossea de um 
paciente com lupos eritematoso. A formação da célula “LE” in vitro e in vivo, depende da 
presença de um anticorpo (IgG 7s) que reage com a desoxiribonucleoproteina dos 
leucócitos lesados, na presença de complemento, causando a destruição da cromatina. O 
“DNA”, a imunoglobulina e o complemento formam uma massa homogênea (Massa de 
Hargraves) que é expulsa da célula lesada e fagocitada por um leucócito polimorfonuclear 
(Célula “LE”). 
 A imunoglobulina 7s que inicia o fenômeno pode ser identificada por reações de 
fixação de complemento, imunofluorescência indireta, hemaglutinação e precipitinas. Este 
anticorpo pode atravessar a placenta, mas não é absorvido por células intactas. Anticorpos 
que são dirigidos contra o núcleo das células podem ser detectados pela pesquisa do FAN, 
(fator antinuclear). 
A identificação dos antígenos de Histocompatibilidade e a verificação da influência da 
molécula HLA-B27 nas espondiloartropatias soro negativas (espondilite anquilosante, 
síndrome de Reiter, e artropatias psoriásica) e na uveíte anterior aguda foi um fator 
importantíssimo para o reconhecimento de fatores genéticos e imunológicos envolvidos na 
sua etiopatogenia. 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 78
 
 
FATOR REUMATÓIDE (FR): 
 
 É o nome dado a uma família de Ac com especificidade para sítios antigênicos Ig 
autóloga, homóloga, ou heteróloga. O Fator reumatóide (FR) de um dado indivíduo pode 
ter todas estas especificidades. Pode ter especificidade para diferentes sítios antigênicos da 
Ig e também pertencer a diferentes classes de Igs (IgG, IgA, IgM, e IgD). Os testes de rotina 
para identificar o FR, usualmente só detectam IgM dirigido contra molécula de IgG. 
 O fator reumatóide (FR) tem sido observado em títulos elevados em artrite reumática 
com prognóstico mais desfavorável que as artrites FR negativas. O resultado da 
determinação do fator reumatóide deve-se interpretar sempre junto com outros resultados 
de laboratório, já que níveis baixos de FR não necessariamente indicam ausência de uma 
artrite reumatóide e tampouco altas concentrações de FR são exclusivamente de doenças 
reumáticas, podendo estar presente em pessoas normais idosas; em infecções; em 
crianças com agamaglobulinemia que melhoram gradativamente após tratamento com 
gamaglobulina. 
 Na doença da crioglubulinemia mista, que se apresenta como síndrome com 
vasculite e nefrite, o FR das classes IgM e IgG, formam um crioprecipitado misto com a IgG 
sérica. Rins com extensos depósitos de IgG,IgM e Complemento, evidenciam a intensa 
ativação do C. 
 
 
FATOR ANTI NUCLEAR - FAN 
 
 A descoberta de auto-anticorpos nas doenças rotuladas como auto-agressão reforça 
o conceito de processo auto-imune em sua patogênese. Anticorpos contra auto-antígenos 
ocorrem mesmo em pessoas aparentemente normais, diferindo na doença em qualidade, 
quantidade, e reatividade contra antígenos específicos, sendo rotineira a solicitação pelo 
clínico de inúmeras técnicas para detectá-lo. 
 Atualmente sabemos que os autoanticorpos antinucleares (AANs) não são 
produzidos somente contra antígenos nucleares, mas também contra estruturas 
moleculares existentes no citoplasma das células. A pesquisa dos mesmos não está mais 
restrita a técnicas de Imunofluorescência indireta, pois técnicas de imunodifusão dupla 
(IDD), contra imunoeletroforese e mais recentemente imunoenzimáticas( EIAs) tem sido 
cada vez mais utilizadas, por serem mais sensíveis ou permitirem a identificação e 
caracterização dos AANs. 
 Cerca de 5% (imprint), e 10-15% (Hep-2) da população normal, especialmente 
idosos, podem apresentar títulos baixos de FAN (inferiores ou iguais a 1/80) Doenças 
infecciosas provocam aparecimento temporário de auto- anticorpos. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 79
MÉTODOS UTILIZADOS EM LABORATÓRIO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE Ac. 
ANTINUCLEARES: 
 
 
1- CÉLULA L.E. (em desuso) 
 
 Este método tem desvantagens por não ser apropriado para determinação 
quantitativa. Depende de muitas variáveis: Ac IgG(fator L.E.), + Ag (DNP),+ c + fagócito 
integro. A célula L.E. é um leucócito que engolfou uma ou mais das massas homogêneas 
constituídas de Ag+ Ac+ C. Título de imunofluorescência indireta menor que 1:20 não 
mostra célula L.E. positiva. 
 
2- IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (IFI): 
 
 Esta técnica identifica os AAN, fornece os títulos destes anticorpos e pelo padrão de 
fluorescência sugere os tipos de AAN presentes. A utilização de conjugadosespecíficos 
para IgG afasta a positividade por presença de anticorpos clinicamente irrelevantes (IgM em 
idosos) 
Para realizarmos a pesquisa de fatores antinucleares (FAN), utilizando a imunofluorescência 
indireta necessitamos: 
 
A)-Fonte de Ag para IFI 
 
 1-Células HEP 2 ( células de epitelioma de laringe humana), que detectam tanto 
anticorpos contra nucleo ou citoplasma celular, expressam a maioria dos autoantígenos 
contra os quais os AA são dirigidos, e apresentam células nas mais diferentes fases de 
crescimento, incluindo células em divisão, o que facilita a identificação de determinados 
auto anticorpos como anti-centrômero. 
 
 2-Cortes de fígado de rato foram comumente usados como substrato para a reação 
(em desuso). Estes devem antes de usados, ser fixado com acetona, para não haver perda 
dos antígenos solúveis. Deve-se lembrar ainda, que alguns autoantígenos não são 
expressos nas células de fígado de roedores (como Ro/SSA), sendo por isso, inferiores as 
células HEP-2. 
 
B)- Conjugado fluorescente: Anticorpo anti-imunoglobulina humana marcado com 
fluorocromo. 
 
C)-soro do paciente: Os soros diluídos a 1:40, 1:80, 1:160, 1:320, são colocados sobre o 
substrato contendo o antígeno e incubados em câmara úmida. 
 Após a incubação, as lâminas são lavadas e sobre os cortes colocados o conjugado 
marcado com fluoresceína (anti Ig humana marcada). Nova incubação, nova lavagem, 
secagem e montagem das lâminas com glicerina alcalina para posterior observação no 
microscópio. 
 
 Detecta-se assim o Ac antinuclear fixado aos antígenos nucleares, originando os 
diversos padrões de fluorescência. Quando usado como substrato fígado de rato, são 
conhecidos 4 padrões principais de fluorescência: Periférico, homogêneo, salpicado e 
nucleolar. 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 80
Para leitura dos padrões em HEP-2, estão sendo definidos padrões de leitura, através de 
reuniões com especialistas (Consenso Goiânia/2000) 
 
ANTICORPOS CONHECIDOS E SUA IMPORTÂNCIA 
 
 
Ac. anti-Ds DNA: ( células em mitose (Hep-2) fluorescência positiva) 
 
 Presentes especialmente em pacientes com Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), 
particularmente sensíveis à doença renal por complexo imune circulante (c.i.c.) Presença de 
Ac anti-dsDNa é mau prognóstico pois estão relacionados a nefrite ativa são da classe IgG, 
subclasse IgG1 e IgG3, excelentes fixadoras de Complemento. O antígeno (DS-DNA) e o 
anticorpo (anti-dS DNA) formam complexos que dependendo do seu tamanho e 
solubilidade, podem ficar retidos por mais tempo no glomérulo, por dificuldade de filtração, 
ativando e fixando complemento, levando a lesão. Os títulos de anticorpos variam com a 
atividade da doença. 
 
A dosagem do complemento sérico, em caso de nefrite ativa, estará baixa. 
 O uso de procainamida e hidralazina, isoniazida, e d-penicilamina podem levar a 
resultados falso-positivos. 
 
Ac. anti- Ds RNA. 
 
 Presente também no L.E.S, não associado à doença renal e geralmente não 
encontrado em complexos imunes renais. Pode refletir uma infecção viral, onde pode estar 
presente. 
 
Ac anti- DNP: 
 
 Relacionado com a célula LE descrita por Hargraves. Geralmente existe uma boa 
correlação entre Ac anti-Ds DNA e anti-DNP, com aparecimento durante exacerbação e 
desaparecimento durante a remissão. 
 
Ac anti- histona (padrão homogêneo) 
 
 Associado a L.E.S induzido por droga quando for identificado de forma isolada. A 
presença deste anticorpo não tem valor prognóstico e não varia com a atividade da doença. 
A procainamida é a droga mais comumente envolvida na síndrome “Lupus-like”. 
 
Antígenos extraíveis do núcleo (ENA),são proteínas ribonucleares pequenas, extraíveis pela 
salina. São eles: RNP, Sm, SSA/Ro, SSB/La, Scl-70 e outros. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 81
Ac anti- Sm: (padrão pontilhado) 
 
 É denominada Sm por Ter sido detectado em paciente de nome Smith. 
 É uma glicoproteína nuclear ácida não histona, associada a cromossomas. 
 Tem alta especificidade quando detectado por imunodifusão radial nos pacientes 
com LES (30%). quando realizado sua pesquisa por ELISA, reações falso positivas podem 
ocorrer em 23% dos pacientes com Artrite reumatóide e 25% dos com Esclerose sistêmica. 
 
Ac anti RNP : (padrão pontilhado) 
 
 É um complexo formado por RNA (26%) e proteínas (ribonucleoproteína). Observado 
em altos títulos (1/10000) em pacientes com D.M.T.C., que apresentam pesquisa negativa 
para outros AAN (anti-Sm). A DMTC é uma síndrome do conjuntivo sobreposto, em geral, 
esclerose sistêmica, LES, Polimiosite/dermatomiosite. Alguns pesquisadores não 
consideram a DMTC entidade clínica individual. 
 Sua presença em pacientes lúpicos, diferente do anti-DNA, ´é indicativo de uma 
menor probabilidade de desenvolvimento de lesão renal, sendo , portanto, de melhor 
prognóstico. 
 
Ac. anti-SS-A(Ro); SS-B(La) (padrão pontilhado fino) 
 
 Anticorpos relacionados a um subgrupo de pacientes com lupus cutâneo, níveis de 
complemento reduzidos e uma forma leve de nefrite. Ssa/Ro é encontrado na síndrome de 
Sjögren (96%); que é mais comum em mulheres, cursa com ceratoconjuntivite, xerostomia 
(ressecamento de olhos e boca). O anticorpo anti-SSA atravessa a barreira placentária 
causando lupos neonatal causando lesões de pele (reversível) e/ou bloqueio cardíaco 
(cirúrgico). Aproximadamente 50% das mães têm com pouco ou nenhum sintoma de Lupus 
Eritematoso sistêmico (SLE). Ocorre em dois terços dos pacientes que apresentam FAN 
negativo com SLE presente, pois soro contendo SS-A/Ro, normalmente resultam FAN 
negativo quando usado como substrato para a reação cortes de fígado de rato, e de 
maneira variável positivo quando usado células HEP-2. (técnicas descritas a baixo. Pode 
estar presente em 20% dos pacientes com artrite reumatóide. 
 Presente em pacientes com LES apresentando C2 e C4 baixos. 
 
Ac . anti- Centrômero: 
 
 Sua pesquisa é empregada para o diagnóstico da síndrome de CREST, variante da 
esclerose sistêmica, que cursa com calcinose, fenômeno de Raynaud, disfunção 
esofagiana, esclerodactilia e telangiectasia. É mais bem identificado quando usado como 
substrato da fluorescência, células da linhagem Hep-2. Presente em 70 a 90% dos casos de 
síndrome de CREST, 10 a 20 % dos casos de esclerose difusa e em alguns casos de 
cirrose biliar primária. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 82
 
PADRÕES DE FLUORESCÊNCIA ENCONTRADOS NA PESQUISA DE FAN 
 
 
PERIFÉRICO: 
 
 . Este padrão só é visto em lâminas que usam como substrato, fígado de rato, 
raramente em HEP-2. 
Apenas a periferia do núcleo fica fluorescente.Quando visto em substrato fígado de rato 
está relacionado a anticorpos anti-DS DNA e nucleoproteína DNP insolúvel. 
 
HOMOGÊNEO OU DIFUSO: 
 
 Todo o núcleo fica fluorescente. Relaciona-se com ac. anti-DS DNA e DNP, portanto 
com célula LE positiva e anti-histona. Tem sido descrito na maioria dos pacientes com LES, 
em mais de 25% de pacientes com A.R., 20% dos pacientes com hepatite crônica ativa. 
Visto menos usualmente em pacientes com mononucleose infecciosa, queimaduras e 
ferimentos extensos, embolia pulmonar e gravidez. 
 Pode mascarar qualquer ac que dê padrão de fluorescência diferente. 
 
 
SALPICADO: 
 
 O núcleo fica com uma fluorescência pontilhada. O padrão salpicado pode ter 
aspecto grosseiro (normalmente o nucléolo é negativo) ou fino (o nucléolo pouco aparece) . 
A célula em mitose pode ser positiva ou negativa. 
 Há pelo menos 3 antígenos e seus anticorpos envolvidos na formação deste padrão 
de fluorescência. 
 
 a) Sm: Considerada o novo marcador do lupus. Títulos de anticorpos anti-Sm 
caracterizam um quadro onde há lesões cutâneas importantes e, discreto envolvimento 
renal. C3 diminuído. 
 b) RNP: Anticorpos anti-RNP estão presentes no lúpus, e Esclerodermiaprogressiva, 
mas títulos altos são observados na D.M.T.C., com freqüência maior que nas outras 
patologias. 
 c) SS-B : Presente na síndrome de Sjögren (50%) , embora não a caracterize. 
 
NUCLEOLAR: 
 
 Apenas o nucléolo fica fluorescente. O agente que dá este padrão é o antígeno 
RNA. Pode estar correlacionado a esclerose múltipla progressiva. Normalmente, as células 
Hep-2 em mitose são negativas. 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 83
LAUDOS DE FAN EM CÉLULAS Hep-2: padronização da nomenclatura de acordo com 
o primeiro consenso nacional brasileiro 
 (Laes & Haes, nº134,dez/jan2002),pg 58-72.( Atualizado 3 consenso) 
 
As células Hep-2, por possuírem maior tamanho, maior concentração de antígeno, e 
apresentar-se em diferentes fases da mitose, permitem a identificação de 32 padrões de 
fluorescência. Devido à diversidade dos aparelhos de microscopia, grau de experiência 
com leitura de IFI, e capacidade de reconhecer padrões de fluorescência dos analistas 
clinicas, ficou definido pela comissão nacional (formada pela sociedade de reumatologia, 
patologia, Análises clínicas e biomedicina) como critérios mínimos a serem identificados e 
relatados, os seguintes padrões de fluorescência: 
 
NA HEP-2 padrões citoplasmáticos também são observados, mas não está ainda definido 
sua importância clínica. Padrão citoplasmático pontilhado pode ser indicativo de anticorpos 
anti-Jo-1 
 
Todos os padrões observados no citoplasma necessitam exame complementar. 
Fluorescência pontilhada reticulada ou fibrilar sugere anticorpos anti-mitocondria, indicando 
pesquisa de anticorpos anti-mitocondria/músculo liso em cortes de estomago e rim de rato. 
Importantes na determinação de hepatite autoimune. 
 
1- As diluições de triagem são 1/80 e 1/160 
 
2- Critérios morfológicos a serem observados durante a leitura: 
a) Aspecto da matriz nuclear 
b) Aspecto do nucléolo 
c) )Observação do estágio da divisão celular 
 
PADRÕES NUCLEARES: 
 
Foram divididos em 3 grandes categorias 
 
a) membrana nuclear (antigo periférico) 
b) homogêneo 
c) pontilhado (grosso, grosso reticular, fino, pleomórfico, pontos isolados,centromérico) 
 
PADRÕES NUCLEOLARES 
 a)homogeneo 
 b) aglomerado 
 c)pontilhado 
 
PADRÕES CITOPLASMÁTICOS 
a) fibrilar linear 
b) fibrilar filamentar 
c) citoplasmático segmentar 
d) citoplasmático pontilhado polar; com : pontos isolados; pontilhado fino denso; 
pontilhado fino; pontilhado reticulado 
APARELHO MITÓTICO 
 
 a)centríolo 
 b)ponte intercelular 
 c)fuso mitótico 
Estão sendo reunidos especialistas para o segundo consenso de laudos de FAN Hep-2, 
para determinar a relevância clínica de cada padrão de fluorescência (2003). 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 84
 
Estrutura da célula Hep-2 
 
 
Fonte: www.fleury.com.br 
 
 
Ciclo de divisão celular, com destaque para a placa Cromossômica metafásica 
 
 
 
Fonte: www.fleury.com.br 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 85
 
 
Fonte: www.fleury.com.br 
OBS: 
� ---É freqüente nos pacientes portadores de LES a detecção no soro de mais de um 
anticorpo, é chamado padrão misto. Assim, nas diluições iniciais pode-se encontrar o 
padrão periférico, padrão homogêneo, e nas diluições mais altas, padrão salpicado, 
indicando níveis diferentes de anticorpos relacionados a cada padrão. 
 
� ---Títulos de anticorpos entre 1/40 e 1/80, devem ser valorizados com cautela desde que 
não provenham de soros de pacientes com doença definida, enquanto que títulos iguais ou 
maiores que 1/160 são considerados significativos para o auxilio diagnóstico, embora em 
pacientes idosos seja freqüente o encontro de AANS em títulos altos, sem maior significado 
clínico, devido à falha de regulação imunológica. 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 86
� --- A identificação de anti-DS DNA por IF pode ser feita utilizando-se como substrato, um 
flagelado, Crithidia luciliae; que possui o cinetoplasto do flagelo rico em DNA nativo. 
 
� ---A pesquisa de anticorpo antinucleares por imunofluorescência como aqui descrito, dá 
apenas uma idéia do agente nuclear possivelmente envolvido. Como perfis distintos de 
anticorpos antinucleares específicos, estão sendo vistos em certas doenças reumáticas, há 
necessidade da realização de testes para verificar a presença ou ausência de certos 
anticorpos. Entre estas técnicas, as mais usadas tem sido, hemaglutinação passiva, ELISA, 
e imunodifusão radial dupla de Oucherlony, sendo as primeiras mais sensíveis e a ultima 
mais específica. 
 
3- IMUNODIFUSÃO DUPLA (IDD) : 
 
 Atualmente, pela IDD pode-se identificar os seguintes AANs: Anti-Sm; anti SS-B; anti 
Ro/SS-A; anti- RNP; anti-jo1. 
 Pode-se também realizar Contra imunoeletroforese para identificar os mesmos 
AANs, mas apesar de dar um resultado mais rápido, o custo do exame é maior, não sendo 
viável a realização na rotina da maioria dos laboratórios. 
 
4- TÉCNICA IMUNOENZIMÁTICA (ELISA) 
 Apesar das grandes vantagens que os enzimaimunoensaios apresentam; 
como eliminação de leituras subjetivas, eliminação da necessidade de soro específico (IDD), 
possibilidade de automação e rapidez na entrega dos resultados, deve-se ter cuidado com 
os resultados obtidos. 
 A maioria dos Kits comerciais ainda não tem a aprovação do Food and Drug 
Administration (FDA) americano, dando muitos resultados falso-positivos. Cuidar a 
procedência dos Kits. A sensibilidade é muito alta, a especificidade depende da 
qualidade do substrato utilizado. Lembrar que existe diferença entre limiar de 
detecção e limiar clínico, isto é, nem sempre o que é detectado tem relevância. 
Após screening pelo FAN, os diferentes autoanticorpos podem ser pesquisado por 
ELISA segundo o seguinte algoritmo. 
 
 
ANTICORPOS ANTI CITOPLASMA DE NEUTRÓFILO (ANCA) 
 
São auto anticorpos dirigidos contra os grânulos azurófilos dos neutrófilos 
Existem dois anticorpos principais: Anti proteinase 3 (PR-3) e anti Mieloperoxidase (MPO) 
Os anticorpos anti PR3 apresentam padrão fluorescente citoplasmático, sendo chamados 
de C-Anca, podendo estar presentes na Granulomatose de Wegner (doença renal), embora 
não sejam específicos da doença. 
Os anticorpos anti MPO, apresentam “in vitro”, reação fluorescente peri-nuclear, sendo 
chamados P-Anca. 
 A pesquisa destes anticorpos é feita por imunofluorescência indireta usando como 
substrato neutrófilos, com diluição seriada de soro partindo de 1/20 até 1/1280. Definido o 
padrão de fluorescência, pesquisa-se o auto anticorpo específico pelo método de ELISA. 
 
 
Beck, ST Imunologia Clínica 
 87
 
 HOMOGENEO SALPICADO NUCLEOLAR/CENTROMERICO 
 
 Ds-DNA Sm Ssa/Ro 
 
 
Histona DNP RNP SSb/La Scl-70 
 
 
 
LES/droga LES SS Esclerodermia 
 
 
 
 
 
Algoritmo para pesquisa de anticorpos antinucleares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Triagem 
IFI Hep-2 (1/40) 
NEGATIVO 
Diluir até 1/1280 
Definir o padrão 
Pesquisar 
Anti-DS-DNA 
Fazer screening 
ENA (ELISA) 
NEG POS 
POSITIVO 
Pesquisar 
separadamente 
Anti-Sm 
Anti- RNP 
Anti-Ssa 
Anti-SSb 
Todos 
negativos 
Pesquisar 
Anti-Scl 70 
Anti- Jo1 
Altos títulos RNP = 
DMTC

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