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07/08/2017 1 Estatística Aplicada à Psicologia Conceitos Básicos 2º Semestre de 2017 Por que utilizar a Estatística? Formulação de suposições construtivas sobre eventos futuros de nossa vida => planos para novas situações ou experiências Explicar e predizer o comportamento humano Examinando características (variáveis) que diferem ou variam de um indivíduo para outro (idade, classe social, comportamento) ou de um instante para outro no decorrer do tempo (desemprego, taxa de criminalidade, população) Estatística “Estatística é um conjunto de métodos e processos quantitativos que serve para estudar e medir os fenômenos coletivos” DUGÉ DE BERNONVILLE A palavra estatística provém do latim status (estado) e é comumente associada a censos, pesquisas de opinião pública, aos vários índices governamentais, aos gráficos e médias publicadas diariamente na imprensa. Na realidade, como veremos adiante, a estatística engloba muitos outros aspectos. Estatística Ciência que se preocupa com a organização, descrição, análise e interpretação dos dados experimentais Plural (estatísticas) => coleção consistente de dados numéricos, reunidos com a finalidade de fornecer informações sobre uma atividade qualquer Singular Atividade humana especializada Conjunto de técnicas Estágios de uma Pesquisa 1. O problema a ser estudado é reduzido a uma hipótese passível de teste 2. Elabora-se um conjunto apropriado de instrumentos (questionário ou esquema de entrevistas) 3. Coletam-se os dados (pesquisador sai a campo e faz a pesquisa) 4. Os dados são analisados quanto a sua influência sobre a hipótese inicial 5. Os resultados da análise são interpretados e comunicados a um público (conferência ou imprensa) Estatística Metodologia desenvolvida para: Coleta Classificação Apresentação Análise Interpretação de dados quantitativos Utilização desses dados na tomada de decisões 07/08/2017 2 Resumindo... No uso diário o termo estatística(s) refere-se a fatos numéricos Sentido amplo: Estatística é a arte e a ciência de coletar, analisar apresentar e interpretar dados Transformar dados/informação em conhecimento Estatística Estatística A estatística divide-se em: Descritiva: preocupa-se com a organização e descrição dos dados experimentais Analítica (Estatística Inferencial ou Inferência Estatística): cuida da análise e interpretação dos dados Bioestatística Informação e técnicas estatísticas utilizadas especificamente para estudos de saúde ou problemas sociais População População ou universo, é um conjunto de elementos com pelo menos uma característica comum Essa característica deve delimitar inequivocamente quais os elementos que pertencem à população e quais os que não pertencem (Costa Neto, 1977) É o conjunto constituído por todos os indivíduos que apresentem pelo menos uma característica comum cujo comportamento interessa analisar (Toledo & Ovalle, 1985) Amostra É um subconjunto de uma população, necessariamente finita, pois todos os seus elementos serão examinados para efeito da realização do estudo estatístico desejado (Costa Neto, 1977) Pode ser definida como um subconjunto, uma parte selecionada da totalidade de observações abrangidas pela população, através da qual se faz um juízo, ou inferência sobre as características da população 07/08/2017 3 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM Amostragem Probabilística (Aleatória) Amostragem Não Probabilística (Não Aleatória) 1. Aleatória (casual) Simples 2. Sistemática 3. Estratificada 4. Por Conglomerados 1. A esmo 2. Intencional (por julgamento) 3. Por Cotas 4. Bola de Neve Fonte: http://www.inf.ufsc.br/~marcelo/Cap7.pdf Amostragem Probabilística A amostragem probabilística também é chamada de aleatória ou casual. A sua importância decorre do fato de que apenas os resultados provenientes de uma amostra probabilística podem ser generalizados estatisticamente para a população da pesquisa O que significa estatisticamente? Significa que podemos associar aos resultados uma probabilidade de que estejam corretos, ou seja uma medida da confiabilidade das conclusões obtidas. Se a amostra não for probabilística não há como saber se há 95% ou 0% de probabilidade de que os resultados sejam corretos, e as técnicas de inferência estatística porventura utilizadas terão validade questionável Amostragem Probabilística Condição primordial para uso da amostragem probabilística: "todos os elementos da população tenham uma probabilidade maior do que zero de pertencerem à amostra". Tal condição é materializada se: Há acesso a toda a população. Ou seja, não há teoricamente problema em selecionar nenhum dos elementos, todos poderiam ser pesquisados Há possibilidade de obter uma listagem dos elementos da população. Se pensarmos em uma pesquisa de opinião, seria uma listagem com todos os possíveis respondentes Os elementos da amostra são selecionados através de alguma forma de sorteio não viciado: tabelas de números aleatórios, números pseudo- aleatórios gerados por computador. Com a utilização de sorteio elimina-se a ingerência do pesquisador na obtenção da amostra, e garante-se que todos os integrantes da população tem probabilidade de pertencer à amostra Técnicas de Amostragem Não Probabilística A obtenção de uma amostra probabilística exige que se obtenha uma listagem com os elementos da população. Em suma, exige acesso a todos os elementos da população, que a população acessível seja igual à população alvo. Nem sempre é possível obter tal listagem na prática, o que teoricamente inviabilizaria a retirada de uma amostra aleatória. Então deve- se recorrer à amostragem não probabilística. Ao usar a amostragem não probabilística o pesquisador não sabe qual é a probabilidade de um elemento da população tem de pertencer à amostra. Portanto, os resultados da amostra não podem ser estatisticamente generalizados para a população, porque não se pode estimar o erro amostral. Se as características da população acessível forem semelhantes às da população alvo os resultados podem ser equivalentes aos de uma amostragem probabilística, mas não podemos garantir a sua confiabilidade. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares entre escolares em Londrina – PR: diferenças entre classes econômicas Resumo Objetivo: Avaliar e comparar a prevalência de fatores de riscos cardiovasculares em adolescentes escolares de diferentes classes econômicas. Métodos: Foram avaliados 1.021 adolescentes. Os indivíduos foram pesados e tiveram sua altura e circunferência abdominal medidos, além da sua pressão arterial aferida. A prática de atividade física e condição socioeconômica foram relatadas. Os resultados foram avaliados pela utilização da frequência das variáveis e pelo teste do qui- quadrado. Resultados: Observou-se menor prevalência de sedentarismo (p < 0,001) e maiores prevalências de obesidade abdominal (p = 0,038) e de sobrepeso (p = 0,010) entre adolescentes da classe econômica alta. Não houve diferença de prevalência de pressão arterial elevada entre adolescentes da classe econômica baixa e alta. Quando os fatores de risco cardiovasculares foram agregados, a prevalência também foi maior na classe econômica alta para um ou dois fatores de risco. Conclusão: Com exceção do sedentarismo e da pressão arterial elevada, a prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares foi maior na classe econômica alta. Christofaro, DGD et. al. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(1): 27-35 Resultados: Observou-se menor prevalência de sedentarismo (p<0,001) e maiores prevalências de obesidade abdominal (p=0,038) e de sobrepeso (p=0,010) entre adolescentes da classe econômica alta. Não houve diferençade prevalência de pressão arterial elevada entre adolescentes da classe econômica baixa e alta. 07/08/2017 4 Fatores associados à atividade física insuficiente em adultos: estudo de base populacional no sul do Brasil Resumo O objetivo desse estudo foi estimar a prevalência de atividade física (AF) insuficiente na população adulta do município de Lages (Santa Catarina) em 2007 e verificar os fatores associados a este desfecho. Trata-se de um estudo transversal de base populacional. A amostra foi obtida através de sorteio em múltiplos estágios de adultos entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos (n = 2.051). Empregou-se o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão curta, para estimar a prevalência de AF insuficiente, definida como tempo gasto em atividade física moderada ou vigorosa menor do que 150 minutos por semana. Considerou-se como referência a semana anterior à entrevista. A prevalência de AF insuficiente foi de 29,6% (IC95%: 27,6; 31,7). No modelo ajustado, a atividade física insuficiente foi associada positivamente ao sexo masculino, renda familiar alta, obesidade e auto-avaliação negativa de saúde. As prevalências de AF insuficiente foram menores do que as relatadas pela maioria dos estudos brasileiros. Pesquisas que distingam diferentes tipos de atividade física podem contribuir para melhor conhecer o perfil de uma população a fim de contribuir para a implantação de políticas públicas que estimulem a população à prática regular de exercícios. Lopes, JA; Rev Bras Epidemiol 2010; 13(4): 689-98 Resumo O objetivo desse estudo foi estimar a prevalência de atividade física (AF) insuficiente na população adulta do município de Lages (Santa Catarina) em 2007 e verificar os fatores associados a este desfecho. Trata-se de um estudo transversal de base populacional. A amostra foi obtida através de sorteio em múltiplos estágios de adultos entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos (n = 2.051). Empregou-se o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão curta, para estimar a prevalência de AF insuficiente, definida como tempo gasto em atividade física moderada ou vigorosa menor do que 150 minutos por semana. Considerou-se como referência a semana anterior à entrevista. A prevalência de AF insuficiente foi de 29,6% (IC95%: 27,6; 31,7). No modelo ajustado, a atividade física insuficiente foi associada positivamente ao sexo masculino, renda familiar alta, obesidade e auto-avaliação negativa de saúde. As prevalências de AF insuficiente foram menores do que as relatadas pela maioria dos estudos brasileiros. Pesquisas que distingam diferentes tipos de atividade física podem contribuir para melhor conhecer o perfil de uma população a fim de contribuir para a implantação de políticas públicas que estimulem a população à prática regular de exercícios. A prevalência de AF insuficiente foi de 29,6% (IC95%: 27,6; 31,7). Fatores associados à atividade física insuficiente em adultos: estudo de base populacional no sul do Brasil Lopes, JA; Rev Bras Epidemiol 2010; 13(4): 689-98 Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Pacientes Com Diabetes Mellitus do Tipo 2 no Brasil: Estudo Multicêntrico Nacional RESUMO Objetivo: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes ambulatoriais com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em diferentes regiões do Brasil. Pacientes e Métodos: Avaliamos aleatoriamente 2.519 pacientes em 11 hospitais, 2 ambulatórios especializados e um posto de saúde em 10 cidades brasileiras. Consideramos sobrepeso um índice de massa corporal (IMC)>25 e obesidade um IMC>30 kg/m2. O controle glicêmico (CG) foi avaliado pelo índice de CG [ICG=HbA1 e ou HbA1c do paciente/limite superior de normalidade do método x 100]. Resultados: Os pacientes tinham idade de 58,8 ± 11,6 anos, tempo de diagnóstico clínico de DM de 9,0 ± 7,3 anos, IMC de 28,3 ± 5,2 kg/m2, e 39% eram do sexo masculino. Do total da amostra, 265 pacientes (10,5%) não apresentavam avaliação do IMC. Os pacientes da região Nordeste apresentaram menor IMC em comparação com os das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente (26,4 ± 4,7 vs. 27,9 ± 4,8 vs. 29,2 ± 5,1 vs. 29,4 ± 5,4 kg/m2; p< 0,001). Houve maior prevalência de obesidade na região Sudeste e Sul em comparação à região Nordeste (p< 0,001) e nos pacientes do sexo feminino, respectivamente (69 vs. 31%; p< 0,001). Os pacientes com peso normal apresentaram menor ICG. Aqueles em tratamento com associação de duas ou mais drogas orais e associação de insulina + droga oral apresentaram maior IMC do que aqueles em tratamento com dieta, hipoglicemiante oral e insulina; p< 0,001. O IMC não diferiu entre os pacientes assistidos ou não por especialistas. Conclusões: Da população estudada, 75% não estava na faixa de peso ideal, sendo que um terço tinha obesidade. Nossos dados indicam que o sobrepeso e a obesidade já atingem um percentual de pacientes com DM2 no Brasil semelhante ao relatado em estudos europeus, mas ainda menor do que o observado nos EUA. A prevalência de obesidade nos pacientes diabéticos foi três vezes maior do que a observada na população brasileira em geral de acordo com os dados do IBGE. (Arq Bras Endocrinol Metab 2006;50/1:136-144) Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Pacientes Com Diabetes Mellitus do Tipo 2 no Brasil: Estudo Multicêntrico Nacional RESUMO Objetivo: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em pacientes ambulatoriais com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em diferentes regiões do Brasil. Pacientes e Métodos: Avaliamos aleatoriamente 2.519 pacientes em 11 hospitais, 2 ambulatórios especializados e um posto de saúde em 10 cidades brasileiras. Consideramos sobrepeso um índice de massa corporal (IMC) > 25 e obesidade um IMC > 30 kg/m2. O controle glicêmico (CG) foi avaliado pelo índice de CG [ICG= HbA1 e ou HbA1c do paciente/limite superior de normalidade do método x 100]. Resultados: Os pacientes tinham idade de 58,8 ± 11,6 anos, tempo de diagnóstico clínico de DM de 9,0 ± 7,3 anos, IMC de 28,3 ± 5,2 kg/m2, e 39% eram do sexo masculino. Do total da amostra, 265 pacientes (10,5%) não apresentavam avaliação do IMC. Os pacientes da região Nordeste apresentaram menor IMC em comparação com os das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente (26,4 ± 4,7 vs. 27,9 ± 4,8 vs. 29,2 ± 5,1 vs. 29,4 ± 5,4 kg/m2; p< 0,001). Houve maior prevalência de obesidade na região Sudeste e Sul em comparação à região Nordeste (p< 0,001) e nos pacientes do sexo feminino, respectivamente (69 vs. 31%; p< 0,001). Os pacientes com peso normal apresentaram menor ICG. Aqueles em tratamento com associação de duas ou mais drogas orais e associação de insulina + droga oral apresentaram maior IMC do que aqueles em tratamento com dieta, hipoglicemiante oral e insulina; p< 0,001. O IMC não diferiu entre os pacientes assistidos ou não por especialistas. Conclusões: Da população estudada, 75% não estava na faixa de peso ideal, sendo que um terço tinha obesidade. Nossos dados indicam que o sobrepeso e a obesidade já atingem um percentual de pacientes com DM2 no Brasil semelhante ao relatado em estudos europeus, mas ainda menor do que o observado nos EUA. A prevalência de obesidade nos pacientes diabéticos foi três vezes maior do que a observada na população brasileira em geral de acordo com os dados do IBGE. (Arq Bras Endocrinol Metab 2006;50/1:136-144) Os pacientes tinham idade de 58,8 ± 11,6 anos, tempo de diagnóstico clínico de DM de 9,0 ± 7,3 anos, IMC de 28,3 ± 5,2 kg/m2, e 39% eram do sexo masculino. Houve maior prevalência de obesidade na região Sudeste e Sul em comparação à região Nordeste (p<0,001) e nos pacientes do sexo feminino, respectivamente (69 vs. 31%; p<0,001).