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Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade W B A 0 16 0 _ V 1. 1 2/219 Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade Autor: Leonardo Augusto D’Almeida Barros Como citar este documento: Barros, Leonardo Augusto D´Almeida. Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 05 Unidade 1: Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 08 Assista a suas aulas 33 Unidade 2: Representação e comunicação sociocultural pelo movimento 40 Assista a suas aulas 62 Unidade 3: As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica 69 Assista a suas aulas 87 2/221 3/2193 Unidade 4: Apreciar, executar, criar e refletir: a cultura corporal e as concepções de orientação temporal e espacial 94 Assista a suas aulas 110 Unidade 5: Percepção da formação da personalidade por meio do movimento 118 Assista a suas aulas 134 Unidade 6: Psicomotricidade e o desenvolvimento motor: percepção do esquema corporal e consci- ência do corpo 141 Assista a suas aulas 159 Sumário Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade Autor: Leonardo Augusto D’Almeida Barros Como citar este documento: Barros, Leonardo Augusto D´Almeida. Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade. Valinhos: 2016. 4/2194 Unidade 7: O corpo lúdico e as descobertas por meio de jogos e manifestações culturais 168 Assista a suas aulas 187 Unidade 8: O trabalho do educador na Educação Infantil: diálogos com as culturas corporais 194 Assista a suas aulas 211 Sumário Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade Autor: Leonardo Augusto D’Almeida Barros Como citar este documento: Barros, Leonardo Augusto D´Almeida. Cultura Corporal: Interfaces com a Psicomotricidade. Valinhos: 2016. 5/219 Apresentação da disciplina Ao pensarmos em Educação Infantil, pro- vavelmente nos vêm à cabeça inúmeras imagens mentais, como: bebês, crianças, pais que trabalham e precisam deixar seus filhos em segurança, alimentação, higiene, proteção, aprendizado, entre outras tantas ideias. Entretanto, além destas representa- ções, faz-se urgente pensar em corpos em movimento, aprendizado e desenvolvimen- to a partir da relação entre corpo, mente e cultura. Esta disciplina tem como objetivo incluir os corpos das crianças em todo o processo de ensino-aprendizagem, pois entende-se que os corpos devem ser incluídos e valorizados como inerentes ao processo de desenvolvi- mento, findando com a dicotomia entre o corpo e a mente, ou físico-cognitivo. É importante ressaltar que a formação de um educador que reconhece a importância da criança em movimento coaduna-se com a relação com a cultura, isto é, um corpo cultural em movimento, que é sujeito his- tórico e de direito, produtor cultural. Este olhar crítico e sensível é que devemos trazer para dentro da escola, atuando com crian- ças a partir de uma perspectiva de constru- ção de um sujeito, de um corpo inteiro que necessita de experiências ricas e significa- tivas para o seu desenvolvimento integral. Sabemos que as instituições de Educação Infantil, por um longo tempo, foram com- preendidas apenas como lugares para cui- dar das crianças pequenas, mas hoje nossa sociedade assume que a instituição escolar tem como responsabilidade oferecer um es- 6/219 paço rico em estímulos, para que, a partir de diferentes abordagens, as crianças possam vivenciar esta etapa educativa tão impor- tante com qualidade, seja em termos de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, social ou físico. Assim, nosso objetivo é que você possa re- fletir que planejar atividades para as crian- ças pequenas perpassa pela compreensão de que elas sentem, pensam e vivenciam o mundo de forma particular e subjetiva. O que exige que o educador atue exercitando uma pedagogia da escuta, o que implica re- conhecer a criança com todos os seus sen- tidos. As crianças possuem uma linguagem espe- cífica e própria para se comunicar, e o pro- fessor deve reconhecer que esta se relacio- na com os gestos, os choros, afagos, mordi- das, palavras, enfim, uma infinidade de lin- guagens, que Loris Malaguzzi compreendeu com muita propriedade quando escreveu as “Cem linguagens das crianças”. Perceba que os bebês e as crianças encontrarão em seus corpos um mecanismo privilegiado para estabelecer esta comunicação, portanto, o educador não pode furtar-se de perceber como a criança e seu corpo criam, recriam, ressignificam o mundo que as cerca. Estas manifestações serão extremamente importantes, porque manifestam a cons- trução do sujeito e sua relação com o co- nhecimento/reconhecimento com o mundo que lhe é imediato. Se, por um lado, esta é a beleza da representação do ato educativo na Educação Infantil, por outro é um grande 7/219 desafio aos educadores. Por fim, todos nós temos a responsabilidade de trabalhar em conjunto em prol de uma educação de qualidade, não só no sentido de propiciar às crianças um espaço seguro para o seu desenvolvimento, ou ambiente propício à leitura e escrita, mas especial- mente na criação de um espaço no qual se- jam educados e cuidados seus corpos, suas mentes, sua cultura e sua história. Em nossa disciplina discutiremos os as- pectos clássicos da Educação Física rela- cionados à psicomotricidade, mas também buscaremos compreender que o processo de desenvolvimento físico-motor não está separado do desenvolvimento cultural da criança, da sua consciência corporal e da consciência como sujeito. O respeito pelo processo de individualização deve ser a marca da criação do sujeito, o qual possui necessidades educativas, de afeto e ritmos próprios às suas especificidades enquanto seres sociais e como indivíduos. 8/219 Unidade 1 Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola Objetivos 1. Apresentar as principais caracterís- ticas da trajetória psicomotora das crianças. 2. Compreender o que são os estágios de desenvolvimento humano de acordo com Piaget e Gallahue. 3. Conhecer diferentes relações entre os estágios e a vida das crianças. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 9/219 Introdução Para iniciarmos nossas reflexões, gostaria de pontuar que o conceito de cultura corporal será o horizonte de análise que permeará todas as construções conceituais que iremos desenvolver ao longo desta disciplina. Assim, para que você já possa se apropriar desta categoria conceitual, apresento que cultural corporal deve ser compreendida como Acervo de formas de representações do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios, ginásticas, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente de- senvolvidas. (SOARES, 1992, p. 38). O desenvolvimento humano ao qual procuramos nos aproximar é analisado pelo viés educacio- nal, mas também pela ótica da constituição do corpo-infância e do corpo-vida, tal como o debate promovido por tantos teóricos contemporâneos, mas especialmente Arroyo e Silva (2012) e Neira (2008). Nesta trajetória nos interessa perceber que a todo momento somos estimulados e daí a urgência em refletir sobre a função da Educação Física para a Educação Infantil e suas implicações para a constituição das representaçõesimagéticas sobre seus corpos. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 10/219 Neste momento você estudará sobre os es- tágios de desenvolvimento humano que são inerentes ao processo de desenvolvimento dos seres humanos. Nosso objetivo é ana- lisar, discutir e valorizar o processo de de- senvolvimento da criança antes e durante o processo de inserção no contexto escolar. Perceba que estamos apresentando um educador que está atento não somente aos cuidados de segurança e higiene das crianças, os quais são constitutivos da vida na Educação Infantil, mas também de um profissional que está atento aos diferentes referenciais necessários para educar uma criança como um sujeito em processo de desenvolvimento educativo. Compreendendo que na Educação Infantil o cuidado e a educação são indissociáveis, re- fletiremos sobre os arcabouços de Gallahue e Ozmun (2003), Go Tani (1988), Piaget (1977), entre outros, que nos apresentam diferentes momentos no desenvolvimento humano. Assim, perceba que nosso objetivo é estabe- lecer esta interface entre a cultura corporal Para saber mais Recomendo que você leia o artigo “O CUIDADO E A EDUCAÇÃO ENQUANTO PRÁTICAS INDISSOCI- ÁVEIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL”. Disponível em: <http://www.anped.org.br/sites/default/fi- les/gt07-1824.pdf>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 11/219 e o desenvolvimento motor, o qual pode ser analisado como uma contínua alteração no comportamento motor, durante o processo permanente de aprender a mover-se com controle e competência, ao longo do ciclo da vida, relacionando-se à idade cronoló- gica, mas independente dela, que apenas fornece estimativa aproximada, ocorrendo da interação das necessidades e exigências das tarefas motoras, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. (GALLAHUE; OZMUN, 2003). Estes e outros conceitos serão tratados nesta e nas demais aulas desta disciplina, sempre a partir de diferentes olhares, com exemplos baseados no cotidiano escolar, com o objetivo de enriquecer o seu reper- tório de possibilidades de atuação na Edu- cação Infantil, e especialmente preocupado com o viés de colocar a criança como centro do planejamento didático-pedagógico. 1. Aproximações do corpo-vida/ corpo-infância O desenvolvimento da criança em suas di- mensões biopsicossociais-culturais exige que possamos compreender os fundamen- tos fisiológicos de seu desenvolvimento para que possamos compreender seu corpo-vida e seu corpo-infância. Uma criança, quando nasce, chega ao mundo com os movimentos reflexos, tais como: o ato de respirar e sugar. Estas ações são relevantes em termos de sobrevivência, mas também como uma das primeiras relações com o mundo. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 12/219 De acordo com Garanhani (s/d, p. 2017), Na pequena infância o corpo em movimento constitui a matriz básica, em que se desenvolvem as significações do aprender, devido ao fato de que a criança transforma em símbolo aquilo que pode experimentar corporal- mente e seu pensamento se constrói, primeiramente, sob a forma de ação. A criança pequena necessita agir para compreender e expressar significados presentes no contexto histórico-cultural em que se encontra. Para saber mais Os movimentos reflexos são movimentos involuntários que representam estímulos sensoriais nas crian- ças, especialmente quando nascem. Quando você coloca o dedo na palma da mão de uma criança e ela fecha, é um exemplo de movimento reflexo. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 13/219 Após ao nascimento as interações da criança com o mundo e com o seu próprio corpo tornam-se cada vez mais intensas. Acompanhar o desenvolvimento motor da criança é fundamental tanto para seu processo de maturação, crescimento, como para a aquisição e reorganização psicoló- gica. Este reconhecimento sobre o próprio corpo, como mordidas e agarradas nos pés, contemplação das mãos, entre muitos outros, será fundamental para que as crianças possam construir as ha- bilidades relacionadas ao seu desenvolvimento relacionado ao domínio motor, cognitivo e emo- cional. Ainda referente a este processo de desenvolvimento, podemos pontuar que O desenvolvimento físico normal é caracterizado pela maturação gradual do controle postural pelo desaparecimento dos reflexos primitivos, em torno de 4 a 6 meses de idade, como o reflexo de Moro; o reflexo tônico cervical assi- métrico (RTCA); o reflexo de Galant; os reflexos plantares; os reflexos orais e pela indução das reações posturais (retificação e equilíbrio). Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 14/219 Em uma avaliação dos reflexos primitivos torna-se relevante observar que, mesmo quando presentes na idade esperada, deve-se avaliar se a sua inten- sidade é adequada para aquela fase. De modo geral, estes reflexos primitivos estarão presentes durante os primeiros seis meses de vida, e serão paulati- namente inibidos, na medida em que padrões de endireitamento e de equi- líbrio forem surgindo. Assim, o desenvolvimento motor como processo gradativo de refinamento e integração das habilidades e dos princípios biomecânicos do movimento, de modo que o resultado seja um comportamento motor consistente e efi- caz. A eficácia é alcançada na prática de um comportamento. (CARVALHO, 2011, p. 13). Perceba que todo este processo será fundamental para o desenvolvimento integral da criança. Logo em seu primeiro ano de vida, o desenvolvimento das crianças (em sua maioria) é algo muito dinâmico. Este desenvolvimento, que também é cultural, implica em perceber que a criança começa a ma- nifestar suas primeiras predileções, tais como: o bebê que adora determinado brinquedo começa Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 15/219 a perceber diferentes formas de chegar até ele, e cada forma com maior eficiência, en- tão o bebê começa a se arrastar, mas logo depois percebe que pode engatinhar e che- gar mais rápido até o brinquedo; neste pro- cesso contínuo a exploração sobre o próprio corpo será cada vez mais intensa. O desenvolvimento das funções cognitivas será responsável por influenciar de forma dinâmica a estruturação do pensamento lógico. Para saber mais Recomendo que você leia a dissertação “O DE- SENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL DA CRIANÇA DE 0 A 1 ANO: ORIENTAÇÕES PARA PAIS E CUI- DADORES”. Disponível em: <http://web.unifoa. edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/ arquivos/37.pdf>. Acesso em 29 set. 2016. Gostaria de chamar a sua atenção que o de- senvolvimento motor e cognitivo da crian- ça não depende apenas de aspectos bioló- gicos, mas também dos estímulos sociais e afetivos. A seguir apresento uma imagem sobre o desenvolvimento de um aspecto da motricidade dos bebês. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 16/219 Figura 1 – O desenvolvimento do bebê em relação à psicomotricidade Fonte: http://psicfadeup.blogspot.com.br/2011/07/desenvolvimento-motor.html. Acesso em 29 de setembro de 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimentono processo de aprendizagem vivido na escola 17/219 Para Emmi Pilker, este processo de desenvolvimento da motricidade deveria ser livre, pois a ex- periência da criança faz com que ela amplie suas experiências e necessidades sobre o próprio corpo. Enquanto aprende a contorcer o abdômen, rolar, rastejar, sentar, ficar de pé e andar, (o bebê) não apenas está aprendendo aqueles movimentos, como também o seu modo de aprendizado. Ele aprende a fazer algo por si próprio, aprende a ser interessado, a tentar, a experimentar. Ele aprende a superar dificuldades. Ele passa a conhecer a alegria e a satisfação deri- vadas desse sucesso, o resultado de sua paciência e persistência. (PILKER, 1940, s/p) Em seus estudos, Pilker percebeu que a criança que se move em liberdade desenvolve autonomia e consciência corporal. Diferentemente de seus antecessores, ela refutou a ideia de que seria pa- pel do adulto “ensinar” à criança as posições para que ela pudesse se desenvolver. O movimento livre implica que a criança não necessita da intervenção direta do adulto, pois isto não será uma precondição para a aquisição dos diferentes estágios do desenvolvimento, do equilíbrio e do movimento em si. Para ela, o fundamental é que a criança esteja em um ambiente que possibilite Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 18/219 este processo de experimentação, que per- mita que a criança tenha iniciativa e reflita sobre o movimento e o corpo. Como você pode analisar, o processo de equilíbrio permite que ela explore seu pró- prio corpo, bem como vivencie todas as possibilidades de desenvolvimento. Um as- pecto que deve ser ressaltado é que a for- ma como as crianças descobrem o mundo é diversa, pois está relacionada a processos individuais e inscrita no contexto em que cada criança vive. Mas, observe que o cor- po-vida cria a ligação entre suas dimensões biológica, social e cultural. É dentro deste mesmo espectro que pensa- mos no corpo-vida e no corpo-infância de nossas crianças, onde a Educação Infantil é um lócus privilegiado para que a criança pos- sa realmente exercitar o seu momento de ser criança, e isto também implica aprendizagem corporal. Para Arroyo (2012), o corpo-infân- cia apresenta-se em constante disputa pelas Para saber mais Recomendo que você acesse os domínios sobre o desenvolvimento da criança. Disponíveis em: <http://www.efdeportes.com/efd144/edu- cacao-fisica-na-educacao-infantil.htm> < h t t p : / / p s i c f a d e u p . b l o g s p o t . c o m . br/2011/07/desenvolvimento-motor.html> Acesso em 29 set. 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 19/219 diferentes instituições, ou seja, o Estado, a escola, a família, a mídia, a religião expressa “marcas e tatuagens históricas das subjetivi- dades e coletivos sociais”. Lembre-se de que este é um corpo biológico e social e o profes- sor deve estar atento a este processo, para que possa compreender a criança como um ser integral. 2. Refletindo sobre os estágios de desenvolvimento humano Para que você compreenda o que são es- tágios do desenvolvimento, é necessário aprofundarmos nossa análise no processo do desenvolvimento humano, pois ele for- nece importantes referenciais para os edu- cadores da Educação Infantil. Aponto que a atual crítica sobre este referencial teórico está relacionada à questão de não compre- ender a criança em seu processo de subje- tivação e de formação enquanto sujeito so- cial. A Psicologia do Desenvolvimento exerceu forte influência sobre as propostas educati- vas ao longo do século XX no contexto bra- sileiro. Assim, apresentamos, na imagem a Para saber mais Recomendo que você leia o artigo “O corpo-in- fância nos “exercícios de ser criança” nas aulas de Educação Física na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental”. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/motri- vivencia/article/viewFile/2175-8042.2015v- 27n45p6/30213>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 20/219 seguir, dois teóricos dentro desse referencial teórico, Piaget (pirâmide da esquerda) e Gallahue (pirâmide da direita): Figura 2 – Pirâmides comparativas entre Gallahue e Piaget Fonte: O autor, adaptado de <http://www.efdeportes.com/efd193/relacao-entre- -gallahue-e-ozmun-e-piaget.htm>. Acesso em: 10 nov. 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 21/219 Para saber mais Piaget foi um grande estudioso do desenvolvimento humano. Em sua teoria ele subdividiu o desen- volvimento humano em quatro estágios. Para que você tenha maior conhecimento sobre ele, reco- mendo que acesse a reportagem sobre sua biografia. Disponível em: <http://www.portaleducacao. com.br/psicologia/artigos/53974/jean-piaget-biografia>. Acesso em 29 set. 2016. Para que possamos ser mais assertivos, neste capítulo vamos nos pautar nos dois primeiros es- tágios da pirâmide baseada em Piaget e nos três primeiros estágios na pirâmide baseada em Gallahue. Assim, observe o quadro a seguir, atente-se que apenas abordaremos as fases correspondentes às faixas etárias presentes na Educação Infantil: Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 22/219 Quadro 1 - Fases do desenvolvimento para Piaget e Gallahue Fase do desenvolvi- mento Piaget Características Fase do desenvolvi- mento Gallahue Características Sensório-motor (0 a 2 anos) A partir de reflexos neuroló- gicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato. Fase Motora Refle- xiva (0 a 1 ano) Período intrauterino aos 4 meses: Estágio de Codifica- ção de informações. De 4 me- ses a 1 ano: Estágio de deco- dificação das informações. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 23/219 Pré-operatório (2 a 7 anos) Denominado também como estágio da inteligência sim- bólica – pois a criança con- segue criar símbolos para representar os objetos e lidar mentalmente com eles. Ca- racteriza-se pela interiori- zação de esquemas de ação construídos no estágio ante- rior. Fase Motora Rudi- mentar (0 a 2 anos) Do nascimento até 1 ano: Es- tágio de inibição de reflexos. De 1 a 2 anos: Estágio de pré-controle. Fase Motora Funda- mental (2 a 7 anos) De 2 a 3 anos: Estágio inicial (02 a 03 anos) - primeiras tentativas de rea- lização dos movimentos. Estágios Elementar (04 a 05 anos) - aprimora-se a sincro- nização dos elementos tem- porais e espaciais, porém os padrões de movimentos são restritos ou exagerados. Fonte: O autor. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 24/219 Compreender estes estágios servirá para ser uma vertente dentro do planejamen- to escolar relacionado ao desenvolvimento motor, bem como para nos aproximarmos de algumas características que as crianças pequenas poderão apresentar ao iniciarem sua socialização dentro da Educação Infan- til. Gostaria de enfatizar que estes estágiosnão serão vivenciados de forma igual entre todas as crianças, até porque não podemos esquecer que elas possuem experiências múltiplas e características singulares. Conhecer os estágios do desenvolvimento é importante ao educador para que saiba quais os momentos que as crianças podem estar vivenciando. Mas, novamente enfati- zo que as fases do desenvolvimento não são um padrão, uma vez que os alunos possuem diferenças, até por estarem em estágios di- ferentes. Tani et al. (1988) afirmam que “pode-se di- zer que a ordem em que as atividades são dominadas depende mais do fator matura- cional, enquanto o grau e a velocidade em que ocorre o domínio estão mais na depen- dência das experiências e diferenças indi- viduais”. Como podemos perceber, dentro desta corrente teórica denominada de “De- senvolvimentista”, o fator ambiental é pre- ponderante em relação ao cultural. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 25/219 Dentro da linha desenvolvimentista, além dos estágios do desenvolvimento, é impor- tante ressaltar que o processo maturacional humano também está pautado nos seguin- tes itens: • Universalidade: Todas as crianças passarão por todas as fases de desen- volvimento; Para saber mais Go Tani é um estudioso da Educação Física, for- mado em Educação Física pela Universidade de São Paulo, com mestrado e Doutorado em Hi- roshima University. Dedica a sua vida em estudos da Educação Física voltados ao desenvolvimento humano. • Intransitividade: Considerar que o desenvolvimento pleno das aprendi- zagens em cada estágio é fundamen- tal para a consolidação dos estágios subsequentes e, ainda, que as carac- terísticas de cada período são incor- poradas de forma qualitativa nas eta- pas posteriores; • Crescimento: Aumento do tamanho e do volume da estrutura; • Desenvolvimento: Aperfeiçoamento e aquisição de novas funções. Segundo Rosa Neto (2002), o desenvolvi- mento da motricidade compreende: motri- cidade fina; motricidade global; equilíbrio; esquema corporal; organização espacial; organização temporal e lateralidade. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 26/219 Para Costa (2008, p. 6): O termo habilidade motora refere-se ao desenvolvimento do controle mo- tor, precisão e exatidão na execução dos movimentos fundamentais e es- pecializados. As habilidades motoras são desenvolvidas e refinadas até o ponto em que as crianças são capazes de utilizá-las com considerável fa- cilidade e eficiência dentro de seu ambiente. Até aqui, vocês tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o processo de desenvolvimento humano a partir de uma ótica desenvolvimentista. Isso significa que existe apenas esta análise? Logicamente que não! Como apresentado no início do capítulo, é apenas uma das múltiplas len- tes com as quais os educadores podem enxergar os seres humanos. É importante ressaltar que o desenvolvimento humano vai além das questões motoras, pois sa- bemos da relevância dos aspectos culturais sobre o processo de constituição de cada indivíduo. Assim, mesmo refletindo sobre um conteúdo que trata do trabalho com o corpo físico, é funda- mental pensarmos no ser humano como um todo integrado e não dicotomizado, o que implica refletir sobre seus aspectos constitutivos (pensar, sentir, agir), rompendo com um “olhar” mecâ- Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 27/219 nico sobre a criança e um ambiente esco- lar com o objetivo exclusivo de promover o bem-estar físico. Segundo Mattos e Neira (2002), a Educação Física vai muito além de uma determina- da disciplina presente no currículo, pois é considerada, hoje, um meio privilegiado, na medida em que abrange a pessoa na sua to- talidade. O caráter de unidade da educação por meio das atividades físicas é reconhe- cido como essencial para o desenvolvimen- Para saber mais Recomendo que você leia “As múltiplas lin- guagens na Educação Infantil”. Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp145. htm>. Acesso em 29 set. 2016. to pleno da criança. Chamo sua atenção em perceber que é pela compreensão do próprio corpo, de sua corporeidade, como apontado por Pilker e a motricidade livre, que a criança irá desenvolver os conceitos e o esquema corporal. Para saber mais Recomendo que assista ao vídeo que irá mos- trar o desenvolvimento motor da criança a partir de seus movimentos com liberdade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=- 48seR2DRrUw>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 28/219 Glossário Desenvolvimento motor: contínua alteração no comportamento motor, durante o processo permanente de aprender a mover-se com controle e competência, ao longo do ciclo da vida. Fases do desenvolvimento: Períodos nos quais os seres humanos passam em busca do seu de- senvolvimento por completo. Estímulos: Acontecimentos externos que favorecem o desenvolvimento das crianças. Questão reflexão ? para 29/221 Diante do que estudamos até aqui, você já percebeu que é importante (re)conhecer as crianças que nos chegam na Educação Infantil como seres humanos dotados de uma história de vida, que receberam inúmeros estímulos e estão vivenciando diversas fases de desenvolvimento. Assim, gostaria que você refletisse: qual a importância do professor na Educação Infantil conhecer os estágios de desenvolvimento compreendendo a criança como um sujeito histórico-cultural e de direitos? 30/219 Considerações Finais • Os educadores devem ser conhecedores de informações importantes sobre a trajetória de vida dos alunos até sua chegada à Educação Infantil. • Reconhecer o corpo como uma ferramenta poderosa de conhecimento do mundo faz com que o educador valorize o movimentar das crianças. • É fundamental conhecer e compreender os diferentes autores que estuda- ram as crianças e elaboraram fases de seu desenvolvimento. • Fazer relações entre o desenvolvimento humano e as características das crianças na fase escolar. Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 31/219 Referências ARROYO, Miguel G., SILVA, Maurício Roberto da (orgs). Corpo Infância: Exercícios Tensos de ser criança, por outras pedagogias do corpo. São Paulo, Editora Vozes, 2012. CARVALHO, M. V. P. O desenvolvimento motor normal da criança de 0 a 1 ano: orientações para pais e seus cuidadores. Dissertação de Mestrado. Fundação Oswaldo Aranha. Centro Universitá- rio de Volta Redonda: Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2011. COSTA, Anderson Dalla. Educação física escolar: uma abordagem desenvolvimentista. São Pau- lo, 2008 GARANHANI, Marynelma Camargo. O corpo em movimento na Educação Infantil: uma lingua- gem da criança. Universidade Federal do Paraná. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/ educere/educere2005/anaisEvento/documentos/pal/PAL001.pdf. Acesso em 13 out. 2016. GALLAHUE, D. L., OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, ado- lescentes e adultos. São Paulo, Phorte Editora, 2003. MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física Infantil: construindo o movi- mento na escola. Guarulhos, SP: Phorte Editora, 2002. PIAGET, Jean. O desenvolvimento do pensamento: equilibração das estruturas cognitivas. Lis- Unidade 1 • Crianças corpo-vida: trajetóriasda cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola 32/219 boa: Dom Quixote, 1977. PIKLER, E. What Can Your Baby Do Already? Hungary. English translation, Sensory Awareness Foundations’ Winter 1994 Bulletin. 1940. ROSA NETO, Francisco. Manual da Avaliação Motora. Porto Alegre: Artemed, 2002. SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992 TANI, G., et al. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988. Referências 33/219 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Crianças corpo-vida: Trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ bf8e44833d4ce671f7f6af902094208d>. Aula 1 - Tema: Crianças corpo-vida: Trajetórias da cultura corporal e relação corpo/movimento no processo de aprendizagem vivido na escola. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0ba- 10f5a0187857ada9ea1dc9d77f6db>. 34/219 1. Os estágios do desenvolvimento humano são: a) Estruturas rígidas onde todas as pessoas passaram da mesma forma. b) São estruturas que possuem relação com a vida das pessoas. c) São estruturas que não possuem relação com a vida das pessoas. d) São estruturas que servem como base de análise do desenvolvimento humano, onde todas as pessoas passarão por essas etapas. e) São suposições sobre o desenvolvimento sem fundamento teórico. Questão 1 35/219 2. O processo de desenvolvimento das crianças no primeiro ano de vida em sua maioria é: a) Muito lento em relação às outras etapas da vida. b) Muito rápido em relação às outras etapas, exceto em alguns casos específicos. c) Igual a todas as pessoas, não existem razões para ser diferente. d) Muito rápido em relação às outras etapas da vida e igual para todas as pessoas. e) Não existem pesquisas que tratam deste tema. Questão 2 36/219 3. Para Piaget, a fase sensório-motora ocorre entre o seguinte período da vida da criança: a) De 0 a 1 ano b) De 3 a 5 anos c) De 0 a 5 anos d) De 0 a 2 anos e) De 0 a 7 anos. Questão 3 37/219 4. Para Gallahue, a fase de 0 a 2 anos é denominada: a) Fase Motora Rudimentar. b) Fase Sensório-motora. c) Fase Motora Fundamental. d) Fase Motora Experimental. e) Fase Operatório Formal. Questão 4 38/219 5. Em uma análise do desenvolvimento humano a partir de uma linha desenvolvimentista, é importante destacar os seguintes quesitos: a) Universalidade, Criticidade, Crescimento e Desenvolvimento. b) Universalidade, Intransitividade, Crescimento e Cultura corporal do movimento. c) Universalidade, Intransitividade, Crescimento e Desenvolvimento. d) Universalidade, Intransitividade, Criatividade e Desenvolvimento. e) Universalidade, Interdisciplinaridade, Criatividade e Desenvolvimento. Questão 5 39/219 Gabarito 1. Resposta: D. De acordo com a bibliografia, todas as pes- soas passarão pelas etapas descritas, salvo casos onde existam limitações intrínsecas ou extrínsecas às pessoas. 2. Resposta: B. A fase de 0 a 1 ano é uma fase na qual o ser humano se desenvolve de forma muito di- nâmica, por exemplo, o fato de controlar os membros do corpo, sentar, engatinhar e até andar. 3. Resposta: D. De acordo com Piaget, a fase Sensório-mo- tora ocorre na vida da criança entre 0 e 2 anos. 4. Resposta: A. De acordo com Gallahue, a fase motora ru- dimentar ocorre na vida da criança entre 0 e 2 anos. 5. Resposta: C. A Universalidade, Intransitividade, Cresci- mento e Desenvolvimento são quesitos que devem ser levados em consideração no de- senvolvimento humano a partir da aborda- gem desenvolvimentista. 40/219 Unidade 2 Representação e comunicação sociocultural pelo movimento Objetivos 1. Compreender a importância da cul- tura no processo de desenvolvimento das crianças. 2. Trazer ferramentas para que os edu- cadores enxerguem as principais in- formações corporais que os alunos trazem. 3. Reconhecer a importância das carac- terísticas culturais trazidas pelos alu- nos como fundamentos para as ativi- dades. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento41/219 Introdução No item anterior, estudamos o desenvolvi- mento das crianças a partir de uma visão desenvolvimentista, mas também por uma perspectiva culturalista, que compreende a criança como um ser histórico, cultural, social e de direitos. Neste momento iremos aprofundar a nossa discussão compreen- dendo o desenvolvimento da criança em um contexto no qual o desenvolvimento da criança e do movimento vai além do ato motor, ou seja, o professor deve transgredir apenas as questões “físicas”, planejando com as crianças atividades que possam de- senvolver a criança em sua totalidade (cog- nitiva, afetiva social e motora). Para começar, é necessário refletir: quando você, educador, está em contato com uma criança (ou um grupo de crianças) brincan- do, jogando, dançando, sua observação in- dica um “olhar sensível” sobre o desenvol- vimento motor, no qual o brincar é um mo- mento privilegiado para o desenvolvimento infantil, isto é, você analisa o desenvolvi- mento da criança em termos de equilíbrio, força, flexibilidade, mas também em rela- ção à aquisição cada vez mais complexa da linguagem, dos processos de socialização e interação social, entre tantos outros. Ou seja, não estamos observando um sujeito em sua constituição integral e completa. Desta forma, observamos e planejamos vi- vências que vão além de apenas uma perna que chuta uma bola, uma mão que segura um carrinho ou uma boneca, ou um aglo- merado de ossos, articulações e músculos que dança. A partir de agora, você verá que Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento42/219 existem neste movimento humano, seja ele qual for, signos muito fortes, derivados de experiências advindas de sua cultura. E como deverá ser a comunicação com esta criança? A comunicação deverá ser afetiva, porque planejar experiências para as crian- ças engloba pensar em sua afetividade. O que implica em pensar em um corpo que adquire cada vez mais consciência corpo- ral e expressividade. Lembre-se de que este movimento é uma forma de estar e viver o mundo. A criança e suas relações culturais permi- tirão a ampliação do domínio corporal, da lateralidade e da dominância lateral, bem como a organização e orientação espaço- temporal, entre outros. Dentro deste pro- cesso, precisamos pensar em vivências para crianças que ficam deitadas, que sentam, que engatinham, que andam, pois para cada etapa será necessário compreender suas necessidades de aprendizagem, bem como os brinquedos e materiais mais adequados. 1. O papel da cultura na vida das crianças A criança, desde o momento de sua concep- ção, já está inserida em um contexto cultu- ral, logo ao nascer este processo ocorre por diferentes vieses. Como exemplo podemos imaginar situações como quando a menina nasce: em alguns casos, logo é colocado um enfeite de berço que remeta ao conteúdo simbólico do que é “ser menina”, por exem- plo, uma boneca, uma sapatilha de balé, etc. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento43/219 Já com os meninos acontece a mesma coisa, só que geralmente é colocada no berço uma chu- teira, uma bola, um carrinho, algum emblema de times de futebol, entre outros. Neste sentido, abordaremos a Educação Física como uma prática educativa que apenas orienta e ensina os sa- beres corporaisinstitucionalizados de forma mecânica e padronizada. Aqui gostaria de realizar uma conceituação importante, a cultura corporal ou a cultura corporal do movimento é representada por manifestações como: danças, lutas, jogos, esportes e brin- cadeiras que externalizam a motricidade humana, e este seria o objeto de estudo da Educação Física. Nessa concepção, a cultura não é só um conjunto de modos de vida, mas também práticas que expressam significados que permitem aos grupos hu- manos regular e organizar todas as relações sociais. Nessa perspectiva, toda e qualquer ação social expressa ou comunica um significado e, nesse sen- tido, são práticas de significação, o que indica que cada instituição ou ativi- dade social cria e precisa de um universo próprio, distinto, de significados e práticas, isto é, sua própria cultura (Neira, 2008, p. 06). Perceba que a cultura envolve aspectos materiais e imateriais do capital simbólico de uma so- ciedade. Por ser valorativo seu significado, bem como seus signos, depende das características Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento44/219 de cada agrupamento social, o que está re- lacionado com a variabilidade cultural. A cultura é, portanto, uma marca poderosa que acompanhará a criança por toda a sua vida. Os educadores que pretendam formar crianças de acordo com as suas necessida- des deverão obrigatoriamente atentar-se a estas questões tão importantes ao proces- so educativo. Desse modo, ações como brincar, dançar, jogar são formas de expressividade das crianças, em contextos educativos, onde o movimento exprime a cultura corporal de forma própria e singular. Devemos estar atentos que estas ações são intencionais e demonstram as representações que as crianças fazem do seu meio cultural, reple- to de sentidos, signos e significados. Este processo não é unilateral, ou seja, a criança não está apenas internalizando a cultura, mas ela está produzindo uma cultura de in- fância própria. Para saber mais Recomendo que você leia o artigo “REFLEXÕES ACERCA DO CONCEITO DE CULTURA”. Disponível em: <http://publicacoes.unigranrio.com.br/ index.php/reihm/article/viewFile/213/502>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento45/219 Para Gomes (2005), o corpo é um elemento-chave de aporte às práticas culturais, assim, o pla- nejamento do currículo da Educação Física, na Educação Infantil, exige que o professor compre- enda que seus conteúdos não são mecânicos, ou seja, lida com o conteúdo “basquetebol” ou “dança”, o objetivo não deve ser apenas chegar às formas institucionalizadas/codificadas de movimentar- -se nessas atividades, ou à conceitualização/teorização como ápice do processo de ensino e aprendizagem, porém, abrir espaço também para novas mensagens gestuais, imprevistas e inusitadas (GOMES, 2005, p. 37). Ao pensarmos no desenvolvimento das crianças, não estamos restritos à questão motora, mas às questões relacionadas à adaptação a um contexto social e cultural. Para saber mais Recomendo que você leia a reportagem “Como a cultura influencia no desenvolvimento da criança”. Dis- ponível em: <http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/06/como-cultura-influencia-no- -desenvolvimento-da-crianca>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento46/219 Chamo sua atenção para compreender que a linguagem corporal é uma manifestação da cultura. Por isto, pensar em um desen- volvimento motor com qualidade significa desenvolver as quatro capacidades moto- ras básicas, bem como dialogar com a pro- blematização sobre os aspectos culturais, privilegiando a construção da criança com autonomia e liberdade. 2. A cultural corporal e a cultura dentro da escola A escola não é apenas um prédio físico, mas uma instituição responsável pelo proces- so de socialização primária das crianças, portanto, para que realmente realize a sua missão educativa de formar seres humanos, é necessário o esforço dos gestores e edu- cadores em compreender sua função social na formação das crianças. Daólio (2004, p. 02) afirma que “cultura é o principal concei- to para a Educação Física”, uma vez que as manifestações culturais, como já apresen- tamos acima, são expressões das manifes- tações culturais. E, quando o professor que atua na Educação Infantil coloca isto em seu horizonte de análise, repensa formas de compreender sua prática pedagógica como complexa e relacionada às outras formas de conhecer e produzir o mundo. Daólio (2004, p. 3) ainda insiste que o pro- fessor de Educação Física não trabalha com o corpo ou o movimento de forma aprio- rística, ou seja, não atuamos com o “corpo em si” e tampouco como “o movimento em si”. “O que irá definir se uma ação corporal Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento47/219 é digna de trato pedagógico pela educa- ção física é a própria consideração e análise desta expressão na dinâmica cultural espe- cífica do contexto onde se realiza”. Assim, compreender o desenvolvimento motor da criança não pode remeter a uma perspecti- va tradicional e propedêutica, na qual inte- ressa somente a dimensão da eficiência do movimento, desconsiderando a sua cons- trução cultural, social, política e econômica. O movimento espontâneo da criança não é alvo de ser “corrigido”, “aperfeiçoado” ou “padronizado”, uma vez que dele depreen- de o processo de aquisição da autonomia da criança. Podemos refletir sobre as experiências cor- porais, tais como: colocar a criança em fren- te ao espelho para que ela possa se reco- nhecer e começar a criação do conceito de alteridade. Nesta direção também devemos nos reportar à afirmação de Daólio (2004, p. 10) de que “qualquer abordagem da Educa- ção Física que negue esta dinâmica cultural inerente à condição humana correrá o ris- co de se distanciar do seu objetivo último: o homem como fruto e agente da cultura. Correrá o risco de desumanizar-se”. Assim, um outro ponto crucial é refletirmos sobre o que é ser criança dentro dos dife- rentes contextos. Analise a afirmação de Galeano (1999, p. 30) Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento48/219 Dia após dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que se acos- tumem a atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem, desde cedo, como destino, a vida prisioneira. Muita ma- gia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças. Para o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (2002), em seu artigo 2º, “considera-se crian- ça, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”. Para saber mais Recomendo que você leia o ECA. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8069Compilado.htm>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento49/219 Assim, como você pôde perceber, ser crian- ça não se relaciona apenas com sua idade cronológica, mas tem relações intrínse- cas com o que é ser criança na cultura lo- cal. Logo, o professor deve saber que atuará junto a crianças com diferentes trajetórias de vida, mesmo que toda a turma tenha a mesma idade cronológica. O que nos leva a questionar: qual a necessidade de valorizar- mos o corpo na Educação Infantil? Se você respondeu que é muito significati- vo, estáem consonância com nossa discus- são, pois o corpo carrega a marca da cultura, pois os corpos-infantis, dependendo de seu contexto social, carregam marcas de discri- minação e violência das mais diferentes for- mas, como raça/etnia, gênero, classe social, entre tantas outras. De acordo com a LDB 9.394/96, em seu arti- go 29: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos FÍSICO, psicológico, intelectual e social, comple- mentando a ação da família e da comunida- de”. (Grifo nosso). Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento50/219 Além de compreender a criança como um ser cultural e valorizar seu corpo dentro da escola, é função da Educação Infantil ofe- recer espaço rico em estímulos para que as crianças possam se desenvolver da melhor forma. Para saber mais Recomendo que você leia a LDB e a Lei nº12.796/13, que criou a obrigatoriedade da ma- trícula das crianças com quatro anos completos na Educação Infantil. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm e em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em 29 set. 2016. A criança fora do contexto escolar anda, cai, chora, ri, bate, apanha, canta, assiste TV, corre, aprende brincadeiras, ensina brinca- deira, passeia, brinca, descobre o mundo e o (re)significa. Quando chega o horário da entrada na escola, é impossível que todo esse conhecimento prévio fique de lado, adormecido até a hora da saída. Na verda- de, esse conhecimento é o ponto de partida para grande parte das atividades realiza- das dentro da escola, sendo assim, é nosso compromisso a sua valorização. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento51/219 Então vamos lá, o que os educadores que atuam na Educação Infantil podem fazer para serem profissionais que respeitam o corpo e a cultura corporal do movimento dos alunos? Para começar a analisar as pos- síveis atuações, responda a uma pergunta: O que uma criança vê quando está no par- que da escola? Imagino que, provavelmen- Para saber mais É importante você, como educador, “passear” no entorno do seu local de trabalho. É fato que os entornos de algumas escolas não são nada convi- dativos, mas tenha esta experiência, você poderá analisar como é a real cultura em que seu aluno está inserido, e assim poder atuar melhor dentro da escola. te, você está respondendo: o escorregador, o banco de areia, a gangorra, as árvores, sa- las de aula, mesas e cadeiras, entre tantas outras coisas. Nada disso! A primeira regra é: não seja um educador “vidente”, não tente responder pelas crianças o que elas veem! A resposta para a pergunta acima é simples: Pergunte à criança! Segunda questão importante a ser trata- da, segundo Freire (1993), é abolir a famo- sa abordagem muito adotada nas escolas: “A metodologia do traseiro”, que, segundo o autor, funciona mais ou menos assim: a única relação importante que o educador valoriza no processo de aprendizagem dos alunos é a união das “nádegas” dos alunos com a “cadeira escolar”, isto é, se o aluno Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento52/219 está sentado e quieto: Fantástico! O educador está feliz, pois controla seu corpo, seu movimento, seus sentimentos e expressões. Controlar o corpo e o movimento é uma forma de controlar as ideias, os questionamentos... Métodos de confinamento e engorda. Aplicáveis indiferentemente a por- cos, vacas, galinhas e homens. Atesta-o a metodologia do traseiro, a mais cruel e frequente nas nossas escolas. Crianças confinadas em salas e car- teiras, mais imóveis que os bichos que já mencionei. Como se, para apren- der, fosse necessário o contato permanente do traseiro com a carteira. Mas, assim como os nazistas o sabiam, o sistema escolar também sabe. O corpo tem que se conformar aos métodos de controle, caso contrário, as ideias não podem ser controladas. (FREIRE, 1993, p. 114) Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento53/219 Desta forma, trago para você uma reflexão sobre um contexto prático. Para isto, vou me remeter à pesquisa de Neira (2008, p. 46-47) e à fala de duas professoras pesquisadas por ele sobre a prática da Educação Física no contexto escolar: É, não gostei do aquecimento, não do exercício em si, mas da minha co- locação. Eu estimulava o exercício, mas não controlava a turma. Estava no meio ao correr, tinha alunos atrás, não conseguia controlar e não tinha a certeza se estavam fazendo aquecimento. Para saber mais A metodologia do traseiro é um termo utilizado por João Batista Freire, em protesto a inúmeras escolas que negam o direito de movimento das crianças, valorizando apenas o que é produzido dentro da sala de aula, enquanto as crianças estão sentadas. Em seu texto “Métodos de confinamento (como fazer render mais porcos, galinhas, crianças...)”, Freire faz comparações entre as crianças e os demais animais, como vacas e porcos. Espero que este livro traga um “mal-estar” que instigue repensar as práticas docentes. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento54/219 Poderia acontecer alguma coisa e isto é fundamental do ponto de vista de organização da aula. Outra coisa que eu não gostei tem a ver com essa questão da organização da aula que é, na parte principal da primeira aula e mesmo na segunda aula, quando do exercício criei dois grupos que se confrontam quando poderia eventualmente criar três ou quatro grupos, isto é, para diminuir a fila de espera e aumentar o empenhamento motor (Profa. A). Não gosto quando eles se pegam, por exemplo, quero incutir uma regra, mas eles estão tão obcecados com outra coisa que apagam, começam aos berros uns com os outros. Eu estou sempre a dizer a mesma coisa, mas eles não compreendem. Eles desorganizam-se. Fazem um jogo assim, um bocado anárquico, faz-me confusão. Acho que é mais isso, a anarquia de- les e que eu devo também interferir. É obrigação (Profa. B). É necessário valorizar o movimento humano em sua beleza e totalidade, utilizando-o como fer- ramenta de aprendizagem. Outra questão importante a ser analisada vai além da bibliografia educacional, mas também está relacionada ao corpo. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento55/219 A expressão “o corpo fala”, de Weil e Tom- pakow (1980), deve servir de perspectiva para a observação docente, ou seja, uma forma de exercício de seu “olhar sensível” e que permeia a avaliação diagnóstica do que é ser criança, suas formas de se expressar, suas brincadeiras, suas formas de falar, de brincar, enfim, de todos os indícios de nossa prática pedagógica junto aos alunos. Por último, reflita que quando as crianças estão em movimento, o educador não pode “colocar suas experiências de criança como a experiência correta aos alunos”. Muitos educadores fazem questão de dizer aos seus alunos o que é ser criança, dar pales- tras sobre do que as crianças brincam, entre outros. Mas, qual o risco dessa prática? • Atribuir conceitos do que é “ser me- nino e ser menina”, esquecendo que este é um momento de experimenta- ção e construção das representações sociais. Muitos autores se debruçam sobre este tema, como Daniela Finco e Ana Lúcia Goulart. Para saber mais Recomendo que você leia o artigo “Crianças no tempo presente: a sociologia da infância no Brasil”. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0103-73072012000200017>. Acesso em 29 set. 2016. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento56/219• Valorização apenas das atividades que o educador realizava e que propõe para os seus alunos. • Transferir seus medos de criança, por exemplo, quando o(a) professor(a) era aluno(a), em uma determinada brin- cadeira quando era aluno(a), caiu e se machucou; resumo: nenhum aluno pode realizar essa atividade porque é “extremamente perigosa”. Como já apontamos, o corpo é uma das maiores pontes entre a criança e o mundo, então, em momentos de brincadeiras, jogos, danças e fantasias, as crianças apresentam o que para elas é o importante, esta deve ser a premissa para o nosso trabalho com elas. Observar, compreender e valorizar a crian- ça e seus movimentos não significa pos- tular que exista uma “melhor forma de ser criança”, mas de estimar a comunicação so- ciocultural dos alunos. Este processo exige um empenho do educador em despir-se de preconceitos, com o objetivo de enriquecer o processo de desenvolvimento psicomotor e cultural das crianças, oferecendo uma es- cola de Educação Infantil rica de estímulos e, acima de tudo, com significados ao aluno. Inúmeros referenciais propõem que a escola seja uma extensão do que acontece fora da escola, mas ainda nós, educadores, insisti- mos em transformá-la em um lugar à parte do mundo. É importante que os educadores observem as crianças com todos os seus sentidos, para forjarmos estratégicas ped- agógicas que permitam que elas constru- Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento57/219 am sua autonomia, criticidade, de forma a compreender e intervir na realidade em que estão inseridas, construindo uma rede de significados em torno do que se aprende na escola e do que se vivencia fora dela. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento58/219 Glossário Cultura corporal: Significados corporais construídos a partir de experiências vividas pelo ser hu- mano de acordo com sua cultura. Desenvolvimento integral: Físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Avaliação diagnóstica: Avaliação com o objetivo de avaliar as principais características corpo- rais e culturais dos alunos a fim de ter informações importantes para guiar o processo educativo. Questão reflexão ? para 59/221 Daólio (2004) salienta que o conceito de “cultura” é o principal conceito dentro da Educação Física. Assim, re- fletindo sobre a abordagem da cultura corporal, indique quais são os principais pontos que necessitam ser con- siderados no processo educativo. 60/219 Considerações Finais • Desde quando nascem, já são embutidos nas crianças significados da cultura corporal do movimento sobre o que é ser menino e menina. • Na escola, não existem apenas corpos em movimento, mas signos culturais importantes impregnados neste corpo, onde um movimen- to nunca é isolado a ele. • Analisar e valorizar a “visão” que a criança possui dos fatos e signifi- cados acima de qualquer pré-conceito do educador, evitando assim distorções no processo educativo. • Observar, compreender e valorizar as questões da cultura corporal do movimento trazidas pelos alunos não significa concordar, mas com- preender isso como mecanismo propulsor de conhecimento. Unidade 2 • Representação e comunicação sociocultural pelo movimento61/219 Referências BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. _______ Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. DAÓLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. FREIRE, João Batista. Métodos de confinamento (como fazer render mais porcos, galinhas, cri- anças...). In: MOREIRA, W. W. (org) Educação física e esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, p. 109-122, 1993. GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo às avessas. Rio de Janeiro: LP&M, 1999. GOMES, S. (et. alli.). Expressão corporal e linguagem na Educação Física: uma perspectiva semióti- ca. Revista Mackenzie da Educação Física e Esporte, São Paulo, p. 29-38, 2005. NEIRA, M. G. A Educação Física em contextos multiculturais: concepções docentes acerca da própria prática pedagógica. Currículo sem Fronteiras, v. 8, n. 2, pp. 39-54, Jul/Dez, 2008. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal: SP: Vozes, 1980. 62/219 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Representação e comunicação sociocultural pelo movimento. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/9e9ae62d2d58da358db02f76f09a81f1>. Aula 2 - Tema: Representação e comunicação sociocultural pelo movimento. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 25d94bfda117a85092b91625c96684fe>. 63/219 1. De acordo com a sua leitura, contexto social é considerado: a) A análise da realidade de um determinado grupo a partir de relatórios emitidos pela escola. b) Informações obtidas por órgãos oficiais como IBGE, a fim de relatar situações de risco vividas pelas crianças. c) Análise da realidade a partir de informações obtidas pelos educadores e escola como um todo, a partir do cotidiano escolar, com o objetivo de conhecer a realidade dos alunos. d) Avaliação das necessidades básicas do público atendido pela instituição escolar em entre- vistas agendadas com a família dos alunos e comunidade do entorno. e) Textos elaborados com análises das principais características sociais dos alunos, analisando as diferentes realidades que vivemos no Brasil. Questão 1 64/219 2. De acordo com a LDB 9.394/96, educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral a partir do desenvolvimento: Questão 2 a) Físico, psicológico, intelectual e social, complementando com noção de higiene pessoal. b) Físico, psicológico, intelectual e social, complementando com a ação da família e da comu- nidade. c) Físico, psicológico, intelectual e social, complementando com noções lógico-matemáticas. d) Físico, psicológico, intelectual e social, complementando o letramento. e) Físico, psicológico, intelectual e social, complementando com o ensino das artes. 65/219 3. Item fundamental para compreender uma criança é conhecer suas percepções sobre as coisas. De acordo com o texto, a melhor maneira de identificar o que uma criança vê é: Questão 3 a) Aplicar uma ficha de anamnese. b) Análise do portfólio apresentado pelos educadores dos anos anteriores. c) Avaliar a criança em movimento, de preferência com outros dois educadores, para evitar única opinião. d) Perguntar à criança o que ela vê. e) Não existem ferramentas consistentes para analisar casos como estes. 66/219 4. A expressão “o corpo fala”, de acordo com o texto, significa: Questão 4 a) Que a partir de suas formas de se expressar, mesmo sem saber se comunicar verbalmente, a criança fala a partir de seu corpo. b) Os sons emitidos por diferentes partes do corpo, a partir de diversas acústicas, são maneiras de experimentar o seu corpo. c) O corpo fala, mesmo sem a comunicação verbal, por exemplo, uma criança senta de uma determinada maneira, isso já identifica sua opção sexual. d) As crianças que conseguem falar o nome das principais partes do corpo têm maiores chan- ces de conhecê-lo e utilizá-lo da melhor forma. e) A fala deve ser acompanhada com muito cuidado, pois a partir dela as crianças se comuni- cam com o mundo. 67/219 5. O ponto de partida para a realização de atividades corporaiscom crianças da Educação Infantil é: Questão 5 a) A experiência e formação do educador. b) Análise das estruturas físicas das crianças para que não aconteçam acidentes. c) Avaliação inicial por pesquisas realizadas com o conselho de escola, a partir das expectativas da comunidade. d) A partir da experiência das crianças, criando uma conexão com sua cultura corporal do mo- vimento. e) A partir do plano de ensino criado no início do ano. 68/219 Gabarito 1. Resposta: C. A análise do contexto social dos alunos pos- sui maior valor quando realizada pelas pes- soas envolvidas no dia a dia das crianças. 2. Resposta: B. Alternativa correta a partir das Informa- ções contidas na Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. 3. Resposta: D. Os educadores precisam compreender os significados do que as crianças veem em seu dia a dia, desta maneira podemos aten- dê-las da melhor forma, caso contrário tra- balhamos apenas com suposições. 4. Resposta: A. A comunicação humana não existe apenas pela fala, o corpo humano se comunica de outras formas, por exemplo, por gestos e olhar. 5. Resposta: D. É importante que os educadores valorizem a cultura corporal do movimento como pon- to de partida para os demais aprendizados, pois a partir disso as crianças podem atri- buir maiores significados ao aprendizado. 69/219 Unidade 3 As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica Objetivos 1. Compreender qual a importância das diferen- tes formas de expressão no desenvolvimento das crianças. 2. Identificar as principais características das brinca- deiras, jogos, esportes, lutas e ginástica nas ativi- dades corporais dentro da Educação Infantil. 3. Reconhecer as atividades como ferramentas para potencializar o aprendizado, valorizando a cultura e o desenvolvimento integral dos alunos da Edu- cação Infantil. Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica70/219 Introdução Até este momento discutimos sobre a im- portância do movimento humano para a criança, especialmente refletindo sobre este processo relacionado à Educação In- fantil. Compreendemos que esta criança é um ser ativo, capaz e protagonista que está em amplo processo de formação tan- to biológico como social/cultural. E será o binômio biológico-cultural que significa os movimentos da/para a criança. O papel do educador é perceber e identificar em seu dia a dia estes signos importantes e incorporá- -los em práticas significativas com as crian- ças. Dentro da escola possuímos inúmeras ma- nifestações culturais e esportivas que ca- minham lado a lado ao desenvolvimento da criança. Segundo Neira (2008), “esse patri- mônio histórico-cultural se fixou pelas ex- pressões hoje conhecidas por brincadeiras, esportes, ginásticas, lutas e danças, entre outras”. Agora você conhecerá diferentes formas de expressão do corpo das crianças, como brincadeiras, jogos, ginásticas e lutas, e relacionando-as às diferentes formas de abordar as brincadeiras, os jogos, a ginásti- ca e as lutas dentro da escola. O intuito desta discussão é que você conhe- ça seus alunos, como eles aprendem, qual o estágio do desenvolvimento em que estão e o que é significativo a eles, pois esse será o ponto de partida. A ideia é que você não fique preso às brin- cadeiras, jogos, ginástica ou às lutas, mas Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica71/219 que possa utilizar este conhecimento no trabalho de outras abordagens corporais com seus alunos. 1. A importância das expressões na Educação Infantil Este capítulo utiliza o termo “expressões” porque os jogos, as brincadeiras, as ginás- ticas, as lutas e as demais manifestações corporais apresentam diferentes formas de expressão corporal, enriquecendo o acervo dos pequenos alunos. Ao mesmo tempo em que são apresenta- das aos alunos atividades de cunho espe- cífico, é importante ressaltar que o objetivo da Educação Infantil não é “ensinar”, “dida- tizar” conteúdos de forma específica, mas proporcionar um espaço rico e diversificado de estímulos aos alunos, com vivências sig- nificativas para que as crianças possam se desenvolver. Dessa forma, é importante, antes de tudo, situar e embasar a prática, pois quando o conteúdo é olhado de maneira fria, é pos- sível que o observador julgue que é preciso apenas reproduzir elementos das brinca- deiras, dos jogos, das ginásticas e das lutas. Quando o educador se vê na “obrigação” de cumprir com os preceitos das formas de ex- pressão do corpo, então pode recair em si- tuações tais como: Reproduzo jogos que me eram significativos na minha época escolar. • Reproduzo danças e coreografias da Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica72/219 moda ou do meu repertório musical, ou ainda apenas são abordadas em datas comemorativas. • Apresento uma modalidade de lutas de uma pessoa que eu conheço, des- sa maneira “me livro” desse item tão complexo. • As brincadeiras ficam reservadas aos momentos livres dos alunos (parque, recreio). • Ginástica? Eles já fazem muita quan- do brincam, ou pior ainda, o(a) edu- cador(a), com muita força de vontade, mas sem muito efeito, propõe séries de exercícios que são aplicados aos adultos nas academias e locais simi- lares. Para Neira (2008), é função social da Edu- cação Física escolar proporcionar ao aluna- do das diferentes etapas de escolarização uma reflexão pedagógica sobre o acervo das formas de representação simbólica de diferentes realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente de- senvolvidas. Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica73/219 As brincadeiras, jogos, lutas, ginástica são muito importantes para o desenvolvimento dos alunos, mas não devem ser abordados como um fim em si mesmos. É importante compreender que são saberes necessários para que cheguemos aos nossos objetivos, ou seja, o ato de criação por parte das crian- Para saber mais Marcos Garcia Neira é professor de Educação Fí- sica, professor da Universidade de São Paulo. Neira defende que nos tempos atuais, a principal função dos professores, sejam eles de Educação Física ou demais áreas, não é mais desenvolver chutes ou lançamentos, mas sim a análise e refle- xão sobre as produções humanas que envolvem o movimento. ças, que não se coloca como mera reprodu- tora de movimento e atividades alienadas, ao contrário, torna-se um meio de apropria- ção destes saberes. O objetivo do educa- dor é que seus alunos se reconheçam, bem como reconheçam os colegas como impor- tantes no seu dia a dia. Ao analisarmos os conteúdos específicos da dança no trabalho com as crianças, en- contraremos a coreografia, a consciência corporal, o condicionamento físico, mas também questões fundamentais como am- pliação de repertórios, improvisação, a lu- dicidade, a formação estética, simbólica e cultural. Neste sentido, a criança vivencia a cultura como uma forma de expressão das relações que estabelece com o próprio cor- po e com o corpo do outro, expressando em Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica74/219 seus movimentos suas emoções e suacul- tura. No tocante aos aspectos da psicomotrici- dade, a maturação fisiológica permitirá que o movimento se torne cada vez mais com- plexo, especialmente no que concerne ao ritmo, às posições, à autoimagem, permi- tindo uma melhor percepção dos objetos e do próprio espaço. A dança ajudará no desenvolvimento de funções como: a) Esquema corporal: o qual ajuda na formação da representação da ima- gem que a criança possui sobre seu corpo. Salientamos que a relevância da construção do esquema corporal está diretamente relacionada aos mo- vimentos do corpo, mas também da capacidade de agir com o corpo. Uma criança com uma formação adequada do esquema corporal terá reflexos em aspectos como sua grafia, leitura ex- pressiva e harmoniosa, ritmo e cadên- cia no ato da leitura de textos; b) Equilíbrio: o desenvolvimento desta função encontra-se relacionado às aptidões estáticas e dinâmicas, como controle da postura e aquisição da lo- comoção e sustentação; c) Organização Latero-Espacial: a fun- ção da lateralidade será responsável pela função da dominância do ato motor e na consolidação das praxias, organizando de forma adequada suas atividades motoras globais; d) Ritmo: será responsável pela organi- Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica75/219 zação periódica dos atos motores, influenciando diretamente na capacidade de organiza- ção espacial da criança. O ritmo marca diversas atividades humanas, desde o caminhar, até o próprio ato de dançar. Isso não significa que todas as atividades devem ser direcionadas, pois o brincar livre é uma ex- pressão da linguagem e da cultura produzida pela criança, bem como da liberdade em relação ao seu próprio corpo. Esta expressividade perpassa a autonomia que a criança adquire gradual- mente, a qual é imprescindível ao seu desenvolvimento. Perceba que aqui estamos lançando mão de conceitos oriundos da chamada Psicomotricidade Relacional, a qual pode ser definida como aquela que acredita que o corpo não é essencialmente cognição, mas também o lugar de toda sen- sibilidade, afetividade, emoção da relação consigo e com o outro. É visto como lugar de prazer, de desejo, de frustração e de angústia. Lugar de lem- branças de todas as emoções positivas e negativas vividas pela criança em relação com os outros, particularmente, com as figuras parentais. (VIEIRA; BATISTA; LAPIERRE, 2004, p. 27), Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica76/219 A Psicomotricidade Relacional é compreen- dida como uma ferramenta para a interven- ção pedagógica junto ao desenvolvimento infantil. O conceito de ferramenta é muito utilizado no mundo educacional, pois re- força que existe um objetivo maior, onde as atividades são instrumentos para que os educadores possam chegar ao seu objetivo. Outra analogia feita em relação ao termo Para saber mais Recomendo que você leia o artigo a seguir para conhecer mais sobre a Psicomotricidade Rela- cional. Disponível em: <http://www.pucpr. br/eventos/educere/educere2008/anais/ pdf/317_152.pdf>. Acesso em 30 nov. 2016. “ferramenta” é que uma ferramenta não faz nada sozinha, mas depende de alguém que saiba usá-la para cumprir a sua função; sendo assim, educadores que conhecem sobre o que estão tratando conhecem as diferentes ferramentas para chegarem aos seus objetivos. As lutas, além de trabalharem as funções motoras acima mencionadas, também permitem que as crianças tenham acesso a esta construção cultural de nossa socie- dade. Além de permitirem reflexões sobre a diferença delas em relação a questões as- sociadas à violência. Para Neira (2008), são consideradas temá- ticas de ensino todas as manifestações da cultura corporal: os esportes midiáticos, os esportes radicais, as danças folclóricas e ur- Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica77/219 banas, as brincadeiras infantis, os videoga- mes, as lutas, as artes marciais, as ginásticas construídas e a variedade das formas expres- sivas dessa modalidade, entre tantas outras. Por último, devemos salientar que a ginás- tica também cumpre uma função educativa importante, à medida que atividades como pular, correr, rolar, saltar, balançar, escalar, equilibrar, rastejar, girar são fundamentais para o seu desenvolvimento. Lembre-se de que a criança constrói o seu pensamento a partir da experimentação corporal, logo, a vivência motora é essencial para a constru- ção do sujeito em sua integralidade. 2. As ferramentas do desenvolvimento psicomotor das crianças Antes de seguirmos, gostaria de ressaltar que o objetivo desta discussão não é dar “receitas” prontas de como se trabalhar com as brincadeiras, jogos, ginástica e as lutas nas escolas, até porque, conforme você já percebeu, a didática relacionada a Link A importância dos jogos e Brincadeiras na Educa- ção Infantil. Disponível em: <https://www.you- tube.com/watch?v=1RpVz2e5Bq8> Acesso em: 10 nov. 2016. Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica78/219 estas temáticas dependerá do contexto ed- ucativo no qual você esteja inserido e das próprias crianças que serão protagonistas deste processo. Em contrapartida, também não é possível apenas apresentar infor- mações aos alunos, sem proporcionar a eles subsídios para a sua prática. Utilizando a brincadeira, jogo, luta, ginásti- ca, além das outras manifestações corpo- rais existentes, é muito importante que o ponto de partida seja a sondagem do que é significativo às crianças, por exemplo: se você atua em uma instituição onde algu- mas brincadeiras populares são significati- vas para o público, como o pular corda, qual atividade utilizará como ferramenta de en- sino? Esperamos que você diga: “corda”! Isso não significa que as crianças não ten- ham a oportunidade de aprender e vivenciar outras atividades, pelo contrário, é nosso dever ampliar o repertório motor e cultur- al de nossos alunos, mas sempre atentando ao que é significativo para eles. Para saber mais O repertório motor está intimamente ligado à ex- periência motora das crianças. Para o educador “ajudar” a criança a possuir um robusto reper- tório, é importante proporcionar que os espaços sejam ricos em desafios, que as crianças possam conviver com os colegas e possam ter momentos para criar o seu próprio conhecimento. Unidade 3 • As diferentes formas de expressão do corpo e sua construção histórica: o brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica79/219 Ainda pautado na brincadeira de corda, no dia a dia das crianças na escola, a brinca- deira pode ser realizada como um fim em si mesma ou como ferramenta pedagógica que leva a determinado ponto. Só relembrando: esta proposta atende às diferentes fases do desenvolvimento hu- mano? Lembre-se, existem inúmeras car- acterísticas que são levadas em consider- ação, como questões familiares, culturais, religiosas. Sendo assim, alguns exemplos abaixo acabam por se dissolver na rotina de uma escola. Vamos lá: a mesma corda, para as crianças de até dois anos, pode ser uma ferramen- ta de exploração, algo que “os pequenos” podem pegar, puxar, se pendurar, bater, ou seja, usar o seu próprio corpo. Pode ser uma ferramenta para conhecer os diferentes planos (alto, médio e baixo), ou reproduzir as brincadeiras populares da sua região. Link Conheça diversas