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SETE POVOS DAS MISSÕES Profa. Ma. Márcia Carbonari Os indígenas que viviam nas terras onde hoje é o Rio Grande do Sul, antes da chegada dos europeus, pertenciam a três grupos: os guarani: A nação guarani ocupava desde o litoral até a fronteira oeste e parte da fronteira norte do Estado do RS. Formava a maior população indígena do nosso Estado; os jê: habitavam parte norte junto a Santa Catarina; os pampeanos: se localizavam ao sul junto do Uruguai (Charruas e Minuanos). Os indígenas que viviam nas terras onde hoje é o Rio Grande do Sul, antes da chegada dos europeus, pertenciam a três grupos: os guarani, os jê e os pampianos. Os guarani ocupavam o litoral, a parte central até a fronteira com a Argentina, os jê habitavam parte norte junto a Santa Catarina e os pampianos se localizavam ao sul junto do Uruguai. CONTRA REFORMA OU REFORMA CATÓLICA Nome dado ao movimento criado no seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517, que questionava a estrutura eclesiástica e doutrinária. Como resposta, em 1543, a Igreja convocou o Concílio de Trento (funcionou de 1545 -1563). Que estabeleceu: Retomada do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição); Criação de uma lista de livros proibidos (Index) Incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo; Criação de novas ordens religiosas dedicadas a essa empreitada. Outras medidas incluíram a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e seminários e a proibição das indulgências. A COMPANHIA DE JESUS A partir da Contra-Reforma surgiram novas ordens religiosas, entre elas a Companhia de Jesus. Ela foi criada em 1534, por inspiração de Ignácio de Loyola. Os Chamados Jesuítas consideravam-se os “soldados de Cristo” e tinham por missão, inicialmente, combater a expansão do protestantismo. Os jesuítas organizaram-se em moldes quase militares e fortaleceram a posição da Igreja dentro dos países europeus que permaneciam católicos. Criaram escolas, onde eram educados os filhos das famílias nobres; fundaram colégios e missões para difundir a doutrina católica nas Américas e na Ásia. ATUAÇÃO DOS JESUÍTAS EM 2 CAMPOS PRINCIPAIS CRIAÇÃO DOS COLÉGIOS NA EUROPA MISSÕES DE EVANGELIZAÇÃO E EDUCAÇÃO NO “NOVO MUNDO” No final do século XV, os portugueses e espanhóis chegaram ao continente americano e para reduzir disputas por terras fizeram um acordo conhecido como Tratado de Tordesilhas que dividia a América em duas (substituiu a Bula Inter Coetera) A Companhia de Jesus recebeu uma honrosa missão: “integrar as novas terras e os seus nativos ‘selvagens’ ao mundo cristão e civilizado, a serviço da fé e do Império”. Os jesuítas percorreram áreas habitadas pelos índios e consolidaram a presença da Igreja contribuindo para a implantação do império colonial. As primeiras visitas para converter os índios foram chamadas de missões, na qual os padres catequizavam os índios. Os primeiras jesuítas chegaram ao Brasil em 1549; Já na região do Prata, o primeiros jesuítas espanhóis chegaram por volta de 1610; Tratado de Tordesilhas - 1494 Expansão de Fronteiras Tratado de Tordesilhas (1494) – linha imaginária como referencia meridiano de Tordesilhas; União Ibérica (1580-1640) – em 1578 o rei Português D. Sebastião morre, ocasionando uma crise de sucessão no trono português. O Cardeal Dom Henrique assume, mas também morre. Assim, o rei espanhol Filipe II, tio de Dom Sebastião, assume as duas coroas. Demarcação desnecessária 1680 - Fundação da Colônia do Sacramento por Portugal; Expansão da presença luso-brasileira na fronteira sul; Avanços de colonos luso-brasileiros: Bandeirantes Jesuítas Pecuaristas A 1º etapa das reduções jesuíticas No início do século XVII, padres da Companhia de Jesus chegam no território sulino para organizar um sistema de Missão/Redução, no qual os índios a serem catequizados deveriam ser organizados em povoações concentradas, livres dos fazendeiros espanhóis, e que só dependessem do Rei. Nasciam, assim, as cinco Frentes Missionárias da Antiga Província Jesuítica do Paraguai, denominadas: Guayrá (Paraná); Paraguay (Paraguai); Itatim (Mato Grosso do Sul); Uruguay (Brasil-Uruguai); Tape (Rio Grande do Sul). As missões ou reduções pela fé pode ser vista de duas formas: processo de aculturação pela conversão a fé católica europeia; mas também como uma forma de “proteção” e resistência as investidas do “colonizador”. Embora outras etnias indígenas fizeram parte, os guaranis compunham a maioria da população aldeada. As reduções jesuíticas ou missões jesuíticas eram agrupamentos indígenas com um regime próprio de organização, com produção econômica eficiente ( criação de gado, erva-mate, pomares, agricultura) e atividades culturais como música, dança, arquitetura (viviam nestas reduções cerca de 3 a 6 mil indígenas e 1 ou 2 padres) 1º redução Em 1626, o padre Roque Gonzalez fundou a redução de São Nicolau e nos dez anos seguintes criou mais dezessete e entre elas a antiga São Miguel; Foram fundados 18 povos missioneiros; 1- São Nicolau- ano de 1626 2-São Francisco Xavier- ano de 1626 3-Candelária-ano d e1627 4-Candelária-ano de 1628 5-Assunção-ano de 1628 6-Caaró- ano de 1628 7-Apóstolos-ano de 1631 8-São Carlos-ano de 1631 9-São Tomé-ano de 1632 10-São Miguel- ano de 1632 11-Cosme e Damião-ano de 1632 12-Santa Tereza-ano de 1632 13-São José-ano de 1633 14-Natividad-ano de 1633 15-São Joaquim-ano de 1633 16-São Cristóvão-ano de 1633 17-Santana-ano de 1633 18-Jesus Maria-ano de 1633 A linha vermelha é o caminho dos bandeirantes em 1635; Redução de Santa Teresa Passo Fundo Segundo o autor Jorge Cafruni, na obra Passo Fundo das Missões, de 1966, a redução de Santa Tereza foi fundada pelo jesuíta Francisco Ximenes, em 1632, aproximadamente no local hoje conhecido como Rincão do Pessegueiro, no atual município de Passo Fundo. Segundo Cafruni: “No decurso de 1 ano , reuniram-se 800 famílias, tendo a escola 600 meninos. Foi um agrupamento feliz de grande fartura, dividindo suas provisões alimentares com outros núcleos necessitados, conseguindo os missionários, sem grandes esforços, que fosse abandonado o uso do tembetá, que tanto deformava o lábio inferior”. (p.170) A bandeira que destruiu a Redução de Santa Tereza era liderada pelo bandeirante paulista, André Fernandes, que possuía cerca de 250 homens e chegaram vindos de Vacaria. Naquele período, a redução já contava com aproximadamente 4.000. Estes foram aprisionados e a redução destruída. Ano 1637. “As terras hoje passo-fundenses, nos séculos XVII e XVIII, constituíram-se em território missioneiro. Relatos Históricos corrobaram essa assertiva. No relatório ao Superior Geral em Espanha, o provincial Jesuíta, Padre Pedro Romero refere a Redução de Santo Tereza, "fundada sobre as cabeceiras do rio Ygai" (rio Jacuí). Duzentos anos após (1840), o revolucionário Giuseppe Garibaldi anotou em seu diário: "Tendo passado os matos, atravessamos a povoação das Missões", referindo-se a sua passagem, durante a Guerra dos Farrapos, pelo povoado que é, hoje, a cidade de Passo Fundo. No natal de 1632, os jesuítas Romero, Mola e Ximenez, fundaram, sob a invocação de Santa Tereza d'Avila, uma missão catequética, em terras do grupo de índios tapes liderados pelo Cacique Guaraé. Por localizar-se próxima ao rio denominou-se Santa Tereza do Igaí, sendo também conhecida por "Curiti" ou "de Los Piñales". Em 6 de agosto de 1633, o cura da redução, Pe. Francisco Ximenez transferiu a missão para o lugar hoje conhecido como Rincão do Pessegueiro (no Pulador). om a Redução de Santa Tereza os jesuítas introduziram na região o gado vacum, caprinos e suínos, iniciando também a exploração da erva-mate. No natal de 1637, o paulista Andre Fernandes atacou a Redução, que contava com cerca de 4000 indígenas aldeados, transformando-a no arraial bandeirante do Igaí. Por quase meio século manteve-se aí uma base de apoio às incursõesbandeirantes no extremo sul do território português. Em 1687 (período dos Sete Povos), os Jesuítas retornaram à região encontrando, nos campos de Passo Fundo, cerca de vinte mil vacas alçadas. Para cuidar da "vacaria" estabeleceram uma guarda granítica na área, fixando-a na primeira sede da redução. Para a exploração dos ervais montaram um carijó junto ao passo do Rio da Várzea (no Pulador). Em 1713 transferiram o gado para os campos de cima da serra, dando origem à Vacaria dos Pinhais, marco primordial da pecuária do Rio Grande do Sul.” REDUÇÃO DO CAARÓ – Martírio do Pe. Roque Gonzales Em 1628, alguns caciques decidiram lutar e expulsar os jesuítas quando da organização das reduções do Caaró e Assunção de Ijuí. 3 jesuítas foram mortos: Roque González, Afonso Rodrigues e João de Castilhos. Hoje no local foi construída a capela dos Santos Mártires, dentro do território do município de Caibaté, a 14 km da cidade. . Bandeiras Bandeiras: chamavam-se "bandeiras" as expedições dos paulistas ,que tinham diversas finalidades, ou melhor , três finalidades: 1-Bandeira de preador: visava aprisionar indígenas para vende-los como escravos para trabalhar nas lavouras de café e cana de açúcar em São Paulo., 2-Bandeira de prospector: procurava metais preciosos, ouro, prata; 3-Bandeira de Sertanista Contrato: visava combater os indígenas e os quilombolas; Batalha do Mbororé - 1641 Na batalha Mbororé os guaranis lutaram com bandeirantes, mas mesmo vencendo, padres e índios se mudaram para a margem direita do Rio Uruguai. Deixaram o gado que trouxeram de lá se reproduzir livremente, dando origem a Vacaria del Mar, hoje é a área de pecuária do Rio Grande do Sul e da República do Uruguai. Os setes povos Depois de 40 anos os jesuítas e os índios começaram a retornar para suas antigas terras. Retomaram a posse do território espanhol e fundaram o chamado 7 povos das missões. São eles: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, Santo Ângelo Custódio. Os 30 povos https://www.youtube.com/watch?v=4Ts9rbL7CCc Como apoio à catequese os padres usaram recursos como música, canto, dança, teatro, desenho e pintura. Os guaranis tinham capacidade de criar. Eram escultores, cantores, músicos, pedreiros, ferreiros, entre outros. Ruinas das Reduções Jesuíticas em São Miguel da Missões - RS cotiguaçu Cemitério Colégio Oficinas Pomar, hortas, plantações Casas Casas Planta da redução de são miguel arcanjo IGREJA Era o epicentro de uma Missão. Ficava sempre voltada para o Norte. Com comunicação para a igreja da Missão seguinte. COTIGUAÇU Sem janelas externas e um pouco afastada da praça, abrigava viúvas(eram enclausuradas por apresentar uma “tentação” aos índios) e órfãos até sete anos. PRAÇA Ocupava 100 metros quadrados. Reservada para fins sociais como casamentos coletivos, servia também de área de treinamento para a Guarda da Redução. Guerra guaranítica No século XVIII, a região estava sob disputa entre Espanha e Portugal. O Tratado de Madri de 1750 havia posto a área à disposição de Portugal em troca da Colônia do Sacramento, e a saída dos Jesuítas espanhóis ali ficou decretada. Mas este Tratado gerou conflitos: nem padres nem índios queriam abandonar suas reduções, nem os portugueses queriam abandonar Sacramento. Houve uma série de confrontos armados que culminaram na Guerra Guaranítica, que durou de 1753 a 1756 e deixou um rastro de destruição e sangue que abalou as estruturas do sistema missioneiro. TRATADO DE MADRI - 1750 Sepé Tiaraju Chefe indígena dos Sete Povos das Missões, liderou uma rebelião contra o Tratado de Madri. No dia 07 de fevereiro de 1756 Foi morto na Batalha de Caiboaté. Em Setembro de 2009, a lei 12.032 inscreve Sepé Tiaraju no livro dos heróis da Pátria. Carta de jesuítas e caciques da Redução de Santo Ângelo ao governador de Buenos Aires. Na carta escrita no cabildo desta redução em 20 de julho de 1753 por seus caciques e seu Padre Cura, comunicavam ao governador de Buenos Aires, Dom José Adonaegui, de que discordavam com a resolução do Tratado de Madri – no qual as Coroas de Portugal e Espanha decidiram trocar o território dos Sete Povos das Missões pela Colônia do Sacramento – e que ingressariam na Guerra Guaranítica. O original da carta está no Arquivo Nacional de Madrid, e é grafada num misto de espanhol e guarani. Sua primeira tradução para o português consta no livro de História das missões orientais do Uruguai, de Aurélio Porto, cuja primeira edição foi publicada em 1943. https://www.youtube.com/watch?t=174&v=dFLrUvKRG14 AS REDUÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL Sete Povos das Missões é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas espanhóis no Continente do Rio Grande de São Pedro, no atual Rio Grande do Sul, composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio. Foi por volta do ano 1680 que os Sete Povos iniciaram sua organização. O Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo (localizado no atual município de São Miguel das Missões) tem suas ruinas ainda visíveis até nos dias de hoje, foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Fonte Missioneira é uma obra arquitetônica do período Barroco Jesuítico-Guarani com mais de 300 anos. Construída em pedra grês, foi descoberta em 1982 e restaurada em 1983, e está localizada a 1 km do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo. Peças do Museu das Missões localizado no sítio arqueológico de são miguel A lista compilada em 2008 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) arrolou 510 estátuas missioneiras no Brasil, estando o conjunto disperso por várias coleções privadas e instituições públicas. Estátua de Nossa Senhora da Conceição localizada no Museu Júlio de Castilhos em Porto Alegre As obras de sua igreja começaram em 1735 e levaram 10 anos para serem concluídas. Esta foi construída em pedra arenito, em três etapas: a nave, a torre e o pórtico. Registros da época descrevem a decoração do seu interior com altares em talha dourada e inúmeras esculturas feitas pelos índios em madeira, muitas atualmente no Museu das Missões. O responsável pela obra foi o padre jesuíta italiano Gean Battista Primoli. A influência da arquitetura barroca está presente na sua construção. A construção da Igreja de São Miguel durou dez anos e seu projeto foi inspirado na Igreja de Gesú em Roma – principal templo jesuítico – atribuído ao arquiteto jesuíta Gian Battista Primolli, concluída em 1745. Maquete virtual https://www.youtube.com/watch?v=GWQOYcvcp10 INDICAÇÃO DE LEITURA SANTOS, Júlio R. Q. As missões jesuítico-guaranis. In: BOEIRA, Nelson; GOLIN, Tau (Coord.). História Geral do Rio Grande do Sul. Vol 1. Passo Fundo: Méritos, 2006. p. 103 a 134. FLECK, Eliane Cristina Deckmann. A educação jesuítica nos sete povos das missões (séculos 17-18). Revista em aberto. INEP, v. 21, nº 78, 2007. Também disponível em: http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/2212 LINO, Jaisson Teixeira. O povoamento indígena no Sul do Brasil: as contribuições da arqueologia e da história. In: RADIN, José CarloS; VALENTINI, Delmir; ZARTH, Paulo. História da Fronteira Sul. Porto Alegre: Letra&Vida: Chapecó: UFFS, 2015. LAROQUE, Luís Fernando da Silva. Os nativos charrua/minuano, guarani e kaingang: o protagonismo indígena e as relações interculturais em territórios de planície, serra e planalto do rio grande do sul. Disponível em: http://www.igtf.rs.gov.br/wp-content/uploads/2012/10/Livro-Digital.pdf Documentário: 12 mil anos de História
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