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Trabalho Ações Possessórias

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FACULDADE CENECISTA DE ITABORAI
AÇÕES POSSESSÓRIAS: CONCEITO E TIPOS DE AÇÕES.
ITABORAÍ/RJ
	2018
INTRODUÇÃO
Existem três tipos distintos de ações possessórias a fim de tutelar a posse. Os interditos possessórios, como são chamados se dividem em: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório. 
A ação possessória depende da espécie da agressão cometida ao bem juridicamente protegido, sendo as ações acima mencionadas os remédios respectivos para solucionar o esbulho, turbação ou ameaça de efetiva ofensa a posse.
O julgamento das ações possessórias em regra é competência da Justiça Comum Estadual, no entanto, nada impede que outra área da justiça seja competente, como a Justiça do Trabalho ou Justiça Federal, quando um dos entes federais previsto no artigo 109 inciso I da Constituição participar do processo.
 Quanto à competência territorial dependerá de ser bem móvel ou imóvel, como aplica a norma no artigo 46 do novo CPC, em relação ao bem móvel, que será o foro domiciliado pelo réu. Já o artigo 47 do novo CPC versa sobre foro competente sobre bem imóvel, que será o do local do imóvel, não admitindo o andamento da demanda em outro foro, a não ser que o imóvel fique localizado em mais de foros, sendo determinado neste caso o foro por prevenção.
TIPOS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS
O ordenamento jurídico prevê três ações distintas que têm a capacidade de proteger o legítimo possuidor e a sua posse: A ação de reintegração de posse (esbulho); A ação de manutenção de posse (turbação); O interdito proibitório (ameaça de esbulho ou turbação). 
A ação de reintegração de posse é o remédio processual cabível quando o possuidor é despojado do bem possuído, prática esta denominada “esbulho”. O esbulho é a retirada forçada do bem de seu legítimo possuidor, que pode se dar violenta ou clandestinamente. Neste caso, o possuidor esbulhado tem o direito de ter a posse de seu bem restituído, utilizando-se para tanto de sua própria força, desde que os atos de defesa não transcendam o indispensável à restituição. O possuidor também poderá valer-se da ação de reintegração de posse para ter seu bem restituído, conforme os artigos 1210, caput, § 1º e 1224 do CC; e 554 a 559 do CPC.
A turbação é a manutenção da posse que visa proteger o possuidor que tem o seu exercício da posse dificultada por atos materiais do ofensor. Neste caso, o possuidor não perde a disposição física sobre o bem, trata-se, portanto, de uma ofensa de menor intensidade em comparação com o esbulho.
A turbação impede ou atenta contra o exercício da posse por seu legítimo possuidor, podendo ser positiva, quando o agente, de fato, invade o imóvel e o ocupa, não importando se de forma parcial ou total, ou negativa, quando o agente impede que o real possuidor utilize de seu bem como, por exemplo, fazendo construções no local, conforme fundamenta os artigos 560 a 566 do CPC; e 1210 a 1213 do CC.
O interdito proibitório é cabível quando o legítimo possuidor do bem sofre uma ameaça de turbação ou esbulho. Ou seja, embora tais atos de turbação ou esbulho não tenham sido praticados, o ofensor se encontra na iminência de levá-los a efeito.
De acordo com o artigo 567 do CPC, o possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Tal ação possessória visa proteger preventivamente a posse que está sofrendo ameaça de ser molestada ou sob iminência de sofrê-la. São pressupostos para a turbação ou esbulho por parte do réu e que haja o justo receio de que tal ameaça se configure, de acordo com os artigos 567 e 568 do CPC.
Cumpre salientar que o novo CPC praticamente não altera as regras hoje existentes acerca das ações possessórias, mas acrescenta alguns dispositivos regulamentando, em especial, a legitimidade coletiva e a possibilidade de mediação em conflitos derivados da posse de bens.
Uma das inovações trazidas se encontra prevista nos parágrafos do art. 554. Conforme o novo dispositivo: 
- no caso de ação possessória, em que figure no polo passivo grande número de pessoas, será feita citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais. Será ainda determinada a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. Neste caso, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez e os que não forem identificados serão citados por edital.
Ainda o juiz dará ampla publicidade acerca da existência da ação e dos respectivos prazos processuais, podendo se valer de anúncios em jornais ou rádios locais, publicação de cartazes na região dos conflitos e de outros meios.
Ademais, de acordo com o artigo 555:
Art. 555 – “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I – condenação em perdas e danos
II – indenização dos frutos
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
Todavia, conforme já informado, poucas foram às alterações sofridas pelas ações possessórias, sendo que alguns dos artigos apenas reproduzem o que hoje já é previsto.
Exemplo disto é o art. 556, que manteve o disposto no atual art. 922, traduzindo a natureza dúplice das ações possessórias. Segundo tal artigo, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Já o artigo 557 reforça a diferenciação entre as ações possessórias, em que se discute exclusivamente a posse, e as ações petitórias, que tem como único fundamento a propriedade.
Segundo o caput do referido artigo, na pendência de ação possessória, é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
O novo CPC também manteve inalterada a dinâmica existente entre as ações ajuizadas dentro do prazo de um ano e um dia da data do esbulho e turbação, ações estas chamadas de força nova.
As ações ajuizadas dentro de um ano e um dia, continuarão seguindo o procedimento especial, que se encontra previsto na Seção II do Capítulo dedicado às possessórias.
Já as ações ajuizadas após um ano e um dia da data do esbulho ou turbação, ações estas de força velha, seguirão o procedimento ordinário, sem, contudo, perder o seu caráter possessório.
No que diz respeito ao art. 559, o mesmo melhorou a redação do atual artigo 925 ao determinar que, deferida a liminar de reintegração ou de manutenção na posse, e demonstrando pelo réu que o autor carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência - caso a demanda seja julgada improcedente – responder por perdas e danos, deverá o réu prestar caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Frisa-se que os artigos 560 a 564 repetem a sistemática atualmente prevista, conferindo poderes ao juiz para deferir, sem ouvir o réu, a liminar pleiteada ou, caso entenda necessário, designar audiência de justificação para que autor justifique suas alegações, devendo o réu ser citado para comparecer a esta audiência.
Salienta-se que tal regra não é aplicável às ações movidas em desfavor das pessoas jurídicas de direito público, sendo imperativa a prévia oitiva dos respectivos representantes judiciais.
Contudo, a maior inovação trazida pelo Novo Código de Processo Civil está prevista no artigo 565, artigo este que dispõe acerca de litígios coletivos pela posse de imóvel.
Segundo o artigo em epígrafe, nos litígios coletivos em que o esbulho ou turbação tenha ocorrido há mais de ano e um dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessãode medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 dias.
Já o § 1o preceitua que caso concedido a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, seguindo o disposto nos parágrafos seguintes.
Ou seja, a realização de audiência de mediação passa a ser um ato obrigatório quando se tratar de litígio coletivo pela posse.
Ainda, nestes casos, o Ministério Público será intimado para comparecer à audiência de mediação, e a Defensoria Pública será também intimada sempre que houver parte beneficiária da gratuidade da justiça.
Há ainda a previsão expressa da realização de inspeção pelo juiz, que poderá comparecer à área do objeto de litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
Por fim, o § 4º do referido artigo inova ao prever que órgãos responsáveis pela política agrária e política urbana da União, Estados, Distrito Federal e Municípios onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse na causa e a existência de possibilidade de solução do conflito possessório.

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