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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – UFLA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEAD LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS GUIA DE ESTUDOS JOSIANE MARQUES DA COSTA LAVRAS/MG 2015 Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca da UFLA Costa, Josiane Marques. Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS: guia de estudos / Josiane Marques Costa. – Lavras: UFLA/CEAD, 2015. 61 p. : il. Uma publicação do CEAD – Centro de Educação a Distância da Universidade Federal de Lavras Bibliografia. 1. Professores - Formação. 2. Ensino aprendizagem. 3. Libras. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título. CDD – 419 Governo Federal Presidente da República: Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação: Aloizio Mercadante Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Universidade Aberta do Brasil (UAB) Universidade Federal de Lavras Reitor: José Roberto Soares Scolforo Vice-Reitora: Édila Vilela Resende von Pinho Pró-Reitora de Graduação: Soraya Alvarenga Botelho Centro de Educação a Distância Coordenador Geral: Ronei Ximenes Martins Coordenadora Pedagógico: Warlley Ferreira Sahb Coordenador de Projetos: Cleber Carvalho de Castro Coordenadora de Apoio Técnico: Fernanda Barbosa Ferrari Coordenador de Tecnologia da Informação: André Pimenta Freire Departamento de Ciências Humanas Letras Inglês (modalidade à distância) Coordenadora do Curso: Mauricéia Silva de Paula Vieira Coordenadora de Tutoria: Marco Antônio Villarta Neder Revisor Textual: Sílvia Moriconi Apresentação da Professora Responsável Josiane Costa é licenciada em Letras/Português pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em Produção de Material Didático para Diversidade pela Universidade Federal de Lavras e, Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Estrangeiras pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua dissertação trata de questões referentes à compreensão e processamento de metáforas por surdos bilíngues do par linguístico Libras-Língua Portuguesa. Atuou como Professora de Português como Segunda Língua para Surdos no CAS - Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez. Professora da disciplina de Noções Básicas de Libras, nos cursos de Pedagogia e Educação Física da Universidade Fumec. Atuou também como intérprete de Língua de Sinais Brasileira na Faculdade Claretiano de Belo Horizonte e como tutora e professora auxiliar na distância da disciplina de Fundamentos de Libras, da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é professora da Universidade Federal de Lavras - UFLA. Suas áreas de interesse estão voltadas para o ensino da Libras para ouvintes, ensino de português como segunda língua para surdos e produção de material didático para surdos. Lattes [http://lattes.cnpq.br/9871577760708451] 5 Sumário Apresentação da Professora Responsável .................................................... 4 Apresentação .................................................................................................... 6 Unidade I - Aprendendo uma Língua Espaço-Visual .................................... 9 Unidade II - História da Educação de Surdos .............................................. 25 Unidade III – Aspectos linguísticos da Libras: parâmetros ........................ 37 Unidade IV - Educação de surdos ................................................................. 51 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 58 6 Apresentação Esse será o nosso Guia de Estudos para a disciplina de Língua Brasileira de Sinais – Libras. Ele foi elaborado com o intuito de apresentar noções básicas da Libras e da comunidade surda que utiliza essa língua. Desde a aprovação da “Lei da Libras” - Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 e do Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005, a Libras começou a ser amplamente difundida e a disciplina de Libras passou a ser obrigatória nos cursos de licenciatura. Talvez você esteja se perguntando: Mas porque estudar Libras? Qual o objetivo dessa disciplina? As respostas a esses questionamentos são simples. Devido ao movimento de inclusão, muitos alunos surdos passaram a serem incluídos nas escolas comuns e, com isso, surgiu a necessidade de formação dos docentes que atuam ou atuarão com surdos em suas salas de aula. Assim, o principal objetivo da disciplina de Libras, na formação de professores, é proporcionar ao futuro docente conhecimentos básicos sobre os conceitos linguísticos e gramaticais da Libras, bem como desenvolver habilidades comunicativas básicas em Libras e refletir sobre a comunidade surda e a educação de surdos. Com o intuito de atender aos objetivos da disciplina, faremos o seguinte percurso: na Unidade I, apresentarei alguns conceitos básicos e mitos sobre os surdos e sua língua, bem como a concepção de língua, linguagem e surdez. Já na Unidade II, compreenderemos, por meio de um breve histórico sobre a educação de surdos, as filosofias educacionais vivenciados pelos surdos em seu processo educacional e as visões clínica-terapêutica e sócio-antropológica da surdez. Na Unidade III, estudaremos alguns aspectos gramaticais da Libras, atentando-nos para os parâmetros e para os conceitos de simultaneidade, linearidade e iconicidade nas línguas de sinais. E por fim, na Unidade IV, 7 refletiremos sobre o ensino de português como segunda língua, bem como o cenário atual da educação de surdos. Desejo ótimas semanas de interações, discussão e aprendizagem! Como sabemos aprender segunda língua exige disciplina, compromisso e muita interação. Então, vamos lá! Fonte: http://www.cchla.ufpb.br/libras/ Josiane Marques da Costa 8 Prezado(a) Cursista, Sejam bem-vindos à disciplina de “Língua Brasileira de Sinais – Libras”. Nesta disciplina, daremos os primeiros passos em direção à aprendizagem de uma nova língua, a Libras, língua da comunidade surda brasileira. É sabido que aprender uma nova língua exige disciplina, estudo e dedicação. No caso da Libras, língua de modalidade espaço-visual, diferente das línguas orais com as quais estamos acostumados à lidar no cotidiano, precisaremos de bastante dedicação. Como futuros professores da educação básica, certamente receberemos alunos surdos em nossas salas de aula e, essa disciplina, é uma oportunidade para conhecermos um pouco das especificidades dos alunos com os quais iremos atuar. Como docentes precisamos saber qual o nosso papel frente à educação de surdos, quais as melhores estratégias a serem utilizadas em sala de aula para que o aluno surdo tenha acesso ao ensino adequado, como se comportar diante do aluno surdo e várias outras questões relacionadas aos surdos, sua língua e seu processo de escolarização. Nesse sentido, nosso objetivo é que você aprenda um pouco sobre a língua utilizada pelacomunidade surda, refletindo sobre sua cultura e os aspectos peculiares dessa língua. Este guia de estudos será a base para a nossa disciplina. Nele você encontrará vários textos, livros e indicações de leitura para aprofundarmos nossos estudos sobre as especificidades da Libras. 9 Unidade I - Aprendendo uma Língua Espaço- Visual Josiane Marques da Costa Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta é a sociedade que me torna excepcional. (Laborrit 1994 apud Gesser 2009, p. 46). 10 1.1 O surdo e a língua de sinais Fonte: www.freebiepsd.com Falar sobre os surdos implica, necessariamente, discorrer sobre sua língua e sobre seu passado. É impossível entendermos o que é o ser surdo sem voltarmos nosso olhar para sua língua de sinais, assim como para seu histórico de lutas e reivindicações por seus direitos, enfim, por seu lugar na sociedade. Sendo assim, os diferentes estudos sobre essas facetas que compõem o sujeito surdo são reunidos sob a alcunha de Estudos Surdos. Skliar (1998) define os Estudos Surdos como um programa de pesquisa em educação, em que as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas são focalizadas e entendidas a partir da diferença e do reconhecimento político. Dentre esses estudos destacam-se as pesquisas sobre as línguas de sinais (LS) e, no caso dos surdos brasileiros, sobre a Libras – Língua de Sinais Brasileira. É importante explicitar que, por muitos anos, a LS foi considerada um tipo de linguagem desprovida de estrutura gramatical. Porém, a pesquisa considerada pioneira na área de Linguística das línguas de sinais, do americano Willian Stokoe, provou, na década de 1960, que as línguas de sinais eram línguas e não simplesmente mímica ou gestos (FERREIRA-BRITO, 1993). Foi somente em 1957, determinado, sobretudo, pelas ideias de Saussure, que Stokoe, professor do GallaudetCollege em Washington, levantou como hipótese que as línguas de sinais dos surdos poderiam ser consideradas "naturais" e, portanto, instrumento linguístico propriamente dito no sentido mais geral dado por Saussure (cf.: Behares, 1993; Rée, 1999). Assim, em 1960, ele concluiu a primeira descrição de uma língua de sinais, mais especificamente, da American SignLanguage (ASL). Este estudo influenciou sobremaneira a educação dos surdos e tornou- se a base para que outras pesquisas em distintos países fossem 11 desenvolvidas, e assim, a descrição linguística das diferentes línguas de sinais existentes realizada.” (LODI, 2004, p.2). No Brasil, onde existem duas línguas de sinais: a Libras (utilizada nos grandes centros urbanos) e a Urubu Kaapor (utilizada em uma comunidade indígena no interior do Maranhão), Quadros (2012) explica que os estudos linguísticos de Libras iniciaram-se na década de oitenta com os trabalhos de Lucinda Ferreira- Brito. Posteriormente, na década de noventa, Felipe (1998), Karnopp (1994; 1999) e Quadros (1997; 1999) ampliaram os estudos linguísticos da Libras. Assim, estudos na área da fonética, fonologia, morfologia, sintaxe e semântica desta língua foram fortalecidos. Mas por que a Libras é considerada uma língua natural? Ao longo deste capítulo, abordaremos os conceitos de língua e linguagem, a fim de entender porque a Libras é uma língua natural e não apenas uma linguagem. Refletiremos também sobre alguns mitos sobre os surdos e sua língua. 1.2 Concepções de língua e linguagem Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/funcoes-linguagem-1.htm 12 Segundo Fernandes (2003), os termos linguagem e língua são utilizados, frequentemente, como sinônimos. Em diversos contextos, o termo linguagem é utilizado de forma mais abrangente, genérica, abordando não apenas o seu próprio significado, mas também o significado de língua. Assim, nota-se uma confusão conceitual entre esses dois termos, que embora sejam indissociáveis, são diferentes. É de fundamental importância diferenciá-los para que possamos empregá-los corretamente. A linguagem é um sistema de comunicação que abrange não apenas as línguas (português, francês, alemão, etc.), mas também outros sistemas como a linguagem musical, a linguagem animal, os sinais de trânsito, a música, entre outros. Linguagem é um sistema de comunicação natural ou artificial, humano ou não (LYONS (1987 apud FERNANDES, 2003, p. 16). É a faculdade, a capacidade de estabelecer comunicação simbólica. Língua é um tipo de linguagem. Um sistema de abstrato de regras gramaticais, atualizado no discurso de falante. (FERNANDES, 2003). 13 Na literatura, é possível encontrar várias definições para o termo língua. No entanto, a maioria corrobora a ideia de que as línguas são naturais, próprias da espécie humana, já que estas são regidas por regras gramaticais estruturadas cognitivamente pelos falantes. Essas regras gramaticais, contudo, não se tratam das gramáticas impressas que estamos acostumados a pesquisar ou estudar, mas sim da gramática atualizada no discurso do falante. A língua parece ter lugar de destaque entre as demais linguagens, uma vez que estas são produzidas exclusivamente pelos seres humanos e por possuir diferentes níveis de organização: 1- Nível fonológico: refere-se à organização dos sons das palavras ou dos parâmetros das línguas de sinais; 2- Nível morfológico: refere-se à estrutura e à formação das palavras ou sinais de uma língua; 3- Nível semântico: refere-se ao significado das palavras e das sentenças; 4- Nível sintático: refere-se às relações das palavras ou dos sinais numa sentença; 5- Nível pragmático: refere-se ao uso que se faz da língua num determinado contexto. Fonte: BERNARDINO, E. L, SILVA, G. M., PASSOS, R. Língua e Linguagem. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/63097509/LINGUA-E-LINGUAGEM- Bernardino-Silva-e-Passos> Data do acesso: 12/02/2012 14 Fernandes (2003) propõe o seguinte esquema para melhor representar os conceitos de língua e linguagem: (Fonte: Fernandes, 2003, p. 17) 1.3 Linguagem humana versus linguagem animal Diferente da linguagem humana, o sistema de comunicação ou linguagem estabelecida entre os animais serve apenas para comunicar, enviar uma mensagem. Quem nunca ouviu frases como: Meu cachorro é uma gracinha, só falta falar ou As formigas têm uma sincronia surpreendente, será que elas conversam entre si? Os animais produzem linguagem para se comunicar, no entanto, essa linguagem é apenas um tipo de mensagem que não provoca resposta, mas uma conduta diante de uma determinada experiência. Alguns cientistas que investigam a comunicação entre formigas descobriram, recentemente, que estas emitem diferentes sons que estão associados às mensagens que querem transmitir, como: a formação de filas, a identificação de formigas amigas ou inimigas, quando uma formiga obreira deixa rastro no caminho para voltar à colônia, dentre outros. Como podemos ver, a formiga não constrói uma mensagem a partir de outra, pois o conteúdo damensagem é único, tem apenas uma finalidade. 15 Fonte: http://diariodebiologia.com/2008/06/por-que-as-formigas-seguem-a-mesma-trilha/ Por outro lado, a linguagem humana é dialógica e caracteriza-se por seu conteúdo ser ilimitado. Por meio da linguagem, o ser humano expressa seus sentimentos, intenções, comunica-se com os outros e interage com o mundo exterior. Dito de outro modo, a linguagem humana é um “sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência” (BECHARA, 2004). 1.4 Libras como língua natural A Libras, assim como outras LS, é considerada a língua natural da comunidade surda brasileira, já que se desenvolveu através do contato surdo-surdo em diversos ambientes, principalmente nas escolas e nos espaços da comunidade surda (clubes, associações, federações etc.). Mas nem sempre foi assim. Devido à confusão conceitual dos termos língua e linguagem, as línguas de sinais foram vistas de forma equivocada, já que eram denominadas linguagem de sinais, linguagem gestual. Atualmente, vem crescendo consideravelmente a compreensão sobre a importância do desenvolvimento da linguagem para as pessoas surdas, 16 processo no qual tem papel fundamental as línguas de sinais (LS). Entretanto, ainda é possível ver fortes crenças acerca dessas línguas marcadas, por exemplo, pela ideia de que elas são destituídas de gramática, já que são apenas pantomimas ou mímicas e que as verdadeiras línguas seriam as orais. Assim, o não reconhecimento do status linguístico das línguas de sinais está diretamente ligado à compreensão de que elas são um sistema de códigos, que têm forma e significado igual para todos os surdos usuários das mesmas, independente do país e da cultura nos quais estejam inseridos. Na década de 60, a pesquisa do americano William Stokoe, professor no Gallaudet College, atual Gallaudet University, em Washington, foi considerada pioneira na área de Linguística das línguas de sinais e provou que estas eram línguas, e não simplesmente meios comunicativos constituídos por mímicas ou gestos (FERREIRA-BRITO, 1993). Impulsionado pelas concepções saussurianas, Stokoe levantou a hipótese segundo a qual tais línguas eram línguas "naturais". As línguas de sinais são, portanto, consideradas pela linguística como línguas naturais ou como um sistema linguístico legítimo, e não um problema do surdo ou uma patologia da linguagem. Stokoe (1960) percebeu e comprovou que as línguas de sinais atendiam a todos os critérios linguísticos de uma língua genuína (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 30). Ao contrário do que muitos acreditam, as LS não são universais, tampouco são gestos ou mímicas. É preciso desfazer-se também da ideia de que as línguas de sinais se constituem apenas do chamado alfabeto manual. Os sinais das LS são equivalentes às palavras das línguas orais e aquelas possuem gramática própria e independente assim como estas. A seguir, estudaremos alguns mitos acerca dos surdos e da língua de sinais. 17 1.5 Mitos sobre os surdos e sua língua De acordo com Rech e Freitas (2006), mito pode ser entendido como uma imagem simplificada e ilusória de pessoa ou de acontecimento, elaborada ou aceita pelos grupos humanos, representando um significativo papel em comportamentos (RECH; FREITAS; 2006 p.62.). Fonte: Adaptado por COSTA, J. M O surdo não é mudo, uma vez que se não possui nenhuma lesão ou comprometimento físico que o impeça de falar, ele só não fala por não ter feedback auditivo. Assim, se o surdo for exposto a um tratamento fonoaudiológico desenvolverá a fala. Fonte: www.libras.com.br 18 Fonte: Adaptado por COSTA, J. M A língua de sinais não é universal, pois as línguas refletem a cultura, valores e necessidades das comunidades que a utilizam. Cada país tem a sua língua de sinais, como por exemplo, Libras – Língua Brasileira de Sinais, a ASL – American Sign Language, o Gestuno (Língua de Sinais Internacional), Língua de Sinais Urubu Kaapor e tantas outras. Fonte: Adaptado por COSTA, J. M Por muitos anos perdurou a ideia de que os surdos não conseguiam se comunicar, pois utilizavam mímicas, gestos desprovidos de estruturas gramaticais e linguagem. Como vimos anteriormente, Libras é considerada a 19 língua oficial da comunidade surda brasileira. Nesse sentido, essa língua possui estruturas gramaticais como fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, assim como acontece nas línguas orais. Então, dizer que a forma de comunicação dos surdos não é uma linguagem é um mito. Fonte: Adaptado por COSTA, J. M Essa concepção, de que o surdo somente aprende por meio de material concreto, é falsa. Quando utilizamos a língua de sinais, podemos conversar sobre quaisquer assuntos e áreas de conhecimentos, como por exemplo: falar sobre política, moda, histórias, piadas, entre outros assuntos. Fonte: Adaptado por COSTA, J. M 20 O alfabeto manual não é Libras. Ele é utilizado apenas como um recurso ou como representação do sistema alfabético. Esse mito está ligado à crença de que as línguas de sinais são limitadas e que partem da representação da língua oral. É importante destacar que o alfabeto manual: tem uma função de na interação entre os usuários das línguas de sinais. Esse recurso é geralmente utilizado para representar: nomes próprios, de pessoas ou lugares, siglas e algum vocábulo não existente na língua de sinais que ainda não tenha sinais. (GESSER, 2009, p.29) Fonte: Adaptado por COSTA, J. M Os surdos não captam 100% do que é falado através da leitura labial. Alguns surdos que passaram por tratamentos com fonoaudiólogos “surdos oralizados” conseguem fazer leitura labial do que está sendo dito. No entanto, não é possível captar 100% do que é dito, já que muitas vezes a articulação orofacial de quem está falando não é adequada, ou, por exemplo, existem barreiras visuais como: um professor que está falando vira para escrever na lousa ou uma pessoa que possui bigode, dentre outros. 21 Fonte: Adaptado por COSTA, J. M O intérprete de Libras é geralmente ouvinte, bilíngue, falante da língua portuguesa e da Libras – Língua Brasileira de Sinais. Realiza traduções e interpretações Libras – Português – Libras. Comumente, considera-se um membro da comunidade surda. É possível, ainda, pessoas surdas serem intérpretes da Libras, haja vista que dependendo do nível de proficiência da oralização, bem como da língua portuguesa, esse sujeito pode versar textos da Libras para o Português e do Português para a Libras. Nesse sentido, para ser intérprete de Libras, é necessário ter uma formação específica, técnicas de tradução, conhecimento cultural do par linguístico a ser interpretado/traduzido. Não basta apenas saber Libras. 22Algumas expressões importantes. • Aprimore seu vocabulário e, sempre que possível, utilize: [pessoa com deficiência, pessoa surda, língua de sinais, “os surdos”, “a comunidade surda”]. • Policie a si próprio e evite, sempre, dizer: [portador de necessidade especial, portador de deficiência, pessoa deficiente, deficiente, mudinho, surdo-mudo, surdinho, linguagem de sinais, “eles, os surdos”, “o grupo dos surdos”, “DA”]. 23 Lendo um pouco mais... QUADROS, R. M. de & KARNOPP, L. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre, Artes Médicas, 2004. Mitos da língua de sinais na perspectiva de docentes da Universidade de Goiás. Disponível em: http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/compar3.php GESSER, A. LIBRAS? Que língua é essa?:crenças e preconceitos em torno da línguade sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009. RESENHA: GESSER, A. LIBRAS? Que língua é essa?:crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v14n4/v14n4a18.pdf 24 Como vimos, o alfabeto manual é um recurso utilizado para soletrar nomes próprios, cidades, etc. É importante destacar que cada língua de sinais possui o seu próprio alfabeto manual e numerais. Abaixo, temos o alfabeto manual e numerais utilizados na Libras: AFABETO MANUAL E NUMERAIS Fonte: www.cbsurdos.org.br Praticando... 25 Unidade II - História da Educação de Surdos Josiane Marques da Costa A língua de sinais anula a deficiência e permite que os surdos constituam, então, uma comunidade linguística minoritária diferente e não um desvio da normalidade. (SKLIAR, 1998, p. 142). 26 2.1 Um breve histórico sobre a surdez e a educação de surdos Ao falarmos de Estudos Surdos, nada mais coerente do que iniciarmos a discussão fazendo uma sucinta explanação da história da educação de surdos no mundo e no Brasil. Historicamente, por muitos anos, os surdos foram tratados como pessoas não educáveis e incapazes de se desenvolverem cognitivamente, visto que eles, por não adquirirem uma língua oral, não podiam pensar. Acreditava-se que o atraso na aquisição da linguagem ocasionava problemas no desenvolvimento cognitivo (cf. SACKS, 1998 [1989]; SKLIAR et.al., 1999; GOLDFELD, 2002). Devido ao preconceito em relação às línguas de modalidade espaço-visual, a Língua de Sinais era considerada um tipo de linguagem artificial, uma vez que se acreditava que elas eram mímicas e pantomimas destituídas de aspectos gramaticais e estruturais. Desde a Antiguidade, o infanticídio de crianças que apresentavam algum tipo de deficiência ou má-formação era prática comum. Os chineses, por exemplo, lançavam-nas ao mar e os Espartanos do alto de rochedos. Vê-se, por exemplo, a citação do grego Sêneca (4a.C – 65 d.C.) acerca dessa prática: Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos, afogamo-los; não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis (SÊNECA apud SILVA, 1986, p.128-129) Durante a Idade Média, as pessoas com deficiência eram consideradas um castigo de Deus a seus pais ou, ainda, eram encarados como bruxos e feiticeiros, por isso, eram separadas de suas famílias e viviam marginalizadas. A história da educação de surdos inicia-se, efetivamente, no século XVI. É creditado ao monge Pedro Ponce de León (1520 - 1584) o título de primeiro professor de surdos. León ensinava os surdos, filhos de nobres espanhóis, a 27 falar e a fazer uso da leitura labial. León também lhes ensinava os sinais monásticos1. Houve então o cruzamento dos sinais utilizados nos monastérios com a sinalização caseira e espontânea desenvolvida naturalmente pelos surdos. O século XVIII foi marcado pelas contribuições do educador alemão Samuel Heinicke e do Abade francês Charles-Michel de L'Épée.Heinicke (1727-1790). Heinicke tornou-se famoso pelo seu método de ensino que visava ensinar o surdo a falar e por criar a primeira instituição para educação de surdos da Alemanha em 1778. Já L’Epée (1712-1789), reconheceu que existia uma comunidade surda em Paris que fazia uso de uma língua gestual. Entretanto, para L’Epée tal língua era demasiadamente primitiva e, por esse motivo, ele próprio não fazia uso dela em suas aulas. Desse modo, ele desenvolveu um método que compreendia alguns sinais dessa língua gestual misturados a gestos que tinham como objetivo preencher as “lacunas” gramaticais dessa “língua sem gramática”. Inicia-se, então, o embate entre duas grandes vertentes da educação de surdos: a tentativa de ensinar o surdo a falar e a fazer uso da leitura labial (Oralismo) versus a utilização de gestos (sinais) na instrução das pessoas surdas. Em 1880, foi decidido, no Congresso de Milão2, que a educação oralista era preferível à utilização de gestos e/ou sinais. Portanto, ficou proibida a utilização das línguas de sinais na educação de surdos. 1 Dentre os votos feitos pelos monges das ordens beneditinas, alguns mosteiros adotavam também o voto de silêncio, o que fez com que as linguagens sinalizadas fossem incorporadas nas práticas monásticas (REILY, 2007). 2 O Congresso de Milão foi uma conferência internacional de educadores de surdos que aconteceu na cidade de Milão em 1880. É preciso destacar que neste congresso não houve a participação de pessoas surdas. 28 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Surdo-mudo A valorização das línguas de sinais só aconteceu efetivamente quase um século depois, quando em 1971 foi realizado em Paris o Congresso Mundial de Surdos. Nesse congresso, foram analisados os resultados de pesquisas sobre o Oralismo e também sobre a Comunicação Total 3 , que mostravam o insucesso de tais métodos na educação de surdos. No Brasil, a história da educação de surdos começa a tomar forma em 1857, com a fundação do Instituto dos Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A pedido de D. Pedro II, o professor surdo Eduard Huet muda-se para o Brasil e funda o instituto. Inicialmente, era utilizada uma combinação de linguagem escrita, fala e sinais. Entretanto, a partir de 1911, o instituto passa a adotar puramente o oralismo. Na década de 70, é difundida a Comunicação Total no Brasil, por meio da educadora de surdos Ivete Vasconcelos. Já na década de 80, o bilinguismo 3 A filosofia educacional da Comunicação Total defende o uso de todos os meios que possam facilitar a comunicação, desde a fala sinalizada, passando por uma série de sistemas artificiais, até o uso da Língua de Sinais. A sua prática, enfim, enfatiza o uso da Língua de Sinais e a leitura orofacial. (CICCONE, 1990 apud MIRANDA, 2010) 29 começa a ser difundido com as pesquisasda linguista Lucinda Ferreira-Brito e da educadora Eulália Fernandes. A educação bilíngue [...] é uma proposta de ensino que preconiza o acesso a duas línguas no contexto escolar, considerando a língua de sinais como língua natural e partindo desse pressuposto para o ensino da língua escrita. A proposta bilíngüe busca resgatar o direito da pessoa surda de ser ensinada em sua língua, a língua de sinais, levando em consideração os aspectos sociais e culturais em que está inserida. (SALLES et al, 2002) Em 24 de abril de 2002, por meio da Lei nº 10.436, a Libras – Língua Brasileira de Sinais – é reconhecida como língua oficial da comunidade surda brasileira. Em 22 de dezembro de 2005, o Decreto nº 5.626 garante ao surdo, dentre outras medidas, o uso da Libras como meio de acesso à educação. 2.2 Filosofias Educacionais A primeira filosofia educacional vivenciada pelos surdos foi o Oralismo, que foi imposto após o Congresso de Milão em 1880, pois acreditava-se que o Oralismo seria a melhor forma linguística e metodológica de aprendizagem para os surdos. O principal objetivo do Oralismo era a integração do surdo na comunidade ouvinte. Nessa filosofia, no processo de amadurecimento da linguagem e de ensino-aprendizagem do surdo, defende-se o uso exclusivo da linguagem oral para compreensão, expressão e para o desenvolvimento linguístico e cognitivo do surdo (LACERDA; MANTELATTO, 2000). Fundamentados no modelo behaviorista, os oralistas acreditavam que a língua é adquirida por meio da imitação de modelos, do contato com os falantes de línguas orais e da repetição de exercícios voltados para a aprendizagem dos sons e da estrutura dessa língua. 30 Posteriormente, foi adotada na educação de surdos a chamada Comunicação Total, que tem como principal objetivo a comunicação entre surdos e surdos, e entre surdos e ouvintes (GOLDEFELD, 2002). Essa abordagem educacional desenvolveu-se na década de 1970, devido à insatisfação de alguns educadores quanto aos resultados do Oralismo. Acreditava-se que a aquisição linguística do português seria mais eficaz caso fossem usadas várias formas de comunicação com os surdos, inclusive o uso simultâneo da Libras e da LP, o que se configurava como uma mescla das duas línguas. Porém, alguns problemas foram encontrados com a utilização de tal método, principalmente a aprendizagem fragmentada de ambas as línguas (BERNARDINO 2000; BOTELHO, 2005). É importante ressaltar que a realidade do fracasso escolar e os avanços das pesquisas em educação e linguística foram um dos fatores fundamentais para tornar insustentáveis as filosofias Oralista e Comunicação Total. 31 Fonte: http://euvouaprenderlibras.blogspot.com.br/2012/08/toda-historia-tem-seus-o-que-nao.html A pesquisa pioneira de Stokoe, citada anteriormente, e outras, que se seguiram em todo mundo sobre diferentes LS, foram determinantes no desenvolvimento de uma nova abordagem na educação de surdos – a educação bilíngue. Soma- se a isso a insatisfação dos próprios surdos que, na década de 1990, começam a se organizar mais efetivamente em movimentos sociais e reivindicar que sua língua fosse oficializada. A Educação Bilíngue, em expansão atualmente na educação de surdos, defende que o surdo adquira a Libras como (L1) e o português como L2. Goldfeld (2002) afirma que o conceito mais importante que a filosofia bilíngue traz é o de que os surdos formam uma comunidade, possuindo cultura e língua 32 próprias. Com isso, faz-se necessário ressaltar que é rejeitada a hipótese de que o surdo deve, obrigatoriamente, aprender a modalidade oral para se aproximar da dita “normalidade”. Nesse contexto, considera-se que a Libras é instrumento de mediação na relação do surdo com a língua escrita, o que traz implicações no processo de aprendizagem da leitura. 2.3 Visões: clínica-terapêutica e socioantropológica Ao longo da história da educação de surdos, é possível constatar duas diferentes visões ou concepções sobre os surdos e sua língua: a visão clínica- terapêutica e a visão socioantropológica. Na concepção clínica-terapêutica, a surdez é concebida como uma “deficiência”, ou seja, o surdo é visto com base em sua patologia, que deve ser tratada para conviver bem na comunidade de ouvintes. Essa concepção visa o tratamento da pessoa surda a partir de sua perda auditiva. Segundo Bernardino (2000), os níveis de decibéis podem ser os seguintes: Deficiência Auditiva Leve: perdas entre 20 e 40 dB (decibéis) Deficiência Auditiva Moderada:perdas entre 40 e 60 dB. Deficiência Auditiva Servera:perdas entre 60 e 80 dB. Deficiência Auditiva Profunda:perdas acima de 80 dB. 33 (BERNARDINO, 2000, p. 25) A visão socioantropológica concebe o surdo como um sujeito que pode se desenvolver cognitivamente e socialmente, utilizando a língua de sinais. Nessa visão, o surdo não é visto como “doente”, mas sim como um sujeito, parte de uma minoria linguística, que faz uso de uma língua espaço visual. Além disso, a visão socioantropológica reconhece o surdo como falante de uma língua, com identidade linguística e cultural. 34 Alguns conceitos importantes... Deficiente Auditivo: sujeito que se reconhece como uma pessoa que possui limitações físicas impostas pela deficiência. Muitas vezes denominado DA (deficiente auditivo), não é usuário da Libras – Língua Brasileira de Sinais – e, muitas vezes, a rejeita. Vive, prioritariamente, entre pessoas ouvintes e utiliza-se da comunicação oral, bem como da leitura labial. Ser deficiente Auditivo é viver uma condição na qual há a ausência da audição e na qual se busca alternativas médico-clínicas para suprir a falta da audição, tais como próteses auditivas, terapias fonoterápicas e implante coclear. Surdo: sujeito que se reconhece surdo, usuário da Libras – Língua Brasileira de Sinais, e que, geralmente, está inserido na comunidade surda da cidade onde reside. Possui especificidades linguísticas, culturais e identitárias, as quais são oriundas do processo de desenvolvimento e aquisição de língua e linguagem pelo qual passou, o qual se sustenta em um modo de ver a realidade ancorada, prioritariamente, a partir da perspectiva visuo-espacial. Ser surdo, para esse sujeito, não é viver uma condição patológica, clínica, mas sim uma condição social, antropológica. 35 O sinal-nome é um sinal de identificação pessoal. É uma forma de nomearmos pessoas em língua de sinais, já que, como vimos anteriormente, essa língua é espaço-visual. Dessa maneira, quando nos referimos a uma pessoa, utilizamos o seu sinal de identificação, ao invés de utilizar a datilologia do seu nome. O sinal-nome está relacionado às características físicas marcantes de uma pessoa, como por exemplo, a forma de dividir o cabelo, a cor dos olhos, uma pinta no rosto, os óculos e etc. Somente o surdo pode “batizar” uma pessoa que faz parte da comunidade surda com um sinal, ou seja, ouvintes não podem designar sinal-nome. O interessante é que todo sinal-nome tem sua história. O que é um sinal-nome? 36 Lendo um pouco mais...GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São Paulo: Plexus Editora, 2002. STROBEL, K. História da Educação de Surdos. Florianópolis, 2009. Disponível em http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEdu cacaoDeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf LACERDA, C. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. Cad. CEDES vol.19 n.46 Campinas Sept. 1998. 37 Unidade III – Aspectos linguísticos da Libras: parâmetros Josiane Marques da Costa Anos atrás éramos uma caixa de lápis, não um seres humanos, porque os pontos de vista médico e audiológico têm nos impedido de ser vistos em um contexto linguístico-cultural, rótulos arcaicos têm sido colados a nossa língua e literatura – alguns dos quais ainda existem neste dia e era (Ann Silver, 1999 apud Gesser, 2009, p.55) 38 3.1 O status linguístico das línguas de sinais Apesar de a consciência de que existe uma comunicação gestual utilizada pelos sujeitos surdos ter surgido no século XVIII, os primeiros estudos de cunho linguístico dessa comunicação tiveram início apenas no século XX. Antes de tudo, era necessário definir o verdadeiro status linguístico dessa comunicação. Seria esta meramente uma linguagem ou ainda uma protolinguagem 4 ? Seria esta comunicação dependente das línguas orais (Português, Inglês, Francês, etc) ou teriam estas uma gramática própria e independente? Essas perguntas foram inicialmente respondidas pelo linguista norte-americano William Stokoe. Ao publicar seu artigo, American Sign Language Structure (Estrutura da Língua de Sinais Americana), em 1960, Stokoe provou que a Língua de Sinais Americana (ASL) apresentava as mesmas propriedades universais das línguas naturais. Além disso, Stokoe (1960) demonstrou que as línguas de sinais eram línguas naturais das comunidades surdas, surgidas do contato surdo-surdo. Partindo do pressuposto de que as línguas de sinais compartilham as mesmas propriedades das línguas naturais, era preciso estudar então aquelas nos mesmos níveis em que estas são estudadas. Nesse sentido, era preciso analisar e descrever as línguas de sinais nos cinco níveis línguísticos básicos: fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e pragmática. O próprio Stokoe (1960) iniciou esses estudos ao descrever a fonologia das línguas de sinais. Assim como nas línguas orais, a fonologia preocupa-se com o fonema – menor unidade sonora e distintiva da língua -, nas línguas de sinais a fonologia se preocupa com as unidades mínimas que formam os sinais. 4 Linguagem cujo uso é restrito ao âmbito doméstico e geralmente é compreendidaapenas pela família ou por pessoas que convivem entre si. Esse tipode comunicação não apresenta os cinco níveis listados acima [fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, pragmática] e, além disso, não é utilizadapor um povo como veículo corrente de comunicação (BERNARDINO et al). 39 Consequentemente, seguiram-se pesquisas as quais analisam os outros níveis de estudos: morfologia (ARONOFF et al, 2000; PADDEN, 1988; etc), semântica (MEIER, 1988a,1988b; ENGBERG-PEDERSEN, 1993), sintaxe (NEIDLE et al, 2000; PADDEN, 1988; LIDDEL, 1980), pragmática (JOHNSTON & SCHEMBRI, 2007). Dentre os pesquisadores brasileiros, destacam-se Quadros (1997, 2004), Ferreira-Brito (1993, 1995), Fernandes (1989, 2003), Bernardino (2000), entre outros. No nosso Guia de Estudos, abordaremos apenas os aspectos fonológicos da Libras, atentando-nos para os parâmetros da Libras. 3.2 Parâmetros da Libras A Libras é uma língua de modalidade espaço-visual cujo sistema comunicativo baseia-se em um número determinado de elementos os quais se movem num espaço delimitado e são regidos por práticas que estabelecem o modo como esses elementos serão combinados (QUADROS & KARNOPP, 2004), conforme veremos nas características gramaticais descritas abaixo. A fonologia nas LS tem por objetivo investigar os constituintes fonológicos que formam um determinado sinal. Quadros e Karnopp (2004) afirmam que os estudos fonológicos das LS têm duas importantes tarefas: a primeira é investigar a determinação das unidades mínimas que formam um sinal e a segunda é compreender as possíveis combinações entre essas unidades. Nas LS, assim como nas LO, os sinais também são constituídos e decompostos por unidades mínimas (que não carregam significado isoladamente), já que os parâmetros que formam um sinal podem alterar o seu significado por meio dos pares mínimos. São cinco, os parâmetros da Libras: (i) Configuração de Mão; (ii) Ponto de Articulação; (iii) Movimento; (iv) orientação da palma das mãos e (v) expressões faciais e corporais, também chamada de 40 expressões não-manuais. Abaixo, estudaremos os cinco parâmetros da Libras, acompanhados de exemplos em Libras. Observe o sinal abaixo: Sinal de FAMÍLIA em Libras. Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 1213 Um exemplo do parâmetro CM pode ser demonstrado no sinal FAMÍLIA em que o formato da mão, para a construção do sinal, é produzido conforme explicitado abaixo. Fonte: adaptado de www.cbsurdos.org.br 1) CONFIGURAÇÃO DE MÃO (CM) é o formato que as mãos tomam para produzir um determinado sinal. 41 Segundo Ferreira-Brito (1995), a Libras teria 46 configurações de mãos, mas estudos recentes têm mostrado maior número de CM na produção dos sinais. (Configuração de mão – FERREIRA-BRITO, 1995, p. 220) 42 Abaixo apresentaremos quatro sinais com ponto de articulação diferente, observe. Sinal de DIFÍCIL em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 986 Sinal de AMOR em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 352 PONTO DE ARTICULAÇÃO (PA) é a parte do corpo onde será produzido o sinal. 43 Sinal de AMOR em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 1778 Sinal de AMOR em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 462 44 Como vimos acima a respeito dos pontos de articulação dos sinais: DIFÍCIL, localiza-se na cabeça ou parte superior; AMOR, localiza-se na região do tórax ou parte média; NASCER, localiza-se na região da cintura ou parte inferior e AVIÃO, localiza-se no espaço neutro. De acordo Quadros e Karnopp (2004, p. 57), o ponto de articulação é divido nas seguintes partes: (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 57) MOVIMENTO é aquele construído por um enunciador no espaço de produção do sinal e pode ser caracterizado “por envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos das mãos, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais do espaço”. (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 54). 45 Alguns sinais também possuem movimentos, conforme podemos ver nos exemplos abaixo: Sinal de BANDEIRAem Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 465 Sinal de TRABALHAR em Libras. Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 2392 Sinal de AMOR em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 1496 46 Quadros e Karnopp (2004) afirmam que na Libras é possível identificar seis tipos de orientações, conforme explicitados abaixo. (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 59) ORIENTAÇÃO da palma da mão é caracterizada pela direção que a palma da mão aponta ao produzir um determinado sinal. 47 (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 60) (QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 60) 48 Segundo Quadros e Karnopp (2004), a expressão facial é um parâmetro que pode tanto diferenciar itens lexicais, quanto marcar construções sintáticas nas LS. Triste, feliz, raiva, dentre outros. Veja o exemplo abaixo. Sinal de TRISTE em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 2392 É impossível produzir um sinal com apenas um dos parâmetros, já que este é formado simultaneamente, ou seja, mais de um parâmetro fará parte da formação de um sinal. Por exemplo, no sinal de triste, temos uma configuração de mão em Y, o ponto de articulação é no queixo e a expressão facial é de tristeza. O sinal TRISTE é formado por três parâmetros que ocorrem simultaneamente. EXPRESSÃO FACIAL OU NÃO MANUAIS são as marcas faciais ou corporais que podem diferenciar itens lexicais nas Línguas de Sinais. 49 3.3 Simultaneidade nas línguas de sinais Como vimos nos exemplos explicitados acima, os sinais são estruturados simultaneamente, ou seja, os parâmetros ocorrem ao mesmo tempo na construção de um sinal. Assim, enquanto nas línguas orais as estruturas são baseadas na linearidade, ou seja, as palavras são construídas sequencialmente, sílaba por sílaba, as LS são simultâneas. Em línguas de sinais, são utilizadas marcas não-manuais, como expressões fisionômicas e movimentos do pescoço, em sincronia com o movimento manual, enquanto em línguas orais, é utilizada a modulação do contorno melódico (entoação e intensidade) da cadeia linguística, em sincronia com os segmentos fônicos. (SALLES et al., 2003, p. 84) Ferreira-Brito (1993) aponta que a simultaneidade está diretamente ligada aos níveis fonológicos e morfológicos da Libras, consoante podemos ver no sinal de TRISTE, formado simultaneamente pela configuração de mão, ou a forma da mão é em ‘Y’ , pelo ponto de articulação, local onde o sinal está sendo produzido (no queixo) e a expressão facial que representa o sentimento de tristeza. Sinal de TRISTE em Libras Fonte: Capovilla, Raphael e Maurício, 2012, p. 2392 50 Fonte: Configuração de Mão em ‘Y’ Adaptado do Alfabeto Manual e os Numerais Esses são os cinco parâmetros da Libras. A seguir, apresentarei algumas referências para leitura e vídeos a serem assistidos, a fim de esclarecer ainda mais essa parte dos nossos estudos. Estudando um pouco mais... QUADROS, R. M.; KARNOPP. Língua de Sinais Brasileira: Estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. Vídeo INES - Gramática da Libras - https://www.youtube.com/watch?v=kEp6fU4zVFI 51 Unidade IV - Educação de surdos Josiane Marques da Costa Alunos que aprendem os conceitos acadêmicos e as habilidades de letramento em sua língua nativa podem mais pronta e rapidamente transferir aquelas habilidades para uma segunda língua, porque o conhecimento está embasado na língua e esquema que eles compreendem (CUMMINGS, 1979, 1981 apud LA BUE 1995, p.207) 52 4.1 O ensino de português como segunda língua para surdos Fonte: www.ifnmg.edu.br É sabido que o domínio de uma língua está intimamente relacionado com a possibilidade de participação social plena, uma vez que é por meio dela que nos comunicamos, temos acesso às informações, partilhamos visões de mundo e produzimos conhecimento. O bilinguismo traz grandes desafios para a contemporaneidade educacional dos surdos e um deles é o ensino de PL2 para surdos. Isso porque, embora os surdos tenham a Libras como primeira língua (L1) e como meio de comunicação e de interação, estes são sempre expostos à LP como instrumento de acesso à leitura e à escrita. Porque a língua portuguesa é considerada a segunda língua dos surdos brasileiros? Leia: Ensino de Língua Portuguesa para surdos: caminhos para prática pedagógica. Pág. 54-63. (Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf) 53 A aprendizagem de uma língua é marcada não apenas por processos inerentes à estrutura linguística, mas também pela utilização da língua em diversos contextos de uso. Salles et. al (2003) explica que a aprendizagem da LP é de fundamental importância para os surdos, uma vez que lhes possibilitará o acesso à sociedade letrada e os levará ao conhecimento linguístico e social da LP por intermédio dos gêneros textuais que circulam socialmente. Nesse contexto, a falta de conhecimento em LP como instrumento de acesso ao mundo letrado limitará o conhecimento da leitura desse público, dificultando, assim, a compreensão de textos escritos convencionalmente nessa língua. No que diz respeito ao aprendiz-surdo, a situação em que se encontra possui características especiais: o português é para eles uma segunda língua, pois a língua de sinais é a sua primeira língua, só que o processo não é o de aquisição natural por meio de diálogos espontâneos, mas o de aprendizagem formal na escola. O modo de ensino/aprendizagem da língua portuguesa será, então, o português por escrito, ou seja, a compreensão e a produção escritas, considerando-se os efeitos da modalidade e o acesso a elas pelo surdo. (SALLES et al., 2003, p. 115). Dessa forma, o processo de aprendizagem da escrita e da leitura em PL2 por surdos dependerá, na maioria das vezes, do desenvolvimento da competência comunicativa em duas línguas de modalidades completamente diferentes: a Libras (língua espaço-visual) e a LP (língua oral-auditiva). Ao iniciar o processo de aprendizagem da leitura e escrita em L2, espera-se que o surdo tenha adquirido conhecimentos linguísticos, contextuais, estruturais e culturais de sua L1, já esses conhecimentos os auxiliarão no desenvolvimento de estratégias cognitivas que lhes possibilitem a transferência Quais os desafios do ensino de português como segunda língua para surdos? 54 de elementos de sua língua materna para compreender textos em L2 (cf. QUADROS, 1997; SALLES et al., 2003). Segundo Fernandes (1999), as dificuldades enfrentadas pelos surdos na aprendizagemda escrita e da leitura em LP estão relacionadas a vários fatores, tais como a própria modalidade entre as línguas e outras peculiaridades que envolvem características específicas da Libras/LP, por exemplo, a construção sintática, gramatical, prosódica e semântica. Além disso, questões como a metodologia aplicada ao ensino de PL2, a qualidade dos textos apresentados aos alunos surdos, a utilização da Libras nas aulas de leitura de textos e a reflexão dos diferentes aspectos entre a L1 e a L2 (cf. Silva, 2010) também podem dificultar a compreensão e aprendizagem da leitura por surdos. A leitura, tanto para falantes nativos quanto para aprendizes de L2, envolve diversos fatores que vão desde a interação do leitor com o texto ao processamento cognitivo que os leitores utilizam quando estão lendo. De acordo com Koda (1994), além do conhecimento enciclopédico, o leitor também processa informações linguísticas que perpassam pelos níveis ortográfico, sintático e semântico. Siqueira e Zimmer (2006) afirmam que o nível semântico está relacionado às propriedades do significado nas línguas. Sinonímia, antonímia, hiponímia, polissemia e homonímia são exemplos de relações de sentido contempladas nesse nível. (SIQUEIRA & ZIMMER, 2006, p. 34). No caso de sujeitos surdos, o processamento da leitura vai se diferenciar do de outros falantes de L2 devido às particularidades vivenciadas por aqueles, como a modalidade linguística, cultura e sua relação com aspectos visuais para construção do conhecimento. Chaves (2002), ao analisar os processos cognitivos que atuam na construção de inferências na leitura de textos em LP por surdos, à luz da Teoria da Relevância (SPERBER & WILSON, 1986), afirma que os surdos trabalham com a informação visual construída a partir da leitura do texto escrito na construção de inferências. 55 Segundo Botelho (2002, p. 62), muitos problemas enfrentados pelos surdos, ao ler textos em LP, estão associados à “pobreza de vocabulário”, pois, muitas vezes, eles “desconhecem palavras e expressões básicas e cotidianas da língua escrita”. Além disso, ao construir sentido, os surdos costumam parar nas palavras desconhecidas e apenas a leitura e compreensão dos demais itens lexicais “não resolve os problemas da interpretação e produção textual, pois mesmo quando conhecem as palavras [os surdos] não sabem considerar o contexto”. 4.2 Inclusão Escolar ou Educação Bilíngue para os surdos? A educação bilíngue, em expansão atualmente na educação de surdos, defende que estes adquiram a Libras como primeira língua e o português como segunda língua e que o ensino de português como segunda língua seja adequado à sua especificidade linguística. Nesse sentido, a proposta bilíngue na educação de surdos rejeita a hipótese de que o surdo deve, obrigatoriamente, aprender a modalidade oral para se aproximar da dita ‘normalidade’, bem como reafirma que os surdos formam uma comunidade, possuindo cultura e língua próprias. (cf. GOLDFELD, 2002; QUADROS, 1997). Além disso, na proposta do bilinguismo, a Libras é considerada o instrumento de mediação na relação do surdo com a língua escrita, o que traz implicações no processo de aprendizagem da leitura e da escrita em língua portuguesa. Entretanto, embora a LP sirva como instrumento para escrita e leitura dos surdos, pesquisas têm revelado que, com a inclusão de surdos no ensino regular (cf. FERNANDES, 1999; LACERDA, 2006; SILVA, 2008; LODI, 2013), as metodologias de ensino de PL2 têm sido as mesmas utilizadas no ensino de LP como língua materna para ouvintes e, com isso, os surdos têm apresentado rendimento na LP inferior aos alunos ouvintes. Então, se por um lado a inclusão dos surdos possibilitou a igualdade e o respeito à diferença, por outro, trouxe dificuldades para a elaboração de metodologias aplicadas ao ensino satisfatório de PL2 para surdos, na sala de aula inclusiva. 56 4.3 O papel do intérprete educacional Fonte: www.surdosol.com.br Leia: Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a Política Nacional de Educação Especial e o Decreto nº 5.626/05 Disponível em (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517- 97022013000100004) 57 O intérprete é aquele que, geralmente, é ouvinte, bilíngue, falante da língua portuguesa e da Libras – Língua Brasileira de Sinais. Realiza traduções e interpretações Libras – Português – Libras. Comumente, considera-se um membro da comunidade surda. É possível, ainda, pessoas surdas serem intérpretes da Libras, haja vista que dependendo do nível de proficiência da oralização, bem como da língua portuguesa, esse sujeito poder versar textos da Libras para o Português e do Português para a Libras. Para compreendermos o papel do intérprete de Libras, faremos a seguinte leitura: Quem é o tradutor e intérprete de língua de sinais? O tradutor e tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa (pág. 27-30). Disponível em (http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf) LACERDA, C. B. F. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cadernos CEDES, v.26, n. 69, p. 163-184, maio/ago.2006. (Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n69/a04v2669) 58 BIBLIOGRAFIA GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São Paulo: Plexus Editora, 2002. FERNANDES, Eulália. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. ____________A aquisição do português por surdos sob uma perspectiva semântico-pragmática. In: Anais do III Congresso da SIPLE – Desafios e respostas para o ensino de português como segunda língua. Universidade de Brasília, Brasília, 2001. FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997. QUADROS, R. M.; KARNOPP. Língua de Sinais Brasileira: Estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004 LACERDA, C.B.F e MANTELATTO, S.A.C. “As Diferentes Concepções de Linguagem na Prática Fonoaudiológica”. In: Surdez e Abordagem Bilíngue. São Paulo: Ed. Plexus, 2000. BOTELHO, P. Linguagem e Letramento na Educação de Surdos: ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. BERNARDINO, E. L. Absurdo ou Lógica? A produção linguística do surdo. Belo Horizonte : Editora Profetizando Vida, 2000. 59 SILVA, Otto Marques da.A Epopéia Ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo: Ed. CEDAS, 1986. SKLIAR, Carlos. Um olhar sobre o nosso olhar acerca da surdez e das diferenças. In: ______. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998b. p. 7-32. SACKS, Oliver. Vendo Vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 [1989]. QUADROS, Ronice Müller. Estudos de línguas de sinais: uma entrevista com Ronice Müller de Quadros.ReVEL, vol. 10, n. 19, 2012 [www.revel.inf.br]. LODI, A. C. B. A Leitura como Espaço Discursivo de Construção de Sentidos: oficina com surdos. Tese de Doutorado, PUC-SP, 2004. SILVA, Otto Marques da.A Epopéia Ignorada: a pessoadeficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo: Ed. CEDAS, 1986. TAUB, S. F. 2001. Language from the body: Iconicity and metaphor in American Sign. Language. 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Porto Alegre: Mediação, 2002.p.56-61. FERNANDES, S . É possível ser surdo em português? Língua de Sinais escrita: em busca de uma aproximação. In: SKLIAR, Carlos (org). Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999. 61 GESSER, Audrei, LIBRAS: Que língua é essa?: Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial. SKLIAR, C. Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999. BERNARDINO, E. L, SILVA, G. M., PASSOS, R. Língua e Linguagem. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/63097509/LINGUA-E-LINGUAGEM- Bernardino-Silva-e-Passos BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. RECH, A. J. D.; FREITAS, S. N. Uma revisão bibliográfica sobre os mitos que envolvem as pessoas com altas habilidades. In: FREITAS, S. N. (Org.). Educação e altas habilidades/superdotação: a ousadia de rever conceitos e práticas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2006.
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