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1 FACULDADE ESTÁCIO DO AMAPÁ ROSANE CORREA FERREIRA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSCIENTIZAÇÃO AO MEIO AMBIENTE PELO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Macapá-Ap 2018-1 2 ROSANE CORREA FERREIRA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSCIENTIZAÇÃO AO MEIO AMBIENTE PELO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à coordenação do curso de Pedagogia da Faculdade Estácio do Amapá, sob orientação da Drª. Diney Adriana Nogueira de Oliveira, como requisito para obtenção de grau em Pedagogia. Macapá-Ap 2018-1 3 ROSANE CORREA FERREIRA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSCIENTIZAÇÃO AO MEIO AMBIENTE PELO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao colegiado de Pedagogia, da Faculdade Estácio do Amapá, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Banca Examinadora .......................................................................................... Prof. (Orientador) Faculdade Estácio do Amapá .......................................................................................... Prof. Dr Faculdade Estácio do Amapá Aprovado: .............. Em: ____/____/________ Macapá-Ap 2018-1 4 A Deus! As minhas filhas, obrigado pela compreensão. 5 Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo aos seus pés é a cinza de nossos avós. Para respeitarem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem ás suas crianças o que ensinamos à nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer a Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Chefe Seatle 6 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter me conduzido ao curso de pedagogia, de aprender, valorizar, amar o curso durante toda a trajetória tanto na teoria quanto nas práticas e diante todas as dificuldades não desistir do curso. As minhas filhas, Maria Dirlane Ferreira, Maria Rayane Ferreira, Maria de Jesus Ferreira, Felícia Fernanda Ferreira que desde o início do curso acompanhou meu empenho para concluir este trabalho e ao Fernando de O. Dias que também fez parte da minha trajetória acadêmica nesses quatros anos e seis meses por não deixar desaminar do curso. As minhas amigas que conquistei ao longo do curso, obrigada pela gratidão, por não desaminar do curso. A minha professora orientadora Dr. Diney Adriana Nogueira de Oliveira e a coordenadora do curso de pedagogia Juliannie Vianna Morais Santos, por fazer parte da caminhada dentro desta instituição e por dedicar seu tempo e conhecimento para que eu chegasse até a conclusão do curso. A Faculdade Estácio do Amapá por me proporcionar a oportunidade de ter um futuro profissional pela qualidade de ensino recebido. Aos professores Bernardo Picanço, Marcia V. Souza e todos os professores da E.M.E.F Odete de Almeida Lopes, que disponibilizaram um pouco do seu tempo para a minha pesquisa de campo. Aos melhores professores que eu encontrei nessa jornada acadêmica: Dr.José Adnilton O. Ferreira, Rildo Nascimento, Simone Guedes e Dr. Diney Adriana N. de Oliveira, obrigada por tudo o que eu sei hoje e levarei por toda vida. E a todos no qual eu não citei o nome, que me apoiaram para o desempenho acadêmico, meu muito obrigada! 7 RESUMO A presente pesquisa procurou verificar se a temática Educação Ambiental e trabalha no âmbito educacional com o intuito de contribuir para a formação de cidadãos mais consciente e responsáveis com o meio ambiente. O objetivo geral do trabalho foi o de analisar a escola como ambiente de formação humana, ética, cidadania e responsabilidade ambiental no ensino fundamental da Emef. Odete de Almeida Lopes. Os objetivos específicos foram: definir os conceitos construídos da educação ambiental; Identificar aspectos sociais, ambientais, econômicos e legais que justifique a necessidade da conscientização ambiental e analisar por meio de pesquisa de campo como é trabalhada a educação ambiental nas práticas educativas nos anos iniciais. Por seguinte metodologia, utilizada foi de cunho bibliográfico a partir de acervos, virtuais de livros, periódicos e artigos para que se possam encontrar respostas sobre a influência da conscientização do meio ambiental nos projetos políticos pedagógicos como instrumento de reflexão na realidade local da continuidade escolar para comprovar teorias e sugestões de autores no contexto a ser pesquisado. Posteriormente, fez-se a coleta de dados através de questionário de natureza quantitativa, entregues aos professores e coordenadores pedagógicos. Ao averiguar os resultados, nota-se que o conhecimento sobre a necessidade de abordar na escola a temática educação ambiental é importante, porém a escola trabalha de forma interdisciplinar nas práticas educativas, mesmo com as dificuldades de falta de recursos todos trabalham em conjuntos. Ainda à falta de incentivos pelos gestores educacionais para trabalhar a Educação Ambiental e sustentabilidade sendo um tema transversal nas práticas educativas para desenvolver o senso crítico dos alunos nos anos iniciais Palavras-chave: práticas educativas. anos iniciais. práticas sustentáveis. sustentabilidade. 8 ABSTRACT The present research sought to verify if the theme Environmental Education and works in the educational scope with the intention of contributing to the formation of citizens more conscious and responsible with the environment. The general objective of the work was to analyze the school as environment of human formation, ethics, citizenship and environmental responsibility in Emef's elementary school. Odete de Almeida Lopes. The specific objectives were: to define the constructed concepts of environmental education; Identify social, environmental, economic and legal aspects that justify the need for environmental awareness and analyze, through field research, how environmental education is practiced in educational practices in the early years. The methodology used was based on collections, virtual books, periodicals and articles so that answers could be found on the influence of environmental awareness on pedagogical political projects as an instrument for reflection in the local reality of school continuity for to prove theories and suggestions of authors in the context to be researched. Subsequently, data were collected through a questionnaire of a quantitative nature, delivered to teachers and pedagogical coordinators. When assessing the results, it is noticed that the knowledge about the need to approach the school environmental education is important, but the school works in an interdisciplinary way in the educational practices, even with the difficulties of lack of resources, all work together. Also to the lack of incentives by the educational managers to work on Environmental Education and sustainability being a transversal theme in the educational practices to develop the critical sense of the students in the initial years Keywords: educational practices. years. sustainable practices.sustainability. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................... 10 1 – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.....................................13 1.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A CRISE AMBIENTAL......................13 1.2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................14 1.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL..........................................18 1.4 CONCEITOS CONSTRUÍDOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........20 2 - PRATICAS EDUCATIVAS PARA DESENVOLVIMENTO DA CONSCIENCIAMBIENTAL....................................................................24 2.1 CONSTRUÇÕES EDUCATIVAS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR...............................................................................................24 2.2 PRÁTICAS EDUCATIVAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL................26 2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE.........................27 2.4 PRATICAS SOCIAIS SUSTENTAVEIS.............................................30 3 - A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRICULO ESCOLAR PARA NOS ANOS INICIAIS...........................31 3.1 CARACTERIZAÇÕES DO AMBIENTE .............................................32 3.2 METODOLOGIA................................................................................35 3.3 LEVANTAMENTOS DE ANÁLISES DE DADOS...............................36 3.4 RESULTADOS..... .......................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................41 REFERÊNCIAS .................................................................................... 43 APENDICE..............................................................................................49 10 INTRODUÇÃO A educação ambiental surgiu, historicamente, na idealização global, através do pensamento crítico, uma nova ética mundial para que a sociedade pudesse manter sua identidade sem perder as características culturais e religiosas, buscando garantir essa idealização às presentes e futuras gerações. Assim, combinada com o desenvolvimento sustentável, a Educação Ambiental busca espaço na formação cotidiana comum, sem perder a essência do que se insere no modo de ensino difundido nacionalmente. Mesmo assim, não é alcançado pelos especialistas em meio ambiente, à tão almejada responsabilidade socioambiental. Em pleno século XXI o mundo enfrenta muitos problemas ambientais causados pela falta de conscientização ambiental, trazendo sérias consequências para o planeta terra. Os seres humanos ainda não são dotados de uma consciência ambiental crítica, Buscou-se, através de pesquisa bibliográfica, evidenciar o histórico da educação ambiental tanto mundialmente como no Brasil, para demonstrar como surgiu a temática, como sua discussão chegou as escolas e às formas de ensino como agente formadora da consciência crítica do pensamento, através de práticas educativas inseridas desde os anos iniciais até o ensino superior e assim concluir, ao final da extensa revisão, como deve ser inserida a Educação Ambiental nas escolas sem ferir os preceitos de como surgiu; e garantir os princípios do desenvolvimento sustentável para a aplicação de políticas voltadas para a área. A escola como lócus de aprendizagem, é formadora de alunos críticos frente à realidade existente, mais falta de comprometimento de políticas públicas que efetivem uma Educação Ambiental de qualidade nas práticas educativas envolvendo os alunos, família e comunidade. O presente trabalho procura responder a seguinte problemática: quais estratégias de ensino-aprendizagem voltada as práticas educacionais na conscientização ao meio ambiente na EMEF. Odete de Almeida Lopes, conforme o artigo 225 da Constituição federal Brasileira (Brasil,1988), “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e a coletividade o dever de defende- lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações”. 11 Como resposta levanta-se a hipótese sobre qual a importância das práticas pedagógicas na conscientização ao meio ambiente no processo de ensino- aprendizagem desde do ensino básico? Pois os ensinos em muitas escolas cada vez mais ficando rotineiro e não despertam no aluno para que se reconheçam como sujeito histórico críticos e capazes de mudar o futuro da terra, a escola ver a importância a inserção da educação ambiental, mais não oferece suporte para que haja um desenvolvimento de práticas educativas, com ênfase na sustentabilidade para uma vida saudável. O objetivo geral da pesquisa vigente é o de analisar a escola como ambiente de formação humana, ética, cidadania e responsabilidade ambiental no ensino fundamental. Os objetivos específicos foram: definir os conceitos construídos da educação ambiental; Identificar aspectos sociais, ambientais, econômicos e legais que justifique a necessidade da conscientização ambiental e analisar por meio de pesquisa de campo como é trabalhada a educação ambiental nas práticas educativas nos anos iniciais, tendo como referência para analisar a EMEF. Odete de Almeida Lopes. A metodologia utilizada com base em vasta pesquisa de punho bibliográfico a partir de acervos virtuais de livros, artigos para que se possa encontrar resposta sobre a importância da Educação Ambiental no ensino básico, para comprovar teorias e sugestões de autores no contexto a ser pesquisado. Os procedimentos para coleta de dados da pesquisa bibliográfica serão reflexivos, recolhendo informações sobre o tema abordado e posteriormente realizado a coleta de dados em campo, a importância na interdisciplinaridade relacionados a questão ambiental, com perguntas abertas e fechadas para os professores e coordenadores pedagógicos do ensino básico, o qual servirá como instrumento para resultados quantitativamente. Como base nos autores Dias, Leff, Carvalho, Wallon, Reigota e Cascino tratam apontam a escola continuará sendo como fonte de diversidade, diferente do âmbito familiar, que são construídas relações em grupos diferentes a ser inserido no meio educacional, para que os objetivos seja estimulada nas práticas curriculares voltadas para as questões ambientais, formando cidadãos críticos sociais e consciente de transformar as sociedades preocupadas com as futuras gerações. Durkheim e Libãneo, explora que a discussão pedagógica a construção da teoria sobre a prática do positivismo deve ser avaliada, a teoria deve ser conjunto da 12 pratica, visto que o conhecimento intelectual são fontes indispensáveis para o contexto sociais e culturais no interesse do aluno. O Primeiro capitulo, será abordada “A História da Educação Ambiental” será abordado a crise ambiental, educação ambiental no Brasil e os conceitos construídos e dos importantes conferencias que foram realizadas na luta por um ensino de qualidade e consciente e ecologicamente sustentável. O segundo capítulo, “Praticas Educativas para Desenvolvimento da Consciência Ambiental” remete as construções educativas no âmbito da educação escolar e suas práticas ambientais sociais, como um caminho para “Educação” consciente na qual se vive. O capitulo também se referem a sustentabilidade ligada a educação ambiental em ações e cotidiano sociais a fim de melhoria na qualidade de vida. O terceiro capitulo aborda a implementação da Educação Ambiental no Currículo escolar, abrangendo a qualidade de ensino que os professores e escola devem repassar para os alunos garantindo a existência de um futuro melhor.O capitulo também se trata da pesquisa de campo composta por questionário com perguntas aberta e fechas para os professores e coordenadores educacionais, seguido de análises dos dados obtidos que averiguar o quanto os professores abordam a temática da Educação Ambiental nas práticas educativas com os alunos dos anos iniciais, e o que foi respondido é seguido pela escola e demais componentes. A pesquisa tem como relevância, indagar sobre as práticas educativas no processo de ensino aprendizagem nas atividades didáticas com a temática educação ambiental ou meio ambiente. A importante ferramenta para transformação da realidade, do pensamento social crítico, uma vez que o objetivo desta proposta educacional é a formação de cidadãos com senso ético e moral, comprometidos com seu papel social que inclui a participação nas decisões socioambientais. 13 1 – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A Educação Ambiental, surge no mundo e posteriormente no Brasil, uma expressão que passou ater mais importância para a formação de cidadãos com conhecimento do ambiente total, como forma de propor soluções para os problemas socioambientais enfrentados por diferentes realidades atuais e prevenir os futuros desajustes. Por isso buscam-se com a educação formas de gerenciar e melhorar as relações entre a sociedade humana resgatando o sentimento de pertencimento do homem diante a natureza, afirmando a consciência ambiental em bases sólidas de melhoria da qualidade ambiental. 1.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A CRISE AMBIENTAL A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define Educação Ambiental como “uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente” (UNESCO, 2005). Portanto, com base teórica clara, o que se pretende com a Educação Ambiental é tornar o ser humano crítico, de forma a exercer a participação nos processos de construção do meio ambiente agradável para todos. A relação entre homem-natureza é concretizada desde o início das civilizações, porém a natureza era ordem dominadora e ditava o regramento do desenvolvimento. Nessa relação, o homem utilizava dos recursos de forma que a natureza pudesse absorver os resíduos gerados, concretizando um ciclo natural. A imposição do ambiente era somente a busca pelos recursos e o uso destinado à sobrevivência (KRUGER, 2001). Rachel Chanson, em 1962, trouxe em “Primavera silenciosa” um alerta de forma poética para o uso do meio ambiente de forma degradante, tendo em todo o mundo diversas reações contrárias ao exposto em sua publicação. O ponto mais explorado pela autora faz referência ao uso de pesticidas e agrotóxicos, com a exploração desordenada da natureza e a exploração sem o tratamento adequado dos recursos naturais. Após a publicação, os olhares ao meio ambiente tomaram diferenciações e passaram a delinear uma preocupação social (SALLUM, 2012). Essa publicação coincide com o período pós-guerra, entre as décadas de 1950 e 1960, onde os movimentos sociais como os hippies e o movimento negro Black Power, 14 traziam a tona a discussão social e as condições a que a sociedade estava exposta naquele momento, com a divergência de classes que culminava no uso diferenciado de recursos naturais (CASCINO, 2000). Os movimentos sociais eram contrários ao levante da “sociedade do consumo” e, consequentemente, a exploração ambiental concreta. Diegues (1992) explora a ideia de que os “movimentos dos trabalhadores, das mulheres, dos negros, da contra- cultura e das minorias raciais” mudaram a forma de observar o mundo, dando ênfase às mudanças globais causadas pela expansão industrial. Nesses questionamentos, personalidades ilustres da década de 60 criaram o “Clube de Roma” em 1968. Tendo em 1972 sua publicação mais versátil e expositora da condição mundial social e ambiental industrial, o relatório intitulado “Os limites do Crescimento”, também conhecido como “Relatório Meadows”, o Clube de Roma expôs os problemas ambientais de forma apocalíptica, com questões que versavam sobre a crescente poluição ambiental, as crises na saúde decorrente do mau uso dos recursos naturais, o crescimento populacional desordenado e as questões educacionais que deveriam passar pelo uso dos recursos naturais. Foram passos que delinearam a crise ambiental e atrelaram o desenvolvimento de modo ordenado com uso dos recursos naturais a partir da educação mundial em alerta. 1.2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A história da educação voltada para questões ambientais está relacionada e direcionada à ocupação da terra para o crescimento e desenvolvimento dos povos e nações. Porém, somente após os alertas ambientais e desenvolvimento industrial, o uso dos recursos naturais passou a ser visto com relevância, além de ser fator decisivo para exploração industrial e social, e assim, ser objeto de decisão de toda sociedade. No ano de 1968, na Inglaterra, um marco da Educação Ambiental surge: o Conselho de Educação Ambiental. Porém, o primeiro olhar mundial político para questões ambientais estruturais surgiu na “Conferência Mundial sobre o meio ambiente humano”, conhecida como Conferência de Estocolmo, convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, na Suécia. No documento final gerado pela Conferência, tem-se a educação em voga, quando trata o meio ambiente como dever daquele que o utilizada de forma exploratória, o ser humano. Neste documento, assinado por 113 países, o artigo 19 traz que, 15 E indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, visando tanto as gerações jovens como adultos, dispensando a devida atenção ao setor das populações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das comunidades, inspirada no sentido de sua responsabilidade, relativamente a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda a sua dimensão humana. (DIAS, 1992) A conferência ainda deliberou pela recomendação da criação do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), como uma alternativa para tratar as questões ambientais de maneira social e educacional. Esse programa passou a ser consolidado somente em 1975, na Conferência de Belgrado, onde se definiu princípios e aplicações do programa com objetivos delineados, tais como conscientização, conhecimento ambiental e social, incentivo à participação, capacidade de avaliação, competência e comportamento diante das temáticas (UNESCO/PNUMA, 1977). Esse documento inicia uma nova visão global que comporta uma nova ética social que deixa o conhecimento com base no puro desenvolvimento e inicia a consolidação de um desenvolvimento socioambiental de formação crítica. Um dos pontos principais do documento gerado pela conferência que versa sobre a educação ambiental direcional, expõe-se, (...) A reforma dos processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova ética de desenvolvimento e ordem econômica mundial. Governantes e planejadores podem ordenar mudanças, e novas abordagens de desenvolvimento podem melhorar as condições do mundo, mas tudo isso se constituirá em soluções de curto prazo se a juventude não receber um novo tipo de educação. Isto vai requerer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre a escola e a comunidade, entre o sistema educacional e a sociedade. (UNESCO, 1994) Apenas dois anos após o consolidado documento de Belgrado entrar em vigor, ocorreu em Tbilisi, na antiga União Soviética, a ConferênciaIntergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada pela ONU em seu programa direcionado para o meio ambiente, o Programa de Meio Ambiente da ONU (PNUMA). O documento gerado por nesta conferência, chamado “A Educação Ambiental: as grandes Orientações da Conferência de Tbilisi”, inclusive assinado pelo Brasil, norteou as diretrizes voltadas para a Educação Ambiental em todo o planeta. Diretrizes essas aplicadas de forma conjunta, por diversos países, até os dias atuais. Neste documento as recomendações vinculadas à conferência de Estocolmo e da Carta de Belgrado passam a ter um direcionamento evidente para a Educação. De acordo com Calvo e Corraliza (1996), este documento traz diretrizes vinculadas aos 16 seguintes conceitos: novos conhecimentos, novos padrões de conduta (social, ambiental e educacional) e interdependência. Nessa conferência, dois pontos fundamentais podem ser abordados: as recomendações nº1 e nº2. A recomendação nº1 traz, [...]à educação ambiental dar os conhecimentos necessários para interpretar os fenômenos complexos que configuram o meio ambiente, fomentar os valores éticos, econômicos e estéticos que constituem a base de uma autodisciplina, favoreçam o desenvolvimento de comportamentos compatíveis com a preservação e melhoria desse meio ambiente, assim como uma ampla gama de habilidades praticas necessárias a concepção e aplicação de soluções eficazes aos problemas ambientais. Como Recomendação nº2 vale ressaltar os objetivos direcionais para inserir a Educação Ambiental no âmbito governamental, com base nas seguintes categorias: a) consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizar-se por essas questões; b) conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos; c) comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem-se com uma série de valores e a sentir interesse e preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possa participar ativamente na melhoria e na proteção do meio ambiente: d) habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir as habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais; e) participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de participar ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas ambientais. Ainda, nas recomendações seguintes, têm-se um desenho de como o mundo está observando o meio ambiente, em pleno declínio e sem que haja fronteiras, países, raças ou povos, sendo dever de todos encontrarem formas e meios de zelar pela natureza, de maneira a garantir à sociedade comportamentos justos quando se tratar de uso de recursos naturais. Somente em 1987, em Moscou (Rússia), um novo documento foi elaborado visando entendimentos sobre a Educação Ambiental Mundial, ao final do Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativas ao Meio ambiente. Nesse período o mundo vivia grandes transformações. Envoltos à questões políticas, a ex- União Soviética perpassava pela reestruturação política de forma transparente e social para abertura de fronteiras econômicas, sociais e ambientais entre os povos, as chamadas “perestroika” e “glasnost”. Além disso, o acidente de Chernobyl, que além da morte de diversas espécies e dizimação populacional trouxe inúmeras 17 consequências ambientais, criou um alerta aos regimes políticos e econômicos das grandes nações que não inseriam o entendimento ambiental nos seus contextos, não gerando comoção social sobre seus atos em possíveis guerras (CASCINO, 2000). Foi neste congresso que os conceitos tratados de meio ambiente foram direcionados para os conceitos de desenvolvimento sustentável, de forma a inserir a sociedade, a economia e as peculiaridades dos povos no contexto educacional para evolução dos modos de vida da sociedade. No ano de 1990, na cidade de Jontien (Tailândia), durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, foi aprovada e assinada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem que traz como responsabilidade de todos os membros participantes e países signatários, de respeito às heranças culturais, linguísticas e espirituais dos povos, garantindo e promovendo a educação sem distinção, defendendo a justiça social e o meio ambiente como prerrogativa de um desenvolvimento adequado das nações. Em 1992, foi realizada a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a RIO-92 ou ECO-92, organizada pela ONU, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Esse evento reverberou como marco histórico ambiental por trazer não somente questões ambientais à tona, mas questões sociais, econômicas e educacionais que deveriam ser discutidas não somente pelas grandes potências mundiais. Essa conferência resultou, além de diversos documentos, no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Calvo e Corraliza (1996) trazem como objetivo primordial da Conferência o de “respeitar os interesses de todos para que se proteja a integridade do sistema ambiental e o desenvolvimento mundial”. Dias (1998) elenca entre os principais objetivos da conferência os seguintes: • Observar e analisar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas em todo o planeta após o determinado na Conferência de Estocolmo; • Traçar estratégias, de acordo com as particularidades globais e locais, para ações ligadas às principais questões ambientais; • Recomendar a adoção de medidas a para a proteção do meio ambiente através de política de desenvolvimento sustentável. Assim, essa conferência vigora como a mais importante ocorrida desde a Conferência de Estocolmo, dada as recomendações e obrigações dos países 18 signatários em desenvolver, de acordo com o discutido e assinado, a economia e a sociedade, pautadas nos preceitos educacionais e sociais dos povos. Nos documentos gerados, têm-se o escopo da Agenda 21, que possui nomenclatura tal para as prerrogativas do século seguinte. No Capítulo 36, trata especificamente da educação ambiental, reafirmando todas as decisões e recomendações elencadas na Conferência de Tbilisi, com destaque para o desenvolvimento sustentável aliado especificamente às estratégias educacionais (BRASIL, 1995). No ano de 1997 ocorre a “Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade”, em Thessaloniki (Grécia). A resposta dessa conferência foi que todos os esforços desde a RIO-92 não foram suficientes para o desenvolvimento dos programas de educação ambiental de modo global. A conferência recebe destaque pela participação brasileira ao apresentar o documento o documento “Declaração de Brasília para a Educação Ambiental”, construído e consolidado após a I Conferência Nacional de Educação Ambiental – CNIA. 1.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL O marco de início da entrada do Brasil nas discussões ambientais reverbera negativamente, contrapondo o que preconizava cada um dos relatórios e documentos emitidos na Conferência de Estocolmo, em 1972. Naquele ano, embora o Brasil tenha assinado e tenha sido signatário das recomendações mundiais, os representantes brasileiros no evento colocaram o país na contramão da discussão. Durante as discussões, representantes escreveram em um cartaz o seguinte: Bem-vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem restrições. Temos várias cidades quereceberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o novo desenvolvimento (DIAS, 2010). Mesmo com essa atitude dos representantes o Brasil assinou, sem delinear restrições, o documento final das recomendações da conferência. No ano seguinte, em 1973, criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente. Porém, ainda que trouxesse a temática explicita, a Educação ambiental era tema de outra secretaria em questão e não poderia ser consolidada por esta secretaria. 19 Alguns anos mais tarde, em 1981, a presidência da República sanciona a Lei nº 6.938 que trazia em pauta a Política Nacional de Meio Ambiente. Como prerrogativa inicial, como princípio fundamental legal, trouxe a Educação Ambiental para o escopo das discussões públicas. Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: (...) X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981). Em 1988, o Brasil marca a história com a inclusão da pauta da discussão mundial, o meio ambiente, em sua base constitucional. O artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988) traz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. A relevância desse artigo está, no contexto educacional, em dar responsabilidade a todos, poder público e coletividade, do zelo e cuidados com o meio ambiente, trazendo a consciência pessoal para dentro da Constituição Federal. Ainda, mesmo responsabilizando a todos pelos bens ambientais, dá a obrigatoriedade ao poder público, em seu § 1º, VI, de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, reafirmando e consolidando o que a Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981, preconizou. No ano de 1989 a criação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, atual Instituto de Meio Ambiente e recursos naturais renováveis – IBAMA – figurou como o marco brasileiro para as discussões e preservação ambiental. A participação do Brasil na RIO-92 culminou com novas discussões interministeriais sobre a vinculação da Educação Ambiental quanto às discussões políticas, sociais e econômicas, promovendo, assim, a criação do Ministério de Meio Ambiente no mesmo ano da Conferência. Em momento semelhante, o IBAMA cria em todas as superintendências estaduais, os núcleos de educação ambiental. E em 1994 foi formulado no país o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA, compartilhado pelo então Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da 20 Amazônia Legal e pelo Ministério da Educação e do Desporto, com a parceria do Ministério da Cultura e do Ministério da Ciência e Tecnologia. O PRONEA previa três componentes direcionais: (a) capacitação de gestores e educadores, (b) desenvolvimento de ações educativas e (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias. Distribuídos nas componentes, o programa visou contemplar linhas de ação para execução a contento das componentes (PRONEA, 2002). São elas: • Educação ambiental através do ensino formal; • Educação no processo de gestão ambiental; • Campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais; • Cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais; • Articulação e integração comunitária; • Articulação intra e interinstitucional; • Rede de centros especializados em educação ambiental em todos os Estados. A consolidação das diretrizes do PRONEA, com o passar dos anos e com as discussões temáticas acaloradas em todo o planeta culminou na assinatura e promulgação da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999), que trazia em evidência o conceito adotado para “Educação Ambiental” em seu artigo 1º: Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A partir da promulgação da Lei, o Brasil entrou em definitivo na discussão da vertente ambiental no âmbito da educação básica, estendendo-se seus efeitos ao ensino superior e a formação humana. Têm-se, nesse sentido, a relevância natural da educação na formação crítica social pelo uso dos recursos naturais e pelo futuro do planeta. 1.4 CONCEITOS CONSTRUÍDOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Após a difusão das discussões ambientais no mundo e a concretização do conceito brasileiro exposto na Política Nacional de Educação Ambiental, alguns autores passaram a integrar a Educação Ambiental como prerrogativa para 21 pensamento crítico comum. Trouxe Loureiro (2004, apud Rufino e Crispim, 2015) uma amplitude ao conceito que corroborou com os diversos expostos por todo o mundo: [...]a partir de uma matriz que vê a educação como elemento de transformação social (movimento integrado de mudança de valores e de padrões cognitivos com ação política democrática e reestruturação das relações econômicas), inspirada no fortalecimento dos sujeitos, no exercício da cidadania, para a superação das formas de dominação capitalistas, compreendendo o mundo em sua complexidade como totalidade. Portanto, trato aqui de uma educação ambiental que se origina no escopo das pedagogias críticas e emancipatórias, especialmente dialéticas, em suas interfaces com a chamada teoria da complexidade, visando um novo paradigma para uma nova sociedade. Falo de um campo amplo que se mostra adequado à educação ambiental pelo tratamento consistente de nossa especificidade como seres biológicos, sociais e históricos, de nossa complexidade como espécie e da dialética natureza/ sociedade como unidade dinâmica. Historicamente a UNESCO, em 1975, na construção dos documentos gerados pela Conferência de Belgrado definiu a Educação Ambiental como um processo pelo qual se formaria uma população consciente com o meio ambiente e seus aspectos, com conhecimento e competências tais para engajar-se individual ou coletivamente no que pudesse sanar ou mitigar os processos problemáticos ambientais atuais e não repeti-los nas próximas gerações (SEARA FILHO, 1987). O capítulo 36 da Agenda 21, construída no âmbito da RIO-92 conceitua a Educação Ambiental como um processo pelo qual se busca Desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (BRASIL, 1995). Corroborando com o uso dos recursos atrelado ao conhecimento pelas sociedades, Cavalcanti (2001) conceitua a Educação Ambiental como um conjunto de processos onde indivíduos ou a sociedade é capaz de tornar próprios os conhecimentos suficientemente necessários para tornar o espaço em que vivem ideal, não somente para o presente, agregando valores e preservando-o para o futuro. Dentre todos os conceitos, há diferentes grupos de pensamento arespeito do aspecto educacional-ambiental, de modo a gerar diversos conceitos com bases conservacionistas, ecológicas e políticas, abordados de forma diferenciada até os dias atuais. 22 Em termos conservacionistas, temos os primeiros preceitos do surgimento da Educação Ambiental, quando as discussões sobre a crise ambiental foi evidenciada, nas décadas de 1960, principalmente após a publicação de Rachel Chanson, “Primavera Silenciosa”. Um desses conceitos é abordado por Dias (1992) como um processo de formação do cidadão como um alerta para habilitar cada pessoa ou a coletividade para resolver problemas acerca do meio ambiente. No mesmo sentido, a SMA (1991) traz que “o desenvolvimento de práticas de Educação Ambiental destaca- se como uma estratégia para a reversão do processo de degradação e para a conservação e utilização racional dos recursos naturais”. Do ponto de vista ecológico crítico, Dias (1992) faz uma discussão sobre a inclusão das ciências humanas na discussão crítica sobre meio ambiente, aonde irão se inserir temas e artifícios pedagógicos para estreitar os métodos de ensino- aprendizagem. (...) O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus aspectos naturais não permitia apreciar as interdependências, nem a contribuição das ciências sociais à compreensão e melhoria do meio ambiente humano (DIAS, 1992). É nesse contexto, ecológico crítico com pensamento em articulação legal e pedagógica, que a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA – expõe seu próprio conceito quando traz em seus artigos 1º e 2º, Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não- formal. Mais recentemente, Vilar et al. (2008) desmistifica o ilusório pensamento de que os recursos serão utilizados pelas populações de forma consciente, trazendo que as questões ambientais agregam fatores de complexidade e devem obter soluções delineadas através do diálogo social; e nesse contexto, o que se tem no ensino da Educação Ambiental deve expor a responsabilidade de todos, a partir de ensino e consciência crítica, pelos atos praticados contra o meio ambiente de forma a agredir os recursos naturais atuais e futuros. 23 Não diferenciando o pensamento destes autores, Leff (2001) traz a transversalidade da Educação Ambiental para as discussões sociais de modo que questões ambientais possam ser abordadas em todos os tipos e modalidades de ensino, formais ou informais, não sendo engessada à disciplina direcionada a uma única temática. Assim, formar-se-ia pensamento correlacionado, interligando o ensino e o meio ambiente à todas as questões sociais, modos de vida e habilidades intelectuais. Stasi et al. (1989) traz pensamento semelhante quando expõe que a Educação Ambiental (...) deve ultrapassar a fronteira do conhecimento científico e preocupar-se com os aspectos sociais, políticos e econômicos que interligam-se na questão da preservação ambiental. Embora não desmistifique discursos atuais, os relatórios da década de 70 já traziam um conceito delineado, que envolvia política e economia, para o aparato da Educação Ambiental. Sato e Carvalho (2005 apud Vieira, 2008) traz que, A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento de habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio. (...) A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para melhora da qualidade de vida. Assim, como traz Sauvé (2005), A educação ambiental não é, portanto, uma “forma” de educação (uma “educação para...”) entre inúmeras outras; não é simplesmente uma “ferramenta” para a resolução de problemas ou de gestão do meio ambiente. Trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental que diz respeito a uma esfera de interações que está na base do desenvolvimento pessoal e social: a da relação com o meio em que vivemos, com essa “casa de vida” compartilhada. Não obstante os conceitos difundidos, os conceitos legais e as bases científicas doutrinárias cada vez mais consolidadas a “Educação Ambiental” traz duas tipologias que não devem ser desconsideradas, embora possam ser dissociadas: a Educação e o ambiente. A Educação trazida por Kant como a base de todo e qualquer aperfeiçoamento humano; por Hegel (1981) como o ‘espaço’ em que o ser humano pode viver a vida do seu povo; ou por Calleja (2008) como a ação que se desenvolve sobre as pessoas em sociedade de modo a capacitar integralmente um povo em consciência, eficiência e eficácia, formando valores e interagindo com o ambiente que os cerca. 24 Ambiente é tratado de forma diversificada por autores de áreas diferenciadas: biólogos, ecólogos, economistas etc. Mas o ambiente para Lenoble (2002) é o aparato idealizado pelo homem daquele espaço que nos cerca e que dele se faz uso, seja alimentar, social, religioso, político. Assim, combinar os conceitos de educação e ambiente implica em dizer que a educação ambiental conceitual aplicada versa sobre a capacidade de transformar o pensamento humano no cuidado, zelo, ordem, desenvolvimento e aproveitamento do meio que ele faz uso. E, sendo extensivo no conceito, quando se aplicam o ‘desenvolvimento sustentável’ ao conceito, inclui-se a formação crítica para garantir recursos às presentes e futuras gerações. Note-se que o conceito de educação ambiental é diverso e pode ser explorado à medida que é ensinado, para que, individualmente, possa-se discernir e aplicar as idealizações e as melhores perspectivas. 2 – PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL Nesse contexto, aborda a importância de trabalhar a educação ambiental no âmbito escolar, desde dos anos iniciais do ensino básico, sendo um desafio para qualquer escola, quando no seu quadro docente não possui professores com formação sobre aspectos do meio ambiente em sua dimensão biológica e ecológica especifica, ou desenvolver ligações culturais, históricas e políticas. Wallon (1979) trata a escola como fonte de diversidade, diferente do âmbito familiar. No meio familiar são construídas relações diferentes das relações em grupo que começam a ser inseridas no âmbito escolar. 2.1 CONSTRUÇÕES EDUCATIVAS NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR Em 1975, Dürkheim trazia para a discussão pedagógica a construção da teoria sobre a prática, dando visibilidade à construção positivista levantada por ele. Dentro do positivismo têm-se que as teorias devem ser aplicadas e validadas pela prática, e sem essa validação não há como considerar um método como eficiente. Da mesma forma, o pensador propõe que a construção teórica deve ser conjunta à prática 25 aplicada, construindo com bases fundamentadas e testadas para que sejam validadas de imediato e não se tenha sobreposição entre os dois aspectos, sendo proposto por ele um termo usual chamado de “teorias práticas” (DURKHEIM, 1975). Seguindo a aplicabilidade dessa teoria, nos últimos anos, a ciência educacional voltou-se para o comportamento humano como basilar na construção e aplicação teórico-prática de modo que aspectos como organização social, cultura e religiãofossem considerados (RODRIGUES, 2013). Foi nesse contexto que Leite e Tassoni (2002) exploraram que a construção de práticas diferenciadas está inerente a elementos culturais consolidados, devendo preocupar-se o educador não mais com “o que ensinar”, mas em “como ensinar”. Ainda que os conteúdos administrados sejam de comoção social, atrair o público para as práticas atrativas requer a aplicação prática com uma realidade visível de forma a estimular o pensamento crítico. Libâneo (1994) explora que o conhecimento sobre o contexto social em que se está administrando o conhecimento, as habilidades e a capacidade de desenvolvimento intelectual são fontes indispensáveis para ministrar e aplicar novos métodos e práticas, visto que os contextos sociais e culturais serão determinantes para despertar o interesse do aluno. Deve-se ressaltar que grupos de estudantes dentro de uma escola compõem uma diversificação de culturas, religiões e práticas familiares, ainda que dentro de uma mesma sociedade, e este fato deve ser constantemente levado em consideração. Wallon (1979) trata a escola como fonte de diversidade, diferente do âmbito familiar. No meio familiar são construídas relações diferentes das relações em grupo que começam a ser inseridas no meio escolar. O mesmo autor expõe que, na escola, os grupos são variáveis e escolhidos por afinidade por cada criança por interesses pessoais que são trazidos do âmbito familiar, e assim, em grupo a criança passa a tomar consciência própria e construir a personalidade com o despertar dos interesses sociais. É nesse momento que se diferem e dá-se discernimento à criança da figura diferenciada de pais e professores. É, em primeiro lugar, o grupo familiar onde a criança ocupa um lugar determinado [...] que constituem o conjunto dos pais e dos irmãos e irmãs. [...] depois os grupos abrem-se na sua frente, diversificam-se à medida que a sua pessoa se torna mais livre nas suas ligações possíveis, mais polivalente nas suas relações com outrem, mais apto a combinar os seus atos com os de colaboradores eventuais (WALLON, 1979). 26 Mello (2007) traz a importância de tratar a criança no processo pedagógico como um agente de mudança social, capaz de adquirir e construir conhecimento modificador da sociedade e de pensamentos nos seus próprios grupos. A autora traz que o conhecimento na primeira infância é essencial pois esse grupo é capaz de assimilar e modificar conhecimentos, dar relevância à própria capacidade mental e dominá-la, desenvolver capacidades práticas a partir da assimilação teórica partindo de desenvolvimento intelectual, artístico e cultural com base no conhecimento familiar adquirido e exportado para o processo de ensino e aprendizagem. O desafio do educador, na prática pedagógica, vai além do seu próprio conhecimento. Arroyo (2000) diz que o conhecimento é adquirido entre filhos, netos, pais e avós, ou seja, na família enquanto se aproxima da sala de aula, do educador do próprio filho. O autor ainda ressalta que a responsabilidade escolar, dentro do contexto da educação infantil, é um percurso longo em que “todos passamos por longos processos de aprendizagem humana. Se preferirmos, toda criança nasce humana, mas isso não basta: temos que aprender a sê-lo. Podemos acertar ou fracassar. Nessa aprendizagem também há sucesso e fracasso”. É a formação do ser respondida pela formação da consciência social e moral, com bases nos princípios de uma sociedade consolidada, levando em consideração os ensinamentos dados pela família desde o nascimento até o tempo escolar. Assim, nesse mártir, traz Pinto e Leão (2009) que as escolas, a partir dos educadores em conjunto com o desenvolvimento intelectual dos alunos, devem desenvolver as relações dinâmicas e interpessoais e de forma a garantir “vivências, práticas e saberes críticas, dialógicas e dialéticas”, com o intuito final de despertar no ser humano condições de capacidade e discussão didática, que versem sobre interesses necessários para o aperfeiçoamento e ampliação da qualidade social e humana na prática educacional. 2.2 PRÁTICAS EDUCATIVAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL É de notório saber que a educação busca uma consciência social e um crescimento ético capaz de nortear o cidadão e trazer este à valores de interesse relevante atual e futuro, despertando a crítica de respeito às diferentes visões do mundo (OLIVEIRA, 1998). Os parâmetros curriculares nacionais, pensando no efetivo 27 desenvolvimento de práticas educacionais que se voltem para questões ambientais, trouxe as matérias transversais para o meio educacional e explica que Trabalhar de forma transversal significa buscar a transformação dos conceitos, a explicitação de valores e a inclusão de procedimentos, sempre vinculados à realidade cotidiana da sociedade, de modo que obtenha cidadãos mais participantes (BRASIL, 1998). A educação ambiental, com os diversos tratados, mudanças legislativas e discussões mundiais, entrou em pauta para que pudesse ser tratada desde as primeiras bases escolares. Traz Zuquim (2012) que Seja no âmbito da escola formal, seja na organização comunitária, a Educação Ambiental pretende provocar processos de mudanças sociais e culturais que visam obter do conjunto da sociedade tanto a sensibilização à crise ambiental e à urgência em mudar os padrões de uso dos bens ambientais quanto o reconhecimento dessa situação e a tomada de decisões a seu respeito. Nesse mesmo sentido, Santana et al. (2013) colabora com a ideia de que o ser humano é agente modificador do meio em que vive e que a Educação ambiental atua sobre a o esclarecimento da visão socioambiental fazendo com que o ser humano sinta-se parte e incorpore a sociedade à um espaço de relações pessoais com interações culturais, sociais e naturais. Foi com esse interesse transformador que a Constituição Federal de 1988 trouxe a Educação ambiental para a obrigatoriedade, quando, no artigo 225, X, cita como dever do poder público “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente”. Assim, não há dúvidas que a escola deve construir um currículo capaz de contribuir para o desenvolvimento de práticas educativas críticas e transformadoras, respeitando a diversidade social do aluno. 2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE A Educação Ambiental tem o dever de gerar nas pessoas uma compreensão crítica sobre questões voltadas ao meio ambiente, sendo assim, a educação para a sustentabilidade passa a ser um grande movimento ético e histórico de transformação global. Ainda, cabe a esta delimitar valores sociais e atitudes que sejam julgadas socialmente como ambientalmente corretas, para que seja viabilizada qualidade de 28 vida, além de prover a diminuição da pobreza causada pelo uso desenfreado de recursos naturais (DIAS, 1992). Ainda assim para Leff (2001) dado o aspecto econômico primordial acelerado pela sociedade, torna-se impossível desenvolver uma consciência ambiental que prepare as pessoas para uma mudança radical das causas e efeitos danosos causados ao meio ambiente. A discussão de educação ambiental começa a recair na contramão do processo desenvolvimentista imposto pelas sociedades desenvolvidas. Mesmo que haja uma conscientização moral sobre o meio ambiente, para Tamaio (2000), a Educação ambiental configura apenas uma ferramenta diferenciada entre culturas e grupos sociais em prol de um bem comum, em prol de decisões que refletirão globalmente. A tendência educacional tecnológica, do outro a decisão da educação ambiental reflete o uso dos recursos naturaisde maneira racional, identificando atores sociais que podem ser eficientes nos processos de tomadas de decisões. Ainda assim, tem-se a sustentabilidade como meio, instrumento ou ferramenta para inclusão de novos alicerces de desenvolvimento, conforme expõe Jacobi (2003), O desenvolvimento sustentável somente pode ser entendido como um processo no qual, de um lado, as restrições mais relevantes estão relacionadas com a exploração dos recursos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e o marco institucional. De outro, o crescimento deve enfatizar os aspectos qualitativos, notadamente os relacionados com a equidade, o uso de recursos – em particular da energia – e a geração de resíduos e contaminantes. Além disso, a ênfase no desenvolvimento deve fixar-se na superação dos déficits sociais, nas necessidades básicas e na alteração de padrões de consumo, principalmente nos países desenvolvidos, para poder manter e aumentar os recursos-base, sobretudo os agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água. O autor acima informa que, com quaisquer das visões de crescimento abraçadas pelo desenvolvimento sustentável, a sustentabilidade somente será alcançada a partir de limites impostos a esse crescimento, desde que práticas educativas sejam o principal meio de acessar os atores sociais envolvidos, de forma que as manifestações culturais, religiosas e sociais não sejam ignoradas. São com essas premissas que, segundo Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental se configura. Segundo os autores a educação ambiental pode proporcionar não somente a mudança de valores sociais e habilidades de forma a dotar de harmonia a integração humana com o meio ambiente. E corroborando com os autores, Reigota (1998) traz que a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas 29 que introduzirão no meio social a consciência sobre as questões ambientais, a exclusão de comportamentos danosos ao meio ambiente e a alternativa para participação nas próprias decisões por parte dos educandos. Pode-se notar, portanto, que a educação ambiental tem papel estratégico na integração social e na construção de novos conceitos dentro de uma mesma sociedade. Reigota (1998) traz que, (...) a educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nossa época e nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e pacíficas. É importante ressaltar que o radicalismo com que se tem a aplicação ambiental esbarra na teoria da sociedade em risco exposta por Beck (1992). Segundo o autor, com a globalização, as alternativas da modernização e as mudanças ocasionadas pelo desenvolvimento econômico, surge uma nova modernidade; e todas essas mudanças serão adotadas de forma natural, e suas consequências serão divididas também entre toda a sociedade, ainda que, segundo a teoria, não se tenha qualquer noção de como essas consequências serão apresentadas. Acidentes como Chernobyl, em 1986 na antiga União Soviética e Three-Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979 levaram a críticas e debates públicos sobre a forma de interação homem-ambiente, e como essa cultura poderia ser modificada a curto e médio prazo, dadas as visões mais claras da problemática ambiental. Frasson (2011) reforça uma visão ampliada de sustentabilidade e o desenvolvimento econômico, devendo estarem aliadas as iniciativas públicas e privadas, para uma educação unidirecional ambiental responsável. (...) é possível notar que degradação do meio ambiente não representa somente o resultado do consumo das populações, mas também influencia terminantemente nas relações de produção e no desenvolvimento econômico. Instaura-se neste contexto uma espécie de demanda econômica aliada ao natural, com vistas a ações políticas que conduzam a apropriação dos recursos naturais a tecnologias ditas limpas num processo harmonioso e que tenha como preocupação as gerações futuras, o chamado desenvolvimento sustentável. Aliar o desenvolvimento econômico ao contexto natural, ou mesmo, a busca de um desenvolvimento alternativo só é possível com políticas participativas que integrem gestão democrática da sociedade. Para tal, as políticas gerais devem estar abraçadas por uma necessidade de mudança e adesão as necessidades ecológicas. Ventura e Souza (2010), com uma visão otimista, trouxeram que ainda que a construção atual seja absolutamente política e tecnológica, a educação ambiental é, 30 além de uma ferramenta, uma proposta de enfrentamento da crise global ambiental por meio de articulações sociais concisas. Assim, tem-se que não há como dissociar a visão radicalista das mudanças globais combinadas com a Educação Ambiental dada a necessidade do imediatismo das visões sociais, visto que a problemática ambiental está consolidada, cabendo a atual sociedade as modificações futuras. 2.4 PRÁTICAS SOCIAIS SUSTENTÁVEIS NA ESCOLA A “Educação ambiental”, e definida nos próprios fazeres pedagógicos necessária a esta pratica educativa. As práticas sustentáveis ligadas à educação ambiental têm caminhado para mudanças em ações e cotidianos sociais a fim de melhoria na qualidade de vida das pessoas e qualidade do meio ambiente. O adjetivo ambiental anuncia o contexto desta pratica educativa, ou seja, o enquadramento motivador da ação pedagógica(Layrargues,200p.7). O desenvolvimento sustentável como sendo capaz de suprir a necessidades da geração futuras, em acordo com a ecopedagogia desenvolvida e estimulada a partir da escola pelo cotidiano dos alunos, oportunizará a todos o acesso ao conhecimento, as habilidades, atitudes e valores necessários para a formação de um futuro sustentável. Segundo Pontaldi (2011),” a escola é o espaço social onde o aluno dará sequencia ao seu processo de socialização, iniciado em casa com seus familiares”, assim os alunos serão mais estimulados a usarem os recursos naturais de forma mais racional, contribuindo para a sustentabilidade do planeta, levando os ensinamentos aprendidos para os ambientes frequentados pelos próprios. Assim, as práticas ambientais estão intimamente ligadas às necessidades de cada indivíduo e as características de formação e educação familiar. A modificação desses hábitos deve ser impulsionada pela inclusão de práticas sustentáveis viáveis, não sendo modificado somente o discurso sobre os hábitos, mas expondo aos indivíduos o que novas práticas acarretaram em lucro pessoal, ambiental e social. Um dos exemplos levantados por Shove (2012) para a mudança das práticas sociais é que não será possível lançar lixo de forma diferenciada se não se apresentarem as lixeiras diferenciadas. O autor induz que a prática sustentável social perpassa pela necessidade do hábito. As pessoas precisam desenvolver os hábitos para que 31 repassem de forma racional e possam conscientizar-se da necessidade das mudanças. A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentabilidade deve ser um principio interdisciplinar reorientado da educação, do planejamento escolar. os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o educando (a) e também para a saúde do planeta. (INSTINTUTO PAULO FREIRE,1999, p1) Assim, emerge a necessidade de orientação dos currículos escolares, que deve ser inserido na escola de forma satisfatório para aprendizagem do aluno e consequentemente no meio ambiente. É notório que as mudanças sociais devem ser engajadas dado as necessidades globais, levando em consideraçãoas diversificações culturais e sociais. Para Freire (2011), “é transformando a totalidade que se transformam as partes e não o contrário”. Partindo desse pressuposto, tem-se que as sociedades precisam notar prioritariamente o todo, o que será gerado para as futuras gerações, e assim modificar suas práticas sociais, partindo de uma educação e sensibilização de consciência. 3 – A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRICULO ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ Na construção científica deste trabalho, buscou-se além das bases bibliográficas concisas e consolidadas sobre o tema, o confronto com a situação real vivida e exemplificada nas escolas. Como citado, as práticas educacionais ambientais são aplicadas, por vezes, sem o foco necessário para as questões ambientais locais, ou com o pensamento preservacionista e naturalista. A abordagem sustentável, conforme previsto na Constituição Federal de 1988, deixa de ser um instrumento de educação ambiental e passa a ser uma exposição utópica. Cabe ressaltar que a discussão sobre “garantias às presentes e futuras gerações” é o marco fundamental ambiental e este deve ser tratado como o foco regular da educação ambiental. No capítulo que trata de meio ambiente. Ainda, a partir da inclusão do tema em uma política direcionada, a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL 1999), na Lei de Diretrizes e bases curriculares (BRASIL, 1996) e os Parâmetros curriculares nacionais (BRASIL, 1998) demonstram que as políticas nacionais educacionais se 32 preocupam com a temática ambiental e sugerem sua inclusão completa em níveis de conscientização e sensibilização social. 3.1 CARACTERIZAÇÕES DO AMBIENTE A pesquisa de campo foi realizada na Emef. Odete de Almeida Lopes, localizada no município de Macapá-Ap, zona norte/Urbana, no bairro São Lázaro. A Escola munida de 9 salas de aulas, a mesma tem 725 alunos matriculados, atende alunos do 1º ao 5 º ano do ensino básico regular, com 5 turmas e 208 alunos atendidos da Edu.de Jovens e adultos. A Escola foi reformada no ano de 1998 na gestão do prefeito Anníbal Barcellos, passou a funcionar em 1999, possui 4 banheiros, 1 cozinha e 1 deposito. Equipamento de multimídia (Vídeo cassete, DVD, Projetor - DATA SHOW) e filmadora 05 tipos de equipamentos, copiadoras 02 unidades, equipamentos do som 02 unidades, impressoras 02 unidades, Computadores administrativo 02 unidades e computadores para os alunos 17 unidades. A Escola possui 60 funcionários, sendo que 25 professores efetivos e 08 do contrato. Merendeiras 6 ao total, 9 serventes, 6 auxiliares. 4 pedagogos e 1 professor da educação de Ensino Especial e 1 professor de educação física. A educação ambiental em todos os níveis de ensino foi proposta pela Constituição Federal em 1988 no capítulo que trata de meio ambiente. Ainda, a partir da inclusão do tema em uma política direcionada, a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL 1999), na Lei de Diretrizes e bases curriculares (BRASIL, 1996) e os Parâmetros curriculares nacionais (BRASIL, 1998) demonstram que as políticas nacionais educacionais preocupam-se com a temática ambiental e sugerem sua inclusão completa em níveis de conscientização e sensibilização social. Porém, ainda se nota que a temática, mesmo após 30 anos de Constituição Federal, não alcança níveis de magnitude efetiva. Reigota (1995) já trazia a preocupação como expos que o principal desafio do tema ambiental em ambientes educacionais era sair do “conservadorismo biológico e político” de forma que as 33 propostas sociais se sobressaíssem, considerando que as relações com o meio ambiente dependem de características diferenciadas entre os povos. Como visto e exposto nos capítulos anteriores, a educação ambiental toma amplitude em seus conceitos e esbarra nas questões sociais, culturais e até religiosas, podendo ser abordada de diferentes formas. A difusão pós-moderna, as tecnologias, e as crises ambientais mundiais culminaram na mudança das posturas sociais abraçadas pela educação, de modo a incluir questões ambientais em níveis educacionais diferenciados. Reigota (1995) traz que (...) Diante da atual conjuntura política, econômica, cultural e ecológica mundial, a América Latina se vê obrigada a redefinir o seu modelo de desenvolvimento e de educação, tendo em vista garantir a “sustentabilidade” não só de seus recursos naturais, mas também a dos seus cidadãos, o que nos remete à análise da educação ambiental como um dos elementos da pós- modernidade. Como parte do requisito da pós-modernidade, a expansão da formação do pensamento crítico deve acompanhar as exigências globais. Dias (1992) ressaltou a relevância do tema. O autor entende que temas ambientais devem perpassar pela educação geral e não unidirecional; que todas as dimensões do ensino precisam de um meio ambiente sadio, e que o ensino deve relacionar o modo de vida e percepções críticas para que o aluno tenha o pleno entendimento de como o ambiente é visto. A apresentação de temas ambientais no ensino primário deveria se fazer com ênfase em uma perspectiva de educação geral, dentro do marco, por exemplo, das atividades de iniciação e junto com as atividades dedicadas à língua materna, à matemática ou a expressão corporal e artística. O estudo do meio ambiente deve recorrer aos sentidos das crianças (percepção do espaço, das formas, das distâncias e das cores), e fazer parte das visitas e jogos. O estudo do entorno imediato do aluno (casa, escola, caminho entre ambos) reveste-se de muita importância. Por mais que haja a percepção social sobre as mudanças ambientais, alguns autores defendem que a inclusão da Educação ambiental escolar passa por ordem metodológica, pois não há preparo necessário para a inclusão da temática. A inclusão da educação ambiental é uma exigência legal, mas o preparo dos educadores não. Penteado (2013) trata a temática como necessidade de envolvimento dos educadores nos processos de construção de projeto, de forma a criar um pensamento teórico para aplicações práticas. É nessa perspectiva que a temática ambiental nas escolas configura os novos rumos da educação tradicional. Guimarães (2000) propõe que a questão ambiental 34 deverá incorporar a preocupação escolar com a qualidade ambiental desde que inserida nas relações humanas de interdependência. E Reigota (1998) complementa que a escola deverá ser o ambiente prioritário para a implantação do pensamento crítico das questões ambientais, pois denota ambiente de expansão da criatividade humana. Mas não há como se falar em educação, orientação de alunos ou estímulo à criatividade sem que haja formação de professores para tal conjuntura. As questões ambientais vêm sendo debatidas ao longo dos anos. Em 1998, Sabiá já expõe a educação para a formação de cidadãos críticos e discute a necessidade de que a educação deixe os métodos tradicionais de leitura, escrita e cálculo e estimulo a percepção do todo, a solidariedade, a cidadania, a ética, atitudes e solução de conflitos. E nesse mártir que encontra o educador, o espaço para estimular e ser estimulado. Cascino (2003, p.52) é incansável ao estimular práticas curriculares voltadas para as questões ambientais, estimuladas, críticas e sociais; repensadas e programadas para atingir o fim crítico e consciente. Educar crianças, educar jovens, educar. Mais que uma tarefa, mais que militância política, trabalho, dedicação. Criar planos de ação, considerar conceitos, teorias, reflexões, interações do desejo, da necessidade e da possibilidade, usar bom senso, o senso dos limites, repensar espaços e as tarefas educacionais, formais e nãoformais, enfim, repensar currículos. O “repensar currículos” se apresenta fortemente quando os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – trazem o “meio ambiente” como um tema transversal que significa que deve ser abordado como uma problemática social, de responsabilidade de todos e em todos os níveis de instrução educacional. No PCN se faz menção de três temas a serem trabalhados no contexto educacional: • Sustentabilidade; • Diversidade; • Elementos do meio ambiente (naturais, urbanos e rurais). Ainda assim, as propostas do PCN são amplas o suficiente para estimular a criatividade de projetos educacionais, mas há estudos que divulguem ou exponham alternativas pedagógicas para a inclusão desses temas que possam proporcionar a sensibilização e crescimento crítico. 35 Uma das críticas mais expressas a respeito do PCN vem de Barreto (1998) quando este trata que as recomendações fugiram da seara regional e das particularidades, para abordar temas de ordem global que, por vezes, não se aplicam e não estimulam a qualidade de vida e senso crítico local. O autor defende que a construção do PCN não estimulou de início a participação do educador no processo de projeção criativa das novas orientações curriculares, mantendo engessada a figura do educador para a formação crítica. Kramer (1997) ainda torna-se mais crítico quando questiona como os educadores poderão moldar novas formas de educar se os projetos não tiveram participação na construção e são somente meros executores de propostas distantes da realidade aplicada. Mas, ainda assim, valendo-se do PCN, cabe aos educadores a inserção no currículo escolar de propostas adequadas ao tema. Dias (1992) embora aborda a transversalidade da temática e que as discussões devem ser sociais, ressalta a relevância da inclusão nas series iniciais como forma de início da formação consciente. É, portanto, papel do docente, do educador, trazer a realidade para a sala de aula, abordar temas inerentes a questões socioambientais locais e incluir práticas que possam educar, sensibilizar e conscientizar. 3.2 METODOLOGIA O Presente Instrumento foi composto por cinco(2) perguntas fechadas e seis (5) perguntas abertas, com questionários parte I com perguntas fechas, sobre o sujeito da pesquisa, o nome do profissional no qual era opcional, a idade, tempo de exercício na profissão, há quanto tempo trabalha na escola, se possui alguma formação continuada ou complementar, na qual seja ligada há questões ambientais. A parte II do questionário, com perguntas abertas, as quais foram analisadas para contribuição do meu Trabalho de Conclusão do Curso(TCC), relacionado ao tema as práticas pedagógicas em educação ambiental no processo de ensino- aprendizagem do ensino básico Trabalho de conclusão do curso tema relacionado as práticas pedagógicas em educação ambiental no processo de ensino-aprendizagem na escola de ensino básico. As perguntas forma com intuito de analisar de verificar o conhecimento dos trabalho pedagógico incluído na educação ambiental, a escola preocupa-se com inserção de sistemas educacionais voltadas a Educação Ambiental, a metodologia de 36 ensino que a escola trabalho envolvendo o meio ambiente, a escola possui práticas pedagógicas para popularização da educação ambiental, escola possui projetos com foco na educação ambiental e se escola oferece suporte para que haja um desenvolvimento de práticas educacionais ligados a educação ambiental. 3.3 LEVANTAMENTO DE ANÁLISE DE DADOS A pesquisa foi feita em forma de questionários entregue aos professores do 1º ao 5º ano do ensino básico, foram 3 professores do 1ºano ,2 professores do 2º ano,1 professores do 3º ano,2 coordenadores. Composta por perguntas fechadas e abertas, totalizando por onze (11) perguntas com intuito de verificar os conhecimentos das práticas pedagógicas sobre os assuntos relacionados as práticas pedagógicas em educação ambiental. A seguir encontra as perguntas e respostas dadas pelos professores e coordenador. No questionário I, a primeira, segunda, terceira, quarta e quinta pergunta foram obtidos dados, respectivamente, como: A profissão atual, tempo médio de exercício da profissão escolar em torno de 14 anos, sendo o maior período de exercício profissional de 20 anos e o menor de cinco anos. Ainda no questionário I: A formação continuada ou complementar ligada as questões ambientais. R:Todos responderam que: Não. Tenho como pergunta muito importante, e que ,100% dos professores responderam não possui formação continuada ou complementar na qual seja ligada a questão ambiental. Nessa discussão conceitual e relevância pedagógica da Educação Ambiental e da formação de uma consciência crítica, o Ministério da Educação possui a proposta de dois programas que visam garantir a eficiência da aplicação da política ambiental meio ambiente. Os principais objetivos desses programas são: “Formação de educadores ambientais; comunicação socioambiental de massas, para tornar pública e efetiva as tomadas de decisões, projetos, programas de conscientização e inclusão escolar educacional apropriada; educação ambiental estruturada, são programas de sustentabilidade, interesses sociais e ambientais locais, para mudança da qualidade de vida e visibilidade; fóruns de participação coletiva para socializar as decisões, mudanças e trazer a sociedade à realidade da questão e gestão ambiental crítica e continuada. 37 No questionário II: Primeira pergunta: O trabalho pedagógico inclui a educação ambiental? sim ou não? Todos os entrevistados responderam positivamente. R: Que a escola trabalha com projetos, e um deles e voltado ao meio ambiente no combate à dengue e outros voltados ao tema. A segunda pergunta pergunta: A escola preocupa-se com inserção de sistemas educacionais voltadas a Educação Ambiental? Se sim quais? Alguns professores responderam que sim e outros trabalham as vezes, e que a escola possui projetos e somente são executados na semana do meio ambiente e outros responderam que não. A terceira pergunta, qual a metodologia de ensino que a escola trabalha envolvendo o meio ambiente dois educadores responderam “a implantação e cuidados com a horta na escola e a utilização de garrafas pet como vasos” e gincanas que visam a quantidade de plantas obtidas pelos alunos para a escola. A quarta pergunta, a escola possui projetos com foco na educação ambiental? Se sim quais? Na qual todas as todas as resposta foram sim, eles trabalharam com o projeto dengue. A quinta e última pergunta: A escola oferece suporte para que haja envolvimento de práticas educacionais ligados à educação ambiental? Se sim, quais?” Todos os professores responderam que não há incentivo. Essa ausência de suporte sintetiza o reflexo do que a sociedade se ampara como desenvolvimento econômico. As práticas que não são incentivadas durante o primeiro ciclo educacional tampouco serão levadas às casas, às famílias; e possivelmente, não serão objetos de discussão ou de direções a políticas públicas. Com base nos resultados da pesquisa, corrobora com Azevedo e Fernandes (2010) quando exploram a temática ambiental nas escolas caracterizada pela falta de preparo e formação profissional, sendo aplicada por uma diretiva ou necessidade institucional de cumprir o PCN. Bosa e Tecer (2014, p.3001) encontraram que os principais objetivos em se implantar a educação ambiental nas escolas são, primeiramente “conscientizar alunos e comunidade”; posteriormente “promover o desenvolvimento sustentável”; e por fim “verificar a realidade socioambiental”. Os autores citados a cima, observaram
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