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Estruturas Pré-Fabricadas de Concreto Ligações Bárbara Ponciano de Souza Sumário Bloco parcialmente carregado Junta de argamassa Elastômeros Bloco parcialmente carregado A aplicação de forças em áreas reduzidas, normais às superfícies, introduz um estado tridimensional de tensões nos elementos, dando origem a tensões de tração e de compressão. Bloco parcialmente carregado Essa perturbação acarreta tensões de tração transversais à direção da aplicação da força, chamadas de tensões de fendilhamento, e tensões de tração junto aos cantos, se estes não forem chanfrados A intensidade e a distribuição dessas tensões dependem da relação das dimensões da área de aplicação da força e das dimensões do elemento. Bloco parcialmente carregado O dimensionamento dos blocos parcialmente carregados engloba a verificação de tensão de compressão no concreto e o cálculo da armadura para combater as tensões de fendilhamento, chamada de armadura de cintamento Bloco parcialmente carregado a) Verificação da tensão de compressão 𝜎𝑐 = 𝐹𝑑 𝐴0 ≤ 𝛽𝑓𝑐𝑑 𝛽 ≤ 0,6 𝐴/𝐴0 𝑜𝑢 2 𝐴 = 𝑎𝑏 e 𝐴0 = 𝑎0𝑏0 Bloco parcialmente carregado b) Área de armadura de cintamento 𝐴𝑠𝑡,𝑎 = 𝐹𝑎𝑑 𝑓𝑦𝑑 𝐴𝑠𝑡,𝑏 = 𝐹𝑏𝑑 𝑓𝑦𝑑 𝐹𝑎𝑑 = 𝛼𝐹𝑑 1 − 𝑎0 𝑎 e 𝐹𝑏𝑑 = 𝛼𝐹𝑑 1 − 𝑏0 𝑏 Em geral pode-se utilizar α = 0,30. Bloco parcialmente carregado Quando a força for pequena ou a área for pouco reduzida, as tensões de tração podem ser muito baixas e a colocação da armadura de cintamento leva a uma segurança exagerada. Para esses casos a armadura de cintamento pode ser dispensada quando a maior tensão de tração for menor que uma tensão admissível do concreto. 𝜎𝑡 = 2,1 𝐹𝑘 𝐴 1 − 𝑎0 𝑎 𝜎𝑡 ≤ 𝑓𝑡𝑘 2 Juntas de argamassa Na colocação de um elemento pré-moldado sobre outro ou sobre elemento de concreto moldado no local, pode-se empregar uma camada de argamassa para promover o nivelamento e distribuir as tensões de contato. Em geral, o enchimento da junta pode ser feito de duas formas: a) com a colocação de argamassa seca, socando manualmente o material no espaço a ser preenchido, chamada de dry packed mortar; b) com a colocação de argamassa, em forma de graute, por pressão ou por gravidade. Juntas de argamassa Juntas de argamassa Há ainda duas alternativas: com argamassa de regularização da superfície e com argamassa de assentamento. No primeiro caso, a colocação do elemento é feita com a argamassa endurecida e seu comportamento é basicamente de junta seca. O segundo caso corresponde à colocação do elemento pré-moldado com a argamassa ainda fresca. Esse tipo de junta tem sido pouco utilizado, pois não favorece o controle da montagem. Juntas de argamassa A espessura da junta deve ser a menor possível, dentro de limites de execução e tolerância. Recomenda-se que a espessura da junta não seja maior que 10% da menor dimensão da seção transversal dos elementos a serem conectados As juntas de argamassa estão sujeitas a esforço principal de compressão, que pode ser acompanhado de cisalhamento. Juntas de argamassa A transferência de forças de compressão é governada pela deformabilidade relativa da argamassa da junta em relação à do concreto dos elementos pré-moldados e pela ocorrência de estrangulamento da seção na junta. Juntas de argamassa Juntas de argamassa O dimensionamento de uma junta, em relação aos esforços de compressão, consiste em verificar as tensões de compressão na junta e verificar os elementos pré- moldados considerando as citadas tensões de tração. Para a verificação dos elementos pré-moldados pode-se, simplificadamente, levar em conta o efeito de bloco parcialmente carregado, com a seção da junta reduzida em duas vezes a sua espessura, já que a parte externa não trabalha Juntas de argamassa NBR 9062 - Com juntas de argamassa de assentamento Permite-se o uso de argamassa de assentamento entre elementos, com a finalidade de corrigir pequenas imperfeições, bem como evitar a transmissão de cargas por poucos pontos de contato. O assentamento não pode ser executado após o início de pega da argamassa. Juntas de argamassa NBR 9062 - Com juntas de argamassa de assentamento A pressão de contato não deve ultrapassar 5 MPa, sendo obrigatório o controle tecnológico e estudo comprovado de traço com aditivos da argamassa utilizada. A tensão de cisalhamento não deve ultrapassar 10% da tensão de contato. Juntas de argamassa O consolo de 30x30 cm, apresentado na figura abaixo, recebe uma carga de vertical de 100 kN de uma viga pré- moldada. E uma carga horizontal de 8kN. Juntas de argamassa As tensões de compressão se espalham na ligação conforme a figura a seguir. Observa-se que nas bordas, numa distância aproximadamente igual a 2hj não há tendência a solicitação de compressão, promovendo dessa maneira um comportamento de bloco parcialmente carregado. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Distribuição mais uniforme das tensões de contato nas ligações entre os elementos de concreto Permitir movimentos de translação e rotação Pode ser empregado na forma de camada simples ou em múltiplas camadas intercaladas de material mais rígido APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Principais características do neoprene a) Módulos de elasticidade transversal e longitudinal muito baixos (o módulo de elasticidade transversal é da ordem de 10- 4 vezes o do concreto) b) Tensão normal de compressão para situação em serviço relativamente alta, da mesma ordem de grandeza do concreto c) Grande resistência às intempéries APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO As verificações que compõem o dimensionamento do apoio de elastômero são: Verificações de limites de tensão a) limite de tensão de compressão b) limite de tensão de cisalhamento Verificações de limites de deformação c) limite de deformação de compressão (afundamento) d) limite de deformação por cisalhamento APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO As verificações que compõem o dimensionamento do apoio de elastômero são: Verificações de descolamento e) segurança contra o deslizamento; f) segurança contra o levantamento da borda menos comprimida; Outras verificações g) condição de estabilidade; h) espessura da chapa de aço, no caso de apoio cintado. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Essas verificações, para o elastômero simples (não-cintado) podem ser feitas com as indicações apresentadas, conforme a nomenclatura da Figura abaixo, utilizando os índices lon para longa duração e cur para curta, e a aproximação tg θ = θ APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO a) Limite de tensão de compressão Esta verificação é feita limitando a tensão de compressão, calculada com a máxima componente vertical da reação, ao valor de 7,0 MPa para elastômero simples. b) Limite de tensão de cisalhamento Deve ser satisfeita a seguinte condição: 𝜏𝑛 + 𝜏ℎ + 𝜏𝜃 ≤ 5𝐺 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO em que τn – tensão devida à força normal de compressão τh – tensão devida às ações horizontais τθ – tensão devida às rotações Essas tensões podem ser calculadas com as seguintes expressões:Ações de longa duração 𝜏𝑛 = 1,5𝑁𝑙𝑜𝑛 𝛽𝐴 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Ações de longa duração 𝜏𝑛 = 1,5𝑁𝑙𝑜𝑛 𝛽𝐴 𝜏ℎ = 𝐻𝑙𝑜𝑛 𝐴 𝜏𝜃 = 𝐺𝑎2 2ℎ2 𝜃𝑙𝑜𝑛 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Ações totais (de longa e curta duração) 𝜏𝑛 = 1,5(𝑁𝑙𝑜𝑛+1,5𝑁𝑐𝑢𝑟) 𝛽𝐴 𝜏ℎ = 𝐻𝑙𝑜𝑛 + 0,5𝐻𝑐𝑢𝑟 𝐴 𝜏𝜃 = 𝐺𝑎2 2ℎ2 (𝜃𝑙𝑜𝑛+1,5𝜃𝑐𝑢𝑟) APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Ações de longa duração 𝛽 = 𝐴 2ℎ(𝑎 + 𝑏) sendo A – área do apoio de elastômero, igual a ab; G – módulo de elasticidade transversal; h – espessura da almofada. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO c) Limite de deformação de compressão (afundamento) A deformação por compressão deve ser limitada a 15% da altura, ou seja: ∆ℎ ≤ 0,15ℎ A variação da altura Ah da almofada pode ser determinada por: ∆ℎ = 𝜎𝑚á𝑥.ℎ 4𝐺𝛽 + 3𝜎𝑚á𝑥 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO sendo: 𝜎𝑚á𝑥 = 𝑁𝑚á𝑥 𝐴 e k1 e k2 coeficientes empíricos. Na falta de valores experimentais pode-se utilizar os valores k1 = 4 e k2 = 3. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO d) Verificação da deformação por cisalhamento A verificação da deformação por cisalhamento consiste em limitar o ângulo de distorção do aparelho de apoio, o que corresponde a limitar os deslocamentos horizontais ao valor indicado a seguir: 𝑡𝑔𝛾 = 𝑎ℎ ℎ ≤ 0,7 ou 𝑎ℎ = 𝑎ℎ,𝑙𝑜𝑛 + 𝑎ℎ,𝑐𝑢𝑟 ≤ 0,7ℎ APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO d) Verificação da deformação por cisalhamento 𝑎ℎ,𝑐𝑢𝑟 = 𝐻𝑐𝑢𝑟 2𝐺𝐴 ℎ em que o valor de 2G, em vez de G, é empregado por se tratar de forças instantâneas. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO e) Verificação da segurança contra o deslizamento Devem ser satisfeitas as seguintes condições de atrito de Coulomb e de tensão mínima: e1) Atrito de Coulomb 𝐻 ≤ 𝜇𝑁 Em que: 𝜇 = 0,1 + 0,2 𝜎 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO e) Verificação da segurança contra o deslizamento Devem ser satisfeitas as seguintes condições de atrito de Coulomb e de tensão mínima: e1) Atrito de Coulomb 𝐻 = 𝐻𝑙𝑜𝑛 e 𝜎 = 𝑁𝑙𝑜𝑛 𝐴 𝐻 = 𝐻𝑙𝑜𝑛 + 𝐻𝑐𝑢𝑟 e 𝜎 = 𝑁𝑙𝑜𝑛+𝑁𝑐𝑢𝑟 𝐴 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO e) Verificação da segurança contra o deslizamento Devem ser satisfeitas as seguintes condições de atrito de Coulomb e de tensão mínima: e2) Tensão mínima 𝑁𝑚𝑖𝑛 𝐴 ≥ 1 + 𝑎 𝑏 Se esses limites não forem obedecidos, deve-se empregar dispositivos que impeçam o deslocamento da almofada. APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO f) Verificação da condição de não levantamento da borda menos comprimida Este caso é dividido em duas situações, conforme apresentado a seguir: f1) Almofada simples com ações de longa duração 𝜃𝑙𝑜𝑛 ≤ 2ℎ𝜀 𝑎 Com: 𝜀 = 𝜎𝑙𝑜𝑛 10𝐺𝛽 + 2𝜎𝑙𝑜𝑛 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO f) Verificação da condição de não levantamento da borda menos comprimida Este caso é dividido em duas situações, conforme apresentado a seguir: f2) Almofada simples com ações de longa e curta duração 𝜃𝑙𝑜𝑛 + 1,5𝜃𝑐𝑢𝑟 ≤ 2ℎ𝜀 𝑎 Com: 𝜀 = 𝜎𝑙𝑜𝑛 + 𝜎𝑐𝑢𝑟 𝑘1𝐺𝛽 + 𝑘2(𝜎𝑙𝑜𝑛 + 𝜎𝑐𝑢𝑟) APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO g) Verificação da estabilidade Dispensa-se a verificação da estabilidade da almofada se: ℎ ≤ 𝑎 5 Se esta condição não for satisfeita, a verificação pode ser feita com: 𝜎𝑚á𝑥 ≤ 2𝑎 3ℎ 𝐺𝛽 APARELHOS DE APOIO DE ELASTÔMERO Ainda como parte das indicações para o dimensionamento dos apoios de elastômeros, são recomendados os seguintes valores mínimos: a) espessura mínima de 6 mm para apoio de nervuras de painéis TT; b) espessura mínima de 10 mm para vigas em geral. Bibliografia EL DEBS, M. K. Concreto Pré-moldado: Fundamentos e aplicações. São Carlos: EESC/USP, 2000. 456 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-ABNT. NBR-9062: Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
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