Buscar

Livro Praticas Interventivas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Práticas Interventivas 
Supervisionadas
Práticas Interventivas 
Supervisionadas
 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 
em Serviço Social ..................................................................1
 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica ............21
 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais: 
reflexões e orientações no âmbito da intervenção 
do(a) assistente social. ........................................................39
 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica .............................54
Sumário
Instrumentos de 
Análise dos Relatos de 
Experiência em Serviço 
Social1
Instrumentos de Análise dos 
Relatos de Experiência
1 Bacharel em Serviço Social, Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucio-
nal, Mestre em Teologia, Doutoranda em Teologia. Professora do Curso de Serviço 
Social EAD, Canoas –RS e Pós-Graduação em Gestão de Políticas Sociais, CEULS 
ULBRA, Santarém-PA.
Iarani A. Galúcio Lauxen1
Capítulo 1
2 Práticas Interventivas Supervisionadas
Prezado(a)s aluno(a)s, ao retomar os objetivos do Curso de Serviço Social EAD, é importante lembrar que se preten-
de formar assistentes sociais comprometidos com o desenvol-
vimento humano e social na perspectiva da valorização dos 
direitos humanos e da consolidação da cidadania, capazes 
de responder às demandas sociais através da instauração de 
práticas profissionais, de conhecimentos e de alternativas com-
petentes e coerentes frente às expressões da questão social, 
pautando-se no projeto ético-político do Serviço Social.
Para tanto, se torna necessário o exercício acadêmico de 
vivenciar as Práticas Interventivas Supervisionadas, as quais 
posteriormente serão complementadas com as disciplinas de 
Estágios Supervisionados. Neste momento o aluno poderá ini-
ciar seu contato nos mais diversos espaços sócio-ocupacionais 
do assistente social e poder vivenciar um momento da sua ro-
tina de trabalho.
Além de poder ter acesso, a realidade vivenciada neste cam-
po, poder realizar entrevista com este profissional, e tirar suas 
dúvidas sobre a prática profissional, também poderá contar nes-
te material didático com três relatos de experiências localizados 
em seus anexos, descritos por profissionais nos mais diversos 
espaços, os quais servirão também para sua a reflexão, discus-
são e análise referente aos elementos que compõe o processo 
de trabalho do assistente social em espaços sócio ocupacionais.
Neste contexto, este capítulo foi elaborado especialmente 
com o objetivo que ofertar instrumentais de análise que orien-
tem a reflexão teórica crítica dos relatos de experiência em 
Serviço Social, os quais irão conhecer logo mais nos capítulos 
a seguir.
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 3
Especificamente visa promover ao aluno o desenvolvimen-
to de conhecimentos, habilidades e atitudes na reflexão acerca 
da operacionalização do processo de trabalho do assistente 
social, podendo identificar os elementos essenciais à práxis do 
Serviço Social no exercício profissional, identificando os as-
pectos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-opera-
tivos, propostos à profissão. Além disso, busca capacitar para 
a reflexão sobre os diferentes campos de trabalho e áreas de 
atuação profissional, da apropriação de conhecimentos refe-
rentes ao processo de trabalho do assistente social, supervisão 
e aos atendimentos realizados.
Todos esses aspectos precisam ser identificados pelo edu-
cando ao realizar a leitura dos relatos de experiências, de-
senvolvendo a capacidade para reflexão e análise dos dados 
informados, dessa forma serão ofertados breves conceitos dos 
principais pontos que devem ser identificados para análise nos 
relatos, com algumas dicas e exemplos para auxiliar na identi-
ficação desses importantes aspetos de análise.
O capítulo está dividido em três subtítulos, o 1.1 contem-
plará os principais pontos de análise sobre a Instituição, o 1.2 
os principais pontos de análise sobre o Serviço Social, o 1.3 
trará aspectos acerca dos instrumentos de análise teórico prá-
tico e o 1.4 apresentará um modelo simplificado de análise de 
um relato de experiência.
Faz-se importante frisar que esta leitura analítica se fará 
em duas etapas: 1ª a identificação e análise dos aspectos re-
lacionados à Instituição, e a 2ª dos aspectos relacionados ao 
Serviço Social na Instituição.
4 Práticas Interventivas Supervisionadas
1.1 Principais pontos de análise sobre a 
Instituição
Ao analisar os relatos de experiência, alguns pontos devem 
merecer esforçadamente sua atenção, afinal, estes serão seus 
principais elementos de análise, ou seja, no momento em que 
for degustar dos relatos de experiências profissionais em Ser-
viço Social, será necessária a identificação destes elementos 
para uma boa reflexão teórica prática.
Faz importante destacar que não se pode deixar de refletir 
sobre dados trazidos sobre a Instituição em si e dados espe-
cíficos do Serviço Social na instituição, são duas informações 
distintas, porém associadas com o objetivo de responder às 
demandas as quais a Política Social a qual desenvolvem se 
propôs.
Observe o organograma abaixo o qual indica os elemen-
tos essenciais de reflexão que não podem faltar na sua análise.
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 5
No primeiro momento poderá identificar de qual instituição 
está se falando, qual a sua missão institucional, o que dará 
relevância a sua existência social, posteriormente identificando 
as suas demandas institucionais, as quais não necessariamen-
te poderão ser as mesmas para o Serviço Social, em seguida a 
Política Social a qual se vincula e orienta seus serviços assisten-
ciais e por fim o desfilamento de outras Políticas Sociais e redes 
de serviços às quais se relaciona e como se dá esse processo.
De forma breve se conceituará cada aspecto para que pos-
sa identificar com clareza durante a leitura e análise dos rela-
tos de experiência profissional.
1.1.1 A missão institucional
A instituição social é considerada um espaço político, uma or-
ganização específica de uma dada política social a ser exe-
cutada. “Elas ocupam um espaço político nos meandros das 
relações entre Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte da 
rede, do tecido social lançado pelas classes dominantes para 
amealhar o conjunto da sociedade”. Faleiros, 2008, p. 31
Portanto, sua missão corresponde justamente a sua pro-
posta existencial no contexto social e no aparelho estatal. Ao 
analisar o relato procure identificar a missão da instituição.
1.1.2 Demandas institucionais
As demandas institucionais são todas as dificuldades, contra-
dições e problemáticas que uma pessoa, família, grupo ou 
comunidade leva para a organização, as quais não conse-
6 Práticas Interventivas Supervisionadas
guem superar sem uma intervenção externa, são consideradas 
expressões e manifestações da questão social. A esse respeito, 
Iamamoto 2011, p. 151 diria: “é a na forma como o indivídu-
os sociais se articulam no âmbito da produção dos meios de 
vida que é possível constituir-se um tipo histórico de individua-
lidade social, tal como se expressa hoje no mundo capitalista”. 
Esta individualidade social a que trata está relacionada à pro-
dução do antagonismo de classes promovido pela sociedade 
capitalista tão criticada por Marx. É neste contexto que Iama-
moto ressalta a necessária atribuição da densidade histórica 
as problemáticas sociais, para se efetuar uma análise crítica 
das demandas profissionais contemporâneas.
Exemplo: assistência às necessidades à população de rua, 
a violência contra a mulher, aos impactos da dependência quí-
mica na adolescência etc.
1.1.3 A Política Social
As Políticas Sociais surgem como estratégias do Estado,com o 
objetivo de ofertar proteção sociais a população.
Boschetti, 2003, em políticas sociais fundamentos e histó-
ria traz que as Políticas Sociais são desdobramentos das mul-
tifacetas da questão social no capitalismo, a sua interpretação 
passa a ser um elemento constitutivo da relação entre o Serviço 
Social e a realidade, a qual tem como elemento de mediação 
“as estratégias de enfrentamento adotadas pelo Estado e pelas 
classes, o que envolve a Política Social como um elemento 
central.” p. 53
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 7
Diante das diversas expressões da questão social as Políti-
cas Sociais existem para o controle das necessidades sociais, 
nos mais diversos âmbitos, seja na saúde, educação, assistên-
cia social, seguridade, ou mesmo nas Políticas Socais transver-
sais específicas, ligadas a políticas para mulheres, criança e 
adolescentes, a população de rua, a pessoas com deficiência, 
a pessoa idosa, a sustentabilidade e meio ambiente etc...
1.1.4 As redes de serviços
As redes de serviços locais estão ligadas a uma rede socio-
assistencial de apoio a política social central trabalhada pela 
instituição. Ocorrendo que a cada demanda institucional se 
constitui demandas específicas ao Serviço Social, é neste des-
dobramento que se recorre a rede auxiliar, que propõe enca-
minhamentos a outros serviços ou Políticas Públicas que pos-
sam atender em totalidade a necessidade trazida pelo sujeito 
para a mediação da expressão da questão social vivenciada 
por ele.
1.1.5 Ciclo analítico do relato quanto aos 
aspectos institucionais
Ao iniciar a leitura analítica do relato de experiência de prática 
profissional em Serviço Social, na primeira etapa estabelecerá 
estratégias para a identificação dos aspectos relacionados à 
descrição institucional, uma delas é o entendimento conceitual 
das categorias.
Veja abaixo um exemplo:
8 Práticas Interventivas Supervisionadas
Instituição: Centro e Atendimento Psicossocial Álcool e 
Drogas CAPS –Ad
Missão Institucional: Prestar assistência biopsicossocial a 
população usuária de álcool e outras drogas no que tange a 
prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social.
Demanda Institucional: dependentes químicos de álcool 
e outras drogas.
Política Social: Saúde Mental (Política Nacional sobre 
Drogas do Ministério da Saúde).
Rede De Serviços: Como a dependência química é con-
siderada uma problemática social produzida por multifatores, 
somente a Politica de Saúde não consegue atender o arcabou-
ço de demandas trazidas pelo sujeito. Junto à dependência 
química, vem o desequilíbrio de ordem biopsicossocial, seja 
o surgimento de outras comorbidades (doenças mentais), ou 
mesmo problemas relacionados a envolvimento negativo com 
a justiça, perda dos documentos civis, comprometimento com 
a escolarização e profissionalização, e assim por diante. É nes-
ta ocasião que se caracteriza a necessidade de outras redes 
sócio assistenciais que ofertem serviços de outras políticas, 
como educação, assistência social, judiciárias.
1.2 Pontos principais de análise sobre o Serviço 
Social
Após a identificação dos aspectos relativos à descrição institu-
cional nos relatos de experiência profissional, a segunda etapa 
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 9
é poder identificar os aspectos relacionados especificamente 
ao Serviço Social na Instituição.
Dentre os pontos de análise vejamos:
1.2.1 Objetivos do Serviço Social
Os objetivos relacionam-se a existência no Serviço Social na 
Instituição, deve-se identificar porque o Serviço Social é impor-
tante para a efetivação da Política Social ao qual desenvolve 
na instituição. Consiste em resolver ou, pelo menos minimizar 
os problemas da situação demandada.
1.2.2 Objeto de intervenção
Nesse aspecto, deve-se redobrar a atenção e não confundir o 
objeto de trabalho com o objetivo nem com o sujeito da ação.
Observe que para identificar o objeto deve sempre pergun-
tar o que? Pois, para que? Será o objetivo e para quem? O 
10 Práticas Interventivas Supervisionadas
sujeito. Portanto, o objeto será sempre a expressão da questão 
social vivenciada pelo sujeito da ação, a problemática social 
vivenciada por ele.
Exemplo:
SUJEITO ( quem?) OBJETO (o que?)
Adolescentes dependentes 
químicos
Os prejuízos sociais da 
dependência química
Pessoa Idosa Exclusão social no mercado 
de trabalho
Contudo, o objeto não é constituído pelas pessoas e sim 
pela situação social e pelos problemas de diferentes naturezas 
encontradas nesta situação. (THIOLLENT, 2009, p. 18)
1. 2.3 Demandas para o Serviço Social
As demandas do Serviço Social são produto do cotidiano e das 
contradições da relação capital x trabalho, que resultam nas 
desigualdades sociais recorrentes do antagonismo de classe 
constituídas por um tipo histórico de individualidade social, e 
destas com o Estado, estando relacionado diretamente com a 
prática profissional cotidiana. Ela se constitui a partir das de-
mandas institucionais, porém, abarcando todo o aporte con-
textual que o sujeito está inserindo o qual espontaneamente 
acaba por gerir outras demandas que passam ser especifica-
mente do Serviço Social, é onde o profissional passa a recor-
rer às redes de serviços (ver 1.1.4), com o objetivo de intervir 
sobre as necessidades sociais em sua totalidade.
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 11
Faz-se importante lembrar que a instituição pode apresen-
tar demanda reprimida, que correspondem as necessidades 
apresentadas pela população usuária que não conseguem ser 
atendidas pelo Serviço Social devido aos entraves políticos ins-
titucionais, um deles é a limitação de recursos.
1.2.4 Instrumentais de intervenção
Ao pensar a práxis a consciência participa ativamente, uma 
vez que elabora finalidades e produz conhecimento. O enten-
dimento desta categoria fundamenta o papel dos instrumentos 
e da técnica no exercício profissional, não sendo de forma 
alguma dispensável a mediação pelos instrumentais.
Dentre os instrumentais técnicos- operativos já consolida-
dos tradicionalmente pela profissão do Serviço Social pode-se 
destacar: a observação, o relacionamento, abordagem, entre-
vista, informação, visita domiciliar e reunião. Contudo, podem 
se ampliar, não significando que são singulares, inserindo a 
prática de acolhimento e grupos.
A forma como se aplica os instrumentais está diretamente 
ligada aos saberes teórico- práticos e metodológicos do co-
nhecimento profissional, ele é o elo de contato para a inter-
venção da realidade, reafirmado que o mesmo não dispensa 
a associação com as demais competências.
1.2.5 Resultados da ação profissional
Os resultados estão relacionados ao alcance das propostas 
contidas na missão institucional e ao objetivo do Serviço So-
12 Práticas Interventivas Supervisionadas
cial, onde se poderá mensurar o produto do trabalho profis-
sional e da Política Social ofertada à população usuária. Estão 
também relacionados aos programas e/ou projetos sociais 
desenvolvidos pelo Serviço Social na instituição para atender 
a complexidade das demandas apresentadas. Neste contexto 
deverá se identificar na descrição dos relatos quais os resulta-
dos da intervenção profissional do Serviço Social na determi-
nada instituição.
1.2.6 Trabalhos Interdisciplinares
No contexto atual em todos os campos profissionais se pre-
sume muito a relação interdisciplinar para o desenvolvimen-
to dos trabalhos institucionais, definido pela sensibilidade de 
cada área do saber em perceber que esta isoladamente não se 
finda, necessitando da contribuição de outras áreas. “O que se 
busca é a substituição de uma ciência fragmentada por uma 
Ciência unificada” (THIOLLENT, 2009, p. 16), possibilitando 
espaços para quea intervenção profissional receba contribui-
ções e/ou complementações, que permitam perceber o objeto 
em seu complexo contexto.
1.2.7 Desafios à profissão
Os desafios à profissão podem surgir subjetivamente. São ex-
pressões trazidas pelos profissionais onde definirão alguns as-
pectos que consideram merecer maior intervenção, seja do seu 
fazer profissional, do Estado ou da sociedade, podem estar re-
lacionados aos interesses políticos ou institucionais, ou mesmo 
envolvendo questões éticas.
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 13
1.3 Instrumento de Análise teórico prático.
Não basta realizar a leitura de um relato de experiência sem 
antes se munir da capacidade critico-reflexiva dessas informa-
ções. É preciso desenvolver as habilidades para identificação 
das categorias principais a serem analisadas e futuramente 
trabalhadas no relatório de práticas supervisionadas.
Essas habilidades podem ser desenvolvidas por meio de 
alguns instrumentais de análise:
 Â Leitura inicial para a familiarização com o texto
 Â Obter conhecimento acerca da conceituação das cate-
gorias teóricas de análise
 Â Releitura para a identificação e compreensão das cate-
gorias
 Â A reflexão teórica crítica acerca da experiência profissio-
nal descrita, quanto aos aspectos sobre a Instituição e 
sobre o Serviço Social.
Ressalta-se que a reflexão teórica crítica para análise dos 
relatos de experiências devem considerar as competências teó-
rico-metodológica, técnico-operativa e ético-política do Serviço 
Social, traçando a relação dessas competências imprescindi-
velmente com o processo de trabalho do assistente social, para 
que assim possa se obter o caráter analítico que se espera.
Observe abaixo um quadro de apoio referenciando cada 
uma dessas competências, um instrumento indispensável no 
processo de análise dos relatos de experiência.
14 Práticas Interventivas Supervisionadas
COMPETÊNCIA 
ÉTICO-POLÍTICA
O Assistente Social não é um profissional “neutro”. 
Sua prática se realiza no marco das relações de poder 
e de forças sociais da sociedade capitalista – relações 
essas que são contraditórias. Assim, é fundamental 
que o profissional tenha um posicionamento político 
frente às questões que aparecem na realidade social, 
para que possa ter clareza de qual é a direção social 
da sua prática. Isso implica em assumir valores ético-
morais que sustentam a sua prática – valores esses 
que estão expressos no Código de Ética Profissional 
dos Assistentes Sociais (Resolução CFAS nº 273/93)5, 
e que assumem claramente uma postura profissional 
de articular sua intervenção aos interesses dos setores 
majoritários da sociedade;
COMPETÊNCIA 
TEÓRICO-
METODOLÓGICA
O profissional deve ser qualificado para conhecer a 
realidade social, política, econômica e cultural com a 
qual trabalha. Para isso, faz-se necessário um intenso 
rigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergar 
a dinâmica da sociedade para além dos fenômenos 
aparentes, buscando apreender sua essência, seu 
movimento e as possibilidades de construção de novas 
possibilidades profissionais;
COMPETÊNCIA 
TÉCNICO-
OPERATIVA
Competência técnico-operativa garantindo assim 
uma inserção qualificada no mercado de trabalho, 
que responda às demandas colocadas tanto pelos 
empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos 
pelos profissionais e pela dinâmica da realidade social.
Fonte: Quadro elaborado a partir do texto: A prática do assistente social: 
conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. (SOUSA, 2008)
Deve-se considerar que as três competências apresenta-
das no quadro acima jamais podem ser vistas ou analisadas 
isoladamente, elas são indissociáveis, sendo que uma atrai a 
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 15
outra para um exercício pleno do fazer profissional do assis-
tente social resguardando o que prevê o projeto ético político 
do Serviço Social para não cair na despolitização da prática 
pela prática.
1.4 Breve análise de um relato de 
experiência
A seguir um quadro demonstrativo trará o modelo simplificado 
dos aspectos identificados na análise de um relato de experiência.
TÍTULO DO RELATO DE EXPERIÊNCIA:
O Serviço Social no enfrentamento da situação de rua
A INSTITUIÇÃO:Centro de Referência à População de/na Rua / CREPAR.
MISSÃO 
INSTITUCIONAL
Atender a necessidade da população de São 
Leopoldo em situação de vulnerabilidade social, 
de risco social, de exclusão social, bem como os 
desfilados, dentre os quais este trabalho foca a 
população de/na rua.
DEMANADAS 
INSTITUCIONAIS
População de Rua
POLÍTICA SOCIAL Política Nacional de Assistência Social -Sistema Único 
de Assistencial Social (SUAS)
REDES DE 
SERVIÇO:
Postos de saúde, secretaria de obras, Secretaria de 
Habitação igrejas parceiras, albergues, Organização 
de Apoio, Solidariedade e Prevenção à Aids, Casa 
de convivência, Centro de Defesa da Criança e 
do Adolescente Bertholdo Weber– CEDECA e o 
Programa de Apoio a Meninos e Meninas – PROAME
16 Práticas Interventivas Supervisionadas
O SERVIÇO SOCIAL: Setor Social. (Identifique o setor onde trabalha o 
assistente social, se houver mais de um serviço ofertado na instituição na 
área do Serviço Social).
OBJETIVO Atendimento a população de/na Rua de São 
Leopoldo e migrantes, na garantia dos seus direitos 
sociais e proteção social especial de média e alta 
complexidade. 
OBJETO Situação de vulnerabilidade social da população de 
rua de São Leopoldo-RS
DEMANDAS 
ATENDIDAS
Dependência química, necessidade de abrigagem, 
alimentação, roupas, passagem de retorno para 
sua cidade, escuta, confecção de documentos, 
suporte para elaboração de um projeto de vida, (re)
aproximação dos vínculos familiares até inserção 
em atividade de geração de renda, espaço para o 
descanso e higiene.
INSTRUMENTOS 
DE INTERVENÇÃO
Abordagem e atendimento Social da rua, 
acolhimento, grupos, orientação básica e 
acompanhamento, roda de chimarrão, onde é 
discutida a situação de rua, oficinas de criatividade, 
encaminhamentos a rede de serviços.
RESULTADOS 
DA AÇÃO 
PROFISSIONAL
Inserção no mercado de trabalho informal e 
consecutivamente arrumaram um local para morar, 
outros foram encaminhados para o Benefício de 
Prestação Continuada que, por serem idosos e sem 
vínculos familiares, passaram a residir no Lar São 
Francisco de Assis, outros retornaram para a família 
e os demais foram encaminhados para tratamento de 
dependência química.
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 17
TRABALHO
INTERDISCIPLINAR
Oficinas socioeducativas para os usuários, entre elas 
Oficinas de Redução de Danos, Educação do Meio 
Ambiente, Curso Brasil Alfabetizando e Pintura em 
Tela constituindo as atividades socioeducativas da 
Casa de Convivência. O trabalho interdisciplinar 
intrainstitucional é escasso devido não haver outros 
profissionais de nível superior no Centro como 
Psicólogo e Terapeuta Ocupacional, deve se justificar 
pelo perfil da demanda que é rotativo, mas é 
consideravelmente relevante.
DESAFIOS A 
PROFISSÃO
Nas abordagens de rua verificou-se a necessidade, 
por motivos de segurança, da presença da Brigada 
Militar, pelo fato de alguns usuários se tornarem 
agressivos ao serem abordados pelos atendentes 
sociais. O atendimento à população em situação 
de/na rua torna-se um grande desafio que somente 
com Políticas Públicas estruturadas e integradas será 
possível fazermos o enfrentamento dessa questão 
social.
CONSIDERAÇÕES 
SOBRE AS 
COMPETÊNCIAS 
TEÓRICO-
METODOLÓGICA 
ÉTICO-POLÍTICA, 
TÉCNICO-
OPERATIVAS.
A autora traz reflexões significativas quanto ao 
processo de trabalho do assistente social na 
instituição, que expressam a articulação com as 
competênciasteórico-metodológicas, quando buscam 
referenciais teóricos, legislações que fundamentam 
sua prática, exercitam a competência ético-política, 
quando buscam garantir o direito as Políticas Públicas 
a população de rua. Mesmo com os riscos ao se 
expor em ambientes insalubres, desenvolvem suas 
competências técnicas operativas quando buscam 
inserir atividades criativas para atrair a população 
usuária e utilizam instrumentais específicos de apoio a 
sua intervenção.
Fonte do relato de experiência: (ORTÁCIO, 2010, p. 81)
18 Práticas Interventivas Supervisionadas
Referências Bibliográficas
BEHRING, Elaine Rossetti. BOSCHETTI, Ivanete. Política So-
cial: fundamentos e história. 9ed. São Paulo: Cortez, 
2011.
FALEIROS, Vicente de Paula. Saber profissional e poder ins-
titucional. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2008.
IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na contem-
poraneidade: trabalho e formação profissional. 21. Ed. 
São Paulo, Cortez, 2011.
ORTÁCIO, Daniela de Almeida. O Serviço Social no enfren-
tamento da situação de rua. In: Práticas interativas su-
pervisionadas / organizado [por] Arno Vorpagel Scheune-
mann – Canoas : Ed. ULBRA, 2010. 168p.
SOUSA, Charles Toniolo de. A prática do assistente social: 
conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissio-
nal. Emancipação, Ponta Grossa, 8(1): 119-132, 2008. 
Disponível em http://www.uepg.br/emancipacao Acesso 
em 30 de mai, 2014.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa ação. 10. ed. 
São Paulo: Cortez Editora, 2000
ATIVIDADES
Prezado (a) Aluno (a), após o estudo deste capítulo, o qual 
oportunizou a aquisição de competências para identificação 
e análise dos pontos essenciais a serem identificados na in-
Capítulo 1 Instrumentos de Análise dos Relatos de Experiência 19
tervenção profissional do Serviço Social, escolha um dos dois 
relatos de experiência disponíveis nos anexos, para responder 
as questões a seguir, e exercitar sua aprendizagem.
 1. No quadro a seguir procure descrever os aspectos relacio-
nados ao espaço institucional tecendo uma análise reflexi-
va pessoal sobre cada um deles.
TÍTULO DO RELATO:
INSTITUIÇÃO:
1.1 Missão 1.2 Demandas 1.3 Política Social 1.4 Redes de serviços
 2. Agora procure descrever os aspectos identificados relacio-
nados à intervenção do Serviço Social na instituição, te-
cendo uma análise reflexiva pessoal sobre cada um deles.
20 Práticas Interventivas Supervisionadas
SERVIÇO SOCIAL
2.1 Objetivo 2.2 Objeto 2.3 Demandas 2.4 Instrumentos
 3. Dando continuidade à análise do relato de experiência 
que leu, trace suas reflexões acerca dos:
3.1 Resultados 3.2 Considerações quanto a 
interdisciplinaridade
3.3 Desafios
Bom Estudo!
Subsídios para 
Operacionalização de 
Visita Técnica
Lourenço Brito Felin
Capítulo 2
22 Práticas Interventivas Supervisionadas
Introdução
A proposta da disciplina “Práticas Interventivas Supervisiona-
das” compreende a identificação dos elementos presentes no 
roteiro para a visita institucional disponível na ferramenta ava-
liação. Estes elementos foram trabalhados conceitualmente e 
exemplificados no Capítulo I. Mas o objetivo de preparação do 
estudante de Serviço Social para ingresso no campo de estágio 
e posterior análise institucional impõe a necessidade de superar 
a mera descrição de cada item relacionado no roteiro. Assim, 
faz-se imperativa a reflexão sobre tais aspectos, analisando a 
luz do referencial teórico as estratégias de intervenção utiliza-
das no contexto institucional visitado. Interessa, sobretudo, a 
compreensão da metodologia desenvolvida na instituição e a 
contribuição do Serviço Social para sua operacionalização.
Nesse sentido, este capítulo pretende resgatar alguns dos 
principais conteúdos acumulados ao longo das disciplinas do 
curso já realizadas até esta etapa da formação, bem como, 
demonstrar a importância da instituição para trabalho profis-
sional do Assistente Social, aproximando o estudante à defi-
nição conceitual de dois paradigmas metodológicos que se 
contrapõem: regulação e articulação.
1 Resgatando conhecimentos necessários 
à visita técnica em Serviço Social
Uma visita técnica institucional requer do acadêmico conheci-
mento construído ao longo da formação em serviço social que 
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 23
perpassam os diferentes núcleos formativos propostos pelas di-
retrizes curriculares da formação em serviço social. Uma carga 
significativa de conteúdos centra-se no núcleo de fundamentos 
do trabalho profissional:
O conteúdo deste núcleo considera a profissionalização 
do Serviço Social como uma especialização do traba-
lho e sua prática como concretização de um processo de 
trabalho que tem como objeto as múltiplas expressões 
da questão social. Tal perspectiva, permite recolocar as 
dimensões constitutivas do fazer profissional articuladas 
aos elementos fundamentais de todo e qualquer proces-
so de trabalho: o objeto ou matéria prima sobre a qual 
incide a ação transformadora; os meios de trabalho - 
instrumentos, técnicas e recursos materiais e intelectuais 
que propiciam uma potenciação da ação humana sobre 
o objeto; e a atividade do sujeito direcionada por uma fi-
nalidade, ou seja, o próprio trabalho. (ABESS/CEDEPSS, 
1995 e 1996 apud ABEPSS, 1996).
Todas as disciplinas cursadas até este ponto da grade curri-
cular são importantes para a construção do olhar crítico, no de-
senvolvimento de habilidades e competências necessárias para o 
exercício profissional em serviço social. Contudo, compreende-
mos que alguns conteúdos devem ser resgatados pelos acadêmi-
cos sob a forma de releituras, problematizações, novas discussões 
junto aos canais de comunicação e ferramentas de interação para 
qualificação do processo de observação e entendimento da con-
juntura social na qual as instituições sociais estão inseridas.
Destacamos, para especial atenção no resgate de conteú-
dos que perpassam a construção do olhar crítico, as disciplinas 
24 Práticas Interventivas Supervisionadas
do núcleo de fundamentos do trabalho social e agregamos as-
pectos presentes nas ementas (descrição) das disciplinas (PPC 
– Serviço Social Ead, 2013).
Iniciamos com a “Ética Profissional em Serviço Social” que 
busca a discussão dos fundamentos ontológicos da dimensão 
ético moral da vida social e seus rebatimentos na ética pro-
fissional. Também aborda o processo de construção do ethos 
profissional e as implicações ético-políticas no exercício pro-
fissional. Por fim, propõe o estudo do Projeto Ético-Político do 
Serviço Social. É uma disciplina do segundo semestre, que 
aborda o Código de Ética do Assistente Social, os princípios 
fundamentais, bem como a legislação profissional (LOPES, 
2010; CFESS, 2011).
Os Fundamentos Teórico-metodológicos do Serviço Social 
I e II tem como objetivo estudar a prática do Serviço Social, o 
reconhecimento e a reflexão acerca dos diferentes contextos 
histórico, teórico-metodológicos, desde sua origem até a con-
temporaneidade. Oportuniza a reflexão a partir do Movimento 
de Reconceituação até a adoção do Materialismo Histórico 
como referencial da profissão. Estão presentes no segundo e 
terceiro semestre e possuem maior densidade teórica, sendo 
necessárias para a compreensão dos paradigmas que norte-
aram a trajetória da profissão, bem como a transformação 
de uma identidade profissional atribuída para uma identidade 
profissional construída e pautada em princípios como autono-
mia, cidadania e democracia. É neste momento da formação 
que o acadêmico deve compreender o processo de ruptura 
com posturas conservadoras e neopositivistas no exercício pro-
fissional (PELLIZZER, 2010).
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 25
A disciplina de “Questão social” problematiza a produçãoda desigualdade e a Questão Social como objeto de trabalho 
do Assistente Social, aborda a configuração histórica e concei-
tual e traz aportes teóricos para sua compreensão. É uma disci-
plina do terceiro semestre e propõe o estudo aprofundado des-
te fenômeno próprio das sociedades capitalistas de natureza 
complexa e contraditória. A questão social traz consigo expres-
sões e manifestações e sobre estas é que incide a intervenção 
do trabalho do assistente social, portanto é fundamental que o 
acadêmico consiga identificá-las (expressões e manifestações 
da questão social) na vida dos sujeitos. (SILVEIRA, 2010).
A disciplina de “Processo de Trabalho em Serviço Social” re-
mete à particularidade do Serviço Social como especialização 
do trabalho coletivo; aos elementos constitutivos do processo 
de trabalho do Serviço Social; às diferentes formas de apreen-
são e deciframento da questão social a partir das dimensões 
da prática profissional. Esta é uma disciplina do quarto semes-
tre e aborda à luz do referencial dialético crítico os elementos 
Objeto-Meio-Produto enquanto constituição de um processo 
de trabalho para o assistente social. Estes elementos são estu-
dados e aprofundados para que o acadêmico compreenda a 
sistematização teórica presente na transformação da realidade 
social percebida por ações e resultados. Importante salientar 
que estas transformações são permeadas por objetivos que es-
tão implícitos no processo de trabalho.
As disciplinas de Política Social abordam o desenvolvimen-
to dos Direitos Humanos e Sociais, definição de Estado, direi-
tos e a sua materialização nas políticas sociais. Assim como o 
sistema de proteção social brasileira: saúde, assistência social, 
26 Práticas Interventivas Supervisionadas
previdência social, educação, habitação e trabalho bem como 
os pressupostos, formação, gestão, participação popular nos 
espaços de controles sociais e as interfaces com o Serviço So-
cial. São disciplinas do quarto e quinto semestre e abordam 
temas contemporâneos que trazem subsídios para a compre-
ensão da conjuntura social na qual se inserem diferentes ins-
tituições que operacionalizam diferentes políticas públicas e 
sociais (FALCÃO, GOETZ, 2010).
As disciplinas de Competência Técnico Operativa em Ser-
viço Social I e II se propõem à análise de conjuntura e institu-
cional, planejamento da intervenção, abordagens individuais e 
coletivas, bem como o desenvolvimento de intervenção e ava-
liação. São disciplinas do quinto e sexto semestre e instrumen-
talizam o acadêmico para intervenção em campo de estágio. 
Também contribuem enquanto subsidio teórico em processos 
de observação de intervenções profissionais individuais e gru-
pais (GOMES, LOPES, SANGHI, 2010).
Figura 1 Diagrama de conhecimentos pertinentes à visita técnica.
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 27
Após este breve resgate de conteúdos, avançamos nosso 
estudo para compreendermos dois paradigmas orientadores 
da prática profissional: paradigma funcionalista-tecnocrático 
(metodologia de regulação) e o paradigma dialético e político 
(metodologia de regulação).
2 A intervenção profissional no contexto 
institucional: aproximações metodológicas 
para a realização da visita institucional
O entendimento sobre o papel do Serviço Social e as poten-
cialidades da intervenção profissional define-se a partir de um 
conjunto de elementos que articulam tanto aspectos estrutu-
rais e conjunturais (macro) quanto às lógicas particulares dos 
sujeitos da ação (micropoderes). As instituições configuram-
-se enquanto espaços sociais propícios para o encontro destas 
relações mais gerais com o cotidiano do usuário. Nelas que 
se põem as condições para construção do objeto profissional. 
Conforme aponta Faleiros
é na dinâmica institucional que se estabelecem as cate-
gorias de classificação dos usuários e principalmente dos 
pobres [...], construindo-se os estigmas, as rejeições, as 
exclusões/inclusões, as formas de se pensar a adaptação 
e a desadaptação. (2001, p. 33)
Para o autor, o objeto da intervenção profissional se define 
nas relações de forças a partir do encontro do usuário fragili-
zado com o Assistente Social no contexto institucional. Neste 
28 Práticas Interventivas Supervisionadas
espaço privilegiado de lutas de poderes e confronto de interes-
ses sintetizam-se demandas sociais traduzidas pela lógica da 
instituição, sobre as quais se formulam as estratégias de inter-
venção profissional. Recursos e problemas se entrecruzam na 
esfera institucional condensando os limites e as possibilidades 
desta intervenção.
Figura 2 Correlação de forças no espaço institucional.
Podemos definir instituições sociais como:
Organizações específicas de política social, embora se 
apresentem como organismos autônomos e estruturados 
em torno de normas e objetivos manifestos. Elas ocupam 
um espaço político nos meandros das relações entre o 
Estado e a sociedade civil. Elas fazem parte da rede, do 
tecido social lançado pelas classes dominantes para ame-
alhar o conjunto da sociedade (FALEIROS, 2011, p. 31).
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 29
Na perspectiva da Correlação de Forças o trabalho pro-
fissional do Serviço Social se define no contexto das relações 
de força mais gerais do capitalismo e nas particularidades das 
relações institucionais. Para Faleiros, o Assistente Social “atua 
em uma correlação particular de forças, sob a forma institu-
cionalizada, na mediação fragilização-exclusão/fortalecimen-
to-inserção” (2001, p. 49), caracterizando a instituição como 
espaço de saber e poder profissional. Nesse sentido,
O desafio profissional consiste justamente na reorienta-
ção de seu cotidiano de acordo com a correlação de 
forças existentes, para facilitar o acesso da população ao 
saber sobre elas mesmas, aos recursos disponíveis e ao 
poder de decisão (FALEIROS, 2011, p. 55).
Fazemos questão de sublinhar a importância dos contextos 
institucionais na medida em que eles fazem parte das trajetó-
rias, itinerários e estratégias dos sujeitos pressupondo relações 
de poder e saber que interferem diretamente no cotidiano. Do 
mesmo modo, conformam o trabalho complexo de planejar, 
propor, acompanhar e avaliar a intervenção do Serviço Social 
implicada nestas trajetórias e estratégias. O encontro do Assis-
tente Social com os usuários se dá em geral em uma instituição 
quando os processos de fragilização são acirrados pela perda 
de poder e patrimônios. Trata-se, pois, do ponto de intersec-
ção entre suas trajetórias, a partir do qual se construirão con-
juntamente as alternativas de fortalecimento.
A particularidade do Serviço Social se dá no contexto de 
suas funções institucionais, nessa rede institucional na 
qual se inscreve historicamente e onde há jogo de po-
30 Práticas Interventivas Supervisionadas
der para definir objeto da ação, para dispor de recursos, 
para propor estratégias, para montar operações (FALEI-
ROS, 2001, p. 122).
Considerando essa relevância do espaço institucional 
para própria constituição da identidade profissional do Ser-
viço Social, a proposta da disciplina de Práticas Interventivas 
Supervisionadas é propiciar o contato direto com este locus 
da intervenção do Assistente Social. Os saberes acumulados 
ao longo das diferentes disciplinas do curso (relembrados no 
item anterior) e a compreensão dos diferentes aspectos a se-
rem analisados na visita institucional (esclarecidos no Capítulo 
1) favorecem a construção de um olhar profissional para este 
exercício. Ao instrumentalizar-se com estes conhecimentos o 
estudante poderá elaborar sua reflexão mediada por catego-
rias teóricas que o aproximarão da prática profissional auxi-
liando na ruptura com o senso comum.
Figura 3 Síntese teórica do processo de visita técnica.Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 31
Nesse mesmo sentido, propomos agora uma reflexão so-
bre o papel do assistente social nos espaços institucionais, 
desafiando o olhar para a identificação da metodologia que 
norteia a instituição visitada.
Seguindo a perspectiva do autor que viemos nos funda-
mentando, podemos referir que a análise sobre o processo de 
construção do saber relativo à metodologia permite-nos iden-
tificar dois grandes paradigmas orientadores da prática profis-
sional: paradigma funcionalista-tecnocrático (metodologia de 
regulação) e o paradigma dialético e político (metodologia de 
regulação).
a) Metodologia de Regulação:
Situa-se ao nível da prática, na busca pela compensação 
através de recursos para uma determinada situação-problema 
apresentada pelo usuário, de acordo com as normas institu-
cionais pré-estabelecidas, concebendo os problemas como 
“desregulagens” que podem ser reparados pelos mecanismos 
institucionais. Essa perspectiva pauta-se na intenção de orga-
nizar a integração dos sujeitos para garantir a expansão do 
capital pelo acesso ao consumo e subordinação à lógica de 
produção.
A metodologia de regulação de problemas consiste no es-
tabelecimento de vínculos entre normas e recursos para solu-
cionar “problemas” descontextualizando-os, retirando deles as 
mediações que o relacionam às forças sociais. O problema 
aparece friamente apresentado, tecnicamente estudado, isola-
do do contexto e da força mobilizadora que possa ter para a 
população.
32 Práticas Interventivas Supervisionadas
O saber técnico-científico é sobreposto ao saber da po-
pulação e com tal expropriação do protagonismo dos sujei-
tos retira-se simultaneamente a autonomia das decisões, bem 
como, as possibilidades de construção e reconhecimento de 
seu empoderamento. A população é forçada a despir-se de 
suas estratégias para se submeter às normas institucionais (ho-
rários, rotinas, fluxos...) visando um alívio imediato ao proces-
so de exploração e dominação que vivencia.
Em fim, esta perspectiva esvazia os significados imbricados 
nas mediações que configuram a situação do sujeito tomando 
o ”problema” como objeto de forma isolada cuja solução é 
resolvida pelo acesso ao recurso. O papel do assistente social 
limita-se a distribuição (regulagem) dos mecanismos/recursos 
institucionais submetendo a população aos seus critérios e 
normas.
b) Metodologia de Articulação:
Opondo-se à metodologia de regulação, a perspectiva de 
articulação considera as relações sociais contraditórias media-
das por forças/poderes que resultam nos problemas manifesta-
dos concretamente pelas demandas sociais. Segundo Faleiros
as contradições se manifestam, se apresentam sob a for-
ma de relações e o trabalho social nelas está inserido. 
Assim, um problema, uma questão apresentada pela po-
pulação, por um indivíduo, são expressões das relações 
sociais e não o resultado estático de uma falha individual 
ou coletiva, mesmo aparentemente apresentado como 
falta de saúde, falta de habitação, falta de recreação, 
falta de alimentação. Os problemas vividos pela práti-
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 33
ca do assistente social são o resultado de relações com-
plexas e é na articulação dessas relações que pode ser 
visualizado o encaminhamento da superação de um pro-
blema e não de sua “resolução” através de um recursos 
institucional (2011, p. 111/112).
Enquanto a superação contempla o movimento de forças 
específicas e gerais que vão condicionar a modificação dos 
efeitos das relações sobre uma determinada questão, a reso-
lução limita-se a um mecanismo pré-estabelecido, predetermi-
nado pelas instituições para por fim ao processo/movimento. 
Enquanto a resolução (metodologia de regulação) considera 
o “problema” como um fim a ser atingido, a superação (meto-
dologia de articulação) compreende o “problema” enquanto 
um ponto de partida para relação entre o particular e o geral, 
estabelecendo através dele o conjunto de mediações que per-
mitem identificar a produção de efeitos econômicos, políticos 
e ideológicos imbricados na intervenção profissional.
Essa perspectiva implica o reconhecimento do saber do 
usuário exigindo uma postura profissional que valorize formas 
de comunicação horizontais visando à participação dos sujei-
tos nos processos decisórios e a garantia do protagonismo so-
bre suas trajetórias individuais e coletivas. Para isso, é necessá-
rio rompermos com as respostas prontas, “receitas” atribuídas 
pela instituição aplicadas a todos os contextos e demandas 
que se apresentam. Torna-se imperativo assumir uma postura 
crítica aos mecanismos instituídos e às relações arbitrárias de 
reprodução da subalternidade dos usuários, assumindo a me-
todologia enquanto um processo reflexivo “realizado a partir 
do mapeamento das forças em presença, das suas perspecti-
34 Práticas Interventivas Supervisionadas
vas sobre uma determinada questão e das formas alternativas 
de ação” (FALEIROS, 2011, p. 116).
Após a contraposição sintética destas duas perspectivas 
metodológicas, o desafio que se põe ao profissional (mesmo 
em formação) é identificar qual delas se manifesta com maior 
ênfase no contexto institucional ao qual ele se insere. A ob-
servação do cotidiano profissional em uma determinada ins-
tituição, bem como o levantamento das informações centrais 
já definidos no instrumento orientador da visita institucional 
(cujos conceitos foram aprofundados no primeiro capítulo) e 
os conhecimentos acumulados ao longo da formação, permi-
tem-nos construir uma reflexão que contemple a análise crítica 
da metodologia de regulação e instrumentaliza-nos a elaborar 
alternativas voltadas para institucionalização da articulação 
como pressuposto metodológico da intervenção.
O exercício profissional do Serviço Social se dá no contexto 
institucional. Desde as primeiras vivências no estágio curricular 
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 35
a experiência do Assistente Social está diretamente associada 
à instituição a qual se insere. Compreender as metodologias 
presentes nas instituições configura-se em um pressuposto fun-
damental para alargar os sentidos da ação profissional e em 
um requisito primordial à formulação de alternativas que rom-
pam com práticas burocráticas imediatistas e configurem uma 
intervenção pautada pelo direcionamento ético-político da pro-
fissão.
3 O PLANEJAMENTO DA VISITA TÉCNICA
Uma visita técnica sempre será de conhecimento, nunca de in-
tervenção. Se fosse de intervenção, estaríamos no universo da 
assessoria técnica. Em se tratando de um processo de conheci-
mento da organização, do Serviço Social na organização e do 
trabalho de um (ou mais) assistentes social desta organização, 
há que se definir as características do processo de observação 
ao longo da visita técnica.
A partir da sua estruturação, as observações podem ser 
classificadas em: estruturada (também chamada de planejada 
e sistemática); semiestruturada (define apenas alguns aspec-
tos a serem observados e deixa espaço para elementos que 
emerjam ao longo da observação); não estruturada (também 
chamada de não planejada e assistemática). Quanto ao local, 
a observação pode ser classificada em observação de cam-
po (ou, naturalística) e observação de laboratório. Quanto ao 
número de participantes, a observação pode ser classificada 
em individual e coletiva. Tomando como referência a ação do 
36 Práticas Interventivas Supervisionadas
observador(a), a observação pode ser classificada em parti-
cipante e não participante. No que se refere à relação entre 
observador(a) e observado(a), a observação pode ser classifi-
cada em presencial e virtual.
A observação presencial pode ser direta ou indireta. Na 
observação direta apresencialidade do(a) observador(a) 
é imediata, direta – não existe nada entre observador(a) e 
observado(a), ambos se veem. Na observação presencial in-
direta a presencialidade do(a) observador(a) é indireta, isto é, 
está presente, vê os(as) observados(as), mas estes(as) não o 
veem. Esta observação indireta pode ser declarada ou oculta. 
Na declarada os observados sabem que estão sendo observa-
dos enquanto que na oculta, não sabem.
Definida e caracterizada a natureza da observação a ser 
feita na visita técnica, há que se planejar os demais aspectos. 
Considerando o fato de a visita técnica se constituir como um 
processo específico de observação, seu planejamento implica 
definir: visitador; visitado; relação entre visitador e visitado; 
objetivos; delimitação espacial e temporal; categorias de ob-
servação; conceitos e categorias teóricos através dos quais se 
pretende analisar as categorias observadas; coleta de dados; 
relatório (identificação, análise compreensiva, sugestões). O 
planejamento de uma visita técnica requer que se defina:
a) Visitador(es):
b) Visitado(s):
c) Objetivo da visita:
Capítulo 2 Subsídios para Operacionalização de Visita Técnica 37
d) Objeto da visita: (processos, elementos, aspectos, carac-
terísticas que serão observados durante a visita)
e) A relação entre visitador e visitado: como se dará a 
mediação entre visitador(a) e visitado(a)? (natureza da 
mediação); como articular a presença do(a) visitador(a) 
junto ao visitado(a) na perspectiva da confiança mútua? 
(legitimação da pesquisa); como gerenciar possíveis cri-
ses que possam ocorrer entre visitador(a) e visitado(a)?
f) Local, data, horário e duração da visita: quando a obser-
vação será realizada? (cronograma); onde a observação 
será realizada? (delimitação espacial); quem ou o que 
será observado? (delimitação espacial);
g) Conceitos e categorias teóricos (referencial teórico): 
quais conceitos e categorias teóricos respaldarão a aná-
lise das categorias de observação. Em outras palavras, 
a análise colocará o que foi observado em diálogo com 
conceitos e categorias teóricas de Questão Social, Po-
líticas Sociais, Processo de Trabalho, Fundamentos Te-
órico-metodológicos e Competência Técnico-operativa. 
O planejamento pode definir antecipadamente algumas 
(ou todas) as categorias e conceitos ou, pode indicar 
que serão escolhidos a partir dos dados obtidos na visita 
técnica.
REFERÊNCIAS
ABEPSS, Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço 
Social. Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço So-
38 Práticas Interventivas Supervisionadas
cial. Rio de Janeiro, Nov. 1996. Disponível em: http://www.
cressrs.org.br/docs/Lei_de_Diretrizes_Curriculares.pdf.
CFESS, Conselho Federal de Serviço Social. Código de Éti-
ca do Assistente Social. Brasília, 2011. Disponível em: 
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf. 
Acesso em: 14 jul.2014.
FALCÃO, Eliete Ribeiro; GOETZ, Rúbia Geane. Políticas, Pro-
teções e Controles Sociais. Canoas : ULBRA, 2010.
FALEIROS, V.P. Metodologia e Ideologia do Trabalho Social. 
8.ed. São Paulo: Cortez, 1993.
______ Saber profissional e poder institucional. 10.ed. São 
Paulo, Cortez, 2011.
______ Estratégias em Serviço Social. 3.ed. São Paulo: Cortez, 
2001.
GOMES, Kelines C., LOPES, Maria Suzete M.,SANGHI, Simo-
ne da F. Competência Técnico-Operativa em Serviço 
Social. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.
LOPES, Maria Suzete Muller. Ética Profissional em Serviço 
Social. Canoas: ULBRA, 2010.
PELLIZZER, Olema Palmira. História do Serviço Social. Ca-
noas, 2010.
PPC, Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social EAD – Ul-
bra. Canoas, 2013.
SILVEIRA, Sandra da Silva. Questão Social. Canoas: ULBRA, 
2010.
Demandas Sociais, 
Organizacionais e 
Profissionais: Reflexões e 
Orientações no Âmbito 
da Intervenção do(a) 
Assistente Social.
Demandas sociais, 
Organizacionais e Profissionais:...
Capítulo 3
Arno Vorpagel Scheunemann
40 Práticas Interventivas Supervisionadas
Neste capítulo o foco está voltado para as demandas no Serviço Social. Começaremos compreendendo “deman-
da” a partir de alguns fundamentos etimológicos. Na sequên-
cia, traremos fundamentos teórico-metodológicos para a com-
preensão e resposta às demandas. Por fim, apresentaremos 
tipologias de demandas com o intuito de facilitar a organiza-
ção da compreensão e das respostas às mesmas.
1 Fundamentos etimológicos
Demanda tem sua origem na ação de demandar. Demandar 
vem do latim demandare, que significa confiar algo a alguém, 
entregar a, encarregar de , comissionar, dar poderes a alguém, 
mandar, ordenar.
Dependendo do uso e do contexto, o termo “demanda” 
apresenta diferentes ignificados. Vejamos alguns:
a) Litígio – No contexto jurídico uma demanda pode ser 
um litígio por algo, por exemplo: Os vizinhos estão 
em demanda pela demarcação da divisa entre seus 
terrenos. Os avós maternos estão em demanda pela 
guarda no neto.
b) Discussão – Em diferentes contextos, demanda pode 
significar “discussão ou disputa”. Vejamos alguns 
exemplos. O casal vive em constantes demandas (dis-
cussão). Os três alunos demandam o mesmo prêmio 
(disputa).
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 41
c) Confronto, combate, peleja – Em contexto de jogos 
ou guerra, demanda também pode expressar confronto, 
peleja, combate. Os jogadores entraram em demandas 
sem fim pela posse da bola. Os soldados demandam 
com os rebeldes pela ocupação da capital do país.
d) Procura – Em termos de mercado, demanda pode 
expressar a procura por determinado bem ou objeto. 
Frases como as seguintes exemplificam isso. Em dias 
de calor a demanda por aparelhos de ar condiciona-
do aumenta. Nos dias que antecedem o Natal, a de-
manda por presentes cresce. O comprador demandou 
sítios com água corrente.
e) Exigência, reivindicação – Demanda também pode 
expressar reivindicações, pleitos ou exigências socio-
comunitárias. Esta concepção de demanda é a mais 
comum no Serviço Social. Vejamos alguns exemplos. 
Em tempos de desemprego as demandas por cesta 
básica crescem. Os manifestantes apresentaram uma 
mais de uma demanda. Em função da enchente, as 
principais demandas da comunidade são abrigo, rou-
pa seca e comida. A comunidade local demanda ação 
mais efetiva do sistema de segurança.
Percebe-se, assim, que do ponto de vista etimológico, de-
manda tem a ver com: confiar algo a alguém, entregar a, en-
carregar de, comissionar, dar poderes a alguém; discussão ou 
disputa; confronto, peleja, combate; procura por determinado 
bem ou objeto; reivindicações, pleitos ou exigências socioco-
munitárias.
42 Práticas Interventivas Supervisionadas
Significados como confiar algo a alguém, entregar a, en-
carregar de, comissionar, dar poderes a alguém mostram que, 
ao demandar algo para o(a) assistente social, a pessoa, famí-
lia, grupo ou comunidade está:
 Â confiando algo que é seu a alguém;
 Â entregando sua questão, seu problema para o(a) pro-
fissional;
 Â encarregando este profissional de o(a) representá-lo(a);
 Â dando seus poderes a este(a) profissional decidir em seu 
nome;
 Â comissionando este(a) profissional para o enfrentamento 
e superação do seu problema;
 Â está enviando, à sua frente, este(a) assistente social para 
falar, defender, reivindicar, representar e decidir lá e 
onde ele(a) não consegue estar presencialmente;
 Â discutindo ou disputando algo para o qual precisa da 
convivência, dos conhecimentos, das habilidades e das 
atitudes deste(a) assistente social;
 Â declarando que se encontra em confronto, peleja e 
combate para os quais precisa da parceria deste(a) pro-
fissional;
 Â procurando algo que, para conhecê-lo, compreendê-lo 
e acessá-lo, precisa dos conhecimentos, do trabalho, da 
autorização, da assinatura, deste(a)assistente social;
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 43
 Â reivindicando algo que lhe é ou cabe por direito, contu-
do lhe foi escamoteado pela estrutura e lógica produto-
ras de desigualdades;
 Â de certa forma, “exigindo” o trabalho do(a) assistente 
social, uma vez que tem direito a isso.
A partir destes aspectos implicados na etimologia, ser de-
mandado implica: privilégio, honra e poder de lutar e decidir 
por e com aquele(a) que nos demanda; compromisso, res-
ponsabilidade e obrigação ética de colocar conhecimentos, 
habilidades e atitudes a serviço que quem está demandando; 
compromisso, responsabilidade e obrigação ética de fazer e 
decidir a partir e em consonância com quem demanda; colo-
car os conhecimentos, as habilidades e atitudes profissionais a 
serviço das necessidades de quem demanda e não o inverso, 
colocando as demandas e demandatários a serviço dos inte-
resses profissionais, sejam individuais ou da categoria; honrar 
a confiança do(a) demandatário(a) em me comissionar como 
seu(ua) representante.
2 Fundamentos teórico-metodológicos
Refletir sobre demandas ao(a) assistente social implica clari-
ficar e diferenciar demandas sociais, demandas organizacio-
nais/institucionais, demandas profissionais. Demanda social é 
aquilo que desafia a sociedade tomar uma posição ou agir – é 
uma (ou mais) dificuldade, contradição, problema, desafio de 
uma pessoa, família, grupo ou comunidade para a sociedade.
44 Práticas Interventivas Supervisionadas
Demandas organizacionais/institucionais são as ex-
pressões e manifestações da questão social que uma pessoa, 
família, grupo ou comunidade leva para a organização sob 
a forma dificuldades, contradições, problemas que elas não 
conseguem superar sem uma intervenção externa. É importan-
te lembrar que uma organização costuma receber demandas 
que não são nem podem ser suas demandas organizacionais. 
Uma demanda social trazida para a organização se transfor-
ma em demanda organizacional se aquela organização tem 
estrutura, profissionais e conhecimento para enfrentá-las. As 
demandas para as quais não há estrutura, profissionais e co-
nhecimentos não podem ser consideradas demandas daquela 
organização. Por exemplo, uma família pode levar um proble-
ma de desemprego para a escola. A escola, compreendendo 
o problema, percebe que não pode transformar esta demanda 
social em sua demanda organizacional, pois não se trata de 
um problema de educação ou ensino, logo, não dispõe da 
estrutura, de profissionais e conhecimentos necessários para o 
enfrentamento e superação do desemprego. A escola teria es-
trutura, profissionais e conhecimentos necessários de deman-
da de educação ou ensino.
Eis um dos principais desafios, clarificar quais demandas 
sociais trazidas pelos usuários podem ser assumidas como de-
mandas organizacionais. Explicando de outro jeito. Uma de-
manda social é aquilo que desafia a sociedade tomar uma 
posição ou agir. Como a sociedade não consegue respon-
der diretamente às demandas que lhe são colocadas, ela cria 
organizações/instituições para atender as demandas separa-
damente. Assim, as demandas são levadas às organizações. 
Logo, aquilo que uma pessoa, família, grupo ou comunidade 
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 45
leva é um problema que demanda (exige) uma ação da socie-
dade, é uma demanda social, mas é levada a uma organiza-
ção, pois é através das organizações que a sociedade respon-
de o que lhe é demandado.
Cabe à organização definir se ela tem estrutura, conheci-
mentos e profissionais para enfrentar aquilo que lhe foi trazido. 
Caso a organização chegue à conclusão que sim, estará trans-
formando a demanda social em sua demanda organizacional. 
Isto é, reconhece que tem estrutura, profissionais e conheci-
mentos para responder à demanda e entende que a questão 
trazida demanda uma ação dela como organização. Caso a 
organização chegue à conclusão que a questão trazida não 
pode ser recebida como uma demanda sua, ela poderá infor-
mar isso aos usuários, articulando com instituições que julgar 
habilitadas para responder ao que está sendo demandado. 
Ou seja, em se tratando de uma organização comprometida 
com as demandas da sociedade, empreenderá esforços para 
descobrir onde aquela demanda da sociedade pode ser trans-
formada em demanda organizacional.
Demandas sociais devem ser reconhecidas como organi-
zacionais antes de serem transformadas em profissionais. Dito 
de outra forma, se eu trabalho como assistente social em uma 
organização, seja ela um secretaria de prefeitura, uma ONG, 
uma empresa privada, uma associação, não posso receber, 
diretamente, as demandas sociais, como se eu fosse um as-
sistente social autônomo. Meu vínculo com esta organização 
requer que eu atenda às demandas que ela coloca aos profis-
sionais. Trata-se das demandas sociais que a organização, por 
entender que dispõe de estrutura, profissionais e conhecimen-
46 Práticas Interventivas Supervisionadas
tos, decidiu que são demandas que podem ser respondidas 
por ela. Ela, por sua vez, às dirige às profissões que integram 
sua equipe. Claro que os profissionais presentes nesta orga-
nização, a partir das suas respectivas referências profissionais, 
haverão de dizer se é ou não uma demanda daquela profissão.
É importante que eu, como assistente social, tenha isso cla-
ro, pois a estrutura que disponho para realizar meu trabalho 
é a estrutura daquela organização. Querer, como assistente 
social da organização, atender demandas que a organização 
entende não serem suas:
 Â costuma gerar conflitos, porque o(a) assistente social 
está recebendo como suas demandas para as quais a 
instituição não dispõe de estrutura;
 Â revela que o(a) assistente social, ou não conhece, ou 
não respeita o organização na qual trabalha;
 Â revela uma postura messiânica, pois o(a) assistente so-
cial se entende acima da organização na qual trabalha 
e se julga capaz de responder às demandas sem a estru-
tura da organização e as redes que ela integra;
 Â pode acontecer se esta organização e seus profissionais 
entenderem que esta(s) demanda(s) podem ser deman-
das para os profissionais já existentes na organização 
e, se a organização ampliar sua estrutura, criando as 
condições organizacionais necessárias para o enfrenta-
mento destas demandas;
 Â pode acontecer se esta organização e seus profissionais 
entenderem que esta(s) demanda(s) exigem o trabalho 
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 47
de outros profissionais e, se a organização, ampliar sua 
estrutura e equipe, criando as condições organizacionais 
necessárias para o enfrentamento destas demandas.
A partir das demandas organizacionais/institucionais são 
definidas as demandas profissionais. Uma organização que 
tem, em sua equipe, assistentes sociais, psicólogos e enfer-
meiros pode transformar em demandas organizacionais as de-
mandas sociais que exijam o trabalho de uma ou mais destas 
profissões. Cada profissão presente nesta organização, em in-
teração com as demais, definirá quais das demandas organi-
zacionais (ou, quais aspectos destas) podem ser transformadas 
em demanda profissional, ou de Serviço Social, ou de Psicolo-
gia, ou de Enfermagem.
Clarificadas as demandas profissionais ao Serviço Social 
na organização, será possível ao(s) assistente(s) social(is) de-
finir qual(is) destas demandas podem ser transformadas em 
objeto profissional (da profissão) naquela organização. E, 
por sua vez, cada assistente social (havendo mais de um na 
organização) poderá definir qual(is) será(ão) seu(s) objeto(s) 
de intervenção.
Aquilo que cabe ao Serviço Social - de tudo aquilo que uma 
pessoa, família, grupo ou comunidade leva para a organiza-
ção - constitui o objeto dado do assistente social.Chama-se 
de objeto dado, porque foi dado pela sociedade, através da 
organização, à profissão. Este objeto dado pode ou não ser 
transformado em objeto de intervenção do(a) assistente social. 
Quando um objeto dado é transformado em objeto de inter-
venção passa a chamar-se objeto construído. Construído, 
48 Práticas Interventivas Supervisionadas
porque, transformando o objeto dado a partir e através dos 
conhecimentos e habilidades teórico-metodológicos, o(a) as-
sistente social construiu seu objeto de intervenção.
As demandas, sejam elas sociais, organizacionais ou profis-
sionais, precisam ser compreendidas na perspectiva da Ques-
tão Social. O que significa isso na prática? Significa que o(a) 
assistente social, sempre que estiver diante de uma demanda 
social, organizacional ou profissional, precisa se perguntar: esta 
demanda tem algo a ver com o conjunto das desigualdades 
produzidas pelo modo capitalista de produção e reprodução 
dos bens, da vida e da sociedade? E, se tem a ver com o con-
junto destas desigualdades: como posso mostrar esta ligação?
É relativamente consensual no Serviço Social que a questão 
social é composta pelo conjunto de desigualdades econô-
micas, sociais, políticas e culturais resultantes da contradição 
presente no modo de produção e acumulação capitalistas – a 
produção da riqueza é cada vez mais coletiva, enquanto a 
apropriação da riqueza produzida é cada vez mais particular 
e privada. Estas desigualdades se tornam visíveis de diferentes 
formas na educação, na cultura, na política, na economia, 
na saúde, no lazer etc. Estas diferentes visibilizações das de-
sigualdades são as expressões da Questão Social. Sempre 
que algo (uma violência, uma exclusão, uma limitação, um 
não acesso a direitos, etc) é resultado do modo desigual de 
o capitalismo produzir os bens, a vida e as relações, é uma 
expressão da Questão Social.
Quando a violência, por exemplo, é resultado destas desi-
gualdades, ela é uma expressão da Questão Social. Esta ex-
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 49
pressão da Questão Social (a violência) se manifesta de for-
ma bem específica na vida das diferentes pessoas, famílias, 
grupos e comunidades. Esta forma particular e específica de 
se mostrar no rosto e na vida de pessoas, famílias, grupos ou 
comunidades é chamada de manifestação da questão so-
cial. Assim, as manifestações da Questão Social são formas 
particulares de visibilização das suas expressões. Em outras 
palavras, as manifestações da Questão Social mostram como 
as expressões da Questão Social se tornam reais, vivas, con-
cretas, palpáveis na vida dos sujeitos históricos.
Estas manifestações da Questão Social podem se tornar 
demandas sociais, organizacionais ou profissionais. O en-
frentamento das demandas precisa superar a articulação 
problema-recurso, articulando problemas, recursos e usuários 
(FALEIROS, 2002). Esta articulação requer que se trabalhe 
dialeticamente com as forças em presença, com os recursos 
disponíveis, possíveis e necessários e, com os problemas. Isto 
é, articula estrategicamente sujeitos, relações de força, proble-
mas e recursos.
Este processo implica em diferentes estratégias: 1) rearti-
culação das referências sociais; 2) rearticulação dos patrimô-
nios1; 3) contextualização dos problemas; 4) a articulação ins-
titucional. A rearticulação de referências sociais implica em um 
processo de compreensão do problema à luz das trajetórias do 
1 Patrimônio é um articulado a partir da concepção de “capitais” de Pierre Bour-
dieu. Expressa que cada indivíduo sujeito tem diferentes patrimônios em cada uma 
das relações pessoais, particulares, gerais e fundamentais. Estes patrimônios po-
dem ser afetivos, relacionais, familiares, sociais, econômicos, trabalhistas, políticos, 
culturais, religiosos...
50 Práticas Interventivas Supervisionadas
sujeito nas diferentes redes. A rearticulação dos patrimônios 
implica na construção de dispositivos de acesso aos recursos, 
equipamentos e benefícios. O que exige o conhecimento dos 
recursos e dispositivos das políticas sociais e de sua operacio-
nalização. A contextualização dos problemas busca ultrapas-
sar a circunscrição limitada e individualizante, contemplando 
as relações gerais e fundamentais. A articulação institucional, 
por sua vez, implica em um “plano estratégico institucional 
complexo para reforçar as alianças com o cliente, estabelecer 
os níveis e ritmos das intervenções, os recursos e as oportuni-
dades de usá-los, o envolvimento de diferentes setores institu-
cionais, da sociedade, da família” (FALEIROS, 2002, 80).
3 Tipologias de demandas
Demanda, por mais que seja um conceito específico, com-
preende um leque relativamente de categorias, isto é, vários 
tipos de demandas podem ser identificados. Estamos refletindo 
sobre as demandas no contexto da prática interventiva do(a) 
assistente social, logo compreensão das demandas, planeja-
mento e intervenção. Tanto a compreensão, quanto o planeja-
mento e a intervenção são processos em permanente transfor-
mação, abertos. Significa que haverá questões e aspectos que 
serão conhecidos, organizados e planejados antes, durante e 
após a intervenção.
Nesta perspectiva, a compreensão das demandas com vis-
tas à intervenção implica organizar, visualizar didaticamente 
os diferentes tipos de demandas. Penso que no contexto da 
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 51
prática interventiva do(a) assistente social, tomando como re-
ferência o destinatário da demanda, podem ser identificados 
os seguintes tipos (categorias de demanda):
a) Demandas sociais – são as expressões e manifes-
tações da questão social que uma pessoa, família, 
grupo ou comunidade leva à sociedade sob a forma 
dificuldades, contradições, problemas que demandam 
uma posição ou ação desta sociedade;
b) Demandas organizacionais - são as expressões e 
manifestações da questão social que uma pessoa, fa-
mília, grupo ou comunidade leva à organização sob 
a forma dificuldades, contradições, problemas que 
demandam uma posição ou ação desta organização. 
Esta organização, por sua vez, reconhece que tem es-
trutura, profissionais e conhecimentos para responder 
à demanda e entende que a questão trazida demanda 
uma ação dela como organização;
c) Demandas profissionais – são as demandas sociais 
que a organização, por entender que dispõe de estru-
tura, profissionais e conhecimentos, decidiu que são 
demandas que podem ser respondidas por a ela e a 
s dirige às profissões que integram sua equipe. Os 
profissionais presentes nesta organização, a partir das 
suas respectivas referências profissionais (legais, éti-
cas, epistemológicas e teórico-metodológicas), have-
rão de dizer se é ou não uma demanda a ser dirigida 
àquela profissão;
52 Práticas Interventivas Supervisionadas
d) Demandas ao(à) assistente social - são as deman-
das à profissão (profissionais) que um(a) assistente 
social entende serem dirigidas a ele, considerando a 
organização e divisão do trabalho no espaço organi-
zacional que integra e na sua equipe.
Tomando como referência natureza do objeto da de-
manda, podemos identificar:
a) Demandas por conhecimento – são as demandas 
que buscam compreender algo que desconhecem ou 
conhecem parcialmente. Podemos identificar deman-
das dos usuários por informações e conhecimentos. 
Ao mesmo tempo, como assistentes sociais, pode-
mos identificar com quais demandas por informações 
e conhecimentos nós nos defrontamos, considerando 
as demandas dos usuários.
b) Demandas por intervenção – são as demandas que 
requerem uma ação profissional imediata ou, a curto, 
médio e/ou longo prazo.
Considerando a organização e articulação do trabalho 
profissional em um determinado espaço organizacional, po-
demos identificar:a) Demandas ao profissional – são as demandas dirigi-
das a um profissional específico (integre ele uma equipe 
ou não) ou, dirigidas a uma equipe, mas esta equipe 
decide que cabe a determinado profissional respondê-la;
b) Demandas à equipe – são as demandas dirigidas à 
equipe e, em equipe, respondidas;
Capítulo 3 Demandas sociais, Organizacionais e Profissionais:... 53
c) Demandas à rede – são as demandas dirigidas a um 
profissional ou a uma equipe, os quais decidem que a 
resposta demanda ações da e em rede;
Tomando como referência a composição da autoria da 
demanda, podemos identificar:
a) Demandas individuais – são as demandas trazidas 
por um indivíduo;
b) Demandas coletivas – são as demandas trazidas por 
uma coletividade – uma família, um grupo, uma co-
munidade, um movimento social.
REFERÊNCIAS:
CANTALICE, Luciana Batista de Oliveira; SILVA, Edna Tania 
Ferreira da. Mediações das atuais demandas postas ao as-
sistente social. Teoria Política e Social. v.1, n.1, p.95-110, 
dez. 2008.
FALEIROS, Vicente de P. Estratégias em SS. 4ª ed., São Paulo : 
Cortez, 2002, 208 p.
MACHADO, Ednéia Maria. Questão Social: Objeto do Serviço 
Social? Universidade Estadual de Londrina. Serviço Social 
em Revista. Vol. 2, n. 1, Jul./Dez. 1999, p. 39-48 (Publica-
ção do Departamento de Serviço Social, Centro de Estudos 
Sociais Aplicados)
PEREIRA, Potyara A. Pereira. Demandas e desafios contempo-
râneos para o Serviço Social. Ser Social, Brasília, nº 19, 
jul/dez, 2006, p. 11-29.
Elaborando o Relatório 
de Visita Técnica12
1 Bacharel em Serviço Social (1994) e Teologia (1988 e 2012). Doutor 
em Teologia Prática: aconselhamento (2000). Professor de graduação de 
pós-graduação em Serviço Social na ULBRA/Canoas, RS. Coordenador do 
curso de Serviço Social EaD-ULBRA.
2 Bacharel em Serviço Social (2007), Especialista em Psicopedagogia Clínica e 
Institucional (2010), Mestre em Teologia (2013), Doutoranda em Teologia (2014). 
Professora de graduação em Serviço Social EAD, ULBRA/Canoas, RS e pós-gradu-
ação em Gestão de Políticas Sociais, CEULS ULBRA/Santarém, PA.
Arno Vorpagel Scheunemann1
Iarani A Galúcio Lauxen2
Capítulo 4
Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 55
Este capítulo apresenta orientações e elementos básicos que possam subsidiar a elaboração do seu relatório de visita 
técnica e para isso teremos apoio de todos os conhecimentos 
adquiridos na disciplina Práticas Interventivas Supervisionadas.
O texto está dividido em quatro subtítulos, os quais trarão 
conceitos, discussões, elementos essenciais, aspectos relativos 
ao relatório específico de visita técnica, eles poderão ofere-
cer embasamento teórico - prático suficiente para que o leitor 
sinta-se seguro em elaborar seu próprio relatório.
O primeiro tópico abordará conceitos teóricos que pode-
rão ajudar a desvelar o que é de fato um relatório.
Em seguida no tópico 4.2 será abordada a tipologia de 
relatórios para definição das suas características.
Posteriormente o tópico 4.3 apresenta passos para orga-
nização do conteúdo a ser informado no relatório, para que 
assim o elaborador possa obter parâmetros para elaboração 
de um documento tão requisitado nas relações institucionais.
Enquanto o tópico 4.4 abordará especificamente o rela-
tório de práticas supervisionadas em Serviço Social o qual 
pretende esclarecer a objetividade deste e a importância da 
sua produção no decorrer da formação profissional de Serviço 
Social, disponibilizando orientações específicas a elaboração 
do relatório a ser elaborado na atividade avaliativa desta dis-
ciplina.
Por fim, se poderá também ter acesso a dicas interessan-
tes para a elaboração de um relatório, além de bibliografia 
comentada, a fim de indicar ao aluno à aproximação de li-
56 Práticas Interventivas Supervisionadas
teraturas do Serviço Social que poderão complementar sua 
aprendizagem.
4.1 O que é um relatório
Para se iniciar uma discussão que aponte para a elaboração 
do relatório de práticas supervisionada em Serviço Social, é 
primordial que o leitor saiba inicialmente conceituar o que é 
um relatório.
O relatório é um instrumento que se destina a apresentar 
os resultados, sejam eles parciais ou finais, de atividades, es-
tágios, visitas técnicas ou pesquisas.
O dicionário Aurélio define relatório como um sufixo do 
relato, como exposição mais ou menos minuciosa, do que se 
viu, ouviu ou observou. Por outro lado a web dicionário indica 
que o relatório é a “[...] exposição ou relação, geralmente 
escrita. Exposição circunstanciada dos factos de uma adminis-
tração ou de uma sociedade”, conceitos esses bem associados 
à forma descritiva e material dos fatos identificados em de-
terminada circunstância, seja em uma experiência de estágio, 
seja em uma visita técnica acadêmica, ou uma visita domiciliar 
profissional, todas essas ocorridas com objetivos específicos 
que buscam em si resultados, fundamentados.
Contudo, o relatório é a forma de materializar a realidade 
identificada e vivenciada, os dados obtidos, as informações 
coletadas, por meio da descrição documental, fundamentada 
e atestada pelo elaborador do documento.
Capítulo 4 Elaborando o Relatório de Visita Técnica 57
Para o Instituto Superior de Tecnologias Avançadas, 2004 
o relatório consiste em um “documento através do qual um 
técnico, engenheiro ou cientista faz o relato da forma como 
realizou um determinado trabalho. O objetivo é comunicar 
(transmitir) ao leitor a experiência acumulada pelo autor na re-
alização do trabalho e os resultados que obteve.” p. 3. Sabe-
-se que nesta perspectiva o relatório ora elaborado pelo autor 
tornar-se-á um documento científico, portanto verificável, ou 
seja, ele pode ser reproduzido ou ter suas informações consta-
tadas pelo leitor, garantindo que “o que é transmitido é cienti-
ficamente verdadeiro: qualquer resultado, para ter valor cien-
tífico, deve poder ser reproduzido”. Um resultado que só uma 
pessoa consegue obter não tem qualquer validade científica. 
(idem, p. 3). Contudo todas as informações utilizadas no rela-
tório devem garantir as prerrogativas éticas na sua produção.
A esse respeito, Heron Caldas, 2002, Professor Adjunto de 
Física do Departamento de Ciências Naturais – DCNAT da 
Universidade Federal de São João Del Rei – UFSJ elabora um 
roteiro intitulado: “o que é, para que serve e como se guiar 
na elaboração de um relatório experimental”, neste pode-se 
acessar também um conceito que aproxima e caracteriza o 
relatório como um documento sem dúvidas ligado diretamente 
a prática da pesquisa científica.
O relatório, como o próprio nome diz, é o relato deta-
lhado de um experimento científico, seja este realizado 
em laboratório ou através de simulação computacional. 
Uma atividade prática de uma disciplina experimen-
tal culmina com a elaboração do relatório, conferindo 
58 Práticas Interventivas Supervisionadas
a este, portanto, o papel de ser parte do experimento. 
(CALDAS, 2002 p. 1)
Ou seja, o relatório deixa de ser apenas uma mera descri-
ção, ou relato de experiência empírica, devendo ser adotado 
como um instrumento legal e científico, no qual estão contidos 
aspectos teóricos, metodológicos, técnicos operativos e ético-
-políticos de uma determinada abordagem.
4.2 O relatório e suas tipologias
Para se trabalhar a tipologia dos relatórios procurou-se resga-
tar conceitos já discutidos no decorrer do curso. Na disciplina 
Processo de Trabalho no Serviço Social destaca-se a existência 
de uma diversa classificação de relatórios, diferenciados pelos 
seus critérios de análise.
É possível classificar os relatórios quanto a sua natureza, 
em: descritivos e analíticos.
Quanto ao relatório descritivo, SCHEUNEMANN, 2010, 
define:
Esse tipo de relatório contribui na “visualização”, “iden-
tificação”

Outros materiais