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86 FADAF - OAB - 2ª FASE PRÁTICA DE PROCESSO PENAL DEFESA PRELIMINAR NA LEI DE DROGAS-LEI 11.343/2006 Essa peça está fundamentada no artigo 55 da Lei 11.343/2006, deverá ser interposta, em petição única, no prazo de 10 dias a contar da notificação judicial. Nessa fase alega-se, em preliminar, a incompetência de juízo. É peça privativa da defasa. O verbo para interpor a peça é “apresentar”. O MP deve ser referido como MP ou como Acusação e Denunciado ao se referir à parte. A Defesa Preliminar é cabível nos crime definidos na Lei 11.343/2006, exceto para aquele capitulado no artigo 28, para uso pessoal. O objetivo dessa peça preliminar é alcançar a rejeição da PI, previstos no artigo 395 do CPP. Também podem ser arguidas nulidades, como p.ex.: demonstrar que a denúncia é genérica. Ou ainda pedir a desclassificação da infração penal descrita na inicial acusatória de tráfico de drogas para porte de drogas. Se o acusado é notificado e deixa de oferecer a defesa preliminar, o juiz deverá nomear defensor para oferece-la em 10 dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação. A tese que normalmente se apresenta na defesa preliminar é a rejeição da inicial, tomando-se por base o disposto no artigo 395 do CPP. São hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa: a) se for manifestamente inepta: Denúncia ou queixa inepta é aquela elaborada em desconformidade com o artigo 41 do CPP. São hipóteses de inépcia: inclusão do acusado que não havia sido investigado; inicial confusa; inicial que não individualiza corretamente o fato criminoso e sua autoria (denúncia genérica), dentre outras. b) se faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal: Exemplo de pressuposto processual: competência. Condições da ação: i) genéricas: legitimidade de parte; interesse de agir; e possibilidade jurídica do pedido. ii) específicas: representação da vítima e requisição do Ministro da Justiça. c) se faltar justa causa para o exercício da ação penal: Caso não haja indícios de autoria e/ou prova da materialidade ou se o fato for atípico. Obs.: Se o problema trouxer uma situação na qual ocorreu flagrante forjado, pode ser requerida a rejeição da inicial, tendo em vista que a conduta é atípica. Obs.: Também pode ser requerida a desclassificação da conduta narrada na inicial. Pede a desclassificação do delito de tráfico de drogas para o de porte de drogas para consumo pessoal, desde que esta possibilidade encontre fundamento nos dados trazidos pelo problema. Se o acusado estiver preso, pode ser pedida sua libertação, com argumentos relativos à revogação da prisão preventiva, ao relaxamento da prisão em flagrante ou à liberdade provisória. Dica: Esta defesa é oferecida antes do recebimento da PI. Embora na prática se admita a chamada defesa genérica, não havendo que se falar em nulidade, no Exame de Ordem é essencial que você explore todos os pontos trazidos no enunciado. 87 MODELO DE DEFESA PRÉVIA NO RITO ESPECIAL DA LEI DE DROGAS LEI Nº 11.343/2006 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___ Autos nº___ “A”, já qualificado nos autos em epígrafe a folhas..., por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, cujo instrumento de procuração segue anexo (doc. 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar DEFESA PRELIMINAR, com fundamento legal no artigo 55 da Lei 11.343/2006, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. DOS FATOS (Narrar os fatos de acordo com os dados apresentados no problema. Após a narrativa dos fatos, deve ser incluído o seguinte parágrafo): A denúncia foi oferecida e os autos foram remetidos à conclusão, sendo que o esse Ilustre Juízo determinou a notificação do denunciado para apresentação desta defesa preliminar. DO DIREITO (Extrair do problema apresentado dados que possam ter como consequência a rejeição da denúncia, seja em razão de inépcia ou de atipicidade, a desclassificação do crime, a liberdade provisória, a revogação com o relaxamento da prisão, a ocorrência de causa extintiva de punibilidade, dentre outras.) (Apresentar primeiro a tese mais ampla e depois as menos abrangentes. Exemplo: há tese de atipicidade e desclassificação. Desenvolva primeiro a atipicidade e depois a desclassificação. ) (Fazer destaques jurídicos, citando legislação e súmulas, se houver pertinência.) (Concluir sua exposição com o seguinte texto): Sendo assim, diante dos argumentos ora apresentados, é de rigor a ... (redija aqui a conclusão, de acordo com o que foi desenvolvido no tópico referente ao direito) DO PEDIDO Ante o exposto, é a presente defesa para requerer que (...) (Elaborar pedido de modo articulado, nos termos do que foi desenvolvido no direito. Também faça pedidos considerando primeiro o mais amplo e depois os demais) Caso Vossa Excelência entenda por bem receber a inicial, protesta o denunciado pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial, por ... e pela inquirição de testemunhas, apresentadas no rol abaixo, que deverão ser oportunamente intimadas (se o problema indicar a existência de testemunhas). Termos em que, Pede deferimento. Local e data. ______________________ ADVOGADO... OAB/... nº ... Rol de testemunhas: (desde que haja indicação no problema. Podem ser arroladas até 5 testemunhas.) 88 1.___ 2. ___ 3. ___ 4. ___ 5. ___ 89 Questão: João foi surpreendido em via pública portando 5 gramas de maconha. Foi lavrado auto de prisão em flagrante, já que os policiais militares disseram em seus depoimentos que João teria confessado informalmente que venderia a droga para terceiro. Disseram, também, que alguns transeuntes presenciaram a abordagem e a prisão se João, mas que não foram arroladas como testemunhas. João negou que venderia droga, dizendo que se destinava a consumo pessoal. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de João, pela prática de crime de tráfico de drogas (artigo 33 da Lei 11.343/2006). O Juiz determinou a notificação de João. Como advogado de João, tome a medida cabível. 1 Qual o rito processual? 2 Qual a fase processual? 3 Qual peça a ser feita? 4 Qual o prazo? 5 Quem é o juízo competente? 6 Qual o fundamento jurídico? 7 Qual a tese da defesa? 8 Qual a jurisprudência? 9 Qual o pedido? 90 FADAF - OAB - 2ª FASE PRÁTICA DE PROCESSO PENAL DEFESA PRELIMINAR NOS CRIMES FUNCIONAIS AFIANÇÁVEIS Cabimento: Os crimes cometidos por funcionários públicos contra Administração (inclusos no Capítulo 1 do Título XI da Parte Especial do Código Penal) obedecem a rito especial, desde que sejam afiançáveis (pena máxima igual ou menor a quatro anos – Lei 12.403/2011- artigo 322 do CPP). Não se enquadram como afiançáveis: 312 caput, 313, 313-A, 316, 316 § 1º, 317, 318. Aos demais aplicam-se as disposições das artigos 513 a 518 do CPP. A principal diferença do rito especial para crimes praticados por funcionários públicos contra a administração é a possibilidade de oferecimento de defesa preliminar escrita, antes mesmo do recebimento da denúncia ou da queixa. O artigo 514 determina que estando a denúncia ou a queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado para responder por escrito, dentro do prazo de 15 dias, estabelecendo ainda que se não for conhecida a residência do acusado. Ou esta achar-se fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar(não haverá portanto a expedição de precatória). Caso o juiz, em face da resposta apresentada, se convença da improcedência da ação, deverá rejeitar a denúncia ou a queixa, em despacho necessariamente fundamentado. Caso contrário, deverá recebê-las, citando o acusado e prosseguindo nos termos do procedimento ordinário. São importantes ainda algumas observações sobre o cabimento da defesa preliminar: A oportunidade da defesa preliminar não se estende ao corréu que não seja funcionário público. É dispensável a defesa preliminar quando a denúncia ou queixa foram precedidas de inquérito policial (Súmula 330 do STJ). Prevalece que é dispensável a defesa preliminar quando o funcionário público responde por crime funcional conexo a crime comum, embora haja jurisprudência em contrário. Embora o tema seja controverso prevalece que não é necessária a defesa preliminar quando o acusado, no momento do processo, não é mais funcionário público. A falta de defesa preliminar é nulidade absoluta ou relativa? Há posição nos dois sentidos, uns entendendo que é relativa e que, portanto, precluirá caso não seja alegada até o momento dos debates orais; outros, que é nulidade absoluta, por tratar-se de prerrogativa da defesa que não pode ser dispensada. Competência: A defesa preliminar deve ser oferecida ao próprio juiz da causa ao qual foi distribuída a ação. Prazo: O prazo é de 15 dias, a partir da notificação. Legitimidade: A defesa preliminar deve ser apresentada pelo acusado, pessoalmente ou por advogado constituído ou dativo. Tese e pedidos: Caberá ao acusado, nesse momento, arguir tudo o quanto for possível em sua defesa, visando convencer o juiz da inadmissibilidade da ação, podendo instruir a peça com documentos e justificações. Mas quaisquer que sejam as razões alegadas, o pedido será sempre o mesmo: a rejeição da denúncia ou da queixa. Verificar se não se trata de situação de peculato uso, o que caberá a rejeição da PI; ou ainda, tentar desclassificar a conduta de corrupção passiva para prevaricação. 91 MODELO DE DEFESA PRELIMINAR - FUNCIONÁRIO PÚBLICO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __Vara Criminal da Comarca da _______ do Estado de _________ OBS.: Se o crime for da competência da Justiça Federal, o endereçamento será/; “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da __Vara Criminal da Justiça Federal da Subseção Judiciária de ___________.” (10 linhas) Autos nº.... José, já qualificado na denúncia oferecida pelo digníssimo membro do Ministério Público, por seu advogado que ao final subscreve (mandato incluso, doc. 1), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar DEFESA PRELIMINAR, com fulcro no artigo 514 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. DOS FATOS O acusado, policial civil, foi denunciado como incurso nas penas do artigo 312, parágrafo 2º, do Código Penal, porque supostamente teria deixado seu colega de trabalho apropriar-se de bem que tinham a posse. DIREITO Como bem passaremos a demonstrar, a denúncia deve ser rejeitada pelo Meritíssimo Juiz a quo, uma vez que não houve tipicidade nem perfeita adequação do caso concreto à descrição do delito em tela. Com efeito, o artigo 312 parágrafo 2º, do Código Penal assim descreve a conduta tipificada como peculato culposo: “Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano.” Note-se que o crime somente se configura quando o agente, após ter obtido de forma lícita posse do bem em razão do cargo, passa a se comportar como dono do objeto, invertendo-se o ânimo da posse sobre ele. No caso em tela, o Acusado em nenhum momento passou a se comportar como dono do relógio, nem sequer colocando-o no pulso. O que, de fato, ocorreu foi que, após o preso ter sido algemado e pedido para o acusado guardar o relógio, este recebeu um telefonema da sua esposa, comunicando que o seu filho mais novo tinha sofrido um acidente de carro, razão pela qual, após efetuadas as diligências na delegacia, saiu apressado, como relógio no bolso, esquecendo-se de devolvê- lo. Importante ressaltar que foram juntados à colação documentos que comprovam as referidas alegações, como, Boletim de Ocorrência, referente ao acidente de carro (doc. 2), a ficha de internação do acidentado (doc. 3), e a conta telefônica da casa do acusado, da qual consta o telefonema que sua mulher fez naquele horário para o seu celular (doc. 4). 92 Não há tipicidade na conduta do acusado, uma vez que não atuou com o necessário dolo para a configuração do delito. Portanto, restando configurada a atipicidade da conduta do Acusado, não há falar em crime. DO PEDIDO Diante do exposto, requer seja rejeitada a denúncia oferecida pelo representante do Ministério Público, com fulcro no artigo 395, inciso, III do Código de Processo Penal, como medida de inteira JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. Local .... data ... ______________________ ADVOGADO... OAB/... nº ... Rol de testemunhas: (colocar o número de testemunhas máxima que permitir o rito do crime) 1)..., residente na Rua ..., número ...; 2)..., residente na Rua ..., número ...; 3) ..., residente na Rua ..., número ...; 4) ..., residente na Rua ..., número ...; 5) ..., residente na Rua ..., número ...; 6) ..., residente na Rua ..., número ...; 7) ..., residente na Rua ..., número ...; 8) ..., residente na Rua ..., número ...; 93 Questão: Antônio, motorista, funcionário público municipal, após o encerramento de seu horário de trabalho, utilizou o carro da Prefeitura do Município em que trabalha para realizar um serviço particular. Horas depois, sem que a ausência do automóvel tivesse sido notada, devolveu o veículo à garagem, com o tanque de combustível cheio. Seu superior tomou conhecimento desta conduta e levou o fato à autoridade policial. Foi instaurado inquérito policial. Posteriormente, o Promotor de Justiça da Comarca ofereceu denúncia contra Antônio, pela pratica do crime de peculato, artigo 312, CPP. O juiz determinou a notificação de Antônio. Na qualidade de advogado de Antônio, elabore a medida cabível. 1 Qual o rito processual? 2 Qual a fase processual? 3 Qual peça a ser feita? 4 Qual o prazo? 5 Quem é o juízo competente? 6 Qual o fundamento jurídico? 7 Qual a tese da defesa? 8 Qual a jurisprudência? 9 Qual o pedido? 94 FADAF - OAB - 2ª FASE PRÁTICA DE PROCESSO PENAL RESPOSTA À ACUSAÇÃO RITO ORDINÁRIO (arts. 396 e 396-A, CPP) Peça destinada ao oferecimento da primeira defesa por escrito do réu no processo. Nela, pode-se: a) discutir o mérito da imputação; b) arguir preliminares e opor exceções/prejudicial que verificar existirem; (Segundo Barbosa Moreira, prejudicial e preliminar são espécies do gênero questões prévias ao mérito. Preliminares: são aquelas que afetam o “ser” da questão principal. Ela impede/impossibilita a decisão da questão principal; Prejudiciais: elas afetam o “modo de ser” da questão principal, elas não impedem a análise da questão principal, mas condicionam o conteúdo da questão principal). PRELIMINARES: São as seguintes, basicamente: a) condições da ação (segundo a doutrina tradicional): -possibilidadejurídica do pedido: previsão em abstrato no ordenamento jurídico da providência requerida em juízo. -legitimidade para a causa: legitimidade para oferecer a peça inicial. Regra: oferecimento pelo MP (ações públicas), Exceção: oferecimento pelo particular (ações privadas) -interesse de agir: é ligado a um trinômio >>> 1) necessidade da demanda (a propositura não pode ser dispensável) 2) utilidade do processo (do ponto de vista social e do custo do processo - limitando-se o princípio da obrigatoriedade da ação penal. - o princípio da insignificância, por exemplo, pode implicar a ausência de interesse de agir 3) adequação (correta utilização do instrumento processual/ adequação da via eleita. Ex: para recorrer de uma sentença definitiva de condenação, deve-se valer da apelação). -justa causa (esta última compreendida como um lastro mínimo de prova para a acusação ser apta). A falta de uma das condições da ação gera nulidade absoluta do feito. obs: verifique as condições da ação penal previstas pela doutrina moderna, as quais são baseadas na leitura dos arts. 41 e 43 do CPP: justa causa (presente em ambas as doutrinas), tipicidade aparente (fato narrado aparentar constituir crime), punibilidade concreta (punibilidade não pode estar extinta), etc ... *OBS: condições da ação penal privada (ex: queixa-crime) >>> 1) renúncia ao exercício do direito de queixa (49 CPP+ 107, IV do CP + 104 do CPP; 2) perempção (art. 60, CPP); 3) perdão do ofendido (51 a 59 do CPP + 107, V do CP); 4) decadência do direito de queixa (38 do CPP + Lei 5.250/67, art. 44, parágrafo 1º - Lei de Imprensa) b) causas extintivas da punibilidade: notadamente a prescrição e se a ação for privada, a perempção (art. 60, CPP). Sobre o assunto é imprescindível a leitura dos arts. 107 a 120 do CP. Ver o art. 43, II do CPP. c) requisitos formais da denúncia: todos expostos no art. 41 do CPP. A denúncia deve narrar os fatos supostamente criminosos, etc. 95 d) nulidades absolutas (insanáveis / não passíveis de convalidação) e relativas (sanáveis / passíveis de convalidação): nas alegações finais, por exemplo, por ser este o momento imediatamente posterior à instrução processual, pode haver alguma nulidade pela inobservância do curso do processo (inversão da oitiva da ordem de testemunhas, por exemplo). Pode igualmente haver alguma nulidade por falta de intimação da defesa para o interrogatório do réu, etc. Importante se faz ressaltar que qualquer ato processual que viole direito constitucionalmente assegurado (ampla defesa, contraditório, devido processo legal, etc) constitui nulidade absoluta. Deve-se também atentar que, na fase das alegações finais, algumas nulidades devem ser arguidas sob pena de restarem sanadas. Tais nulidades estão previstas no art. 571, II e 572, I do CPP. As nulidades que devem ser arguidas sob pena de convalidação são: -falta de intervenção do MP nos crimes de ação pública -falta de concessão dos prazos concedidos à defesa e à acusação -falta de intimação do réu para sessão do Tribunal do Júri -falta de intimação das testemunhas arroladas na contrariedade do libelo e no libelo -omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. obs: em se tratando de nulidades relativas, a incompetência racione loci (em razão do lugar) deve ser arguida na oportunidade da defesa prévia. Do contrário, a competência será prorrogada, isto é, o foro que não era competente para processar e julgar o feito passará a sê-lo pela falta de arguição tempestiva do advogado. Embora as nulidades absolutas possam ser arguidas em qualquer grau de jurisdição ou, até mesmo, declaradas de ofício, cumpre à defesa argumentá-las no interesse do cliente. Sobre o assunto é importantíssimo ler os arts. 564 a 573 do CPP. EXCEÇÕES: ( Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: I-suspeição; II- Incompetência de juízo; III-litispendência; IV-ilegitimidade de parte; V-coisa julgada. Art.111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.) c) requerer as diligências que entender necessárias; e) juntar documentos e especificar provas que pretende produzir ; f) arrolar testemunhas. O prazo para apresentação é de 10 dias. Diferença entre defesa prévia e defesa preliminar: a. defesa prévia=resposta à acusação: é peça defensiva apresentada logo após o recebimento da denúncia ou queixa; b. defesa preliminar: é matéria de defesa que deve ser arguida na resposta à acusação e será analisada antes de o juiz adentrar no mérito da questão. Se reconhecida a matéria arguida em defesa preliminar o juiz fica impossibilitado de apreciar o mérito. Estrutura da Peça: Na resposta à acusação, além do endereçamento dirigido ao juízo competente, deve ocorrer a divisão de seu conteúdo em: fatos, direito e pedido. Os fatos devem ser reproduzidos tomando cuidado para não retirar dados que sejam impertinentes. Jamais acrescente dados ao enunciado proposto. 96 No campo do direito o desenvolvimento deverá seguir a ordem: preliminares, mérito e assuntos subsidiários. Nas preliminares devem ser arguidas, por exemplo, as nulidades e as causas extintivas da punibilidade. Caso essas teses sejam procedentes, não será examinado o mérito. O mérito só será examinado caso as preliminares não tenham sido acolhidas. O objetivo principal é alcançar a absolvição sumária, nas hipóteses previstas no artigo 397 do Código de Processo Penal. São elas: i) existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; ii) existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; iii) que o fato narrado evidentemente não constitui crime; iv) extinta a punibilidade do agente. Por fim, os pedidos subsidiários, consistem em considerações a partir do mérito. Quando não atinge a absolvição pela análise do mérito, só resta, tentar amenizar a situação do acusado, como por exemplo procurar desclassificar o crime, retirar as qualificadoras. É recomendável que esses três pontos da defesa (preliminar, mérito e subsidiário) fiquem visualmente individualizados, de nenhum modo o argumento de um grupo poderá estar em outro. IMPORTANTE!! Nessa fase, de nenhum modo deve ser empregado o artigo 386 do CPP. 97 MODELO DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __Vara Criminal da Comarca da ___________ do Estado de ______ Autos nº _____/___ “A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado (mandato incluso, doc. 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigos 396 e 396-A ambos do Código de Processo Penal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, expondo e requerendo o seguinte: DOS FATOS O Acusado foi denunciado e está sendo processado pela prática de furto simples de três bermudas no valor de R$5,00 cada. Ofertada a denúncia, foi devidamente citado. DO DIREITO Preliminarmente, a denúncia deve ser reconhecida como inepta. Com efeito, a denúncia não permite o amplo exercício do direito de defesa. Valer dizer: não há nos autos descrição adequada da imputação feita ao réu. Vejamos. A denúncia não descreve quando foi praticado o delito. Da mesma forma, não descreve de que forma fora praticado o delito e, também, não imputa qualquer descrição efetiva da conduta do réu. Ora, nesta situação, há que se falar em possibilidade de exercício do direito de defesa. Trata-se, enfim, de típico caso de denúncia inepta, de forma que deve sero processo anulado ab initio, nos termos do artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal. No mérito, caso seja superada a fase preliminar, deve ser reconhecida a absolvição sumária. Com efeito, trata-se de hipótese em que o fato é manifestamente atípico. Não há que se falar em lesividade a bem jurídico no presente caso. Trata-se de flagrante caso de atipicidade da conduta ante a aplicação do princípio da insignificância, de forma que deve o réu ser absolvido nos termos do artigo 397, inciso III, do Código de Processo Penal. DO PEDIDO Diante do exposto, requer seja anulado ab initio o processo, nos termos do artigo 564, IV, do Código de Processo Penal ou, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que seja decretada a absolvição sumária, com fulcro no artigo 397, inciso III, ainda, senão acolhido o pedido de absolvição sumária, requer sejam intimadas as testemunhas ao final arroladas para que sejam ouvidas em audiência de instrução e julgamento, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. Local .... data ... ______________________ ADVOGADO... OAB/... nº ... Rol de testemunhas: (colocar o número de testemunhas máxima que permitir o rito do crime) 1 98 2 3 4 5 6 7 8 99 Questão: Tício vê-se denunciado porque teria, juntamente como outros tantos rapazes, danificado um telefone público que existe na rua em que vivem. A denúncia, embora alcance outro rapaz e faça menção a vários outros que estavam no local participando da mesma conduta, é lacônica, pois foi baseada em fatos indefinidos, tais como: “ele fizeram” ou “eles agiram dolosamente contra o bem público”. A denúncia reporta-se ao artigo 163, parágrafo único, I, CP, e Tício foi citado de seu inteiro teor. Os demais rapazes foram excluídos da peça vestibular sem qualquer razão justificada. Elabore medida cabível em favor de Tício. 1 Qual o rito processual? 2 Qual a fase processual? 3 Qual peça a ser feita? 4 Qual o prazo? 5 Quem é o juízo competente? 6 Qual o fundamento jurídico? 7 Qual a tese da defesa? 8 Qual a jurisprudência? 9 Qual o pedido? OAB - CESPE-NACIONAL-2008.3 com ADAPTAÇÕES Questão: Alessandro, de 22 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 217-A, parágrafo 1º, do Código Penal, por crime praticado contra Geisa, de 20 anos de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos: "No mês de agosto do ano que passou, em dia não determinado, Alessandro dirigiu-se à residência de Geisa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com Geisa, o denunciado constrangeu-a a manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de corpo de delito. Certo é que, o denunciando aproveitou-se do fato de Geisa não poder oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos, visto que é estava acamada por ter quebrado o pé em acidente doméstico." Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado. O juiz da 2.ª Vara Criminal do Estado XX recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se defender no prazo legal, tendo sido a citação efetivada no dia de ontem. Alessandro procurou, no mesmo dia, a ajuda de um profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com a finalidade específica de ver-se defendido na ação penal em apreço. Disse, então, a seu advogado, que já a namorava havia algum tempo, que sua avó materna, Romilda, e sua mãe, Geralda, que moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. Disse, ainda, que nem a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo. 1 Qual o rito processual? 2 Qual a fase processual? 3 Qual peça a ser feita? 4 Qual o prazo? 5 Quem é o juízo competente? 6 Qual o fundamento jurídico? 7 Qual a tese da defesa? 8 Qual a jurisprudência? 100 9 Qual o pedido?
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