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TCC RECREAÇÃO VITOR NOVO oficial

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FACULDADE LUSO CAPIXABA
VITOR FRANÇA DAMIÃO
ENSINO DA LUTA DE FORMA LÚDICA E RECREATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES
CARIACICA
2016
VITOR FRANÇA DAMIÃO
	
ENSINO DA LUTA DE FORMA LÚDICA E RECREATIVA NO AMBIENTE ESCOLAR: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a faculdade luso capixaba, como requisito obrigatório para obtenção do título de pós-graduação em Educação física escolar e recreação
CARIACICA
2016
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade abordar um tema muito pesquisado mais pouco discutido no ambiente educacional, as lutas no contexto escolar. Apesar de amplamente pesquisado muitas pessoas não possuem o conhecimento necessário sobre o assunto. O estudo apresenta aspectos para discussão acerca do ensino das lutas no âmbito escolar. O objetivo do trabalho foi investigar o desenvolvimento do conteúdo lutas nas aulas de Educação Física em duas escolas da rede pública e uma escola particular na grande Vitória-ES. Por meio de entrevistas semiestruturadas com três professores, foi possível levantar dados importantes para alcançar os objetivos estabelecidos. A partir do tensionamento entre o material coletado e o referencial disponível, identificamos limitações no ensino do tema, influenciado pelo pouco conhecimento e, no mesmo movimento de compreensão das variáveis intervenientes, é possível constatar saídas para essas dificuldades mediante empenho e capacitação individual. Conclui-se que as discussões acadêmicas acerca do ensino das lutas na escola não têm grande representatividade no contexto analisado, é necessária maior aproximação do saber acadêmico com o cotidiano escolar.
Palavras-chave: Educação física escolar. Lutas. Formação profissional
ABSTRACT
The present work aims to address a much researched topic that is not discussed in the educational environment, the struggles in the school context. Although widely researched many people do not possess the necessary knowledge on the subject. The study presents aspects for discussion about the teaching of struggles in school. The objective of the study was to investigate the development of content fights in physical education classes in two public schools and a private school in the great Vitória-ES. Through semi-structured interviews with three teachers, it was possible to collect important data to achieve the established objectives. From the tension between the collected material and the available referential, we identified limitations in the teaching of the theme, influenced by the lack of knowledge and, in the same movement of understanding the intervening variables, it is possible to verify the outputs to these difficulties through individual commitment and capacity building. It is concluded that the academic discussions about the teaching of the struggles in the school do not have great representativity in the analyzed context, it is necessary a greater approximation of the academic knowledge with the daily school.
Keywords: School physical education. Fights Professional qualification
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	15
2 REVISÃO DE LITERATURA	19
2.1 O SURGIMENTO DAS ARTES MARCIAIS	20
2.2 ARTES MARCIAIS ORIENTAIS	21
2.2.1 KUNG FU	21
2.2.2 KARATE	22
2.2.3 KARATE KIOKUSHIN	23
2.2.4 JUDÔ	24
2.2.5 TAE KWON DO 	25
2.2.6 AKIDO 	26
2.2.7 JIU JITSU JAPONÊS	27
2.3 ARTES MARCIAIS OCIDENTAIS	28
2.3.1 KICKBOXING	28
2.3.2 BRAZILIAN JIU JTSU	29
2.3.3 CAPOEIRA	31
2.4 ARTES MARCIAIS E O FENOMENO DA ESPORTIVIZAÇÃO	32
2.5 O ENSINO DAS LUTAS NA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR: POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS...................................................................................................36
2.5.1 JOGOS DE COMBATE E A VIOLÊNCIA.........................................................37
2.5.2 JOGOS DE COMBATE COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL......................................................................................................................38
3 METODOLOGIA.....................................................................................................43
3.1 PESQUISA QUALITATIVA..................................................................................43
3.2 ESTRUTURA DA METODOLOGIA.....................................................................43
3.3 PESQUISA DE CAMPO: ESCOLA PUBLICA, ESCOLA PARTICULA E AMBIENTE NÃO ESCOLAR.....................................................................................44
3.4 COLETA DE DADOS...........................................................................................45
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................47
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................61
6. REFERÊNCIAS......................................................................................................67
7. ANEXO...................................................................................................................71
 
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1. INTRODUÇÃO
Com a maior visibilidade do fenômeno esportivo do MMA (artes marciais mistas ou mixed martials arts) e de alguns atletas de certas modalidades olímpicas como a Sarah Menezes no Judô, houve um crescimento do interesse das pessoas a praticarem algum tipo de artes marciais, desde o judô ao BJJ (Brazilian Jiu – Jitsu). Além do destaque midiático, em relação a publicações de revistas especializada na área, até transmissão das lutas nas mídias sociais, como o UFC e o Pride. Mas na escola, será que esse fenômeno está presente nas aulas de educação física ou não? Caso a resposta seja afirmativa, como essas questões se manifestam? Como poderiam ser problematizadas?
Tendo como primeira Indagação, como é o trabalho do conteúdo lutas na educação física, será que um professor que não tenha experiência em lutas possa ministrar esse conteúdo em suas aulas, entre outros. Como busco a resposta para essas perguntas? A resposta para essa pergunta, buscamos através de entrevistas semi– estruturadas com professores que trabalham na rede pública e privada de ensino, além de professores/instrutores de artes marciais que trabalham em ambientes escolares e/ou não escolares.
Camilo e Rosa (2013, p. 06) definem que "[...] as lutas,juntamente com o esporte, ginástica, jogos, dança e atividades rítmicas e expressivas, compõe os conteúdos da Educação Física escolar, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais [...]".
Nesse mesmo contexto, sobre as definições das lutas, Camilo e Rosa (2013, p. 06) utilizam um trecho do PCN, em que o mesmo define que:
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam - se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as
práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê (BRASIL, 1998, p. 70).
Sendo assim, o objetivo desse trabalho se baseia na compreensão e possibilidades do ensino de lutas na visão de professores de rede pública e privada de ensino, além de professores/instrutores de artes marciais que trabalham com lutas em ambientes escolares e/ou não escolares? Conseguimos detectar que os professores
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entrevistados em sua maioria são favoráveis ao ensino das lutas na educação física escolar. Além disso, mapear a compreensão dos entrevistados acerca das lutas em forma geral, identificar quais são os conteúdos desenvolvidos pelos entrevistados e levantar e analisar os critérios escolhidos pelos pesquisados em relação aos conteúdos.As lutas no contexto atual da educação física brasileira é uma nova proposta de ensino das lutas, em que se encontra nos Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física no bloco de lutas em que se enfatiza na transmissão das lutas utilizando o jogo e as atividades lúdicas, além de mostrar que essa nova proposta possa criar uma nova visão de ensino dos conteúdos da educação física, diminuindo a referenciado paradigma do quarteto 1 presente em muitas escolas e com as perguntas em relação aos materiais e espaços para essa proposta.
Sendo que essa proposta, mesmo reconhecida nos PCNs de 1998, com base em Betti e Liz (2003)citam que essas propostas são pouco desenvolvidas mesmo elas sendo conteúdos da Educação Física Escolar (EFE).
Sobre os benefícios das lutas no ambiente escolar, Ferreira (2006, p. 39-40) cita os benefícios das lutas em relação ao desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo - social, em que:
[...] No aspecto motor, observamos o desenvolvimento da lateralidade, o controle do tônus muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação global, o aprimoramento da ideia de tempo e espaço, bem como a noção do corpo [...]
No aspecto cognitivo, as lutas favorecem a percepção, o raciocínio, a formulação de estratégias e a atenção
No que se refere ao aspecto afetivo e social, pode - se observar [...] aspectos importantes, como a reação a determinadas atitudes, a postura social, a socialização, a perseverança, o respeito e a determinação
Com base em Ferreira (2006, p. 37) em seu artigo sobre as lutas na educação física escolar, ele cita “[...] as lutas não somente como as modalidades tidas como tradicionais (Judô, Karatê e Kung Fu), mas também, a prática da luta informal [...]”, ou seja, a prática da luta de forma inovadora, lúdica e recreativa que possibilita a criança a vivencia do mesmo sem que seja de forma tradicional, mas sim, de forma critico social e lúdica.
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Outra questão que Ferreira (2006, p. 37) cita em seu artigo é a importância das lutas como um conteúdo no profissional de Educação Física, pois “[...] o ato de lutar deve ser incluído dentro do contexto histórico – social – cultural do homem, já que o ser humano luta, desde a sua pré – história, pela sua sobrevivência [...]”.
Os jogos de combate com base em Twemlow (2008) auxiliam no combate ao bulling escolar e no controle do comportamento agressivo e violento. Com base nos pressupostos de Vertoghen e Theeboom (2010), os autores citam que as artes marciais além de auxiliarem a auto – regulação cognitiva e afetiva, incentivam as condutas pró – sociais dentro e fora do ambiente escolar, como destacam Lakes e Hoyt (2004).
Para Ospina (2009), os jogos de combate em seu pressuposto estão presentes no cotidiano dos adolescentes através da mídia pelos desenhos animados, filmes e series, do mercado, com jogos, miniaturas e bonecos dessas representações midiáticas, e das relações sociais.
Durante o trabalho, iremos propor em capítulos, o andamento do mesmo, com a utilização de materiais metodológicos que pautam nas lutas de uma forma em geral. Com base no cronograma proposto para a realização das análises dos entrevistados e como chegaremos aos nossos objetivos.
Para isso, na primeira parte apresentaremos um resumo de diversas manifestações marciais que são muito influentes nos dias atuais e um resumo a respeito do surgimento das artes marciais, no intuito de aprofundarmos em relação as lutas em si. No segundo momento, iremos desenvolver a luta relacionada a temas que são de suma importância para o desenvolvimento das lutas no contexto escolar, com base em vários autores que mostram as possibilidades e dificuldades de se aplicar o mesmo conteúdo, a influência do fenômeno da esportivização nas artes marciais e questões como lutas e a violência. No terceiro capítulo, propomos como será a forma de pesquisa do trabalho, levando em tese os critérios escolhidos para a escolha dos entrevistados, a coleta das falas dos voluntários e a percepção da escolha das nossas áreas de pesquisa, como a escola pública, privada e ambiente não escolar. No quarto capítulo, serão mostrados os resultados obtidos durante a nossa coleta de dados, além de analisarmos as falas dos entrevistados com o referencial teórico, propondo semelhança com as falas de autores vistos na revisão. E por fim, iremos chegar as conclusões obtidas com base nas falas dos
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entrevistados, tendo em questão os assuntos mais relevantes como a visão dos entrevistados a respeito do ensino das lutas no âmbito escolar, as possibilidades do ensino das lutas e os objetivos a serem trabalhados com o conteúdo lutas.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
Em primeira instancia, para a tentativa de uma maior compreensão do meu objeto de pesquisa construído, fora realizado um levantamento inicial dos estudos no campo da educação física que abordassem o tema lutas. Nesse sentido, apresentaremos o resultado dessa pesquisa (Revisão) e em seguida dialogaremos com os dados coletados no campo de estudo.
Como resultado inicial da revisão realizada, foi possível constatar nos estudos que além de mostrar-nos a importância dos jogos de combate como uma nova forma de se trabalhar as lutas na educação física, ainda identificamos trabalhos das lutas como um mediador contra o bulling escolar e no controle do comportamento agressivo. Um exemplo disso foi o trabalho de Twemlow (2008) e Olivier (2000), identificamos a importância do trabalho das lutas como instrumento de transformação social, com os trabalhos de Betti e So (2009) e Nascimento e Almeida (2005), como pesquisadores mais influentes em relação ao tema citado, identificamos além desses temas, o ensino das lutas nas aulas de educação física, com os trabalhos de Ferreira (2006) mostrando algumas possibilidades sobre o ensino das lutas no âmbito escolar, a esportivização das lutas, com os trabalhos de Nunes (2004) e demais autores que mostram a relação entre a esportivização e as artes marciais, e por fim, os trabalhos relacionados sobre a violência e jogos de combate, tendo como base os trabalhos de Rufino e Darido (2010) e Olivier (2000), com um aspecto voltado a escola e as crianças.
Outra estratégia foi verificar os documentos oficiais sobre o ensino da educação física na escola e sua relação com os trabalhos identificados. Assim, a partir do ano de 1996, com o surgimento da LDB 9394/96 e com os PCNs voltados para a educação básica, houve um surgimento de estudos acadêmicos voltados para o trabalho das lutas no contexto escolar, tendo como referência o livro de Cartaxo (2006), os Jogos de Combate, atividades recreativas e psicomotoras. Teoria e prática, o livro de Breda e outros (2010) Pedagogia do esporte aplicada às lutas e o livro em que teve como base a divulgação das possibilidades das lutas no âmbito escolar, o livro de Olivier (2000) Das brigas aos jogos com regras:enfrentando a indisciplina na escola.
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Em seu livro, Cartaxo mostra à importância de se trabalhar as lutas de uma forma lúdica e interativa com varias turmas da educação infantil até o ensino fundamental, com referências em Piaget e Vygotisk sobre a importância da ludicidade nessa faixa etária.
No livro de Breda e outros, Breda tem a mesma visão do trabalho das lutas de uma forma lúdica em relação à Cartaxo, sendo que Breda volta mais o seu trabalho com base no ensino do Karatê de forma lúdica.
Já Olivier em seu livro, sendo um dos primeiros atores que irão trabalhar sobre a possibilidade do ensino das lutas nas aulas de educação física, demonstra o desenvolvimento das lutas voltado a série inicial do ensino fundamental, além de destacar a importância do trabalho psicológico e do trabalho com o tema violência nas aulas de educação física.
Nessa perspectiva, apresentaremos uma breve revisão histórica de algumas modalidades de lutas e em seguida avançaremos para a discussão as lutas no contexto escolar.
SURGIMENTO DAS ARTES MARCIAIS
Sobre o surgimentodas artes marciais, não há uma data especifica e o local onde surgiram essas manifestações, sendo que para Ferreira (2006, p. 37), "[...] as artes marciais surgiram na pré – história, com a necessidade do ser humano de se sobreviver dos predadores da época [...]"
Nesse mesmo contexto, Breda e outros (2010, p. 28) cita que:
[...] precisar o surgimento das lutas não é possível, uma vez que não se trata de uma ação isolada de um homem ou um grupo que a propôs, mas, sim, de uma construção sociocultural que a foi modificando e dando novos significados ao longo do tempo [...].
Ainda nesse contexto de Breda e outros (2010, p. 28-29), o mesmo autor usa um argumento de Espatero (1999), em que:
[...] Aponta que as primeiras formas de lutas surgem como necessidade de defesa pessoal ou de territórios e que, com o tempo, as lutas foram aparecendo em outras manifestações sociais: como exemplo, citamos a utilização das lutas em rituais (em especial entre os indígenas), na preparação de exércitos para guerras (no Oriente e na Grécia Antiga), como um jogo, como um exercício físico (na Europa) e como forma de defesa-dissimilação (a capoeira, no Brasil) [...]
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Outra teoria a respeito das artes marciais, sendo essa a mais aceitável, fora destacada por Natali (1981, p. 143), em que ela cita que "[...] os primeiros registros são datados por volta dos cinco mil anos a.C.Através do Vajramushti, cuja tradução literal do sânscrito significa “punho real ou punho direto”. Sendo de origem indiana
[...]", com base em Breda e outros (2006, p. 29), "[...] essa manifestação marcial fazia parte da educação militar da realeza, em especial dos príncipes, no qual envolviam técnicas de combate, meditação e estudos variados [...]"
ARTES MARCIAIS ORIENTAIS
Nesse capítulo, iremos descrever o que considero como algumas das artes marciais mais importantes do Oriente, desde a influência delas com a cultura dos países orientais até nos dias atuais, além da relação delas com algumas religiões, as artes marciais Orientais a serem descritas são: o Kung Fu, Karatê, Karatê Kiokushin, Judô,Aikido e o Tae Kwon Do.
2.2.1. Kung Fú
Cartaxo (2011, p. 117), cita em seu livro que "[...] O kung fu (Pin Yin: Kung Fu) é uma palavra chinesa em forma coloquial que pode significar “Tempo e Habilidade” ou “Trabalho duro”, adquiridos através de esforço e competência na luta corporal [...]".
Sobre o surgimento do Kung Fu, Ferreira (2006, p. 38) utiliza um argumento de Reid e Croucher (2003) explicam que:
[...]Um monge indiano chamado Bodhidharma chegou certo dia ao templo e mosteiro de Songshan Shaolin, na China, onde passou a ensinar um tipo novo e mais direto de Budismo, que envolvia longos períodos de estáticas [...] para ajudar – los a agüentar longas horas de meditação, ensinou – lhes técnicas de respiração e exercícios para desenvolver a força e a capacidade de defender – se na remota e montanhosa região onde residiam [...]
No mesmo contexto da fala de Reid e Croucher (2003) em relação ao surgimento do Kung Fu, Breda e outros (2006, p. 30) também obtém a mesma teoria, sendo que ela relata de forma mais específica, com base no argumento de Natali (1981), em que:
[...] Bodhidharma, ao se tornar o 28º praticante do budismo, viajou à China a convite do imperador Liang Wu Ti. O imperador era seguidor de uma linhagem ritualístico-salvacionista, que era opositora à Bodhidharma, pregador da meditação e da busca interior. Tendo em vista o não interesse do imperador chinês por sua filosofia, o príncipe viajou ao reinado de Wei,
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se hospedando no Templo de Shaolin, onde ensinou aos monges técnicas de defesa pessoal sem uso de armas; essas técnicas foram agregadas aos hábitos dos monges de meditação e estudos, em especial nos estudos sobre filosofia e religião [...]
Breda e outros (2010, p. 30), sobre vinda de Bodhidharma a China, no ensinamento dessas técnicas, relata que:
[...] os monges do Templo de Shaolin se tornaram exímios combatentes, tornando-se experts nas artes marciais. Os monges transitavam por diversos mosteiros, espalhados por várias e distantes regiões da China e foram disseminando as técnicas aprendidas em suas paradas. Em cada região, novas técnicas foram surgindo e ganhando novos adeptos que se restringiam a poucos iniciados à práticas budista, e, assim, as técnicas Shaolin forma mantidas em segredo por muitos anos [...]
Em relação ao Kung Fu em geral, Breda e outros (2010, p. 31) relata que:
[...] O Kung Fu, por sua vez, é tido como o estilo que de origem à maioria das artes marciais conhecidas atualmente, já que imigrantes chineses difundiram as técnicas desenvolvidas no Templo de Shaolin, o kung fu, em outros espaços da China e em outros países, como o Japão, onde novas artes foram surgindo e se desenvolvendo, dando origem a diversas artes marciais, como o jiu-jítsu e o karatê, que persistem até os dias de hoje [...]
2.2.2. Karatê
A respeito da origem do Karatê, Lage e Gonçalves Junior (2006, p. 01), relatam que:
[...] O karatê tem suas raízes mais remotas ligadas a artes marciais originárias da Índia, as quais posteriormente chegaram a China, onde se desenvolveram duas lutas "Chuan-Fa" e "Nan-Pei-Chun", sendo que estas prosseguiram para a ilha de Okinawa, no Japão, e foram mescladas as lutas nativas, formando duas grandes escolas, "Shuri-Te" e "Naha-Te", as mesmas se desenvolveram e posteriormente deram origem a vários estilos (escolas) de Karatê que conhecemos atualmente [...]
Ao falarmos do caratê, em especial, falamos de Okinawa, uma ilha que fica no arquipélago de Ryu – Kyu, situada estrategicamente entre o Japão e a China e pelos conflitos entre esses dois países.
Os habitantes de Okinawa praticavam mais as artes marciais chinesas do que as japonesas, por causa da maior influência chinesa, em que controlou por mais tempo essa região.
Por que Okinawa, Breda e outros (2006, p. 35) com base em Duncan (1979), explica com a fala do mesmo, em que "[...] nessa ilha nasceu Funakoshi, mais conhecido como “pai do caratê” [...]", Duncan cita que o mesmo Funakoshi fora aluno de diversas modalidades das manifestações marciais na ilha, a partir disso, ele começou a desenvolver o seu próprio estilo de luta e passou a ensinar para os seus alunos na escola regular, em que ele era professor.
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Breda e outros (2006, p. 35) ainda relatando sobre o Karatê, com base em Duncan (1979) no qual cita em sua obra que:
[...] no ano de 1921, o príncipe Hirohito convidou Funakoshi para fazer uma demonstração do caratê em Tóquio, onde se instalou até o fim de sua vida. Em 1924, Funakoshi passou a ministrar as aulas de caratê na Universidade de Keio, onde formou alunos que passaram a difundir o Shotokan para o mundo [...].
Por qual motivo Funakoshi se fortaleceu em Tóquio, Breda e outros (2006, p.36) cita um trecho de Natali (1981, p.22), em que "[...] Funakoshi não era só forte por causa do caratê, mas era perito calígrafo, professor universitário e um grande filósofo daquela época, a partir disso, foi dada muita importância ao caratê por causa da sua cultura [...]".
2.2.3. Karatê Kiokushin
Para Nagata (1999, p. 3), "[...] o caratê de contato é uma luta relativamente nova, porem, com uma filosofia milenar, sendo o primeiro estilo desse tipo de caratê o Kiokushin [...]", criado pelo mestre Masutatsu Oyama no ano de 1957, com base em Nagata (1999, p. 7).
Sobre a origem de Kiokushin, Breda e outros (2006) explicam de forma resumida que Oyama, de origem coreana, vivia no Japão e se alistou para ser camicase na Segunda Guerra Mundial. Mas como não fora recrutada para nenhuma missão, Masutatsu dedicou – se por meses a meditações e treinamentos num exílio nas montanhas do Japão, onde a partir desse relato, o mesmo desenvolveu o full contact karate, o famoso caratê Kiokushin.
Diferente do caratê de Funakoshi, o Kiokushin de Oyama, com base em Breda e outros (2006,p. 37), no seu livroPedagogia do esporte aplicada às lutas, "[...] permitia o contato físico entre os competidores [...]". Breda e outros (2006, p. 37) complementam a sua fala relatando que:
[...] Para difundir o Kiokushin, que era pouco aceito pelos japoneses em razão desse maior contato físico, Masutatsu fazia excursões por todo o Japão para difundir a sua arte, onde o mesmo fazia apresentações, quebrando objetos (tameshiwari) e lutava contra touros, ode chegou a matar três deles com um só golpe [...].
Por causa das apresentações de Oyama, que causaram um grande impacto, Nagata (1999, p. 7-8) cita que o:
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[...] Kiokushin adquiriu adeptos por todo o mundo, e por causa dessa crescente do Kiokushin, fora realizado em 1975, pelo próprio Oyama, o
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primeiro Campeonato Mundial de Caratê Kiokushin, tendo nessa primeira edição, mais de duzentos atletas dessa arte [...].
Desde então, novos estilos de caratê contato foram se formando, sendo a maioria com base no estilo do mestre Oyama.
2.2.4. Judô
Ao falarmos sobre o surgimento do Judô, Cartaxo (2011) cita de forma resumida que falamos especialmente do ano de 1864, em que o comodoro Perry, comandante de uma expedição naval americana, visando uma melhor relação entre os americanos e os japoneses, conseguiu fazer que os japoneses abrissem os seus portos para o mundo através do tratado de “Comércio, Paz e Amizade”, possibilitando essa interação entre eles.
Com base nesse evento, Virgílio (1994, [s. p]), cita que "[...] durante o desembarque do comodoro Perry, havia 159 escolas de Ju – Jutsu, sendo a maioria dessas escolas controladas por famílias de guerreiros, em que o termo Ju – Jutsu era utilizado para denominar vários estilos diferentes de lutas [...]".
Durante esse período, Franchini e Del´Vecchio (2007 ,p. 121) com base em Calleja (1989) relatam que:
[...] com a intenção de obter modernização, o povo japonês passou a desprezar alguns aspectos da tradição, dentre os quais, as artes marciais. Porem, tempo depois, a tendência se inverteu e o Ju – Jutsu passou a ser valorizado pela marinha e pela policia [...].
Com base em Carr (1993, [s. p]) cita que:
[...] por causa da influencia do ocidente no Japão, o que causou um conflito com os costumes japoneses, Jigoro Kano, com base no mesmo autor, pode ter estabelecido o judô, pois o mesmo Kano era interprete de inglês, no qual fora um fator essencial para a divulgação do Judô entre os ocidentais [...].
Outro fator para Cartaxo (2011) em que fez o Ju – Jutsu entrar em outra fase de decadência foram os ensinamentos dos “golpes mortais” dos professores para as crianças praticantes, no que levava a serias lesões que ocorriam com os alunos menos experientes e mais fracos. Dando certa impopularidade a prática dessa manifestação.
Com base nesses fatos, Cartaxo (2011, p. 126) relata de forma resumida que "[...] Kano resolveu modificar o tradicional Ju – Jutsu, unificando os diferentes sistemas, transformando – o em um poderoso veiculo de educação física [...]".
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Cartaxo (2011) relata em suas palavras que Jigoro Kano teve certa resistência por parte de vários cultores profissionais de Ju – Jutsu, pois Kano visava que às artes marciais deveriam primeiramente, servir como uma educação global dos praticantes, no qual os cultores de Ju – Jutsu não aceitaram essa concepção, pois para os cultores, o verdadeiro espírito do Ju – Jutsu era o Shin – Ken – shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte).
Por causa de suas ideias, Cartaxo (2011, p. 128) cita que:
[...] Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época, em que ele não mediu esforço para desenvolver um novo Ju – Jutsu, diferente e mais completo, objetivo e racional, denominado Judô. Em que Kano pretendia não mudar o nome por causa da elevação do termo Jutsu para do (caminho ou via), mas propor que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica [...].
Cartaxo (2011, p. 128) cita que "[...] Em fevereiro de 1882, Kano inaugura a sua primeira escola de Judô, chamada Kodokan (Instituto do Caminho da Fraternidade), já que “Ko” significa Fraternidade, “Dô” significa caminho e “Kan”, instituto [...]".
2.2.5. Tae Kwon Do
Cartaxo (2011) relata que o Tae Kwon Do é uma manifestação marcial muito tradicional originário na Coréia há cerca de dois mil anos, sendo hoje um esporte de reputação internacional reconhecido nos jogos olímpicos, sendo apresentado nas Olimpíadas de Seul, no ano de 1988 e praticado no mundo inteiro.
Sobre a palavra coreana Tae Kwon Do, Chu (2012, p. 5) cita que:
[...] a mesma pode ser traduzida como “um caminho através das mãos ou punhos e dos pés”. Na língua original “Tae” significa pés ou pernas, “Kwon” mãos, punhos ou lutas e “Do” significa o caminho certo, ou disciplina. Dessa forma, a filosofia dessa arte pode ser traduzida como “the right way of using all parts of the body to stop fights and help to build a better and more peaceful world”.(WTF, 2012) [...].
Chu (2012, p. 5) relata que:
[...] O Tae Kwon Do faz parte da Coréia há mais de 5000 anos, sendo que essa manifestação se iniciou como uma arte marcial de defesa pessoal, chamada de “Subak” ou “Taekkyon” sendo desenvolvida como uma forma de treinamento do corpo e da mente no antigo reinado de Koguryo, sob o nome de “Sunbae” [...].
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Chu (2012) relata que durante esse período até os dias atuais, o Tae Kwon Do sofreu variações das artes marciais do Japão e da China, dentro dessa influência e com o surgimento de vários estilos por causa desse intercambio, está o dinamismo
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no uso das habilidades com os pés a sincronia buscada entre os movimentos físicos e a mente e o modo de vida.
Cartaxo (2011, p. 130) relata que "[...] Durante o período de ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, a prática foi proibida, alem dos costumes e tradições dos Coreanos [...]".
Chu (2012, p. 6) relata que:
[...] Após a Segunda Guerra Mundial, os coreanos voltaram a praticar essas manifestações e desde então, especialmente após a Guerra da Coréia, houve a expansão do Tae Kwon Do pelo mundo com as ida dos mestres dessa arte para essas regiões (...). Em 1973, fora criado a WTF “World Tae Kwon Do Federation” e no mesmo ano, fora realizado o primeiro campeonato mundial de Tae Kwon Do [...].
Em relação ao ensino do Tae Kwon Do no Brasil, Cartaxo (2011, p. 130) cita que:
[...] No Brasil, em Julho de 1970, o TKD é trazido pelo Grão Mestre Sang Min Cho, no estado de São Paulo, sendo ele enviado pela ITF, alem dele, a ITF enviou vários mestres junto com mestre Sang, dentre eles, o Grão Mestre Hong SoonKang e Te Bo Lee (...) [...].
2.2.6. Aikido
Com base em Cartaxo (2006 p.124), o autor cita que o "[...] Aikidô fora criado no Japão na década de 1920 pelo mestre Morihei Ueshiba (1883 – 1969), respeitosamente chamado de Ô – sensei ou fundador [...]".
Cartaxo (2011) explica que o Aikidô tem varias influencias das diversas manifestações marciais em que Ueshiba vivenciou ao longo de sua vida, sendo as mais influentes o Daito – ryu, o Aikijujutsu, o Kenjutsu e o Jojutsu (técnica do bastão curto). Sendo os sucessores do Aikidô foram Kishomaru e Moriteu Ueshiba.
Ainda nesse contexto sobre a origem do Aikidô, Bull (1992, p. 53) o cita como "[...] uma combinação de todas as artes marciais japonesas tradicionais, em conjunto com um profundo ensinamento espiritual [...]".
Ainda com base no Bull (1992, p. 53), o mesmo autor elabora uma introdução do Aikidô em seu pressuposto, em que ele o define:
[...] Apesar de as raizes de todas as artes marciais se reportarem às disciplinas de treinamento de guerreiros, nem todas as artes marciais se relacionam com guerras e disputas [...].
[...] Aikidô poderia ser chamado uma arte de defesa pessoal (apesar de este não ser o seu objetivo principal), mas em Aikidô não há lutas [...].
[...] Mas em Aikidô não existe batalha ou disputa [...] o objetivo do Aikidô,como se diz, é harmonia com o universo.
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Cartaxo (2011) em seu pressuposto relata que o Aikidô é considerado uma luta de agarre, pois em sua pratica é comum o uso de torções dos membros superiores e de deslocamentos e quedas vindos do Aikijujutsu e o uso de armas de madeiras e do bastão curto, vindos do Jojutsu, Daito – ryu e Kenjutsu.
Com base em Lindorfer, Gomes e Soares (2013, p. 3), os autores destacam em seu trabalho que:
[...] o Aikidô é uma das poucas artes marciais que não possui competições, para explicar o porquê, os autores relatam que "as competições são feitas para testar a capacidade do praticante perante outros indivíduos, muitas vezes apenas, para engrandecer o ego” [...].
Para explicar esse fato, Lindorfer, Gomes e Soares ainda nessa mesma questão, utilizam uma fala de Gleason (1995, [s. p]), em que ele, com base na visão de Ô - sensei relata que "[...] o objetivo do Aikidô é estimular a vida e a compreensão, e não derrotar os outros. O único inimigo que Ueshiba reconhecia era o inimigo dentro de si mesmo [...]".
Cartaxo (2011) explica que o Aikidô além de trabalhar a parte de combate, também trabalha a parte espiritual, com muita influencia da pratica do Zen e o Yoga, além da busca da harmonia com o espírito e a natureza através da energia mundial chamada
“Ki”.
2.2.7. Jiu - jitsu japonês
Ao falarmos do jiu jitsu brasileiro, vindo de Conde Koma e aperfeiçoado pelos irmãos Gracie, vimos que o mesmo tem semelhanças com o jiu jitsu japonês, elaborado durante o Japão Feudal (MAÇANEIRO, 2012).
Na mesma questão do surgimento do jiu jitsu japonês, Maçaneiro (2012, p. 13), utiliza uma argumento de Calleja (1989), em que o mesmo retrata que:
[...] Alguns historiadores japoneses, atestam que o mais antigo duelos sem armas, ocorreu em 230 a. C., na presença do imperador Suinin. Taimano Kehaya, um lutador arrogante e insolente foi rapidamente noucateado por um terrível cultor do combate sem armas, Nomino Sukune [...]
Com ênfase nessa questão histórica do jujutsu ou jiu jitsu japonês, Maçaneiro (2012, p. 13) cita com base em Mol (1970), em que:
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[...] Técnicas com as características que futuramente seriam associada ao jujutsu já estavam em uso muito antes desse termo ser inventado. Alguns sistemas já em uso no Japão proveram os ingredientes para o que seria
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chamado posteriormente de jujutsu. O nome, por si só, veio ao uso comum somente a partir do século XVII [...]
Em relação a respeito da definição do Jujutsu ou jiu jitsu japonês, Maçaneiro (2012, p. 14) com base em Mol (1970), define que:
[...] o Jujutsu não é a invenção de um único gênio das artes marciais. O Jujutsu é o produto de um longo desenvolvimento que se deu no Japão em um ambiente constantemente mutável, e à contribuição de muitos e extraordinários artistas marciais ao longo do tempo [...]
No mesmo contexto sobre o Jujutsu ou jiu jitsu japonês, Maçaneiro (2012, p. 15) utiliza um argumento de Takao (2012) em seu trabalho, no qual chegam a uma conclusão do Jujutsu, em que:
[...] o Jujutsu é resultado de um longo processo que ocorreu no Japão, através do desenvolvimento de sistemas de combate nos campos de batalha e nos períodos de paz. Tal termo era, assim, usado para se referir genericamente à qualquer escola (Ryu) de luta, no Japão feudal, que desenvolvesse técnicas que não empregassem armas, ou apenas armas curtas e pequenas. Além disso, tais escolas possuíam como linha guia um mesmo princípio ideológico e formador [...]
ARTES MARCIAIS OCIDENTAIS
Nesse capítulo, iremos mostrar algumas das artes marciais criadas no Ocidente, fazendo uma descrição delas, desde as suas respectivas origens até os dias atuais, sendo as artes marciais ocidentais descritas nesse capítulo, o Kickboxing, o Brazilian Jiu Jitsu e a Capoeira.
2.3.1. Kickboxing
A respeito do Kickboxing, há varias manifestações de kickboxing no mundo, sendo os mais populares, citadas por Cartaxo (2011), em seu livro, são o savate e o full contact.
A respeito do Savate, Loudcher (2000) relata que a mesma manifestação de acordo com alguns historiadores surgiu nos meados do século XIX, mas como forma de defesa pessoal, em que um praticante Frances de boxe após ser assaltado, desenvolveu uma manifestação marcial utilizado os chutes com sapatos, os golpes de boxe e alguns materiais que eram utilizados naquela época, como a bengala para a auto defesa, quando seria assaltado pela segunda vez, os bandidos não tiveram chance e em seguida, o Savate cresceu na França.
Cartaxo (2011) faz uma pequena introdução do Savate. em que o savate como esporte surgiu nos meados do século XX, utilizando além do boxe, os movimentos
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de kickboxing e caratê, com o uso dos sapatos na hora da luta, sendo que, o savate não utiliza as joelhadas e cotoveladas, presentes no Muay Thay.
Sobre o full contact, Cartaxo (2011) relata em seu livro que o mesmo fora elaborado em Nova Iorque, nos anos de 1970, no qual tem quase a mesma filosofia do Savate, mas o que diferencia essa manifestação do Savate é a mistura de chutes de varias manifestações marciais, como o Kung fu, Tae Kwon do e Caratê, a não utilização de sapatos e a presença de aparelhos de proteção como capacetes, pois o FullContact, os golpes são muito fortes e para preservar a integridade do praticante, eis a instalação desses equipamentos de segurança.
Sobre a evolução do Full Contact e do Kickboxing, Cartaxo (2011) relata que surgiram varias competições de área e de associações, dentre essas competições, nós temos o K1 e o WGP de Kickboxing, sendo esses eventos realizados mensalmente no Brasil e no mundo afora, sendo a maioria desses eventos ocorridos na Europa, onde o Kickboxing tem muita influencia, além disso, para divulgarem o FullContact e o Kickboxing pelo mundo, surgiram a WKA (World Kickboxing Association) e a FCFF (Full – Contact Fighting Federation).
2.3.2. BrazilianJiu - Jitsu
Para relatar o surgimento do Brazilian Jiu - Jitsu, falamos de Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, citado por Maçaneiro (2012), em que o autor relata, junto com Virgílio (2002), como praticante de Judô Kodokan e faixa preta 4º dan dessa modalidade.
Sobre Maeda, Maçaneiro (2012, p. 24) cita que "[...] a história de Maeda controversa em alguns pontos, principalmente quando se trata de sua experiência marcial [...]", nesse mesmo contexto, o autor relata que a história de Maeda é como um quebra cabeça, pois há várias vertentes.
A respeito do encontro de Maeda com Gastão Gracie, em especial com seu filho mais velho, Carlos Gracie, Maçaneiro (2012, p. 28), com base em Virgílio (2002) e Takao (2012), apresentam dois argumentos sobre o começo da relação de Maeda com a família Gracie, sendo eles:
[...] Gastão Gracie, filho de escocês que migrou para o Brasil, estabeleceu-se no Pará no final do século XX, e sem emprego certo, fundou a companhia American Circus com os Irmãos Queriollo e contratou o grupo de lutadores japoneses comandados por Maeda para realizar um desafio.
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Carlos Gracie teve, então, seus primeiros contatos com o jiu-jitsu no circo de seu pai [...]
[...] Posteriormente, ao chegar em Belém do Pará, a trupe de lutadores realiza demonstrações e desafios. Em uma dessas demonstrações em 1917, se encontrava um jovem de nome Carlos, filho de Gastão Gracie, que logo se interessou pela arte marcial que viria ser conhecida no Brasil com jiu-jitsu [...]
Mas uma pergunta fica no ar, qual a diferença entre o Brazilian Jiu Jitsu e o Judô, mesmo com o Jiu Jitsu tendo como base de sua formação, o Judô, citado por Maçaneiro (2012, p. 40). Cita um argumento de Nunes (2011), em que o mesmo afirma que "[...] a experiência adquirida durante os anos de desafios contra adversários de diversas modalidades de lutas e, muitas vezes, com maior peso e estatura que ele, foi o seu maior legado [...]", sendo essa citação de Nunes (2011) como foco de ensinamento entre Maeda e CarlosGracie, ou, o que mais chamou atenção de Carlos.
Maçaneiro (2012, p. 40), ao argumentar sobre a diferença entre o judô e o jiu jitsu, utiliza como base os argumentos de Martin (2010), Cartaxo (2011) e Vidal (2008), no qual citam que "[...] a grande modificação do jiu jitsu Brasileiro foi dar foco as situações de combate no solo [...]". Dando continuação a respeito dessa diferença, Maçaneiro (2012, p. 40) utiliza um argumento de Gracie (2001), no qual o autor cita que:
[...] uma das maiores contribuições do jiujitsu Gracie seja a posição de guarda, um conceito que permite ao lutador, mesmo estando com as costas no chão em posição de aparente desvantagem, ganhar o combate com uma finalização ou reverter sua posição para uma de maior vantagem [...].
Sobre o desenvolvimento da guarda no jiu jitsu e o aperfeiçoamento das técnicas, Maçaneiro (2012, p. 41) cita um argumento de Awi (2011), em que "[...] atribui o desenvolvimento da guarda no jiu jitsu a Hélio Gracie, irmão de Carlos [...]", nesse mesmo contexto, para Awi (2011):
[...] Hélio aperfeiçoou as técnicas de defesa ao ponto em que permitisse ao lutador que estivesse por baixo, na posição de guarda, neutralizar as vantagens que o lutador que estava por cima tinha, esperando que houvesse um erro do oponente para ganhar a luta [...].
Nesse mesmo contexto, com base em Awi, Valente apud Awi (2011, p. 29) explica que:
[...] Todos os golpes que existem hoje - chave de braço, estrangulamento, mata-leão, raspagem, triangulo e guilhotina - você encontra nos livros japoneses antigos. A única coisa que não consegui encontrar foi essa capacidade de defesa em que o mais fraco consegue ficar em baixo do mais forte sem ser espancado [...]
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Na fala de Vicente apud Awi citada no parágrafo acima, Maçaneiro (2012 p. 41) utiliza um argumento de Ribeiro (2008), em que o mesmo complementa a fala de Vicente, ao relatar que:
[...] Essa defesa corresponde às posições de sobrevivência, que são as que nos trazem na maneira mais próxima ao fundador do Jiu - Jitsu, Hélio Gracie [...]
[...] Ao enfrentar adversários mais fortes e pesados, Hélio percebeu que a energia necessária para impedir os avanços do oponente, era menor do que aquela usada para tentar escapar de situação [...]
Sobre esse rápido desenvolvimento do Brazilian Jiu - Jitsu, Maçaneiro (2012), utiliza uma citação de Cairus apud Takao (2010, p. 58), em que explica:
[...] Um dos fatores que motivaram as mudanças do Jiu - Jitsu foi justamente a falta de um formato rígido e de uma escola reguladora como o Kodokan. O fato de ter nascido de um encontro fortuito entre Carlos Gracie e Maeda foi determinante para o jiu - jitsu brasileiro evoluir livre de dogma [...]
Com base na citação acima, Maçaneiro (2012, p. 42), relata em sua monografia que "[...] o Jiu - Jitsu Brasileiro se formou ao longo dos últimos anos sem que houvesse uma regulação rígida como havia no Judô pelo Kodokan [...]".
2.3.3. Capoeira
Ao falarmos sobre a capoeira, temos que primeiro falar a respeito de um dos maiores crimes ocorridos contra os Direitos Humanos, em que Cartaxo (2011, p. 157) cita que "[...] no inicio do século XVI, mais de dois milhões de negros foram trazidos à força pelos colonos portugueses para trabalharem nas lavouras de cana – de – açúcar[...]".
Cartaxo (2011), em relação a capoeira, cita que durante a escravidão, os escravos desenvolveram a capoeira como uma forma de defesa pessoal, em que eles praticavam durante a madrugada nas senzalas, em que para evitar os abusos dos donos de engenhos e dos capitães do mato, eles a utilizavam na calada da noite, quando tinham a oportunidade de fugirem da senzala, para não serem pegos praticando durante a madrugada, eles adaptaram cantos e ritmos de tambores para confundirem os donos de engenho.
Ainda nesse conceito:
Após o fim da escravidão com a Lei Áurea, de 13 de Maio de 1888, a capoeira ainda continuava como uma manifestação ilegal, por causa de vários fatores, especialmente por causa da influencia das religiões africanas e dos instrumentos utilizados durante uma roda de capoeira, sendo que a
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capoeira fora reconhecido como esporte nacional em 1941, durante a Ditadura Vargas. (CORREIO;BORTOLETO; PAOLIELLO, 2012, p. 364)
Após uma breve introdução a respeito do surgimento da capoeira, como é constituída a capoeira, Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18) citam que:
[...] A capoeira constitui - se numa atividade em que o jogo, a luta e a dança se interpenetram, numa intrincada relação recíproca. Ela é, ao mesmo tempo, luta, dança e jogo, embora seu praticante seja definido como um jogador e não como um lutador ou dançarino [...]
A respeito da definição do praticante da capoeira como jogador, Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18) complementam a sua fala, relatando que "[...] esta é uma constatação que diferencia a capoeira das outras modalidades de luta, pois que o componente jogo redimensiona o conceito dessa manifestação cultural [...]".
Em relação do jogo na capoeira, para Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18), os mesmos autores citam que "[...] o jogo na capoeira requer uma constante negociação gestual, em que cada jogador é desafiado pela imprevisibilidade dos golpes mediados pela ginga [...]".
A respeito da dança na capoeira, Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18) relatam que:
[...] a dança na capoeira, imbricada no jogo, se expressa no gingado em que o corpo todo se embala ao som de berimbaus, pandeiros, atabaque, reco - reco, agogô, cantos e palmas, descrevendo círculos no espaço da roda e fazendo que o sujeito lute dançando e dance lutando [...].
Sobre a luta na capoeira, Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18) citam que:
[...] o componente luta, na capoeira, remonta as origens desta manifestação e se expressa através de golpes desequilibrantes, traumáticos, acrobáticos etc, numa alternância constantes de ataques, defesas, ataques que se convertem em defesase defesas que se convertem em ataques [...].
Nessa mesma questão sobre o componente luta na capoeira, Falcão, Silva e Acordi (2005, p. 18-19) explicam que:
[...] observar que o jogo e a dança contribuem para uma dissimulação do componente luta, à medida que, via de regra, não se efetiva um confronto direto, mas uma constante simulação de ações e reações, mediadas pela ginga, fazendo com que o jogo, a dança e a luta se interpenetrem [...].
Após esse reconhecimento, a capoeira ainda não era reconhecida como um patrimônio cultural do Brasil e como um conteúdo curricular até que, em 15 de julho de 2008, a capoeira fora reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como conteúdo curricular, o mesmo fora reconhecido pelos PCNs(2001).
ARTES MARCIAIS E O FENOMENO DA ESPORTIVIZAÇÃO
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Para explicar sobre as artes marciais e o fenômeno da esportivização, primeiro venho em parte para explicar o que é esse fenômeno da esportivização e as artes marciais, além da sua influencia em algumas artes marciais, em segunda questão, explicar o efeito das artes marciais que sofreram essa influencia no contexto escolar.
Para explicar os tópicos citados no parágrafo acima, venho demonstrar qual é o conceito utilizado para definir as artes marciais, sendo que Rufino e Darido (2011) para explicar esse conceito, eles utilizam os pressupostos de Correia e Franchini (2010, p. 2) em que esses autores destacam que:
[...] as artes marciais são configuradas a partir do contexto das praticas corporais com ênfase na “noção da guerra”, sendo essas práticas derivadas das técnicas de guerra e a sua dimensão ética e estética é identificada pela nomenclatura de “arte”, sendo essa demanda identificada como expressiva, inventiva, imaginaria, lúdica e criativa [...].
Ainda no contexto para a definição do termo “artes marciais”, há varias definições desse termo proposto por vários autores dessa área, sendo que Rufinoe Darido em seu trabalho utilizam três autores que possuem diversos pressupostos em relação ao tema, dentre eles Lee, Turelli e Lorenzo, Silva e Teixeira.
Lorenzo, Silva e Teixeira (2010,[s. p]) salientam que:
[...] há uma diferença entre as lutas e artes marciais, sendo que eles definem s lutas como uma parte daquilo que representam as artes marciais e que estas são entendidas como algo mais amplo que envolve, entre outras coisas (como meditação, caligrafia, etc.), o lutar [...].
Já Turelli (2008, [s. p]), define que:
[...] as artes marciais como um conjunto de ações que compreende técnicas de lutas que requerem incansável treinamento para sua incorporação e, ao mesmo tempo, são também o caminho do guerreio, composto por atitudes especificas, dentre as quais a mais elevada consiste em vencer a si mesmo [...].
Já Lee (2005, p. 13-14), define que "[...] as artes marciais baseiam – se no entendimento, no trabalho árduo e na total compreensão das técnicas, fazendo a ressalva que a total compreensão de todas as técnicas das artes marciais é algo muito difícil de ser alcançado [...]".
A respeito do fenômeno da esportivização nas artes marciais, Rufino e Darido para explicar sobre esse fenômeno, eles utilizam outro trecho dos autores citados acima, em que Correia e Franchini (2010, p. 2) definem que "[...] as artes marciais que sofrem esse processo são denominadas de “modalidades esportivas de combate”[...]", no qual os mesmos autores a definem como uma configuração das
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práticas de lutas, das artes marciais e dos sistemas de combate que sofrem uma sistematização por causa das manifestações culturais modernas, sendo orientadas por instituições esportivas.
Turelli (2008) com base na esportivização das lutas, relata que as manifestações marciais em si, em especial as artes marciais orientais como o Judô de uma forma específica e filmes de lutas nos anos 60 e 70, tornaram – se parte importante do processo de esportivização das artes marciais, sendo que ela compreende a terminologia das lutas da mesma forma que Correia e Franchini (2010) compreendem o termo modalidades esportiva de combate.
Agora como podemos ver a influencia do fenômeno da esportivização nas artes marciais, sendo que esse fenômeno na visão de alguns autores, além da minha, transforma algum esporte, modificando algumas de suas regras, em algo esportivo, levando a quebra de suas origens e de suas filosofias.
Nunes (2004, p. 8) em sua dissertação destaca que:
[...] o MMA (Mixed Marcial Arts) tem conquistado destaque na mídia (...) desde revistas mensais especializadas nas lutas que priorizam esse estilo com circulação nacional, como as revistas Tatame, Gracie e Nocaute, como também sites na internet das principais academias locais e nacionais, bem como dos principais lutadores [...].
Nesse mesmo contexto, sobre a massificação das artes marciais, Nunes (2004) cita exemplos em sua dissertação sobre esse boom das artes marciais no Brasil vinculado pelos meios de comunicação.
Nesse mesmo contexto em relação ao Boom das artes marciais, em especial no Brasil, Marta (2010, p. 116) explica que:
Para entender melhor esse fenômeno, é preciso voltar o olhar para um momento anterior, quando o desenvolvimento dessas práticas, no Brasil e no mundo, ganha um novo impulso, capaz de produzir um movimento de intercâmbio cultural entre Oriente e Ocidente: o período Pós-Segunda Guerra, quando o mundo assiste a um redescobrimento do Oriente, de ordem cultural, mais especificamente de sua cultura corporal, embora não se possa dizer que essa foi a primeira vez que esse encontro ocorreu
Por que o período Pós-Segunda Guerra, Marta (2010, p. 116-117) defende que:
Foi após a Segunda Guerra e a partir desse movimento de redescoberta da cultura corporal do Oriente que a disseminação das artes marciais orientais no Ocidente ganhou um novo e vigoroso impulso rumo à sua internacionalização sistemática representada naquele momento, sobretudo, pelas artes marciais de origem japonesa. Mais do que isso, esse é um encontro que se deu no sentido contrário ao ocorrido no primeiro momento, quando o esporte e os métodos ginásticos influenciaram as artes marciais
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orientais em seu local de origem, pois, nesse momento, quem vai ao encontro do Ocidente são as artes marciais orientais.
Nesse mesmo contexto, as artes marciais orientais de acordo com Marta (2010) que sofreram mais influência foram as japonesas, mas com uma visão moderna para se adaptar ao Ocidente, com um objetivo que não seria somente para fins militares, mas de qual finalidade seria. Para explicar esses conceitos, Marta (2010, p. 119) defende três ideais, que são fundamentais pelo Boom das artes marciais orientais, no qual:
Os dois primeiros são mais antigos, ou seja, já estavam presentes mesmo antes da Segunda Guerra, mas, nesse momento, recebem um novo impulso, quais sejam: o ideal de saúde e o ideal esportivo. Porém, o terceiro e mais interessante é totalmente novo - ou pelo menos o seu enfoque. É como uma resposta pretensamente efetiva a uma suposta nova necessidade (ou ilusão) que começava a fazer sentido no cotidiano das grandes cidades do Ocidente: o discurso em torno dessas práticas como forme de defesa pessoal.
Por quê o discurso da defesa pessoal, Marta (2010, p. 119-120) defende que:
Esse é um discurso que coloca essas práticas como uma forma de o cidadão comum se defender do aumento da violência urbana ante a inoperância do aparato público de segurança ou da desconfiança em relação à capacidade desse aparato em conter essa crescente demanda. E assim esse discurso rapidamente passou a ser utilizado como uma forma de propaganda para essas práticas.
Sobre o fenômeno da esportivização, Rodrigues e Gonçalves Junior (2009, p. 988) definem esse fenômeno, com base no argumento de Leite e outros (2006), como uma:
[...] supervalorização da competição e do elemento espetacular – visual costumeiro no âmbito do esporte de rendimento, vinculado ao interesse da exibição de performance pra outrem ou de busca estética compulsiva ao aspecto físico massificado e padronizado pelos meios de comunicação, em detrimento da realização de praticas corporais autônomas e significativas, desenvolvidas pelo prazer desencadeado por elas mesmas, com satisfação pessoal intrínseca [...].
Em relação ao efeito do fenômeno da esportivização nas artes marciais voltada no contexto escolar, Lage, Prado e Bello (2009, p. 110) utilizam um argumento de Bracht (1992), no qual destaca que:
O esporte possui códigos tais como o rendimento atlético – desportivo, a competição, comparação de rendimentos e recordes, regulamentação rígida, sucesso esportivo e sinônimo de vitoria, racionalização de meios e técnicas, os quais podem ser utilizados e condicionados pela Educação Física Escolar, colocando o professor na condição de professor – treinador e o aluno na de aluno – atleta.
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Com base na fala do autor, voltado para as artes marciais no contexto escolar, Bracht (1992) destaca que a esportivização, que no caso seria a transformação de
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uma modalidade esportiva em um esporte, sendo ele olímpico ou não, levaria a reprodução do modelo tecnicista de ensino, no qual a metodologia do ensino nesse caso estaria pautada somente no auto – rendimento ou no modelo tradicional do aluno e não voltado para o bem estar dele, criando uma dualidade entre corpo e mente.
O ENSINO DAS LUTAS NA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR:
POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS
Para explicar sobre o ensino das lutas na educação física escolar, tenho que levar em conta, que ainda sofremos um forte influencia do conceito da educação física escolar dos anos 1970, no qual era pautada em uma educação física para o rendimento, por causa da influência dos militares na época.
Mesmo com o surgimento de varias proposta pedagógicas no inicio dos anos 1980, percebemos que, mesmo com mais de três décadas após o surgimentodessas propostas e com os avanços da nossa área em relação a educação física escolar, ainda é possível vivenciar um modelo de educação física pautada na concepção tradicional e na concepção tecnicista, sendo que, para explicar essa questão, So e Betti (2009), em seu artigo, destacam que ainda não total clareza por parte dos professores em relação a vantagem pedagógico a respeito dos conteúdos da cultura do movimento em um lado, em outro lado, os atores relatam que não há consenso entre professores/equipes pedagógicas a respeito dos conteúdos a serem trabalhados no contexto escolar.
Ainda nesse contexto, o conteúdo lutas ainda não está presente de maneira efetiva no contexto escolar. Segundo os estudos analisados, quase não é trabalhada no nesse ambiente. Para explicar o porquê das lutas ainda não serem trabalhadas no ambiente escolar, Nascimento e Almeida (2005) descrevem dois fatores importantes para essa compreensão:
Nesse sentido, apontam que:
[...] A falta de vivencia pessoal em lutas por parte dos professores, tanto no cotidiano de vida, como no âmbito acadêmico e a preocupação com o fator violência, que julgam ser intrínseco às práticas de luta, o que incompatibiliza a possibilidade de abordagem deste conteúdo na escola [...].
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São elementos apresentados por esses autores como incentivadores na não abordagem das lutas nas escolas.
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Com base nos fatores descritos por Nascimento e Almeida (2005), pude perceber que o termo “violência”, ainda está muito presente em relação às lutas no contexto escolar, sendo que, vários autores demonstram esse preconceito que as lutas sofrem por parte dos professores e dos alunos.
Levando em conta os fatores pesquisados pelos autores, pude perceber que as lutas é um tema bastante difícil de trabalha no âmbito escolar, por conta desses fatores, levo em questão de como trabalhar o ensino das lutas no contexto escolar mesmo com essa perseguição que as lutas sofrem por causa da violência e por conta da falta de vivência dos professores em relação ao tema.
Ferreira (2006, p. 40) cita com base em Ghiraldelli (1997), que "[...] quando falamos nas lutas, algumas pessoas pensam que estamos referindo o conteúdo a uma educação física militarista, no qual possui um objetivo de obter uma juventude capaz de suportar o combate, a luta e a guerra [...]".
Ao trabalharmos a luta na educação física escolar, Ferreira (2006, p. 41) visa em seu trabalho que "[...] nas aulas de educação física, os conteúdos ministrados devem procurar atender ao desenvolvimento do aluno no que se refere aos aspectos históricos – sociais das lutas [...]".
Ainda nesse contexto, Ferreira (2006, p. 40) afirma que
[...] as lutas devem fazer parte dos conteúdos a serem ministrados nas aulas de educação física, seja na educação infantil, ensino fundamental e médio, sendo que o autor ressalta que as lutas não sejam somente técnicas e sistematizada, ele apóia um trabalho das lutas de uma forma mais lúdica, visando os jogos de combate [...].
Ferreira (2006, p. 40) ainda destaca que "[...] a função do ensino das lutas na educação física escolar não é para promover alunos – soldados, mas sim, oferecer – las na escola, com o objetivo de proporcionar a diversidade cultural e amplitude de atividades corporais [...]".
2.5.1. Jogos de Combate e a Violência
A respeito da violência nos jogos de combate, vamos a primeira parte falar sobre a violência em geral, no qual o Brasil é um dos países com alto índice de desigualdade social e de violência contra jovens e mulheres (UNICEF, 2003), sendo que a maioria dos crimes citados pela UNICEF ocorrem em regiões de alto índice de riscos sociais.
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Em outra parte, vimos que a nossa sociedade com um passado de colonização portuguesa e de escravidão, herdamos uma cultura racista e preconceituosa em relação a determinados temas, dentre eles, relacionados às artes marciais, no qual, algumas delas como o jiujutsu sofrem bastante perseguição por parte dos meios de comunicação e também por parte de alguns pseudos praticantes que desonram a arte suave, que são denominados pela mídia de “pit boys”, citados por Rufino e Darido (2010).
Também com base nesse contexto de violência e artes marciais, vimos também que as artes marciais também trabalham com esse contexto, mas de uma forma que cria um dialogo para diminuir a violência e acabar com esse paradigma relacionando as artes marciais com a violência.
Com base em Rufino e Darido (2010, p. 182), os mesmos autores citam que "[...] a violência vinculada a algumas artes marciais pode ser um motivo de desinteresse para algumas pessoas, mas, para outras, essa violência pode ser uma forma de interesse e motivação [...]".
No mesmo contexto, com base em Rufino e Darido (2010, p. 182) em relação à violência e artes marciais, em especial o jiujutsu, eles utilizam uma referencia de Tavares Junior, et al (2003), em que esse autor mostra que "[...] mesmo com as informações que vinculam o jiu – jitsu brasileiro com a violência os praticantes sentiram - se atraídos pela atividade [...]".
Visando a violência no contexto escolar, Olivier (2000, p. 11) cita que "[...] desde o primeiro ano de escolarização as brigas e as discussões surgem muito cedo entre as crianças, tanto no pátio da escola como dentro da sala de aula[...]". No mesmo contexto, Olivier (2000, p. 11) para completar a sua citação, relata que "[...] certas manifestações espontâneas da vontade de se apropriar de um objeto ou de um território, de impor seu projeto, são, com frequência, a única maneira em que a criança encontra para regular os seus conflitos [...]".
2.5.2. Jogos de Combate como Instrumento de Transformação Social
Sobre os jogos de combate como instrumento de transformação social dentro do contexto escolar, temos que levar em conta que esse conteúdo ainda encontra muita resistência por parte dos alunos e em partes pelos educadores e equipe pedagógica,
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no qual eles possuem um pressuposto muito negativo relacionando as artes marciais com a violência escolar. (NASCIMENTO; ALMEIDA, 2005; 2007)
Com base nisso, para melhor explicar a importância das lutas no contexto escolar, tenho como base a importância da educação física na pratica escolar, com base nos PCNs (BRASIL, 1997), em que os parâmetros tratam que a educação física no contexto escolar deve ter como metas a socialização, a eliminação da discriminação, a construção pelo respeito ao próximo, tendo como base o conhecimento da cultura do Brasil e do Mundo de forma que possibilite o estreitamento de relações entre pessoas e grupos diferentes.
Com base ainda nos PCNs (1997) da educação física, Antunes (2009) destaca em seu trabalho que esses objetivos, visando o desenvolvimento integral do individuo, devem ser trabalhados dentro do universo escolar utilizando – se das atividades corporais como veículos para alcançá – los. O autor também destaca que as lutas são uma possibilidade real e que estão previstas nesse documento.
Outro assunto a se destacar é a presença das lutas do contexto escolar, com base nesse tema, Betti e So (2009, p. 544) com base em Nascimento e Almeida (2007) destacam que "[...] a presença das lutas no contexto escolar é muito pequena e, quando existe, é ministrada por terceiros e desvinculada da disciplina de Educação Física, em atividades extracurriculares ou por meio de grupo de treinamentos [...]".
Betti e So (2009, p. 544) com base na fala de Nascimento e Almeida (2007), Aquino (1996), Marriel e outros (2006) e Sposito (2001) citam duas justificativas que impedem a prática das lutas no contexto escolar:
[...] Sendo a primeira a falta de vivencia dos docentes sobre o tema, tanto na formação acadêmica quanto em suas historias de vida e a segunda justificativa levada em conta a respeito da relação das lutas com a violência, no qual a sua prática estimularia a violência entre os alunos [...].
Betti e So (2009 p. 544-545), relacionando com a falade Aquino (1996), Marriel e outros (2006) e Sposito (2001) destacam que existem outras justificativas sobre a omissão do conteúdo lutas no contexto escolar, "[...] como a falta de estudos sobre o tema, formação docente indesejável, a falta de materiais, etc. [...]". Porém, os autores revelam que "[...] a agressividade, indisciplina e a violência são apontadas por pesquisadores e educadores como grandes problemas da escola atual [...]".
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Betti e So (2009) destacam com base em Nascimento e Almeida (2005) no qual os autores citam de forma resumida que alguns educadores e pais dos alunos ainda questionam a respeito de trabalhar as lutas no contexto escolar, por conta desses argumentarem que o mundo é tão violento. A esse respeito, Betti e So (2009, p. 545) complementam a sua fala com um argumento de Olivier (2000), em que propõe uma metodologia de transição das “lutas” aos “jogos de lutas com regras”, em que Olivier argumenta que "[...] a violência é um modo de expressão e de comunicação dos alunos em reações a certas instâncias sociais [...]".
Betti e So (2009, p. 545) utilizam um argumento de Nascimento e Almeida (2007) em relação a esse não ensino das lutas, em que se contrapõe a essas alegações dos professores, argumentando que:
[...] não é necessário saber lutar para ensinar lutas na escola, em que eles utilizam que as lutas não devem ser utilizadas para a formação de atletas/lutadores, mas sim, na transmissão de valores, conceitos e atitudes presentes na filosofia das artes marciais [...].
Esses estudos a respeito das possibilidades metodológicas do ensino das lutas na educação física escolar leva em questão vários fatores que possibilitam a vivência do mesmo conteúdo nas aulas de educação física, como visto por Ferreira (2006) em seu estudo, no qual o autor, como visto, defende o ensino das lutas em todas as etapas da educação básica (educação infantil ao ensino médio), além do ensino das lutas numa forma mais lúdica, promovendo a diversidade cultural e a amplitude dessas atividades corporais, diferente do ensino das lutas de forma mais técnica, em que o autor critica essa forma de ensino de lutas mais tecnicista.
Nessa mesma questão, além de Ferreira (2006), há outros autores como Olivier (2000) e Antunes (2009) que trabalham com as possibilidades de ensino das lutas nas aulas de educação física, sendo que Antunes (2009) de uma forma geral, destaca a possibilidade real das lutas na escola, com base nos PCNs (1997), já Olivier (2000), foi um dos pioneiros em relação a possibilidades de ensino das lutas na educação física, no qual o seu trabalho trata de questões como a "violência" como um modo de expressão dos alunos e as possibilidades de se trabalhar com essas variáveis.
Em outra questão, além dos autores que relatam sobre a possibilidade das lutas nas escolas, outros autores, como Nascimento e Almeida (2007) e Betti e So (2009) relatam em seus estudos, sobre as dificuldades do ensino das lutas na educação
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física escolar, em que os autores destacaram que os principais fatores que dificulta o ensino das lutas na escola são a violência, a falta de vivência dos professores do conteúdo lutas e a falta de estudos sobre o tema, o que cria uma dificuldade encontrada para os professores no ensino das lutas nas aulas de educação física.
Esses estudos em geral, levam em conta o andamento do meu trabalho, onde irei levantar questões a respeito da possibilidade do ensino das lutas na visão dos professores da rede pública e privada de ensino, além dos professores/mestres de artes marciais que trabalham em ambiente escolar/não escolar.
No próximo capítulo, iremos mostrar como será feito a metodologia do nosso trabalho, com base no nosso tipo de pesquisa, a estrutura da metodologia, onde iremos utilizar os requisitos para a escolha dos entrevistados e a montagem do roteiro de entrevistas, falar um pouco sobre os nossos locais de pesquisa e por fim, a coleta de dados, onde iremos expor os dados obtidos durante a nossa pesquisa.
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3. METODOLOGIA
PESQUISA QUALITATIVA
A partir do nosso objetivo geral, que consiste compreender o ensino das lutas nas series finais do ensino fundamental nas escolas da região metropolitana da Grande Vitória, através das observações feitas no nosso estagio no ensino fundamental e das entrevistas com três professores que trabalham nas escolas de ensino publico e privado na região. O nosso estudo, em primeiro momento, se caracteriza como um estudo qualitativo, no qual buscamos através dos dados obtidos através das observações, entrevistas e referencial.
A pesquisa qualitativa segundo Silva e Menezes (2001, [s. p]) considera que "[...] há uma relação dinâmica entre o mundo e o sujeito que não pode ser traduzida em números sendo que, interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa [...]".
Sobre o ponto de vista dos meus objetivos proposto em nosso TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), proponho uma exploração dos dados obtidos através dos levantamentos dos mesmos ao longo das entrevistas feitas com os professores das escolas das regiões pesquisadas e com os professores/instrutores de artes marciais,além das observações das intervenções durante o estagio supervisionado no EMEF Profº Cerqueira Lima.
Enquanto as minhas pesquisas em relação aos seus fins têm como base de desenvolvimento uma pesquisa exploratória, em que, segundo Gil (2008), uma pesquisa exploratória tem por finalidade esclarecer, desenvolver, mudar conceitos e ideias. Sendo o seu produto final um problema mais esclarecido, podendo ser investigada com procedimentos mais sistematizados.
ESTRUTURA DA METODOLOGIA
Para a estrutura da pesquisa, proponho essa pesquisa com base na abordagem qualitativa, orientadas por um levantamento de dados, em que utilizamos uma entrevista semi – estruturada com base no conteúdo lutas na educação física escolar, para a realização do mesmo, em que, no primeiro momento, utilizamos as gravações de áudios das entrevistas cedidas com os entrevistados e os registros das falas e das expressões dos entrevistados.
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Para esse procedimento, adotamos algumas medidas em nossa pesquisa em andamento, com base no desenvolvimento do trabalho de So e Betti (2009), em que levantamos alguns critérios que norteiam a nossa entrevista, desde o histórico acadêmico dos entrevistados a suas respectivas opiniões sobre o trabalho das lutas no ambiente escolar, sendo que, os requisitos que propomos aos entrevistados são:
Entrevistado 01: Professor de educação física que trabalha na rede publica de ensino no ensino fundamental.
Entrevistado 02: Professor de educação física que trabalha na rede pública de ensino no ensino fundamental
Entrevistado 03: Professor de educação física que trabalha na rede privada de ensino no ensino fundamental.
Entrevistado 04: Instrutor/Professor de artes marciais de academias ou outros ambientes não escolar/escolar.
Entrevistado 05: Instrutor/Professor de artes marciais de academias ou outros ambientes não escolar/escolar.
Um dos critérios que selecionamos para a realização das entrevistas durante a pesquisa foi à que os entrevistados 01, 02 e 03 podiam ser docentes tanto na rede publico quanto na rede privada de ensino e os entrevistados 04 e 05 tinham que ser mestres de qualquer manifestação marcial.
O roteiro que desenvolvemos fora baseado na luta no contexto escolar, sendo que algumas questões foram elaboradas com base em algumas questões polemicas como o preconceito que as lutas sofrem na escola, a vivência dos entrevistados em relação a lutas durante as respectivas carreiras acadêmicas e as visões dos entrevistados sobre a prática das lutas no ambiente escolar.
Nesse mesmo contexto, através das entrevistas feitas, proponho também um relatório das observações feitas durante o meu estagio no EMEF Professor Cerqueira Lima, através das aulas que ministreicom conteúdo lutas, relacionando – as com as entrevistas dos professores especializados na área de pesquisa.
PESQUISA DE CAMPO: ESCOLA PÚBLICA, ESCOLA PARTICULAR E
AMBIENTE NÃO ESCOLAR.
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O trabalho foi desenvolvido com base num desenvolvimento de pesquisa de campo associado a uma linha qualitativa, com base num levantamento de dados. “[...] As pesquisas deste tipo caracterizam – se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer [...]” (GIL, 2008, p. 35). Fomos a uma escola de ensino publico no bairro de Jardim America, no município de Cariacica, em que entrevistamos um professor de educação física, que tem um histórico de prática de lutas.
Nessa pesquisa de campo, além da visita a uma escola de ensino publico no município de Cariacica e da entrevista com o professor de educação física da mesma instituição, propomos também uma visita a uma escola de ensino publico, sendo essa visita numa escola do município de Vitória, que atende numa faixa etária de 07 a 14 anos, além da entrevista com o professor de educação física dessa mesma instituição visitada.
Em outro momento da pesquisa, iremos visitar uma escola de rede particular da região metropolitana de Vitória, atendendo uma faixa etária de 07 a 11 anos, sendo que, nessa instituição, iremos realizar uma entrevista com o professor de educação física que tenha histórico ou não de prática de lutas.
Nas ultimas etapas do desenvolvimento da nossa pesquisa de campo, propomos uma entrevista com dois professores de artes marciais, que trabalham em ambientes não escolares ou em academias ou em ambientes escolares.
COLETA DE DADOS
A coleta de dados se deu por entrevistas semi – estruturadas, com perguntas relacionadas a lutas no âmbito escolar, através de visitas a três instituições de ensino fundamental da região metropolitana da Grande Vitória, sendo duas instituições da rede pública de ensino e uma instituição da rede privada de ensino, além da visita a duas academias ou ambientes não escolares que oferecem aula de artes marciais.
Nessa entrevista semi – estruturada, iremos realizar um dialogo com 11 questões elaboradas com base no contexto histórico dos entrevistados e com base no ensino das lutas no contexto escolar, além de outras questões como o preconceito em
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relação às lutas e a relação dos alunos com esse tema para os entrevistados 01, 02 e 03.
Para os entrevistados 04 e 05, iremos realizar um dialogo com 04 questões, em que, levantaremos questões como o ensino das lutas nas aulas de educação física e o ensino das lutas no contexto escolar por um professor de educação física que não chegou a vivenciar algum tipo de luta marcial.
Através dessas visitas, iremos coletar através de gravações, os diálogos que obtive com os professores sobre o tema proposto, a partir desse dialogo, realizaremos um levantamentos dos mesmos dados obtidos para chegar ao desenvolvimento desse trabalho, fazendo uma exploração das entrevistas para levantarmos os nossos resultados e discussões.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a elaboração dessa pesquisa, optamos por entrevistar 02 professores da rede publica de ensino e 01 professor da rede particular de ensino na região da Grande Vitória, sendo o roteiro para entrevista elaborado com 11 questões (ANEXO 02), além de 02 professores/mestres de artes marciais que trabalham em ambientes não escolares/ambiente escolar, com um roteiro semi–estruturado com 04 questões (ANEXO 03).
A entrevistada 01, cujo nome será mantido em segredo, sendo expostas somente as iniciais do seu nome (M. H), é formada em Educação Física pela Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo no ano de 2005, sendo que a mesma trabalha na prefeitura de Vitória desde 2008, apesar de ter concursado logo após a sua graduação, em 2005, sendo que ela ainda não possui uma pós-graduação na área.
Em relação ao ensino do conteúdo lutas em suas aulas de educação física, M. H nos relata que trabalha o conteúdo lutas em suas aulas com muita frequência, como cita a entrevistada, além das lutas, M. H trabalha várias manifestações da cultura corporal como danças, ginástica e esporte.
Ao perguntarmos sobre o ensino das lutas nas aulas de educação física e o porquê dessa inclusão, M. H nos relata a importância de trabalhar as lutas na educação física, pois o mesmo é um conteúdo curricular da educação física, como ela cita através dos PCNs e da grade curricular dos governos municipais e estaduais, conforme trecho abaixo da entrevista:
[...] Eu acho que deve ser ensinado nas aulas de Educação Física por que é um conteúdo da Educação Física, já garantido por lei nos PCNs e nas Diretrizes da Prefeitura de Vitória, já tem isso estabelecido que a gente deve trabalhar isso como conteúdo, é um direito do aluno de ter conhecimento, isso é cultura, isso já é trazido na cultura há muitos anos, então o aluno tem direito de ter esse conteúdo como conhecimento e acho extremamente importante [...]
Ao perguntarmos sobre a possibilidade do professor que nunca tinha vivenciado/praticado artes marciais possa ministrar esse conteúdo em suas aulas. M. H afirma essa possibilidade, ela cita nessa parte a sua história como praticante de lutas, ao complementar, ela cita que quando trabalha esse conteúdo, ela obtém um resultado positivo dos alunos em relação ao conteúdo, conforme trecho abaixo da entrevista:
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[...] Pode, eu, por exemplo, tenho pouco contato com lutas e quando trabalho, as crianças recebem muito bem esse conteúdo, eu de vivência prática, tenho pouca, mas acho que há, sim, uma possibilidade de ser trabalhado, tem livros que a gente usa, que tem atividades pedagógicas (referente as lutas) que dá para trabalhar numa boa [...]
Ao perguntarmos a respeito dos objetivos a serem trabalhados no conteúdo lutas, M. H cita, com base num plano de aula que ela desenvolveu para os seus alunos, os objetivos a serem trabalhados em seu pressuposto, que são o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo social, o respeito ao próximo e ao participante, o autocontrole do aluno, a diversidade cultural, ampliação das atividades culturais, ela cita ainda a importância de não deixar o aluno realizar as mesmas coisas presentes nas aulas de educação física, ou seja, o aluno somente vivenciar o futsal, basquete, vôlei e handebol, como cita a entrevistada. Complementando a sua fala, M. H cita a contextualização do conteúdo lutas.
Ao perguntarmos caso à entrevistada não aplique lutas em suas aulas de educação física, qual (is) conteúdo (s) a entrevistada iria trabalhar em suas aulas, M. H cita que trabalha todos os conteúdos, conforme trecho de sua entrevista:
[...] Eu trabalho todos os conteúdos, assim, esportes radicais trabalhei, artes circenses, jogos, brincadeiras, esportes em geral, esportes com raquetes, eu tive um leque de opções na faculdadeque me proporcionou uma grade maior, então eu consigo, só não trabalho natação, pois não tem piscina, badminton nós temos aqui na escola, capoeira já trabalhei aqui, então, varias modalidades a gente pode trabalhar sim [...]
Ao perguntarmos se a entrevistada vivenciou a disciplina de lutas durante a sua formação acadêmica, M. H cita que já chegou a vivenciar o Judô e Capoeira, durante a sua formação acadêmica, fora isso, a entrevistada é praticante de kick boxing e já chegou a vivenciar o Brasilian Jiu Jitsu.
Ao perguntarmos sobre a visão das lutas no ambiente escolar de acordo com a entrevistada, M. H cita que as lutas trabalham a questão do respeito, quanto do profissional tem isso como primeiro ponto a ser trabalhado, a relação com o outro, o autocontrole e a disposição para a atividade em que os alunos se sentem muito alegre em relação ao conteúdo, a entrevistada complementa a importância do trabalho de lutas com um apoio pedagógico, no qual resulta na disciplina, com a contribuição de estratégia corporal.
Ao perguntarmos sobre a visão que obtém dos alunos em relação

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