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Acidente por Aranha Marrom

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ACIDENTE LOXOSCÉLICO
O loxoscelismo é acidente por aranha marrom. Corresponde à forma mais grave de araneísmo no Brasil. A maioria dos acidentes notificados se concentra no sul do país, particularmente Paraná e Santa Catarina. O acidente atinge mais comumente adultos, com discreto predomínio em mulheres, ocorrendo no intradomicílio. Observa-se uma distribuição centrípeta das picadas, acometendo mais a coxa, tronco ou braço.
- Aranha marrom:
Aranha pouco agressiva, com hábitos noturnos.
Encontra-se em pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos; nas residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.
- Ações do Veneno: Parece que o componente mais importante é a enzima esfingomielinase-D que por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular e hemácias, ativando as cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Nas formas mais graves, acredita-se que a ativação desses sistemas leva a hemólise intravascular. Outra enzima do veneno é a fosfolipase D, a qual está relacionada à dermonecrose, hemólise, trombocitopenia e insuficiência renal. Encontraram-se enzimas como adenosina trifosfatasa, hialuronidasa no veneno da Loxosceles Laeta; e fosfatase alcalina, estearase, lipase, protease e hialuronidase no veneno da Loxosceles Reclusa. Destas, a hialuronidase pode ter uma influência na penetração do veneno nos tecidos, mas não na hemólise.O veneno inicia um processo de apoptose e uma cascata de caspases, envolvendo o iniciador de caspases-9 e as efetoras caspases-3, -6 e -7. Ou seja, pode ocasionar dermonecrose local (loxoscelismo cutâneo) e, mais raramente, hemólise intravascular (loxoscelismo cutâneo-hemolítico ou cutâneo-visceral).
- Quadro Clínico: A picada quase sempre é imperceptível e o quadro clínico se apresenta sob duas formas:
Forma Cutânea: A mordida da Loxosceles, inicialmente, é relativamente indolor, e o paciente, muitas vezes, não percebe que foi mordido. Após 2-8 horas, há a presença de dor em queimação, variando de leve a intensa, podendo estar associada a eritema localizado, prurido, edema e sensibilidade leve a grave. Isso é seguido pelo aparecimento de uma vesícula ou bolha (12-24 h), que pode tornar-se hemorrágica, circundada por um halo de tecido isquêmico, por efeito da vasoconstrição induzida pelo veneno. Uma escara pode formar-se neste momento, entre 3 e 7 dias aproximadamente. Durante a semana seguinte, a área da lesão torna-se eritematosa. A escara pode romper-se, criando uma úlcera que cicatriza por segunda intenção após variados períodos de tempo (6-8 semanas), mas que requer, por vezes, enxerto de pele. 
Forma Cutâneo-Visceral (hemolítica): 1 a 13% dos casos. Além do comprometimento cutâneo, observam-se manifestações clínicas decorrentes da hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria, que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada (CIVD). Casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, que é a principal causa de óbito no loxoscelismo.
Com base nas alterações clínico-laboratoriais e identificação do agente causal, o acidente loxoscélico pode ser CLASSIFICADO em:
LEVE: Lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais e com identificação da aranha causadora do acidente. Paciente deve ser acompanhado pelo menos por 72 horas, caso pode ser reclassificado.
MODERADO: Lesão sugestiva ou característica, mesmo sem identificação do agente causal, com ou sem alterações sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaléia e mal-estar.
GRAVE: Lesão característica e alterações clínico-laboratoriais de hemólise intravascular.
Complicações: 
Locais: infecção secundária, perda tecidual, cicatrizes desfigurantes.
Sistêmicas: principal: insuficiência renal aguda.
Exames Complementares: Não há específicos.
# Forma cutânea: hemograma com leucocitose e neutrofilia.
# Forma cutâneo-visceral: anemia aguda, plaquetopenia, reticulocitose, hiperbilirrubinemia indireta, queda dos níveis séricos de haptoglobina, elevação dos níveis séricos de potássio, creatinina e uréia e coagulograma alterado.
Tratamento:
Tratamento Específico: Soro antiloxoscélico (SALOx) ou Soro Antiaracnídico (SAAr) – Dados experimentais revelaram que eficácia da soroterapia é reduzida após 36 horas da inoculação do veneno. A utilização do antiveneno depende da classificação de gravidade. Ver Quadro Resumo no decorrer do capítulo.
Tratamento Geral:
Corticoterapia: prednisona por via oral na dose de 40mg/dia para adultos e 1mg/Kg/dia para crianças, por pelo menos cinco dias.
Dapsone (DDS): em teste para redução do quadro local. 50 a 100mg/dia, via oral, por duas semanas. Risco potencial da Dapsone desencadear metemoglobinemia. Paciente deve ser acompanhado clínico-laboratorialmente durante administração da droga.
Suporte: Para as manifestações locais: Analgésicos (dipirona), compressas frias, antisséptico local e limpeza da ferida (permanganato de potássio), se infecção secundária usar antibiótico sistêmico, remoção da escara só após delimitação da área de necrose, tratamento cirúrgico (manejo de úlceras e correção de cicatrizes). Para as manifestações sistêmicas: Transfusão de sangue ou concentrado de hemáceas quando anemia intensa, manejo da insuficiência renal aguda.
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1450
http://www.amrigs.com.br/revista/59-02/14_1404_Revista%20AMRIGS.pdf
https://www.acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35964/Monografia%20Jenifer%20Nowatzki.pdf?sequence=1
Caroline Nunes, Emeline Franco, Kauanna Tunes, Luana Albarello, Marcela Oliveira, Michele Schneider, Mônica Celezinsky, Rafael Pelissaro, Sandra Aita, Valentina Defaveri, Vitoria Cenci

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