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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO SOCIAL ATUAL

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A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO SOCIAL ATUAL
WILLIAM PEREIRA DA SILVA
A Educação Física ao longo dos anos apresentou várias tendências, podemos citar a Tendência da Cientificidade (Para este grupo, a Educação Física e seu profissional só serão respeitados quando a Educação Física for reconhecida pela comunidade dos cientistas como uma ciência especifica), Tendência Profissionalizante (Um grupo, talvez o mais numeroso, tem uma Educação Física definida como uma atividade profissional liberal. O profissional da Educação Física, segundo esta tendência, deve ser equiparado ao bacharel em direito, ao médico, ao economista, etc. Somente assim a Educação Física seria reconhecida, garantindo-se uma fatia no mercado de trabalho e via legislação, assegurando-se a reserva deste mercado), e a Tendência Educacional (busca entender a Educação Física com uma ação pedagógica. Antes de se tornar ciência, antes de constituir-se em profissão liberal, a Educação Física é uma sabedoria de viver, uma exigência pessoal e existencial, isto é, uma tarefa educativa.) Tivemos também a Educação Física HIGIENISTA (a concepção denominada Educação Física Higienista era uma concepção particularmente forte nos anos finais do Império e no período da Primeira República, preocupava-se somente com a saúde ), a Educação Física MILITARISTA (Segundo Ghiraldelli ,1991, a Educação Física Militarista predominou no Brasil entre 1930 e 1945, e influenciou na concepção de treinamento para o esporte de competição).
A Educação Física apresenta-se no contexto social atual consolidada em duas tendências, a Educacional e a profissionalizante, a primeira esta inserida nas escolas e Universidades podendo atuar aqueles que terminaram um curso superior de licenciatura plena em Educação Física. A segunda tendência atua em clinicas, hospitais, empresas, academias, ginásios esportivos, clube de futebol, clubes esportivos, esses profissionais geralmente tem Curso de Bacharel em Educação Física. Tanto uma como a outra, sejam eles professores ou profissionais poderão exercer suas atividades em ambas as tendência desde que seja registrada no Conselho Federal de Educação Física. No caso do professor com licenciatura Plena, somente pode atuar fora do setor Educacional se estiver registrado no Conselho Federal de Educação Física – CONFEF.
Nas escolas os professores de Educação Física atuam utilizando os esportes, exercícios físicos e uma infinidades de atividades físicas voltados para a educação global do individuo.
Nas empresas, indústrias, clinicas, hospitais, clubes... Os profissionais da Educação Física utilizam de todos os recursos dos professores nas escolas, mas são voltados mais para a questão da saúde, das atividades físicas e exercícios físicos serem utilizados como forma de prevenir doenças e recuperação através dos movimentos corporais.
Há denominações diferentes para os que atuam nesta área, hoje temos o EDUCADOR FÍSICO, AGENTES DE SAÚDE E LAZER, TÉCNICO DE DESPORTO, MOTRICISTA,.
Tanto nas escolas como em outros setores da sociedade esta havendo também a inserção da Educação Física como um elemento de preocupação em trabalhar as atividades físicas com fator de melhoria de qualidade de vida aliada a nutrição, para que aja um equilíbrio em atividade física e alimentação, inclusive existem campanhas nos meios de comunicação de massa em todo país..
O conhecimento escolar e a cultura de massa 
    Observa-se que a crescente massificação da sociedade, proveniente da Indústria Cultural e veiculada pelos meios de comunicação, atinge profundamente a escola, que não está preparada para superar as contradições dessa sociedade de consumo. 
    Além de não associar a teoria e a prática, a educação formal também não tem possibilitado aos alunos pensar e construir conhecimento, e também não está voltada para a formação do caráter do indivíduo. Colocando a linguagem escrita como principal, deixando de lado as linguagens falada, musical e corporal. Valorizando o pensamento conceitual em vez do pensamento criador. 
    Acredita-se, que a Educação Física e a Educação artística tem um papel importantíssimo no fortalecimento de uma pedagogia crítica, tendo em vista a possibilidade de resgatar o lazer e a estética educação, onde a relação prazer / criatividade fazem o indivíduo envolver-se na construção de conhecimentos. 
    Desse ponto de vista, uma educação que vise o desenvolvimento do ser por inteiro, compreende a aprendizagem como significativa quando há uma intersecção entre SABER e CONHECIMENTO. Esther Grossi (1990) faz uma distinção entre os dois, quando afirma que "o saber é pessoal e está mais ligado à ação e aos movimentos, sendo também transformador. Já o conhecimento é social, sistematizado e tem mais a ver com as palavras." 
    "É na experiência estética, onde o sentir e o pensar estão associados, que desenvolvemos nossa capacidade criadora, a qual nos permite perceber e sentir melhor o mundo. A base de toda situação de aprendizagem deveria ser estética" (Duarte Jr. 1991), tal capacidade criadora não ocorre apenas na arte, ainda que nela encontre várias formas de expressão. Reconhece-se que no desenvolvimento da consciência estética, o movimento, a expressão corporal e a dança desempenham importantes papéis. A auto-expressão, a criatividade e o prazer proporcionados por estas atividades corporais são ótimas defesas contra a massificação de idéias e valores dominantes, uma vez que fortalecem o individualismo. Por outro lado, no processo de massificação, é muito provável que as imagens dos divertimentos de massa que atingem as pessoas, tornem a imaginação limitada e os indivíduos acabam apenas reproduzindo o pensamento coletivo. 
    Uma questão que se coloca é a de que a massificação pode ser amenizada pelas reais condições de cultura e educação. Sendo o corpo o primeiro contato do indivíduo com o meio, este aprende e expressa a cultura em que vive. As práticas corporais nada mais fazem a não ser traduzir as concepções de mundo em que o indivíduo está estabelecido, que embora pareçam universais, dizem respeito ao que os corpos aprendem da sociedade, em um determinado tempo e espaço. 
A influência da indústria cultural na prática de Educação Física 
    Observa-se dois caminhos quanto a atuação e o efeito da Indústria Cultural no fenômeno de massificação da sociedade, pois existe a possibilidade de que os conteúdos das mensagens ou produtos divulgados pela Indústria Cultural sejam usados tanto para o esclarecimento como para o bloqueio do senso crítico e conseqüente manipulação dos indivíduos. 
    A escola está sempre correndo o risco de, ora adotar e transmitir a cultura massificada, ora aumentar a tensão entre o currículo e o mundo vivido dos alunos, por ignorar o fato de que estes são efetivamente atingidos por ela. A melhor solução para Gadotti (1991), seria partir constantemente dessa cultura de massa e em cima dela construir a cultura elaborada. 
    Frisando bem a importância de partir de onde os educandos se encontram, a elaboração do programa deve estar comprometido com as necessidades e interesses destes, como nos ensinou Paulo Freire (1992). Ainda a exemplo deste, o processo educativo poderá ser encarado como uma produção multiculturalista, se pretender ampliar o universo cultural do grupo, através da integração das diferentes linguagens ou vertentes da dança. 
O "mito" da atividade física e saúde 
    De acordo com o que diz Carvalho (1996): "Determinantes estruturais, como a indústria cultural, a política neoliberal, a indústria da beleza, a tecnologia e a sociedade de consumo, têm influenciado para que a 'necessidade' de atividade física tenha cada vez mais adeptos: as mais variadas formas de seduzir as pessoas para a prática do exercício físico aparecem todos os dias nos meios de comunicação ou com a ajuda dos formadores de opinião". 
    A autora diz: "A formação do profissional que atua na área da Educação Física e Lazer precisa ser muito crítica, para que esseprofissional possa identificar e atender às reais necessidades de sua clientela e não à lógica do mercado. A Saúde Pública também tem sua parcela de responsabilidade, uma vez que responsabiliza o indivíduo por sua saúde, produzindo conhecimentos e informações que orientam os indivíduos, muitas vezes apenas sendo mais um meio de divulgação da indústria cultural." (Carvalho, 1996). 
EDUCAÇÃO FÍSCA, SAÚDE E CONSUMISMO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
    A exploração sensorial humana repercutiu no desenvolvimento intelectual, no progresso tecnológico, na transformação da sociedade de subsistência para a de consumo. Valores foram transgredidos, concepções alicerçadas em ideologias profanadas pela ganância, posse irrestrita, consumo desmedido. Os insumos foram propagados e os reflexos são inexoravelmente problemáticos. 
    A Educação Física é uma dentre as oitocentas disciplinas desenvolvidas pelo conhecimento humano em face da complexidade social que teve, no século XX, o ápice de seu crescimento. E como disciplina recentemente incorporada ao exercício profissional, esta é uma das mais promissoras atividades do homem no novo século XXI dado o grau de desvio dos indivíduos modernos em relação aos hábitos que garantiram a sobrevivência e desenvolvimento de nossa espécie por milhares de anos (Silva, 1993). 
    Nesse novo milênio, a Educação Física pode surgir como uma possibilidade democrática de conscientização e alteração, de formulação de novas teorias e práticas que, em menção da sobrevivência saudável do homem ser aspecto questionável perante este cenário de modernidade, pode contribuir para o desenvolvimento de valores, atitudes e comportamentos mais positivos em relação à saúde e qualidade de vida (Sérgio, 2001; Nahas, 2003). 
    O aprimoramento do mundo capitalista foi repercutido pela visão mercantilista posterior a era feudal, sendo enfatizada pela expansão ultramarina e revolução industrial. As duas grandes guerras igualmente promoveram a produção em série e em larga escala, sendo então a partir desta época regido por ideais de consumo, aspecto de compra e venda, de necessidades. Em conseqüência disto, o homem adquiriu hábitos de vida deletérios, obcecado pelo poder aquisitivo para possuir os produtos divulgados pela sociedade de consumo (Carvalho, 1998b; Pedro, 1981). 
    Atualmente, a sociedade ocidental é fundamentada pelo poder da mídia (televisão, livros, revistas, jornais, novelas, filmes), marketing e propaganda. Os devaneios motivados pelo delírio ocasionado pelo desejo exacerbado de acúmulo de capital repercutem na degradação ambiental, exploração sexual, discriminação, preconceito, exclusão, problemas de saúde, entre outros. O mundo será ainda mais demarcado por países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a produção e o trabalho serão destinados a um fim determinado pelo sistema forjado por aspectos políticos e econômicos do neoliberalismo (Carvalho, 1998b; Richers, 1981) 
    Nesse contexto, a Educação Física que, por diversos anos constituiu uma disciplina escolar compreendida apenas pela prática dos esportes, necessita ser desenvolvida nas fontes da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, totalizando a formação do indivíduo como a soma de todos os aspectos, analisando as inter-relações existentes em seu meio ambiente. Seu universo deve ser ampliado no processo de construção do conhecimento, aproximando-se e integrando-se as outras áreas do saber humano. Ela deve abranger a área da saúde, devendo promover divulgação de informações, enfatizar o que designa e configura a qualidade de vida, a saúde positiva, os fatores de risco. A modalidade deve manusear sua possibilidade de didática através de grupos, encenando a vida social, na qual os interesses da coletividade e individual podem divergir... o comportamento do jogo simula as atitudes nas situações concretas (Carvalho, 1998a; Gomes, 1998). 
    A mudança de mentalidade faz-se necessária, eliminar equívocos futuros, resgatar valores e formular novas teorias. A atividade física necessita ser enfocada como fator determinante para o bem-estar físico e mental, estando ao alcance de todos e repercutindo seus ensinamentos para décadas futuras, pois um mundo mais digno será formado aos poucos, sendo responsabilidade e desejo inculto de todos. A transversalidade possibilita interpretar situações de jogos, danças, esportes, e o corpo vislumbrado como símbolo de um elemento que deve ser desmistificado (Sérgio, 2001; Pessoa, 2004). 
2. A sociedade de consumo 
    De acordo com Martínez Alvarez (1999), a singular inovação tecnológica alicerçada na crença do rudimentar desenvolvimento intelectual, predispõe o homem primitivo como ser pouco inteligente, é amplamente difundida na precária rede de difusão de informação. Em conseqüência disso, o entendimento sobre o desenvolvimento histórico e universal do ser humano passa a ser desconsiderado como prioridade pelos detentores do poder. 
    O ser humano é uma construção histórica que adquire seus valores e objetivos baseado em estereótipos, em fundamentos alicerçados, atualmente, em uma mentalidade mecanicista legitimada pelo padrão capitalista de qualidade de vida que, caracteriza a realização individual pelo acúmulo de bens materiais. Os reflexos desta mudança comportamental a partir da era pré-histórica são diretos, repercutindo na educação física como responsabilidade inerente de transladação desse raciocínio em beneficio da satisfação e harmonia coletiva (Sérgio, 2001; Carvalho, 1998a). 
2.1. Explosão do consumo 
    Pedro (1981) explica que a Era do Obscurantismo (Idade Média), quando a igreja presumia o controle do fluxo de pensamento, arte e comércio, as pinturas apenas poderiam representar cenas religiosas, a salvação apenas concedida através de 'dinheiro', a ciência enveredada pelo misticismo, indivíduos acusados de bruxaria, excomungados por desrespeitar Deus, carnificinas em praça pública. 
    Após advento deste período, sucede o feudalismo, ocorre o ressurgimento do comércio, sociedade dividida em feudos, comércio baseado na troca, o surgimento do excedente passa a ser vendido, gerando algum lucro. Após queda do feudalismo devido às invasões bárbaras, ocorre renascimento comercial, a renascença, a expansão ultramarina, a reforma religiosa, revolução industrial culminante na configuração atual do capitalismo. 
    No final da II Guerra Mundial (1940-1945) a produção global de bens apresentava crescimento vertiginoso, aumenta número de automóveis, o consumo de petróleo eleva-se, a maior produção e oferta de bens materiais favorece o surgimento de uma sociedade que faz apologia ao consumo. Surgem os típicos problemas atuais: obesidade, ausência da prática de exercícios físicos, estresse, sedentarismo, ou seja, os fatores de risco (Carvalho, 1998b). 
    Esta concepção de comércio, de consumo versus produção, gera a divisão de países, em de Primeiro e Terceiro Mundo, gerando as desigualdades sociais hoje existentes, o maior flagelo causador dos problemas reinantes (Carvalho, 1998a). 
2.2. Poder da mídia 
    O modelo comportamental é calcado em estilos de vida apresentados pela mídia, através de novelas, filmes, revistas e demais fontes. São elementos padronizados, referenciando o melhor modelo físico, a mais oportuna posição social, a formação intelectual mais apropriada, o vestuário mais elegante, as músicas mais modernas, o pensamento mais digno (Canclini, 2002). 
    A reverência ao corpo perfeito promove o uso de anabolizantes com todas as suas conseqüências danosas à saúde como: atrofia de mamas e testículos, câncer de fígado, crescimento exagerado de pêlos, infertilidade, engrossamento de voz nas mulheres. As perigosas dietas alimentares se multiplicam e são veiculadas como saudáveis e milagrosas. Possivelmente, a referencia da mídia ao corpo perfeito tenha gerado milhares de casos de bulimia (indução ao vômito após alimentação) e anorexia (ausência de ingestão de comida). Além disto, há a prática de exercícios físicos deforma demasiada, ocorrendo lesões sérias e traumatismos. 
    O sobrepeso, visto hoje como o grande vilão da sociedade moderna, muitas vezes é corrigido com a adoção de intervenções cirúrgicas (lipoaspiração, cirurgia para redução do estômago), quando o problema poderia facilmente ser compensado através de dieta alimentar apropriada e prática de atividades físicas. 
    A auto-imagem é abalada perante a adoção de modelos-padrão, cujas estruturas corporais são consideradas perfeitas, sendo na realidade uma ilusão, apenas imagens construídas e recobertas por muita superficialidade e, muitas vezes, construídas por recursos tecnológicos de computação gráfica (ex: fotoshop). Progressivamente o número de cirurgias plásticas aumenta, sendo muito grande a busca por correções no nariz, orelhas 'de abano', lipoaspiração, aumento de mamas. 
    Outra problemática é a precoce sexualidade infantil, o aparelho televisivo desrespeita grande faixa etária de seus telespectadores, não enquadrando sua programação por idade e horário. 
    Gonçalves (2002) afirma que as drogas lícitas (cigarro, álcool) foram por diversos anos estampadas como sinônimo de liberdade, auto-afirmação e poder. O indivíduo ao fazer seu uso obtinha aceitação geral do grupo ao qual pertencia. Erroneamente é a ferramenta que muitos utilizam como forma para combater a depressão, timidez, estresse, insatisfação pessoal. Principalmente os jovens ao defrontarem-se com um mundo muito diverso daquele que imaginavam na infância, desolam-se, e por isso, conforme Renato Russo: "... e há tempos são os jovens que adoecem, e a tempos o encanto está ausente". 
     Exibe-se muita violência, erotização, programas sem cunho educativo, retratos do entretenimento que agridem a dignidade humana. A internet que deveria ser utilizada como suporte a intelectualização, apresenta como seus sites mais visitados: pornográficos e jogos. 
    Abolir a estes ditos é pertencer à classe dos excluídos e retardatários na modernidade. Prevalece a discriminação como forma de salientar a aceitação de apenas o que é estabelecido como belo, como melhor. Inviabiliza-se a individualidade, a possibilidade de escolha. O espectador é visualizado como ser irracional, o ócio induz à real aceitação dos valores impostos sem utilização do senso crítico peculiar do homem, sendo gradativamente alienado, embutido de crenças favoráveis a poucos. 
    Diante de todos estes desvios da mídia, os profissionais de educação física devem tomar uma posição consciente de sua atuação como agentes de formação social. Ao trabalhar com temas que, necessariamente, envolvem a práxis corporal e toda sua problemática, o professor deve estar consciente das conseqüências de sua atuação como agente de reforço ou de resistência ao atual modelo de corpo e corporeidade ditado pela mídia. 
2.3 Sociedade do desperdício 
    De acordo com Pena (1999), perante produção arraigada pela competição industrial, aliada ao poder de marketing, ocorre à indução do homem à crença da necessidade de produtos os mais diversos, que muitas vezes são inúteis, ou facilmente poderiam ser substituídos por outros mais facilmente acessíveis. O constante progresso emite a idéia freqüente de obsolência e a modernidade torna tudo ultrapassado em espaço minúsculo de tempo. 
    Muitos destes produtos possuem ciclo de permanência efêmera, facilmente exemplificada através dos descartáveis, como os copos plásticos, garrafas de refrigerante, além de latas de conservas, latas de cerveja, bebidas e líquidos diversos em vasilhames de vidro não-retornáveis e muitos outros. Esta dinâmica aumenta drasticamente a produção anual de lixo, não havendo muitos locais apropriados para a sua deposição. 
    A reciclagem é medida viável, mas a consciência do racionamento e reaproveitamento é primordial. Os resíduos quando não postos em local adequado, podem afetar a qualidade dos lençóis freáticos minando a qualidade da água. Excesso de lixo nos rios e nas cidades de forma geral promove as enchentes. É igualmente o maior fator de poluição marinha, extinguindo muitas formas aquáticas e originando áreas impróprias para banhistas. 
    Toneladas de alimentos não são consumidos, muitos entram em estado de putrefação, quando poderiam constituir como elementos do cardápio de escolas, creches, asilos, instituições de caridade. Peças de vestuário ainda em condições de uso são eliminadas, e poderiam obter similar fim dos alimentos. Ocorre ainda o desperdício da água, constituindo esta a possível causa de uma grande terceira guerra. Litros são gastos em banhos demorados, lavagem de carros, calçadas, higiene bucal, problemas na tubulação (vazamentos). Isto será no futuro um empecilho, visto que o processo de retira do sal da água é bastante dispendioso. 
    A atividade física por intermédio do condicionamento do trabalho em grupo, respeitando a individualidade e as conseqüências das ações particulares sobre o conjunto maior, pode auxiliar na fundamentação da consciência ambiental perante a preocupação da saúde do mundo. Pois é prioritário para a manutenção da qualidade de vida, a disponibilização de condições ambientais, sociais e econômicas. Isto em vista do bem-estar físico e mental ser inerente aos aspectos primários (genéticos) como igualmente aos aspectos do meio, e a preocupação e responsabilidade social perante este quesito não devem ser tardias, evitando maiores problemas futuros. 
2.4. Ideologia do conforto 
    Segundo Pena (1999), inerente ao aspecto da sociedade de consumo está a aderência ao luxo, à ambição desmedida, cuja ascensão social torna-se objetivo primordial de uma existência. Nesse sentido, a qualidade de vida não se enquadra em sentir-se intimamente realizado (de acordo com suas aspirações individuais), e coletivamente (ser útil para a sociedade). Apenas a satisfação individual constitui, segundo alguns, a designação de qualidade de vida. 
    Santos (2003), constatou que a qualidade de vida, na visão de estudantes universitários de ciências tecnológicas, é fruto das conquistas de aspecto material, de status, de poder econômico e de posição hierárquica. Na realidade esta concepção é conduzida pelo modelo capitalista que induz ao forte poder de consumo, e paulatinamente o necessário não é suficiente. Deter o melhor produto, a mais valiosa preciosidade, os mais diversos tipos e modelos de elementos é fundamental. 
    A princípio esta idolatria inicia com a necessidade do poder aquisitivo aos recursos básicos: alimentação vestuário, moradia, educação, saúde. Ou seja, a sobrevivência é determinada por intermédio do dinheiro, e a ideologia ao conforto, através das apelações constantemente bombardeadas através do marketing é amplamente facilitada (Richers, 1981). Paulatinamente esse desejo da posse cresce, gerando círculos viciosos onde quanto mais se têm, mais se quer. É a ambição, o consumo exacerbado. 
2.5. Problemas Físicos e Mentais 
    Ocorrências de estresse, depressão, sedentarismo, distúrbios de sono (insônia), dificuldade de concentração, má alimentação, obesidade, colesterol aumentado, hipertensão arterial, diabetes, são algumas conseqüências vigentes desta sociedade, sendo gradativamente agravados com o passar do tempo em decorrência da má adaptação do organismo humano ás alterações ambientais promovidas pelo sistema de produção e consumo vigente ( Goldenberg & Elliot, 2001; Guedes, 1995; Nieman, 1999). 
    A conscientização promovendo a recepção de um estilo de vida saudável é uma forte aliada à promoção da saúde, aliviando e, em alguns casos, eliminando distúrbios (mentais e físicos). Reduzir substancialmente os níveis de inatividade física é uma das principais metas dos governos do primeiro mundo, pois as evidencias tem demonstrado insistentemente que a atividade física de lazer estimula a auto-estima e proporciona benefícios à aptidão física relacionada à saúde. 
2.6. Crescimento da indústria farmacêutica 
    Em virtude aos diversos distúrbios orgânicos comentadosanteriormente e aos ideais do sistema capitalista, os laboratórios de pesquisa médica proliferam fórmulas químicas onde todas apresentam o mesmo princípio ativo. Além de em muitos casos a solução fundamental não residir em medicamentos desta linha de atuação, sendo suficiente à adoção de atitudes e formas de comportamento pouco diversos dos padrões comportamentais exigidos pela sociedade de consumo. Toda substância química apresenta efeitos múltiplos no organismo, sendo possível afetar órgãos debilitando a saúde. 
    A atividade física pode promover a melhora de muitos aspectos negativos à integridade física, reduzindo o consumo de muitos remédios que podem não resolver o problema. A medicina alternativa, técnicas de relaxamento (prece, meditação, massagem), dieta alimentar balanceada, prática de atividades físicas, noites de sono tranqüilo, lazer ativo, abandono de comportamentos de risco, são alguns dos elementos que garantem o que é estritamente necessário na área médica convencional (Goldenberg & Elliot, 2001). 
2.7. Degradação Ambiental 
    Pena (1999) acredita que o consumo exagerado repercutirá no futuro do planeta, cujas conseqüências podem ser nefastas, pois a ação desmedida e a ambição anulam o raciocínio sistêmico, onde não há culpados, o ser humano simplesmente constitui parte de um universo e mantém relações com seus elementos, e a solução reside em seu relacionamento com o "inimigo". As mudanças ocorridas ao longo dos anos, poluição excessiva da água, solo, atmosférica, sonora, expansão da exploração mineral, da produção econômica, além do crescimento populacional sem controle adequado de natalidade, originarão alterações que o planeta talvez não comporte. 
    Estes fatores influenciarão na qualidade de vida, pois recursos diversos estarão escassos e alguns indisponíveis, alterando a constituição primária (genética) dos organismos vivos. A adequação à nova realidade exigirá esforços desconhecidos, cujos resultados igualmente são imprevisíveis. Em menção a isto, a responsabilidade social e bom senso crítico são essenciais na seleção das atitudes atuais (Krüger, 2001; Pena, 1999). 
    Neste panorama, a Educação Física deve trabalhar frente a estes reflexos da ação humana, manuseando seu caráter de análise e cooperação em grupo. Possui suporte suficiente visando comportamentos que gerem satisfação à coletividade. Necessita utilizar sua característica de transdisciplinaridade para observar os resultados em longo prazo, e não apenas ser designada como uma disciplina isolada objetivando a saúde física individual. Pois esta é originária da combinação de fatores diversos (genético, ambiental, social, econômico), sendo portando elementar a precaução referente a cada um dos subsídios citados (Sérgio, 2001; Gomes, 1998).

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