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AÇAO DE INDENIZAÇAO DANOS MORAIS MARCIO LUIS

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A D V O C A C I A E S P E C I A L I Z A D A
F E R R E I R A E M E Z A B A R B A - ADVOGADOS ASSOCIADOS
DR. ADEUSAIR FERREIRA DOS ANJOS DR. RODRIGO HENRIQUE MEZABARBA
A D V O C A C I A E S P E C I A L I Z A D A
F E R R E I R A E M E Z A B A R B A - ADVOGADOS ASSOCIADOS
DR. ADEUSAIR FERREIRA DOS ANJOS DR. RODRIGO HENRIQUE MEZABARBA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARIQUEMES/RO
MARCIO LUIS FERRARI, brasileiro, casado, portador da Cédula de Identidade RG nº 291.737 SSP/MS e inscrito no Cadastro de Pessoa Física CPF sob nº. 337.789.571-04, residente e domiciliado na Rua Recife, nº 2465, Setor 03, Ariquemes - RO, por seus advogados abaixo subscritos, vem respeitosamente à elevada presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS c/c PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
em face de ELETROBRÁS DISTRIBUIÇÃO RONDÔNIA (CERON), concessionária de serviços públicos de energia elétrica, empresa controlada da Centrais Elétricas Brasileiras S/A -ELETROBRÁS, com sede social na Rua José de Alencar, 2613 - Baixa da União -Porto Velho/RO, inscrita no CNPJ sob o nº 05.914.650/0001-66, podendo ser citada/intimada na sucursal situada na Av. JK, n.º 1966, Setor 02, nesta Comarca de Ariquemes – RO, na pessoa de seu representante legal ou quem as vezes faça, pelas razões de fato e direito a seguir delineadas:
I - DOS FATOS
O Autor é possuidor de um imóvel situado na Rua Aracajú, nº. 2119, setor 03 nesta cidade de Ariquemes - RO.
No dia 29/9/2011, foi surpreendido com fiscais na porta de seu imóvel, dizendo que estavam ali para verificar o medidor de energia elétrica, assim fizeram e em minutos disseram que teriam que levar o relógio porque o mesmo estava com suspeita de fraude.
O Requerente afirma e que não fraudou relógio algum, e se existe algum defeito, este se deu por falta de manutenção da requerida em seus equipamentos, pois a mesma limita-se apenas em cobrar, como se não tivesse nenhuma responsabilidade de manutenção, mesmo porque nunca fora realizado nenhum tipo de manutenção no referido medidor.
Ocorre que, na ocasião da visita dos fiscais no imóvel do requerente, o medidor foi retirado e levado pela empresa requerida.
Hoje, passados aproximadamente 02 (dois) anos da retirada do medidor de energia, o Autor recebeu uma notificação emitida pela concessionária requerida (Notificação de Irregularidade, Processo n.º 2011/257), dando conta de que aquele medidor, retirado há aproximadamente 02 (dois) anos de seu imóvel foi fraudado, o que ensejou faturamento incorreto, referente aos meses de fevereiro de 2008 a janeiro de 2011 (36 meses) devendo, por isto, o autor efetivar o pagamento da incomensurável quantia de R$ 5.917, 27 (cinco mil novecentos e dezessete reais e vinte e sete centavos), sob pena de interrupção do fornecimento de energia elétrica (documento incluso).
Também, neste mesmo momento, o requerente recebeu cópias de outros documentos (Diferença de Faturamento e Laudo Técnico), todos em anexo.
Durante o decurso destes 02 (dois anos), o requerente nunca foi informado acerca de processo administrativo, nem tampouco da realização de perícia técnica no medidor.
O requerente, usando de seu direito subjetivo, não apresentou defesa administrativa pelo fato de que tal defesa seria julgada pela própria requerida, portanto sem chances de ser julgada procedente.
É a síntese dos fatos.
II- DO FUNDAMENTO JURÍDICO
No caso dos autos, a cobrança perpetrada pela ré é abusiva, arbitrária, ilegal e inconstitucional. A uma, porque o autor não deu causa à suposta irregularidade, que deve decorrer – se é que houve irregularidade – da ausência de manutenção nos equipamentos da concessionária ré. A duas, porque não foi oportunizada ao Autor a possibilidade de defender-se administrativamente da suposta fraude.
Como cediço, o artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal assegura a todos os litigantes - quer em processo judicial, quer em processo administrativo – o efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa. Confira-se:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. (grifei)
Ambos os princípios [contraditório e ampla defesa] foram frontalmente violados pala concessionária ré, pois esta não franqueou ao Autor, durante a apuração da suposta fraude, a possibilidade de defender-se administrativamente da acusação lançada em seu detrimento. Na verdade, a ré sequer dignou-se a notificar o Autor acerca da apuração em curso. Somente agora, após a realização do laudo técnico do qual a feitura a autoria não tinha ciência, é que a ré vem imputar ao autor a prática de ato tão vexatório.
Ademais, verifica-se que o laudo técnico que fundamenta a atitude ditatorial da ré fora elaborado em outro estado na cidade de São Gonçalo-RJ, ou seja, não seria possível, mesmo que notificado, acompanhar a realização da perícia ou mesmo indicar assistente técnico. Isto, inegavelmente, coloca o Autor/consumidor em situação extremamente desfavorável, ferindo frontalmente os princípios do contraditório e da ampla defesa. Neste sentido é o entendimento jurisprudencial do Colendo TJRO, senão vejamos:
a) Apelação cível. Fraude no medidor. Perícia unilateral. Empresa localizada em outro Estado da federação. Débito. Inexistência. 
É inexigível o débito apurado em perícia realizada unilateralmente, por empresa localizada em outro Estado da federação, impedindo o acompanhamento por parte do consumidor e impossibilitando o contraditório (TJRO – Apelação 0012503-15.2010.8.22.0002 – Rel. Des. Alexandre Miguel – J. 18.04.2012 (grifo nosso).
b) Ceron. Medidor de energia. Fraude. Perícia unilateral. Diferença de consumo. Confissão de dívida. Coação. Cobrança indevida. Dano moral. Inexigibilidade de débito. Restituição em dobro. Impossibilidade. 
Existindo constatação de suposta fraude no medidor de energia do usuário, a quem não foi oportunizado acompanhar a perícia técnica realizada pela concessionária, torna-se nulo o débito apurado e presumido o dano moral, inclusive pela coação do consumidor para assinar termo de confissão de dívida a fins de não suspensão de sua energia elétrica [...] (TJRO - 0001223-96.2010.8.22.0018 Apelação – Rel. Des. Raduan Miguel Filho – J. 03.04.2012 – (grifo nosso). 
c) Energia elétrica. Fraude no medidor. Constatação. Laudo pericial. Unilateralidade da prova. Débito. Inexistência. Dano moral. Situação fática. Prova. Ausência. Improcedência.
Constatada fraude em medidor de energia por laudo pericial produzido unilateralmente pela concessionária, por meio de empresa terceirizada situada em outro estado da federação, deve ser declarado inexistente o débito daí decorrente (TJRO - 0008300-98.2010.8.22.0005 Apelação – Rel. Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia – J. 29.02.2012 – grifo nosso).
Como se vê, a jurisprudência do Egrégio TJRO consolidou-se no sentido de que o débito que encontra baldrame em laudo pericial produzido unilateralmente pela concessionária, por meio de empresa terceirizada situada em outro estado da federação, deve ser declarado inexistente, ante a ofensa ao princípio do contraditório. 
Não se olvide que a realização do laudo em outro estado da federação coloca o consumidor em tremenda desvantagem, em total dissonância com os princípios básicos que norteiam as relações de consumo.
Insta ressaltar, ainda, que o medidor ficou sob o poder da concessionária ré por considerável lapso temporal, visto que a retirada deu-se em 29/09/2011 e o laudo pericial é datado de 22/08/2012. Portanto, os prepostos da concessionária ré poderiam muito bem alterar os componentes do medidor, na tentativa de fazer as verificações de praxe.
Cumpre repisar, mais umavez, que mesmo a perícia tendo sido realizada no em outro estado, mesmo assim o Autor não foi notificado/cientificado sobre a realização da sobredita perícia. Somente agora, após quase 01 (um) ano da retirada do medidor, é que o autor foi surpreendido com uma cobrança ilegítima, mesmo porque o laudo pericial, nesta altura, é insuscetível de mudança, ou seja, foi realizado unilateralmente, à revelia do autor, que não pôde, em momento nenhum, acompanhar sua realização.
TUDO CONSIDERADO, e diante da ofensa frontal aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, a declaração da inexistência do débito em testilha é medida de justiça.
III - DA APLICAÇÃO DO C.D.C – INVERSÃO DO ONUS DA PROVA
O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre pólos processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro, o fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.
Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no. 8.078/90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor, e a letra da Lei é clara.
Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica havida entre fornecedor (artigo 3º da LF 8.078/90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando:
O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. “O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na medida em que tratam desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ªed.1999, pág. 1805, nota 13).
Conforme os termos dos arts. 33 e 37 da Resolução da ANEEL nº 456 de 29 de novembro de 2000, a CERON tem a responsabilidade de instalar o medidor na unidade consumidora e realizar "verificações periódicas" para aferir se o medidor está funcionando corretamente e se foi ou não violado. in verbis::
Art. 33º- O medidor e demais equipamentos de medição serão fornecidos e instalados pela concessionária, às suas expensas, exceto quando previsto em contrário em legislação específica. (...)
Art. 37º- A verificação periódica dos medidores de energia elétrica instalados na unidade consumidora deverá ser efetuada segundo critérios estabelecidos na legislação metrológica, devendo o consumidor assegurar o livre acesso dos inspetores credenciados aos locais em que os equipamentos estejam instalados.
Seja como for, não é possível presumir essa conduta fraudulenta por parte do consumidor, afinal, no direito consumerista, vigora a inversão do ônus da prova. Logo, cabia à CERON provar que o autor praticou a fraude e como a CERON não fez isso, conclui-se que não houve ato de irregularidade por parte deste. O ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 333, incisos I e II do Código de Processo Civil.
Diante exposto com fundamento acima pautados, requer o autor a inversão do ônus da prova, incumbindo o réu à demonstração de todas as provas referente ao pedido desta peça.
IV – DA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO DOS DANOS MORAIS
Verifica-se in casu a negligência da ré perante o requerido, vez que, ocasionou um enorme abalo em sua imagem, pois agora o mesmo vê-se compelido a ingressar com ação judicial visando à reparação de seu dano sofrido.
O Código Civil assim determina:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causas danam a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito;
Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
A represália que obriga o ofensor a pagar e permite ao ofendido receber é princípio de justiça, com feição, punição e recompensa.
"Todo e qualquer dano causado a alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado, de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é o dano moral, que deve automaticamente ser levado em conta." (V.R. Limongi França, "Jurisprudência da Responsabilidade Civil, Ed. RT, 1988). (grifei)
Segundo J.M. de Carvalho Santos, in Código Civil Brasileiro Interpretado, ed. Freitas Bastos, 1972, pag 315:
“Em sentido restrito, ato ilícito é todo fato que, não sendo fundado em direito, cause dano a outrem”. (grifei)
Carvalho de Mendonça, in Doutrina e Prática das Obrigações, vol. 2, n. 739, ensina quais os efeitos do ato ilícito:
"o principal é sujeitar seu autor à reparação do dano. Claramente isso preceitua este art. 186 do Código Civil, que encontra apoio num dos princípios fundamentais da equidade e ordem social, qual a que proíbe ofender o direito de outrem - neminem laedere". (grifei).
Maria Helena Diniz, in Curso de Direito Civil, vol. 7, ed. Saraiva, 1984, diz:
"... o comportamento do agente será reprovado ou censurado, quando, ante circunstâncias concretas do caso, se entende que ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente" (grifei).
A garantia da reparabilidade do dano moral é absolutamente pacífica tanto na doutrina quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importância, que ganhou texto na Carta Magna, no rol do artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias fundamentais faz-se oportuna transcrição:
Inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem: Inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra ea imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
A respeito do assunto, aplaudimos a lição doutrinária de Carlos Alberto Bittar, sendo o que se extrai da obra “Reparação Civil por Danos Morais”, 2ª ed., São Paulo – RJ, 1994, pág. 130;
“Na prática, cumpre demonstrar-se que pelo estado da pessoa, ou por desequilíbrio, em sua situação jurídica, moral, econômica, emocional ou outras, suportou ela conseqüências negativas, advindas do fato lesivo. A experiência tem mostrado, na realidade fática, que certos fenômenos atingem a personalidade humana, lesando os aspectos referidos, de sorte que a questão se reduz, no fundo, a simples prova do fato lesivo. Realmente, não se cogita, em verdade, pela melhor técnica, em prova de dó, ou aflição ou de constrangimento, porque são fenômenos ínsitos na alma humana como reações naturais a agressões do meio social. Dispensam, pois comprovação, bastando no caso concreto, a demonstração do resultado lesivo e a conexão com o fato causador, para responsabilização do agente”
“Nesse sentido, como assinalamos alhures, a) são patrimoniais os prejuízos de ordem econômica causados pela violação de bens materiais ou imateriais de seu acervo; b) pessoais, os danos relativos ao próprio ente em si, ou em suas manifestações sociais, como, por exemplo, as lesões ao corpo, ou parte do corpo (componentes físicos), ou ao psiquismo (componentes intrínsecos da personalidade), como a liberdade, a imagem, a intimidade; c) morais, os relativos a atributos valorativos, ou virtudes, da pessoa como ente social, ou seja, integrada à sociedade, vale dizer, dos elementos que a individualizam como ser, de que se destacam a honra, a reputação e as manifestações do intelecto. Mas, atingem-se sempredireitos subjetivos ou interesses juridicamente relevantes, que à sociedade cabe preservar, para que possa alcançar os respectivos fins, e os seus componentes as metas postas como essenciais, nos planos individuais, familiar e social”.
Por derradeiro, na lição do eminente jurista Caio Mário da Silva Pereira (REsp. Cível, RJ, 1980, pág. 338)
“...na reparação do dano moral estão conjugados dois motivos, ou duas concausas: I) punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem jurídico da vítima, posto que imaterial; II) pôr nas mãos do ofendido uma soma que não é ‘pretium doloris’, porém o meio de lhe oferecer a oportunidade de conseguir uma satisfação de qualquer espécie, seja de ordem intelectual ou moral, seja mesmo de cunho material...”
Enfim, quando se trata de reparação de dano moral como no caso em tela, nada obsta a ressaltar o fato de ser este tema pacífico e consonante tanto sob o prisma legal, quanto sob o prisma doutrinário. Por conseguinte, mera relação de causa e efeito seria falar-se em pacificidade jurisprudencial. Faz-se patente, a fartura de decisões brilhantes em consonância com o pedido do autor, proferidas pelos mais ilustres julgadores em esfera nacional.
V - DO VALOR DA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS
A lei não estabelece ou fixa um parâmetro previamente definido para se apurar o valor em indenizações por dano moral. Justo por isso, as balizas têm sido traçadas e desenhadas, caso a caso, por nossas Cortes de Justiça, em especial, pelo Superior Tribunal de Justiça, órgão responsável pela missão de uniformizar a aplicação do direito infraconstitucional.
O STJ recomenda que as indenizações sejam arbitradas segundo padrões de proporcionalidade, conceito no qual se insere a idéia de adequação entre meio e fim; necessidade-exigibilidade da medida e razoabilidade (justeza). Objetiva-se, assim, preconizando o caráter educativo e reparatório, evitar que a apuração do quantum indenizatório se converta em medida abusiva e exagerada.
Conforme atual doutrina sobre o tema, Carlos Alberto Bittar acentua:
“A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se, portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do lesante (in Reparação Civil por Danos Morais, Editora Revista dos Tribunais, 1993, p. 220).” (grifei)
Não divergindo, Regina Beatriz Tavares da Silva afirma:
Os dois critérios que devem ser utilizados para a fixação do dano moral são a compensação ao lesado e o desestímulo ao lesante. Inserem-se nesse contexto fatores subjetivos e objetivos, relacionados às pessoas envolvidas, como análise do grau da culpa do lesante, de eventual participação do lesado no evento danoso, da situação econômica das partes e da proporcionalidade ao proveito obtido como ilícito. (grifei)
Em suma, a reparação do dano moral deve ter em vista possibilitar ao lesado uma satisfação compensatória e, de outro lado, exercer função de desestímulo a novas práticas lesivas, de modo a "inibir comportamentos anti-sociais do lesante, ou de qualquer outro membro da sociedade", traduzindo-se em "montante que represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido, ou o evento lesivo" (in Novo Código Civil Comentado, São Paulo, Saraiva, 2002, p. 841 e 842). (grifei)
Sobre o tema, colhe-se da jurisprudência:
[...] O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo juiz de maneira a servir, por um lado, de lenitivo para o abalo creditício sofrido pela pessoa lesada, sem importar a ela enriquecimento sem causa ou estímulo ao prejuízo suportado; e, por outro, deve desempenhar uma função pedagógica e uma séria reprimenda ao ofensor, a fim de evitar a recidiva [...] (TJSC, AC n. 2001.010072-0, de Criciúma, rel. Des. Luiz Carlos Freyeslebem, Segunda Câmara de Direito Civil, j. em 14-10-04).
Sobre o tema, a atual jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, tem-se o entendimento referente à indenização pelos danos morais sofridos, in verbis;
JULGAMENTO: 12/02/2012. ORGÃOJULGADOR 3ª CÂMARA CÍVIL. CLASSE APELAÇÃO CÍVIL- Relator Exmo. Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. Apelante Natálio Fernandes Martines. Advogada Andréia Carla Lódi. Apelado Enersul - Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S.A. Advogado - Laércio Vendruscolo. E M E N T A -APELAÇÃO CÍVEL -AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - ACUSAÇÃO DE FRAUDE PELO CONSUMIDOR SEM PROVAS - DANO MORAL CONFIGURADO - RECURSO PROVIDO. As acusações ao consumidor de fraude no medidor, bem como de furto de energia elétrica, por mera presunção da concessionária, ocasionam o abalo moral, sendo devida a sua indenização. Para o causador do dano, o valor da indenização tem que ser relevante, atentando-se à sua capacidade econômica. E para a vítima, não pode esse valor ser desproporcional ao seu sofrimento. (grifei).
Neste quadrante, entendo que a condição econômica das partes, a repercussão do fato, a conduta do agente - análise de culpa ou dolo - devem ser perquiridos para a justa dosimetria do valor indenizatório.
Ponderados tais critérios objetivos, tenho que o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) é suficiente para atenuar as conseqüências da dor causada à honra da pessoa do ofendido, não significando um enriquecimento sem causa para a vítima, punindo a responsável e dissuadindo-a da prática de novo atentado. Na casuística, o autor é comerciante. Por sua vez, a ré é empresa de notório porte econômico. Assim, o valor arbitrado não tem o condão de inviabilizar a sua atividade econômica e vai ao encontro do caráter preventivo da punição.
VI – DA TUTELA ANTECIPADA
No caso em tablado estão presentes os requisitos necessários para a antecipação parcial dos efeitos da tutela. A verossimilhança das alegações diante dos fundamentos acima expedidos, bem como ante a vasta documentação anexa, dando conta da cobrança arbitrária perpetrada pela ré. O periculum in mora diante da real possibilidade de a ré negativar o nome do Autor junto aos órgãos de proteção ao crédito, bem como suspender o fornecimento de energia elétrica.
VII - DA JUSTIÇA GRATUITA
O Autor faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista que o mesmo não possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais em detrimento de seu sustento e de sua família.
De acordo com a dicção do artigo 4º do referido diploma legal, basta à afirmação de que não possui condições de arcar com custas e honorários, sem prejuízo próprio e de sua família, na própria petição inicial ou em seu pedido, a qualquer momento do processo, para a concessão do benefício, pelo que nos bastamos do texto da lei, in verbis:
Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar à custa do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1º - Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos da lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.
Ou seja, nos termos da lei, apresentado o pedido de gratuidade e acompanhado de declaração de pobreza, há presunção legal que, a teor do artigo 5º do mesmo diploma analisado, o juiz deve prontamente deferir os benefícios ao seu requerente (cumprindo-se a presunção do art. 4º acima), excetuando-se o caso em que há elementos nos autos que comprovem a falta de verdade no pedido de gratuidade, caso em que o juiz deve indeferir o pedido.
VIII – DO PEDIDO
Pelo exposto, requer a Vossa Excelência o seguinte:
a)Conceder a MEDIDA LIMINAR pleiteada, “inaudita altera pars”, de acordo com o artigo 273 do Código de Processo Civil, para determinar a suspensão da cobrança do débito em litígio R$ 5.917, 27 (cinco mil novecentos e dezessete reais e vinte e sete centavos), para que não seja cadastrado o nome do Autor nos órgãos de proteção ao crédito (SPC/SERASA), e ainda, que não seja realizado o corte do fornecimento de energia no imóvel do Autor, aplicando-se, se for o caso, multa diária no valor mínimo de R$1.000,00 (Mil reais), se houver o descumprimento da ordem judicial;
b) A citação da requerida na pessoa de seu representante legal, para, querendo, responder aos termos da presente ação sob pena de arcar com os efeitos da revelia;
c) Que seja declarado inexistente o débito no valor de R$ 5.917, 27 (cinco mil novecentos e dezessete reais e vinte e sete centavos), constantes na Notificação de Irregularidade nº 2011/257;
d) Condenar a requerida ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos a importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
e) Que seja determinada a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078, de 11 de setembro de 1990;
f) A condenação do requerido ao pagamento do ônus da sucumbência;
g) A condenação da ré no pagamento das custas processual e honorária advocatícios, no importe de 20% sobre o valor da condenação;
Protesta provar o alegado por todo o meio de prova em direito admitido, em especial provas documentais e testemunhais, sem prejuízo de outras, por mais especiais que sejam.
Dá-se à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).
Nestes termos; pede deferimento.
Ariquemes/RO, 07 de janeiro de 2013.
_________________________________ ___________________________________
ADEUSAIR FERREIRA DOS ANJOS RODRIGO HENRIQUE MEZABARBA
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