Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Faculdade de Medicina Veterinária Disciplina Anatomia Animal Aplicada à Zootecnia ROTEIRO TEÓRICO-PRÁTICO SOBRE SISTEMA URINÁRIO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Prof. André Luiz Quagliatto Santos - Responsável. Profa. Lucélia Gonçalves Vieira – Colaboradora. Uberlândia/ 2018 CONCEITO Conjunto de órgãos responsáveis pela filtração do sangue, formação e eliminação da urina contribuindo com a homeostasia do corpo humano. O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. Após os rins filtrarem o sangue e retornarem a maior parte de água e muitos solutos para a corrente sanguínea, a água e os solutos restantes constituem a urina. A urina é excretada de cada rim através dos ureteres e armazenada na bexiga urinária até que seja expelida do corpo através da uretra. RIM Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário, com as outras partes do sistema atuando, principalmente, como vias de passagem e áreas de armazenamento. Com a filtração do sangue e a formação da urina, os rins contribuem para a homeostasia dos líquidos corporais de várias maneiras: regulação da composição iônica do sangue, essencialmente íons de sódio, potássio, cálcio, cloreto de fosfato; manutenção da osmolaridade do sangue, regulando a perda de água e de outros solutos; regulação do volume sanguíneo, eliminando água ou reabsorvendo água os rins ajustam o volume sanguíneo; regulação da pressão arterial; regulação do pH pela excreção de H + ; liberação de hormônios; liberação do nível de glicose no sangue e excreção de resíduos e de substâncias estranhas. Os rins são órgãos pares, situados na região sublombar. Nos pequenos ruminantes e carnívoros, eles têm forma de grão de feijão e apresenta superfície lisa. No Equino o rim direito tem forma de coração, e o esquerdo assemelha-se com a letra “J”. Nos bovinos, os rins são alongados e sua superfície é marcada por sulcos, que delimitam os lobos renais. O rim direito situa-se em posição mais cranial que o esquerdo (exceto no suíno), estando ao nível da última costela e dos processos transversos das duas primeiras vértebras lombares. O rim esquerdo situa-se ao nível da 3ª ou 4ª vértebras lombares e apresenta-se deslocado para o plano mediano, podendo ultrapassá-lo à direita, devido à pressão exercida pelo rúmen nos ruminantes. Cada rim apresenta extremidades cranial e caudal, faces dorsal e ventral e bordas lateral e medial. Na borda medial situa-se uma depressão longitudinal, o hilo renal, o qual se aprofunda no órgão, formando uma escavação, o seio renal, geralmente preenchido por tecido adiposo. Pelo hilo penetram os ramos da artéria renal e os nervos do plexo renal, e saem a veia renal, vasos linfáticos e o ureter. A pelve renal, que é a extremidade cranial e dilatada do ureter, está alojada no seio renal, envolvida pelo tecido adiposo que preenche o seio. Os rins são órgãos retroperitoniais, estão revestidos de peritônio apenas em sua face ventral. O rim direito está parcialmente encaixado na impressão renal do fígado; sua face dorsal relaciona-se com os músculos sublombares, a face ventral com alças intestinais, a borda medial com a veia cava caudal e sua extremidade cranial está em contato com a glândula adrenal direita. O rim esquerdo relaciona-se lateralmente com o rúmen (nos ruminantes), dorsalmente com a artéria aorta e a veia cava caudal e medialmente com alças intestinais; a glândula adrenal esquerda encontra-se um pouco adiante da extremidade cranial deste rim. Três camadas de tecido envolvem cada rim. A camada profunda, a cápsula fibrosa ou cápsula renal é uma membrana fibrosa lisa e transparente. Serve como barreira contra o trauma e ajuda a manter o formato do rim. A camada intermediária a cápsula adiposa (perirrenal interna e pararrenal externa), é uma massa de tecido gorduroso, em torno da cápsula fibrosa. Também protege o rim do trauma e o mantém na posição, dentro da cavidade abdominal. A camada superficial, a fáscia renal, é uma lâmina fina de tecido denso e irregular que ancora o rim às estruturas adjacentes e à parede do abdome. A ptose é a queda dos rins, pode dificultar a passagem da urina pelos ureteres e dilata o rim, ocasiona dor e infecção. É mais comum em animais magros com restrição de alimentos. O que mantém o rim no lugar é um coxim gorduroso, que no animal muito magro desaparece ou se torna muito pouco para manter o rim na posição anatômica. Anatomia interna dos rins Um corte de um rim revela duas regiões distintas: uma região periférica, o córtex renal, envolvida por uma delgada e resistente cápsula fibrosa, e uma parte central, a medula renal. No córtex encontram-se corpúsculos renais e parte dos túbulos renais; a medula contêm principalmente túbulos coletores. A medula consiste de estruturas cuneiformes, as pirâmides renais. A base de cada pirâmide está voltada para o córtex renal, e seu ápice (extremidade mais estreita) chamado papila renal está voltada para o hilo do rim. As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são chamadas colunas renais. Juntos, o córtex e as pirâmides renais da medula renal constituem a parte funcional, ou parênquima do rim. No parênquima estão as unidades funcionais do rim – cerca de 1 milhão de estruturas microscópicas chamadas néfrons. O arranjo macroscópico da medula demonstra diferenças acentuadas entre as espécies. Em muitas espécies, a medula fica distribuída como diversas massas separadas, cada uma delas de forma aproximadamente piramidal. Nos rins desse tipo, uma parte do córtex está associada a cada pirâmide e recobre sua base, a face direcionada à superfície externa. O córtex também se projeta entre as pirâmides e passam a ser chamado de colunas renais. O ápice da pirâmide aponta em direção ao seio renal e forma uma papila renal, que se assenta em uma expansão em forma de taça, cálice menor. Os rins que conservam esta organização são denominados de rins multipiramidais ou multilobulares; nesta classificação estão inclusos os rins dos bovinos e suínos. Em alguns rins multipiramidais, como os dos bovinos, os limites entre os lobos são revelados pelas fissuras que penetram a partir da superfície. Nos suínos, nenhuma evidência externa de lobação está presente. Todos os rins dos mamíferos passam por uma fase multipiramidal em seu desenvolvimento, embora, na maioria das espécies, a quantidade de lobos seja drasticamente reduzida mais tarde. Em algumas espécies, inclusive a canina, equina, e pequenos ruminantes todas as pirâmides acabam por fundir-se, constituindo uma única massa medular, que confina o córtex à periferia, onde forma uma cobertura externa contínua. Mesmo este tipo de rim unipiramidal ou unilobar guarda certo indício de sua ontogenia complexa: um ligeiro recorte da junção corticomedular, pontilhado pelas artérias que marcam os limites interlobares, demonstra onde as pirâmides se fundem. A fusão junta as papilas renais em uma crista comum, a crista renal. A superfície da crista renal apresenta-se perfurada pelos orifícios dos inúmeros túbulos coletores que aí terminam. Nos pequenos ruminantes, equino e no cão (com rins unipiramidais) a pelve renal é a extremidade proximal, dilatada, do ureter, situada no seio renal e que abraça a crista renal. A urina eliminada pelos túbulos coletores da crista renal é recolhida na pelve renal e daí liberada para o ureter. Nos bovinos (rins multipiramidais), a extremidade do ureter contida no seio renal apresenta acentuadas diferençasmorfológicas em relação aos animais domésticos com rins unipiramidais. Assim, esta extremidade não é dilatada e, portanto, não há formação da pelve renal. Em seu lugar aparecem duas estruturas tubulares membranáceas, que percorrem o rim no sentido das extremidades para o hilo, onde se reúnem para formar o ureter. Estes tubos membranáceos constituem os cálices renais maiores. Nos cálices renais maiores desembocam, em conjunto ou separadamente, os cálices renais menores, estruturas membranáceas afuniladas, nas quais as papilas renais se apoiam. O néfron Os néfrons estão envolvidos em três processos básicos: filtragem do sangue, retorno de substâncias úteis para o sangue, de modo que não sejam eliminados do corpo, e remoção de substâncias do sangue que não sejam necessárias para o corpo. Como resultado destes processos, os néfrons mantêm a homeostasia do sangue e produzem urina. Cada néfron consiste de duas partes: corpúsculo renal (corpúsculo= corpo minúsculo), onde o plasma é filtrado, e o túbulo renal, por onde passa o líquido filtrado. Cada corpúsculo renal tem dois componentes: o glomérulo e a cápsula glomerular, uma escavação glomerular de parede dupla que circunda o glomérulo. Da cápsula glomerular, o líquido filtrado do plasma passa para o túbulo renal, que tem três seções principais: na ordem em que o líquido passa por elas, o túbulo renal consiste: túbulo contorcido proximal, alça do néfron (ramo descendente da alça do néfron e ramo ascendente da alça do néfron) e túbulo contorcido distal. O ramo descendente da alça do néfron mergulha na medula renal faz uma curva em forma de grampo de cabelo, e retorna para o córtex renal como os ramos ascendente da alça do néfron, ligando os túbulos contorcidos proximal e distal. O corpúsculo renal e ambos os túbulos contorcidos situam-se no córtex renal, enquanto a alça do néfron estende-se até a medula renal, faz uma volta em forma de grampo de cabelo e retorna para o córtex renal. Os túbulos contorcidos distais de diversos néfrons desembocam em um mesmo ducto coletor. Os ductos coletores, então se unem e formam o cálice menor (bovino e suíno) ou crista renal (equino, carnívoros e pequenos ruminantes). Os ductos coletores estendem-se do córtex renal, através da medula renal, até a pelve renal. Suprimento sanguíneo dos rins Como os rins removem impurezas do sangue, regulam seu volume e a composição iônica, não é surpresa que sejam abundantemente supridos com vasos sanguíneos. No rim, a artéria renal se divide em diversas artérias segmentares, cada uma das quais dá origem a diversos ramos que entram no parênquima e passam ao longo das colunas renais, entre as pirâmides renais como artérias interlobares. Nas bases das pirâmides renais, as artérias interlobares curvam-se entre a medula e o córtex e são chamadas artérias arqueadas. As divisões das artérias arqueadas produzem uma série de artérias interlobulares que entram no córtex renal e emitem ramos, chamados arteríolas aferentes (a=em direção; ferente=que carrega). Cada néfron recebe uma arteríola aferente que se divide em uma rede capilar enovelada, chamada glomérulo (=bola pequena). Os capilares glomerulares então se reúnem para formar a arteríola eferente (a= para fora), que drena o sangue dos glomérulos. Então o sangue é drenado pelas veias arqueadas, para as veias interlobares, que ocorrem entre as pirâmides renais e, a seguir, para as veias segmentares. O sangue deixa o rim por meio da veia renal única, que sai pelo hilo renal. TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E ELIMINAÇÃO DA URINA URETERES Os ureteres são tubos estreitos e de parede espessa. Cada um dos dois ureteres transporta urina, da pelve renal (ou direto dos cálices maiores no caso dos rins dos bovinos e suínos) de um rim para a bexiga urinária. As contrações peristálticas das paredes musculares dos ureteres empurram a urina em direção à bexiga urinária. Como os rins, os ureteres são retroperitoneais. Pode-se diferenciar no ureter uma parte abdominal, pélvica e intramural. Na parte intramural, o ureter alcança a bexiga urinária e atravessa a sua parede, isso corresponde cerca de 20mm entre a camada muscular e mucosa, antes de abrir-se no óstio ureteral. Os ureteres se curvam medialmente e passam, obliquamente, através da parede da bexiga urinária. Embora não exista válvula na abertura de cada ureter na bexiga urinária o refluxo de urina não ocorre. À medida que a bexiga se enche com urina, a pressão no seu interior comprime as aberturas oblíquas nos ureteres e impede o fluxo retrógrado. Quando esta válvula fisiológica não funciona é possível que microorganismos ascendam pelos ureteres, provenientes da bexiga urinária e pode infectar os rins. BEXIGA URINÁRIA A bexiga urinária é um saco musculomembranáceo que funciona como reservatório temporário de urina. Sua forma e posição variam de acordo com a quantidade de urina que contém. Suas relações variam também de acordo com o sexo. A bexiga vazia é piriforme e localiza-se em sua maior parte na cavidade pélvica. Quando está cheia, situa-se quase inteiramente na cavidade abdominal. Na bexiga distinguem-se três partes: ápice, corpo e colo. O ápice é a parte mais cranial, em fundo de saco. Em alguns animais, pode-se observar no ápice um pequeno divertículo, que corresponde à porção inicial do úraco, conduto que, no feto, unia a bexiga à alantóide. O corpo é a parte mais dilatada da bexiga, apresenta duas faces: dorsal e ventral. A face ventral relaciona-se com a parede ventral das cavidades pélvica e abdominal. A face dorsal relaciona-se nas fêmeas com o útero e nos machos com o reto e as glândulas vesiculares. O colo da bexiga é a porção caudal, estreitada, que se continua com a uretra ao nível do óstio interno da uretra. Neste ponto, as fibras musculares da parede da bexiga agrupam-se de maneira circular, constituindo o músculo esfíncter vesical. Os ureteres chegam à face dorsal da bexiga, próximo ao colo. Antes de desembocarem na bexiga através dos óstios uretéricos, correm por uma pequena extensão na parede vesical, produzindo na mucosa, duas elevações lineares que denominam colunas uretéricas. A pequena área situada entre as duas colunas constitui o trígono vesical. Os cantos craniais do trígono contêm os dois óstios uretéricos que são aberturas dos ureteres, enquanto a abertura para a uretra, o óstio interno da uretra, situa- se no canto caudal do trígono vesical. Três túnicas formam a parede da bexiga urinária, a mais profunda túnica mucosa, semelhante a dos ureteres, túnica muscular, intermediária, também chamada de músculo detrusor (detrusor = empurra para baixo), que consiste em três camadas de fibras musculares lisas: camada longitudinal interna, circular média e longitudinal externa. Em torno da abertura da uretra, as fibras circulares formam o esfíncter interno da uretra; abaixo dele está o esfíncter externo da uretra, composto por músculo esquelético. A túnica mais superficial é a túnica adventícia contínua com a dos ureteres. URETRA Uretra é a denominação dada ao canal condutor da urina, que parte da bexiga e termina na superfície exterior do corpo, no pênis ou vulva do animal. A uretra masculina é um órgão tubular, comum aos sistemas reprodutor e urinário, que se estende desde o colo da bexiga (óstio interno da uretra) até o exterior (óstio externo da uretra). Corre no assoalho da cavidade pélvica, onde recebe os ductos excretores das glândulas genitais acessórias e os ductos deferentes. A uretra pode ser dividida em duas partes: pélvica e peniana (esponjosa). A parte pélvica da uretra tem como limite cranial o óstio interno da uretra ecomo limite caudal o ponto em que ultrapassa o arco isquiático para se continuar no bulbo do pênis. Sua parede é bastante espessa, constituída por uma túnica muscular, representada pelo músculo uretral. O músculo uretral é mais desenvolvido na parte ventral da parede e estende-se dorsalmente como uma delgada cinta muscular que recobre a parte disseminada da próstata. A mucosa da parede dorsal é percorrida longitudinalmente por uma elevação, a crista uretral. Próximo ao colo da bexiga, a crista uretral forma uma dilatação ovóide, o colículo seminal, no qual se situam os óstios ejaculatórios. A cada lado do colículo encontra-se uma cavidade, o seio prostático, no qual se abrem numerosos ductos excretores da próstata. Na fêmea a uretra é mais curta, começa no óstio interno da uretra e termina no óstio externo da uretra junto ao vestíbulo vaginal. Tem função apenas de micção. Glândulas adrenais São glândulas endócrinas pares, situadas na cavidade abdominal, próximas aos rins. A glândula adrenal direita tem forma aproximadamente triangular, com a base apoiada na veia cava caudal, situando-se entre esta e o pólo cranial do rim direito. A glândula adrenal esquerda situa-se ao longo da face ventral da aorta abdominal, entre o rim esquerdo e o tronco celíacomesentérico. É maior que a direita e sua forma é alongada. As glândulas adrenais são constituídas por córtex e medula. O córtex é mais claro e envolve a medula, que tem coloração mais escura. As glândulas adrenais são vitais, possuem funções muito importantes, como regular metabolismo do sódio, do potássio e da água, regular o metabolismo dos carboidratos e regular as reações do corpo do animal ao stress. SISTEMA URINÁRIO – PARTE PRÁTICA 1- Identifique em um cadáver os órgãos que compõem o sistema urinário. Observe a posição dos mesmos nas cavidades abdominal e pelvina. Reconheça, portanto, os rins, os ureteres, as glândulas adrenais e a bexiga urinária. 2. Observe a morfologia externa dos rins nos diferentes animais domésticos. 3. Em um rim isolado observe: - Cápsula fibrosa; - Hilo renal; - Seio renal. - Córtex renal; - Medula renal; - Pirâmides; - Colunas renais; - Crista renal; - Papila renal; - Cálices renais menores; - Cálices renais maiores; - Pelve renal. 4. Identifique os ureteres. Note que estes apresentem um segmento abdominal e um pelvino, desembocando na bexiga urinária, através dos óstios ureterais. 5. Identifique na bexiga urinária: - Ápice; - Corpo; - Colo; - Óstios ureterais e o trígono vesical. 6. O estudo da uretra será abordado nos sistemas reprodutores masculino e feminino.
Compartilhar