Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Direito Tributário Professor: Fernando Saraiva Aula: 1 a 24 Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 2 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Apresentação Atuo na preparação de candidatos a cargos públicos desde 1994, lecionando Direito Tributário, Constitucional e Administrativo. Lecionei em diversos cursos preparatórios em Curitiba, São Paulo e Brasília. Fui professor de Direito Constitucional na escola da Magistratura Federal em Curitiba. Lecionei Direito Tributário Aplicado para a Escola de Administração Fazendária (Esaf) Sou Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil desde 1997. Parabéns pela iniciativa de entrar no mundo do conhecimento jurídico. Isso requer muita dedicação e esforço, além de constante atualização. Contem comigo para auxiliá-los. Começaremos por abordando os objetivos fundamentais do Estado, que inspiram um comportamento estatal na busca do bem estar geral. No entanto, a atividade estatal requer recursos públicos que em sua maior parte advêm da arrecadação de tributos. Abordaremos as espécies tributárias, base normativa, exigibilidade, sujeitos envolvidos nas relações jurídicas tributárias, formas de suspensão, extinção e exclusão tributária, além de requisitos a serem observados para que os tributos possam ser executados judicialmente. Sucesso a todos! Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 3 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Direito Tributário Introdução O ser humano é um animal gregário, tendo em vista que já a partir do seu nascimento surge a dependência a um ser da mesma espécie, tanto para sobreviver, quanto para se desenvolver. Em síntese, tende a viver em bandos, por isso um ser gregário. Ao longo da história observamos uma série de associações, ora com fins determinados por seus criadores, denominadas sociedades individuais, ora com fins a serem determinados por meio da oitiva de seus membros, chamadas sociedades políticas. Este estudo inicia-se com uma superficial análise da estrutura de uma dessas sociedades políticas, quiçá a mais complexa, intitulada pela expressão Estado. O Estado atual nasce por meio de um conjunto de normas principiológicas, estruturais e diretivas, com a positivação de direitos humanos, que passam a compor o elenco dos direitos fundamentais. Esse conjunto de normas, que dá vida ao Estado, é a Constituição. Nela, encontramos uma relação de direitos fundamentais como a vida, a liberdade, a igualdade, entre outros; o desenho estrutural dos principais órgãos estatais, a saber, Executivo, Legislativo e Judiciário; e, também, os objetivos fundamentais, que são tanto a razão quanto o fim da existência do Estado. O modelo atual do Estado Brasileiro foi pincelado originariamente pela Constituição Federal de 1988. Nela, fixou-se a forma federativa que possibilitou a descentralização política entre as entidades federativas União, Estados Membros, Municípios e Distrito Federal, todas Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 4 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... inseridas num corpo maior, soberano e de convivência internacional denominado República Federativa do Brasil. A descentralização política atribui a essas entidades federativas o poder de atuação legislativa dentro de um campo previamente descrito pela Constituição Federal, sob o título de repartição de competências. Esse poder normativo é chamado de autonomia política. Também dentro do campo repartição de competências, encontramos uma série de encargos administrativos a serem desempenhados por essas pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados-membros, Municípios e Distrito Federal) de forma exclusiva ou comum. Esses encargos visam em último estágio o alcance dos objetivos fundamentais, insertos no art. 3º da Carta Magna, nos seguintes termos: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. As entidades federativas regionais (Estados-membros) e as entidades locais (municípios) seguem de perto o modelo estrutural traçado pela Carta Política para a entidade federativa central (União), com um corpo capitaneado pelos órgãos executivo e legislativo, no caso dos municípios, e pelos órgãos executivo, judiciário e legislativo, nos Estados-membros. O Distrito Federal deve ser compreendido como uma entidade que acumula as competências estaduais com as competências municipais, porque a Constituição Federal veda sua divisão em municípios: Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 5 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição. É evidente que para a manutenção de toda essa estrutura estatal, como para o custeio de todas as atividades estatais, entre outras despesas, mister a obtenção de recursos financeiros. A principal fonte de recursos advém da arrecadação de tributos. Assim a Constituição Federal, como norma suprema, estabelece que todas as entidades federativas tenham a faculdade pública (direito subjetivo público) de instituir seus próprios tributos, por meio de lei, que possa incidir em campos econômicos selecionados pela Carta Magna. A faculdade que as entidades federativas têm de criar seus próprios tributos, por lei, respeitado o espaço previsto na Constituição Federal, denomina-se competência tributária. Conceito de Direito Tributário e sua relação com os demais ramos O Direito Tributário tem como objeto de estudo todas as normas enucleadas pela expressão tributo. Importante destacar-se que o Direito Tributário é tratado como um ramo autônomo do Direito meramente por fins didáticos, pois a unicidade do Direito é patente, pois esta ciência tem como foco uniforme as relações sociais do homem, que se traduzem pelas diversas manifestações de vontade externadas de forma expressa ou tácita, valoradas previamente por um ato normativo. A relação de dependência do Direito Tributário com os demais ramos do Direito pode ser percebida em diversas passagens do texto constitucional, assim como em todo seu arcabouço normativo. A seguir alguns exemplos constitucionais dessa interdependênciado Direito Tributário com os demais ramos autônomos do Direito: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 6 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça=> dependência com o Direito Constitucional Art. 151. É vedado à União: (...) II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes => dependência com o Direito Financeiro. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos => dependência com o Direito Civil. Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte=> dependência com o Direito Administrativo. Os ramos do Direito são distribuídos em duas grandes árvores, a pública e a privada. O Direito Tributário integra o campo do Direito Público, disciplinando as relações jurídicas entre o indivíduo-contribuinte e o Estado-Fisco. Assim a doutrina costuma definir o Direito Tributário como o ramo autônomo do Direito Público, que tem como objeto de estudo a competência tributária estatal, os limites do poder fiscal, as relações jurídico-tributárias e suas consequências. Direito Tributário Natureza jurídica O Estado necessita de recursos financeiros para a consecução de suas competências constitucionais materiais e legislativas. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 7 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Esses recursos públicos se classificam como receitas originárias e receitas derivadas. A Receita Pública Originária procede da exploração do patrimônio do Estado (receitas patrimoniais ou preços quase privados) e da exploração de atividades econômicas como receitas empresariais, preços públicos e tarifas. A principal característica desse tipo de receita que ela sempre provém de um negócio jurídico elaborado somente com o consenso do particular. A Receita Pública Derivada vem de uma derivação da riqueza privada ao Estado, sendo esta exigida unilateralmente pelo Poder Público, ou seja, sem a anuência do particular. Essa atividade impositiva do Estado faz com que os cofres públicos sejam irrigados de tributos e de multas. Destaque-se, então, que o tributo é uma receita pública derivada. A Constituição Federal estabelece que as entidades federativas podem instituir tributos para o custeio de sua estrutura administrativa e para a execução de serviços de sua alçada. Essa permissão denomina-se competência tributária. São cinco os tipos de tributos, a saber, impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Esses tributos devem ser criados por lei que siga o modelo estabelecido pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66), sobretudo no que tange ao art. 3º a seguir retratado: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Prestação compulsória porque independe da vontade do particular obrigado ao seu pagamento, que a doutrina nomeia de sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário). Pecuniária porque não se admite o pagamento de tributo por meio da prestação de serviços. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 8 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Em moeda ou cujo o valor nela se possa exprimir porque a extinção dessa obrigação tributária deve ocorrer por meio de dinheiro ou algo que possa expressar valor monetário como cheque ou títulos públicos. Que não constitua sanção de ato ilícito porque a obrigação de pagar tributo advém do exercício de cidadania fiscal e não do cometimento de alguma irregularidade que impõe ao autor uma multa. Instituída em lei devendo ser entendida como lei estrito sensu, não se admitindo, assim, que o tributo seja criado por atos normativos expedidos pelos Poderes Executivo e Judiciário. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada porque na arrecadação de tributos não se admite que a autoridade fiscal exerça qualquer julgamento a respeito do mérito da cobrança. A discricionariedade inexiste quando o tema se refere à arrecadação de tributos. O Código Tributário, em seu art. 4º, prescreve que: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. A essa determinação devemos acrescer a seguinte previsão constitucional: Art. 145. (...) § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Trocando em miúdos, tem-se que o que define a natureza jurídica do tributo é a materialidade do fato gerador1 e a base de cálculo2. 1 Materialidade do fato gerador é o verbo e o complemento do tributo, por exemplo, Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR tem como fato gerador a propriedade de imóvel rural por natureza, a materialidade é ser proprietário de imóvel rural por natureza. 2 Base de cálculo é o valor que sofre a incidência de determinada alíquota (percentual) na apuração do valor do tributo. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 9 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Quando se diz a natureza jurídica do tributo, entenda-se de que espécie tributária está se falando, imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuição especial ou empréstimo compulsório? Como a Constituição Federal estabelece quais os impostos poderão ser criados pela entidade federativa correspondente, os Estados-membros e os municípios, não raras as vezes, instituem um novo imposto revestido pela denominação de taxa ou contribuição de melhoria. Porém, se da análise da base de cálculo ou do fato gerador restar comprovado que se trata de um imposto, imposto será, não tendo a menor relevância o nome jurídico dado ao mesmo. Como padece de competência tributária para a instituição desse novo imposto, a entidade criadora estará a praticar um ato inconstitucional.Espécies Tributárias Como já visto, habitam o nosso direito positivo tributário3 cinco espécies de tributos, impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios. Os imposto são tributos não vinculados que atenderam as despesas com serviços públicos universais. Em Direito Administrativo, classifica-se os serviços públicos em universais ou individuais. Os serviços públicos universais ou gerais são serviços que não permitem a mensuração individualizada de sua utilização. Por exemplo: o serviço público de calçamento público é universal, porque não há como calcular, por indivíduo, sua utilização (quantos passos cada ser deu naquela calçada durante determinado lapso temporal). Já os serviços públicos individuais ou singulares permitem essa medição individualizada, como, à guisa de ilustração, o serviço público de energia elétrica. 3 Direito positivo é o conjunto de regras que vigoram em um determinado tempo em um determinado território. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 10 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Dizer que um tributo é vinculado é o mesmo que impor que, para sua instituição, deverá haver uma previsão de uma contraprestação específica a ser ofertada pela entidade federativa instituidora. Os tributos vinculados são taxas e contribuições de melhoria. Voltando aos impostos, temos que os mesmos são instituídos dentro de uma competência tributária privativa, pois a Carta Magna, ao distribuí-los às entidades federativas, o faz impedido que essas deleguem essa competência4a outra. O exercício de uma competência tributária é uma faculdade5 atribuída pela Constituição Federal a uma determinada pessoa jurídica de direito público interno (União, Estados- membros, Municípios ou Distrito Federal). No entanto, o não exercício dessa faculdade (legislar) não faculta a essa pessoa o repasse do poder tributário (competência tributária) a outra entidade federativa. Impostos O CTN em seu art. 16 assim prescreve: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Assim, a entidade federativa competente pode instituir o imposto previsto na Constituição Federal sem vincula-lo a uma despesa específica. Aliás, a própria Constituição veda essa vinculação ao dispor, em seu art. 167, que: Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino 4 Delegação de competência é repasse da atribuição imputada a uma pessoa para outra que não a tem. 5 Direito subjetivo é a faculdade que detém seu detentor em exercê-lo ou não. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 11 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; Taxas As taxas são tributos que podem ser instituídos por qualquer entidade federativa (competência comum), respeitado o campo de atuação6, sempre em razão da prestação de um serviço público compulsório (utilização), divisível (serviço individual) e específico (o contribuinte sabe que o tributo é pago em virtude de um serviço público prestado especificamente a ele); ou pelo exercício do poder de polícia7. Segundo o CTN, temos que: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das empresas. Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, 6 Desde que dentro da competência material estabelecida pela Constituição Federal. 7 Poder de polícia, segundo Maria Sylvia Zanella di Prieto em seu festejado Direito Administrativo, 22ª Edição, Editora Atlas, é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 12 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público. A utilização efetiva significa que colocado à disposição determinado serviço público, ele é cobrado do contribuinte porque este realmente o fruiu. A utilização potencial significa que colocado à disposição determinado serviço público, ele é cobrado do contribuinte porque este, embora não o tenha fruído, teve esse a sua disposição. Contribuição de Melhoria A contribuição de melhoria é um tributo que pode ser instituído por qualquer entidade federativa (competência comum), respeitado o campo de atuação, sempre em razão da edificaçãode uma obra pública que faça com que uma propriedade privada lindeira8se valorize. A contribuição de melhoria pode ser cobrada com o cômputo de uma base de cálculo universal ou individual, sempre a menor. 8 Propriedade lindeira é uma propriedade vizinha Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 13 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... A base de cálculo universal leva em conta o valor da obra pública dividido entre os beneficiários da mais valia imobiliária. Já a base de cálculo individual considera o valor da valorização imobiliária que obteve o imóvel do contribuinte. O CTN assim dispõe a respeito da contribuição de melhoria: Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 14 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Empréstimos Compulsórios Os empréstimos compulsórios são tributos que só podem ser instituídos pela União (competência exclusiva), por meio de Lei Complementar9. A Constituição Federal assim dispõe: Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b" 10 . Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Já o CTN prescreve que: Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III – revogado pela Constituição Federal Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. Contribuições Especiais 9 A maioria dos tributes são instituídos por meio de Lei Ordinária 10 Princípio da anterioridade que determina que a instituição ou a majoração de tributo só incida nos fatos econômicos ocorridos no ano seguinte a essa inovação Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 15 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... As contribuições especiais são tributos de competência exclusiva da União, mas diferentemente dos empréstimos compulsórios, há exceções constitucionais de titularidade de competência tributária, quando a Carta Política prevê a criação de Contribuição para Iluminação Pública pelos municípios e a instituição de Contribuição Previdenciária pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário próprio, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. As contribuições especiais se dividem em quatro especialidades: a) sociais; b) de intervenção no domínio econômico; c) de interesse das categorias profissionais ou econômicas e d) de iluminação pública. a. as contribuições sociais se destinam, ao financiamento da seguridade social e às demais atuações sociais do Estado que não se refiram à área da previdência, da saúde a da assistência social. a2 as contribuições para os demais serviços sociais do Estado (exceto a seguridade social) encontram-se espalhadas dentro do Título Ordem Social da Constituição Federal, como o Salário Educação: Art 212, § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. b. as de intervenção no domínio econômico, ou interventivas, têm função extrafiscal, tendo como escopo principal o estímulo e a disciplina de atividades econômicas ou sociais. Um exemplo desta modalidade de contribuição é a Cide combustível, prevista pela Carta Política, no art. 177. c. as de interesse das categorias profissionais ou econômicas destinam-se, ao custeio de entidades privadas de serviços sociais e de formação profissional ao custeio de atividades de fiscalização de profissões regulamentadas. São exemplo desta última categoria tributária (contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas) as destinadas ao sistema S (Sesi, Senai, Sest, Senat, Senar, Sescoop). Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 16 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... d) contribuição para o custeio do sistema de iluminação pública – Cosip Exemplo CTM de Niterói Art. 179 A Contribuição será cobrada pelo Município para fazer face ao custeio dos serviços públicos de iluminação, incluindo instalação, manutenção, melhoramento, operação e fiscalização do sistema de iluminação das vias, logradouros e demais bens públicos contidos nos limites territoriais do Município, constituindo-se o produto arrecadado em receita vinculada à consecução daqueles objetivos. Art. 180 O contribuinte da Cosip é o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título do imóvel edificado ou não. Parágrafo Único - A responsabilidade pelo pagamento da Contribuição sub-roga-se na pessoa do adquirente do imóvela qualquer título. Princípios Constitucionais Tributários (Limitação ao Poder de Tributar) A Constituição Federal (CF) atribui às entidades federativas o poder de tributar. No entanto, esse poder não é ilimitado, pois o próprio texto constitucional traça uma série de limitações, ao prescrever uma diversidade de princípios constitucionais e de imunidades tributárias. Sob o título “Das Limitações do Poder de Tributar” tem-se a partir do art. 150 da Constituição Federal um rol dos princípios tributários gerais: assim distribuídos: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (Princípio da Legalidade Tributária) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; (Princípio da Isonomia Tributária) III - cobrar tributos: Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 17 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; (Princípio da Irretroatividade) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Princípio da Anterioridade) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Princípio da Noventalidade) IV - utilizar tributo com efeito de confisco; (Princípio da Vedação ao Confisco) V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; (Princípio da Liberdade de Tráfego) (...) Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; (Princípio da Uniformidade Geográfica) (...) Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. (Princípio da Não Discriminação). Destaques não constam do texto original I. Princípio da legalidade tributária é comumente chamado de princípio da estrita reserva legal, porque exige uma lei sentido estrito (lei formal) como veículo normativo do fato econômico que vai dar ensejo, na ocorrência deste no mundo real, a uma obrigação tributária. Os Poderes Independentes (Legislativo, Executivo e Judiciário) podem editar atos normativos que são conhecidos como leis em sentido geral, “lato sensu”, ou leis materiais. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 18 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Já os atos normativos editados pelo Poder Legislativo, neles incluídos a Medida Provisória, que, embora editada pelo Chefe do Poder Executivo, só ganha perenidade após sua aprovação pelo Poder Legislativo, são denominados lei em sentido formal, “stricto sensu”. São exemplos de lei “stricto sensu” as Leis Complementares, as Leis Ordinárias, as Medidas Provisória, os Decretos Legislativos, as Resoluções, as Leis Delegadas e os Tratados Internacionais recepcionados como tal11. O CTN, em seu art. 97, dispõe que somente a lei em sentido estrito pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o aumento das alíquotas do Imposto de Importação (II), do Imposto de Exportação (IE), do Imposto sobre operações financeiras (IOF), do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as alíquotas máximas do ITCMD que são fixadas por Resolução do Senado Federal, fixação das alíquotas do ICMS nas operações interestaduais que são fixadas por Resolução do Senado Federal; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos II, IE, IOF, alíquotas máximas do ITCMD, fixação da alíquota do ICMS nas operações interestaduais; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II (majoração) deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. 11 Os Tratados Internacionais, que versem sobre Direitos Humanos, podem ser recepcionados pelo Direito Positivo Nacional como Emendas Constitucionais Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 19 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Dentro do conceito do princípio da estrita reserva legal, encontramos também o mandamento que, além do aspecto material do fato gerador, a lei sentido estrito deve prever os aspectos formais do fato gerador. São aspectos formais do fato gerador o aspecto subjetivo, que define os sujeitos da relação jurídico-tributária (sujeito ativo e sujeito passivo); o aspecto quantitativo, que demonstra qual será a base de cálculo e a alíquota; o aspecto temporal, que define qual o instante da ocorrência do fato gerador; e o aspecto espacial de demarca o lugar em que se considera ocorrido o fato gerador. Há exceções ao princípio da estrita reserva legal quando o texto constitucional permite que, no caso dos Imposto sobre Importação (II), Exportação (IE), Produtos Industrializados (IPI), Operações Financeiras (IOF) e Cide combustíveis (art. 177), haja alteração de alíquotas por um ato normativo do Poder Executivo (Decreto). II. Princípio da Isonomia Tributária é a proibição constitucional de tratamento diferenciado entre sujeitos passivos que estejam na mesma situação fática. Deriva do princípio da isonomia, o postulado da capacidade contributiva previsto assim na Carta Magna: Art. 145. (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Já o princípio da isonomia consta no texto constitucional da seguinte forma: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradasao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 20 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III. Princípio da Anterioridade é o princípio que protege o contribuinte das surpresas tributárias, impondo que toda a alteração que vise uma nova exação, seja pela instituição de um novo tributo, seja por sua majoração, seja pela revogação de uma isenção, influa somente a partir do primeiro dia do ano seguinte à alteração. Ele é um princípio que dá segurança jurídica ao contribuinte, na medida que permite que este possa preparar seu patrimônio contra “uma nova mordida do leão”. É tão importante, que foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como uma garantia individual, sendo alçado, assim, ao “status” de uma cláusula pétrea. No texto constitucional o encontramos assim: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; São exceções constitucionais ao princípio da anterioridade os seguintes tributos: Imposto de importação, Imposto de exportação, Imposto sobre operações financeiras, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto extraordinário de guerra, Empréstimo compulsório para calamidade ou guerra declarada ou iminente, contribuições para a seguridade social, Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) combustíveis e Cide combustíveis. IV. Princípio da Noventalidade foi instituído em 19/12/2003 pela Emenda Constitucional nº 42, visando aprimorar a segurança jurídica do contribuinte, o estabelecimento que toda nova exação, além de respeitar o princípio da anterioridade, deve se limitar à incidência sobre fatos econômicos ocorridos somente após o interstício de noventa dias da Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 21 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... publicação da lei que previu essa nova cobrança. No texto constitucional, temos esse princípio retratado da seguinte forma: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; São exceções constitucionais ao princípio da noventalidade os seguintes tributos: Imposto de importação, Imposto de exportação, Imposto sobre operações financeiras, Imposto sobre a renda (IR), Imposto sobre a(Propriedade de Veículos Automotores (BASE DE CÁLCULO e Imposto sobre a Propriedade Predial Territorial Urbana (BASE DE CÁLCULO). IV. Princípio da Irretroatividade é mais uma proteção à segurança jurídica do contribuinte, pois exige que a nova lei tributária se reporte a fatos e atos a ocorrerem, não permitindo que a inovação legislativa venha a atingir atos perfeitos e acabados. A Constituição Federal assim prescreve: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Não há exceção ao princípio da irretroatividade no que tange à arrecadação de tributos. V. Princípio da liberdade de tráfego: segundo a Carta Magna (art.150) é proibido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 22 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Os fundamentos para esse princípio são os princípios da federação; da liberdade de exercício da atividade econômica (art. 170, parágrafo único) e da liberdade de locomoção (art. 5º, inciso XV). VI. Princípio do não confisco dirige a instituição de tributos ao respeita à propriedade privada. O exercício da cidadania fiscal, pressupõe a manutenção da propriedade, pois se a cobrança do tributo for extorsiva, o Fisco estaria “a matar a galinha dos ovos de ouro”. A exação tributária deve ser razoável e proporcional à capacidade econômica do contribuinte, e, quando superado este limite, o Judiciário deve rechaçar tal previsão legal do mundo jurídico. Deve-se ficar atento que há previsão de confisco na Constituição, mas não para o campo tributário. O art. 243 prevê que as glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. VII. Princípio da Uniformidade Geográfica impede que a União estabeleça, por meio da cobrança de tributos, qualquer preferência em relação a Estados, Distrito Federal e Municípios. Admite, no entanto, a concessão de incentivos fiscais às regiões mais desprovidas de desenvolvimento sócio-econômico. VIII. Princípio da igualdade entre as entidades federativas determina que é vedado à União tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. IX. Princípio da não discriminação pela procedência ou destino dos bens impõe que os Estados, o Distrito Federal e os municípios não poderão, estabelecer alíquotas ou bases de cálculo diferentes na tributação levando em conta a procedência ou o destino dos bens e serviços. Imunidades Tributárias Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 23 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... A imunidade tributária é uma vedação especial de incidência tributária prevista pelo próprio texto político. Após prever determinados campos econômicos passíveis de normatização tributária12, a própria Constituição Federal exclui, desses campos, alguns fatos, que, a princípio, seriam passíveis de tributação, da incidência tributária. A doutrina chama a imunidade como uma não incidência qualificada pela constituição. Interessanteé que em nenhum instante a Constituição reporta-se a esses casos excepcionais como sendo de imunidade. Utiliza-se das mais diversas expressões como isenção, não incidência, entre outras. Mas o que deve ficar claro é que, independente da denominação constitucional dada, toda a proibição constitucional de tributar determinado fato econômico deve ser reconhecida como uma imunidade tributária. À guisa de exemplo, podemos citar o seguinte dispositivo constitucional que, a par de se referir a uma isenção, compreende, de fato, uma imunidade tributária: Art. 195 (...) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidades podem ser objetivas, quando protegem determinada coisa da incidência tributária, ou subjetivas quando essa proteção recai sobre pessoas físicas ou jurídicas. Passaremos a analisar as principais imunidades tributárias: I. Imunidade recíproca que proíbe a instituição de tributos, pelas entidades federativas, sobre o patrimônio, renda e serviços umas aos outras. Essa imunidade, por ser uma forma de expressão do pacto federativo, é tida, pelo STF, como uma cláusula pétrea. Engloba praticamente todos os impostos, após uma interpretação bem extensiva da Corte Suprema feita ao longo do tempo. 12 A previsão de um fato econômico em determinada lei instituidora de tributo. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 24 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. A imunidade recíproca não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel; II. Imunidade objetiva dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão que observa a liberdade de expressão e o direito social à cultura, São considerados imunes, por entendimento jurisprudencial, as listas telefônicas, álbuns de figurinhas, apostilas, filmes e papéis fotográficos, CDs e DVDs incorporados a fascículos de cursos de línguas. CDs e DVDs oferecidos em jornais não são imunes; III. Imunidade dos templos de qualquer culto, considerando a natureza laica do Estado Brasileiro e a liberdade de crença, a Constituição Federal alberga essa renúncia fiscal. Assim a igreja, a sinagoga, o centro espírita, o terreiro, a mesquita, os cemitérios que se vinculam a igrejas estão livres do IPTU e do ITR, as missas, batizados, orações, rituais estão livres do ISS, os veículos do padre, do pastor, do rabino, do babalorixá são imunes do IPVA, a venda de santinhos, impressos, água benta, velas é exonerada de impostos. IV. Imunidade do patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Súmula 724 do STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades mencionadas há pouco (III e IV), desde que o valor do aluguel seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. Súmula 730 STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. A imunidade recíproca alcança as empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviço público. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 25 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Segundo o CTN (art. 14), os partidos políticos, inclusive suas fundações, as entidades sindicais dos trabalhadores, as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos devem respeitar os seguintes requisitos, sob pena de suspensão da imunidade: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º (a imunidade não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros), a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços dessas entidades imunes são, exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.(texto adaptado) V. Imunidade da música veda a União, os Estados, o DF e os municípios instituir impostos sobre: fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil, contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou contendo obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. VI. Imunidade de taxas, o art. 5º da CF dispõe que: XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Repartição constitucional de competências tributárias. Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 26 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Passemos a analisar a distribuição de competência entre as entidades federativa: União: I – Imposto de importação de produtos estrangeiros; II II - Imposto de exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; IE III - Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza; IRPF E IRPJ IV - Imposto sobre produtos industrializados; IPI V - Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; IOF VI - Imposto sobre propriedade territorial rural; ITR VII - Imposto sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar. IGF VIII- Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) IX- Imposto Residual (I Res) Estados e Distrito Federal: I. Imposto que onera as transmissões não onerosas, via sucessão hereditáriae doação de bens e direitos. ITDCM II. Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. ICMS III. Imposto sobre propriedade de veículos automotores IPVA Municípios e Distrito Federal: I - propriedade predial e territorial urbana; IPTU II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; ITBI III - serviços de qualquer natureza, ISS Impostos e Contribuições Federais I. Imposto de Importação CTN Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional. Art. 20. A base de cálculo do imposto é: Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 27 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação. Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. (CONOTAÇÃO EXTRAFISCAL) Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados; III – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo remetente; IV – o adquirente de mercadoria em entreposto aduaneiro. (destaque nosso) Consuma-se o fato gerador com a apresentação da declaração para o desembaraço aduaneiro de bens de consumo (declaração de importação), hoje registrada num sistema chamado Siscomex. O desembaraço aduaneiro é o último ato de um processo denominado despacho aduaneiro que nacionaliza a mercadoria importada. Há imunidade para as entidades federativas, autarquias, fundações de direito público, partidos políticos, sindicatos dos trabalhadores, templos, livros e periódicos, instituições assistenciais e de educação sem fins lucrativos. II. Imposto de Exportação CTN Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 28 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional. Art. 24. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento. Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos. Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. (CONOTAÇÃO EXTRAFISCAL) Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar. (destaque nosso) O início do despacho aduaneiro (fato gerador) se dá com o registro da Declaração de Exportação no Siscomex. III. Imposto de Renda CTN Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 29 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. A base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) pode ser o Lucro Real que é o lucro líquido do período de apuração ajustado por adições (custos não dedutíveis), exclusões (custos dedutíveis não computados quando da apuração do lucro líquido) ou compensações (prejuízo fiscal). Pode ser também o Lucro Presumido que leva em conta um determinado percentual da receita bruta da empresa. Há ainda a previsão de uma base de cálculo por Lucro Arbitrado que resultará da aplicação de percentuais, maiores que no Lucro Presumido, sobre a Receita Bruta, se esta for conhecida, ou quando a Recita Bruta não for conhecida, a autoridade fiscal utilizará as alternativas de cálculo previstas no art. 51 da Lei nº 8.981/95: Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 30 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... I - 1,5 (um inteiro e cinco décimos) do lucro real referente ao último período em que pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais, atualizado monetariamente; II - 0,04 (quatro centésimos) da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente, existentes no último balanço patrimonial conhecido, atualizadomonetariamente; III - 0,07 (sete centésimos) do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade, atualizado monetariamente; IV - 0,05 (cinco centésimos) do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido, atualizado monetariamente; V - 0,4 (quatro décimos) do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês; VI - 0,4 (quatro décimos) da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem; VII - 0,8 (oito décimos) da soma dos valores devidos no mês a empregados; VIII - 0,9 (nove décimos) do valor mensal do aluguel devido. Os princípios constitucionais voltados para o Imposto de Renda são a capacidade contributiva, como um imposto pessoal que é, sua incidência deverá levar em conta a capacidade econômica do contribuinte; generalidade, pode incidir sobre todas as pessoas que detenham capacidade econômica; universalidade, incide sobre todas as coisas; e progressividade, com o estabelecimento de alíquotas de patamares diretamente proporcionais à capacidade econômica. O produto da arrecadação de IR incidente na fonte sobre rendimentos pagos pelos Estados, DF e Municípios, assim como autarquias e fundações, pertencem a eles (produto a ser descontado da seguinte distribuição), além de: 21,5% IPI e IR => DF e Estados 24,5% IPI e IR => Municípios 3% Regiões, Norte, Nordeste, Centro Oeste Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 31 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... IV. Imposto sobre Produtos Industrializados: CTN Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. Art. 47. A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos. Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 32 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou do ou para o Distrito Federal, serão acompanhados de nota fiscal de modelo especial, emitida em séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao controle fiscal, os dados indispensáveis à elaboração da estatística do comércio por cabotagem e demais vias internas. Art. 51. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante. As alíquotas podem ser alteradas de 0% a 365,63%, por um ato do Poder Executivo, levando em conta as necessidades do mercado. Considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo, como: I. Transformação: Exercida sobre determinado produto importando em espécie nova. II. Beneficiamento: Modificação, aperfeiçoamento ou alteração do funcionamento, da utilização, do acabamento ou da aparência do produto. Diferente da transformação, o novo produto permanece na mesma classificação, não recebendo nova nomenclatura.. III. Montagem: Reunião de produtos importando na criação de um novo produto. IV. Acondicionamento: Alteração da apresentação do produto pela colocação de embalagem. V. Renovação ou recondicionamento: Renovação de produto usado. Os princípios constitucionais específicos que norteiam a criação desse imposto são a seletividade, que leva em contra a essencialidade do produto, e a não cumulatividade que admite que no cálculo do imposto em uma determinada etapa da cadeia produtiva se desconte o imposto devido em etapas anteriores. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 33 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... V. Imposto sobre Operações Financeiras Na realidade, o IOF é a composição de diversos impostos sob a mesma denominação, incidindo sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários. CTN Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I - quantoàs operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio; IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 34 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate, o preço. Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária. Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária. (CONOTAÇÃO EXTRAFISCAL). A Constituição Federal prescreve a seguinte imunidade específica para o IOF: O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem. VI. Imposto Territorial Rural O imposto sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município. A base de cálculo desse imposto incide sobre o valor da terra nua (como se não tivesse edificações ou outras acessões). Valor fundiário é sinônimo de valor da terra nua. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. O titular do domínio útil chama-se enfiteuta ou foreiro. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 35 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... Será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. (CONOTAÇÃO EXTRAFISCAL) Não incidirá (imunidade) sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. São pequenas glebas rurais as glebas localizadas na Amazônia Ocidental ou Pantanal até 100 HA (hectares), ou na Amazônia Oriental e Polígono das Secas até 50 HÁ, ou em outra localização até 30 há. Será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. Cinquenta por cento do ITR pode ser pago por meio de Títulos da Dívida Agrária (TDA). CF art. 184, Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.(destaque não consta do original) VII. Imposto sobre Grandes Fortunas Compete à União instituir impostos sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar. A Lei Complementar definirá o que se considera grande fortuna. Porém o IGF será instituído por Lei Ordinária. VIII. Imposto Extraordinário de Guerra Na iminência ou no caso de guerra externa, a União pode instituir, temporariamente, impostos extraordinários compreendidos ou não entre os impostos referidos na Constituição Federal, suprimidos, gradativamente, no prazo máximo de cinco anos, Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 36 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... contados da celebração da paz. O imposto extraordinário de guerra pode se utilizar de um fato gerador de um imposto federal (bis in idem), ou de outra entidade federativa (bitributação). IX. Imposto Residual A União poderá instituir mediante lei complementar, impostos não previstos na Constituição Federal, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. X. Contribuições Especiais O art. 149 da Constituição confere exclusivamente (com a exceção das contribuições previdenciárias dos servidores estaduais e municipais; e da contribuição para a iluminação pública dos municípios) à União a competência para instituir contribuições que se dividem em três especialidades: a) sociais; b) de intervenção no domínio econômico; c) de interesse das categorias profissionais ou econômicas. As contribuições sociais se destinam, ao financiamento da seguridade social e às demais atuações sociais do Estado que não se refiram à área da previdência, da saúde a da assistência social. Exemplo de contribuições de outra áreas sociais: CF. art 212, § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. Lei nº 9.424/96, Art 15. O Salário-Educação, previsto no art. 212, § 5º, da Constituição Federal e devido pelas empresas, na forma em que vier a ser disposto em regulamento, é calculado com base na alíquota de 2,5% (dois e meio por cento) sobre o total de remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados. Prof. Fernando Saraiva www.aprovaconcursos.com.br Página 37 de 88 Prof. Fernando Saraiva Direito Tributário Aula 1 a 24... As contribuições de intervenção no domínio econômico, ou interventivas, têm função extrafiscal, tendo como escopo principal o estímulo e a disciplina de atividades econômicas ou sociais. CF art. 177 A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I- a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto (diesel,gasolina) ou uso (doméstico, comercial); b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b (anterioridade); II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.
Compartilhar