Buscar

' OUSE SABER PROCURADORIAS 4

Prévia do material em texto

ACOMPANHAMENTO PLENUS
PROCURADORIAS
--------------------------------------------------------------
DIREITO DO TRABALHO
SEMANA 4
SINOPSE DE ESTUDO
#SouPlenus
#AdvdeEstado
#TôDentro
2
PROCURADORIAS
SUMÁRIO
1 EMPREGADO PÚBLICO .................................................................................................................. 3
1.1 Contratação de empregado público sem prévio concurso público ......................................... 3
1.1.1 Exigência de concurso público para o ingresso no cargo de professor titular .................... 6
1.1.2 Ausência de concurso público na administração pública indireta. Posterior privatização. 
Convalidação ................................................................................................................................... 7
1.1.3 Desvirtuamento do estágio com a Administração Pública ................................................... 9
1.1.4 Oficial de Justiça ad hoc ....................................................................................................... 10
1.1.5 Trabalho Proibido. Policial Militar ........................................................................................ 10
1.2 Alteração da jornada do empregado público. Retorno à jornada inicialmente contratada .. 11
1.3 Remuneração do empregado público. Salário proporcional à jornada ................................ 11
1.3.1 Equiparação Salarial ............................................................................................................. 12
1.4 Estabilidade do empregado público ....................................................................................... 14
1.4.1 Estabilidade prevista no art. 19 da ADCT. Servidor Público de fundação regido pela CLT .. 15
1.5 Término do contrato do empregado público .......................................................................... 16
1.5.1 Aposentadoria espontânea como causa de extinção do contrato de trabalho ................. 16
1.5.2 Dispensa de empregado público .......................................................................................... 16
1.5.3 Multa do art. 477 da CLT para pessoa jurídica de direito público ....................................... 17
3
PROCURADORIAS
1 EMPREGADO PÚBLICO
A Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Es-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios pode contratar empregados públicos, regidos pela 
CLT, ou servidores públicos, regidos por estatuto próprio (Lei n.º 8112/90, para os agentes públi-
cos federais), disciplinado pelo Direito Administrativo.
Para a investidura em emprego público, assim como em cargo público, exige-se a 
prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos. É o que disciplina o art. 
37, II, da CF/88.
Art. 37 (...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação 
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo 
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma previs-
ta em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado 
em lei de livre nomeação e exoneração.
Conforme fixado pelo STF (ADI 3395-6/DF), a Justiça do Trabalho não tem competên-
cia para apreciar e julgar causas envolvendo o vínculo estatutário, mas apenas os celetistas dos 
empregados públicos.
1.1 Contratação de empregado público sem prévio concurso público
Há hipóteses nas quais, ainda que presentes os requisitos do vínculo empregatício, 
ele não restará configurado. É o que ocorre no caso do empregado público contratado pela Ad-
ministração Pública sem prévia aprovação em concurso público.
Conforme preleciona a Súmula 363 do TST, trata-se de trabalho proibido.
Súmula 363 do TST
A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em con-
curso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe confe-
rindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número 
de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores 
referentes aos depósitos do FGTS.
Assim, havendo tal contratação sem o requisito do art. 37, II, da CF, serão devidos ao 
empregado os seguintes direitos:
•	 Salários devidos pelas horas trabalhadas, tendo por base a remuneração fixada no 
4
PROCURADORIAS
momento da contratação;
•	 Depósitos no FGTS.
Portanto, pode-se dizer que não se aplica, ao empregado público sem prévia apro-
vação em concurso público, o princípio da primazia da realidade, já estudado na Sinopse 1. 
Ademais, não se fala em contrato tácito com a Administração Pública.
Conforme o TST, o marco para a declaração de nulidade da contratação de empre-
gado público sem concurso público é a decisão proferida pelo STF no MS n.º 21322/DF, em 
23/04/1993. Em tal julgamento, o STF confirmou a necessidade de realização de concurso pú-
blico para a contratação de servidor e empregado público pela Administração Pública Direta e 
Indireta.
Há posicionamento minoritário que defende o pagamento de todas as verbas traba-
lhistas, e não apenas o salário pelas horas trabalhadas e os depósitos do FGTS. O argumento 
utilizado consiste no fato de que, apesar do requisito do art. 37, II, da CF, o empregado público 
prestou efetivamente serviços à Administração Pública.
Dica de Aprofundamento.
O STF, em sede de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral reconhecida, 
entendeu que não há necessidade de contratação de empregado de entidades 
do “Sistema S” mediante concurso público. O principal argumento utilizado con-
siste no fato de tais entidades não integrarem a Administração Pública Indireta, 
acarretando a não incidência da obrigação consubstanciada no art. 37, II, da CF.
Segundo o TST, a decisão judicial que reconhecer a contratação de empregado públi-
co sem a prévia aprovação em concurso público gera a possibilidade de rescisão de tal julgado.
Orientação Jurisprudencial n.º 10, da SDI-2 do TST.
Somente por ofensa ao art. 37, II e § 2º, da CF/88, procede o pedido de rescisão de 
julgado para considerar nula a contratação, sem concurso público, de servidor, 
após a CF/88.
Frisa-se que a interpretação supracitada também se aplica no que se refere à assun-
ção de cargos na estrutura interna da Administração Pública, como um professor adjunto que 
se torna professor titular sem a prestação de um novo concurso público.
5
PROCURADORIAS
Orientação Jurisprudencial n.º 38, da SDI-2 do TST.
A assunção do professor-adjunto ao cargo de professor titular de universidade 
pública, sem prévia aprovação em concurso público, viola o art. 206, inciso V, da 
Constituição Federal. Procedência do pedido de rescisão do julgado.
Por fim, no caso de o empregado público ser aprovado em determinado concurso 
público e, após a contratação pela Administração Pública, tal certame ser anulado, deve ser 
considerada inválida, também, a contratação. 
Orientação Jurisprudencial n.º 128 da SDI-2 do TST.
O certame público posteriormente anulado equivale à contratação realizada sem 
a observância da exigência contida no art. 37, II, da Constituição Federal de 1988. 
Assim sendo, aplicam-se à hipótese os efeitos previstos na Súmula nº 363 do TST.
Em se tratando das horas extras prestadas pelo empregado público sem concurso 
público, elas serão devidas, haja vista a natureza contraprestativa do trabalho que seu paga-
mento possui. Neste caso, a base de cálculo será a remuneração pactuada no momento da con-
tratação.
Recentemente, o TST entendeu que a empregada gestante cujo contrato for declara-
do nulo não terá direito às verbas relativas à estabilidade da gestante, pois a ausência de prévio 
concurso público contamina todo o contrato. Nesse caso, ela terá direito apenas aos salários 
devidos pelas horas trabalhadas e aos depósitos do FGTS (Súmula 363 do TST).
O TST também entende que a nulidade do contrato detrabalho do empregado públi-
co sem concurso público não impede a reparação por eventuais danos morais. No caso analisa-
do pelo Tribunal, uma empregada pública prestava serviços à Fundação Casa e adquiriu doença 
psiquiátrica em virtude das condições de trabalho envolvendo menores infratores. Nesse caso, 
a Administração Pública foi condenada a indenizá-la, por não ter oferecido as condições míni-
mas de segurança e saúde, mesmo o contrato tendo sido anulado por ausência de concurso 
público.
Em se tratando do art. 19-A da Lei n.º 8.036/90, que prevê o direito de os empregados 
públicos sem concurso púbico haverem os depósitos do FGTS, o referido dispositivo não prevê 
a multa de 40% sobre o fundo.
Art. 19-A.  É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalha-
dor cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previs-
tas no art. 37, § 2o, da Constituição Federal, quando mantido o direito ao 
salário.
6
PROCURADORIAS
Segundo o TST, em sede de orientação jurisprudencial, não implica em efeito retroa-
tivo a aplicação do art. 19-A da lei supracitada, pois ele positivou apenas o que a jurisprudência 
já havia fixado em razão da vedação do enriquecimento ilícito dos empregadores.
Orientação Jurisprudencial n.º 362 da SDI-1 do TST
Não afronta o princípio da irretroatividade da lei a aplicação do art. 19-A da Lei 
8.036/90, aos contratos declarados nulos celebrados antes da vigência da Medida 
Provisória nº 2.164-41, de 2001.
Apesar de alguns doutrinadores defenderem que tal alteração foi uma norma mora-
lizadora, Vólia Bonfim Cassar e Henrique Correia entendem que ela incentiva a contratação de 
empregados públicos sem concurso.
Apesar de ter se questionado a constitucionalidade do art. 19-A da Lei n.º 8.036/90, o 
STF julgou pela constitucionalidade em sede de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral.
O STJ também garante o direito de o empregado público sem concurso público sacar 
os valores depositados em sua conta no FGTS.
Súmula 466 do STJ.
O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo 
quando declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprova-
ção em concurso público.
Quando o juiz do trabalho declarar nulo o contrato de trabalho do empregado pú-
blico sem a observância do art. 37, II, da CF, deverá oficiar ao Ministério Público do Trabalho. 
Caberá a este solucionar extrajudicialmente, mediante o TAC (Termo de Ajustamento de Con-
duta), para que a Administração Pública rescinda os contratos de trabalho sem aprovação em 
concurso público e se comprometa a jamais voltar a realizar tal prática. Negando-se a entidade 
pública a firmar o TAC, caberá ao MPT ajuizar ação civil pública com pedido de obrigação de fa-
zer (rescisão dos contratos de trabalho), de não fazer (vedação a retomada de tal prática), assim 
como pedido de indenização por danos morais coletivos.
1.1.1 Exigência de concurso público para o ingresso no cargo de professor titular
A Lei nº 7.596/87, ao disciplinar as universidades e demais instituições federais de 
ensino superior, impôs a criação do chamado Plano Único de Classificação e Retribuição de 
Cargos e Empregos para o pessoal docente e para os servidores técnicos e administrativos. Tal 
plano deveria ser aprovado, em regulamento, pelo Poder Executivo.
7
PROCURADORIAS
Ele foi aprovado no Decreto nº 94.664/87, estabelecendo o art. 12, §2º, que:
Art. 12 (...)
§2º O ingresso na classe de professor titular dar-se-á unicamente 
mediante habilitação em concurso público de provas e títulos, na qual 
somente poderão inscrever-se portadores de títulos de doutor ou de li-
vre-docente, professores adjuntos, bem como pessoas de notório saber, 
reconhecido pelo conselho superior competente da IFE.
Com a CF/88, passou-se a exigir concurso público de provas e títulos para o ingresso 
no magistério público. É o que consta no art. 206, inciso V.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
(...)
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na for-
ma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos, aos das redes públicas.
Diante disso, passou-se a argumentar que a CF exigia concurso público apenas para 
o ingresso na carreira, e não para a ascensão do cargo.
Porém, o TST estabeleceu que a exigência de concurso público para o magistério su-
perior abarca qualquer cargo nesta carreira, seja inicial, intermediário ou final. Assim, conside-
rou-se que a CF recepcionou o art. 12, §2º, do Decreto nº 94.664/87.
Orientação Jurisprudencial n.º 65 da SDI-1 do TST.
O acesso de professor adjunto ao cargo de professor titular só pode ser efetivado 
por meio de concurso público, conforme dispõem os arts. 37, inciso II, e 206, in-
ciso V, da CF/88.
1.1.2 Ausência de concurso público na administração pública indireta. Posterior privatiza-
ção. Convalidação 
A privatização, também chamada de desestatização, ocorre quando uma empresa 
pública da Administração Pública Indireta é adquirida pelo setor privado. A Súmula 430 do TST 
possui uma disposição envolvendo ela e os empregados públicos.
8
PROCURADORIAS
Súmula 430 do TST.
Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por au-
sência de concurso público, quando celebrado originalmente por ente da Admi-
nistração Pública Indireta, continua a existir após sua privatização.
Assim, se uma entidade da Administração Direta contrata um empregado público 
sem concurso público, mas tal entidade passa ao controle da iniciativa privada, os contratos de 
trabalho (que deveriam ser considerados nulos) são convalidados pela privatização, já que não 
há, no setor privado, a obrigatoriedade de prévia aprovação em concurso público para ingresso 
no emprego.
Essa súmula também pode ser aplicada em relação à sucessão trabalhista (esta será 
tratada em momento oportuno). O adquirente da empresa pública adquirirá do antigo proprie-
tário todos os débitos trabalhistas, inclusive os referentes aos empregados públicos admitidos 
sem concurso público.
Já o fenômeno da estatização é inverso, pois nele o Estado adquire uma empresa 
privada para si. Neste caso, os empregados, que antes poderiam ser contratados sem concurso 
público, deverão se submeter a tal certame, conforme determina o art. 37, II, da CF/88. Nesse 
caso, não haverá sucessão trabalhista. Se tais empregados não prestarem concurso público, 
seus contratos de trabalho serão extintos e aplicar-se-á a Súmula 363 do TST.
Dica de Processo do Trabalho!
Em relação aos empregados que ingressaram com ação judicial antes da estati-
zação da empresa privada, encontrando-se a demanda na fase executória e ha-
vendo a penhora de bens, o prosseguimento da execução não será submetido ao 
regime de precatórios (art. 100 da CF). Isso porque as entidades públicas que ex-
ploram atividade econômica, nos termos do art. 173, §1º, II, da CF, não se subme-
tem ao regime diferenciado de execução, podendo, pois, ter os bens penhorados. 
É, inclusive, o que prevê a OJ n.º 343 da SDI-1 do TST.
Orientação Jurisprudencial n.º 343 da SDI-1 do TST.
É válida a penhora de bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada 
anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-Membro, não podendo a 
execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o 
art. 100 da CF.
Em se tratando de sucessão entre os titulares de cartórios extrajudiciais, há diver-
9
PROCURADORIAS
gência sobre a caracterização ou não da sucessão trabalhista neste caso. Segundo Vólia Bomim 
Cassar, parte da jurisprudência entende que a transferência da titularidade de um cartório ex-
trajudicial impede a sucessão trabalhista, já que o notório foi aprovado em concurso público e, 
por conseguinte, inexiste ato negocial entre o antecessor e o novo titular e a transferênciado 
patrimônio. Entretanto, conforme Henrique Correia, vem prevalecendo no TST a tese de que há 
sucessão trabalhista neste caso, pois transferem-se todos os elementos do estabelecimento. 
1.1.3 Desvirtuamento do estágio com a Administração Pública
A OJ nº 366 da SDI-1 do TST, no caso de desvirtuamento do contrato de estágio no 
âmbito da Administração Pública, determina a aplicação da Súmula 363 do TST:
Orientação Jurisprudencial n.º 366 da SDI-1 do TST.
Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado na vigên-
cia da CF/88, é inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com ente da 
Administração Pública direta ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/88, bem 
como o deferimento de indenização pecuniária, exceto em relação às parcelas 
previstas na Súmula nº 363 do TST.
No setor privado, se qualquer dos requisitos formais ou materiais do estágio forem 
descumpridos, será afastada a Lei do Estágio e aplicar-se-á ao estagiário a proteção celetista, 
em virtude do princípio da primazia da realidade. 
Por outro lado, ocorrendo o desvirtuamento do contrato de estágio perante à Admi-
nistração Pública, tal situação não pode ocorrer, em virtude da necessidade de prévia aprova-
ção em concurso público para formação válida do vínculo. Assim, o antigo estagiário terá direito 
apenas aos salários correspondentes às horas trabalhadas e aos depósitos do FGTS.
Conforme o art. 15, §1º, da Lei de Estágio, se a entidade da Administração Pública 
reincidir da irregularidade supracitada, ela ficará impedida de contratas estagiários pelo prazo 
de 2 (dois) anos.
Art. 15.  A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei 
caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente 
do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 
§ 1o A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de 
que trata este artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) 
anos, contados da data da decisão definitiva do processo administrativo 
correspondente.
1.1.4 Oficial de Justiça ad hoc
10
PROCURADORIAS
Era comum que algumas Varas do Trabalho do interior contratassem, sem concur-
so público e esporadicamente, pessoas para exercer a função de oficial de justiça, executando 
mandados específicos. Eram os chamados “oficiais de justiça ad hoc”.
O posicionamento do TST estabelece que, na situação descrita, não se configura o 
vínculo empregatício, por ausência de concurso público. Ademais, a nomeação dessas pessoas 
ocorre para atos específicos, não se verificando, pois, a habitualidade inerente ao empregado.
Orientação Jurisprudencial n.º 164 da SDI-1 do TST.
Não se caracteriza o vínculo empregatício na nomeação para o exercício das fun-
ções de oficial de justiça ad hoc, ainda que feita de forma reiterada, pois exaure-
-se em cada cumprimento de mandado.
1.1.5 Trabalho Proibido. Policial Militar
Em se tratando do policial militar que, nas horas vagas, presta serviços de segurança 
privada para o setor privado, o TST determinou que deve se aplicar o princípio da primazia da 
realidade e permitir a configuração do vínculo empregatício entre o policial e a empresa priva-
da, independente da penalidade administrativa a ser aplicada a ele. É o que consta na Súmula 
386 do TST.
Súmula 386 do TST.
Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento da rela-
ção de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente de 
eventual cabimento de penalidade administrativa disciplinar prevista no Estatu-
to do Policial Militar.
Neste caso, fala-se de trabalho proibido, o qual, diferente do ilícito, gera efeitos na 
esfera trabalhista (tal distinção será aprofundada em momento oportuno). 
Em virtude disso, a empresa privada não poderá alegar a condição de policial militar 
com o objetivo de obstar a configuração do vínculo empregatício. Seja porque o art. 789 da CLT 
impede que a nulidade seja invocada no processo por aquele que deu causa a ela, seja porque 
as esferas administrativa e trabalhista são independentes, seja para se evitar o enriquecimento 
ilícito do empregador.
1.2 Alteração da jornada do empregado público. Retorno à jornada inicialmente contratada
Na situação de um empregado ser contratado para prestar serviços por 8 (oito) horas 
diárias, mas, no curso do contrato, tem seu horário reduzido para 6 (seis) horas, é vedado ao 
11
PROCURADORIAS
empregador exigir a jornada anterior, por afronta ao art. 468 da CLT e o princípio da condição 
mais benéfica. Assim, a jornada reduzida, por ser mais benéfica ao trabalhador, se incorpora ao 
seu contrato de trabalho permanentemente.
Se o empregador, neste caso, aumentar a jornada para o horário anterior, deverá pa-
gar as novas horas como serviço extraordinário. 
Frisa-se que essa proibição de retorno à jornada inicialmente acordada não se aplica 
aos servidores públicos, pois seu horário é definido e lei. O servidor deverá cumprir a jornada 
de trabalho fixada no edital do concurso e na lei. É o que se estabelece na OJ nº 308 da SDI-1 do 
TST.
Orientação Jurisprudencial n.º 308 da SDI-1 do TST
O retorno do servidor público (administração direta, autárquica e fundacional) à 
jornada inicialmente contratada não se insere nas vedações do art. 468 da CLT, sen-
do sua jornada definida em lei e no contrato de trabalho firmado entre as partes.
Na mesma linha, o TST proferiu o seguinte entendimento, em sede de Recurso de 
Revista: “O restabelecimento da jornada original de trabalho de servidor público submetido ao 
regime da CLT não importa alteração ilícita do contrato de trabalho, ainda que isso implique 
aumento da carga horária sem contrapartida salarial” (RR nº 368500-43.2009.5.04.0018).
1.3 Remuneração do empregado público. Salário proporcional à jornada
Conforme preleciona a OJ n.º 358, I, da SDI-1 do TST,
Orientação Jurisprudencial n.º 358, I, da SDI-1 do TST
(...)
II – Na Administração Pública direta, autárquica e fundacional, não é válida re-
muneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra 
jornada de trabalho reduzida.
Ademais, de acordo com o art. 39, §§3º e 7º, IV, da CF,
Art. 39 (...)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto 
no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, 
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando 
a natureza do cargo o exigir.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social:
12
PROCURADORIAS
(...)
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com mora-
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte 
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o po-
der aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
A remuneração do servidor público é composta por seu vencimento e demais vanta-
gens pecuniárias. Assim, não é o vencimento que não pode ser inferior ao salário mínimo, e sim 
toda a sua remuneração. É o que determina a Súmula Vinculante n.º 16.
Súmula Vinculante nº 16
Os artigos 7º, IV e 39, §3º, da Constituição, referem-se ao total da remuneração 
percebida pelo servidor público.
No que diz respeito aos empregados que trabalham com jornada de trabalho reduzi-
da, o entendimento do TST é no sentido de que eles têm direito ao salário mínimo proporcional.
Orientação Jurisprudencial nº 358 da SDI-1 do TST
I – Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previ-
são constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro horas semanais, é 
lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo 
de serviço.
Entretanto, em se tratando de servidor público,o STF entende que ele tem direito ao 
salário mínimo, ainda que preste jornada de trabalho reduzida.
1.3.1 Equiparação Salarial
O instituto da equiparação salarial se encontra consubstanciado no art. 461 da CLT.
Art. 461.  Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, pres-
tado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, 
corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade 
ou idade.
Conforme consta no art. 37, XIII, da CF, não se aplica a equiparação salarial aos servi-
dores públicos.
Art. 37 (...)
13
PROCURADORIAS
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remu-
neratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público
O STF reforça o texto constitucional em sua Súmula 681.
Súmula 681 do STF
É inconstitucional a vinculação dos reajustes de vencimentos de servidores esta-
duais ou municipais a índices federais de correção monetária.
O TST, na mesma linha, considera juridicamente impossível o pleito de equiparação 
salarial formulado entre servidores públicos, consoante a OJ 297 da SDI-1 do TST:
Orientação Jurisprudencial nº 297 da SDI-1 do TST
O art. 37, inciso XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de 
remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação da 
norma infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação salarial 
entre servidores públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.
Por outro lado, o TST entende que a equiparação salarial se aplica aos empregados 
públicos das empresas públicas e das sociedades de economia mista. É o que consta na Súmula 
455 do TST.
Súmula 455 do TST
À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação prevista 
no art. 37, XIII, da CF/1988, pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, 
equipara-se a empregador privado, conforme disposto no art. 173, § 1º, II, da 
CF/1988.
Especificamente em relação à cessão de empregados públicos (quando determinada 
entidade cede à outra no âmbito da Administração Pública, um de seus empregados públicos), 
o TST tratou da equiparação salarial, na Súmula 6, V.
Súmula 6 do TST
(...)
V-A cessão de empregados não exclui a equiparação salaria, embora exercida a 
função em outro órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pe-
los salários do paradigma e do reclamante.
Assim, para que haja a equiparação salarial na cessão de empregados públicos, faz-
14
PROCURADORIAS
-se necessário que a cessão seja feite a uma empresa pública ou sociedade de economia mista 
(vedação à equiparação salarial aos servidores públicos) e que a mesma entidade remunere o 
empregado paradigma e o empregado cedido.
1.4 Estabilidade do empregado público
O art. 41 da CF deixa claro que a estabilidade somente é assegurada ao ocupante de 
cargo público.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores 
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso pú-
blico.
Em relação à estabilidade dos empregados públicos, o TST tem entendimento pre-
visto na Súmula 390.
Súmula 390 do TST
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacio-
nal é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. 
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda 
que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a esta-
bilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
Portanto, o servidor público que é regido pela CLT (nas entidades federativas que 
adotaram, para seus servidores públicos o regime celetista, ao invés do estatutário), como são 
ocupantes de cargos públicos, possuem estabilidade. Já os empregados públicos, por não ocu-
parem cargo público, são desprovidos de tal direito.
Conforme entendimento do STF, os empregados públicos somente possuem estabi-
lidade se tiverem ingressado no serviço público antes da promulgação da Emenda Constitu-
cional n.º 19/98, responsável por restringir a estabilidade aos cargos públicos.
1.4.1 Estabilidade prevista no art. 19 da ADCT. Servidor Público de fundação regido pela CLT
O art. 19 da ADCT prevê estabilidade aos empregados contratados pela Administra-
ção Pública, sem concurso, que estivessem em exercício há pelo menos cinco anos antes da 
entrada em vigor da CF/88.
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fun-
dações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, 
15
PROCURADORIAS
há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admi-
tidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados 
estáveis no serviço público.
§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado 
como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, 
na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, 
funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei 
declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado 
para os fins do «caput» deste artigo, exceto se se tratar de servidor.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível 
superior, nos termos da lei.
A OJ nº 364 do TST ampliou esta estabilidade para abarcar os empregados públicos 
em fundações instituídas por lei e que recebem dotação do Poder Público para realizar ativida-
des de interesse público.
Orientação Jurisprudencial n.º 364 da SDI-1 do TST
Fundação instituída por lei e que recebe dotação orçamentária do Poder Público 
para realizar atividades de interesse do Estado, ainda que tenha personalidade 
jurídica de direito privado, ostenta natureza de fundação pública. Assim, seus 
servidores regidos pela CLT são beneficiários da estabilidade excepcional previs-
ta no art. 19da DCT.
O posicionamento do TST consiste que a estabilidade prevista no art. 19 do ADCT 
pressupõe a prestação de serviço por 5 (cinco) anos contínuos a entes da administração públi-
ca direta, autárquica ou fundacional, não aproveitando o tempo prestado a órgãos de esferas 
político-administrativas distintas.
1.5 Término do contrato do empregado público
1.5.1 Aposentadoria espontânea como causa de extinção do contrato de trabalho
O art. 453, §2º, da CLT, previa que a aposentadoria voluntária acarretava o término do 
contrato de trabalho dos empregados.
Art. 453. (...)
§ 2º O ato de concessão de benefício de aposentadoria a empregado que 
não tiver completado 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou 
16
PROCURADORIAS
trinta, se mulher, importa em extinção do vínculo empregatício. 
Ocorre que o STF, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, declarou 
tal dispositivo inconstitucional, pois o vínculo entre o empregado e o INSS não se confunde com 
o vínculo empregatício. Portanto, não há incompatibilidade entre o pedido de aposentadoria 
voluntária e a permanência do contrato de trabalho. 
Diante disso, se o empregador dispensar o empregado pelo fato de este ter se apo-
sentado, haverá dispensa sem justa causa. É o que dispõe a OJ n.º 361 da SDI-1 do TST.
Orientação Jurisprudencial nº 361 da SDI-1 do TST
A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se 
o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. 
Assim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa 
de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto 
laboral.
O art. 453, §1º, da CLT também foi declarado inconstitucional pelo STF, pois ele im-
possibilitava o pedido de aposentadoria do empregado público e sua permanência na empresa 
pública ou sociedade de economia mista:
Vale lembrar que, em virtude de o empregadopúblico não possuir estabilidade, nada 
impede que ele seja dispensado pela entidade, mas, se a causa for a sua aposentadoria, ela 
deverá pagar as verbas decorrentes da dispensa sem justa causa. Portanto, a OJ nº 361 da SDI-1 
do TST também se aplica aos empregados públicos.
1.5.2 Dispensa de empregado público
Conforme Henrique Correia, a dispensa de empregado público depende de prévio 
procedimento administrativo, em que seja assegurada ampla defesa ao empregado. Ademais, 
o empregado público não pode ser punido duas ou mais vezes pela mesma falta.
Segue as Súmulas do STF que corroboram tal entendimento.
17
PROCURADORIAS
Súmula 19 do STF: É inadmissível segunda punição de servidor público, baseado 
no processo em que se fundou a primeira.
Súmula 20 do STF: É necessário processo administrativo, com ampla defesa, para 
demissão de funcionário admitido mediante concurso.
Súmula 21 do STF: Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado 
nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua 
capacidade.
Todavia, segundo a OJ nº 247, item I, da SDI-1 do TST, o empregado público pode ser 
demitido sem justa causa, ou seja, sem nenhuma motivação.
Orientação Jurisprudencial n.º 247 da SDI-1 do TST.
I – A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de economia 
mista, mesmo admitidos por concurso público, independe de ato motivado para 
sua validade.
Provavelmente, o TST mudará tal OJ, na medida em que o STF, em sede de Recurso 
Extraordinário com Repercussão Geral, determinou que deve haver fundamentação nas dis-
pensas de empregados públicos, tendo em vista os princípios da impessoalidade e isonomia, 
os quais são basilares da exigência de admissão dos empregados públicos mediante concurso 
público.
Inclusive, o próprio TST já proferiu algumas decisões a favor da necessidade de fun-
damentação de tais dispensas.
Vale frisar que o inciso II da referida OJ já traz um caso de obrigatoriedade de motiva-
ção da dispensa de empregados públicos: quando o empregador for da Empresa Brasileira de 
Correios e Telégrafos (ECT), pois a empresa pública é equiparada à Fazenda Pública e, portanto, 
é a ela aplicado o mesmo dever de motivação.
1.5.3 Multa do art. 477 da CLT para pessoa jurídica de direito público
O pagamento das verbas rescisórias é realizado no ato de homologação da rescisão, 
seja em dinheiro ou cheque visado. No caso do empregado analfabeto, o pagamento somente 
será em dinheiro, conforme o art. 477, §4º, II, da CLT.
O prazo para o pagamento das verbas rescisórias é de 10 (dez) dias, contados da ex-
tinção do contrato de trabalho. É o que dispõe o art. 466, §6º, da CLT, alterado pela Reforma 
Trabalhista.
18
PROCURADORIAS
Art. 477 (...)
§ 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comuni-
cação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o paga-
mento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de 
quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do térmi-
no do contrato.
Havendo o descumprimento deste prazo, caberá ao empregador pagar multa corres-
pondente a um salário do empregado, salvo se ele comprovar que a sua mora foi acarretada por 
ato exclusivo do empregado.
Art. 477 (...)
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o 
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento 
da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, 
devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, 
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
Tal prazo será contado incluindo-se o dia do vencimento e excluindo o dia do início, 
conforme estabelece o TST. Assim, aplica-se a mesma contagem de prazo do aviso-prévio, con-
forme consta na Súmula 380 do TST.
Súmula 380 do TST
Aplica-se a regra prevista no caput do art. 132 do CC de 2002 à contagem do prazo 
do aviso-prévio, excluindo-se o dia do começo e incluindo o do seu vencimento.
Tal prazo de 10 (dez) dias também deve ser respeitado pela Administração Pública 
quando rescindir os contratos de seus empregados públicos, sob pena de ter que efetuar o pa-
gamento da multa já mencionada. É o que consta na OJ nº 238 da SDI-1 do TST.
Orientação Jurisprudencial nº 238 da SDI-1 do TST
Submete-se à multa do artigo 477 da CLT a pessoa jurídica de direito público 
que não observa o prazo para pagamento das verbas rescisórias, pois nivela-se 
a qualquer particular, em direitos e obrigações, despojando-se do jus imperi ao 
celebrar um contrato de trabalho.
19
PROCURADORIAS

Continue navegando